MANOEL MARTINS QUADROS JUNIOR
INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DE
CONSUMO EM POPULAÇÃO ATENDIDA PELA ESTRATÉGIA DE
SAÚDE DA FAMÍLIA EM BELÉM-PA
BELÉM – PA
2012
MANOEL MARTINS QUADROS JUNIOR
INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DE
CONSUMO EM POPULAÇÃO ATENDIDA PELA ESTRATÉGIA DE
SAÚDE DA FAMÍLIA EM BELÉM-PA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Faculdade de Biomedicina da Universidade
Federal do Pará, como requisito parcial para
obtenção
do
grau
de
Bacharel
Biomedicina.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Karla T. S. Ribeiro
BELÉM – PA
2012
em
MANOEL MARTINS QUADROS JUNIOR
INVESTIGAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DE
CONSUMO EM POPULAÇÃO ATENDIDA PELA ESTRATÉGIA DE
SAÚDE DA FAMÍLIA EM BELÉM-PA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Faculdade de Biomedicina da Universidade
Federal do Pará, como requisito parcial para
obtenção
do
grau
de
Bacharel
Biomedicina.
Orientadora: Profª Drª Karla Tereza Silva Ribeiro – ICB – UFPA
Avaliador 1: Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida Machado –- ICB - UFPA
Avaliador 2: Profª MSc. Jacqueline Cortinhas Monteiro - Instituição ICB-UFPA
Avaliador 3: Profª Drª Maria de Fátima da Silva Pinheiro - ICB – UFPA
BELÉM - PA
2012
em
i
“Por vezes, sentimos que aquilo que fazemos não
é senão uma gota de água no mar. Mas o mar
seria menor se lhe faltasse uma gota.”
(Madre Teresa de Calcutá)
ii
Aos meus pais, Manoel e Luzia Quadros,
por todo amor, carinho, compreensão e incentivo,
dedico-lhes essa conquista com gratidão e amor.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao todo criador, Deus, que está acima de todas as coisas deste mundo. Concebendo sempre os
nossos desejos e vontades, mesmo quando de forma oculta, mas sempre ao nosso lado.
Aos meus queridos pais, Manoel e Luzia Quadros, pela confiança, amor, cuidado, e sabedoria,
e por serem acima de tudo, um exemplo de vitória e heroísmo e a base de todos os meus
ensinamentos e princípios como ser humano.
Aos meus irmãos: Luciene, Luciano, Lucilene, Carlos e Lucas, que mesmo longe, sempre
estiveram tão perto.
Enfatizo um agradecimento especial a minha professora orientadora, Profª. Dra. Karla
Ribeiro, pela paciência e compreensão, auxiliando-me na elaboração desse trabalho
primordial para minha formação acadêmica e profissional.
À Universidade Federal do Pará e a todos os professores do ICB, em especial aos professores:
Dr. Edmar Costa, Dr. Fernando Costa, Dr. Julio Pieczarka, Dra. Valéria Oliveira e Dra.
Solange Costa, que juntos, enfatizaram um aprendizado diferenciado e significativo para
compor o meu lado profissional e também pessoal.
Agradeço também ao professor Dr. Arno Hamel e ao queridíssimo amigo, Alison Ramos, pela
compreensão e pela ajuda fundamental para a finalização deste trabalho. O meu muito
obrigado de coração.
A todos os meus colegas de PET: Cleide, Idehise, Aline, Tathiane, Karen, Gleici e aos ACS,
que sem sombra de dúvidas, sem a ajuda importantíssima dos mesmos, esse trabalho jamais
seria concretizado.
Aos meus amáveis colegas de graduação e por que não dizer, coração: Ewerton, Kelly
Vasconcelos, Ilana, Alan, Iguaracy, Diego, Jorge, Jean, Kelly, Maiana, Messias, Gildeone,
Camila, Melina, Ruth, Renata, Cléber e tanto outros, mesmo não estando mais presente entre
nós, todos, proporcionaram e ao mesmo tempo dividiram momentos de alegrias, tristezas,
experiências e conquistas.
E a todos que participaram de forma direta ou indiretamente para a realização deste trabalho,
o meu muito obrigado.
iv
RESUMO
A água é um dos elementos fundamentais à vida no planeta, embora apenas uma
pequena parcela deste recurso seja disponível às populações que dela necessitam. Cuidados
com esse líquido precioso devem ser constantes, visto que a água é uma fonte passível de
veiculação de diversos agentes patogênicos causadores de doenças. Ações de saneamento
básico e atenção básica à saúde fazem-se constantemente necessárias, de modo a orientar a
população sobre os riscos aos quais estão expostas quando não proporcionadas às condições
adequadas ao uso, armazenamento e tratamento adequados da água. Dentro desse âmbito, as
ações da Estratégia Saúde da Família destacam-se por seus esforços em tentar promover esta
orientação. Desse modo, o trabalho objetivou verificar a potabilidade da água de consumo
domiciliar, assim como verificar o perfil socioeconômico e epidemiológico da população da
área de abrangência do programa Estratégia de Saúde da Família, no bairro da Sacramenta,
município de Belém, Pará, no período de setembro de 2011 a outubro de 2012. Em cada uma
das residências foram coletadas duas amostras de água, sendo uma de beber e outra da
torneira. Volumes de 100 mL de água foram transferidos para bolsas plásticas esterilizadas
(Thio Bag) e transportadas para o laboratório em refrigeração. A análise microbiológica da
água foi realizada através do método do Substrato Enzimático Definido, para verificar a
presença ou ausência de Coliformes Totais e Escherichia coli. Durante as visitas aos
domicílios foram aplicados formulários epidemiológicos, de modo a obter dados sobre
condições socioeconômicas e habitacionais dessa população, avaliando informações sobre o
tipo de abastecimento de água da residência, formas de tratamento da água de beber, entre
outros questionamentos. Os resultados microbiológicos revelaram positividade para
Coliformes Totais (100%) e Escherichia coli (11%) na água da torneira e água de beber,
100% e 3%, respectivamente. Ao comparar o nível de contaminação da água de beber e água
da torneira (consumo) quanto à presença dos indicadores sanitários, foi observado maior
contaminação na água de torneira (p<0,05). Destaca-se que não foi observada associação
estatística significante entre a variável contaminação da água por E. coli e nível escolaridade.
Contudo, a contaminação da água nos domicílios pode estar relacionada com a manipulação
inadequada e limpeza dos reservatórios, constituindo-se em importante fator de risco à saúde.
Ressalta-se ainda que as condições insatisfatórias da água consumida pela população indicam
a necessidade de melhorias no sistema de distribuição de água potável na cidade, visando à
prevenção de doenças de veiculação hídrica.
Palavras-chave: Potabilidade da Água; Coliformes; Sacramenta; Belém-Pará.
v
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................
01
1.1 A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NO MUNDO....................................
01
1.2 DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA........................................
03
1.3 SANEAMENTO PÚBLICO E ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE.......
05
1.4 QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E
PADRÃO DE POTABILIDADE...............................................................
06
2. OBJETIVOS.........................................................................................
11
2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................
