ALCOOLISMO: UMA DOENÇA FAMILIAR
ADAME, Alcione¹
DAL BERTO, Gerli Diane²
DREHMER, Diana³
BAUER, Angela 4
EIXO TEMATICO: 8 DIREITO E PSICOLOGIA: POR UMA PSICOLOGIA NO
DIREITO
RESUMO EXPANDIDO
A violência desencadeada pelo consumo exagerado da bebida alcoólica pode gerar
conflitos familiares e desequilíbrios emocionais. Objetivamos analisar os impactos
psicológicos e sociais que a família do alcoolista sofre, refletindo sobre essa problemática
apontamos as principais formas que apresentam os desequilíbrios na família do alcoolista e
como ele percebe esses conflitos. Empregamos como metodologia, revisão bibliográfica e
pesquisa qualitativa com um alcoolista e sua esposa. Justificou-se por ser um fenômeno social
e problema de saúde pública que vale acrescentar e comprovar que o álcool mesmo
considerado uma droga licita, é silenciosa e as vitimas direta e indiretamente sofrem..
Avaliamos, contudo a repetição de comportamentos relacionados ao consumo abusivo do
alcool, a fragilidade emocional dos membros da famila. A esposa e filhos apresentam
desequilibrio emocional diante da situação de violencia sofridas pelo genitor. Observaram-se
situações e ocorrências em que o medo, a angústia, a tristeza se faz presente. O estado
emocional da família está estremecido e o desequilíbrio psíquico é evidente. Por fim, foi
possível inferir que o alcoolismo é uma doença familiar que afeta todos os setores bio-psicosocial. Constatando-se que a família do alcoolista é uma família doente, entendendo que é
dever da familia assegurar o direito fundamental dos filhos, necessita de atenção e cuidados
específicos, considerando que a dependência química é um problema de saúde publica e
envolve diversas áreas multidisciplinares necessita ser tratado com toda atenção que o
problema merece, contribuindo para recostrução da afetividade e da saúde psiquica familiar.
Palavra chave: Alcoolismo, Desequilíbrio bio-psico-social, Família.
EXTENDED ABSTRACT
The violence unleashed by the excessive consumption of alcohol can lead to family conflicts
and emotional imbalances. We aimed to analyze the psychological and social impacts that the
family of alcoholics suffer, reflecting on this issue point out the main ways that present
imbalances in the family of the alcoholic and how he perceives these conflicts. Employed as a
methodology, literature review and qualitative research with an alcoholic and his wife.
Justified by being a social and public health problem and prove that it is worth adding that
¹ORIENTADORA:ADAME, Alcione, Graduação em Direito pela PUC- (2005).Mestre em Direito Ambiental
pela UniSantos e Doutoranda em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e Docente do
Curso de Pós Graduação em Saúde Mental e Dependência Química. Email: [email protected]
²AUTORA:DAL BERTO, Gerli Diane, graduada em Marketing pela Universidade Norte do Paraná – UNOPAR
, graduanda em Psicologia na AJES Faculdade do Vale do Juruena e discente do curso de pós-graduação em
Saúde Mental e Dependência Química pela AJES Faculdade do Vale do Juruena, e-mail:
[email protected]
³ CO-AUTORA:DREHMER, Diana Taís. Psicóloga formada pela Universidade Federal de Mato Grosso,
discente do curso de Pós Graduação em Saúde Mental e Dependência Química. Email:
[email protected]
4
CO-AUTORA: BAUER, Angela Graduada em Psicologia discente do curso de Pós Graduação em Saúde
Mental e Dependência Química Email: [email protected]
alcohol even considered a drug bidding, and is silent victims directly and indirectly suffer..
Evaluated , however the repetition of behaviors related to consumption of alcohol abuse ,
emotional fragility of members family . The wife and children have emotional imbalance on
the situation of violence suffered by the parent. Observed situations and occurrences in which
fear, anguish , grief is present . The emotional state of the family is shaken and psychic
imbalance is evident. Finally, it was possible to infer that alcoholism is a family disease that
affects all sectors bio -psycho -social. Noting that the family of the alcoholic is a sick family,
understanding that it is the duty of the family to ensure the fundamental right of children
requires specific attention and care, considering that drug addiction is a public health problem
and involves several multidisciplinary areas need be treated with all the attention the issue
deserves, contributing to recostrução affectivity and health psychic family
Keyword : Alcoholism , Imbalance bio -psycho - social Family .
