EDIÇÃO PDF Segunda-feira, 07-09-2015 Edição às 08h30 Directora Graça Franco Editor Raul santos "A sociedade europeia está a ensinar aos governos o que eles devem fazer" Ajuda aos refugiados na Hungria faz-se também em português Bispos portugueses reúnemse com o Papa em Roma Costa quer repor cortes de salários na função pública e as 35 horas semanais Arranca segunda fase de candidaturas ao ensino superior Produtores de leite em protesto. Bruxelas discute ajudas ao sector Hamilton continua Seleccionador a dominar Fórmula albanês “ameaça” 1 votar em Messi se Cristiano Ronaldo não tiver “calma” Soares visita Sócrates em dia de aniversário do antigo primeiroministro. "Está muito bem" Jogo português "eQubes" conquista primeiro lugar na AppStore 2 Segunda-feira, 07-09-2015 "A sociedade europeia está a ensinar aos governos o que eles devem fazer" Entrevista à Renascença, do Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres. Por Raquel Abecasis e Eunice Lourenço António Guterres está a poucos meses de deixar o cargo no serviço das Nações Unidas para os Refugiados. Ao longo destes dez anos, assistiu a um aumento dramático dos número de deslocados no mundo por causa de guerras e perseguições. Foi com pena que viu as acções dos governos europeus serem decididas pelo medo, mas a sua esperança está na sociedade civil que, diz, está a empurrar os receios para um canto e a mostrar aos governos o que devem fazer. Em entrevista à Renascença, Guterres lamenta as atitudes de vários governos da União Europeia, diz o que deve ser feito para acolher os milhares de sírios que chegam à Europa e elogia a criação em Portugal da Plataforma de Apoio aos Refugiados. Na sexta-feira disse que a Europa não pode ficar pelas mudanças de pequenos passos, que tem de dar um salto na forma como está a lidar com a crise em curso. Que salto deve ser esse? Temos, neste momento, cerca de quatro mil pessoas que chegam todos os dias à Grécia e depois quatro mil pessoas que atravessam a fronteira entre a Grécia e a Macedonia, entre a Macedónia e a Sérvia, entre a Sérvia e a Hungria e, como se tem reparado, não há nenhuns preparativos para receber as pessoas, para as registar, para verificar as suas necessidades. A assitência é completamente insuficente e desorganizada e, depois, cada país toma medidas, umas diferentes das dos outros, que causam, em certas situações, como aconteceu, recentemente, na Hungria, como tinha acontecido na Macedónia, bloqueios, situações de tensão, de violência, o que para populações como as que fugiram da Síria - com as condições dramáticas que todos conhecemos, famlilias com casas destruidas, com membros mortos, com sofrimento enorme - , é verdadeiramente inadmissivel e a Europa tem a obrigação de oferecer um mecanismo eficaz de recepção, de triagem de necessidades e de registo e, depois, com a disponibildiade necessária de todos os países europeus, de receber estas pessoas com dignidade e lhes proporcionar um futuro. Quatro mil por dia parece muito, mas não esqueçamos que estamos numa Europa que tem, só na União Europeia, 508 milhões de habitantes e até agora chegaram cerca de 300 e tal mil pessoas. O Líbano sozinho tem um terço da população refugiada neste momento. Se a Europa estiver organizada isto é perfeitamente gerivel. Para isso, é preciso que a União, os Estados membros ponham na Grécia, na Hungria e na Itália instalações de recepção adequadas que dêem a assitencia que é necessária, o número de pessoas suficiente para registar, para detectar quem tem necessidades de protecção e depois haja um mecanismo de relocalização para todos os Estados europeus de todos aqueles que forem reconhecidos como verdadeiros refugiados ou com necessidaddes de acordo com a lei internacional. Com a dimensão da União Europeia será relativamente fácil, com a participação de todos, ter uma distribuição equitativa e evitar a situação actual em que praticamente são a Alemanha, a Suécia e mais um ou dois países que estão a fazer todo o esforço. E essa maior abertura desses países pode vir a fazer a diferença e a fazer com que a UE dê esse passo de responsabilidade? A minha grande esperança, neste momento, para além do exemplo da Alemanha - e todos devemos prestar homangem à chanceler Merkel pela frontalidade das suas posições, quer a garantir acolhimento de refugiados, quer na forma como condenou veementemente manifestações de xenofobia que, embora com caracter marginal e minoritário, ocorreram na Alemanha. É essa coragem que falta a muitos dos agentes políticos - é a sociedade civil. A verdade é que estamos a assistir na Europa a um momento de viragem nas opiniões públicas. Em Portugal, criou-se uma Plataforma de Ajuda aos Refugiados com dezenas de organizações, os meus amigos do Conselho Português de Refugiados têm recebido milhares e milhares de telefonemas de famílias que estão disponíveis para receber sírios; em Espanha há uma mobilização enorme da sociedade civil; na Inglaterra, os tablóides de repente transformaram-se em jornais de defesa dos refugiados; na própria Hungria as populações nas ruas oferecem água e alimentos aos refugiados, na Austria uma recepção admirável, na Baviera tambem ... Sinto que há, de repente, uma enorme comoção europeia e todos os sentimentos de solidariedade, toda a força dos valores que são valores europeus de compaixão, de solidariedade ... isso para mim é a grande esperança. Isto porque os governos obviamente, em muitas circunstâncias, têm agido da forma restritiva como têm agido porque têm medo dos aprtidos mais à direita com posições xenofobas; os governos agora têm de reconhecer que as coisas estão a mudar e que a sociedade europeia está ela própria a assumir os valores europeus e a ensinar aos governos o que eles devem fazer. E o que fez mudar as opiniões públicas? Acha que são estas imagens mais recentes e sobretudo a fotografia 3 Segunda-feira, 07-09-2015 do menino sirio que deu a volta ao mundo? Acho que as pessoas vêem as coisas de forma diferente também em função da distância. Neste momento, estas tragédias bateram-nos à porta e tem havido uma mobilização gigantesca da comunicação social, que tem tido um papel extremamente positivo, mostrando essa realidade, uma realidade que é extremamente próxima e que se liga às nosssas responsabilidades, à responsabildaide de cada um de nós como cidadão europeu. Isso funcionou em pleno e foi uma espécie de rebate de consciência que se está a propagar de forma impressionante na sociedade civil europeia e para a qual obviamente aquela tragédia da familia curda contribuiu. Mas penso que não foi um factor apenas, acho que é o conjunto de todas estas situações. De alguma forma, quando olhamos para a fase europeia actual vemos que há contradições nas emoções com as quais políticos e comunicação social jogam. Há medo, receios, inseguranças por causa da situação económica, por causa das manifestações terroristas e que levam a que aquelas que defendem perspectivas xenófobas, racistas, contra os estrangeiros procurem explorar esses sentimentos de medo, essas emoções de receio. Mas, por outro lado, há em todos os seres humanos, a compaixão, a solidareidade, o sentimento de ver o próximo sofrer e se mobilizar para o ajduar. Acho que, neste momento, esta segunda tendência está a triunfar e está a pôr de lado, a empurrar para o canto todas essas manfiestações tão negativas que, infelizmente, estavam a verificar-se na sociedade europeia e a justificarem muitas politicas restritivas, muitas acções menos em conformidade com os principios da humanidade que alguns governos europeus foram tomando. O que é que desejaria que a União Europeia fizesse como um todo? O que temos defendido e que esperamos que o Conselho de Ministros de Assuntos Internos de dia 14 possa compreender e aceitar é a necessidade de, na Grécia, na Hungria e na Itália, ter centros de recepção com capacidade para acolher as pessoas, para lhes dar um tratamento humano, alimentação, cudiados de saúde, as coisas básicas que as pessoas neessitam numa situação destas e, ao mesmo tempo, isso seja feito num ambiente acolhedor. A pior coisa que pode acontecer é chegar à Europa e sentir-se recebido com hostilidade, com violência. Centros de recepção como existem em muitas outras partes do mundo onde estas coisas têm acontecido. A grande maioria, 86 por cento dos refugiados do mundo estão no mundo subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento. Em relação à migração económica, haverá seguramente oportunidade de imigração legal que podem ser obtidas, mas também haverá o direitos dos Estados que não queiram receber os migrantes de os enviar de volta para os países de origem, desde que o façam com dignidade e dentro do respeito pelos direitos humanos. Em relação àqueles que fogem de situações de conflito, então precisamos de um mecanismo massivo para receber, na nossa estimativa para o