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“Nunca desista. Um erro é apenas uma parada no caminho do acerto”
O que fica
Apareça para um café aqui no pátio
da Abril, logo depois do almoço, qualquer dia da semana, e você vai entender por que esta é a editora mais bemsucedida do Brasil. Você verá gente
com os braços tatuados e gente de terno e gravata. Gente estranha e gente descolada. Sentará à mesa com a
equipe de ALFA, que inclui um gaúcho, alguns paulistanos, uma mineira,
um judeu, um descendente de japoneses, uma baiana e uma catarinense do Paraná. A diversidade não é casual. Ela tem um propósito – e esse
propósito é uma das razões do por que
fará tanta falta a presença de Roberto
Civita, a alma desta editora, que nos
deixou no final de maio. Nas memórias relatadas ao jornalista Carlos Maranhão e publicadas em VEJA, ele
explicou: “Somos uma mistura saudável da cultura que é a essência de São
24 ALFA junho 2013
Paulo, a cidade escolhida por meu pai
para viver e construir a Abril. Ele começou e eu continuei contratando
profissionais de origem italiana, francesa, inglesa, síria, libanesa, japonesa,
espanhola, judaica, egípcia – e, claro, brasileiros de todas as regiões. A diversidade de talentos está na alma da
nossa empresa”.
Pois essa diversidade criativa, que
é um dos maiores patrimônios da
Abril, aquilo que nos trouxe até aqui e
nos manterá relevantes,
é apenas uma parte da
extensa lista de legados
que Roberto Civita deixou. Também estão lá
o entendimento de que
a liberdade de expressão
é matéria-prima do avanço da sociedade; o ensi©2
namento de que o jorna-
lismo só é bem feito quando atende
exclusivamente aos interesses do seu
leitor; a compreensão de que criar, fazer e empreender é mais gratificante
do que enriquecer.
Conheci Roberto Civita no meu
primeiro dia na editora, quando ele
abriu os trabalhos do Curso Abril. Foi
um desses discursos fascinantes, como
ele era mestre em fazer. Disse que
aquele grupo de jovens saídos da faculdade era o mais sortudo do mundo.
Tínhamos escolhido o trabalho perfeito: fazer revistas era a mais recompensadora atividade profissional que existe, algo que nos alegraria diariamente.
Não eram palavras motivacionais para
trainees, mas o mundo como ele o enxergava. No fundo, Roberto Civita personificava o mais manjado e verdadeiro ensinamento empresarial: você só
pode ser genuinamente bem-sucedido
fazendo o que gosta. O resto não passa
de acúmulo de dinheiro.
Foi pela capacidade de unir
paixão e talento que a Abril virou o
que virou. Roberto Civita passou a
vida fazendo jornalismo, construiu
uma empresa que toca a vida das
pessoas e (isso não é pouca coisa) foi
um chefe querido e admirado por
seus subordinados. Conquistou exatamente o que buscava: “Sendo a imortalidade difícil, já que pouquíssimas
pessoas são lembradas, para o bem ou
para o mal, o importante é a satisfação
pessoal pelo que você
realizou e deu aos outros”. Fará muita falta o
doutor Roberto.
Um grande abraço,
Sérgio Gwercman
Diretor de Redação
[email protected]
fotos ©1 PEDRO MARTINELLI ©2 alexandre battibugli
CARTA do editor
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