INFORMEDICA 2004
INFORMATION & COMMUNICATION TECHNOLOGIES
IN HEALTHCARE DEVELOPMENT
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Educação Baseada na Web para Profissionais de Medicina: vencendo as
resistências
Oliveira, Luiz R.1
Silva, Cátia L. O.2
Bessa, Cláudya G.3
Sarmento, Wellington W. F.4
1
Grupo de Estudos em Tecnlogia da Informação e Teleinformática em Saúde/Faculdade de
Medicina/UFC, Brasil
2
Instituto UFC Virtual, Universidade Federal do Ceará, Brasil
3
4
Mestrado Profissionalizante UECE/CEFET, Brasil
Instituto UFC Virtual, Universidade Federal do Ceará, Brasil
Resumo
Promover a interação entre aluno-professor e aluno-aluno em iniciativas de educação baseada na WEB é ainda um desafio no
contexto da educação médica. O presente artigo trata da experiência de realização de um curso que envolveu Educação a
Distância pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e pelo Instituto UFC-Virtual, objetivando ampliar a
competência de profissionais e estudantes das unidades dessa faculdade no uso das tecnologias da informação e da comunicação.
Conclui-se que é difícil quebrar as barreiras da falta de cultura em relação ao uso de tais tecnologias, levando-se em conta as
características dos alunos.
Abstract
Promoting the student-instructor and student-student interactions in WEB-based educational initiatives is still a challenge in the
context of the medical education. The present paper describes the experience of the development of a course that involved distance
education, promoted by the Medical School and Instituto UFC Virtual, at Universidade Federal do Ceará, which intended to
broaden the competencies of students and professionals of the units of that Medical School in the use of the information and
communication technologies. The conclusion is that it is difficult to create the culture in relation to the use of those technologies,
taking into account the students’ characteristics.
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Palavras-chave
Educação a Distância, Educação Baseada na Web, Inclusão Digital.
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Introdução
O mundo vivencia hoje um conjunto de vários fenômenos que estão redefinindo as relações internacionais,
afetando diferentes áreas da vida social de todos os países do mundo, como a economia, as finanças, a
tecnologia, as comunicações, a cultura, a religião: a isto se dá o nome de globalização. Como conseqüência,
estão surgindo novas formas de gestão e de organização do trabalho. No capitalismo contemporâneo, é
necessário ser competitivo para sobreviver, o que somente se consegue a partir da capacidade do trabalhador
em gerar soluções diferenciadas para os vários desafios do cotidiano.
Com as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, resultado da transformação social aliada ao processo de
transformação tecnológica, a exigência de aquisição de novas habilidades surgiu. O trabalho manual tem
cedido cada vez mais lugar ao trabalho intelectual e exige-se uma formação profissional que contemple
novos tipos de conhecimento, capacidade de abstração, de resolver problemas na vida prática, novos
comportamentos:
...as habilitações hoje existentes parecem não dar conta da nova dinâmica do processo produtivo,
precisando ser remodeladas com o privilégio de uma abordagem mais generalista do conhecimento.
(MACEDO, 1997)
O trabalhador vive hoje um tempo de instabilidade, temporalidade e insegurança. Devido a este fato, a
participação dos profissionais de diversas áreas em programas de educação, formal ou não, é condição de
permanência neste contexto. Faz-se necessária, portanto, uma mudança nos processos tradicionais de
formação profissional:
Poucas vezes ao longo da história foi tão urgente a aposta em uma educação verdadeiramente
comprometida com valores de democracia, solidariedade e crítica, se quisermos ajudar cidadãos e cidadãs a
enfrentar essas políticas de flexibilidade, descentralização e autonomia propugnadas nas esferas
trabalhistas. (SANTOMÉ, 1998)
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Na era da globalização e da sociedade da informação, ainda há muito a se realizar para que se garantam
novas práticas educacionais, promovendo aprendizagens significativas, condizentes com a nova ordem
mundial. Aqui, a telemática desempenha papel estratégico, pois possibilita a expansão do acesso a recursos
educacionais, permitindo que se desenvolvam novos paradigmas para a aprendizagem, especialmente no que
diz respeito à educação a distância (EAD).
