EDUCAÇÃO MATEMÁTICA:
Uma Breve História
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 O que é Educação Matemática?
Mundialmente, durante os últimos
séculos, o campo da Educação
Matemática desenvolveu-se em
função de que matemáticos e
educadores colocaram sua atenção
na Matemática que se ensina e que
se aprende na escola:
...como os processos de ensino e de
aprendizagem ocorrem e como
deveriam acontecer...
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As chamadas dificuldades de aprendizagem
em Matemática foram registradas pela
literatura, desde as mais antigas
experiências educacionais mundiais.
No Brasil, em particular, Anais de
Congressos de Ensino de Matemática das
décadas de 50 e 60, já revelam as
preocupações com a qualidade do
desempenho dos estudantes nessa
disciplina, embora o número de alunos
fosse restrito e a competência Matemática
dos professores, tida como inquestionável.
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O processo de modernização do
ensino de Matemática no Brasil tem
suas origens nas décadas de 30 e 40
do século passado.
Alguns protagonistas como Euclides
Roxo (1890-1950) e Júlio César de
Mello e Souza (1885-1974) destacamse nesse período, por evidenciarem
sua preocupação com o ensino da
época e apresentarem propostas
inovadoras.
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Euclides Roxo teve papel importante
na Reforma de Ensino
realizada em 1931, em que propôs a
unificação dos campos matemáticos Álgebra, Aritmética e Geometria numa única disciplina, a Matemática,
com a finalidade de abordá-los de
forma inter-relacionada e apresentou
orientações no sentido de que o ensino
da geometria dedutiva deveria ser
antecedido de uma abordagem prática
da geometria. Foi autor de obras
didáticas em que exemplificava as
orientações que defendia.
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Júlio César de Mello e Souza ficou
conhecido pelo fato de que, em sala de
aula, lembrava um ator empenhado em
cativar a platéia.
Criou uma didática própria e divertida
para ensinar Matemática, inventando
Malba Tahan, nome fantasia ou
pseudônimo, sob o qual assinava suas
obras. Sua obra mais famosa, O
Homem que Calculava, teve trinta e
oito edições.
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Com o seu pseudônimo, Júlio César
propunha problemas de Aritmética e
Álgebra com a mesma leveza e
encanto dos contos das Mil e Uma
Noites.
Foi um professor criativo e ousado,
que buscou ir muito além do ensino
exclusivamente teórico e expositivo da
sua época, do qual era um feroz
crítico.
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Congressos Nacionais
1955 - Primeiro Congresso de Ensino
de Matemática, que foi realizado na
Bahia e objetivava organizar e
estabelecer os “conteúdos mínimos” a
serem cumpridos em todo o território
nacional.Omar Catunda, Oswaldo
Sangiorgi, Martha Menezes são nomes
de destaque nesse Congresso. A ele
seguiram-se outros: Porto Alegre
(1957), Rio de Janeiro (1962) e Belém
(1967).
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Oswaldo Sangiorgi, um dos pioneiros na
divulgação do movimento no Brasil, relata
que nos dois primeiros congressos, o
problema da introdução da Matemática
Moderna foi tratado como um simples aceno
traduzido em algumas resoluções aprovadas
em plenário e, no realizado no Rio de
Janeiro, foram aprovadas decisões no
sentido de serem experimentadas estas
novas áreas da Matemática e os resultados
serem apresentados no congresso seguinte.
Foi no congresso de Belém que se tratou
com objetividade a introdução da Matemática
Moderna no ensino secundário.
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1952
Bourbaki
Piaget
Matemática Moderna (1960)
Informática
Contestação do ensino
1980
Para Charlot, a MM herdava de Bourbaki o
formalismo e a idéia de estrutura.
De Piaget, os reformadores retinham as diretrizes
de uma pedagogia ativa e as discussões sobre
estruturas de pensamento.
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O GEEM em São Paulo (1961), o
GEEMPA em Porto Alegre (1970) e o
GEPEM no Rio de Janeiro (1976).
O Grupo de Estudos do Ensino de
Matemática (GEEM) englobava em seus
quadros professores universitários,
secundários, psicólogos, pedagogos e
trabalhava de forma cooperativa com a
Secretaria de Estado da Educação, no
“treinamento” de professores, procurando
conceituar os novos métodos de
abordagem da Matemática.
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Na efervescente década de 80, a educação
brasileira e a educação matemática em
particular, orientadas por concepções de
diferentes educadores, em especial Paulo
Freire, buscaram a construção de sua
“identidade”.
Freire chamava atenção sobre a necessidade
de se discutir a dimensão histórica do saber,
sua
inserção
no
tempo,
sua
instrumentalidade, para o que é fundamental
a indagação, o diálogo, a problematização do
próprio conhecimento em sua indiscutível
reação com a realidade concreta na qual se
gera e sobre a qual incide, para melhor
compreendê-la explicá-la e transformá-la.
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Na esteira dessas discussões, novos temas
passam a ser colocados também na pauta dos
educadores matemáticos: etnomatemática,
modelagem,
resolução
de
problemas,
tecnologias da informação e da comunicação,
abordagem
histórica
da
matemática,
contextualização, entre outros.
São relevantes neste período trabalhos de
educadores matemáticos como Ubiratan
D’Ambrósio, Eduardo Sebastiani Ferreira,
Roberto Baldino, Terezinha Nunes
entre
muitos outros.
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA:
 Interferência nos sistemas de ensino,
especialmente nas discussões curriculares e nos
processos de ensino e de aprendizagem.
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Finalidades da
Educação Matemática
“Por que ensinamos Matemática?”.