11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................
11
3. METODOLOGIA................................................................................
12
3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................
12
3.2. AMOSTRAGEM ...............................................................................
13
3.3 COLETA DE AMOSTRAS.................................................................
13
3.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE LABORATORIAL......................
13
3.5 ENTREVISTAS...................................................................................
14
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA E PROCESSAMENTO DE DADOS......
14
3.7 ASPECTOS ÉTICOS...........................................................................
14
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................
15
4.1 AVALIAÇÃO DOS FORMULÁRIOS...............................................
15
4.2 ANÁLISE LABORATORIAL.............................................................
19
vi
4.2.1 Presença de Coliformes Totais (CT) e Escherichia Coli (EC)..........
21
4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................
21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................
26
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................
27
7. ANEXOS...............................................................................................
33
ANEXO 1 – FORMULÁRIO SÓCIO-EPIDEMIOLÓGICO....................
33
ANEXO 2 - CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA.................................................................................................
35
1
1. INTRODUÇÃO
1.1.
A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NO MUNDO
A água é o um dos recursos naturais mais abundantes no planeta, compondo a
paisagem e o meio ambiente e, sendo necessário para quase todas as atividades humanas
(PEREIRA, 2004).
“Água elemento vital, água purificadora, água recurso natural renovável” são alguns
dos significados referidos em diferentes mitologias, religiões, povos e culturas, ao longo das
épocas (REBOUÇAS et al., 2006). Sem água não há vida que permaneça e se desenvolva. Foi na
água que surgiram os primeiros seres habitantes do planeta Terra e sem ela tudo convalesceria. Os
vários significados que o ser humano atribuiu à água nos mostram a importância deste recurso
para a vida na Terra.
Embora seja um recurso natural e abundante no planeta - dois terços da superfície
terrestre está recoberto por ela - a água doce, passível de consumo humano, representa,
aproximadamente, 3% do total de água em circulação, dos quais, a maior parte encontra-se nas
calotas polares ou em profundidade inacessível, estando apenas 1% disponibilizada irregularmente
no tempo e espaço (REBOUÇAS, 2006).
O Brasil é um dos países com maior volume de água doce do mundo. No entanto,
vários são os problemas gerados por conta da poluição de recursos hídricos, que interferem na
qualidade da água dos rios, além da má distribuição e acesso a esse recurso. Estes fatores estão
relacionados com a falta de políticas públicas adequadas, bem como com o mau uso dos recursos
hídricos pelos próprios beneficiários. O acesso à água tratada e de qualidade é direito de todo
cidadão, e é de competência do Estado. Sobre o assunto, Tundisi (2005, p.103) afirma: “O acesso
à água para todos promove novas formas de integração social e de cidadania, especialmente
levando-se em conta a saúde humana e a qualidade e a expectativa de vida”.
Para Silva et al. (2009), em consequência da exploração não sustentável dos recursos
hídricos, estes se encontram, em geral, com sérios problemas de qualidade, enquanto que a
demanda por água aumenta paulatinamente. Libânio et al. (2005, p. 220) afirma que “A poluição
das águas naturais representa um dos principais riscos à saúde pública, sendo amplamente
conhecida a estreita relação entre a qualidade de água e inúmeras enfermidades que acometem as
populações, especialmente aquelas não atendidas por serviços de saneamento”.
Destaca-se também que a utilização dos recursos hídricos varia conforme sua
qualidade, podendo ser usado para diferentes finalidades tais como consumo humano, atividades
agrícolas e pecuárias, geração de energia elétrica, transporte hidroviário, uso industrial, pesca e
2
aquicultura, turismo e lazer (LIMA et al., 2008). A quantidade e a qualidade da água disponível
para os diferentes usos podem atuar como determinantes no desenvolvimento econômico e social
das cidades, podendo limitar o crescimento populacional (BERTOLDO et al., 2004; VIEIRA et
al., 2006).
A água destinada ao consumo humano deve atender a certos requisitos de qualidade, os
quais variam de acordo com as diferentes realidades do ambiente hídrico. Naturalmente a água
pode conter impurezas caracterizadas como de ordem física, química ou biológica e os teores
destas devem ser limitados até um nível não prejudicial ao ser humano, sendo estabelecidos pelos
órgãos de saúde pública, como padrões de potabilidade (FREITAS & FREITAS, 2005).
De acordo com a Portaria Nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, a água é considerada
potável, sob o ponto de vista microbiológico, quando está de acordo com a seguinte conformidade:
ausência de Escherichia coli e coliformes totais em 100 mL de amostra de água para consumo.
Esta portaria estabelece um plano mínimo de amostragem, determina uma frequência mínima de
amostras e propõem padrões microbiológicos, físico-químicos e radioativos para a água destinada
ao consumo humano (BRASIL, 2011; SIQUEIRA et al., 2010).
Apesar da preocupação com a qualidade da água consumida ser de interesse para a
saúde pública desde o final do século XIX (USEPA, 1999 apud FREITAS 2005), no Brasil ainda
existem diversas deficiências no setor responsável pelo tratamento e pela distribuição da água.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA
(BRASIL, 2007), cerca de 10% dos domicílios não tem acesso à água potável. Essa parcela da
população tende a se concentrar nas áreas rurais, nas periferias das cidades e em núcleos urbanos
isolados. Sabe-se que a má qualidade da água está relacionada principalmente com a falta ou
deficiência do sistema de saneamento básico, e essa característica pode ser observada
principalmente em países que se encontram em processo de desenvolvimento (MENDES &
OLIVEIRA, 2004).
A vigilância da qualidade da água para consumo humano só foi implementada no
Brasil, como um programa, a partir da criação do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em
Saúde (SINVAS) em 25 de setembro de 2001, apesar de possuir uma norma de potabilidade desde
1977 (FUNASA, 2002). Este programa se encontra estruturado como um subsistema, o
SISAGUA, e tem como uma de suas responsabilidades a coordenação de um Sistema de
Informação de Vigilância e Controle da Qualidade da Água de Consumo Humano (SISAGUA)
criado em 1986 (BRASIL, 2002).
3
Na região Norte do Brasil, nas últimas décadas, dados epidemiológicos apontam mais
de 11 mil casos de cólera, 6 mil casos de febre tifóide e 7 mil casos de leptospirose. (BRASIL,
2012). No estado do Pará, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam que no
município de Belém - a capital do Estado – dos mais de 290 mil domicílios, apenas pouco mais de
76 mil são dotados de instalações de esgoto conectadas ao esgotamento sanitário. Pouco mais de
73% da população tem acesso à água potável pela rede de abastecimento público, utilizando-se de
fontes alternativas como poços ou nascentes (IBGE, 2011). A maioria destas fontes alternativas
carece de constante vigilância a respeito de sua qualidade, sendo passível de contaminação por
diferentes fontes, o que se expressam nas estatísticas a respeito de doenças direta ou indiretamente
relacionadas à veiculação hídrica anteriormente aqui citadas.
