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DOMINGO - O Estado do Maranhão - São Luís, 12 de abril de 2015
COMPORTAMENTO
Mulheres traem tanto quanto
homens nas novas gerações
Pesquisa constata, entretanto, que quanto mais idade maior a diferença entre homens e mulheres; no Brasil, na faixa etária
acima dos 60 anos, 66,2% dos homens admitiram ter sido infiéis pelo menos uma vez na vida, contra 21% das mulheres
Fotos/Divulgação
Yannik D'Elboux
Do UOL
Qual é o
perfil de
quem trai?
R
IO - A ideia de que os
homens são mais infiéis
do que as mulheres já
não é uma percepção tão apurada nos dias de hoje. Entre os
mais novos, a porcentagem daqueles que assumem que traem
costuma ser bem parecida nos
dois sexos.
"A traição entre homens e
mulheres é similar nos casais jovens, exceto em países asiáticos,
onde o valor da mulher é baseado na pequena quantidade de
experiências sexuais ou virgindade", explica a pesquisadora Pepper Schwartz, professora de Sociologia da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Segundo Pepper, que é coautora do livro The Normal Bar:
The Surprising Secrets of Happy
Couples (O Padrão Normal: Os
Surpreendentes Segredos dos Casais Felizes, em tradução livre,
sem edição em português), baseado em dados de cerca de 100
mil pessoas, entre os mais velhos, sobretudo depois dos 40
ou 50 anos, o comportamento
fica acentuadamente mais frequente entre os homens. "A traição masculina é três a quatro
vezes mais comum nesses casos", afirma.
Brasil - Os poucos números que
existem no Brasil a esse respeito
corroboram as observações da
professora norte-americana. Na
faixa etária acima dos 60 anos,
66,2% dos homens admitiram
ter sido infiéis pelo menos uma
vez na vida contra 21% das mulheres, conforme dados do levantamento Mosaico Brasil, com
8.200 entrevistados, realizado em
2008, que está sendo atualizado.
Já entre os indivíduos de 18 a
25 anos, a diferença diminui
consideravelmente: 49% das
mulheres dizem ter traído em
comparação a 65% dos homens
na mesma idade. No site de relacionamentos extraconjugais
Ashley Madison, com 3 milhões
de usuários no Brasil, há uma
mulher para cada homem ca-
Entre indivíduos de 18 a 25 anos, 49% das mulheres dizem ter traído, enquanto 65%dos homens na mesma idade admitem a traição
dastrado na faixa etária dos 20
aos 40 anos.
Segundo Eduardo Borges, diretor geral da rede no Brasil, em
2011, no início das atividades, a
porcentagem de homens nessa
faixa ainda era mais alta, em torno de 65%. "Conforme o site foi
crescendo, percebemos um aumento de mulheres procurando
pelo serviço", diz.
Porém, entre os mais velhos
cadastrados no Ashley Madison, a infidelidade continua
sendo um comportamento predominantemente masculino.
"A partir dos 50 anos de idade,
temos 14 homens para cada
mulher", diz Borges.
Infidelidade feminina - Se as
mulheres mais jovens têm quase a mesma tendência a serem
infiéis que os homens, isso se deve, principalmente, a maior
igualdade entre os gêneros, conquistada nas últimas décadas.
Com maior autonomia e liberdade, ficou mais fácil alimentar
os anseios e desejos.
"Hoje em dia, elas têm muito
mais oportunidades e possibilidades, inclusive no que diz respeito à busca por uma vida afetiva e sexual satisfatória", afirma
a antropóloga Maria Silvério, investigadora do Cria (Centro em
Rede de Investigação em Antropologia), em Lisboa (Portugal),
e autora do livro Swing: Eu,
Tu...Eles (Chiado Editora).
Maria Silvério conta que, an-
tigamente, muitas mulheres
permaneciam casadas porque
não tinham outra opção, não
trabalhavam nem tinham recursos próprios e suas vidas estavam inteiramente atreladas à do
marido. "Isso, provavelmente,
dificultava a infidelidade feminina", acredita.
As leis que facilitaram o divórcio e descriminalizaram o adultério, em diferentes partes do
mundo, também contribuíram
para diminuir o medo delas de
trair. Mas não foi apenas isso que
mudou. "As mulheres viajam
mais, estão mais no escritório e
têm oportunidade de encontrar
alguém, mantendo essa experiência longe dos seus maridos
e de suas famílias", acrescenta
Pepper Schwartz.
Entre os casais homossexuais, a pesquisadora norte-americana observa que os homens
tendem a permitir com mais facilidade relações sexuais extraconjugais. Já as lésbicas costumam ser menos propensas a
aceitar esse comportamento. "Se
elas traem, é muito mais provável que seja sério e se transforme
em uma relação concorrente à
vida do casal", diz Pepper.