INRODUÇÃO
O álcool está entre poucas substâncias tóxicas liberadas e seu consumo exagerado
pode causar danos na vida do sujeito irreversíveis, seu consumo está relacionado a Transtorno
de Substâncias e possui características dos sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. A dependência
de Substancia incide em um conjunto de sintomas fisiológicos, comportamentais e cognitivos1
que indica se o sujeito está ou não fazendo uso de uma substância, essa droga licita é a mais
consumida pela população mundial, seu consumo tem diversas finalidades, podendo ser para
fins comemorativos, anestésicos e para rituais, dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS) mostram que o Brasil é um dos países que apresenta o maior índice do consumo de
álcool no mundo 2. A violência desencadeada pelo consumo exagerado da bebida alcoólica
pode gerar conflitos familiares e desequilíbrios emocionais para o sujeito e seus familiares. O
alcoolismo é uma doença familiar que afeta em todos os âmbitos, econômico, psicológico e
social.
Por ser uma droga liberada ela passa despercebida aos olhos da população
ocasionando sérios danos por onde ela se instala, “o alcoolismo é concebido como uma
“doença da família” isto é, uma patologia física e moral que, além de atingir o indivíduo
considerado doente, afeta as relações sociais e familiares.”3 Objetivamos analisar os impactos
psicológicos e sociais que a família do alcoolista sofre, refletindo sobre essa problemática
apontamos as principais formas que apresentam os desequilíbrios na família do alcoolista e
como ele percebe esses conflitos.
Justificou-se por ser um fenômeno social e problema de saúde publica, vale
acrescentar e evidenciar que o álcool mesmo considerado uma droga licita é silenciosa e as
vitimas direta e indiretamente devem ser cuidadas e tratadas com dignidade e o respeito que
tem por direito. Segundo Severo o alcoolatra não conta com a ajuda da familia, pois de tanto
tentar ajuda-lo e ele ser agressivo, a familia se esquiva da situação, pode se tornar indiferente
ou até passar a agredi-lo.4
1
DSM-IV-TR, Manual diagnóstico e estatísticos de transtornos mentais: Transtornos Relacionados a
Substancias 4 ed, porto alegre: Artimed, 2002
2
SOUZA, Natalícia Espindola de, Alcoolismo na família: uma analise sobre impacto social Álcool e outras
drogas, disponível em www.monografias.brasilescola.com acesso 03 Ago 2013.
3
OBID, Correio da Bahia - BA Disponível http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo. php?
c=726&msg=Pesquisa%20mostra%20que%20a%20fam%EDlia%20%B4adoece%B4%20junto%20com%20o%
20alcoolista acesso 20 Ago 2013
4
SEVERO, Márcia Casella, Estratégias em psicologia institucional, 2 ed. São Paulo: Loyola 2004
DrauzioVarella5, corrobora que a família do alcoolista acaba se tornando dependente
do álcool, “é uma dependência neurótica, um alcoolismo seco que provoca sofrimento e
inúmeros desajustes”, o profissional em Saúde Mental pode contribuir através de seu
conhecimento em projetos para prevenção e tratamento as vitimas do álcool.
MATERIAIS E MÉTODOS
Optou-se por uma pesquisa bibliográfica com levantamento de dados em artigos,
livros, citações e sites da internet sobre a temática, após aplicou-se a pesquisa qualitativa com
a técnica aplicação questionário com entrevista informal posteriormente efetuou-se analise do
estudo de caso cometida com um alcoolista e sua esposa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A família do alcoolista entrevistado é composta por quatro membros, pai, mãe, um
rapaz de 21 anos e uma adolescente de 15 anos. A escolaridade dos pais é na faixa do ensino
fundamental. A mãe trabalha de doméstica e o pai no almoxarifado de uma empresa de
ônibus. Conforme verificado, quem toma conta da família é a esposa, cuidou e ainda cuida
dos dois filhos, o marido gasta tudo com os amigos e a bebida, a única coisa com que ela pode
contar é a cesta básica que a empresa fornece para os colaboradores, o restante das despesas
da casa e com os filhos é por conta dela. A família parece ser dependente da mãe, os afazeres
domésticos também ficam sobre sua responsabilidade, mesmo quando os dois filhos estão em
casa não a ajudam. Essa mulher parece não ter expectativa de vida, é muito sofrida e infeliz.
Quando perguntamos, quais são as dificuldades que ela encontrava para lidar com esse tipo de
situação, percebeu-se a desilusão, “eu sofria muito, sai da casa do meu pai porque era muito
sofrido, e entrei em outro, acho que bem pior, logo que casei, eu não tinha nem chinelo,
andava descalço, [...]. Eu ficava pensando porque isso tudo. Não tinha ninguém para me
ajudar, era sozinha” 6. Neste contexto, seu esposo responde que a família nunca reclamou do
seu comportamento agressivo, e por ele beber.
Comumente não damos a importância necessária aos danos que o abuso excessivo do
álcool pode causar na vida o sujeito e sua família. Rosa 6 , comenta sobre os filhos do casal.
