Conselho Espírita de São Bernardo do Campo
“Encontros de Atitudes de Amor”
Grupo Fraternidade Espírita João Ramalho
Reunião do dia 2 de março de 2008
Tema Central: Aprendendo a Amar
1º Momento: O Amor Universal
Tema: O Amor
Do Livro: O Problema do ser, do destino e da dor. Leon Denis
(alguns trechos desse maravilhoso capítulo - O destaque em negrito é nosso)
O amor, como comumente se entende na Terra, é um sentimento, um impulso do ser,
que o leva para o outro ser com o desejo de unir-se a ele. Mas, na realidade, o amor
reveste formas infinitas, desde as mais vulgares até as mais sublimes. Principio da vida
universal, proporciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade
de radiação que aquece e vivifica tudo em roda de si; é por ele que ela se sente estreitamente
ligada ao Poder Divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor.
“... Acima de tudo, Deus é amor. Por amor, criou os seres para associa-los às suas
alegrias, à sua obra...”
“...O amor é uma força inexaurível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo
aquele que dá e aquele que recebe. É pelo amor, sol das almas, que Deus mais
eficazmente atua no mundo...”
“... O amor conjugal, o amor materno, o amor filial ou fraterno, o amor à pátria, da raça, da
Humanidade, são refrações, raios refratados do amor divino, que abrange, penetra todos os
seres, e, difundindo-se neles, faz rebentar e desabrochar mil formas variadas, mil esplêndidas
florescências de amor...”
“...Por isto também se explicam e se afirmam a solidariedade e fraternidade universais. Um
dia, quando a verdadeira noção do ser se desembaraçar das dúvidas e incertezas que
obsidiam o pensamento humano, compreender-se-á a grande fraternidade que liga as almas.
Sentir-se-á que são todas envolvidas pelo magnetismo divino, pelo grande sopro de
amor que enche os espaços...”
“...A verdadeira família compõe-se dos Espíritos que subiram juntos as ásperas sendas
do destino e são feitas para se compreenderem e amarem...”
“... Todo o poder da alma resume-se em três palavras: - Querer, Saber, Amar!
Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, apara o alvo que se tem de
atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la.
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Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o
pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e
dos elementos a que espira governar.
Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque, sem o amor, a vontade e a ciência seriam
incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os
recursos. Não se trata aqui do amor que contempla sem agir, mas do que se aplica a
espalhar o bem e a verdade pelo mundo...”
“... Amemos, pois, com todo o poder do nosso coração; amemos até ao sacrifício, como
Joana D`arc amou a França, como o Cristo amou a Humanidade, e todos aqueles que nos
rodeiam receberão nossa influência, sentir-se-ão nascer para nova vida...”
“...O amor depura a inteligência, põe à larga o coração e é pela soma de amor
acumulada em nós que podemos avaliar o caminho que temos andando para Deus...”
“... A todas as interrogações do homem, as suas hesitações, a seus temores, a suas
blasfêmia, uma voz grande, poderosa e misteriosa responde: Aprende a amar! O amor é o
resumo de tudo, o fim de tudo. Dessa maneira, estende-se e desdobra-se sem cessar sobre
o Universo a imensa rede de amor tecida da luz e ouro. Amar é o segredo da felicidade. Com
uma só palavra o amor resolve todos os problemas, dissipa todas as obscuridades. O amor
salvará o mundo; seu calor fará derreter os gelos da dúvida, do egoísmo, do ódio;
enternecerá os corações mais duros, mais refratários...”
“... Tentai a experiência! Abri o vosso ser interno, abri as janelas da prisão da alma aos
eflúvios da vida universal e, de súbito, essa prisão encher-se-á de claridade, de melodias; um
mundo todo de luz penetrará em vós. Vossa alma arrebatada conhecerá êxtases, felicidades
que não podem se descrever; compreenderá que há em seu derredor um oceano de amor, de
força e de vida divina no qual ela está imersa e que lhe basta querer para ser banhada por
suas águas regeneradoras. Sentirá no Universo um Poder soberano e maravilhoso que nos
ama, nos envolve, nos sustenta, que vela sobre nós como o avarento sobre a jóia preciosa, e,
invocando-o, dirigindo-lhe um apelo ardente, será logo penetrada de suas presença e de seu
amor.
