Exegese bíblica – Mt 20, 1-6
Nutrição da vida cristã
Adão Salgado Vaz de Faria
Adão Salgado Vaz de Faria
Suposto o conhecimento do género
literário parabólico, bastará observar,
para melhor compreensão da presente
parábola, que há nela vários elementos
um tanto imaginários ou de natureza
fabulosa, como seja o facto do Senhor ir
chamando operários até à última hora
do dia. É, contudo, certo que esta
circunstância se poderia verificar no
caso de haver um trabalho de urgência,
por exemplo, por ocasião das vindimas.
A
parábola
dos
jornaleiros presta-se a uma
reflexão acerca do momento
especial, em que o Senhor
nos concedeu a graça de O
reconhecer como tal, sendo
obrigação,
de
gratidão,
corresponder a essa grande
graça.
Também se deve observar que entre os
Judeus eram contadas, em períodos
distintos, as horas do dia e as da noite;
e, para certas actividades, dum modo
especial para as funções litúrgicas,
dividiam-se em tríades.
São várias as aplicações, feitas pelos
autores, da presente parábola, mas a
mais seguida e tida como principal é a
que vê expressa na parábola a doutrina
da absoluta liberdade de Deus, em
conferir os gratuitos dons da graça e
Os Judeus foram os
primeiros a ser chamados e
só mais tarde os pagãos, querendo o Senhor condenar
qualquer sentimento de
indisposição ou mesmo de
inveja dos Judeus contra o
facto de Ele chamar ao Seu
Reino também os pagãos.
aqui, mais concretamente, os benefícios
da Redenção, operada pelo Messias. O
trabalho dos operários significa o
conjunto de todas as acções inseridas na
vida espiritual; e o chamamento, nas
diversas horas, alude ao facto de Deus
conceder graças especiais, neste ou
naquele momento, desta ou daquela
maneira.
Reflicta-se
também
sobre a docilidade em
aceitar a doutrina da Igreja,
renunciando, mesmo com
sacrifício a toda a doutrina
contrária.
Boletim quinzenal
Ano preparatório dos 25 anos de morte: 12-01-1990 | 12-01-2015
Nº19 |21 de Setembro | 2014
Congregação da Divina Providência e Sagrada Família
Pe. Adão - homem para Deus e para os irmãos
Maria Fernanda Marques | Sobreposta - Braga
Abertura do processo de beatificação e canonização
do Pe. Adão Salgado Vaz de Faria
O Sr. Doutor Adão ia a Sobreposta. A casa dos meus pais era ligada à residência
onde ele ficava e onde fazia as reuniões à juventude da Acção Católica.
Ele ia lá fazer o Tríduo do Sagrado Coração de Jesus. Começava a pregação
quarta-feira à noite, e nos outros dias, havia pregação de manhã e à noite,
concluindo o Tríduo no domingo.
Ainda em Sobreposta, fazia reuniões às raparigas da Acção Católica. Nessas
reuniões insistia muito na modéstia, falava na frequência dos sacramentos.
Quando nos fez o retiro, de uma semana, era retiro aberto, passávamos o dia na
igreja, só íamos comer e dormir a casa. Pedia-nos que conversássemos com Deus,
para estarmos mais com Ele e não distrairmos com as outras pessoas. As
meditações que nos fazia, eram na igreja também. Os tempos de oração eram o
terço e adoração ao Santíssimo Sacramento, que terminava ao fim do dia com a
No passado dia 12 deste mês de Setembro, no Tribunal eclesiástico de
bênção solene.
Braga, o Sr. Arcebispo Primaz, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, tornou
Em Espinho, quando cá esteve o Sr. Pe. Francisco a paroquiar, que era primo
pública a abertura do processo de beatificação e canonização do Pe. Adão
direito do Sr. Doutor Adão, vinha também pregar o Tríduo do Sagrado Coração
Salgado Vaz de Faria. A proposta partiu da Congregação de que ele mesmo
de Jesus e confessava as pessoas que queriam. Por vezes visitava os doentes.
foi fundador, a qual é a Autora da causa. Dado este passo, o Pe. Adão passa
Lembro-me de dois onde ia, que moravam junto à nossa casa.
a ser designado Servo de Deus, alimentando nós a esperança de que chegue
Convivia com as pessoas da Acção Católica também aqui de Espinho, mas falava
a Venerável, a Beato e a Santo, se esse for o querer de Deus e o
sempre para as pessoas, quando estava no adro da igreja. Falava para qualquer
reconhecimento da Igreja em Roma, a quem cabe propô-lo como modelo
pessoa que via. Além disso passava pelos grupos de catequese para falar com as
de santidade, depois de percorrer o caminho devido.
crianças.
A par do trabalho que o próprio Tribunal eclesiástico fará, a Congregação,
Ele só puxava para o bem. Não era vingativo, era uma pessoa simples, sem
além do seu compromisso orante, promoverá várias iniciativas pastorais no
vaidade, sem exigências, assemelhava-se a qualquer outra pessoa. Ele não tinha
sentido de dar a conhecer a vida e obra deste sacerdote bracarense, natural
vaidade de ser o que era, era Doutor, mas fez-se sempre pequenino, nunca se teve
de Joane – Concelho de Vila Nova de Famalicão. A divulgação tem como
por grande e ensinava isso aos outros, pelo exemplo mais do que pela palavra.
objectivo aumentar o número de pessoas que por seu intermédio peçam
Já não me recordo de tudo, mas só tenho a dizer bem dele. Muito me ajudou.
graças a Deus, o que felizmente já acontece em escala significativa, bem
Confessei-me muitas vezes a ele.
como propor a todos a vivência das virtudes por ele decalcadas na sua vida,
Eu só digo se ele não está no céu, ninguém vai.
nos tempos e contextos actuais do século XXI.
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Boletim o Caminhante Nº 19 - Congregação da Divina Providência