A importância que os recursos tecnológicos têm a sociedade atual delineia o papel que a educação deve
desempenhar para a formação de cidadãos, tornando-os mais conscientes em relação ao uso que fazem das
informações que transitam pelos meios de comunicação social. O homem atual estabelece novas relações
com o conhecimento do mundo, passando por mudanças em sua racionalidade, comportamento, hábitos,
cultura. Além de garantir habilidades no uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), a
educação deve estar compromissada com a construção da cidadania. Como afirma Mehedff:
...hoje, pensar em um cidadão que não tenha a necessária participação tecnológica é pensar em um cidadão
alienado e sem a possibilidade de entender em que sistema econômico ele está vivendo ou sobrevivendo.
(MEHEDFF, 1996).
Embora haja, no Brasil, a consciência de que as tecnologias da informação e da comunicação sejam
imprescindíveis para o desenvolvimento do País e para seu posicionamento estratégico nos contextos
nacional e internacional, não se discute que há, no território nacional, uma grande desigualdade no que diz
respeito à distribuição dos recursos tecnológicos existentes e o acesso a eles. Entretanto, há que se ir além da
simples distribuição de tais recursos, pois sua presença por si só não garante melhorias educacionais.
Somente a atuação crítica e participativa de alunos e professores pode garantir mudanças significativas na
produção do conhecimento, rejeitando-se concepções tradicionais de ensino e aprendizagem. Uma das
formas de se atingir este objetivo é criar propostas que atendam aos interesses e necessidades de cada grupo
específico, levando em consideração sua cultura. Quando se planejam atividades educacionais com o apoio
das TIC, ampliam-se as oportunidades educacionais.
Entretanto, o uso das tecnologias da informação e da comunicação na educação sempre suscitou o embate
entre duas visões oponentes: a que é contrária a este uso e a que é a favor a tal idéia. De qualquer forma, não
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se pode negar a presença e a importância que a tecnologia tem tido para a vida humana. Logicamente, tal
presença deve ser considerada em sua dialeticidade social, assim como para se introduzir a tecnologia na
educação há que haver a consideração da dialeticidade social também dos institutos de formação.
Contudo, é necessário reconhecer que as TIC ainda representam uma novidade para muitos educadores,
fazendo com que a potencialidade desses recursos não seja reconhecida. Algumas causas para isso podem ser
apontadas, tais como a escassez de recursos financeiros para aquisição e manutenção de equipamentos,
carência de cursos de capacitação docente, infra-estrutura precária para instalação e uso dos equipamentos. A
resultante desta situação é a falta de desenvolvimento de competências tanto técnicas quanto didáticas no
campo da utilização das tecnologias da informação e da comunicação.
Uma mudança de paradigma deve ocorrer profundamente nos sistemas educacionais e também na formação
dos professores (sobretudo nas universidades), a fim de garantir a erradicação de um tipo particular de
analfabetismo: o analfabetismo digital, que torna o homem incapaz de ler e de pensar criticamente as
mensagens da nova sociedade da informação. Isto também garantirá ao aluno o papel de sujeito de seu
processo de ensino e aprendizagem, em cooperação com os demais, na construção de sua auto-aprendizagem.
Para que tal ocorra, um fator importante é a formação docente. Seu papel no desenvolvimento de uma nova
prática de construção do saber precisa ser repensado. Uma vez que se desejam processos educacionais
comprometidos com o seu tempo, devem os educadores deixar de trabalhar para o fomento de práticas
baseadas na memorização, sobretudo. Deve ser ele o mediador de um processo que leve o aluno ao uso pleno
de sua capacidade criativa: O professor-informador e o aluno-ouvinte serão substituídos pelo professoranimador e o aluno-pesquisador. (LIMA, 1996) Assim, então, deixará o professor de ser o repassador de
informações, aquele que sabe, em oposição àquele que nada sabe: o aluno.
