LITERATURA VIRTUAL
LITERATURA VIRTUAL
REALISMO / NATURALISMO
Profa. Tânia Palmeira Tripoloni
2009
Questão Coimbrã
• António Feliciano de
Castilho
• Antero de Quental
• Em 1865, foi um dos principais envolvidos na polêmica conhecida
por Questão Coimbrã, em que humilhou António Feliciano de
Castilho, seu antigo professor e renomado crítico literário que se
tinha por cânone para os escritores nacionais:
• ao livro Odes modernas de Antero, Castilho respondeu com críticas
duras sobre o aventureirismo de um jovem tolo que escrevia de forma
assaz estranha e de gosto muito duvidoso.
• Antero respondeu com o opúsculo Bom senso e bom gosto, a que
definia a sua literatura por oposição à instituída: ao UltraRomantismo decadente, torpe, beato, estupidificante e moralmente
degradado,
• Antero opunha o Realismo, a exposição da vida tal como ela era, das
chagas da sociedade, da pobreza, da exploração: estas preocupações
sociais levaram-no a co-fundar o Partido Socialista Português:
• Antero defendia a poesia como Voz da Revolução, como forma de
alertar as consciências para as desigualdades sociais e para os
problemas da humanidade.
REALISMO / NATURALISMO
AUTORES PORTUGUESES
José Maria Eça de Queirós
Eça de Queirós (1845 – 1900)
• Nascimento 25 de
novembro de 1845 em
Póvoa de Varzim ,
Portugal
• Falecimento 16 de
agosto de 1900 - Paris,
França
• Nacionalidade Português
• Ocupação Romancista,
contista
• Escola/tradição:
Romantismo, Realismo
• Era filho do Dr. José Maria Teixeira de Queirós,
juiz do Supremo Tribunal de Justiça, e de sua
mulher, D. Carolina de Eça.
• Matriculou-se na faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, completando a sua
formatura em 1866.
• Era amigo íntimo de Antero de Quental, com
quem viveu fraternalmente, e com ele e outros
formou uma ligação seleta e verdadeira
agremiação literária para controvérsias
humorísticas e instrutivas.
• Nessas assembléias entraram Ramalho Ortigão,
Oliveira Martins, Salomão Saraga e Lobo de
Moura.
• Estabeleceram-se então, em 1871, as notáveis
Conferências Democráticas no Casino
Lisbonense (V. Conferência), e Eça de Queirós,
na que lhe competiu, discursou acerca do "O
Realismo como nova Expressão de Arte", em que
obteve ruidoso triunfo.
• Decidindo-se a seguir a carreira diplomática, foi
a um concurso em 21 de Julho de 1870,
sagrando-se o primeiro colocado e, em 1872,
obteve a nomeação de cônsul geral de Havana,
para onde partiu.
• Permaneceu poucos anos em Cuba, no meio das
terríveis repressões do governo espanhol.
• Eça de Queirós era casado com a Sr.ª D. Emília de Castro
Pamplona, irmã do conde de Resende.
• Colaborou na Gazeta de Portugal, Revolução de
Setembro, Renascença, Diário Ilustrado, Diário de
Notícias, Ocidente, Correspondência de Portugal, e em
outras publicações.
• Eça de Queirós, quando faleceu, estava
trabalhando em romances inspirados nas lendas
de S. Cristóvão e de S. Frei Gil, o celebrado
bruxo português.
• Devido à iniciativa de amigos dedicados do
falecido escritor, elevou-se uma estátua em
mármore para perpetuar a sua memória, a qual
está situada no Largo de Quintela.
• É uma verdadeira obra artística do escultor
Teixeira Lopes.
• Figura Eça de Queirós curvado sobre a Verdade,
lendo-se no pedaço de mármore tosco, que serve
de pedestal à Estátua da Verdade, estas palavras,
que foram ali esculpidas. «Sobre a nudez forte da
Verdade, o manto diáfano da fantasia».
• Eça de Queirós e o representante maior da prosa realista
em Portugal.
• Grande renovador do romance , abandonou a linha
romântica , e estabeleceu uma visão critica da realidade.
• Afastou-se do estilo clássico , que pendurou por muito
tempo na obra de diversos autores românticos , deu a
frase uma maior simplicidade , mudando a sintaxe e
inovando na combinação das palavras.
• Evitou a retórica tradicional e os lugares comuns , criou
novas formas de dizer , introduziu neologismos e,
principalmente utilizou o adjetivo de maneira inédita e
expressiva.