1.2 DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA
A água em condições inadequadas, além de uma série de substâncias nocivas, pode
conter micro-organismos causadores de doenças como a diarreia e a Hepatite A. As chamadas
doenças de veiculação hídrica tornam-se um risco à saúde e ao bem-estar da população (MOURA
et al., 2009). Entre as mais comuns estão às doenças diarreicas, sendo responsáveis por muitas
mortes nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Na tabela abaixo estão listadas as
principais doenças de veiculação hídrica causadas por micro-organismos e outras fontes.
4
Tabela 1 – Principais Doenças de Veiculação Hídrica
Classificação
Descrição
Doenças microbianas Doenças
ou
agravos
de origem hídrica
relacionados ao consumo de
água contendo patógenos,
usualmente presentes devido
à contaminação da água por
fezes humanas ou animais
Intoxicações (aguda e
crônica) por produtos
químicos de origem
hídrica
Exemplos
Diarréias bacterianas: cólera,
febre
tifóide,
febre
paratifoide
Diarréias não bacterianas:
hepatite A, poliomielite,
giardíase,
disenteria
amebiana, ascaridíase
Doenças
ou
agravos Agravos de caráter agudo:
relacionados ao consumo de diarreia, vômito, náuseas
água contendo produtos
químicos perigosos (tóxicos) Agravos de caráter crônico:
neoplasias
Substâncias químicas
Orgânica e inorgânicas
Doenças relacionadas à Doenças ou agravos cuja Tracoma, tifo, pediciulose,
higiene
incidência, prevalência ou escabiose
gravidade
podem
ser
reduzidas pelo uso de água
potável (segura) na higiene
pessoal ou doméstica
Doenças relacionadas Doenças
ou
agravos Esquistossomose,
com o contato primário causados pelo contato da pele
com a água
e, ou, mucosas com água Leptospirose
contaminada
com
microrganismos patogênicos
ou
produtos
químicos
perigosos
Doenças relacionadas a Doenças
ou
agravos Dengue,
vetores
relacionados a vetores cujo malária
ciclo de vida ocorre, todo ou
em parte, no ambiente
aquático
ou
em suas
adjacências
febre
Doenças relacionadas a Doenças
ou
agravos Legionelose
aerossóis
relacionados à inalação de
aerossóis
contendo
microrganismos patogênicos
Fonte: Departamento Municipal de Saneamento Urbano (DEMSUR) 2012
amarela,
5
No Brasil, a cada mil nascidos vivos, 19,3 morrem com menos de um ano por diarreia,
conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009). Outras doenças de
veiculação hídrica como dengue, leptospirose, febre amarela, malária e esquistossomose, são
favorecidas quando não existem sistemas de saneamento implantados (INSTITUTO MINEIRO
DE GESTÃO DAS ÁGUAS, 2008). De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde, a situação epidemiológica da doença diarreica aguda entre os anos 2000 e
2007 foi de 39.757 óbitos por diarreia e gastrenterite no Brasil (BRASIL, 2011).
Alguns indicadores microbiológicos têm sido utilizados mundialmente para a verificar a
contaminação dos recursos hídricos, no qual coliformes fecais e enterococos têm sido usados
como indicadores de poluição fecal oriunda de fezes humanas e de animais de sangue quente
(SINTON et al., 1998; MORAIS et al., 2001; SIBATA et al., 2004; AHMED et al., 2005).
1.3 - SANEAMENTO PÚBLICO E ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE
O abastecimento público de água em termos de quantidade e qualidade é uma
preocupação crescente da humanidade, em função da escassez do recurso água e da deterioração
da qualidade dos mananciais (BRASIL, 1996). A prevalência das doenças de veiculação hídrica
constitui um forte indicativo da fragilidade dos sistemas públicos de saneamento. Tal fragilidade
materializa-se na ausência de redes coletoras de esgotos e, principalmente, na qualidade da água
distribuída à população, quando os sistemas de abastecimento se fazem presentes (BRASIL,
2000). Ressalta-se que mais de um bilhão de habitantes do planeta não têm acesso a serviços
básicos de saneamento, como abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo. A maioria das
comunidades utiliza águas superficiais para abastecimento (BRASIL, 2004).
De acordo com Clarke et al. (2005), mais de um terço da população mundial ainda vive
com serviços de saneamento inadequado, com isso surgem os casos de doenças infecciosas, por
bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças que são facilmente transmitidos por
água contaminada em contato com fezes de animais de sangue quente.
Dados divulgados pelo programa de monitorização conjunta da United Nations
Children`s Fundation – UNICEF e World Health Organizations – WHO (UNICEF/WHO, 2012)
para o abastecimento de água e o saneamento, até o ano de 2010, 89% da população mundial, ou
seja, 6.1 mil milhões de pessoas usaram fontes melhoradas de água potável, e até o ano de 2015,
92% da população global terá acesso à água potável melhorada.
Na América Latina, apesar dos avanços na cobertura de água e saneamento, 76,5
milhões de pessoas (15,4% da população) não têm acesso fácil a opções adequadas de
6
abastecimento de água, sendo que 103,3 milhões não têm acesso ao esgotamento sanitário e 53,9
milhões utilizam como fonte de abastecimento sistemas sem conexão domiciliar (10% da
população). Além disso, o percentual de população rural sem acesso adequado à água e
saneamento é cinco vezes maior que na população urbana (OPS, 2001).
Segundo a Organização Pan-americana de Saúde, diversos problemas são encontrados
no abastecimento de água na América Latina, dentre os quais: instalações de abastecimento em
mau estado, deficientes ou sem manutenção; deficiência nos sistemas de desinfecção de água;
contaminação das águas superficiais e subterrâneas por esgoto; ausência de sistema de depuração
de águas residuárias e; inadequado tratamento de resíduos sólidos com possível repercussão no
abastecimento de água (BRASIL, 2004).
No Brasil, do total de municípios brasileiros (5565), 47% são abastecidos
exclusivamente por mananciais superficiais, 39% por água subterrânea e 14% pelos dois tipos de
mananciais - abastecimento misto (ANA, 2010).
Os índices de saneamento básico dos brasileiros também apresentaram melhora
expressiva: a rede de água potável já chega a nove em cada dez famílias brasileiras, conforme
informação do Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM). O estado com maior oferta de água é São Paulo, com 98,9% das residências
atendidas. Na ponta oposta está o Pará, onde só 51,5% da população possuem acesso ao serviço.
No Rio Grande do Sul, a taxa é de 79,66% (RIO GRANDE DO SUL, 2010).
Destaca-se ainda que o Brasil é um dos países mais atingidos pelo problema da
diarreia, levando ao óbito cerca de 50 mil crianças menores de um ano, anualmente. Pode-se
relacionar esta alta taxa de mortalidade às condições precárias e subumanas em que vive grande
parte da população brasileira (CAMPOS et al., 1995). As diarreias representam a segunda maior
causa de consultas médicas da população infantil, estando atrás somente das doenças respiratórias
agudas (FAÇANHA & PINHEIRO, 2005).
1.4.