[...] não gostam de falar, a filha não leva as amigas lá em casa, tem vergonha do pai, lembro
quando ela tinha uns 8 anos, quando ia chegando a noite, ela ficava nervosa, queria que eu
trancava o portão pro pai não sair, sabia que ia beber ia voltar bêbado, dai ia brigar. 6
Todos perdem usuário, família e sociedade “o alcoolismo tem dois fatores principais:
o cultural e o genético sabe-se que o alcoolismo tem um componente hereditário, mas os
genes envolvidos ainda não foram descritos”7.
Conforme o sr. Cravo, 8 descreve seu pai era dependente quimico de álcool, ele teve
acesso a bebida alcoólica desde criança, no entanto não queria nem chegar perto da bebida. O
que verifica a possibilidade da genética estar presente neste caso. ”Na verdade eu sempre
pedia pra Deus me abençoar de nunca por isso na boca”.8
Ainda no Estadão 6 Marta Ezierski, diz que “Uma coisa é falar de alcoolismo na
população em geral. Outra é falar com base em uma população triada, já dependente”
5
DRAUZIO Varella, 25/07/2011 Alcoolismo Dando a Volta por Cima, Família e o álcool, , Disponível em
http://alcoolismo.com.br/artigos/familia/ acesso em 16 Set. 2013
6
ROSA, 2013, Esposa do usuário de álcool.
7
ESTADAO, Jovens tem primeiro contato com o álcool na presença de familiares, 7 de Fev. 2011. Psicolago.
Com disponível em http://noticias.psicologado.com /saude/ jovens-tem-primeiro-contato-com-o-alcool-napresenca-de-familiares-segundo-pesquisa-brasileira acesso em 03 Ago 2013.
8
CRAVO, 2013, usuário de álcool e cigarro.
O senhor Cravo, se considera dependente do álcool, “um pouco, não 100%, sofro
muito em casa se não beber”.8 Esse sofrimento pode estar relacionado a Síndrome de
Abstinência que afeta o metabolismo da pessoa. Ele argumenta que não tem vantagem em
consumir álcool “a sensação de coragem, sentir bem, não tem serventia, se eu não beber não
consigo dormir, parece que me sufoca. [...] Quando bebo me sinto tranquilo, leve e
aliviado”.8 Ele tem cosciencia que a bebida faz mal, mas já não consegue mais parar, não
tem forças para procurar ajuda. “quando machuquei fiquei 15 dias sem beber, fiquei muito
nervoso e não conseguia dormir, outra coisa, os amigos ficam ligando pra ir no bar jogar
sinuca, dois inimigos juntos, a roda dos amigos e a bebida” 8
Cravo fala “tenho uma chieira no pulmão, cai de moto uma vez e quebrei a
clavícula”8. A esposa diz que não é feliz, (chorou muito) “vim de uma vida muito sofrida,
tenho que trabalhar pra sustentar meus filhos, ele não ajuda com nada, gasta tudo com a
bebida”6. O Esposo tem consciência que seu vicio consome boa parte se seu salário “Gasto
quase 300,00 reais, sem contar com o cigarro fumo uma carteira por dia.[..] Bebo todo dia, 4
a 5 dose, já me sinto um alcoólatra, bebo raiz amarga e cigarro”8
Essa familia não procuram ajuda porque segunda a esposa “ele não admite que é
alcoólatra, para quando quer”6. No entanto, o senhor Cravo espera que no futuro possa “para
de fumar e beber, a família pode desistir de fazer alguma coisa por mim”. 8
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As entrevistas revelaram situações da vida do casal e relatos das histórias de quando
eles eram crianças e as dificuldades vivenciadas com seus pais que também eram dependentes
químicos do álcool. Nessa familia observou-se a repetição de comportamentos do pai do
genitor relacionados ao consumo abusivo do alcool e a agressivida por ele vivenciada. A
fragilidade emocional dos membros desta familia, da mesma forma a esposa e filhos
apresentam, desequilibrio emocional diante da situação de violencia sofridas pelo genitor.
Dessa forma foi possível inferir que a dependência do álcool causa danos físicos, econômicos
sociais e psicológicos no sujeito dependente, bem como sua família, observou-se situações e
ocorrências em que o medo, angústia e a tristeza se faz presente. O estado emocional da
família está estremecido e o desequilíbrio psíquico é evidente.
Por fim, contatou-se que a família do alcoolista é uma família doente, entendendo que
é dever da familia assegurar o direito fundamental dos filhos, necessita de atenção e cuidados
específicos, considerando que a dependência química é um problema de saúde publica
necessita ser tratado com toda atenção que o problema merece, no período de sua
manifestação, tanto ao longo de toda a vida do sujeito, é importantissimo o envolvimento das
diversas áreas multidisciplinares na reconstrução da afetividade e da saude psiquica familiar.
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