“... Basta ter experimentado uma só vez estas impressões para não as esquecer mais. E
quando chega o declínio da vida com as suas desilusões, quando as sombras crepusculares
se acumulam sobre nós, então estas poderosas sensações acordam com a memória de todas
as alegrias sentidas, e a lembrança das horas em que verdadeiramente amamos cai
como delicioso orvalho sobre nossas almas dissecadas pelo vento áspero das
provações e da dor...”
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2º Momento: O Aprendizado do Amor
Tema: Aprender a Amar
Do livro Laços de Afeto – Caminhos do Amor na Convivência Ermance Dufuax (Espírito) – Médium: Wanderley S. de Oliveira
(alguns trechos desse maravilhoso capítulo - O destaque em negrito é nosso)
Escutamos freqüentemente frases que constituem atestados de incompatibilidade ou
admiração instantânea em relacionamentos, emitidas rotineiramente nas diversas rodas de
convivência, definindo alguns sentimentos que temos pelo outro com se fossem predestinados
e definitivos.
Convivemos comumente “ao sabor” daquilo que sentimos espontaneamente por alguém.
Consideremos nesse tema que o Amor não é um automatismo do sentir no aprendizado das
relações humanas, como se houvessem fatores predisponentes e inderrogáveis para gostar
ou não dessa ou daquela criatura.
Amar é uma aprendizagem. Conviver é uma construção.
Não existe Amor ou desamor à primeira vista, e sim simpatia ou antipatia. Amor não
pode ser confundido com o sentimento ocasional e especialmente dirigido a alguém.
Devemos entendê-lo como O Sentimento Divino que alcançamos a partir da
conscientização de nossa condição de operários na obra universal, um “estado afetivo
de plenitude”, incondicional, imparcial e crescente.
Ninguém ama só de sentir. Amor verdadeiro é vivido. O atestado de Amor verdadeiro é
lavrado nas atitudes de cada dia. Sentir é o passo primeiro, mas se a seguir não vêm as
ações transformadoras, então nosso Amor pode estar sendo confundido com fugazes
momentos de felicidade interior, ou com os tenros embriões dos novos desejos no bem que
começamos a acalentar recentemente.
O Amor é crescente no tempo e uniforme no íntimo, não tem hiatos.
Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia
serão obras do tempo no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo
do desejo de manter essa simpatia do primeiro contato, amadurecendo-a com o
progresso dos elos entre ambos.
Sabendo disso, evitemos frases definitivas que declarem desânimo ou precipitação em razão
do que sentimos por alguém. Relações exigem cuidados para serem edificadas no Amor, e
esse aprendizado exige os testes de aferição nos transcorrer dos tempos.
Se nos guardamos na retaguarda moral e afetiva, esperando que os outros melhorem e se
adaptem às nossas expectativas para com eles, a fim de permitirmo-nos amá-los, então,
certamente, a noção de gostar que acalentamos é aquela na qual ainda acreditamos que
Deus faculta isso com Dom Divino e natural em nossos corações conforme a sua Vontade.
Encontrando-nos nesse patamar de evolução, nada mais fazemos que transferir para o Pai a
responsabilidade pessoal do testemunho sacrificial, na criação de elos de libertação junto a
quantos esposam nossos caminhos nas refregas da vida.
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Amor não é empréstimo Divino para o homem e sim aquisição de cada dia na
aprendizagem intensiva de construir relacionamentos propiciadores de felicidade e paz.
Espíritas que somos temos bons motivos para crer na força do Amor, enquanto a falta
de razões convincentes tem induzido multidões de distraídos aos precipícios da dor, porque
palmilham em decidida queda para as furnas do desrespeito, da lascividade, da infidelidade,
da vingança e da injustiça, em decrépitas formas de desamor.
A terapêutica do Amor é, sem dúvida, a melhor e mais profilática medicação do Pai para
seus filhos na criação. Compete-nos, aos que nos encontramos à mingua de paz,
experimentá-la em nossos dias, gerando fatos abundantes de Amor, vibrando em uníssono
com as sábias determinações cósmicas estatuídas para a felicidade do ser na aquisição do
glorioso e definitivo titulo de Filhos de Deus.
E se esse sentimento sublime carece aprendizagem, somente um recurso poderá
promover semelhante conquista: A educação.