período de 2016, 200 mil pessoas, a partir de esses centros de recepção na Grécia, na Hungria, na Itália e com uma chave de repartição de acordo com as possibilidades de cada país. Naturalmente, que a Alemanha desempenhará sempre um papel muito importante e países como Portugal e a Eslováquia terão um papel muito mais reduzido, mas proporcionalmente às possibilidades de cada país e de acordo com critérios objectivos, é preciso fazer com que toda a Europa se mobilize para receber estes refugiados. À escala dos problemas que hoje temos no mundo, com a dimensão da União Europeia, isto é uma situação perfeitamente gerível se todos estiverem envolvidos e empenhados. Para além disso, é preciso criar oportunidades legais de chegar à Europa sem ser através dessas redes de contrabandistas que são redes de gangsters, que maltratam as pessoas e isso tem a ver com as políticas de vistos que têm de ser mais flexiveis, com a oportunidade de bolsas de estudo para estudantes sirios na Europa, tem a ver com a chamada reinstalação ou a dimensão humanitária para as quais já existe um programa mais reduzido, que permtie trazer gente do Líbano, da Jordânia, da Turquia, particularmente os mais vulneráveis para países europeus, para os Estados Unidos da América e para o Canadá. São também necessárias formas de reunificação familiar. Muita gente tem parte da família na Europa, parte na Turquia. Ter mecanismos que permtiam que as famílias se reúnam é da mais óbvia humanidade. Com o desenvolvimento desses mecanismos legais, diminui-se muito as oportunidades para a actuação destes grupos de gangsters que são os oferecem estes serviços. Verdadeiramente trata-se de um tratamento indigno das pessoas, mas oferecem a oportunidade às pessoas de, com todos os riscos e com todas as violações dos seus direitos, chegar à Europa. Em Portugal, foi criada uma Plataforma de apoio aos refugiados, que pretende coordenar a resposta da sociedade civil. Que conselhos têm a dar às instituições e famílias que se disponibilizam para acolher refugiados? Não tenho conselhos a dar, só tenho que exprimir a minha enorme satisfação por ver a sociedade civil portuguesa, tal como as outras, assumir a liderança e mostrar aos governos o caminho que eles próprios têm de percorrer. Agora, vai ser preciso organizar devidamente as coisas e não é fácil integrar pessoas de lingua diferente, de cultura diferente. Há todo um conjunto de precauções e de medidas a tomar, mas pelo que tenho visto - ainda ontem estive a ver com cuidado o website da Plataforma - há uma consciência muito clara do que é preciso fazer e uma vontade muito grande de agir com toda a correcção e toda a eficácia e só desejo o maior êxito a todas estas iniciativas. E também aos poderes públicos, tanto a nivel central como local, que se associem à cociedade civil para que aqueles sírios que venham para Portugal possam sentir-se bem na sociedade portuguesa e possam reconstruir aqui as suas vidas. 4 Segunda-feira, 07-09-2015 Ajuda aos refugiados na Hungria faz-se também em português Merkel liberta mais de seis mil milhões de euros para apoiar refugiados A Renascença está na Hungria. Milhares de pessoas chegam aqui mas este é apenas um ponto de passagem. O destino final é a Alemanha. Líderes partidários concordaram na aceleração dos procedimentos para os pedidos de asilo e na construção de centros de acolhimento para refugiados vindos do Médio Oriente e Norte de África. Foto: Zsolt Szigetvary/EPA Por João Cunha, em Budapeste Fábio Alves está na praça fronteira à estação ferroviária de Kelleti, em Budapeste. Sábado à noite, jogou à bola e brincou com algumas das crianças sírias que por aqui se encontram. Estão sob olhar atento dos pais, enquanto dezenas de húngaros, residente nas capital, entregam comida e amontoam roupa e sapatos, oferecidos por outros tantos, para ajudar quem precisa. Estes refugiados, que aqui passaram a noite, não são agora mais de uma centena. Decidiram não fazer o mesmo, ontem, que outros tantos, que saíram da cidade a pé, rumo à Áustria, pela principal auto-estrada do país. Fábio, brasileiro com raízes em Trás-os-Montes e a trabalhar há quase um ano em Budapeste, não ajudou só as crianças sírias.. “Sem esperar, ajudámos o Davide, um jovem afegão de 20 anos, que está a viajar há um mês. Ele estava muito preocupado com o irmão e emprestámos o meu telemóvel para ele ligar para o Afeganistão”, descreve Fábio. O seu lado está a amiga Rafaela Baena, também ela com raízes portuguesas, na zona de Leiria. Rafaela questiona-se sobre a capacidade da Alemanha acolher todos os que desejam ter uma vida dentro das suas fronteiras. Tenha ou não capacidade, no sábado foram muitos os refugiados que saíram da estação de comboio, em Keleti, em direcção à Áustria, tendo por destino final a Alemanha. Muitos mais ainda vão chegar a Keleti o destino pretendido o mesmo. Foto: Jan Woitas/EPA O governo alemão decidiu libertar 3,35 mil milhões de euros em fundos para os estados federais e os municípios para ajudar a lidar com a vaga de migração que tem acedido ao país, afirmou esta segunda-feira um comunicado da coligação do governo. Numa reunião das altas instâncias governamentais que durou mais do que cinco horas, os líderes partidários concordaram numa serie de outras medidas, desde a aceleração dos procedimentos para os pedidos de asilo à facilitação da construção de abrigos para refugiados. Além dos 3, 35 mil milhões de euros estipulados para os estados e municípios, o governo está a planear libertar mais 3 mil milhões de euros para financiar as suas próprias despesas, tal como pagar subsídios para os migrantes que procuram asilo, disse o comunicado, citado na agência Reuters. O acordo inclui o alargamento da lista de países considerados “seguros” para incluir o Kosovo, a Albânia e o Montenegro. Já nessa categoria estão incluídos países como a Sérvia, a Macedónia e a Bósnia. O objectivo é acelerar os procedimentos de asilo e extradição para os migrantes da Europa do sul, para conseguir focar as atenções nos refugiados de países como a Síria, o Iraque e o Afeganistão. A reunião da coligação alemã ocorreu no final de uma semana que viu entrarem 18 mil refugiados no país depois de a Alemanha e a Áustria terem acordado com a Hungria a livre passagem de refugiados pelas suas fronteiras, à revelia das regras europeias, que estabelecem que os migrantes devem pedir asilo no primeiro país da União Europeia a que chegam. 5 Segunda-feira, 07-09-2015 CONVERSAS CRUZADAS Crise dos refugiados. “Merkel tem sido exemplar” No programa "Conversas Cruzadas", da Renascença, a política comum de asilo defendida por Alemanha e França é elogiada por Azeredo Lopes. “Refugiados só procuram vida, não uma vida melhor”, nota Mónica Ferro. Refugiados partem em comboio de Budapeste para a Áustria. Foto: Boris Roessler/EPA Por José Bastos É a decisão crucial para abrir o novo capítulo do acolhimento de refugiados na Europa. A Agência Federal de Migração e Refugiados adopta, desde o início de Setembro, a medida, mais favorável para os milhares de sírios que demandam a Alemanha em fuga da guerra. A Agência de Nuremberga aplica o decreto que deixa de devolver aos países de entrada os requerentes de asilo. O decreto significa, na prática, suspender unilateralmente a aplicação do protocolo de Dublin e anula também os procedimentos de expulsão em tramitação. Em causa refugiados que chegaram à Alemanha a partir da Grécia e Itália. De acordo com o protocolo de Dublin, o primeiro país ao qual os refugiados chegam ao entrar na União Europeia será responsável por todo o processo de asilo. O documento está assinado por todos os estados membros, mais a Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein. No meio das críticas à falta de acção da União Europeia face aos refugiados, em fuga das várias tragédias do Médio Oriente e África, a decisão alemã constitui o ponto de viragem na crise. José Azeredo Lopes, professor da Universidade Católica Portuguesa, elogia a medida tomada pela maior potência da União Europeia. “A verdade é que a Alemanha tem sido exemplar”, afirma o especialista em Direito Internacional, no "Conversas Cruzadas" especial sobre a crise de refugiados. “Independentemente do que possamos pensar da senhora Merkel noutros domínios – e eu não penso bem – acho que ela tem sido a líder, de longe, mais exemplar no plano europeu”, nota. “Exemplar pela forma como tem conseguido enfrentar esta questão e pelo modo como, sem qualquer ambiguidade não tem compactuado com a tibieza e, sobretudo, com a cobardia de muitos. Daqueles que quando precisam estão sempre a bater à porta, mas quando outros precisam invocam qualquer pretexto para o não fazer”, diz Azeredo Lopes. A deputada Mónica Ferro, coordenadora do Grupo Parlamentar Português sobre População e Desenvolvimento, acentua a necessidade da Europa assumir os seus valores