A utilização da tecnologia, especialmente no ensino superior, busca, além da inclusão social e da diminuição
das desigualdades educacionais no que diz respeito ao acesso a recursos tecnológicos, a formação de
profissionais mais preparados para atuarem sociedade contemporânea. Certamente, a educação não é a única
saída para solucionar todos os problemas de uma sociedade em um país subdesenvolvido, mas é o principal
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caminho para tratar a origem de diversas deficiências sociais, à medida que promove o desenvolvimento
social e, conseqüentemente, a redução da exclusão.
Uma tecnologia muito utilizada no processo de Educação a Distância (EAD) é a World Wide Web (WWW) –
conhecida como Web - que foi uma das principais responsáveis pela disseminação da Internet para o público
não acadêmico. Aplicações que possibilitam a interação e a gerência de cursos a distância, utilizando a Web,
começaram a germinar na segunda metade da década de 1990 e vêm expandindo e se aperfeiçoando desde
então. Este encontro entre a EAD e a WWW gerou a Educação Baseada na Web (EBW), que nada mais é que
o processo de utilização de aplicações voltadas para Web, como mecanismos de apoio à educação.
(PEQUENO, 1999)
Este artigo trata da experiência de se alcançar tais objetivos, ao se buscar ampliar a competência de
profissionais e estudantes das unidades da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará no uso
das tecnologias da informação e da comunicação, conforme descrito a seguir. Nesta experiência, foi utilizada
uma ferramenta de EBW chamada AulaNet, criada por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (PUC-Rio).
A experiência do curso de nivelamento
A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará tem pouco mais de 50 anos de existência. Há
cerca de três anos, foram abertas duas expansões desse curso médico nas cidades de Sobral, zona norte do
estado, e na cidade de Barbalha, região do Cariri, zona sul do estado. Essas expansões fazem parte de um
esforço para interiorização do ensino médico, tendo em vista que o estado do Ceará detém uma das melhores
médias de equipes instaladas do Programa de Saúde da Família – PSF, programa de atenção primária em
saúde, do Ministério da Saúde com abrangência nacional.
Nas três unidades de ensino médico, apesar da existência de laboratórios de informática, apenas a unidade de
Fortaleza, pioneira e mais antiga, possui acesso à Internet, acesso esse também disponível em vários pontos
nos sete departamentos da faculdade, embora nem sempre haja disponibilidade de acesso irrestrito para o
corpo discente, principalmente por falta de máquinas. Nas demais unidades, professores e alunos,
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principalmente estes, não dispunham de acesso a computadores ligados à Internet na própria escola, e a quase
totalidade dependia de acesso pessoal, via provedores gratuitos (Bol, Hotmail, Yahoo). Em Barbalha, por
exemplo, a maioria dos alunos acessava suas mensagens eletrônicas em um ponto de acesso (quiosque) em
frente ao prédio da escola, mantido pela prefeitura local, em convênio com o governo estadual, obviamente
com pequena largura de banda e funcionamento irregular. Embora também a escola tivesse um acesso
também pago pela prefeitura, em constante ameaça de ser cortado, essa disponibilidade era de uso mais
direcionado para os trabalhos burocráticos da diretoria e secretaria da unidade.
Em trabalho anterior, tentando avaliar o interesse por informática de um modo geral, dos alunos de uma
determinada turma e semestre da unidade de Fortaleza, pesquisa realizada por questionário, foi possível
demonstrar que a cultura básica nessa área – computer literacy, encontrava-se em patamar muito precário,
tornando necessário um curso de nivelamento para os alunos do curso médico, englobando não apenas
informações sobre uso de programas de escritório mais comuns (editores de texto, programas de
apresentação, planilhas e noções de bancos de dados), como também acerca de programas de acesso à
Internet e de mensagens eletrônicas. A possibilidade de um curso único, on line, que pudesse ser
disponibilizado para turmas em diferentes locais, com a flexibilidade teoricamente proporcionada por um
ambiente de aprendizado virtual, pareceu bastante oportuna à primeira vista. Isto por diversos motivos,
devendo ser salientada a ausência de esquemas rígidos no tocante a horários, o não deslocamento de
professores para as unidades do interior, e a possibilidade, por demais almejada, de colocar em contato
alunos e professores de três unidades diferentes, cuja integração no ambiente virtual, além da capacitação
pretendida, parecia ser o diferencial a ser alcançado. Tal seria praticamente impossível caso se empregasse
métodos tradicionais. Nenhum desses objetivos, entretanto, chegou a ser concretizado. A análise das causas
dessa falha, intenção do presente trabalho, é matéria a ser refletida como base para novos empreendimentos,
tendo em vista que o problema básico permanece, um conhecimento sobre aspectos básicos de informática
muito aquém das necessidades consideradas mínimas, na sociedade atual, para um profissional médico, ou
para um professor de uma escola de medicina.