3º Momento: O Amor a si mesmo
Tema: Educação para o Auto-Amor
Do livro Escutando Sentimentos – A Atitude de Amar-nos como merecemos
Ermance Dufuax (Espírito) – Médium: Wanderley S. de Oliveira
(alguns trechos desse maravilhoso capítulo - O destaque em negrito é nosso)
“O amor é de essência divina e todos nós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha
desse fogo sagrado.” – Fénelon. (Bordéus, 1861)
O Evangelho segundo o espiritismo – Capitulo XI – Item 9
O mais genuíno ato de amor a si consiste na laboriosa tarefa de fazer brilhar a luz que
há em nós. Permitir o fulgor da criatura cósmica que se encontra nos bastidores das
máscaras e ilusões. Somente assim, escutando a voz de nosso guia interior, nos
esquivaremos das falácias do ego que nos inclina para as atitudes insanas da arrogância.
Quando não nos amamos, queremos agradar mais aos outros do que a nós,
mendigamos o amor alheio, já que nos julgamos insuficientes ou incapazes de nos
querer bem.
Nesse momento de perspectivas alvissareiras com a chegada do século XXI, a esperança
acena com horizontes iluminados para a caminhada de ascensão espiritual da humanidade.
O resgate de si mesmo há de se tornar meta prioritária das sociedades sintonizadas
com o progresso. O bem-estar do homem, no seu mais amplo sentido, se tornará o centro
das cogitações da ciência, da religião e de todas as organizações humanas.
Perante esse desafio social, sejamos honestos acerca do quanto ainda temos por
laborar para erguer a comunidade espírita ao patamar de “escola capacitadora de
virtudes” em favor das conquistas interiores.
Quantos se encontrem investidos da responsabilidade de dirigir e cooperar com os
grupamentos do Espiritismo, priorizem como compromisso essencial de suas vinhas o ato
corajoso de trabalhar pela formação de ambientes educativos, motivadores da confiança
espontânea e do comprometimento pelo coração.
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Trabalhar pela felicidade do homem deve ser o objetivo maior das agremiações
doutrinárias orientadas pela mensagem de amor do Evangelho. Os modelos e conceitos
inspirados nos princípios espíritas que não se adequarem à condição de instrumentos
facilitadores para a alegria e a liberdade haverão de ser repensado.
Não podemos ignorar fatores de ordem educacional e social que estimulam vivências íntimas
da criatura em sua caminhada de aprendizado. As últimas duas gerações que sofreram de
modo mais acentuado os processos históricos e coletivos da repressão atingem a meia idade
na atualidade. Renasceram ao longo das décadas de cinqüenta e sessenta e se encontram
em plena fase de vida produtiva, sofridas pelas seqüelas psicológicas marcantes de
autodesamor.
Outro fator, mais grave ainda, são as crenças alicerçadas em sucessivas vidas
reencarnatórias que constituem sólida argamassa psicológica e emocional, agindo e reagindo,
continuamente, contra os anseios de crescimento íntimo. O complexo de inferioridade é a
condição cármica criada pelo homem em seu próprio desfavor.
Nada, porém, é capaz de bloquear ou diminuir o fluxo de sentimentos naturais e divinos
que emanam da alma como apelos de bondade, serenidade e elevação. Nem a formação
educacional rígida ou os velhos condicionamentos são suficientes para tolher a escolha do
homem por novos aprendizados. O self emite, incessantemente, energias sublimadas, a
despeito dos fatores sociais e reencarnatórios que agrilhoam a mente aos cadinhos
regenerativos do conflito e da dor.
Paulo, o apóstolo de Tarso, asseverou: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que
não quero esse faço. (1).
Contra os objetivos da vida profunda, temos forças vivas em nós mesmos como efeitos de
nossos desatinos nas experiências pretéritas.
Considerando essa manifestação celeste do “ser profundo”, compete-nos talhar
condições favoráveis para o aprendizado das mensagens da alma. Aprender a ouvir
nossos sentimentos verdadeiros, os reclames do Espírito que somos nós mesmos.
A palavra educação vem do latim educare ou educere. Provérbio: e. Verbo: ducare, ducere.
Seu significado é trazer à luz uma idéia, levar para fora, fazer sair, extrair. Essa a tarefa dos
centros espíritas: oferecer condições para que o homem extraia de si mesmo seu valor divino
na Obra da Criação.