essenciais. “Há uma série de dados que foram politizando um debate que não era político. Por exemplo, a introdução de uma narrativa securitária: os constantes sinais de alerta para a ideia de que no meio destes milhares de pessoas poderíamos ter infiltrados jihadistas que viriam cometer atentados na Europa”, afirma Mónica Ferro. Mónica Ferro: “São milhares em busca de.... uma vida” “São milhares de pessoas em busca não de uma vida melhor, mas sim em busca de... uma vida. Isto só tem um objectivo: minar aquele que era um dos valores fundacionais da Europa e que é o valor da solidariedade”, afirma a professora do Instituto Superior de Ciências políticas da Universidade de Lisboa. “Aí, partilho de alguma inquietação em relação às quotas obrigatórias. Confesso precisar de reflectir um pouco mais sobre a matéria, mas é uma disposição que, à partida, não me repugna. A Alemanha e a França apareceram a apoiá-la quando não eram adeptos de primeira linha”, faz notar Mónica Ferro. José Azeredo Lopes elogia a posição de Paris. “Concordo e, talvez, seja mais surpreendente a posição da França. Considerando que por cada dois requerentes de protecção internacional que batem à porta da Alemanha, pelo menos, um vê o pedido aceite já em França apenas um em cada três o consegue”, sustenta o professor de Direito Internacional. Mónica Ferro adiciona argumentos. “Sublinho um dado que usei por estes dias. Um número que causou alguma surpresa. Foi o de dizer que se nós deixássemos entrar os 280 mil que, há semanas, estavam a tentar aceder à Europa – que tem 508 milhões de pessoas – isso significaria 0,07% da população europeia”, relativiza a deputada. Azeredo Lopes: “UE tem capacidade para atalhar problema na fonte?” Na emissão de "Conversas Cruzadas", Azeredo Lopes equaciona várias dimensões do desafio colocado à Europa por esta crise dos refugiados a entrar num ponto de não retrocesso. “Há agora várias questões com que nos veremos confrontados de uma vez por todas”, alerta. “Primeiro: aceitamos ou consideramos mau o princípio das quotas obrigatórias? Confesso ter algumas dúvidas, mas esta é claramente a orientação ‘do dia’ uma vez que o ACNUR entende que a União Europeia deve, pelo menos, albergar 200 mil pessoas nas quotas obrigatórias”, prossegue Azeredo Lopes. “Já o senhor Juncker, para variar, está sempre atrás e fala apenas de 120 mil para acrescentar aos 32.256 que, a muito custo, foram arrancados aos estados na cimeira de Julho último”, nota. 6 Segunda-feira, 07-09-2015 “Segunda grande questão: quem deve enfrentar o problema? É, de uma vez por todas, um problema europeu ou não é? Isto porque mais de 72% dos pedidos de asilo são tratados em apenas cinco dos 28 Estados. Independentemente da análise do estado português poder acolher três mil pessoas, é bom ter a noção de que a Alemanha pode chegar às 800 mil”. “Significa que mesmo proporcionalmente o esforço de vários – poucos – países europeus é infinitamente superior ao esforço de países mesmo pequenos como Portugal”, sustenta. “Em terceiro lugar: para acelerar e enfrentar os casos mais graves – são todos, mas mais graves – é ou não desejável uma lista de países onde, em princípio, o requerente que deles provenha não tenha direito a pedir asilo político? Isto acontece, sobretudo, em relação aos países dos Balcãs, Kosovo, Macedónia, a própria Sérvia, onde o requerente, por vezes, pede a protecção internacional por razões económicas”, afirma José Azeredo Lopes. “Finalmente: tem ou não a União Europeia a capacidade para atalhar o problema na fonte? É ou não preferível estancar o fluxo na origem – e não pode ser só à bomba – nem sequer permitir que o mercado da criminalidade se financie à nossa custa? Mercado da criminalidade que, depois, nos vai atacar nomeadamente o controlado pelo Estado Islâmico”, alerta. “Porque esta gente é primeiro vilipendiada, violada e explorada, por exemplo, por gangues e pelo Estado Islâmico e vem depois, sem nada, bater-nos à porta suscitando, evidentemente, questões de humanidade básica que me dispenso de desenvolver”, afirma Azeredo Lopes. Mónica Ferro: “Temos de saber acolher” Como tentar então suavizar as consequências da crise migratória e de refugiados? Como confrontar a Europa com a necessidade de soluções arrojadas e ambiciosas? Mónica Ferro aponta caminhos. “Claro que estas crises têm de ser tratadas a montante como é evidente. Temos de combater as causas profundas dos conflitos e temos de os trabalhar na origem”, diz. “Nas causas estão sempre as desigualdades, se quiser, numa palavra, a pobreza. A solução passa sempre por trabalhar com os países de onde estas pessoas são originárias. Não tenho dúvida de que, por todas as razões, seria aí que prefeririam viver. Temos de trabalhar no sentido de criar sociedades mais pacíficas e mais estáveis. O processo tem duas facetas: do desenvolvimento, mas também da segurança”, indica. “Estamos a falar de países onde o estado ou não existe ou está a ser questionado de forma muito violenta por grupos que tentam capturar o poder, entre os quais, o Estado Islâmico. Portanto tem de haver aqui um trabalho de quase prevenção destes fluxos. Quando estes fluxos acontecem temos de os saber acolher”, faz notar Mónica Ferro. “Há aqui uma dupla tarefa. Na origem segurança e desenvolvimento e na recepção uma grande preocupação humanitária de reinstalação e reintegração destas pessoas”, conclui a vice presidente do Fórum Europeu de Parlamentares sobre População e Desenvolvimento. Azeredo Lopes: “Ocidente devia ter vergonha na cara” Durante todo o verão o debate da crise oscilava em termos que confrontavam a segurança exigida à solidariedade necessária. Não mais. José Azeredo Lopes enumera erros de avaliação e causas de um problema que exige soluções globais, estruturais com medidas estratégicas e económicas. O momento é também de reflexão profunda sobre erros próprios e alheios. “O Ocidente devia enfrentar a questão, e desde logo, ter um bocadinho de vergonha na cara para perceber a origem do problema. Está em muitos espaços onde interviemos e lançamos o caos”, afirma Azeredo Lopes. “Se pensar no Iraque, se pensar na forma como fomos interpretando o que devia ser a primavera árabe, se pensar na Síria e se eu pensar na Líbia (dois casos de intervenção directa ou indirecta de muitos dos estados da União Europeia e Estados Unidos) então talvez devêssemos encarar a questão da segurança na gestão das situações pós-conflituais”, analisa. “Somos – no Ocidente - bastante bons a teorizar sobre a vontade de intervir e de instalar a democracia. Somos bastante menos bons na prática, porque, normalmente, só fazemos disparates”, diz o professor de Direito Internacional. “Basta ver o caso da Síria onde fizemos tudo para derrubar Assad e agora fazemos tudo – fingindo que não o fazemos – para que não caia, porque se cair então é que vai ser uma questão interessante”, ironiza. Incapacidade de perceber o Médio Oriente? “Temos uma visão muito primária, quase infantil, de que não nos conseguimos libertar. A de que se interviermos num sítio estamos necessariamente a actuar em favor do bem contra o mal. Ora, esse sítio, normalmente, está infestado de maus." “Não só está infestado de maus como a intervenção tem um efeito reactivo que desencadeia o surgimento de mais maus. Se formos ver as rotas do Mediterrâneo e quem, actualmente, se financia com esta tragédia porventura temos que pensar numa intervenção militar localizada. Não estou a falar em ataques a cidades ou do género”, esclarece Azeredo Lopes. “Refiro uma intervenção localizada – já foi préanunciada, mas abortou por não ter apoio no Conselho de Segurança da ONU – que, pelo menos, significaria, um golpe a estes grupos criminosos. Estancava-se a acção de grupos armados que estão a enriquecer, de alguma forma, à custa de centenas de milhares de pessoas”, afirma. “Grupos que estão a reforçar o seu poder que, evidentemente, mais tarde vai ser usado contra nós”, alerta Azeredo Lopes. 