Eram 64 inscritos, 8 participaram de alguma forma e apenas 1 concluiu todas as atividades. Esse foi o
resultado da experiência de realização de um curso que envolveu Educação a Distância pela Faculdade de
Medicina da Universidade Federal do Ceará e pelo Instituto UFC-Virtual para professores distribuídos em
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três cidades do Estado, Fortaleza (capital), Barbalha e Sobral e estudantes de terceiro a oitavo semestre do
curso de Medicina. O restante do grupo era composto por funcionários da faculdade.
Na ocasião, foi ofertado um curso de Nivelamento em Computação através da Internet e disponibilizado no
ambiente de Educação Baseada na Web, Aulanet, uma ferramenta que possibilita, além da publicação de
cursos, a interação de forma síncrona e assíncrona entre seus usuários. O acesso era restrito a pessoas
registradas e matriculadas no curso, cuja ementa abordava alguns conceitos e práticas mais comuns e úteis
para a operação de computadores como editores de texto, planilha eletrônica, apresentação de slides, além de
noções básicas de Internet, por exemplo, correio eletrônico, chat etc.
O material utilizado estava disponível em forma de hipertexto, dividindo-se em dois conteúdos explorados
em épocas distintas, publicados com os títulos Oficina de Informática e Oficina de Internet. As atividades
tiveram início em abril de 2003 e se prolongaram até agosto do mesmo ano. Nesse período, houve uma
videoconferência no campus da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, ligada às duas outras cidades
participantes que contou com a presença de 80% dos matriculados e tinha por objetivo apresentar o ambiente
Aulanet e a metodologia a ser aplicada, explanar como se daria o processo de avaliação e oferecer demais
esclarecimentos. Nos demais momentos, não houve contado presencial. Os alunos foram acompanhados por
duas profissionais que atuaram como tutoras da turma, uma graduada em Ciências da Computação e a
segunda em Pedagogia, que se alternavam para motivar os aprendizes a participarem do processo de
aprendizagem, porém não obtiveram o êxito esperado, já que poucos se manifestavam.
Em seu artigo sobre a educação mediada por computador, Loyolla (2001) fez a seguinte observação:
“Hoje, no país, observa-se uma crescente oferta de cursos à distância, a maioria de caráter informal ou
livre e apresentando alta volatilidade do alunado, com perigosos índices de evasão na faixa de 70% a 90%,
determinando o fracasso usualmente detectado nesses programas”.
Entende-se por evasão o ato da desistência, no entanto, muitos no curso de Nivelamento sequer se
apresentaram ou se manifestaram de alguma forma para os colegas e mediadores do curso em qualquer
momento. Essa constatação nos levou a investigar o que poderia ter causado tal resistência.
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A princípio, podemos descartar a falta de condições de acesso, pois tratam-se de pessoas que dispõem com
facilidade de recursos tecnológicos, tanto nos locais de trabalho, como em suas residências, quais sejam um
computador de porte mediano, acesso a Internet e softwares como Editor de Textos e Planilha Eletrônica.
O segundo fator, que pode ser levado em consideração, porém, não de forma determinante, é a
indisponibilidade de tempo. Segundo Azevedo (1999):
“Falta de tempo pode significar muita coisa. Mas, quando se coloca este motivo na perspectiva da
temporalidade multissíncrona dos ambientes virtuais, percebe-se que muitos alunos estavam fracassando na
questão da administração do tempo. Estes alunos não estavam conseguindo ajustar sua disponibilidade de
tempo com a dinâmica assíncrona/síncrona do ensino on-line”.