Há casais, porém, em que as
pessoas envolvidas têm relações
extraconjugais e isso não significa infidelidade. Depende do
acordo que o casal estabeleceu.
Se o combinado é que cada um
pode ter parceiros fora do relacionamento, não há traição.
Não se pode traçar um perfil de
indivíduo mais suscetível a ser infiel. Porém, o médico e psicanalista Mauro Hegenberg, supervisor do NAPC (Núcleo de Atendimento e Pesquisa da Conjugalidade e da Família) do Instituto Sedes Sapientiae, afirma que hábitos familiares e culturais induzem a comportamentos que se repetem. "Por conta disso, mesmo
em casamentos onde a convivência vai bem, a infidelidade pode
ocorrer", diz.
No estudo para o livro The
Normal Bar, Pepper e os autores
Chrisanna Northrup e James Witte apuraram que 27% dos casais
mais felizes também traíram. Os
motivos alegados foram variados,
desde a necessidade de aventura
ou um novo parceiro até a vontade de se sentir sexy. "Algumas vezes, isso não tem nada a ver com
a condição do casamento, se é
bom ou ruim", fala Pepper.
Nas pesquisas do site Ashley
Madison, segundo Eduardo Borges, fazer sexo com uma mulher
mais jovem é o objetivo número
um dos homens inscritos. Entre
o público feminino, os motivos
para a infidelidade, além do sexo, vão desde vingança à carência de afeto.
Apesar de estarem se igualando nos números, pelo menos entre as novas gerações, as puladas
de cerca não são vistas da mesma forma em ambos os sexos. "A
infidelidade masculina ainda é
mais aceita do que a feminina,
pois quando o homem trai isso é
considerado normal", diz Maria
Silvério. Já os deslizes das mulheres nem sempre são socialmente perdoáveis na mesma proporção que os dos homens. "O
peso de ser 'corno' no Brasil ainda atua com muita força sobre os
homens, como uma ameaça à
masculinidade", explica a antropóloga.
Como anunciar a chegada de um irmãozinho
Segundo especialistas, naturalidade é a
receita para que a novidade seja bem
recebida; decisão de ter outro bebê é dos pais
PORTO ALEGRE - Dar a notícia
ao filho mais velho de que um
bebê está a caminho e que as
atenções, que antes eram só para ele, agora serão compartilhadas, pode ser uma tarefa delicada para muitos pais. Mas especialistas garantem: naturalidade
é a receita para que a novidade
seja bem recebida pela criança.
Luciana Barros de Almeida,
presidente da Sociedade Brasileira de Psicopedagogia, defende que o assunto comece a ser
abordado ainda antes de a mãe
engravidar, a partir do momento em que os pais decidem ter
um novo filho. “Essa antecipa-
ção é importante para saber
quais são as expectativas do filho com a chegada de um novo
membro na família. No entanto, deve-se ressaltar que a decisão de quando engravidar cabe
somente aos pais”, destaca.
Se a criança demonstrar rejeição à ideia de dividir as atenções da casa com o novo irmão,
nada de repreensão. “É preciso
permitir que as crianças sintam
ciúmes, raiva, frustração, pois
a vida se constitui desses sentimentos singularmente humanos”, diz Maria Alice Targa, especialista em psicologia educacional.
Para ler em família
A psicóloga Ieda Zamel Dorfman sugere dois livros que podem ajudar
os pais a introduzir o assunto com os filhos mais velhos
- Um novo bebê está
chegando
Autora: Emily
Menendez Aponte
Editora: Terapia
Infante
Preço médio: R$ 20
- Vou ganhar um
irmãozinho! Menino ou
menina?
Autora: Mymi Doinet
Editora: Girassol
Preço médio: R$ 45
Caso os pais queiram ter outra criança, o ideal é começar a conversar com o filho antes mesmo de engravidar para explicar a situação
Dicas
Como ajudar a criança
- A presidente da Associação Gaúcha de Terapia de Família, Ieda Zamel
Dorfman, indica aos pais resgatar fotos e vídeos dos filhos mais velhos e
explicar para a criança que o irmão que está por vir também viverá
esses momentos.
- Não encha a criança de informações. Dê a notícia e espere para ver o
que ela entendeu.
- Mostre ao filho mais velho que ele poderá ajudar nos cuidados com
o irmão. Leve-o
o para a compra dos móveis do quarto do bebê e das
roupinhas. Incentive-o
o a fazer desenhos para o novo integrante da
família.
- Se a criança tiver uma reação negativa, tente agir com carinho,
tolerância e diálogo. Ouça o que ela tem a dizer e mostre que não há
motivos para acreditar que perderá o amor dos pais.
- Depois do nascimento, a presença do pai na vida do filho mais velho é
fundamental para que a criança não se sinta abandonada.
- Não coloque o filho mais velho na escola logo após o nascimento do
bebê, para que ele não se sinta excluído. Se for inevitável, faça isso
durante a gestação.
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