7 Segunda-feira, 07-09-2015 Vaticano acolhe duas familias de refugiados e Papa pede que cada paróquia faça o mesmo Guia. O que posso fazer para ajudar os refugiados? Muitos portugueses questionam-se sobre o que podem fazer para ajudar. A Renascença preparou um guia prático. Apelo foi feito este domingo na Praça de São Pedro. O Papa renova o apelo para o acolhimento de refugiados. Este domingo, na Praça de São Pedro, Francisco pediu "que cada paróquia, comunidade religiosa, mosteiro, santuário da Europa acolha uma família". O Papa acrescentou que o pedido começará por ter efeito bem perto: "Também as duas paróquias do Vaticano irão acolher por estes dias duas famílias de refugiados." Segundo o Papa, “perante a tragédia de dezenas de milhares de deslocados que fogem da morte pela guerra e pela fomeprocuram uma esperança de vida, o Evangelho chama-nos e pede-nos que sejamos próximos dos mais pequenos e abandonados". "Não basta dizer: 'coragem, paciência'. A esperança cristã é combativa com a tenacidade de quem vai em direcção a uma meta segura", acrescentou. Francisco lembrou que se aproximao Jubileu da Misericórdia e sugere o seguinte: "dirijo um apelo às paróquias, às comunidades religiosas, aos mosteiros e aos santuários de toda a Europa para exprimirem o lado concreto do evangelho e acolherem uma família de refugiados, um gesto concreto como preparação do ano Santo da Misericórdia." O Papa deixou votos de que os bispos da Europa apoiem este seu pedido nas várias dioceses, “recordando que a Misericórdia é o segundo nome do Amor”. Na tradicional catequese, Francisco pediu que os católicos não vivam fechados em si próprios, criando “ilhas inacessíveis e inóspitas”, recordando o “milagre” com que Jesus cura “da surdez do egoísmo e do mutismo do encerramento”. Refugiados na Sérvia à espera de chegar à Hungria. Foto: Djodje Savic/EPA Por Matilde Torres Pereira Há várias maneiras de agir, desde abrir a casa ao acolhimento de famílias, fazer uma doação em dinheiro ou bens ou até dar aulas de português para ajudar à integração dos refugiados. A Renascença elaborou um pequeno guia com alguns exemplos do que se pode fazer. A UNICEF Portugal aceita donativos em dinheiro, tal como a maioria das organizações que já têm larga experiencia em trabalhar nestas situações de crise humanitária, como os Médicos Sem Fronteiras, o Serviço Jesuíta aos Refugiados, a Cáritas ou a Cruz Vermelha. A nova Plataforma de Apoio aos Refugiados é um bom ponto de partida. Faça uma doação Para a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) pode aceder a este site para fazer um donativo em dinheiro, que a organização explica para onde vai ser canalizado. Os Médicos Sem Fronteiras têm um site próprio só para donativos. Se quiser especificar para onde quer enviar o seu dinheiro – por exemplo, para o alívio das condições humanitárias nos campos de refugiados em Calais, em França, ou na fronteira da Hungria com a Áustria, pode telefonar para (212) 763-5779 ou enviar um email para [email protected]. O Serviço Jesuíta aos Refugiados opera em todo o mundo e dedica-se em Portugal ao acolhimento de refugiados de diversas proveniências. Aceita transferências bancárias para o NIB 0036.0071.99100093831.32 (Montepio). Pode enviar também cheque/vale postal dirigido a JRS-Portugal Serviço Jesuíta aos Refugiados, Rua Rogério de Moura, Lote 59, Alto do Lumiar, 1750-342 Lisboa. A Cáritas está a trabalhar activamente no terreno com as centenas de migrantes que afluem todos os dias à Europa. Pode enviar o seu donativo aqui. 8 Segunda-feira, 07-09-2015 A Cruz Vermelha Internacional também recebe donativos no site. Faça voluntariado e/ou doação de bens Alternativamente, pode dedicar algum do seu tempo a ajudar na prática. Pode envolver-se com as associações no terreno, como as acima referidas, ou, em Portugal, pode falar para o Conselho Português para os Refugiados (CPR), cujo objectivo principal é promover uma política de asilo mais huma¬na e liberal, a nível nacional e internacional. É o "parceiro operacional" do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para Portugal. O CPR tem dois centros de acolhimento em Portugal e precisa sempre de alimentos não perecíveis. Estão também à procura de voluntários, e neste momento a prioridade vai para professores que ensinem os refugiados a falar em português. Além disso, o CPR já recebeu ofertas de mais de 100 famílias portuguesas que se dispuseram a receber refugiados em suas casas. Se quiser inscrever-se para acolher cidadãos sírios, iraquianos, afegãos e por aí fora, pode enviar a sua proposta para [email protected]. Um grupo de amigos alemães criou espontaneamente a associação "Refugees Welcome", que se está a tornar numa espécie de "AirBnB para refugiados". Uma rede similar pode chegar a Portugal. Compre bens específicos para os mais necessitados A Amazon disponibilizou uma "wishlist" para as pessoas comprarem bens como sapatos e sacos-cama para serem enviados para Calais, onde milhares de pessoas se encontram bloqueadas num campo de refugiados que já recebeu a alcunha de "a Selva" por parte das autoridades francesas e britânicas. Pode organizar uma recolha de roupa e alimentos no seu bairro ou local de trabalho e entrar em contacto com organizações como a Cáritas para fazer uma doação em género. Assine uma petição Existem várias petições que querem chamar a atenção dos legisladores para esta crise humanitária sem precedentes. Entre elas, um par de exemplos: - Portugal pode aceitar mais refugiados - Acabar com a morte e sofrimento nas fronteiras europeias da Amnistia Internacional Pode sempre criar a sua própria petição, inscrever-se como voluntário ou simplesmente ajudar a partilhar as notícias que chegam das fronteiras europeias. Quase 300 mil migrantes e refugiados chegaram este ano à Europa pelo mar Mediterrâneo, anunciou esta semana a agência da ONU para os refugiados. Estimase que as chegadas vão continuar a um ritmo de três mil pessoas por dia. V+ INFORMAÇÃO Os comboios dos desesperados e as obrigações da Europa Neste noticiário: Alemanha vai disponibilizar 6 mil milhões de euros para ajuda aos refugiados que continuam a sair da Hungria; Guterres diz que é "obrigação" da Europa fazer mais para acolher os que fogem; produtores de leite protestam em Bruxelas; arranca 2ª fase de candidaturas ao ensino superior; Gulbenkian quer evitar 50 mil novos casos de diabetes. Por Catarina Santos Bispos portugueses reúnem-se com o Papa em Roma Visita "ad limina" inclui apresentação de relatório sobre o estado das dioceses. Visita a Portugal em 2017, no centenário das Aparições de Fátima, pode ser discutida. Foto: EPA Os bispos portugueses reúnem-se esta segunda-feira com o Papa, em Roma, no âmbito da tradicional visita "ad limina" que inclui encontros com responsáveis de congregações e conselhos pontifícios. A visita "ad limina" é a visita que cada bispo diocesano deve fazer a Roma, o que geralmente acontece de cinco em cinco anos e por conferência episcopal, na qual apresenta ao Papa o relatório sobre o estado da respectiva diocese e da Igreja no seu país. Segundo a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o Papa vai receber os bispos em dois grupos, estando a primeira audiência agendada entre as 9h30 e as 11h00 9 Segunda-feira, 07-09-2015 (hora local) com os prelados das províncias eclesiásticas de Lisboa e Évora, e o bispo das Forças Armadas e de Segurança. Segue-se a audiência com o segundo grupo de bispos portugueses, da Província Eclesiástica de Braga, culminando num encontro geral, às 12h30 (menos uma hora em Lisboa), no qual o Papa vai discursar perante os 38 bispos que se deslocam a Roma, diocesanos, auxiliares, um coadjutor e eméritos. Na quarta-feira, os bispos estão de novo com Francisco, na audiência geral, às 10h00. A grande maioria dos prelados parte na sexta-feira, sendo que a visita termina no dia 12, com a missa de encerramento. No programa constam encontros com responsáveis de congregações e conselhos pontifícios, assim como celebrações nas quatro basílicas maiores de Roma, de São Pedro, São Paulo, São João e Santa Maria Maior. Os bispos nacionais têm prevista uma missa na Igreja de Santo António dos Portugueses, uma reunião com a Cáritas Internacional e uma recepção e encontro na Embaixada de Portugal no Vaticano. "Como preparação para a visita, todas as dioceses e comissões episcopais já enviaram para Roma os respectivos relatórios", adiantou o porta-voz da CEP. A última visita "ad limina" dos bispos portugueses realizou-se em Novembro de 2007, era Papa Bento XVI, e na ocasião a CEP encetou o "caminho de repensar a pastoral da Igreja em Portugal". O sacerdote referiu que se trata de uma iniciativa "de comunhão e diálogo com o Papa", esperando-se que Francisco "dê orientações para a vida da Igreja em Portugal". A visita a Portugal em 2017, por ocasião do centenário das Aparições de Fátima, "é um aspecto que, certamente, vai ser falado", acrescentou o porta-voz da CEP. Produtores de leite em protesto. Bruxelas discute ajudas ao sector Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, disse apenas esperar "bons resultados" para os produtores de leite portugueses. Foto: Lusa Produtores de leite de vários Estados-membros, incluindo Portugal, manifestam-se esta segunda-feira em Bruxelas por ajudas ao sector em dificuldades, no mesmo dia em que os ministros da Agricultura dos 28 se reúnem para debater a situação do mercado. A análise dos mercados dos sectores agrícolas, com destaque para o do leite e da carne de porco - nos quais a Comissão Europeia reconheceu já haver "dificuldades" - dominam a agenda da reunião dos ministros. Portugal e pelo menos mais três Estados-membros defendem um aumento do preço de intervenção pública no mercado, actualmente fixado nos 0,21 cêntimos. Bruxelas, por seu lado, não quer decisões que afectem a orientação para o mercado estipulada na política agrícola comum. Os preços pagos ao produtor têm sofrido quebras no sector do leite, com uma conjuntura marcada pelo fim das quotas de produção, um regime que terminou a 31 de Março - após 30 anos em vigor -, e pelo embargo da Rússia a produtos da UE. No sábado, em Lamego, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, disse apenas esperar "bons resultados" para os produtores de leite portugueses. Na véspera, na sexta-feira, durante uma visita à AgroSemana, na Póvoa de Varzim, a ministra disse acreditar que serão encontrados mecanismos alternativos ao fim das quotas leiteiras para proteger os produtores nacionais. "Vamos pedir à Comissão Europeia medidas de suporte para este período difícil que os produtores estão a atravessar", garantiu Assunção Cristas, afirmando que, independentemente do desfecho da reunião de hoje, serão tomadas mais medidas de apoio, nomeadamente na valorização e promoção do consumo de leite. 