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O ESTADO DO MARANHAO · SAO LUÍS, 5 de setembro de 2013 - quinta-feira
Lista
"Minha maior
insegurança era na
hora de cantar.
Mesmo eu tendo
vendido 70
milhões de discos,
rolava um
sentimento de não
sou boa nisso”,
A atriz colombiana Sofia
Vergara foi apontada na
famosa lista da revista
''Forbes'', pelo segundo ano
consecutivo, a atriz mais
bem paga da TV. Segundo a
publicação, Sofia, que
brilhou na série Modern
Family', faturou mais de
US$30 milhões em 2012.
Jennifer Lopez, cantora e atriz
Domingos Infante, psiquiatra e psicanalista
“Há uma psicanálise, aquela que
interpela o sujeito”, diz especialista
Em entrevista, o psicanalista e psiquiatra Domingos Paulo Infante, que esteve em São Luís para proferir palestra sobre a
psicanálise e o tratamento de crianças; para ele, não existe uma psicanálise direcionada somente para o público infantil
Divulgação
D
omingos Infante, psiquiatra e psicanalista, membro do Núcleo de Estudos
e Pesquisa em Psicanálise com
Crianças (NEPPC), proferiu
palestra em São Luís sobre a psicanálise e o tratamento direcionado para crianças.
Como o senhor avalia esse triunfo da psiquiatria biológica? Quais
as consequências disso?
Domingos Infante: Eu costumo dizer que a psiquiatria atual
com sua dependência das neurociências faz parte de um dispositivo complexo no sentido foucaultiano desse termo, ou seja um
agenciamento de saber-poder. Em
linhas gerais, esse dispositivo se
compõe de um discurso sobre a
saúde mental com referencial estritamente neurobiológico, dos
evidentes interesses de uma indústria farmacêutica que fomenta cada vez mais uma psiquiatria
empirista que assegura o lançamento e relançamento de drogas
paliativas que seguem o ritmo de
um mercado consumista.
Cientificamente é possível afirmar, como eles estão fazendo,
que o autismo é genético?
DI: Eu diria que o autismo não
constitui uma doença no sentido
pleno do conceito. Até hoje não
se conseguiu associar uma etiologia com uma sintomatologia e
uma localização anátomo-clínica que seria o exigido para caracterizá-lo como uma doença identificável. A investigação multidisciplinar é a única perspectiva de
podermos elucidar o fenômeno
“
Sempre
questiono o
dispositivo
analítico e até
que ponto ele
responde às
subjetividades
de seu tempo”
Domingos Infante esteve em São Luís para proferir palestra sobre tratamento de crianças com a psicanálise
autístico. As pesquisas genéticas
não são conclusivas.
Que infância e adolescência são
produzidas na contemporaneidade?
DI: Sempre questiono o dispositivo analítico e até que ponto
ele responde às subjetividades de
seu tempo. Sem dúvida a subjetividade se desloca no tempo, a
hegemonia que hoje o discurso
capitalista exerce no campo social
e sobretudo a ação que esse discurso tem nas subjetividades, mais
especificamente, o poder que esse
discurso tem de substituir a falta
estrutural ao desejo por vazios
passíveis de serem preenchidos
pelas mercadorias, provoca uma
recusa da castração que clinicamente implica numa psicotizaçao
generalizada.
A criança e o adolescente hoje são mais do que nunca expropriados de uma experiência
autêntica, em geral em nome de
uma segurança que os transforma em ratos de laboratório ou
executivos precoces com uma
agenda repleta de compromissos previstos. O Experimentum
Linguae, expressão de Agamben
que o localiza na possibilidade
do sujeito nomear sua própria
experiência, um dizer, e não uma
submissão aos ditos, falta às nossas crianças e adolescentes. Que
eles se recusem a serem assim
virtualizados é o risco e a esper-
Looks das famosas
Famosas apostaram nos looks decotados e transparentes para a festa do prêmio Multishow
de Música. Confira algumas produções:
Fotos/Divulgação
Mariana
Rios - A
atriz foi de
macaquinho
Patricia
Bonaldi,
bolsa
Hermès,
brinco Água
de Coco e
sapato
Schutz.
Daniele Winits
- O vestido
superdecotado
e cheio de
transparências
que a atriz
usou é da
grife
R. Rosner.
Anita A cantora
usou
blazer
Osklen,
bolsa
Louis
Vuitton,
sapato
Louboutin
e camisa
branca
(ela não
lembra a
marca).
Paula
Fernandes A cantora
sertaneja
ficou
supersexy
com um
longo
decotado
nas costas.
ança que vivemos hoje. É o que
eles podem fazer para fazer valer
seus sintomas.
Quando os pais,os pediatras ou
professores devem encaminhar
crianças e adolescentes para um
tratamento psicanalítico?
DI:O importante nos eventuais encaminhamentos por pais
ou outros agentes é se ter em
mente que a demanda de análise deve vir do próprio sujeito. A
demanda dos responsáveis em
geral implica numa insatisfação
com a criança ou com o jovem
que não corresponde às expectativas e elas devem ser diferenciadas das demandas da própria
criança ou adolescente. Por mais
que o encaminhamento se baseie num sofrimento psíquico
objetivado, numa inibição evidente ou num sintoma exuberante, ainda assim a implicação
dos responsáveis e a limitação
das suas demandas devem ser
examinadas.
Qual a diferença entre sintoma e
sinthome?
DI: Vou utilizar um exemplo
artístico. A resolução artística não
é exigível para o sinthoma, mas é
na arte onde o sinthoma mais se
evidencia. Nelson Rodrigues era
chamado de flor da obsessão pela
forma como em suas peças suas
obssessões, suas 'taras' se repetiam, suas temáticas incestuosas,
seus personagens prevalentes, o
canalha , o obsceno, o casto, a viúva. Nelson , por sua vez, dizia: “Não
sou nada sem minhas repetições”.
o que ele queria dizer com isso?
Creio que era a percepção que ele
tinha de que seu teatro era um
saber fazer com seus sintomas. E
nesse sentido com sua obra ele se
identificava com seu sintoma. A
esse processo chamamos sinthome. É uma grafia anômala criada por Lacan para diferenciar o
sintoma do "saber fazer com ele".
No sinthome o sujeito se desabona de certa forma de seus sintomas. Espero poder explicar isso
melhor na palestra.
Existe uma especificidade na psicanálise para atender a criança e
o adulto?
DI: Só há uma psicanálise,
aquela que interpela o sujeito. A
prática analítica com crianças,
no entanto, levanta questões de
ordem prática e teórica: o estatuto civil da infância, o cruzamento das demandas dirigidas ao
analista, a dos pais e a da própria
criança; o estabelecimento, a
manutenção e o desenlace da
transferência; a sustentação e a
finalização do tratamento, na
medida em que a criança não decide sozinha por sua permanência; além das relações entre o desenvolvimento da criança - que
segue um ritmo e uma cronologia própria, e a subjetividade que tem uma temporalidade e
uma lógica diferentes. A lista não
é exaustiva, mas suficiente para
a problematização do ato analítico na infância.
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“Há uma psicanálise, aquela que interpela o sujeito