• Este novo estilo só teve antecessor em Almeida Garrett e
valeu a Eça a acusação de galicismo e estabeleceu os
fundamentos da prosa moderna da Língua Portuguesa.
Características
•
•
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•
•
•
Cenas “grotescas” com linguagem “polida”;
Conteúdo “dolorido” e forma “sofisticada”;
Estoicismo / Ironia fina;
Descritivismo e detalhismo;
Determinismo.
A crítica literária costuma identificar três
fases distintas na obra de Eça de Queirós .
1ª. fase
• A primeira fase compreende , basicamente ,
crônicas jornalísticas reunidas posteriormente em
volume , sob o título de Prosas bárbaras .
• Escreveu um romance , O mistério da estrada de
Sintra , em parceria com Ramalho Ortigão .
• Um realismo ainda incipiente convive com
heranças românticas mal disfarçadas .
• O próprio escritor tentou fazer com que esse
início de carreira fosse esquecido .
• Trata-se da parte menos significativa da sua
produção literária .
2ª. fase
• A segunda fase tem início com a
publicação do romance , O crime do padre
Amaro , em 1875 .
• Três anos depois , o autor daria
continuidade a ela com O primo Basílio .
• Em 1880 , escreve Os Maias , contando
uma história incestuosa , bem ao gosto
naturalista .
• Trata-se da fase mais caracteristicamente
realista-naturalista do autor .
• Seus romances estão impregnados de elementos
próprios do estilo , principalmente porque
esboçam um panorama de crítica social e cultura
da vida portuguesa , notadamente do ambiente
burguês .
• A ironia utilizada nesses romances desmascara o
comportamento hipócrita e ocioso da burguesia
lisboeta .
• Destaque-se , contudo , a originalidade do estilo
de Eça de Queiroz, que dotou a língua portuguesa
de um novo ritmo de fase , com uma adjetivação
surpreendente .
Amaro perdeu a mãe ainda criança, e então
passou a viver na casa da senhora marquesa de
Alegros de quem sua mãe era empregada. Ele
naturalmente vivia sobre a proteção da senhora
marquesa, e não só ela como as duas filhas viviam
sobre uma grande influência da igreja e tinham
como companhia praticamente constante o padre
Liest.
Depois da morte da senhora marquesa, Amaro foi
levado pra viver com seu tio e passou a trabalhar
no balcão da mercearia do tio.
Como era a vontade da senhora marquesa que
Amaro se tornasse padre, quando aproximava a
sua ida ao seminário o tio lhe pôs em aulas de
latim, foi assim que ele teve os primeiros contatos
com as coisas que a vida abrange.
Amaro foi ao seminário sem nenhuma vocação, como
muitos que estavam ali. Planejavam fugas, e ele perdia
o sono à noite desejando mulheres e se enchia de
curiosidade sobre a Virgem em quem via uma linda
mulher loira e tentadora.
Quando se formou foi enviado a uma paróquia na
serra onde a monotonia reinava junto aos pastores.
Voltou então a Lisboa e procurou por Sra. D. Luisa,
uma das filhas da senhora marquesa, que era casada
com um conde. Depois de um tempo, o conde lhe
arrumou uma paróquia em Leira e Amaro foi pra lá a
fim de exercer o sacerdócio.
Em Leira, em contato com o cônego Dias, conseguiu
alugar um quarto na casa de Dona Joaneira e sua filha
Amélia, lá as noites eram agradáveis em serões com o
padre Natário, o padre Brito e algumas devotas
beatas.
A moça Amélia era uma das mais formosas raparigas
de Leira. Quando mais nova se apaixonara, em uma
viagem que fez ao mar, por Agostinho que depois de
um tempo se fez casado para a tristeza da menina.
Então apareceu por Leira, João Eduardo, um rapaz
que se interessou logo por Amélia, ela inicialmente até
pôde ter lhe retribuído o afeto, mas depois ele não
passava de um pretendente insistente.
Como era de se esperar, tanto em Amaro como em
Amélia despertou uma paixão. Ele durante a noite a
ouvia caminhar pelo quarto enquanto se despia. Ela
quando não tinha o padre em casa ia ao quarto dele e
ficava a descobrir as coisas e tocá-las como se fosse
o pároco.
Foi depois de um almoço com os padres que Amaro
indo embora pela fazenda encontrou-se com Amélia.
Essa o convidou para ir ao Morenal, a pequena terra
da qual ela e a mãe eram donas. Ele aceitou o convite
e como a porteira estava trancada os dois tomaram
um atalho, foi aí que Amaro beijou o pescoço da
menina e ela foi embora correndo.