Em nossos projetos de religiosidade no centro espírita, o auto-amor deve constituir lição
primordial. Espiritualidade significa grandeza de sentidos para viver. Essa á a visão do centro
espírita em sintonia com a alma do Espiritismo, uma verdadeira noção de imortalidade sentida
e aplicada.
O auto-amor é um aprendizado de longa duração. Conectar seu conceito a fórmulas
comportamentais para a aquisição de felicidade instantânea é uma atitude própria de quantos
se exasperam com a procura do imediatismo. Amar é uma lição para a eternidade.
Que habilidades emocionais temos que desenvolver para o auto-amor? Que cuidados adotar
para aprendermos uma relação de amorosidade conosco? Como alcançar a condição de
núcleos avançados para o desenvolvimento dos valores da alma? Que iniciativas tomar para
que as casas espíritas sejam redutos de aprimoramento de nossos sentimentos e escola
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eficientes de criatividade para a superação de nossas dores? Que técnicas e métodos nos
serão úteis para incentivar a alegria e a espontaneidade afetiva? Como implementar escolas
do sentimentos em nossos grupos doutrinários de estudo sistematizado? Que temas enfocar
na melhor compreensão das manifestações profundas da alma?
Fala-se, em nossos ambientes de educação espiritual, que não somos bons ouvintes. De fato,
uma das habilidades que carecemos aperfeiçoar nas relações interpessoais é a arte de ouvir.
Mas, da mesma forma que guardamos limitações para ouvir o outro, também não sabemos
ouvir a nós mesmos. Que técnicas adotar para estimular nossa habilidade de ser um bom
ouvinte.
Ouvir a alma é aprender a discernir entre sentimentos e o conjunto variado de manifestações
íntimas do ser, sedimentadas na longa trajetória evolutiva, tais com instinto, tendências,
complexos, traumas, crenças, desejo, interesses e emoções.
Escutar a alma é aprender a discernir o que queremos da vida, nossa intenção-básica.
A intenção do Espírito é a força que impulsiona o progresso através do leque dos
sentimentos. A intenção genuína da alma reflete na experiência da afetividade humana,
construindo a vastidão das vivências do coração – a metamorfose da sensibilidade. A
conquista de si mesmo consiste em saber interpretar com fidelidade o que buscamos no ato
de existir, a intenção magnânima que brota das profundezas da alma em profusão de
sentimentos.
Os discípulos sinceros do Espiritismo reflitam na importância do auto-amor como
condição indispensável ao bom aproveitamento da reencarnação. Estar em paz consigo
é recurso elementar na boa aplicação dos Talentos Divinos a nós confiados.
Amar-se não significa laborar por privilégios e vantagens pessoais, mas o modo como
convivemos conosco. Resume-se, basicamente, na forma com tratamos a nós próprios. A
relação que estabelecemos com o nosso mundo íntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos
àquilo que sentimos. Auto-estima surge quando temos atitude cristã com nossos sentimentos.
O amor a si não se confunde com o egoísmo, porque quem tem atitude amorosa
consigo está centrado no self. Deslocou o foco de seus sentimentos para a fonte de
sabedoria e elevação, criando ressonância com o ritmo de Deus. Amar-se é ir ao encontro de
Si Mesmo como denominava Jung.
Alinhavemos alguns tópicos sugestivos que poderão constar no programa de debates
para a reeducação da vida emocional e psicológica à luz dos fundamentos do
Espiritismo. Tomemos por base a análise educacional de Allan Kardec que diz na
questão número 917 de O Livro dos Espíritos:
“A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se
conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências,
conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém,
exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro pensar-se que, para
exercê-la com proveito, baste o conhecimento da Ciência.”
Responsabilidade – Somos os únicos responsáveis pelos nossos sentimentos.
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Consciência – O sentimento é o espelho da vida profunda do ser e expressa os recados da
consciência. Nossos sentimentos são a porta que se abre para esse mundo glorioso que se
encontra “oculto”, desconhecido.
Ética para conosco – Somos tratados como nos tratamos. Como sermos merecedores de
amor do outro, se não recebemos nem o nosso próprio?
Juízo de valor – Não existem sentimentos certos ou errados.
Automatismos e complexos – O sentimento pode ser sustentado por mecanismos alheios
à vontade e à intenção.