QUALIDADE
DA
ÁGUA
PARA
CONSUMO
HUMANO
E
PADRÃO
DE
POTABILIDADE
A principal qualidade necessária à água distribuída para consumo humano é a sua
potabilidade, ou seja, deve ser tratada, limpa e estar livre de qualquer contaminação, seja esta de
origem microbiológica, química, física ou radioativa, não devendo, em hipótese alguma, oferecer
riscos à saúde humana (BRASIL, 2004). Essa potabilidade é alcançada mediante várias formas de
7
tratamento, sendo que a mais tradicional inclui basicamente as etapas de coagulação, floculação,
decantação, filtração, desinfecção e a fluoretação (FREITAS, 2002).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus países membros, “todas as
pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições socioeconômicas têm o direito de
ter acesso a um suprimento adequado de água potável e segura”. “Segura”, neste contexto, referese a uma oferta de água que não represente um risco significativo à saúde, que tenha quantidade
suficiente para atender a todas as necessidades domésticas, que seja disponível continuamente e
que tenha um custo acessível (OPA, 2009).
No Brasil, a normatização da qualidade da água para consumo humano é iniciada na
década de 1970 com a publicação do Decreto Federal no 79.367, de 9 de março de 1977, que
estabeleceu a competência do Ministério da Saúde sobre a definição do padrão de potabilidade da
água para consumo humano. A Portaria do Ministério da Saúde Nº 56/1977 constituiu a primeira
norma jurídica brasileira sobre potabilidade de água para consumo humano (FREITAS &
FREITAS, 2005). Na referida legislação, a água é considerada potável, sob o ponto de vista
microbiológico, quando está de acordo com a seguinte conformidade: ausência de Coliformes
Totais e Termotolerantes em 100 mL de amostra de água para consumo (BRASIL, 2004;
SIQUEIRA et al., 2010).
A revisão da Portaria do Ministério da Saúde no 56/1977 foi iniciada em 1990 com
uma ampla consulta entre os diversos segmentos da sociedade. O resultado foi a elaboração da
Portaria do Ministério da Saúde N° 36/1990, que estabeleceu novas normas e padrões de
potabilidade de água para consumo humano (QUEIROZ, 2006). Segundo Freitas e Freitas (2005),
as principais inovações introduzidas são a definição de controle e vigilância da qualidade, a
definição de serviço e sistema de abastecimento de água e a inclusão e revisão de alguns
parâmetros químicos e microbiológicos.
Em 1999, o Ministério da Saúde iniciou o processo de revisão da norma de
potabilidade de água em vigor, em cooperação com a representação da Organização PanAmericana da Saúde (OPAS) no Brasil, o resultado foi a publicação da Portaria do Ministério da
Saúde no 1.469, em 29 de dezembro de 2000 (QUEIROZ, 2006). Conforme Freitas e Freitas
(2005), a principal inovação trazida por esta portaria foi a classificação dos tipos de sistemas de
abastecimento de água em: Sistema Coletivo e Sistema (ou Solução) Alternativa de
Abastecimento de Água.
No entanto, para que um programa de tratamento, distribuição e armazenamento
cumpram com sucesso suas funções é necessário também que o sistema de armazenamento
8
domiciliar seja eficiente (IBGE, 2000). Para atender a este padrão, a água de abastecimento deve
apresentar quantidades limites para diversos parâmetros físico-químicos e microbiológicos que são
definidos pela Portaria Nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004).
A Portaria nº- 2.914, de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011), homologada pelo
Ministério da Saúde, estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água para consumo humano e os padrões de potabilidade (Tabela 2).
Tal vigilância deve ocorrer desde o manancial até a rede de distribuição, determinando as ações
das autoridades de saúde pública para garantir a qualidade da água consumida pela população em
geral. Essa Portaria especifica que toda a água destinada ao consumo humano deve obedecer a
determinado padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água.
Tabela 2 – Padrões microbiológicos de potabilidade da água para consumo
humano
Parâmetro
VMP (Valor Máximo Permitido)
Água para consumo humano:
Escherichia coli ou Coliformes
Termotolerantes
Ausência em 100 mL
Água na saída do tratamento:
Ausência em 100 mL
Coliformes Totais
Água tratada no sistema de
distribuição
Ausência em 100 mL
(reservatórios e rede):
Sistemas que analisam 40 ou mais amostras
por mês:
Escherichia coli ou Coliformes
Termotolerantes
Ausência em 100 mL em 95% das amostras
examinadas no mês;
Coliformes Totais
Sistemas que analisam menos de 40 amostras
por mês;
Apenas uma amostra poderá apresentar
mensalmente resultado positivo em 100 mL
Fonte: Ministério da Saúde; Portaria MS nº 2.914/2011
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914/2011, deve ser efetuado um
plano de amostragem para as águas do sistema de distribuição e para a água bruta, sendo o número
mínimo de amostras, variável de acordo com o parâmetro de qualidade da água, o ponto de
amostragem, o porte da população abastecida e o tipo de manancial, assim como a frequência
mínima das amostragens (BRASIL, 2011).
9
A qualidade da água tratada depende do seu uso e do seu modo de tratamento. A
classificação é definida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em sua
Resolução Nº 357/2005 (BRASIL, 2005). Essa resolução busca facilitar o enquadramento e o
planejamento do uso de recursos hídricos, criando instrumentos para avaliar a evolução da
qualidade das águas e preservar as saúde humana. Já a potabilidade é estabelecida pela Portaria Nº
2.914/2011 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).
A identificação dos micro-organismos patogênicos na água é, geralmente, demorada,
complexa e onerosa. Por essa razão se recorre à identificação dos organismos indicadores de
contaminação. Um organismo indicador considerado ideal deveria preencher os seguintes
requisitos (BRASIL, 2006b, p. 172):
- ser de origem exclusivamente fecal;
- ser de fácil identificação;
- não se reproduzir no meio ambiente.
- apresentar maior resistência que os patogênicos aos efeitos adversos do meio ambiente e aos
processos de tratamento;
- ser removido e/ou inativado por meio do tratamento da água pelos mesmos mecanismos e na
mesma proporção que os patogênicos;
- apresentar-se em maior número que os patogênicos;
Não há um único organismo que satisfaça simultaneamente a todas essas condições,
portanto, deve-se trabalhar com o melhor indicador, ou seja, aquele que apresente a melhor
associação dos riscos à saúde relacionados à contaminação da água. Esses indicadores são as
bactérias do grupo coliforme (BRASIL, 2006b).
Os Coliformes Totais são bactérias na forma de bastonetes Gram negativos, não
esporogênicos e anaeróbios facultativos. O grupo inclui cerca de 20 espécies, dentre as quais
encontram-se tanto bactérias originárias do trato gastrintestinal de humanos e outros animais de
sangue quente, como também diversos gêneros e espécies de bactérias não entéricas, como
Serratia sp e Aeromonas sp (SILVA et al., 2004).
Os Coliformes Fecais ou Termotolerantes apresentam a mesma definição dos
coliformes totais, porém, restringindo-se aos membros capazes de fermentar a lactose com
produção de gás, em 24h a 44,5 – 45,5ºC. Esta definição objetivou selecionar apenas os coliformes
originários do trato gastrintestinal. Atualmente sabe-se que o grupo dos coliformes fecais inclui
pelo menos três gêneros: Escherichia coli, Enterobacter sp e Klebsiella sp, dos quais dois
(Enterobacter e Klebsiella) incluem cepas de origem não fecal (SILVA et al., 2004).