10 Segunda-feira, 07-09-2015 Arranca segunda fase de candidaturas ao ensino superior Alunos de 2015-2016 já colocados nas universidades e politécnicos públicos têm até 11 de Setembro para formalizarem a sua entrada no ensino superior, matriculando-se na instituição em que foram colocados. Foto: DR As matrículas para os alunos colocados no ensino superior na 1.ª fase do concurso nacional de acesso arrancam esta segunda-feira, assim como as candidaturas à 2.ª fase para aqueles que não conseguiram vaga ou pretendem mudar de curso. Os caloiros de 2015-2016 já colocados nas universidades e politécnicos públicos têm até 11 de Setembro para formalizarem a sua entrada no ensino superior, matriculando-se na instituição em que foram colocados. Aqueles que não o fizerem deixam a sua vaga livre para ser ocupada na 2.ª fase do concurso, que decorre entre 7 e 18 de Setembro, com a apresentação de candidaturas através do portal da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES). A 24 de Setembro são divulgados os resultados da 2.ª fase nesse mesmo portal. Das 50.555 vagas levadas a concurso na 1.ª fase sobraram 8.714, que ficam agora disponíveis para a 2.ª fase. A estas podem ainda acrescer outras para as quais não se concretizem matrículas. Acidente com ambulância faz cinco feridos em Canas de Senhorim Feridos foram transportados para o Hospital de São Teotónio, em Viseu. Uma colisão entre uma ambulância e um veículo ligeiro de mercadorias, em Canas de Senhorim, concelho de Nelas, provocou cinco feridos ligeiros. Todas as vítimas do acidente viajavam na ambulância dos bombeiros de Canas de Senhorim, que foram transportados para o Hospital de São Teotónio, em Viseu, disse à agência Lusa fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viseu. Na ambulância seguiam um doente e acompanhante e três bombeiros daquela corporação de voluntários. O acidente ocorreu, pelas 17h44, na estrada que liga Viseu a Nelas (EN 231), na zona de São João da Lourosa, Canas de Senhorim. Para o local foram mobilizados 16 operacionais e meios designadamente dos bombeiros daquela vila e dos Municipais de Viseu, entre os quais quatro ambulâncias e uma viatura médica de emergência e reanimação (VMER) do Hospital de São Teotónio. Médicos de família dizem que aumentar listas de utentes “é inconsequente” Em causa está uma proposta que recompensa monetariamente os médicos de família que aumentem as respectivas listas de utentes em regiões geográficas especialmente carenciadas no rácio entre especialistas clínicos e doentes. Representantes de diversas organizações médicas concluíram este sábado, no final de um encontro, em Lisboa, que a proposta de projecto de lei do Governo para aumentar as listas de utentes em regiões carenciadas "é inconsequente" e "ilude as pessoas". O II Fórum Médico de Medicina Geral e Familiar (MGF), promovido pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) debateu "A evolução da reforma dos CSP - dimensão da lista de utentes do médico de família" com representantes de diversas organizações médicas. Contactado pela agência Lusa, Rui Nogueira, presidente da APMGF, disse que no encontro, foi manifestada a oposição à proposta do Governo, e esse consenso vai ser enviado na próxima semana em carta 11 Segunda-feira, 07-09-2015 ao Ministério da Saúde, "antes que o projecto de lei vá a Conselho de Ministros". Em causa está uma proposta que recompensa monetariamente os médicos de família que aumentem as respectivas listas de utentes em regiões geográficas especialmente carenciadas no rácio entre especialistas clínicos e doentes. A adesão dos médicos é voluntária e temporária - dois anos - visando complementar sobretudo as regiões do Algarve, Alentejo litoral, e Grande Lisboa (Loures, Amadora, Sintra e Cascais). Para Rui Nogueira, o projecto "não é razoável porque, com o aumento de consultas diárias corre-se o risco de má prática, e será inconsequente na redução esperada, iludindo as pessoas". Quando a medida foi anunciada, o Governo disse que esperava que mais 200 mil pessoas pudessem vir a beneficiar destes profissionais de saúde. "Não é possível aumentar mais o número de consultas quando os médicos já estão muito acima do padrão", comentou ainda o presidente da APMGF. Na opinião de Rui Nogueira, só o aumento do número de unidades e de médicos poderá reduzir os 1,2 milhões de utentes que em Portugal não têm actualmente médico de família. Costa quer repor cortes de salários na função pública e as 35 horas semanais Líder socialista deixou fortes críticas à coligação por estarem a esconder aquilo que querem fazer quanto ao futuro. António Costa à chegada a Mangualde. Foto: Nuno André Ferreira/Lusa O secretário-geral do PS, António Costa, promete repor na íntegra o vencimento dos funcionários públicos em 2016 e 2017, garantindo também para a classe a reposição imediata das 35 horas de trabalho semanais, caso seja eleito. "Os nossos compromissos são feitos na medida daquilo que sabemos serem as nossas capacidades. Por isso, dizemos: vamos repor na íntegra o vencimento dos funcionários públicos", afirmou o líder do PS, num jantar-comício, em Mangualde, no distrito de Viseu. António Costa esclareceu que a reposição na íntegra dos vencimentos dos funcionários públicos não será feita de imediato. "Vamos fazê-lo em 2016 e 2017, porque só então o poderemos fazer. O nosso compromisso é com conta, peso e medida para poder ser cumprido", precisou. O líder socialista deixou também a promessa de repor, de imediato, aos funcionários públicos o horário das 35 horas semanais. "Nós dizemos sim, nós reporemos de imediato o horário das 35 horas porque também fizemos as contas e sabemos que podemos repor de imediato as 35 horas na função pública", assegurou. Ao longo do seu discurso, António Costa defendeu que para se fazer política "é necessário ter as contas certas". "Este programa do PS não é só um programa de compromissos escritos: é também um programa de contas certas. Cada uma destas medidas foi avaliada no seu custo e no seu benefício", realçou. No seu entender, não vale a pena prometer agora o que não forem capazes de cumprir caso venham a ser eleitos. "Quem confiou no actual primeiro-ministro e o ouviu prometer que não aumentava os impostos que aumentou, que não cortava as pensões que cortou, como pode voltar a confiar nele nas próximas eleições?", concluiu. Quer ser “primeiro-ministro próximo e solidário para as suas populações” António Costa prometeu fazer no país o que um presidente de câmara faz no seu concelho, caso seja eleito nas próximas eleições legislativas, garantindo proximidade e solidariedade às populações. "Serei o primeiro primeiro-ministro que será no país aquilo que cada presidente de câmara é em cada um dos seus concelhos: um primeiro-ministro próximo e solidário para as suas populações", disse. Costa sublinhou que não é por ter deixado de ser presidente de câmara que esqueceu tudo o que aprendeu enquanto exerceu essas funções. "Quero não só que confiem em mim para estas eleições, como quero que continuem a confiar em mim nas eleições seguintes", acrescentou. O líder socialista recordou que ganhou três mandatos para a Câmara de Lisboa, conseguindo sempre aumentar o número de votos de eleições pata eleições. "Sabem qual é a razão pela qual em cada eleição tive sempre mais votos que na eleição anterior? É porque em cada mandato fiz sempre mais do que tinha prometido nas eleições anteriores e fui aumentando a confiança", sublinhou. Ao longo do seu discurso, António Costa acusou ainda a coligação de direita de esconder aquilo que quer fazer quanto ao futuro. "Passaram meses a perguntar pelo nosso programa e nosso programa está aqui, mas onde está o programa deles? Apresentamos as contas do nosso programa, mas onde estão as contas do programa deles?", questionou. O secretário-geral do PS aludiu ainda ao grande objectivo da coligação para a legislatura, que passava "pôr a economia a crescer e diminuir a dívida". "Chegamos ao fim da legislatura e a economia recuou e a dívida aumentou. Já percebemos que o forte deles não são as contas e, por isso, não querem apresentar contas!", sustentou. 