Segundo Rico (2004), o debate sobre os fins da
educação matemática é uma questão crucial para o
currículo de matemática no sistema educativo, em
especial, para o período de educação obrigatória. Ele
considera que as questões que se colocam não são
triviais e afetam um nível de reflexão geral, nas
dimensões culturais, políticas, educacionais e sociais.
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Ao refletir sobre “Por que ensinar
Matemática?” Ubiratan
D’Ambrósio propõe que nos
situemos no contexto de um
marco educativo variável, que se
tem modificado profundamente.
Os benefícios da educação devem
se estender a todas as camadas da
sociedade; todas as crianças e
jovens tem direito a alcançar as
possibilidades que lhes permitam
suas próprias capacidades
individuais.
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Ano
E. Fundamental
E. Médio
1970
15.904.627
1.003.475
1980
22.598.254
2.819.182
1990
28.380.000
3.664.936
2000
35.717.948
8.192.948
2003
34.438.749
9.072.942
Fonte: INEP
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EDUCAÇÃO E MATEMÁTICA:
As principais tendências mundiais que orientam a
Educação Matemática e as discussões em curso no
Brasil.
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Que contribuições trazem as pesquisas
na área de Educação Matemática?
Currículos,
Formação de
professores.
Processo ensino
aprendizagem
Escola
francesa
Escola
saxônica
Etnomatemática
Aspectos sócio- culturais
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os que fazem referência aos alunos, que buscam
compreender as idéias dos alunos, às dificuldades
que têm na aprendizagem, à influência do meio
social, cultural e afetivo sobre a aprendizagem, o
papel da motivação e dos interesses dos alunos, das
atitudes e das aptidões, das interações entre
estudantes e entre professores e estudantes;
os que fazem referência ao pensamento do professor
e à influência de seu marco conceitual sobre suas
maneiras de agir;
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os que fazem referência às estratégias de ensino, ao
uso de tecnologias, à resolução de problemas, o
recurso à história da Matemática, aos jogos, à
modelagem, aos projetos...
os que fazem referência ao marco em que se desenvolve o
ensino (contexto), como é a escola, a aula, a oficina, o
laboratório, as inte-relações aluno-aluno, professoraluno, professor-classe.
os que se referem a multiculturalismo e questões
relacionadas, como a Etnomatemática
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA:
Os desafios de colocar em prática os avanços de
estudos e pesquisas
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Crenças arraigadas
"Matemática é algo para quem tem dom", para
quem é geneticamente dotado de certas
qualidades
“É preciso ter um certo capital cultural para
atingir o universo matemático”.
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Essas crenças batem de frente com as propostas de que
todos os alunos podem fazer matemática em sala de
aula, o que significa construí-la, fabricá-la, produzi-la.
Isso não significa fazer os alunos reinventarem a
Matemática que já existe, mas sim engajá-los no
processo de produção matemática em que sua atividade
tinha o mesmo sentido que aquele dos matemáticos, que
efetivamente forjaram conceitos matemáticos novos.
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Para Charlot (1987) a área de plantio dessa idéia
está, há longo tempo, minada por outras convicções.
Uma delas é a de que a Matemática não é passível de
ser produzida, mas sim descoberta.
Os seres matemáticos existem em alguma parte, no
céu das idéias. Assim sendo, o papel do matemático
não é o de criar, inventar, mas o de descobrir, desvelar
as verdades matemáticas que já existem, mas não são
ainda conhecidas.
As verdades matemáticas são enunciadas por meio do
trabalho do matemático, mas elas são o que são,
eternas, independentemente de seu trabalho.
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Há também a idéia muito freqüente de que os alunos só
podem resolver problemas que já conhecem, que já
viram resolvidos e que podem tomar como modelo.
Essa convicção dificulta a aceitação de que o ponto de
partida da atividade matemática não deve ser a
definição, mas o problema.
Esse problema não é certamente um exercício em que
se aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou
um processo operatório.
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Só há problema, no sentido estrito do termo, se o aluno
é obrigado a trabalhar o enunciado da questão que lhe é
posta, a estruturar a situação que lhe é apresentada.
Assim, pensar não é somente encontrar uma resposta
para uma questão, mas também, e principalmente,
formular a questão pertinente quando se encontra
diante de uma situação problemática.
A atividade matemática é essencialmente elaboração de
hipóteses, de conjecturas, que são confrontadas a
outras e testadas na resolução do problema.
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EDUCAÇÃO E MATEMÁTICA:
Nosso papel de professores
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EDUCAÇÃO E MATEMÁTICA:
EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA
30
EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA
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Uma historinha para reflexão
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o Um grupo de cientistas e pesquisadores colocou cinco
macacos numa jaula. No meio, uma escada e no alto da
escada um cacho de bananas.
o Quando um macaco subia a escada para pegar as
bananas, um jato de água fria era jogado nos que estavam
no chão.
o Depois de um certo tempo, quando um macaco subia a
escada para pegar as bananas, os outros que estavam no
chão o pegavam e enchiam de pancada.
o Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a
escada, apesar da tentação das bananas. O jato de água
fria tornou-se desnecessário.
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o Então substituíram um dos macacos por um novo. A
primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo
retirado pelos outros que o surraram.
o Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo
não subia mais a escada.
o Um segundo substituto foi colocado na jaula e o mesmo
ocorreu com este, tendo o primeiro substituto participado
com entusiasmo na surra ao novato.
o Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.
o Um quarto e afinal o último dos cinco integrantes iniciais
foi substituído.
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Os pesquisadores tinham, então, cinco macacos na jaula
que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio,
continuavam batendo naquele que tentasse pegar as
bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque eles
batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza,
dentre as respostas, a mais freqüente seria:
"NÃO SEI, MAS AS COISAS SEMPRE FORAM ASSIM
POR AQUI."
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