10
A Escherichia coli é o melhor indicador de contaminação fecal conhecido, e cerca de
95% dos coliformes existentes nas fezes humanas e de outros animais são E. coli. As tendências
atuais se direcionam no sentido da detecção específica de E. coli nas amostras de água (SILVA et
al., 2004).
A identificação de E. coli no sistema de distribuição é um sinal inequívoco de
recontaminação ou falhas no tratamento e, por medida de segurança, assim também deve ser
interpretada a detecção de Coliformes Termotolerantes. Já o isolamento de Coliformes Totais,
embora não guarde uma relação exclusiva com recontaminação de origem fecal, serve como
indicador de falhas na integridade do sistema de distribuição. Nesse contexto, aguas
insuficientemente tratadas ou infiltrações podem permitir o acúmulo de sedimentos ou matéria
orgânica e promover o desenvolvimento de bactérias no sistema de distribuição (BASTOS et al.,
2000).
A etapa de desinfecção, presente no tratamento da água, visa à remoção e inativação de
organismos patogênicos através da utilização de produtos à base de cloro. De acordo com Bastos
et al. (2000) e Carmo (2005), em termos gerais, as bactérias apresentam menor resistência aos
agentes desinfetantes, seguido pelos vírus, os protozoários e os helmintos. No tratamento da água,
bactérias e vírus são, portanto, inativados pela ação de agentes desinfetantes, enquanto
protozoários e helmintos são removidos por filtração. Dessa forma, para o autor, os coliformes
seriam adequados apenas como indicadores da remoção de bactérias. Nestes casos, torna-se
necessário o recurso a indicadores complementares não biológicos, como o cloro residual pósdesinfecção e a turbidez pós-filtração e/ou pré-distribuição. É importante também manter os
reservatórios domésticos e filtros em condições adequadas para que não venham alterar a
qualidade da água fornecida pelo sistema de abastecimento (MEYER, 1994).
Com base nestas características, existe a preocupação de monitorar as águas de
abastecimento público e as de utilidade/consumo domiciliar e verificar se as mesmas se encontram
em condições de potabilidade de forma que não ofereça nenhum risco à saúde da população
(FREITAS, 2002).
Dessa forma, pesquisas devem ser conduzidas com finalidade de verificar a qualidade
bacteriológica, física e química da água utilizada para consumo humano, visando subsidiar ações
de promoção e prevenção de doenças de veiculação hídrica.
11
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Conhecer as condições socioeconômica e epidemiológica, e potabilidade da água de
consumo domiciliar, da população da área de abrangência do programa Estratégia de Saúde da
Família, no bairro da Sacramenta, município de Belém, Pará.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conhecer o perfil socioeconômico e epidemiológico das famílias atendidas pelo
programa Estratégia de Saúde da Família no bairro da Sacramenta, Belém-Pará;

Levantar dados sobre as condições de saneamento do bairro;

Relacionar os dados epidemiológicos com o modo de vida dos habitantes do bairro;

Verificar a qualidade microbiológica da água de consumo domiciliar e de beber em
domicílios selecionados na área de estudo.
12
3. METODOLOGIA
3.1.ÁREA DE ESTUDO
O município de Belém pertence à mesorregião Metropolitana de Belém (PA) e à
microrregião Belém. Com uma área de aproximadamente 1.064.918 km² e com uma população de
1.392.031 habitantes, conta com a maior densidade demográfica da Região Norte 1307,17
hab/Km² (IBGE, 2010). Dentro deste município, a escolha do bairro Sacramenta (Figura 1) foi
feita através da seleção do projeto PET-Saúde/Vigilância em Saúde da UFPA que contemplou a
unidade municipal de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF) da Sacramenta, cujo plano
objetivou estabelecer a relação entre saúde e meio ambiente nos espaços intra-urbanos.
Figura 1 – Mapa de localização do bairro da Sacramenta, Belém-Pará.
Fonte: Imagens 2012 Cnes/Sport Image, Digital, Geogye, Dados cartográficos 2012 Google, MapLink
13
3.2. AMOSTRAGEM
Como etapa inicial da investigação nessa área de estudo foi realizado treinamento dos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em temas relacionados com as condições de saneamento
básico e doenças de veiculação hídrica, assim como sobre a coleta de amostras de água para
análise microbiológica. Em seguida foi realizada uma amostragem por equipes que compõem a
ESF – Sacramenta, cobrindo um total de vinte micro-áreas pré-estabelecidas. Na pesquisa
realizada foram incluídos 100 domicílios, sorteados aletoriamente em um grupo de 10 microáreas, sendo que em cada micro-área foram sorteados, também aletoriamente, 10 domicílios para a
realização das coletas e entrevistas. As residências foram selecionadas mediante amostragem
aleatória simples. Para facilitar a distinção e compreensão das micro-áreas em estudo foi-se
adotado o termo “área’’ por ordem alfabética crescente e cronológica de coleta, devido algumas
micro-áreas sorteadas aletoriamente apresentarem a mesma numeração, no entanto serem de
localização e coordenação administrativas diferentes. Foram aplicados 100 questionários com
auxílio dos ACS das micro-áreas selecionadas na unidade da Estratégia de Saúde da Família da
Sacramenta, polo Belém, no período de setembro de 2011 a outubro de 2012.
3.3. COLETA DE AMOSTRAS
As coletas de água foram realizadas em 100 residências, cujos proprietários aceitavam
participar da pesquisa e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1). Em
cada uma das residências foram coletadas duas amostras de 100 mL de água em bolsas plásticas
estéreis (Thio Bag), as quais foram transportadas em caixas isotérmicas no prazo máximo de três
horas após a coleta. A análise laboratorial foi realizada no Laboratório de Microbiologia do
Instituto de Ciências Biológicas da UFPA. Destaca-se que em cada domicílio foram coletadas
amostras de água diretamente da torneira e outra do recipiente de armazenamento da água de
beber. Todos os procedimentos de coleta, conservação e transporte seguiram as recomendações de
Standard Methods for the Examination of Water and Wasterwater (APHA, 2005).
3.4. PROCEDIMENTO DE ANÁLISE LABORATORIAL
A qualidade microbiológica da água de consumo domiciliar foi verificada através da
Técnica de Presença/Ausência utilizando o Substrato Enzimático Definido para pesquisa de
Coliformes Totais e Escherichia coli (Colilert®), de acordo com a Portaria Nº 2.914/2011 do
Ministério da Saúde. A descrição da técnica utilizada para o exame da água é resumida a seguir:
14
1) Ao frasco de coleta da água é adicionado o reagente enzimático, seguindo homogeneização
e incubação por 24 horas a uma temperatura de 35ºC.