De fato, alguns dos que estavam matriculados no curso em questão são bastante atarefados, mas certa medida
de motivação, de compromisso e de gerenciamento de atividades possibilitariam participações semanais, no
mínimo.
Podemos chegar a outras conclusões que nos ajudam a entender melhor o que houve no curso de
Nivelamento, analisando outras experiências que se desenrolaram concomitantemente com a mesma equipe,
mesmo material, através do mesmo ambiente virtual, porém não somente à distância, além disso, divergiam
em relação à utilização e a forma de acesso ao Aulanet, ao contexto em que o curso se aplicava do curso. No
segundo caso, o curso era direcionado aos alunos da disciplina de Introdução à Computação do curso de
Estilismo e Moda da Universidade Federal do Ceará e que teve por nível de evasão um índice inferior a 10%,
chegando a patamares ainda menores nas edições posteriores.
Quanto à utilização do ambiente virtual
Ambas as turmas tiveram acesso ao ambiente Aulanet, porém, no caso da turma da saúde, só houve um
encontro presencial, no início, como já mencionado. Outro encontro estava agendado para meados do mês de
junho, contudo não se realizou, embora fosse requisitado por estudantes que ainda não tinham dado nenhuma
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contribuição ao desenvolvimento das atividades. Esse fato prova que ainda existe um forte laço entre
aprendizagem e a educação tradicional.
Os alunos da outra turma tiveram encontros semanais com os tutores, o que lhes possibilitava mais
oportunidades de interação com os colegas e com o ambiente. Essas ocorrências se harmonizam com a
opinião descrita em Tori (2002), no seu estudo que analisa a incorporação de atividades virtuais em cursos
presenciais:
“Com maior envolvimento e participação do aluno tem-se como conseqüência um melhor aproveitamento e
uma redução na taxa de evasão. Bastam alguns encontros presenciais para que haja um maior sentimento de
proximidade, inclusive nas atividades à distância”.
Quanto à forma de acesso
No caso da turma de graduandos do curso de Estilismo e Moda, os alunos dependiam, em sua maioria, dos
laboratórios da universidade para fazerem o que era especificado no conteúdo do curso. Isso fazia com que a
presença deles se tornasse mais constante nas dependências do campus, logo o contato entre os colegas se
fortificava, além disso, podemos destacar que eram alunos do primeiro semestre, em fase de adaptação à
nova realidade e que se mostraram interessados em ampliar seu leque de amizades. O que influía diretamente
no estímulo que davam uns aos outros.
Já os alunos da outra turma, que possuíam condições de se conectar isoladamente e eram quase que
totalmente dispersos geograficamente, não formavam vínculos, não compartilhavam dúvidas, nem se
ajudavam. Isso fazia com que se sentissem isolados, mesmo sabendo que podiam interagir de inúmeras
formas através do Aulanet, por exemplo, através de fóruns, de listas de discussão, de mensagens instantâneas,
isto é, de forma síncrona ou assíncrona.
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Quanto à certificação
Diferente do curso dirigido aos profissionais da área médica, que não tinham a “obrigação” de participar,
(pois não lhes fariam nenhum dano se o resultado obtido fosse negativo, nem lhes oferecia algo a mais que
um certificado e satisfação pessoal) os alunos de Estilismo e Moda precisavam da pontuação para conseguir a
aprovação na disciplina e almejavam boas notas para o seu histórico escolar. Esse fator serviu como
motivador para a turma de universitários, que participou de forma satisfatória em todas as atividades. A
certificação, portanto, ou qualquer outra forma de certificação parece influir no grau de participação, bem
como no compromisso com o curso.
