Exigências de Capital e Basiléia III
Knowledge@Wharton: Tem surgido uma série de novas regras, re-regulação, novos sistemas de regulação, e
existe muito trabalho de preparação em função do que você disse que precisa ser feito. Mas ainda há muita
incerteza.
Bill Schlich: Bem, eu acho que agora a maior área de incerteza é a exigência de capital. Quanto capital uma
organização tem que reter? Sabemos que essas exigências estão aumentando. Mas até onde elas vão, e em que
jurisdição? Será que vai ser diferente de país para país? Eu suspeito que sim. E qual o impacto disso no meu
modelo de negócio?
É muito difícil ser estratégico hoje, quando você não conhece as exigências de capital em cada jurisdição. Você
não conhece as exigências de liquidez. Tudo o que sabemos é que as jurisdições querem as coisas separadas e
querem ser capazes de compreender os negócios em sua jurisdição, e elas querem ter certeza de que há capital
suficiente e há liquidez suficiente lá. Por isso, então você tem que descobrir – e esse é o ponto do Professor
Herring - quem são seus clientes? Como é que você vai ganhar dinheiro? E você pode fazer isso de uma forma
que seja rentável dado esse aumento do custo de capital? O ROA [retorno sobre os ativos] está caindo, não
há dúvida. E quanto ele vai cair eu não sei. Mas vai ser interessante ver quanto o ROA vai cair e então será
interessante ver como os investidores reagem.
Donald Vangel: O processo Basiléia III certamente percorreu um longo caminho para calibrar pelo menos a
primeira fase das exigências de aumento de capital. A estrutura do Basiléia III articula novas definições para o que
qualifica como capital bom e gera exigências sobre quanto desse capital deve ser retido.
Mas deixa ainda indeterminado sobre quanto e se qualquer capital adicional deva ser retido para atender a
questões pró-cíclicas, ou seja, para implementar uma reserva contra-cíclica sobre a reserva de conservação.
Quanto capital adicional, se houver, as instituições sistemicamente importantes devem reter além e em adição
a que? O G-20, mesmo tendo aprovado a estrutura do Basiléia III, também transferiu muito para cada jurisdição
a competência para lidar com instituições sistemicamente importantes dentro de seus limites em relação
às exigências adicionais de capital e de liquidez. Assim, ele corre o risco de além de exigências de capital
consolidado, ainda haver alternativas em termos de: quanto capital você precisa reter (e quanta liquidez) em
jurisdições específicas, se você for visto como sistemicamente importante dentro delas. Portanto, existe uma
questão de capital aprisionado, bem como o nível absoluto de capital que precisa ser retido.
Richard Herring: Eu acho que você tocou num ponto importante sobre a forma como o Comitê de Basiléia opera.
Temos exigências de capital explícitas de no mínimo 4,5% que são basicamente ativos de capital ponderado
pelo risco. Nós temos ainda outros 2,5% que são considerados uma oferta capital distinta, mas ela é colocada de
modo que realmente torna-se capital exigido, porque embora os reguladores digam que querem que os bancos
se sintam livres para utilizá-los sempre que quiserem, eles na verdade, se usá-los, perdem o seu direito de pagar
dividendos e bonificações etc.
Por isso, ele realmente se torna capital que é explícito. E como você mencionou: outras coisas controvertidas eles ficaram sob o Pilar 2 [no Basiléia II], que isso realmente se trata de um assunto privado entre o regulador e
o regulado e [o público] não vai conseguir saber sobre isso. E isso vai tornar as condições muito desiguais. Há
alguma esperança de que eles estejam migrando para um nível de alavancagem após alguma calibração. Mas,
dada a resistência na Europa – e eles têm um longo caminho a percorrer para atender a um nível de alavancagem
algo parecido com o dos bancos dos EUA - existem dúvidas de que isso nunca ocorra no Pilar 1.
1 | Knowledge@Wharton knowledge.wharton.upenn.edu
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