2) A leitura dos resultados é realizada da seguinte forma: para amostras com coloração
incolor o resultado para a presença de coliformes (totais e Escherichia coli) foi dado como
negativo; para amostras com coloração amarela o resultado para a presença de coliformes
totais foi dado como positivo e; para amostras com coloração amarela e fluorescência
quando exposta a luz UV o resultado foi dado como positivo para Escherichia coli
(Coliforme Termotolerantes).
Foram consideradas como impróprias para consumo humano todas as amostras que
apresentaram coliformes totais em 100 mL e que confirmaram a presença de Escherichia coli de
acordo com a Portaria MS Nº 2.914/2001.
3.5. ENTREVISTAS
Foram aplicados formulários para coleta de informações socioeconômicas e
epidemiológicas em 100 famílias atendidas pelo ESF (Anexo 2).Na pesquisa de campo foram
avaliadas as seguintes variáveis ambientais: 1) tipo de abastecimento de água da residência; 2)
presença de caixa d’água; 3) qualidade da água do domicílio; 4) recipiente adequado para
armazenamento da água de consumo e; 5) tratamentos dados a água de beber.
3.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA E PROCESSAMENTO DE DADOS
Os dados foram organizados em planilhas do programa Microsoft Excel 2007® e os
testes estatísticos foram avaliados utilizando o software BioEstat 5.3. Desse modo, para
determinar se existe relação na contaminação entre a água de torneira e de beber, foi aplicado o
Teste G. Este teste também foi aplicado para testar a hipótese de que possa haver ou não alguma
associação entre a escolaridade dos entrevistados e os níveis de contaminação.
3.7. ASPECTOS ÉTICOS
O presente trabalho é parte integrante do Projeto “SAÚDE, EDUCAÇÃO E
CIDADANIA: INTEGRANDO AÇÕES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NO
MUNICÍPIO DE BELÉM-PA”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Pará sob o parecer n° 127/10 – CEP – ICS - UFPA em 15 de setembro de 2010.
15
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 - AVALIAÇÃO DOS FORMULÁRIOS
O perfil dos moradores do bairro da Sacramenta mostra-se com diferentes
características – tanto habitacionais quanto epidemiológicas – quando comparadas as diferentes
micro-áreas entre si. Das 100 pessoas entrevistadas no bairro, 89 eram do sexo feminino,
caracterizam-se por ter idade média entre 20 a 59 anos, ensino médio completo e renda mensal
entre um a três salários mínimos. Sendo que em média o sexo feminino abrange cerca de 55%, de
um total de 522 pessoas residentes nos domicílios entrevistados (Tabela 3).
Na tabela 4 são apresentados dados referentes às condições de habitação da população
da Sacramenta. A maioria dos domicílios analisados mostrou uma predominância de casas
construídas de alvenaria (76%), com tipo de piso feito de lajota (69%), sendo que a maioria das
casas foram construídas em terrenos de condições secas (97%) e com características, por exemplo,
de não possuir animais domésticos dentro de casa (67%).
Na tabela 5 são também apresentados dados referentes às condições de saneamento da
população da Sacramenta. Nesta, a totalidade dos domicílios analisados mostraram-se possuidores
de instalações sanitárias (privada) dentro de casa (100%), com esgotamento predominante em
fossas sépticas (51%), com encanamento hídrico em cem por cento dos domicílios, sendo que a
maioria não possuía caixa d’água (80%). Outra questão observada também foi o fato da maioria
das donas de casas entrevistadas na pesquisa em questão assumirem consumir, inclusive beber,
água diretamente da torneira e muitas vezes sem nenhum tipo de tratamento (84%).
16
Tabela 3 – Distribuição das características sócioepidemiológicas da população da Sacramenta, Belém-Pará.
Variáveis
%
Sexo
Feminino
89
Masculino
11
Faixa etária do entrevistado (anos)
20 a 59 anos
85
Mais de 60 anos
15
Escolaridade do entrevistado
Fundamental incompleto
31
Fundamental completo
23
Médio incompleto
13
Médio completo
28
Superior incompleto
0
Superior completo
5
Proporção sexual nos domicílios
Feminino
55
Masculino
45
Renda Familiar do Lar (em salários mínimos)
0a1
27
1a3
61
Mais de 3
12
Fonte: Pesquisa de campo, entre 2011 e 2012.
17
Tabela 4 – Condições de habitação da população da
Sacramenta, Belém-Pará.
Variáveis
%
Tipo de moradia
Madeira
19
Alvenaria
76
Madeira/Alvenaria
5
Tipo de piso
Madeira
14
Lajota
69
Cimento
17
Condição do terreno
Alagável
3
Seco
97
Animal dentro de casa
Sim
33
Não
67
Fonte: Pesquisa de campo, entre 2011 e 2012.
18
Tabela 5 –
Condições de saneamento da
população da Sacramenta, Belém-Pará.
Variáveis
%
Instalação sanitária (privada)
Dentro de casa
Fora de casa
100
0
Esgotamento
Rede geral
49
Fossa
51
Água encanada
Sim
100
Não
0
Possui caixa d’água
Sim
20
Não
80
Tipo de água consumida
Torneira
49
Mineral
45
Poço
6
Tratamento da água
Filtração
15
Fervura
1
Nenhum
84
Destino do lixo
Coletado
Outros
Fonte: Pesquisa de campo, entre 2011 e 2012.
100
0
19
4.2 - ANÁLISE LABORATORIAL
A avaliação da qualidade microbiológica da água tem um papel fundamental em vista
do elevado número e da grande diversidade de micro-organismos patogênicos, em geral de origem
fecal, que podem estar presentes na água. Em função da dificuldade de avaliar a presença por
espécie dos mais importantes patógenos na água, os dados obtidos referem-se à presença dos
indicadores sanitários de contaminação, ou seja, os coliformes (totais e termotolerantes/fecais)
(PRIESTER & SEIDEL, 2012).
No presente estudo, a procedência da maioria da água coletada nas torneiras era da
concessionária de abastecimento público da cidade. Dentre estas amostras, todas se mostraram
positivas para Coliformes Totais. A tabela 6 demonstra os resultados do exame microbiológico da
água obtidos em todas as 10 campanhas realizadas.
Tabela 6 - Avaliação da Presença/Ausência de Coliformes totais e Escherichia
Coli em amostras de água coletadas em 10 áreas do Bairro da Sacramenta,
Belém-Pará.
Variáveis
Tipo de amostra
Tipo de amostra
Coliformes Totais (100 amostras)
TORNEIRA
BEBER
Própria para consumo
0 (0%)
0 (0%)
Imprópria para consumo
100 (100%)
100 (100%)
Própria para consumo
89 (89%)
97 (97%)
Imprópria para consumo
11 (11%)
3 (3%)
Escherichia coli (100 amostras)
Fonte: Pesquisa de campo, entre 2011 e 2012.
Destaca-se que no bairro em estudo, a presença de coliformes na água ocorreu em
micro-áreas de baixo nível socioeconômico, a qual pode estar relacionada com a falta de medidas
higiênicas e sanitárias, sendo também de caráter duvidoso a qualidade de água nos reservatórios
domiciliares dos domicílios visitados. A maioria dos casos relatados nos experimentos e em
especial na micro-área nove aponta justamente para isso, pois a mesma apresentava um dos
20
quadros mais precários tanto no nível socioeconômico, quanto no quesito de infraestrutura,
evidenciado nos altos níveis de contaminação da água.
Nos sistemas de distribuição de água potável, a qualidade pode ser comprometida
devido uma série de mudanças no fornecimento desse serviço, fazendo com que a qualidade da
água na torneira do usuário se diferencie da qualidade da água que deixa a estação de tratamento.
Tais mudanças podem ser causadas por variações químicas e biológicas ou por uma perda de
integridade do sistema (DEININGER et al. 1992). Com base neste fato, podemos atribuir este fato
como o principal fator responsável pelo alto nível de contaminação por parte das amostras nestes
domicílios.
Essa situação foi também comprovada no estudo de Sá et al. (2005), que objetivou
avaliar a qualidade microbiológica de dois bairros periféricos de Belém. Nesse trabalho, foi
evidenciada alta notificação de ligações clandestinas irregulares em grande parte dos bairros da
cidade, principalmente os mais periféricos e carentes de infraestrutura.
O efeito da mistura de água de diferentes fontes tais como uma combinação de poços,
encanamentos irregulares, fontes superficiais ou ambos, pode influenciar muito a qualidade da
água na rede. A irregularidade do abastecimento na rede de uma determinada área urbana pode
também modificar a qualidade da água tratada com a introdução de agentes patogênicos na rede de
distribuição (Barcelos et al., 1998).
Segundo a Vigilância Epidemiológica, os casos de diarreia comumente registrados,
inclusive nos prontuários dessas pessoas entrevistadas no bairro em estudo, são um dos pontos em
questão que mais se deve atentar, pois onde há elevada incidência de doenças infecciosas e
parasitárias, muitas das quais, na maioria das vezes, se encontram entre suas causas a precariedade
de infraestrutura sanitária e más condições de armazenamento e consumo domiciliar da água. Por
isto, não basta apenas conhecer a qualidade da água distribuída, mas acima de tudo a qualidade da
água consumida pela população como um todo. Mesmo que a água, proveniente da torneira ou de
outros meios, chegue à residência em condições de consumo, a manipulação inadequada dos
vasilhames e a falta de higiene pessoal podem significar fator de risco para a transmissão de
doenças (SILVA et al., 2004)..
Apenas 14 amostras provenientes das micro-áreas B, E, F, G, respectivamente, se
mostraram positivas para a análise de Escherichia coli (Figura 2). Quanto à água armazenada em
geladeira, a procedência variou entre água de poços, água mineral e água da concessionária de
abastecimento público. Os resultados de todas essas amostras demonstraram presença de
Coliformes Totais, incluindo as amostras de água mineral. Quando avaliadas em relação à
21
presença de Escherichia coli, foram encontrados resultados positivos em águas procedentes de 3
categorias distintas: água de torneira, mineral e poço, sendo em maior número de contaminação a
água proveniente da torneira da área E (10 amostras).
4.2.1 Presença de Coliformes Totais (CT) e Escherichia coli (EC)
O exame bacteriológico indica se o tratamento por parte tanto da concessionária de
abastecimento público da cidade ou do mecanismo de purificação individual de cada um dos
entrevistados foi eficiente ou não. Caso haja presença de coliformes, principalmente EC, significa
que por qualquer motivo o controle do sistema de abastecimento foi inadequado ou há existência
de acesso de material indesejável no sistema de distribuição ou de armazenamento domiciliar.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1995), o ideal seria que todas as amostras
colhidas do sistema distribuidor, incluindo aquelas dos domicílios dos consumidores, fossem
isentas de organismos coliformes.
A presença de coliformes foi a principal causa para reprovação das amostras de água
no quesito de serem próprias para o consumo humano, principalmente de água não tratada. Porém,
menos de 3% das amostras de água tratada analisadas apresentaram estes micro-organismos em
água de beber e 11% em água proveniente de torneira. Em condições normais, os coliformes não
são patogênicos, embora certas linhagens possam causar diarreias e infecções oportunistas. A
presença dessas bactérias na água é indicação de possível contaminação da água por fezes,
indicando falhas no sistema de captação, distribuição e armazenamento de água.
Segundo a legislação vigente a Portaria Nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde
(BRASIL, 2011), amostras de água de consumo humano positivas para Coliformes Totais só serão
consideradas impróprias para o consumo se a presença de Coliformes Termotolerantes (E. coli) for
confirmada, situação encontrada em 11% em água de Torneira e 3% em água de beber das
amostras analisadas para esses parâmetros no bairro analisado em questão. A E. coli é um
comensal do trato intestinal humano e exerce um efeito benéfico sobre o organismo, suprimindo a
multiplicação de bactérias prejudiciais e sintetizando vitaminas (CÂNDIDA, 2002).
4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Dos 100 domicílios analisados, 50% (100 amostras) eram de amostras de água para
consumo humano (tratada e não tratada) e os outros 50% (100 amostras) eram de amostras de água
para uso doméstico. A maioria das amostras de água foi proveniente da torneira (49%), sendo que
destas 84 (84%) dos 100 entrevistados disseram não fazer nenhum tipo de tratamento na água que
22
consumiam. A Figura 2 mostra o porcentual de presença de Coliformes Totais e E. coli no
conjunto total de 200 amostras analisadas, sendo que caracteriza cada micro-área de acordo com o
número de micro-organismo encontrado respectivamente e em quais deram positivo para o teste.
Figura 2 - Presença de Coliformes Totais e E. coli nas 20 amostras analisadas em cada micro-área
da ESF da Sacramenta, Belém-Pará.
Com base nos parâmetros de potabilidade e de contaminação por coliformes
preconizados pela legislação pertinente Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde (BRASIL,
2011), os resultados das amostras de água das 10 micro-áreas analisadas se apresentaram da
seguinte forma: o padrão de potabilidade observado na água de Torneira, no quesito, Coliformes
Totais, se apresentou em 100% dos casos, positivo; já com relação as amostras positivas para E.
coli, se mostrou positivo nas micro-áreas E e F, respectivamente (Figura 3). Com relação às
amostras da água de beber, no quesito, Coliformes Totais, se apresentou também em 100% dos
casos, positivo; já com relação às amostras positivas para E. coli, se mostrou positivo nas áreas, B,
E e G, respectivamente (Figura 4).
23
10
10
10
10
10 10
10
10
10
10
10
10
9
Número de amostras
8
7
6
5
4
3
2
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
Área J
Área I
Área H
Área G
Área F
Área E
Área D
Área C
Área B
Área A
0
Micro-áreas
Coliformes Totais
E. Coli
Figura 3 - Presença de Coliformes Totais e E. coli nas 10 amostras da água da torneira, analisadas
em cada micro-área da ESF da Sacramenta, Belém-Pará.
24
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
9
Número de amostras
8
7
6
5
4
3
2
1
1
1
0
0
1
0
0
0
0
0
Área J
Área I
Área H
Área G
Área F
Área E
Área D
Área C
Área B
Área A
0
Micro-áreas
Coliformes Totais
E. Coli
Figura 4 - Presença de Coliformes Totais e E. coli nas 10 amostras de água de beber analisadas em
cada em cada micro-área da ESF da Sacramenta, Belém-Pará
O resultado do Teste G demonstrou significância estatística (p<0,05) levando em
consideração os dois tipos de água (torneira e de beber) no quesito de contaminação por E. coli.
Portanto, o teste só voltou a confirmar que existe realmente uma diferença significativa, no estudo
em questão, entre a qualidade microbiológica dos dois tipos de água. Foi buscada também uma
possível associação entre o nível de escolaridade dos entrevistados e a possível contaminação de
suas respectivas amostras. No entanto, foi obtido através também do Teste G um resultado que
contradiz qualquer tipo de associação entre as duas variáveis, uma vez que não foi achado nenhum
tipo de associação entre as duas variáveis.
Algumas causas prováveis podem ser relatadas, tanto para a contaminação da água
procedente da torneira quanto a de beber, tais como déficit nos procedimentos de limpeza e
higiene dos reservatórios e recipientes, fato relatado pelos entrevistados (limpeza interna e
externa, com troca e manutenção dos filtros), uma vez que estes procedimentos devem ser
realizados periodicamente. Por isso, na entrega dos resultados para os ACS será realizada
orientação sobre os cuidados com a água nos domicílios, com finalidade de que estas
25
recomendações sejam repassadas à população, além de subsidiar ações de promoção e prevenção
de doenças relacionadas com o consumo de água de má qualidade.
26
5 - CONCLUSÕES
Em sua maioria, o perfil dos moradores das micro-áreas do estudo, no bairro da
Sacramenta, era formada por indivíduos do sexo feminino, com idade entre 20 e 59 anos, e com
nível de escolaridade compreendido entre os ensinos fundamental e médio.
Os moradores do referido bairro habitam, em grande parte, em domicílios de alvenaria,
em terreno seco, possuindo esgotamento sanitário, água encanada fornecida pela concessionária da
cidade, sendo consumida sem qualquer tipo de tratamento prévio por parte dos entrevistados.
Dentre
as
principais
doenças
notificadas
pelos
moradores
respectivamente
entrevistados pela pesquisa em termo e seguindo como modelo o questionário em anexo (página
47), destacaram-se casos isolados de diarreia e dengue, em especial na micro-área E. No mais, não
foi observada nenhuma associação significativa estatisticamente entre contaminação da água e
casos de doenças de veiculação hídrica entre os domicílios sorteados.
Todas as amostras de água de beber apresentaram positividade para Coliformes Totais.
Sendo que destas 3% se mostrou imprópria para consumo humano devido a positividade para
Escherichia coli.
Houve similaridade dos resultados do exame da água da torneira com a água de beber,
sendo que todas as amostras de água da torneira apresentaram positividade para Coliformes
Termotolerantes. E destes, 11% apresentaram positividade para Escherichia coli, indicando
condições impróprias para consumo. A micro-área E destaca-se como fonte de atenção especial
por apresentar um número consideravelmente superior de E. coli nesse tipo de água.
Resultados positivos para Coliformes Totais, tanto na água de torneira quanto na água
de beber podem não necessariamente indicar contaminação fecal. Entretanto, resultados
associados com positividade para Escherichia coli merecem atenção especial, significando que
novas coletas devem ser realizadas para confirmação.
As condições de moradia, bem como os parâmetros de potabilidade encontrados não
apresentam alto risco para a população. Entretanto, a falta de cuidados para com a água consumida
reflete-se em resultados positivos encontrados para Coliformes. Ações de educação e controle
devem ser posteriormente melhor trabalhadas nessa comunidade.
As condições de saneamento da comunidade do Bairro da Sacramenta encontra-se em
um padrão de saneamento considerado de baixo risco quanto à propagação de agentes de
veiculação hídrica. Entretanto, casos pontuais de positividade para Escherichia coli em amostras
de água constituem-se em fonte de especial de atenção, indicando possíveis fontes de
contaminação de ordem fecal, e que devem ser investigadas de maneira mais criteriosa.
27
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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28
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33
7. ANEXOS
ANEXO 1: FORMULÁRIO SÓCIO-EPIDEMIOLÓGICO
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CENSO DOMICILIAR
IDENTIFICAÇÃO
1. Micro-área: ____________________________________________2. Data: ___/___/___/
3-Nome do Informante: ________________________________________________________
4. Sexo: M / F
5: Data do Nascimento: ___/___/___
7. Nº de pessoas no domicílio: _______
6: Escolaridade: ______________
8. M_____/ F_____
9. Faixa Etária: 0 a 2 anos3 a 12 anos 13 a 19 anos  20 a 59 anos  mais de 60 anos
10. Renda familiar: 0 a 1 salário mínimo  1 a 3 salários mínimos  mais de 3 salários mínimos
11. Principal fonte de renda/Ocupação: ___________________________________________
HABITAÇÃO
1- Tipo de moradia: madeiraalvenaria madeira/alvenaria palha  Outros
2- Tipo de piso: madeiralajota cimento terra batida Outros
3- Condição do terreno:
alagável
4- Possui animais em casa? Sim
seco
alagado
Não
Quais? _______________________________Quantos?____________________________
SANEAMENTO
1. Possui instalações sanitárias (privada):
dentro de casa
fora de casa
2. Possui fossa? De que tipo? _____________________________________________
3. Existe rede coletora de esgoto: Sim
4. A casa possui água encanada:
5. Possui caixa d’água?
Sim
Não
Sim Não / se não, qual a outra fonte? ____________
Não / Frequência de limpeza: ______________
6. Qual o tipo de água consumida?  Filtrada/  Torneira /  Mineral /  Outro
34
7. Faz algum tipo de tratamento na água de consumo domiciliar (torneira) e de beber (geladeira)?
Sim
Não
Qual:______________________________________________
8. Destino do Lixo: coleta pública queimado jogado na canal/vala varrido para rua/quintal
Outro: _____________________________________________________________________
9. Destino das águas servidas (água utilizada nas pias, banheiros, etc..):
vala a céu aberto
canaleta no canal
10. Quanto à ventilação da moradia:  Boa
11. Possui quintal?  Sim
galeria de águas pluviais
 Regular
 Ruim
 Não
12. Condições do quintal:  Lixo /  Foco de Dengue /  Organização
INFORMAÇÕES SOBRE A SAÚDE
1. Possui Plano de Saúde?  Sim
 Não
 SUS
Auto-medicação
2. Principais Doenças:
DOENÇA
Nº de casos
DOENÇA
Nº de casos
DOENÇA
Hepatite A
Dengue
Furúnculo
Tuberculose
Leptospirose
Inflamação
no ouvido
Hanseníase
Febre tifóide
Verminoses
Esquistossomose
Diarréia
Coceira
Malária
Cólera
Anemia
Nº de casos
COMPLEMENTO:______________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_____________________________
________________________________________________________________________________
35
ANEXO 2: CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
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ALISON RAMOS DA SILVA - Faculdade de Biomedicina