12 Segunda-feira, 07-09-2015 António Costa apontou ainda que a coligação de direita veio dar "palpites sobre as contas do PS, onde demonstram bem que nem se entendem sobre as contas". "Um diz que uma medida custa 9 mil milhões, outro 6 mil milhões e outro 14 mil milhões. Para eles é tudo a mesma coisa: as contas não contam nada porque não são capazes, não foram capazes e não serão capazes de ser gente de contas certas", concluiu. Portas pede que “caso Sócrates” fique fora da campanha Líder centrista quer ainda convencer os indecisos. Jerónimo critica PSD/CDS e PS por “amedrontarem” o povo O secretário-geral comunista insiste que estes partidos estão apenas “preocupados em garantir a continuidade da política de direita”. Jerónimo de Sousa no encerramento da Festa do Avante, o ritual que marca a "rentrée" comunista. Foto: José Sena Goulão/Lusa Foto: Hugo Delgado/Lusa O presidente do CDS, Paulo Portas, afirma que a campanha eleitoral "é sobre política", recusando o contágio com "casos judiciais" e pediu aos candidatos centristas que não os comentem. "Luto pela vitória da coligação porque não quero, como português, que se repitam os mesmos erros, causas e consequências, outra coisa são casos judicias. Não quero candidatos do CDS a comentá-los. Nunca o fizemos, nem fazemos agora. Acreditamos na separação de poderes", afirmou. O também vice-primeiro-ministro falava no encerramento da Escola de Quadros do CDS, em Ofir, a `rentrée` do partido. "Esta campanha eleitoral é sobre política, não é sobre casos judiciais. Fui, porventura, o deputado que mais oposição fez ao antigo primeiro-ministro, achei que a sua política levaria Portugal à ruína e levou mesmo", disse. José Sócrates está desde sexta-feira em prisão domiciliária, em Lisboa, depois de nove meses e meio de prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora, no âmbito da chamada Operação Marquês. Convencer indecisos Paulo Portas pediu ao partido que se dedique a convencer os indecisos e apontou para as "rupturas" e as "convulsões" geradas por eventuais acordos do PS com o PCP e o BE. No discurso, Portas descreveu a coligação PSD/CDS como uma aliança que se "apresenta de forma centrada e tem um programa moderado", em contraste com o PS, "que se radicalizou manifestamente". "É o PS que diz, pela primeira vez em 40 anos, que o país pode ser governado não ao centro, mas com acordos entre o PS e os partidos à esquerda do PS. Legitimamente, nem o PC nem o Bloco aceitam o quadro europeu em que estamos integrados", afirmou o líder centrista. "Uma instabilidade dessa natureza daria cabo da confiança externa e da confiança interna. Peço-vos que não deixem o país entrar em rupturas dessa 13 Segunda-feira, 07-09-2015 natureza ou convulsões dessa ordem", concluiu. O também vice-primeiro ministro dedicou parte substancial da sua intervenção a falar sobre os indecisos, pedindo ao partido dedicação para os ouvir e convencer e distinguiu vários tipos de indecisos, sendo que nesta parte do discurso se referia a "cidadãos que, sabendo que um país europeu basicamente só é governável ao centro, e com compromissos políticos e sociais, ainda não fizeram a sua opção". Soares visita Sócrates em dia de aniversário do antigo primeiro-ministro. "Está muito bem" José Sócrates, que faz 58 anos, está em prisão domiciliária desde sexta-feira. Foto: João Porfírio/Lusa O ex-Presidente da República Mário Soares foi este domingo o primeiro político a visitar o ex-primeiroministro José Sócrates, em prisão domiciliária desde sexta-feira, após mais de nove meses em prisão preventiva na cadeia de Évora. A visita de Mário Soares, que chegou pelas 10h00 à Rua Abade Faria, em Lisboa, ocorre no dia de aniversário de José Sócrates, que faz 58 anos. Apesar de questionado pelos jornalistas à entrada do edifício, Mário Soares escusou-se a fazer comentários sobre o processo. Depois de quase uma hora de visita, Já à saída, Soares afirmou estar "muito satisfeito" por Sócrates já não se encontrar na prisão de Évora e repetiu, por três vezes, que encontrou o ex-líder socialista "muito bem". . O líder histórico do PS evitou responder a quaisquer outras perguntas sobre política e campanha eleitoral. O ex-primeiro-ministro foi detido a 21 de Novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa, no âmbito da "Operação Marquês", indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito. A decisão de alterar as medidas de coacção do antigo primeiro-ministro, o único dos arguidos da "Operação Marquês" que ainda estava na cadeia, foi anunciada na sexta-feira pelo Tribunal da Comarca de Lisboa. Os advogados de defesa de Sócrates já afirmaram ser "insuficiente" esta alteração na medida de coação imposta ao ex-primeiro-ministro e anunciaram que vão recorrer da decisão. [notícia actualizada às 11h47] OPINIÃO Costa nas mãos de Sócrates? A justiça e o líder socialista dão sinais de separação das águas, mas Sócrates e o seu séquito mostram que não é esse o seu caminho. Por Eunice Lourenço Esta já era uma campanha eleitoral contaminada pelo caso Sócrates e agora ainda pode ser mais. Depende em grande parte da vontade do próprio ex-primeiroministro e os sinais que foi dando a partir de Évora não são bons sinais para o PS. José Sócrates colocou os seus interesses próprios acima do interesse do PS. A sua argumentação de que é um preso político e que todo este processo é uma manipulação para prejudicar os socialistas e impedir o regresso do partido ao poder só prejudicam a própria campanha socialista e contrariam as posições públicas de António Costa. A mudança de José Sócrates da prisão preventiva no estabelecimento prisional de Évora para uma casa em Lisboa era esperada, tendo em conta a última revisão da medida de coacção. Foi um bom sinal que tenha acontecido esta sexta-feira e não no limite do prazo, dia 9, data do primeiro debate entre António Costa e Pedro Passos Coelho. A reacção de António Costa também foi boa. Calma, sem ser numa acção de campanha, realista, reconhecendo a relevância mediática do caso, mas esperando que os portugueses saibam distinguir os planos político e judicial. O actual líder socialista tem insistido na separação entre a política e a justiça. Mas sabe bem que quanto mais o caso judicial de Sócrates ocupar o espaço público, menos atenção terão a sua campanha e o programa socialista. Acresce ainda, para António Costa, o problema dos chamados socráticos, como José Lello, que manifestaram grande euforia com a mudança de Sócrates de Évora para Lisboa como se o antigo primeiro-ministro tivesse sido libertado e ilibado de todas as suspeitas. Se a justiça e o líder socialista dão sinais de separação das águas, Sócrates e o seu séquito mostram que não é esse o seu caminho. E até escolha do hotel onde os seus advogados dão este sábado uma conferência de imprensa - o Altis, morada habitual das noites eleitorais do PS e local da sua última derrota nas legislativas de 2011 - poderia ser 14 Segunda-feira, 07-09-2015 apenas uma coinciência, mas parece-me mais um sinal de como José Sócrates quer continuar a implicar o PS no seu processo. FORA DA CAIXA Trump, Clinton, Biden. Santana e Vitorino avaliam a corrida presidencial americana Os comentadores do “Fora da Caixa” ensaiam explicações para o fenómeno Donald Trump, avaliam a campanha de Hillary Clinton e comentam a possível entrada em cena do vice-presidente Joe Biden na corrida à Casa Branca em 2016. "Inovador, genuíno, sem peias, sem freios ou limites”. São vários os termos usados por António Vitorino para descrever o perfil que corresponde a Donald Trump, o candidato que surge à frente no campo republicano que vai lutar pela nomeação para a corrida à presidência dos Estados Unidos em 2016. O antigo comissário europeu considera que a emergência de Trump mostra a debilidade dos adversários e explica-se pelo rasto deixado pelo movimento conservador Tea Party no seio do Partido Republicano. “O Tea Party criou o caldo de cultura, mas tinha calculismo politico. Trump surge em estado de bruto, sem calculismos. É mais genuíno”, assinala Vitorino que acusa aquele movimento de ter criado o "caldo de cultura" para que o discurso de Trump possa ser feito nos Estados Unidos. "A persistência dos resultados dele não é apenas fruto da personalidade bastante controversa do próprio Trump, que diz aquelas enormidades sobre os mexicanos, os hispânicos, que são todos criminosas, traficantes de droga e violadoras”, insiste o antigo ministro socialista no programa “Fora da Caixa”, da Edição da Noite, da Renascença. António Vitorino