O trabalho desenvolvido pelas tutoras
Durante todo esse processo, inúmeros tentativas de interação foram feitas, através do Aulanet. Isto objetivava
motivar os alunos para que partilhassem suas experiências em relação à adaptação ao uso do computador nas
atividades de estudo e trabalho, além de buscar promover debates e discussões em torno das tecnologias em
questão. Entretanto, sem o contato presencial, mesmo este se dê esporadicamente, pouco se pode fazer para
motivar pessoas em curso com as características de informalidade, principalmente sendo ele a distância.
Conclusão
Podemos observar, então, que muitos indivíduos esconderam suas reais dificuldades de se adaptarem ao
novo, alegando fatores como o tempo, como os primeiros obstáculos de operação do computador, não
procurando ajuda dos tutores para solucionar os casos, e ainda criando outros que podem existir somente
hipoteticamente.
Apesar dos esforços de alguns mestres, na promoção de investidas a fim de apresentar as novas
possibilidades aos que não as conhecem de fato, ainda é muito difícil quebrar algumas barreiras,
principalmente quando se trata da educação de adultos, dos que já se estabilizaram financeiramente e que
pressupõem não precisarem mais conhecer as novas ferramentas da informação e da comunicação.
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Ainda assim, é preciso investir em iniciativas para a formação de cultura no uso das Tecnologias da
Informação e da Comunicação. Hoje, elas ampliaram as oportunidades educacionais, funcionando como
meios potenciais para a promoção de novas metodologias e didáticas. Desconsiderar este fato é negar ao
cidadão a oportunidade de se qualificar para as novas exigências sociais.
Uma solução para a evasão e o desinteresse observados junto aos alunos que participam de cursos a distância,
como os descritos neste artigo, pode repousar na contextualização dos conteúdos a serem trabalhados dentro
do “dia-a-dia” e da linguagem do público que deverá participar deste processo de aprendizagem a distância.
Neste sentido, um curso de introdução à Internet para médicos poderia ser trabalhado com exemplos e
situações da vivência destes profissionais.
Referências
[1] AZEVEDO, Wilson. Muito além do Jardim da Infância - O desafio do preparo de alunos e professores on-line, Anais do VI
Congresso Internacional de Educação a Distância, São Paulo,1999.
[2] LIMA, Lauro de Oliveira. Mutações em Educação segundo McLuhan. 21ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
[3] LOYOLLA, Waldomiro & PRATES, Maurício. Ferramental Pedagógico de Educação a Distância Mediada por Computador
(EDMC), anais do VIII Congresso Internacional de Educação a Distância, Brasília DF, 2001.
[4] MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Novas Tecnologias e Currículo. In: Moreira, Antônio Flávio Barbosa (org.). Currículo:
Questões Atuais. São Paulo: Papirus, 1997.
[5] MEHEDFF, Nassim. Debate. In: FERRETTI, Celso João et al. Novas Tecnologias, Trabalho e Educação: um debate
multidisciplinar. 3ª ed., Petrópolis: Vozes, 1996.
[6] PEQUENO, M. C., SARMENTO, W. W. F. Preparação de Cursos em Ambiente WEB In: II Escola de Informática da SBC Edição Nordeste ed.Fortaleza : Ed.Fortaleza: Editora da UFC, 1999.
[7] SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e Interdisciplinaridade – o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
[8] TORI, Romero. A Distância que Aproxima. Disponível na World Wide Web: <
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http://www.aomestrecomcarinho.com.br/ead/ead20.htm >. 2002.
Dados de Contato
Luiz R. de Oliveira. Grupo de Estudos em Tecnlogia da Informação e Teleinformática em Saúde/Faculdade de Medicina/UFC. Av.
Humberto Monte, S/N – Bloco 901. [email protected].
Cátia L. O. da Silva. Instituto UFC Virtual, Universidade Federal do Ceará. Av. Humberto Monte, S/N – Bloco 901.
[email protected].
Cláudya
G.
Bessa.
Mestrado
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UECE/CEFET.
Av.
Humberto
Monte,
S/N
–
Bloco
901.
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Wellington W. F . Sarmento. Instituto UFC Virtual, Universidade Federal do Ceará. Av. Humberto Monte, S/N – Bloco 901.
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