Auto-amor é um aprendizado – Construir um novo olhar sobre si, desenvolver
sentimentos elevados em relação a nós, constitui um longo caminho de experiências nas
fieiras da educação.
Domínio de si – Educar sentimentos é tomar posse de nós próprios.
Aceitação – Só existe amor a si mesmo através de uma relação pacifica com a sombra.
Renovação do sistema de crenças – Superar os preconceitos. Julgamentos formulados a
partir do sistema de crenças desenvolvidas com base na opinião alheia desde a infância.
Ação no bem – Integração em projetos solidários. A aquisição de valor pessoal e
convivência com a dor alheia trazem gratidão, estima pelas vivências pessoais. Cuidando
bem de nós próprios, somos, simultaneamente, levados a estender ao próximo o tratamento
que aplicamos a nós. Quando aprendemos a gostar de nós, independente de sermos
amados, passamos a experimentar mais alegria de amar. A ética de amor a si deve estar
afinada com o amor ao próximo.
Assertividade – Diálogo interno. Uma negociação íntima para zelar pelos limites do
interesse pessoal.
Florescer a singularidade – O maior sinal de maturidade. Estamos muito afastados do que
verdadeiramente somos.
Ter as rédeas de si mesmo – Para muitos o personalismo surge nesse ato de gerar a vida
pessoal com independência. Pelo simples fato de não saberem como manifestar seus
desejos e suas intenções, abdicam do controle íntimo e submetem-se ao controle externo
de pessoas e normas.
Construção da autonomia – Autonomia é capacidade de sustentar sentimentos nobres
acerca de nós próprios.
Identificação das intenções – Aprender a reconhecer o que queremos, qual nossa busca
na vida. Quase sempre somos treinados a saber o que não queremos.
Sentir-se bem consigo mesmo é sinônimo de felicidade, acesso à liberdade. É permitir que a
centelha sagrada de Deus se acenda em nós. Conhecer a arte de manejar caracteres.
Portanto, a feliz colocação de Fénelon merece a nossa mais ardorosa atenção: “O amor é de
essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha
desse fogo sagrado.”
Não esqueçamos a recomendação de Lázaro: “O Espírito precisa ser cultivado, como um
campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que
bens terrenos: a elevação gloriosa.”
(1) Romanos, 7:19 - O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capitulo XI – item 8
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4º Momento: O Amor pelo “Movimento Espírita”
– Instituições, Dirigentes e Tarefeiros em geral Tema: Sob a Luz do Amor
Do livro Laços de Afeto – Caminhos do Amor na Convivência Ermance Dufuax (Espírito) – Médium: Wanderley S. de Oliveira
(alguns trechos desse maravilhoso capítulo - O destaque em negrito é nosso)
“Os grupos que se ocupam exclusivamente com as manifestações inteligentes e os que se entregam ao
estudo das manifestações físicas têm cada um a sua missão. Nem uns, nem outros se achariam possuídos
do verdadeiro espírito do Espiritismo, desde que não se olhassem com bons olhos; e aquele que atirasse
pedras em outro provocaria, por esse simples fato, a má influência que o domina. Todos devem concorrer
ainda que por vias diferentes, para o objetivo comum, que é a pesquisa e a propaganda da verdade. Os
antagonismos, que são mais do que efeito de orgulho superexcitado, fornecendo armas aos detratores, só
poderão prejudicar a causa, que uns e outros pretendem defender.” - O Livro dos Médiuns – Cap. XXIX – Item
348
Interessante analisar, daqui para o mundo físico, a influência marcante de velhas
ilusões que carreamos para os ofícios de reeducação na sementeira espírita.
Quando aqui aportamos temos melhor dimensionada as percepções que nos permitem lançar
um novo olhar sobre os esforços gerais no bem, fazendo-nos concluir que trabalho algum é
dispensável, e todos, conquanto suas deficiências, concorrem para progresso da causa.
No entanto, em regressando ao corpo físico, invadido pelas milenares miragens do
orgulho, costumamos entender nossa tarefa com a melhor e essencial, nossos
conceitos como sendo a mais valiosa expressão da verdade e a nossa participação
como admirável missão que nos eleva acima dos demais.
A despeito de erguermos juntos o estandarte da caridade, vezes sem conta
abandonamos o imperativo de aplicá-las também nas nossas relações com quantos
nos partilham o clima das atividades doutrinárias.
Retifiquemos essa miopia da visão espiritual.
Passemos a compor o escasso grupo daqueles que incentivam e sabem respeitar os esforços
alheios, sejam quais forem.
Disciplinemos a tendência de excluir, e quando destacamos falhas recolhamo-nos na
ação indulgente ou mesmo ao silêncio e oração.
Valorizemos nossa atuação sem desprezar a de outrem.
Cerremos esforços na direção que melhor atenda as nossas crenças sem alimentar o anseio
de ser seguido. Recordemos que ninguém está obrigado a tal mister, da mesma forma que
não temos a implicação de seguir ninguém.
Façamos isso em favor de nossa paz e da ordem geral nos nossos campos de trabalho
redentor.
Lembremos velho rifão das esferas extrafísicas que diz “nenhum caminho para o bem é
dispensável, mas nenhum de nós é insubstituível nos serviços de Deus”, remetendo-nos a
concluir que, se toda tarefa é valorosa, certamente nenhuma depende de nós...
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Em verdade, habitualmente, o excessivo valor que conferimos às realizações com as quais
cooperamos é o mesmo que emprestamos à nossa personalidade sob as lentes da vaidade...
Em razão disso, anotemos duas metáforas oportunas.
O movimento espírita pode ser comparado a estimável universidade do Espírito; as
instituições são as áreas especificas de aperfeiçoamento e cada tarefa pode ser entendida
com uma classe que reúne um certo número de aprendizes. Nesse concerto de educação e
melhoria, todos temos o valor pessoal e intransferível no aproveitamento das lições na
construção de nosso saber eterno.
Noutra imagem podemos conceber a Seara como um incomparável hospital da alma; cada
grupamento assemelha-se a uma especialidade de recuperação e cada atividade a uma
enfermaria de convalescença. Messe ambiente de tratamento e prevenção, todos temos
nossas doenças a cuidar com medicações individuais na busca de nossa alta.
Aprendizes e enfermos, eis o que “estamos”!
Portanto, ante os assaltos ilusórios do personalismo no que tange a comparações e
julgamentos, fiquemos com o Codificador que acentua: vias diferentes, objetivos
comuns, para a propagação da verdade, conforme a nossa referência supra destacada.

Amigos do coração.
Estejas convicto de que, apesar de tuas reservas com os deveres alheios no bem, Deus
conta com eles.
Envolve-te na psicosfera do Amor, se desejares entender os planos do Pai para com
aqueles aos quais ainda não consegues devotar apreço, entendimento e admiração
incondicionais.
É natural que enxergues elitismo nos que estudam com afinco, já que por agora não
despertastes ainda tanto quanto deveria para a importância do conhecimento na felicidade
dos homens.
Compreensível que não entendas os eloqüentes do verbo libertador, já que ainda não te
sensibilizastes o bastante para o benefício de impor disciplina a teu próprio linguajar diário.
Honesta de tua parte a preocupação com o excesso institucional, sabendo que teu incômodo
é sinal do aprendizado que tens urgência em aquilatar para que não cometas a mesma
distração.
Aceitável que destaques personalismo naqueles que cumprem a rotina das honrarias e
cargos, uma vez que não dominastes por enquanto tuas manifestações de vaidade em
pequenos lances da existência.
Sincero de tua parte supores que o farnel distribuído é fonte de preguiça, considerando que
ainda não amealhastes suficiente experiência da doação de si mesmo junto aos deveres
materiais no lar e na profissão.
Justo tua inconformação com a coleta de recursos para eventos de confraternização e estudo,
uma vez que ainda não arregimentastes melhores concepções sobre a urgência da união
entre grupos de interesse comum.
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Razoável cobres da conduta do próximo aquilo que ainda não conseguistes implementar na
tua própria vivencia, e que julgues os denodos de Amor dos outros conforme seus limites de
atuação.
Contudo, se queres amealhar paz e sabedoria para tua vida, sobrepõe-te a todas essas
questiúnculas da existência, que são sombras do egoísmo, e envolve no afeto cristão,
sendo cortês, generoso e terno com tudo e com todos, educando-te no amor indistinto
e incondicional perante as diferenças e os diferentes que te circundam a experiência
carnal.
Vai, experimenta e verás!
Verás o que acontece quando optares pelo Divino sentimento ao encontro de teus
irmãos, sob a luz do amor.
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