confessa que nunca esperou que alguém com o discurso e o perfil de Trump pudesse liderar de forma tão persistente as sondagens no campo republicano. Sobre o futuro de Trump, um desejo: “quero ser descrente (numa eleição de Trump) porque acredito na democracia americana. Já Pedro Santana Lopes recorda quão desvalorizado foi o então candidato Ronald Reagan que mais tarde seria eleito Presidente. Mas Reagan, sublinha Santana Lopes, não é Donald Trump. "Eu não quero ofender a memória de um grande presidente dos Estados Unidos nem quero com isso valorizar a figura do senhor Trump, nem pouco mais ou menos. Mas lembro-me que quando apareceu o candidato Ronald Reagan foi muito satirizado, muito menorizado, desprezado, por ser actor de cinema, por uma série de frases mas nunca como estas [de Trump]. E depois foi um grande presidente. Eu devo dizer que não acredito que isso alguma vez venha a acontecer com o senhor Trump. Passar de uma situação em que muitos o satirizam para um dia ganhar eleições e ser um grande presidente ? Nem pouco mais ou menos”, insiste o antigo líder do PSD no debate semanal de temas internacionais da Renascença. Os problemas de Clinton Admirador confesso de Hillary Clinton, Santana Lopes considera que a antiga primeira-dama norteamericana está a conduzir uma campanha muito fraca. “Ela está a fazer uma campanha fraca. Às vezes há o desgaste do ‘produto'. Um rival pode espicaçá-la mas o que tenho visto dela até agora é muito fraco. Não está com força, chama, vitalidade”, observa o socialdemocrata que recentemente se colocou fora da corrida presidencial portuguesa. “Em Portugal tem-se falado muito nisto a propósito de outras disputas. Isto de ir muito cedo para o terreno às vezes tem prós, outras vezes tem contras”, diz Santana, que não acredita em grandes danos na imagem da candidata causados pelo caso dos emails públicos e privados. A polémica foi causada pelo uso indevido de caixas de correio electrónico privadas por Hillary Clinton, para uso público, quando era Secretária de Estado. Hillary Clinton domina as sondagens no campo democrata, mas sobe de tom o rumor de uma possível candidatura do ainda vice-presidente Joe Biden, que o próprio estará ainda ponderar. "O senhor Biden é uma ameaça, não uma confirmação”, adverte António Vitorino. Santana Lopes fala num “ caso curiosíssimo entre a ‘amiga' e o ‘irmão' do Presidente Obama”. O antigo primeiro-ministro lembra que Biden passou pela tragédia recente de perder um filho, causando comoção nos Estados Unidos. “ É um personagem simpático, consensual. Tem estado muito melhor em relação às gafes, mas largado em campanha não sei como será…”, graceja Santana Lopes que, sendo admirador de Hillary, não deixa de fazer uma curiosa análise política no campo democrata. "Não sei se Biden não seria - espero que não tenha que ser - um antídoto mais eficaz contra o senhor Trump. A senhora Clinton tem uma imagem mais contrastante [mas] o senhor Trump tem ar de tudo menos de 'bonus pater familias’. O senhor Biden pode cobrir ali uma parte dos republicanos, para além dos democratas. Não sei se não seria melhor antídoto”, alvitra Santana Lopes. Já António Vitorino chama a atenção para a subida gradual do candidato democrata Bernie Sanders nas sondagens. “É o que está mais à esquerda no partido. O próprio aliás considera-se um socialista, o que nos Estados Unidos não é o mesmo que na Europa. O que significa que há uma franja importante dentro do partido democrata, que também não se revê num jogo clássico. Convenhamos que uma disputa eleitoral entre uma Clinton e um Bush é algo que não se pode considerar muito inovador”, remata o antigo comissário europeu. O programa "Fora da Caixa" é uma parceria da Renascença com a Euranet, que pode ouvir às sextasfeiras depois das 23h00. 15 Segunda-feira, 07-09-2015 Jogo português "eQubes" conquista primeiro lugar na AppStore REVISTA DA IMPRENSA DESPORTIVA Ruiz, Taarabt e Cervi. Os disponíveis e o "desviado" O "eQubes", criado por João Lima, é inspirado em equações e cubos, que têm de ser solucionados em contra-relógio. Foto: RR Foto: DR Um jogo de raciocínio matemático desenvolvido por um aluno de Engenharia da Universidade do Porto (UP) conquista o primeiro lugar na App Store, a loja de aplicações móveis da Apple, e está disponível para equipamentos iPhone e iPad. A Bloomidea, a empresa parceira no projecto, explica, em comunicado, que o jogo "eQubes" é inspirado em equações e cubos, que têm de ser solucionados em contra-relógio. O criador do jogo, João Lima, realça que a aplicação "combina a linguagem universal dos números com o design apelativo e uma interface simples e intuitiva, o que convida qualquer pessoa, de qualquer idade, a jogar". O jogo conta com 21 níveis, composto cada um por seis faces que representam todos os lados de um cubo, onde surgem mosaicos aleatórios com equações para solucionar em apenas dois minutos. À medida que o jogador acumular "equbes" ganha também a possibilidade de comprar mais tempo para resolver os problemas matemáticos com que se vai deparar nos níveis seguintes ou para adquirir a solução para a equação, caso não consiga resolvê-la. "É preciso puxar pela mente e fazer verdadeiras contas de cabeça", lê-se na descrição do jogo disponível na plataforma da Apple que permite fazer o "download" da aplicação, onde se avisa que os utilizadores não vão "dar conta do tempo a passar" pelo facto do jogo ser "viciante". Depois de conquistar o primeiro lugar da App Store para iPad, os responsáveis estão a preparar as próximas fases do jogo com o objectivo de "surpreender ainda mais os apaixonados por números e quebra-cabeças", lê-se ainda na nota informativa. O mercado de transferências já fechou, mas é de reforços que ainda se fala esta manhã nos jornais. Dois que já chegaram e um que estará reservado para Janeiro. A curiosidade deste último é que parece, afinal, estar a caminho para um destino diverso do inicialmente previsto. "Benfica desvia Cervi", destaca O Jogo. Segundo o jornal, "extremo do Rosário Central chega à Luz em Janeiro", comentando sobre o caso que "depois de Mitroglou, [esta é] mais uma ultrapassagem ao Sporting". Quem já ninguém rouba ao Sporting é Bryan Ruiz a quem A Bola dá a sua primeira página. "Quero muito ajudar o Sporting a ser campeão", é a afirmação que o jornal ressalva de uma entrevista dada pelo jogador nos Estados Unidos, onde se deslocou para representar a selecção da Costa Rica. Já no Record é outro reforço, desta feita do Benfica, a dominar a página. "Taarabt está pronto", garante o título. "Marroquino já atingiu os níveis físicos desejáveis" e "até pode ser convocado para defrontar o Belenenses". A selecção nacional, que esta segunda-feira disputa um importante jogo de qualificação na Albânia, também está ao centro das atenções: o Record escreve que a "palavra-chave de Fernando Santos" é "ganhar", O Jogo fala em "fome de golos", com a imagem de Cristiano Ronaldo a acompanhar, e A Bola arrisca uma mudança no 11 inicial face ao utilizado sexta-feira com a França: "CR7 e Danny no ataque em busca da vitória". "Mudar para ganhar" é a ideia passada pelo matutino. Nas laterais, espaço ainda para Gaitán: "Rui Vitória procura alternativa" ao jogador pelo facto de Gaitán chegar apenas "na véspera do jogo com o Belenenses", de acordo com A Bola. O Record aponta para um avançado brasileiro que treinou toda a semana com a equipa principal do Sporting: "Jesus atento a Matheus Pereira". Corona também estás nas primeiras dos três desportivos com diferentes excertos da entrevista que deu ao Excelsior, no México. "Como Corona disse adeus à preguiça" foi o ângulo escolhido pelo diário O Jogo. 16 Segunda-feira, 07-09-2015 FERNANDO SANTOS “É possível vencer, mas vamos sentir muitas dificuldades” Seleccionador admite que vai ser preciso melhorar em relação ao particular com a França e está confiança num bom jogo esta segunda-feira. Foto: Armando Babani/EPA Fernando Santos tem consciência que vai ter pela frente uma Albânia "supermotivada", que está perto de um feito inédito, que é a qualificação para a fase final de um Europeu. "É uma equipa que ainda não perdeu. É uma equipa agressiva, pressionado muito e trabalho muito. É uma equipa cínica que joga no erro do adversário. É possível vencer, mas vamos sentir muitas dificuldades", considerou. O seleccionador nacional assume que Portugal teve muitas dificuldades em criar oportunidades de golo frente à França e que tem que melhorar para poder ganhar segunda-feira, na Albânia, em jogo de qualificação para o Euro2016. "Não criámos muito perigo, é um facto. Temos que melhorar. Quem quer ganhar, obviamente, tem que fazer golos, criar situações e rematar. Sem remates, não há golos. Temos que melhorar, seguramente, se queremos ganhar", afirmou Fernando Santos. O seleccionador nacional, que falava aos jornalistas na conferência de