Depois de tal coisa o padre achou melhor mudar-se da
casa. Procurou o cônego Dias e pediu que lhe
arranjasse uma nova morada. O cônego arrumou uma
casa com alegria, afinal ele e D. Joaneira eram
“amantes” e a estadia do padre atrapalhava o encontro
dos dois que tinham que escapar de Amélia e agora do
pároco.
Depois que se mudou Amaro deixou de freqüentar a
antiga morada e vivia plenamente chateado em estar
sozinho naquela casa sem poder ter ao seu lado
Amélia. Já na casa de D. Joaneira não era diferente, a
menina vivia em tristeza por saudades do padre. Foi
assim que mãe e filha foram juntas a uma missa na
paróquia de Amaro, Amélia deu um jeito de lhe falar
que aparecesse, porque ela já não se agüentava.
Daí pra frente Amaro voltou à convivência na Rua da
Misericórdia e começou seu romance com a menina.
Tal coisa se baseava em se sentarem um do lado do
outro todo o tempo, em troca de olhares e roçar de
mãos durante o quino. Mas nesse ponto da história
existia ainda presente João Eduardo, que morria de
ciúmes do padre e odiava todo o clero.
Foi nessas circunstâncias que ele, que secretamente
trabalhava como jornalista, escreveu um artigo
denunciando as verdadeiras atitudes dos padres com
quem convivia na casa de D. Joaneira. O comunicado
foi publicado, mas sem assinatura direta. Os resultados
foram a transferência do padre Brito e boatos sobre a
honestidade de Amélia, uma vez que no artigo citavam
a existência de um padre sedutor que enganava certa
moça.
Depois disso padre Natário afirmou que não
descansaria enquanto não descobrisse quem era o
autor do artigo e arruinasse a vida de tal cavalheiro. E
João Eduardo era um herói dentro do jornal para
aqueles que sabiam do seu feito, dessa forma ele
conseguiu um novo emprego. E assim que soube do
emprego foi à casa de D. Joaneira e afirmando não ter
nenhuma dúvida em relação à honra de Amélia a pediu
em casamento.
Amélia, diante do escândalo que se tornou o artigo,
aceitou o casamento e Amaro desde então deixou de
freqüentar a casa da moça tão constantemente e das
vezes que ia se irritava em como em instantes a
menina o abandonara e já ficava de segredos com
João Eduardo e o tinha esquecido.
Depois de um curto tempo dessa nova “felicidade” o
padre Natário descobriu que João Eduardo escrevera
o artigo e que ainda por cima não se confessava há
anos e era um completo pagão. O padre também se
encarregou de fazê-lo perder o emprego atual e o
futuro e de ser excomungado da igreja. E padre
Amaro se ocupou em fazer Amélia acabar com o
casamento, afirmando que o rapaz não só fora o
responsável por “sujar” a honra dela e como também
ela levaria uma vida no inferno casando-se com um
pagão como ele. E nessa noite em que ele falou com
a menina também dela conseguiu um beijo,
aproveitando-se da fragilidade da situação e da
moribunda, que era uma das beatas amigas da casa
que dava seus últimos suspiros no quarto ao lado.
Depois disso o rapaz procurou modos de se vingar,
buscou ajuda entre os seus conhecidos “poderosos”,
mas acabou se aliviando apenas desabafando com
um amigo que também odiava o clero.
Na rua da misericórdia as coisas se acertavam entre
Amaro e Amélia. Voltavam ao relacionamento que
mantinham antes do artigo de João Eduardo e agora por
influência do pároco a menina passou a se confessar
com ele. A última arrumação de Amaro foi ir à casa do
sineiro da igreja e inventar uma história de que Amélia
queria ser freira contra a vontade da mãe, e assim o
pobre homem cedeu a casa para que o pároco a
instruísse. Para os amigos o padre disse que Amélia ia
ali para ensinar a ler a filha do sineiro, a paralítica. E
assim os dois ficavam cinco minutos com a menina e
depois iam para o quarto do sineiro, que se retirava da
casa durante as lições, e se entregavam ao pecado da
carne.
O arranjo ia bem, até que a paralitica Totó passou a
odiar Amélia e a gritar “vão para o quarto como cães”,
com essa a moça passou a viver em um tormento,
acreditando no pecado e no abandono dos Santos. A
situação ia de tal modo que D. Joaneira pediu ao
cônego que fosse ver se a menina estava indemoniada.
Então surgiu o primeiro problema, a paralítica contou ao
padre que os dois subiam ao quarto e davam risadas e
que se podia ouvir o ranger da cama.
O cônego naturalmente foi falar com Amaro, no
entanto, ele quando morava na casa de D. Joaneira
teve oportunidade de ver o cônego com a senhora e
assim os dois, em um laço de camaradagem, se
calaram. Chegavam até a se tratarem como sogro e
genro!
Eis que o tempo passou e tudo ia bem, tirando as
crises nervosas de Amélia. Porém a moça engravidou.
Amaro logo procurou o cônego e a primeira coisa que
se pensou foi em fazer a rapariga se casar com João
Eduardo, inicialmente ela não gostou da idéia, mas só
lhe restava aceitar. Dionísia, que sabia do caso e era
cúmplice de Amaro, foi atrás do rapaz, mas para a
infelicidade deles ele tinha ido ao Brasil.
Assim, o desespero voltou, mas logo uma nova idéia
veio a eles. A irmã do cônego estava doente, talvez
em seus últimos dias, porém o cônego queria ir ao
mar, mas a irmã não podia e ele não podia deixá-la
sozinha. Sendo assim, Amaro falou à moribunda que
nos últimos dias de vida era bom fazer uma boa ação
para alegrar a Deus e assim ser mais bem sucedida
na eternidade, então lhe contou que Amélia estava
grávida de um homem casado, chegou até insinuar
quem seria o pai.
Resolveram ir todos para a praia, ficando a moribunda
e Amélia como enfermeira, estas iam para Ricoça. Foi
o que fizeram. Em Ricoça não passava gente e assim
a menina teria o filho que depois seria entregue a uma
ama e a moribunda a serviria de auxílio, afinal queria
agradar o Senhor em seus últimos dias.
No entanto, a senhora era maligna com Amélia e ela ali
vivia em uma grande solidão. Logo tinha por
companhia apenas o abade Ferrão. A amizade deste
trouxe à Amélia a visão que ele tinha de Deus, um pai
amoroso e não o tirano que se imaginava, logo a
menina se confessou ao abade e não queria mais viver
o romance com Amaro. A reação dele, quando suas
cartas pararam de serem respondidas, logo foi de
estrema raiva, mas como teve com o cônego aprendeu
que se fazer indiferente a ela iria trazê-la de volta,
assim fez e o plano deu certo.
Nesses tempos João Eduardo tinha reaparecido e
agora era mestre dos filhos do Morgadinho, outro que
odiava o clero. Os planos do abade Ferrão era casar o
rapaz com Amélia, e ela estava até animada com essa
idéia, até reatar com Amaro.
Eis que chegou a hora do parto e como o doutor
Goudinho acabara descobrindo a gravidez devido às
visitas a moribunda, ele fez parto. Nasceu um
menino e Amaro o levou para entregá-lo a ama,
Carlota, no entanto ela carregava a fama de que
matava as crianças que lhe eram entregues, mas
Amaro entregou o filho a ela, porém deixou claro que
o queria vivo.
Na mesma noite do nascimento, Amélia teve
convulsões e Goudinho lutou durante toda a noite
para manter a rapariga viva, por fim ela morreu.
Chegada a notícia, Amaro foi procurar seu filho,
queria o entregar a outra ama e garantir a
sobrevivência dele. Quando chegou era tarde, a
criança estava morta. Amaro simplesmente voltou à
paróquia, escreveu ao cônego falando da morte da
menina e do filho e partiu pra Lisboa onde pretendia
assumir nova igreja. Dionísia se ocupou em espalhar
a causa da morte de Amélia.
Algum tempo depois, o cônego e Amaro se
encontraram em Lisboa e juntos ficaram a conversar
da excelência de Portugal juntamente com o conde que
arranjara a paróquia de Leira a Amaro.
Luísa e Jorge eram casados, viviam um
casamento feliz e repleto de alegria e paixão nos
primeiros anos. Essa boa convivência despertava
em Jorge um desânimo quanto à sua viagem a
trabalho para Alentejo. Na manhã antes da
viagem Luísa leu no jornal que retornava a
Lisboa, depois de fazer fortuna no Brasil, Basílio
Brito, seu primo e também seu primeiro amor.
Basílio era rico, mas depois de empobrecer foi
para o Brasil e através de uma carta, após algum
tempo, rompeu com Luísa. Por muito tempo ela
esteve infeliz com o fim do romance, mas depois
de novas amizades feitas e tempos passados
esqueçeu-o e assim veio o casamento com
Jorge.
Num domingo à noite, como de costume, reuniram
na casa de Luísa e Jorge seus amigos: Julião,
Sebastião, D. Felicidade, o conselheiro e Ernestino.
Logo depois Jorge viajou e Luísa ficou sozinha
apenas com as empregadas: Juliana, com quem não
se dava bem e que apenas aceitava em casa por
gosto de Jorge que se sentia agradecido por ela ter
sido uma enfermeira fiel a sua tia tempos antes dela
morrer e Joana, a cozinheira.
Logo após a partida de Jorge veio ter com Luísa seu
primo Basílio. Conversaram e no dia seguinte ele
retornou. Passou então a freqüentar a casa todos os
dias. E logo, entre essas visitas, declarou por ela um
amor que vinha desde a mocidade. Inicialmente
Luísa o censurou; mas as lembranças do romance
passado, a ausência de Jorge e as doces palavras
de Basílio a fizeram ceder. Assim iniciou o caso dos
dois.
A essa altura a vizinhança já comentava a constância
de Basílio na casa do “engenheiro”, Sebastião que a
pedido de Jorge ficou como a zelar de Luísa depois de
muito pensar teve com ela, coisa que não fizera antes
por sempre estar com visita, e lhe disse o que se
passava na vizinhança.
Nesses tempos Juliana, que tinha rancor de Luísa,
ficava na espreita para confirmar sua suspeita acerca
da infidelidade de Luísa. Juliana nutria tal sentimento
por se sentir injustiçada quanto à morte da tia de Jorge
a quem se dedicara e nada recebeu em troca e
também pela inveja que tinha da senhora. Os falatórios
na rua e o desejo de maior privacidade levaram Luísa
e Basílio a terem um local de encontros, o “paraíso”.
Passaram a se encontrar constantemente lá. E
rapidamente novas fofocas se fizeram, estas se
justificaram graças a D. Felicidade que teve um pé
quebrado e assim as saídas de Luísa foram atribuídas
às visitas na casa da amiga.
Nesses tempos Juliana, que tinha rancor de Luísa,
ficava na espreita para confirmar sua suspeita acerca
da infidelidade de Luísa. Juliana nutria tal sentimento
por se sentir injustiçada quanto à morte da tia de
Jorge a quem se dedicara e nada recebeu em troca e
também pela inveja que tinha da senhora. Os
falatórios na rua e o desejo de maior privacidade
levaram Luísa e Basílio a terem um local de
encontros, o “paraíso”. Passaram a se encontrar
constantemente lá. E rapidamente novas fofocas se
fizeram, estas se justificaram graças a D. Felicidade
que teve um pé quebrado e assim as saídas de Luísa
foram atribuídas às visitas na casa da amiga.
O “paraíso”, no entanto, não era um lugar
extremamente agradável, possuía uma grandiosa
simplicidade e já tinha sido local de encontro de
outros. Luísa e Basílio tiveram ali grandes momentos,
certa vez quase romperam, porém o “nunca mais” que
o rompimento representava o empendiu de acontecer.
Jorge continuava no Alentejo e falava a Luísa através
de cartas. Às vezes ela até sentia remorsos, mas o
romance seguia.
Foi até o momento em que Juliana, tendo em suas
mãos cartas dos dois, se apresentou. Luísa se
desesperou e junto a Basílio buscou uma solução.
No entanto, depois que Basílio voltou ao hotel
onde hospedava e teve com o amigo que o
acompanhava decidiu que o melhor era ir embora.
Assim foi ter com Luísa, disse que os negócios o
chamavam com urgência à Paris, mas que voltava
em breve. Perguntou quanto dinheiro Juliana
queria pelas cartas, mas Luisa rancorosa
despediu-se com frieza e disse que ela resolvia
sozinha o problema com a empegada.
Juliana queria seiscentos mil contos de réis, foi aí
que iniciou o tormento de Luisa. Pensou em contar
a Sebastião e lhe pedir ajuda, mas desistiu. Logo
Jorge chegou e nesses dia Luisa viu que sempre o
amara e mais que nunca o amou. Juliana
esperando seu dinheiro segurou o segredo através
dos presentes que recebia de Luisa. Ela lhe
concedeu um quarto melhor, lençóis de linho, um
colchão melhor, uma cômoda cheia de roupas que
antes perteceram à própria Luísa. Juliana então
decidiu gozar do luxo que possuía.
Assim, deixou de cumprir suas tarefas, Luísa pra
esconder tal coisa de Jorge começou a fazer os
serviços de Juliana, pois quando fazia deixava pelas
metades. Vendo que Jorge observava tudo que se
passava procurou sua amiga Leopoldina. Essa era
uma amizade da qual Jorge não fazia gosto, porque
Leopoldina tinha muitos amantes, mas como a
amizade vinha dos tempos de colégio Luísa não quis
rompê-la. Luísa procurou a amiga e revelou toda a
traição e pediu que a ajudasse. Leopoldina sugeriu
que ela procurasse Castro, um homem rico que era
capaz de fazer tudo por ela, Luísa abominou a idéia,
mas depois se rendeu quando em uma manhã viu que
ele partiria em breve para o estrangeiro.
Leopoldina chamou o homem que chegou
rapidamente, o dinheiro foi pedido e o homem
concedeu, qunado Luisa ficou a sós com ele que se
jogou em cima dela, usando o chicote dele, Luísa o
pôs pra fora a chicotadas, ficando sem o dinheiro.
Jorge via a comodidade de Juliana e a defesa que
Luísa lhe dava e passou a ter raiva da empregada.
Luisa justificava as faltas dela com a doença que a
pobre sofria. Mas em uma manhã, Jorge vendo o
estado da casa avisou que ao anoitecer queria vê-la
na rua. Fez-se nova confusão na casa. Luísa entre
choro pôs Juliana na rua e suplicou que ela fosse
sem escândalo. Correu, então, até a casa de
Sebastião contou-lhe tudo e ele sem perguntas disse
que ajudaria. Precisava ficar só com a empregada e
por isso Luisa e Jorge, acompanhados de D.
Felicidade, foram ao teatro.
Sebastião junto a um policial foi à casa de Jorge,
teve com a mulher e pediu que lhe entregasse as
cartas se não iria presa. Com as cartas nas mãos,
Juliana antes de sair caiu no chão morta, sua saúde
era fraca, os nervos e a ira que lhe foi provocada a
mataram. Quando os donos da casa chegaram
Sebastião tinha chamado Julião e disse que entrara
na casa e a mulher que esbravejava por ter sido
demitida caiu morta.
Ela foi enterrada, no dia seguinte Luísa amanheceu
com uma febre que só foi piorando. Teve então dias
melhores, conheceu a empregada nova, Mariana. Com
as melhoras fez até mesmo planos para o futuro, mas
quando ela estava melhorando chegara uma carta
para ela, Jorge acabou lendo-a.
A carta era a resposta de uma carta enviada por Luisa
a Basílio em que arrependida lhe pedia o dinheiro para
pagar Juliana. Na carta, Basílio disse que demorou
receber a carta dela e que se ainda precisasse do
dinheiro lhe mandasse um telegrama. E ainda
declarava-lhe amor e lembrava do “paraíso”. Jorge viu
a traição e por isso vinha tratando diferentemente
Luisa, que apesar da sua melhora ainda estava fraca e
por isso quando Jorge e o seu mau humor e frieza lhe
entregou a carta, desmaiou
Ela foi enterrada, no dia seguinte Luísa amanheceu
com uma febre que só foi piorando. Teve então dias
melhores, conheceu a empregada nova, Mariana.
Com as melhoras fez até mesmo planos para o
futuro, mas quando ela estava melhorando chegara
uma carta para ela, Jorge acabou lendo-a.
A carta era a resposta de uma carta enviada por
Luisa a Basílio em que arrependida lhe pedia o
dinheiro para pagar Juliana. Na carta, Basílio disse
que demorou receber a carta dela e que se ainda
precisasse do dinheiro lhe mandasse um telegrama.
E ainda declarava-lhe amor e lembrava do “paraíso”.
Jorge viu a traição e por isso vinha tratando
diferentemente Luisa, que apesar da sua melhora
ainda estava fraca e por isso quando Jorge e o seu
mau humor e frieza lhe entregou a carta, desmaiou
3ª. fase
• Escapando da rigidez das normas realistas- naturalistas ,
confere lugar de destaque à fantasia , sem abandonar o
registro crítico realista .
• Em romances como A relíquia ( 1887 ) , A ilustre de
Ramires ( 1897 ) e A cidade e as serras ( 1901 ) , o
escritor se permite alguns vôos de imaginação .
• Acrescente-se a nota saudosista das tradições portuguesas
Eça , ainda e sempre um crítico do convencionalismo
lusitano , agora , de longe ( por força de suas missões
diplomáticas ) , observa a pátria com mais complacência .
• Sua linguagem vai assumindo um registro cada vez mais
pessoal , terminando por ser marcadamente
impressionista , muito distante da objetividade exigida ao
romance realista-naturalista típico .
Principais obras
• O Crime do Padre Amaro , 1876. Segunda edição
refundida , 1880.
O Primo Basílio , 1878.
O Mandarim , 1880.
A Relíquia , 1887.
Os Maias , 1888.
A Ilustre Casa de Ramires , 1900.
Correspondência de Fradique Mendes , 1900.
A Cidade e as Serras , 1901.
Prosas Bárbaras , 1903.
ANTERO DE QUENTAL
Antero de Quental (1842 – 1891)
• “Por mim penso, que, em Antero de Quental, me
foi dado conhecer,neste mundo de pecado e de
escuridade, alguém, filho querido de Deus,que
muito padeceu porque muito pensou, que muito
amou porque muito compreendeu, e que, simples
entre os simples, pondo a sua vasta alma em
curtos versos – era um Génio e era um Santo!”
Eça de Queirós, “Antero de Quental” in Memoriam
Antero Tarquínio de Quental
• Nasceu na ilha de S. Miguel, Açores e desde de jovem
destacou-se pelas suas opiniões revolucionárias e pela
forma de estar na vida. Lutador e muito congruente com
os seus ideais socialistas.
• Antero espalhou saber pela poesia, filosofia e política.
• Estudou direito em Coimbra, onde brilhou como líder
estudantil.
• Foi o guia espiritual da geração de 70, um agitador
político a “full-time”, que se afirmou pelo desejo de
intervenção e renovação da vida política e cultural
portuguesa.
• Tinha uma personalidade complexa, que oscilava entre a
euforia e a mais profunda depressão, acabando em
suicídio.
Análise da obra
A poesia de Antero de Quental apresenta três faces distintas:
• A das experiências juvenis, em que coexistem diversas tendências
• A da poesia militante, empenhada em agir como “voz da revolução”
• E a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da
angustia de quem busca um sentido para a existência.
A oscilação entre uma poesia de combate, dedicada ao elogio da ação e
da capacidade humana, e uma poesia intimista, direcionada para a
análise de uma individualidade angustiada, parece ter sido constante
na obra madura de Antero, abandonando a posição que costumava
enxergar uma seqüência cronológica de três fases.
Antero atinge um maior grau de elaboração em seus sonetos,
considerados dos melhores da língua e comparados aos de Camões e
aos de Bocage.
Obra
•
•
•
•
Sonetos de Antero, 1861,
Raios de extinta luz 1892
Primaveras românticas, 1872
Odes modernas, 1865 (na origem da
polemica Questão Coimbrã)
• Sonetos, 1886.
• Prosas
CESÁRIO VERDE
José Joaquim Cesário Verde
(1855-1886)
• Filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da
Piedade dos Santos Verde, Cesário matriculou-se no Curso Superior
de Letras em 1873, frequentando por apenas alguns meses o curso de
Letras. Ali conheceu Silva Pinto, grande amigo pelo resto da vida.
Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as
atividades de comerciante, herdadas do pai.
• Em 1877 lhe começou a dar sinais a tuberculose, doença que já lhe
tirara o irmão e a irmã. Estas mortes servem de inspiração a um de
seus principais poemas, Nós (1884).
• Tenta curar-se da tuberculose, sem sucesso; vem a falecer no dia 19
de Julho de 1886. No ano seguinte Silva Pinto organiza O Livro de
Cesário Verde (disponível ao público em 1901), compilação de sua
poesia.
• De poesia delicada, Cesário empregou técnicas impressionistas, com
extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, seus cenários
prediletos. Evitou o lirismo tradicional, expressando da forma mais
natural possível.
Casa de Cesário Verde
Características realistas:
• Supremacia do mundo externo, da materialidade dos objetos; impõe
o real concreto à sua poesia.
• Predomínio do cenário urbano (o favorito dos escritores realistas e
naturalistas).
• Situa espaço-temporalmente as cenas apresentadas (ex: «Num
Bairro Moderno» - «dez horas da manhã»).
• Atenção ao pormenor, ao detalhe.
• A seleção temática: a dureza do trabalho («Cristalizações» e «Num
Bairro Moderno»); a doença e a injustiça social («Contrariedades»);
a imoralidade das «impuras», a desonestidade do «ratoneiro» e a
«miséria do velho professor» em «O Sentimento dum Ocidental».
• A presença do real histórico: a referência a Camões e o contexto
sócio-políticos em «O Sentimento dum Ocidental».
• A linguagem burguesa, popular, coloquial, rica em termos
concretos.
• Pelo fato da sua poesia ser estimulada pelo real, que inspira o poeta,
que se deixa absorver pelas formas materiais e concretas.
Características modernistas:
• A realidade é mediatizada pelo olhar do poeta,
que recria, a partir do concreto, uma superrealidade através da imaginação transfiguradora,
metamorfoseando o real num processo de
reinvenção ou recontextualização precursora
da estética surrealista.
• Abre à poesia as portas da vida e assim traz o
inestético, o vulgar, o feio, a realidade trivial e
quotidiana. Forte componente sinestésica
(cruzamento de várias sensações na apreensão do
real), de pendor impressionista, que valoriza a
sensação em detrimento do objeto real.
• Um certo interseccionismo entre planos
diferentes, visualismo e memória, real e
imaginário, etc.
Características estilísticas:
• A exploração do espaço é feita através de sucessivas deambulações,
numa perspectiva de câmara de filmar, em que se vão fixando vários
planos
• É uma espécie de olhar itinerante e fragmentário, que reflete o
passeio obsessivo pela cidade (e também no campo em alguns
poemas); uma poesia transeunte, errante.
• O olhar seletivo: a descrição/evocação do espaço é filtrada por um
juízo de valor transfigurador, profundamente sinestésico.
• O poeta é como um espelho em que vem repercutir-se a diversidade
do mundo citadino.
• Automatismo psíquico: associações desconexas de idéias, visível
nas frases curtas, na seqüência de orações coordenadas assindéticas,
que sugerem uma acumulação, uma concatenação aleatória de idéias.
• Adjetivação particularmente abundante e expressiva, com dupla e
tripla adjetivação, ao serviço de um impressionismo pictórico.
• Os substantivos presentificadores da realidade convocada,
frequentemente em enumeração, que sugere uma acumulação, um
compósito de elementos, característicos da construção pictórica.
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Características temáticas:
A questão da inviabilidade do Amor
na cidade.
A humilhação (sentimental, estética,
social).
A preocupação com as injustiças
sociais.
O sentimento anti-burguês.
O perpétuo fluir do tempo, que só
trará esperança para as gerações futuras.
Presença obsessiva da figura
feminina.
Obra
• O Livro de Cesário Verde é a edição póstuma da
coletânea dos poemas do poeta portugues Cesário Verde,
feita por seu amigo Silva Pinto em 1887, reunindo os
poemas editados em periódicos Levado pela fraternal
amizade pelo poeta, e ao mesmo tempo pelo desejo de
estudar-lhe criticamente o escasso legado poético, Silva
Pinto organizou o livro segundo um critériio inteiramente
pessoal, visto Cesário não haver deixado nem mesmo um
esboço dele.
Outros autores
• Júlio Dinis, pseudónimo de
Joaquim Guilherme Gomes
Coelho (1839 – 1871) foi um
médico e escritor português.. É
por muitos considerado como
um escritor de transição entre o
fim do Romantismo e o
princípio do Realismo. Embora
tenha escrito poesia e teatro,
notabilizou-se principalmente
como romancista.
• Principal Obra:
• As Pupilas Do Senhor Reitor
(1867)
Outros autores
• Abílio Manuel Guerra
Junqueiro ( 1850 – 1923
)
• Foi o poeta mais popular
da sua época e o mais
típico representante da
chamada “Escola Nova”.
Poeta panfletário, a sua
poesia ajudou criar o
ambiente revolucionário
que conduziu à
implantação da
República.
É importante ressaltar que:
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O Realismo é um movimento artístico
surgido na França, e cuja influência se
estendeu a numerosos países europeus.
Esta corrente aparece no momento em
que ocorrem as primeiras lutas sociais,
sendo também objeto de ação contra o
capitalismo progressivamente mais
dominador.
Das influências intelectuais que mais
ajudaram no sucesso do Realismo
denota-se a reação contra as
excentricidades românticas e contra as
suas falsas idealizações da paixão
amorosa, bem como um crescente
respeito pelo fato empiricamente
averiguado, pelas ciências exatas e
experimentais e pelo progresso técnico.
A passagem do Romantismo para o
Realismo, corresponde uma mudança
do belo e ideal para o real e objetivo.
Até a próxima aula!
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Realismo e naturalismo 3 -1º ano