imprensa de antevisão do duelo com os albaneses, referiu que o cenário de uma possível derrota é algo que nem lhe passa pela cabeça e negou que tenha algum "medo" do ambiente vai encontrar em Elbasan. "Quem tem medo compra um cão. Por acaso, até tenho quatro. Mas, não faz muito sentido ter medo do que pode acontecer ou do que vamos encontrar. Se assim fosse, nem estaria aqui", disse o treinador de 60 anos. Questionado sobre a 'seca' de Cristiano Ronaldo, o seleccionador luso mostrou-se confiante no regresso aos golos do 'capitão' já frente à Albânia. "Se fosse outro jogador, todos achariam normal. São três jogos. Mas, como é o Cristiano Ronaldo, todos falam nisso. Ele está muito motivado e quer ajudar a equipa, marcar e ganhar", garantiu o seleccionador. Fernando Santos, que acha difícil que Portugal garanta já a qualificação directa com um triunfo sobre os albaneses, explicou ainda a razão que levou a selecção a não treinar em Elbasan, no palco do jogo, que fica a 50 quilómetros de Tirana, onde a comitiva lusa está instalada. "Queríamos ficar em Elbasan, mas não foi possível. A equipa estava sujeita a uma hora de viagem para ir e outra para voltar, num caminho que não é fácil. Amanhã (segunda-feira), vamos cedo, porque não quero que os jogadores cheguem agoniados, como soube que aconteceu com outras selecções", disse. Às 18h00, a selecção portuguesa de futebol realiza o último treino de preparação para o encontro com Albânia, no Estádio Qemal Stafa, em Tirana, recinto que fica junto à unidade hoteleira em que a comitiva lusa está instalada. Portugal lidera o agrupamento de qualificação para o Europeu do próximo ano, que se vai disputar em França, com 12 pontos, mais um que a Dinamarca (mais um jogo) e Albânia, segundo e terceiro classificados, respectivamente. O Albânia-Portugal, que se vai realizar na cidade de Elbasan, a cerca de 50 quilómetros da capital, está agendado para segunda-feira, às 20h45 locais (menos uma em Portugal) e terá arbitragem do sueco Jonas Eriksson. Seleccionador albanês “ameaça” votar em Messi se Cristiano Ronaldo não tiver “calma” Gianni De Biasi surgiu bem humorado na conferência de imprensa de lançamento do jogo contra Portugal de qualificação para o Euro 2016. O seleccionador da Albânia, o italiano Gianni De Biasi, pediu ao português Cristiano Ronaldo para ter "calma" no encontro de segunda-feira, de apuramento para o Euro 2016, senão irá votar em Lionel Messi na próxima Bola de Ouro. Questionado em conferência de imprensa sobre como é que a sua equipa irá marcar o 'capitão' da selecção lusa, De Biasi brincou com a situação e avançou que, caso Ronaldo saia de Elbasan com um grande exibição, o seu voto será para o avançado argentino na próxima edição da Bola de Ouro. "Espero que ele jogue com calma, pois eu votei nele na última eleição da Bola de Ouro. Caso contrário, vou votar no Messi", afirmou o treinador italiano, na antevisão do encontro do Grupo I de qualificação para o Europeu do próximo ano. O seleccionador albanês admitiu que o encontro frente a Portugal poderá ser decisivo na corrida ao Euro2016 e enalteceu o trabalho de Fernando Santos desde que tomou conta da formação das 'quinas'. 17 Segunda-feira, 07-09-2015 "Estamos numa fase decisiva da qualificação e vamos ter pela frente um adversário muito forte e que é líder do grupo. Depois de jogar connosco (derrota por 1-0, em Aveiro), Portugal tem feito um trabalho muito bom", referiu.De Biasi ainda tem "algumas dúvidas" na equipa inicial que vai apresentar contra Portugal, mas garantiu que os seus jogadores "vão dar tudo" no relvado da Arena Elbasan. "A equipa que vou apresentar, irei decidir amanhã (segunda-feira) de manhã. Mas, garanto-vos que vamos dar o nosso melhor contra um adversário forte e que tem muito talento", concluiu o seleccionador albanês. Portugal lidera o Grupo I de qualificação para o Europeu do próximo ano, que se vai disputar em França, com 12 pontos, mais um do que a Dinamarca (mais um jogo) e a Albânia, segunda e terceira classificadas, respectivamente. O Albânia-Portugal está agendado para segunda-feira, às 20h45 locais (19h45 em Portugal), e terá arbitragem do sueco Jonas Eriksson. João Sousa qualificado no US Open em ténis Português segue em frente na vertente de pares e aguarda pelos adversários. O tenista João Sousa conseguiu o apuramento para os quartos-de-final da variante de pares do US Open em ténis, quarto 'Grand Slam' da temporada, resultado que lhe permite igualar o registo de Nuno Marques, em 2000. O tenista português, 140º da hierarquia de pares, que partilha a 'quadra' com o argentino Leonardo Mayer, 62º, deixaram pelo caminho a dupla de 'especialistas' formada pelo britânico Colin Fleming, 78º, e o filipino Treat Huey, 49º, numa batalha de três 'sets' (6-4, 3-6 e 6-3). Depois de vencerem o primeiro parcial, por 6-4, a dupla luso-argentina acabou por ceder o segundo parcial, por 3-6, ao permitir a 'quebra' de serviço no único ponto de 'break' que tiveram contra em todo o encontro. No terceiro parcial, Sousa e Mayer voltaram a elevar o nível de jogo, o que lhes permitiu aproveitar uma das três pontos de 'break' que dispuseram, para fechar o decisivo parcial com 6-3, em 1h49. Ao atingir os quartos de final de um 'major', Sousa iguala o melhor registo de sempre de um português num dos quatro grandes torneios da modalidade, já que, também na variante de pares, no ano de 2000, o actual seleccionador português atingiu os 'quartos' do Open da Austrália. João Sousa e Leonardo Mayer esperam agora o desfecho do encontro 100% norte-americano, que irá opor Steve Johnson e Sam Querrey a Michael Russel e Donald Young, para conhecer os adversários dos quartos de final. CICLISMO Joaquin Rodríguez vence etapa de montanha em Espanha Liderança está presa por um segundo. Joaquin Rodriguez venceu e festejou no Alto de Sotres, em domínios de Pelayo. Foto: Javier Lizon/EPA O espanhol Joaquin Rodríguez , da Katusha, venceu a etapa da Volta a Espanha em bicicleta que terminou no Alto de Sotres, na província das Astúrias. Fabio Aru segurou a liderança, por um segundo. O arranque de Purito Rodriguez, já dentro do último quilómetro, foi decisivo para deixar os adversários para trás. Em segundo lugar ,chegou Rafal Majka (Tinkoff) a 12 segundos, logo seguido pelo resto do grupo dos favoritos. O polaco subiu ao terceiro lugar na geral, a 1.24 do camisola vermelha, Aru. O holandês Tom Dumoulin (Giant) perdeu 50 segundos, mas mantém-se na corrida pela geral. O português André Cardoso (Cannondale) subiu um lugar na geral e é 17º, o melhor entre os ciclistas lusos. 18 Segunda-feira, 07-09-2015 Hamilton continua a dominar Fórmula 1 Campeão do Mundo tem sete vitórias em 12 corridas e lidera destacado. do Madeira Island Ultra Swim, um evento que juntou 25 nadadores com o desafio de ligar as duas ilhas. Miguel Arrobas, que fez a prova sem fato, afirmou à Renascença que foi muito difícil devido ao vento e à ondulação. "A travessia saiu do ilhéu da Cal, ali em Porto Santo, que marca o fim do lugar mais próximo da ilha da Madeira e foi daí até à ponta de São Lourenço. Foi uma travessia muito difícil porque as condições estavam, de facto, extremamente complicadas com ondulação muito alta e vento muitas das vezes contrário - aliás, na maior parte do tempo vento contrário. A corrente no fim da travessia também foi contrária. Portanto não tivemos nada a ajudar hoje". Este evento está a realizar-se desde o dia 1 de Setembro e termina este domingo. Quanto a uma próxima travessia, Miguel Arrobas refere que “eventualmente” será nos Açores, mas ainda aguarda por um patrocínio que lhe permita “fazer mais uma da Oceans Seven, uma das sete travessias maiores do mundo.” Lewis Hamilton. Foto: Srdjan Suki/EPA O britânico Lewis Hamilton (Mercedes) somou o sétimo triunfo da época no Mundial de Fórmula 1, ao vencer o Grande Prémio de Itália, 12ª prova do campeonato, disputado no circuito de Monza. O campeão em título, que partiu da 'pole' e liderou a corrida do princípio ao fim, passou a contar 252 pontos, agora mais 53 do que o seu companheiro de equipa, o alemão Nico Rosberg, que desistiu quase no final, quando era terceiro. O germânico Sebastian Vettel (Ferrari) ficou no segundo lugar e é terceiro no campeonato, com 178 pontos, a 21 de Rosberg e 74 de Hamilton, enquanto o brasileiro Felipe Massa (Williams) fechou o pódio. Miguel Arrobas fez 40 quilómetros a nadar na Madeira Prova durou cerca de 12 horas, este sábado. Foto: Lusa (arquivo) O ex-nadador olímpico Miguel Arrobas completou este sábado a travessia de 40 quilómetros, entre Porto Santo e o Funchal, em 12 horas. A participação do atleta aconteceu na primeira edição Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luís Ramos Pinheiro e Ana Lia Martins Braga. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcopal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa.