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NURIA PACHECO FAGUNDES
ANÁLISE DA LIPODISTROFIA ATRAVÉS DO PERFIL LIPÍDICO E
GLICÊMICO EM PACIENTES HIV POSITIVOS
CANOAS, 2007
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NURIA PACHECO FAGUNDES
ANÁLISE DA LIPODISTROFIA ATRAVÉS DO PERFIL LIPÍDICO E
GLICÊMICO EM PACIENTES HIV POSITIVOS
Trabalho de conclusão apresentado para
a banca examinadora do curso de
Nutrição do Centro Universitário La Salle
– Unilasalle, com exigência parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em
Nutrição, sob orientação da Prof. Me.
Lívia Trois.
CANOAS, 2007
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TERMO DE APROVAÇÃO
NURIA PACHECO FAGUNDES
ANÁLISE DA LIPODISTROFIA ATRAVÉS DO PERFIL LIPÍDICO E GLICÊMICO
EM PACIENTES HIV POSITIVOS
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de
Bacharel do Curso de Nutrição, do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, pela
seguinte banca examinadora:
Prof. Me. Lívia Trois
Unilasalle
Prof. Esp. Carmem Kieling Franco
Unilasalle
Prof. Me. Paula Campagnolo
Unilasalle
Canoas, 04 de dezembro de 2007.
3
Dedico o presente trabalho a todas as pessoas que, diretamente ou indiretamente,
contribuíram para que ele se efetivasse.
Dedico principalmente a Deus, que está me ajudando a dar um passo muito
desejado por mim.
4
Aos meus pais, por tudo que fizeram, sem nunca terem exigido nada em troca. A
Prefeitura Municipal de Canoas/RS especialmente ao enfermeiro Paulo e a
farmacêutica Valeska, pelas informações e materiais fornecidos.
Meus sinceros agradecimentos aos meus professores da Unilasalle, por todos os
conhecimentos que me foram passados durante os anos de faculdade, e a minha
Orientadora Profª Ms. Lívia Tróis pela paciência e colaboração que foi de
fundamental importância na realização deste trabalho. Aos amigos de todos os
momentos Thais, Carol e Alexandre que durante todos estes anos estiveram sempre
ao meu lado.
5
“Sonhe como se fosse viver para sempre , viva como se fosse morrer amanhã.”
James Dean.
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RESUMO
Avanços importantes aconteceram no tratamento da infecção pelo vírus HIV, a
introdução das terapias anti-retrovirais, fez com que a população infectada tenha
maior acesso às medicações e um significativo aumento na sobrevida desta
população, diante da utilização á longo prazo das terapias anti-retrovirais surgem
novas co-morbidades da infecção e também inúmeros efeitos colaterais,
principalmente as alterações metabólicas, tornando a AIDS uma doença crônica.
Dentro deste quadro destacam-se as alterações metabólicas, mais relatadas nesta
população, a lipodistrofia que resulta em um aumento dos triglicerídeos e colesterol,
diminuição do colesterol HDL e o aumento do colesterol LDL, associado ao risco de
doenças cardiovasculares, além da resistência insulínica e o aumento dos níveis de
glicose. Visamos identificar a lipodistrofia e suas alterações metabólicas através dos
dados laboratoriais de 70 pacientes em uso de terapia anti-retroviral em atendimento
no Serviço de Atendimento Especializado do Município de Canoas. Através dos
resultados encontrados neste estudo, demonstram não haver diferenças
significativas entre os tipos de tratamento, em relação aos itens triglicerídeos,
colesterol e glicemia de jejum. Diante da inconsistência dos dados encontrados nos
prontuários dos pacientes analisados, sugerimos a criação de um protocolo de
atendimento onde constem todos os dados necessários para o acompanhamento,
tratamento e prevenção de doenças associadas ao HIV, também achamos de
extrema importância elaborar um manual de orientação ao paciente soropositivo, a
fim de orientar sobre o manejo nutricional em situações corriqueiras do dia a dia e
assim aumentar a adesão ao tratamento medicamentoso.
Palavras-chaves: lipodistrofia, HIV, nutrição, terapia anti-retroviral.
7
ABSTRACT
Important advances occurred in the treatment of infection by HIV, the introduction of
anti-retroviral therapies, made the people infected have greater access to
medications and a significant increase in survival of this population, given to the use
of long-term anti-retroviral therapies emerging new co-morbidities of infection and
also numerous side effects, mainly the metabolic alterations, making AIDS a disease
chronic. Within this framework it is the metabolic changes, most reported in this
population lipodystrophy that results in an increase in triglycerides and cholesterol,
decreased HDL cholesterol and an increase in LDL cholesterol, associated with the
risk of cardiovascular diseases, in addition to resistance insulin and increased the
levels of glucose. Visamos identify the lipodystrophy and metabolic alterations of data
through laboratory of 70 patients in use of Antiretroviral Therapy in attendance at the
customer service line of Specialized Municipality of Canoas. Based on data found the
results of this study showed no significant differences between the types of
treatment, in relation to the items triglycerides, cholesterol and blood glucose levels
of fasting. Given the inconsistency of the data found in the records of the patients
tested, we suggest the creation of a protocol of care which contain all the data
necessary for monitoring, treatment and prevention of diseases associated with HIV,
also think of extreme importance prepare a guidance manual to HIV positive patient,
in order to guide management on the nutrition in situations of day to day and thus
increasing adherence to drug treatment.
Key words: lipodystrophy, HIV, nutrition, Antiretroviral Therapy.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Condições clínicas associadas a contagem de células CD4..................... 15
Tabela 2 - Recomendação de Inicio de Terapia Anit-retroviral.................................. 18
Tabela 3 - Esquemas de terapia anit-retroviral.......................................................... 19
Tabela 4 - Interações fármaco-nutriente ................................................................... 23
Tabela 5 - Valores de referência Colesterol e Triglicerídeos ..................................... 30
Tabela 6 - Número de pacientes em uso de terapia anti-retroviral ............................ 32
Tabela 7 - Descrição do perfil imunológico e comparação entre os grupos .............. 33
Tabela 8 - Perfil lipídico dos pacientes ...................................................................... 34
Tabela 9 - Perfil glicêmico dos pacientes .................................................................. 35
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 11
2.1 Incidência do HIV .............................................................................................. 11
2.2 Transmissão do vírus HIV ................................................................................ 13
2.3 Diagnóstico ........................................................................................................ 13
2.4 Fases clínicas do HIV ........................................................................................ 14
2.5 Tratamento ......................................................................................................... 16
2.6 Classe de remédios anti-retrovirais ................................................................. 16
2.7 Terapia anti-retroviral........................................................................................ 17
2.8 Efeitos colaterais da medicação ...................................................................... 19
2.9 Síndrome lipodistrófica ou lipodistrofia.......................................................... 20
2.10 Interação fármaco-nutrientes ......................................................................... 22
2.11 Alimentação ..................................................................................................... 24
2.12 Avaliação nutricional ...................................................................................... 27
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 28
3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 28
3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 28
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 29
4.1 Amostra .............................................................................................................. 29
4.2 Coleta de dados ................................................................................................. 29
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 32
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 36
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 39
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41
ANEXO A .................................................................................................................. 44
10
1 INTRODUÇÃO
Diante do crescente aumento da população infectada com o vírus HIV,
atualmente no Brasil, já foram identificados cerca de 433 mil casos, de acordo com o
Ministério da Saúde de 2006 este número refere-se à identificação do primeiro caso
de AIDS, em 1980, até junho de 2006.
Avanços importantes aconteceram no tratamento da doença, a introdução das
terapias anti-retrovirais (HAART – highly avtive antiretroviral therapy), fez com que a
população infectada pelo vírus HIV tenha maior acesso às medicações, o impacto
destas novas terapias resultou na diminuição da letalidade da doença e
conseqüentemente o aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos pacientes
soropositivos. (ALMEIDA, 2006).
Entretanto, os benefícios do uso das medicações são acompanhados de
inúmeros efeitos colaterais, principalmente as alterações metabólicas, tornando a
AIDS uma doença crônica. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).
Dentre as alterações metabólicas mais relatadas nesses indivíduos destacamse a lipodistrofia, aumento de triglicérides e colesterol, diminuição do colesterol HDL
e o aumento do colesterol LDL, associado ao risco de doenças cardiovasculares,
além da resistência insulínica e o aumento dos níveis de glicose. (GUIMARÃES,
2005)
A motivação inicial deste trabalho foi replicar o estudo realizado com
pacientes soropositivos “Distribuição da Gordura Corporal e Perfis Lipídicos e
Glicêmico de Pacientes infectados pelo HIV” autora Milena Maria M. Guimarães e
colaborados na população de pacientes do Município de Canoas, porém frente à
dificuldade de acesso aos dados de prontuários dos pacientes por indeterminação
das datas de consultas e exames realizados, modificamos a metodologia do estudo
e o mesmo não assemelhou-se tanto ao proposto inicialmente, diante disso
identificamos a lipodistrofia através da análise dos dados de perfil lipídico e glicêmico
dos pacientes.
11
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Incidência do HIV
A taxa de incidência de infecção pelo HIV foi crescente até metade da década
de 90, alcançando, em 1998, cerca de 19 casos de AIDS por 100 mil habitantes. O
país acumulou cerca de 183 mil óbitos até dezembro de 2005. Até 1995, a curva de
mortalidade acompanhava a de incidência, quando atingiu a taxa de 9,7 óbitos por
100 mil habitantes. Após a introdução da terapia anti-retroviral, observou-se uma
queda na mortalidade, a partir de 2000, observa-se uma estabilização em cerca de
6,3 óbitos por 100 mil. Além disso, entre 1993 e 2003, observou-se um aumento de
cerca de cinco anos na expectativa de vida, em ambos os sexos, refletindo um
aumento na sobrevida dos pacientes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)
De acordo com Joint United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS), 38
milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo HIV (UNAIDS, 2004). Já no
Brasil de acordo com dados do Ministério da Saúde de 2004, a incidência é de 593
mil pessoas infectadas de 15 a 49 anos, sendo 208 mil mulheres e 385 mil homens.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
A figura 1 apresenta os dados do Boletim da UNAIDS do número aproximado
de adultos e crianças vivendo com HIV no mundo.
12
Figura 1 - Número de portadores de HIV no mundo em 2006
Fonte: UNAIDS, 2006
No Brasil, a Aids tem se tornado uma sub-epidemia, atingido, de forma
intensa, os usuários de drogas injetáveis, homossexuais e, no início da década de
80, os indivíduos que receberam transfusão de sangue e hemoderivados. Até
metade da década de 90, das taxas de incidência, a região Sul e Sudeste eram as
que concentravam cerca de 80% dos casos, entretanto, estas regiões seguem um
processo de estabilização, diferente de outras regiões do Brasil que os índices
continuam crescentes. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)
Atualmente, a taxa de incidência do HIV mantém-se, ainda, em patamares
elevados, com índices de 18 casos por 100 mil habitantes, tendo uma tendência de
crescimento entre as mulheres, diminuição dos números de casos em menores de 5
anos e no sexo masculino, redução das taxas de incidência nas faixas etárias de 13
a 29 anos e crescimento nas faixas etárias a partir dos 40 anos. Entre as mulheres,
observa-se, após 1998, a tendência à estabilidade entre a faixa etária de 13 a 24
anos, com crescimento em praticamente todas as outras faixas etárias.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)
13
2.2 Transmissão do vírus HIV
O vírus HIV está presente no sangue e nos fluidos corporais das pessoas
infectadas e, também, no leite materno. As formas de transmissão se dão por
relações sexuais sem o uso de preservativo com pessoas infectadas, pelo
compartilhamento de agulhas e seringas com pessoas infectadas, transfusão de
sangue infectado, contato de sangue contaminado com cortes ou feridas, durante a
gravidez, no momento do parto ou durante o aleitamento materno, da mãe
contaminada para o bebê e em alguns casos de procedimentos invasivos devido à
possibilidade dos instrumentos (bisturis, pinças, alicates de unhas, agulhas para
tatuagens) utilizados não serem estéreis ou não terem sido esterilizados
adequadamente. (Recomendações para profilaxia da Transmissão Vertical do HIV,
Ministério da Saúde 2006)
2.3 Diagnóstico
O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito em laboratórios, a partir da
realização de testes sorológicos, o mais utilizado é o teste ELISA, após o resultado,
se positivo, o paciente deve realizar outro teste Western Blot para a confirmação do
diagnóstico. O tempo necessário para que o exame detecte a presença do HIV na
corrente sangüínea é geralmente de 3 a 12 semanas após o contato com o vírus,
com período médio de aproximadamente dois meses. Esse tempo decorrido entre a
exposição ao HIV e a detecção de anticorpos pelos testes sorológicos
(soropositivação para o HIV), é chamado de janela imunológica. Por isso, é preciso
estar atento a esse período em casos de risco de infecção recente e resultado
negativo de sorologia anti-HIV. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)
O HIV (sigla originada do inglês Human Immunodeficiency Vírus que em
português significa Vírus da Imunodeficiência Humana) é um vírus que pertence a
classe dos retrovirus. O HIV age no interior das células do sistema imunológico, ao
infectar as células, o HIV passa a fazer parte do código genético. As células do
sistema imunológico mais atingidas pelo vírus são os linfócitos T CD4+ (principais
14
agentes de proteção contra infecções), usadas pelo HIV para fazer cópias de si
mesmo. A infecção pelo HIV causa depleção progressivamente das células CD4+, o
que leva à imunodeficiência, complicações neurológicas, infecções oportunistas e
neoplasias. Os portadores de HIV necessitam de monitorização imunológica
freqüente, teste de carga viral (que mede a quantidade de vírus presente na corrente
sangüínea), através da mensuração de cópias de HIV-RNA/ml ou mm³ de plasma
sangüíneo.(MINISTÈRIO DA SAÚDE, 2007)
O resultado ideal que reflete boa resposta ao tratamento medicamentoso
deve ser o mínimo detectado ou indetectável, quanto maior for a quantidade de
carga viral é sinal de que o vírus está se multiplicando no organismo, ficando o
paciente mais susceptível a doenças oportunistas. Há diferentes tipos de testes de
carga viral, alguns não conseguem detectar quantidades menores do que 400 ou
500 cópias de HIV, mas outros são capazes de detectar quantidades de até 20-50
cópias. Portanto, “carga viral indetectável” não pode ser considerada sinônimo
inexistência de vírus no organismo. O teste de carga viral e de contagem de células
CD4, que mede a contagem de células CD4 é representada pelo número de
linfócitos sanguíneos expressando CD4, que juntos representam a probabilidade de
doenças oportunistas atingirem o sistema imunológico, e expressam o risco a longo
prazo e a evolução da doença e óbitos relacionados à AIDS. (MAHAN, 2002)
2.4 Fases clínicas do HIV
A Aids (sigla originada do inglês, Acquired Immune Deficiency Syndrome, que
em português significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença que
se manifesta após a contaminação do organismo pelo HIV, e é desencadeada ao
longo do tempo, em decorrência da infecção pelo vírus, possui quadro de
enfermidades ocasionadas pela perda das células de defesa CD4, resultando em
diversas fases clínicas:
a) Infecção Aguda: infecção aguda pelo HIV, geralmente manifesta-se algumas
semanas após o contato infeccioso e o diagnóstico raramente é feito, uma vez
que seus sintomas são confundidos por doenças virais. Pode ocorrer rápida
replicação viral, com síndrome aguda caracteriza por febre, mal-estar,
15
odinofagia, faringite, cefaléia, astenia, rasch cutâneo, fotofobia, erupções
cutâneas. Estes sintomas iniciais duram em média um mês, que é o período
entre a infecção inicial e a soroconversão, onde ocorrem o desenvolvimento
de anticorpos contra o HIV. Quando do aparecimento na corrente sangüínea,
de anticorpos contra o HIV, os indivíduos com ou sem sintomas, possuem o
teste positivo para HIV.
b) Fase Assintomática por HIV: a fase assintomática é aquela que o portador de
HIV não possui manifestações clinicas, se houverem são poucas, mas podem
passar despercebidas. Nessa etapa podem ocorrem à perda de massa magra
sem aparente perda de peso total, deficiência de vitamina B12 e
suscetibilidade á infecções ocasionadas por falta de cuidados com a
alimentação e água.
c) Fase Sintomática Inicial: está fase carateriza-se pelos sintomas, tais como:
febre, sudorese, problemas cutâneos, fadiga. Nessa fase podem ocorrer
declínio no estado nutricional e na composição corporal.
d) AIDS: se manifesta após a infecção do organismo humano, é quando portador
do vírus HIV apresenta pelo menos uma condição clinica potencialmente fatal
e correlacionada à imunossupressão. É incerto até o momento se os
portadores de HIV eventualmente desenvolvem AIDS. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2007)
As condições clinicas associadas à contagem de células CD4 na infecção
pelo HIV podem ser vistas na tabela 1.
Tabela 1- Condições clínicas associadas a contagem de células CD4
Contagem de Células CD4
Condição
200 – 500 mm³
Candidíase oral (perda de apetite,
alterações de paladar) sarcoma de
kaposi, reativação de tuberculose,
herpes zóster, sinusite, pneumonia
bacteriana
200 – 100 mm³
Herpes simples, pneumonia por
Pneumocystiis carinii (tosse, dispnéia,
fraqueza, anorexia)
100 – 50 mm³
Infecções
fúngicas,
meningite,
histoplasmose, tuberculose primária,
crisptosporidiose,
infecções
do
intestino
delgado
e
grosso,
toxoplasmose,
leucoencefalopatia
muitifocal e progressiva, neuropatia
periférica e carcinoma cervical.
50 – 0 mm³
Citomegalovírus, linfoma não-hodgkin,
complexo de demência da AIDS.
FONTE: Adaptado de MAHAN,2002.
16
2.5 Tratamento
Os objetivos do tratamento serão fundamentados frente às complicações da
doença e do estado nutricional do paciente. Assim, os principais objetivos do
tratamento são prolongar o tempo e a qualidade de vida a longo prazo da pessoa
infectada, suprimir o vírus a níveis mais baixos possíveis, otimizar e estender a
utilidade das terapias anti-retrovirais, diminuir os efeitos colaterais que as drogas
podem causar, bem como a toxicidade das drogas. (MAHAN,2002)
2.6 Classe de remédios anti-retrovirais
O Brasil foi um dos primeiros países sub-desenvolvidos a ter distribuição
gratuita das medicações que são as chamadas terapias anti-retrovirais que,
combinadas, formam os coquetéis. Pelo menos três drogas de duas categorias
diferentes são utilizadas simultaneamente. Com o tempo o vírus pode sofrer
mutações e desenvolver resistência a certos medicamentos. (ALMEIDA, 2006)
Os tipos de medicações utilizadas para o tratamento da infecção pelo HIV
são:
→ Inibidores de Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos: agem
inibindo a transcriptase reversa do vírus HIV, criando versões defeituosas,
impedindo que o vírus faça cópias de seus próprios genes. Alguns
medicamentos dessa classe são: lamivudina, zidovudina, estavudina,
didanosina, abacavir e o tenofonir.
→ Inibidores não-nucleosídeos da transcriptase reversa: agem de forma
parecida aos da classe anterior, também afetando o processo de replicação
do HIV ao aderir à transcriptase reversa. Alguns medicamentos dessa classe
são: efavirez e nevirapina.
→ Inibidores de Protease: agem na enzima protease, também interferindo no
processo de replicação do vírus. São eles: o indinavir, o nelfinavir, o
saquinavir, o atazanavir, o amprenavir e o lopinavir/ritonavir. (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2007)
→ A figura 2 demonstra o mecanismo de ação dos medicamentos antiretrovirais.
17
Figura 2 - Mecanismo de ação dos anti-retrovirais
Fonte: Arq Bras Endocrinol Metab vol 49 nº 6 Dezembro 2005
2.7 Terapia anti-retroviral
As terapias anti-retrovirais altamente ativas, como são chamadas, vêm
melhorando o prognóstico dos indivíduos infectados pelo HIV. (ALMEIDA, 2006)
A carga viral juntamente com a contagem de células CD4 é utilizada para
determinar o início da terapia anti-retroviral, o principal objetivo da terapia é retardar
a progressão da imunodeficiência e restaurar a imunidade, aumentando a qualidade
de vida da pessoa infectada. Entretanto, a evolução natural da infecção pelo HIV
caracteriza-se por intensa e contínua replicação viral em diversos compartimentos
celulares e anatômicos, que resulta principalmente na destruição de linfócitos T que
expressam o antígeno CD4 (linfócitos T-CD4+) e de outras células do sistema
imune. A depleção progressiva dos linfócitos T-CD4+, em conjunto com outras
modificações do sistema imune, leva a imunodeficiência que em sua forma mais
grave manifesta-se por meio de infecções oportunistas e neoplasias que
caracterizam a AIDS. Portanto, o objetivo da terapia anti-retroviral é a supressão
18
intensa e contínua da replicação viral, para diminuir e/ou reverter o dano
imunológico. (BRASIL, 2003)
O início da terapia anti-retroviral é indicada para todo o paciente com
manifestações clínicas associadas ao HIV, independente da contagem de linfócitos
T-CD4 e da carga viral plasmática, e para pacientes com contagem de linfócitos TCD4 abaixo de 200mm³, independente da presença de sintomas ou da carga viral.
Para portadores assintomáticos com contagem de linfócitos T-CD4 entre 200 e
350mm³, devem ser monitorados clinica e laboratorialmente em intervalos mais
curtos, de no mínimo três vezes ao ano. Já portadores que possuem contagem de
linfócitos T-CD4 acima de 350mm³ o tratamento não está indicado. A terapia antiretroviral inicial geralmente é composta por dois Inibidores de Transcriptase Reserva
Análogos de Nucleosídeos (ITRN) associados a um Inibidor de Transcriptase
Reserva Não – Análogos de Nucleosídeos (ITRNN). (BRASIL, 2003)
A tabela 2 apresenta resumidamente as recomendações para o inicio da
terapia anti-retroviral, conforme contagem de células CD4 e sintomatologia.
Tabela 2 - Recomendação de Inicio de Terapia Anit-retroviral
Sintomatologia/CD4
Tratamento
Assintomáticos sem contagem de CD4
Assintomáticos
350mm³
com
CD4
maior
Não Tratar
de
Assintomático com CD4 entre 200 e
350mm³
Não Tratar
Considerar tratamento
Assintomático com CD4 menor 200mm³
Tratamento e quimioprofilaxia
Doença oportunista
da
Sintomáticos
Tratamento e quimioprofilaxia
Doença oportunista
da
FONTE: Adaptado de Recomendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos e Adolescentes
Infectados pelo HIV 2002/2003 Ministério da Saúde
A tabela 3 apresenta os esquemas de terapia anti-retroviaris utilizados
conforme a contagem de células CD4.
19
Tabela 3 - Esquemas de terapia anit-retroviral
Sintomatologia/CD4
Terapia anti-retrovirall
Assintomático com CD4 < 200/mm3
ou
Sintomático
2 ITRN + ITRNN 1, 2
ou
2 ITRN + IP
Assintomático com CD4 entre 200350/mm3
2 ITRN + ITRNN 3
ou
3 ITRN 4
Assintomático CD4 > 350/mm3
NÃO TRATAR
FONTE: Adaptado de Recomendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos e Adolescentes
Infectados pelo HIV 2002/2003 Ministério da Saúde
2.8 Efeitos colaterais da medicação
De acordo com a combinação de medicamentos, os efeitos colaterais podem
ser muitos e variados, sendo os mais comuns: reações cutâneas, febre, sintomas
gastrointestinais (náuseas, vômitos,diarréia), anemia, cefaléia, insônia, cansaço,
neuropatia
periférica,
pancreatite,
nefrotoxicidade,
hepatoxicidade,
distúrbios
metabólicos e síndrome da lipodistrofia. Embora os anti-retrovirais posam causar
algumas reações indesejáveis, muitas vezes após o primeiro mês de uso de
medicamentos, os efeitos desaparecem ou atenuam. (Manual Clinico de
Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIV, 2006).
A avaliação nutricional é muito importante não somente para detectar
distúrbios nutricionais e possíveis efeitos colaterais que as medicações podem
causar em pacientes soropositivos em uso de terapia anti-retroviral, mas também
para o aconselhamento nutricional, pois será neste momento que serão feitas as
alterações dietéticas necessárias para a recuperação e manejo dos distúrbios
nutricionais apresentados pelo paciente. (ALMEIDA, 2006)
20
2.9 Síndrome lipodistrófica ou lipodistrofia
Pacientes em uso de terapia anti-retroviral de alta potência, podem
desenvolver como efeito colateral da terapia anti-retroviral uma síndrome metabólica,
conhecida como Síndrome Lipodistrófica que acomete portadores do vírus HIV. Esta
síndrome caracteriza-se pela perda de gordura subcutânea (lipoatrofia) na face
(conhecida como “face de cavera”), braços e pernas, com acúmulo de gordura
(lipohipertrofia) no tecido adiposo intra-abdominal (aumento da circunferência
abdominal, aumento do volume das mamas e no pescoço (conhecida como giba de
búfala). Alterações metabólicas significativas acompanham as mudanças corporais,
sendo mais comum o aumento dos níveis séricos de triglicérides e colesterol,
diminuição do colesterol HDL e o aumento do colesterol LDL, associado ao risco de
doenças cardiovasculares, além da resistência insulínica e o aumento dos níveis de
glicose. (GUIMARÃES, 2005)
Acredita-se que a causa desta síndrome seja a terapia anti-retroviral
prolongada já que a prevalência de lipodistrofia em usuários de inibidor de protease
é cerca de 64% e de 10,5% em homens e mulheres, respectivamente. (VALENTE,
2005)
Muitos estudos vêm demonstrando que o uso de inibidor de protease não é
fator único e isolado que leva a síndrome da lipodistrofia, pacientes sem o uso de
terapia anti-retroviral ou com outros esquemas de medicações também apresentam
as alterações semelhantes a da síndrome da lipodistrofia. Levando a acreditar que a
própria doença possa provocar esta alteração. (VALENTE, 2005).
Muitos fatores, de etiologias diferentes, vêm sendo relacionados com a
síndrome da lipodistrofia, tais como o tipo e o tempo de uso da terapia anti-retroviral,
tempo de infecção pelo vírus HIV, danos do sistema imunológico, sexo, idade, tipo
de
dieta,
massa
corporal
antes
do
início
da
terapia
anti-retroviral.
(GUIMARÃES,2005)
Estudos demonstram que a hiperglicemia acomete de 1% a 6% dos
portadores de HIV em tratamento com inibidores de proteases. Em muitos casos o
portador de HIV apresenta a resistência à insulina e não é diabético, isso se deve,
muito provavelmente, ao fato do vírus HIV agir diretamente nas células do pâncreas
e na secreção de insulina. Já as dislipidemias são mais freqüentes, e acometem
21
aproximadamente 70% dos portadores do vírus HIV em tratamento com antiretrovirais com graves alterações no perfil lipídico, com aumento do risco de doenças
cardiovasculares, as dislipidemias; sendo mais comum em portadores HIV que
utilizam Inibidores de Proteases e com alterações na gordura corporal. As alterações
mais encontradas são hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, com diminuição dos
níveis de HDL colesterol e aumento do LDL colesterol. Há estudos que relatam que
os inibidores de proteases ligam-se aos receptores LDL, mas estes mecanismos não
são totalmente conhecidos. (GUIMARÃES, 2005)
Estudos demonstram que pacientes em uso de inibidores de proteases
possuem aumento de 5 a 15 vezes nas concentrações séricas de triglicérides e 5 a
19 vezes de colesterol. (CHENCINSKI, 2006)
No estudo de TROIN (2005) analisaram-se 151 pacientes HIV positivos sendo
66 usuários de inibidores de protease e 85 usuários de outras terapias antiretrovirais, do total de pacientes analisados 87,42% apresentaram algum tipo de
alteração lipídica, sejam elas altos índices de triglicerídeos, colesterol total elevados,
HDL-c baixo e LDL-c aumentado. Dos pacientes em uso de IP 59,09% apresentaram
distúrbios de triglicerídeos, 37,88% apresentaram colesterol total elevado, 22,73%
apresentaram LDL-c elevado e 77,27% apresentaram HDL-c abaixo das
recomendações. Já os pacientes em uso de outras terapias anti-retrovirais 54,76%
apresentaram distúrbios de triglicerídeos, 38,09% apresentaram colesterol total
elevado, 30,38% apresentaram LDL-c elevado e 53,57% apresentaram baixo níveis
de HDL-c.
Estas alterações metabólicas vêm se tornando um efeito adverso freqüentes
das novas terapias anti-retrovirais, uma vez que alguns efeitos podem ser
irreversíveis e além de afetarem a estética, também a auto-estima e o psicológico
dos pacientes em tratamento podendo comprometer a adesão ao mesmo.
(GUIMARÃES, 2005)
Em casos extremamente graves de lipodistrofia, os pacientes são
encaminhados para uma cirurgia para preenchimento cutâneo, onde é injetada uma
substância, chamada metacrilato, ou então recorrer ao enxerto, para preenchimento
da área, diminuindo a profundidade e melhorando o aspecto do rosto. (GAPA, 2007)
Os exercícios físicos podem ser utilizados como uma estratégia terapêutica
para amenizar ou retardar o desenvolvimento de algumas complicações decorrentes
da infecção pelo HIV e ou da medicação anti-retroviral. Exercícios aeróbicos
22
associados a exercícios de resistência que definam os músculos são indicados.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007)
Bem como a mudança nos hábitos e estilo de vida e acompanhamento
nutricional com alimentação saudável, dieta balanceada evitando o consumo
excessivo de gorduras, prática de exercício físico, ou a troca da terapia
medicamentosa utilizada podem melhorar algumas complicações da síndrome da
lipodistrofia. (MAHAN, 2002)
Apesar de que no estudo de TERRY e colaboradores, com 30 pacientes HIV
positivos assintomáticos em uso de inibidor de protease e/ou inibidor de
transcriptase não-nucleosídeo reversa, em um programa de condicionamento físico
aeróbico acompanhado de uma dieta com baixos teores de lipídios não demonstrou
mudanças significativas em relação a triglicerídeos, colesterol total e frações, porém
melhoram a capacidade funcional dos pacientes. Os achados deste estudo estão
em contradição com os resultados de estudos prévios sobre o efeito de
condicionamento físico com dislipidemias em uso de anti-retrovirais.
Em casos em que uma dieta balanceada não resolve os altos níveis de
colesterol e triglicerídeos, algumas terapias medicamentosas podem ser orientadas
com prescrição médica, tais como os antilipemiantes pravastatina, atorvastatina e
bezafibrato, mas deve-se fazer o monitoramento das funções renais e hepáticas,
pois podem potencializar nefrotoxicidade e hepatotoxicidade. (VALENTE, 2005)
2.10 Interação fármaco-nutrientes
Algumas drogas anti-retrovirais usadas no tratamento do HIV e das doenças
associadas podem provocar alterações na digestão, absorção de nutrientes,
podendo assim levar a déficit nutricional do indivíduo. Por isso, existem algumas
observações diante da alimentação e o uso de algumas drogas.
A tabela 4 apresenta de forma esquematizada as interações fármaco nutrientes, as reações adversas e recomendações para a atenuar os possíveis
efeitos colaterais. (Manual Clinico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos
Infectados pelo HIV, 2006)
23
Tabela 4 - Interações fármaco-nutriente
Droga
Zivodudina
(AZT)
Interação
Recomendações
Evitar alimentos
gorduroso. Pode ser
administrado com ou
sem alimentação
Abacavir
Não consta
Com alimentação pode
(ABC)
diminuir a absorção.
Didanosina Com alimentação
Diarréia, aumento de
30 minutos antes ou 2
diminui a
ácido úrico,
horas depois das
absorção do
hipertriglicemia,
refeições. Não utilizar
fármaco
hiperglicemia, neuropatia com antiácido Al ou Mg.
periférica e hipertensão
Tenofonir
Com alimentação
gordurosa.
Estavudina
Neuropatia periférica,
Com ou sem
(D4T)
dislipidemias,
alimentação
lipodistrofia,
Lamivudina
Diarréia, náusea, vômito, Com ou sem alimento
(3TC + AZT)
anorexia
ITRNN
Evitar alimentos
Efavirenz
Alimentos
Diarréia, náusea, võmito,
gordurosos
dislipidemias, lipodistrofia gorduroso. Com ou sem
alimentação.
aumenta a
absorção do
fármaco
Ritonavir
Diarréia, náusea, vômito,
dislipidemias,
hiperglicemia, aumento
de ácido úrico, DM,
lipodistrofia,
Nefirapina
Com ou sem
alimentação
Indinavir
Alimentação
Diarréia,náusea, vômito, 1h antes ou 2 h depois
diminui absorção
nefrolitíase,
da alimentação,com
do fármaco
hiperglicemia, DM,
água.
lipodistrofia,
dislipidemias.
Nelfinavir
Saquinavir
Dieta rica em
gorduras diminui
absorção
Reações Adversas
ITRN
Anemia, depleção de
Zinco e Cobre, diarréia,
náusea, vômito e
anorexia
hiperglicemia
Alimentação
melhora a
absorção do
fármaco.
Alimentação
melhora a
absorção do
fármaco.
IP
Diarréia, dislipidemia,
lipodistrofia.
Com alimentação
Dislipidemia, lipodistrofia
Com alimentação.
24
Lopinavir
Amprenavir
Atazanavir
Alimentação
melhora a
absorção do
fármaco
Alimentos
gorduros
aumentam a
absorção do
fármaco
Intolerâncias TGI
Diarréia, dislipidemias e
lipodistrofia
Com alimentação
Dislipidemias e
lipodistrofia
Com alimentação
gordurosa
Com Alimentação
Fonte: Adaptado Manual Clinico de Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo
HIV, 2006
2.11 Alimentação
A infecção por HIV resulta em complicações e riscos nutricionais para os
pacientes em qualquer etapa da doença, e existem grandes evidências de que uma
intervenção nutricional influencia na melhora da saúde destes pacientes. A
intervenção nutricional vai depender do quadro clinico do paciente, ou seja, das
complicações que ele apresentar devido às alterações metabólicas, do estágio da
doença, da existência de doenças oportunistas e secundárias e do estado
nutricional, além de depender dos fármacos utilizados, observando-se a sua
interação com os nutrientes.(Manual Clinico de Alimentação e Nutrição na
Assistência à Adultos Infectados pelo HIV, 2006)
Vários fatores são relacionados ao estado nutricional dos portadores do Vírus
HIV dentre eles: anemia, desnutrição, diarréia, obesidade, hipovitaminoses, bem
como, fatores sociais, econômicos, biológicos, podem levar a diminuição da ingestão
de alimentos e/ou alimentos de má qualidade. (CUPPARI, 2005).
Diante desses fatores, os portadores de HIV devem possuir atendimento
nutricional especializado, para que possam prevenir doenças e melhorar seu estado
nutricional. São freqüentemente relacionadas à infecção pelo HIV: perda de peso,
depleção de massa corporal, diminuição das espessuras de dobras cutâneas e
circunferência
de
braço,
capacidade
de
ligação
de
ferro
diminuída
e
hipoalbuminemia. (GUIMARÃES, 2005)
Deve-se assim ressaltar a importância de uma alimentação equilibrada,
variada em nutrientes, para evitar possíveis deficiências de vitaminas e minerais,
25
anemia, desnutrição energético-protéica e atenuar os efeitos colaterais da terapia
anti-retroviral. (MAHAN, 2002)
O consumo adequado de nutrientes é de suma importância para manter ou
recuperar o estado nutricional dos portadores de HIV e prevenir a perda de peso e a
desnutrição, porém algumas situações podem afetar a ingestão alimentar, tais como:
falta de apetite, náuseas, vômitos, odinofagia, dispnéia, fadiga, alterações de
paladar. (CUPPARI, 2005)
Deve-se também observar a possibilidade de surgirem efeitos adversos
decorrentes do uso da terapia anti-retroviral, ingestão inadequada de alimentos, má
absorção intestinal e realizar o aconselhamento nutricional de forma a orientar e
esclarecer os portadores de HIV e amenizar os sintomas.
O nutricionista deve
demonstrar ao paciente que uma alimentação saudável pode ajudar a melhorar o
quadro clinico e motivar o paciente a mudanças e, assim, fazer com que o paciente
perceba a importância do alimento na manutenção da saúde. (MAHAN, 2002)
Algumas orientações e recomendações dietoterápicas para a anorexia a
serem abordadas pelo nutricionista visando estimular a ingestão adequada e
aumento do aporte calórico dos alimentos são: estimular o paciente a fazer as
refeições e lanches pequenos, porém fracionados com intervalos menores de tempo,
reforçar o café da manhã, quando a falta de apetite é menor, comer os alimentos
preferidos com maior freqüência, evitar beber líquidos preferencialmente após as
refeições, nunca antes ou durante, fazer uso de bebidas energéticas vitaminas de
frutas, sopas, mingaus e sucos, evitar bebidas dietéticas, adicionar leite em pó,
cremes, açúcar ou mel ao café ou chá, para aumentar a concentração de energia,
modificar o tempero da comida, acrescentando novos condimentos, para estimular o
apetite, fazer as refeições em ambiente agradável e tranqüilo. (Manual Clinico de
Alimentação e Nutrição – Assistência a Adultos Infectados pelo HIV, 2006)
Outros efeitos colaterais das medicações comumente encontradas em
pacientes HIV positivos em uso de terapia anti-retroviral são náuseas e vômitos.
Nestes casos o profissional nutricionista deve orientar o paciente, a dar preferência
aos alimentos secos, tipo bolacha salgada, antes de levantar-se, fracionar as
refeições durante o dia, não ficar sem alimentar-se por muito tempo, pois poderá
aumentar as náuseas, dar preferência para alimentos frios, mastigar bem os
alimentos, preferir alimentos de fácil digestão, tipo batata, arroz e frango e chupar
pedras de gelo pode amenizar os sintomas. Orientar também em relação ao que
26
pode ser evitado, para que não haja piora do quadro clínico sendo assim, evitar
ingerir líquidos durante as refeições, evitar deitar-se após as evitar frituras, alimentos
muito gordurosos ou doces. (CUPPARI, 2005)
Dentre os efeitos colaterais mais presentes em pacientes HIV positivos a
diarréia é a mais relatada e provavelmente uma das principais causas de
desnutrição no HIV. Na presença deste quadro alguns alimentos podem provocar
diarréia por isso deve-se contra-indicar o uso de leites e derivados, sendo, neste
caso, uma boa alternativa é substituir por leite de soja e derivados. Também e
aconselhável evitar o consumo de alimentos ricos em fibras, como verduras cruas,
cascas e bagaços de frutas, cereais, evitar alimentos flatulentos, tais como feijão,
repolho, brócolis, couve-flor, couve, e, evitar alimentos gordurosos. (CUPPARI,
2005)
Nas alterações da velocidade do transito intestinal aconselha-SE o consumo
de carnes brancas, o fracionamento da alimentação, e o consumo de leite
fermentado ajuda a melhorar a flora intestinal, bem como aumentar o consumo de
líquidos para evitar a desidratação. (Manual Clinico de Alimentação e Nutrição –
Assistência a Adultos Infectados pelo HIV, 2006)
Muitos pacientes HIV positivos apresentam alterações no trato gastrointestinal entre elas as inflamações bucais, e conseqüentemente dificuldade de
deglutição, nesses casos o profissional nutricionista deve orientar o consumo de
alimentos macios, pastosos ou líquidos, evitando assim alimentos em temperaturas
quentes, crocantes e alimentos ácidos, condimentados e picantes podem ser
irritantes da mucosa inflamada. (Manual Clinico de Alimentação e Nutrição –
Assistência a Adultos Infectados pelo HIV, 2006)
Além de todas as alterações no trato gastro-intestinal algumas medicações
podem afetar o paladar e alterar o sabor de alguns alimentos. Freqüentemente
pacientes HIV positivos relatam aversão a carne vermelha, muito provavelmente
pelo sabor metalizado deixado pelas medicações, nestes casos estimular o paciente
a condimentar as preparações dos alimentos, usar temperos naturais para estimular
o paladar. Nos caso de sabor metalizado na boca, substituir a carne vermelha por
carne branca, utilizar limão para intensificar e ressaltar o sabor dos alimentos.
(CUPPARI, 2005)
27
2.12 Avaliação nutricional
A influência da nutrição na saúde do indivíduo é medida pela avaliação do
estado nutricional, que expressa o quanto as necessidades fisiológicas de nutrientes
estão sendo atendidas. Na avaliação nutricional é extremamente importante, pois é
onde poderão ser identificados os problemas nutricionais e assim colaborar para a
recuperação e promoção da saúde (MARCHIONI, 2004).
As necessidades energéticas diárias dos indivíduos variam de acordo com a
idade, sexo, peso, altura, atividade física, composição corporal e condições
fisiológicas. (CUPPARI, 2005)
A antropometria é usada para avaliar o tamanho e as proporções dos
segmentos corporais, a gordura total e regional no organismo, mas é útil também
para identificar os riscos associados às porcentagens de gordura muito reduzidas ou
elevadas, monitorar mudanças na composição corporal associadas a certas
patologias ou ao crescimento, desenvolvimento, maturação e idade, estimar o peso
ideal de um indivíduo e formular recomendações dietéticas. (VASCONCELOS, 1991)
Para adultos utiliza-se como parâmetro o Índice de Massa Corporal (IMC)
peso em quilogramas divididos pela altura em metros ao quadrado (kg/m2); e
classificado segundo OMS 1997, já a medida de circunferência da cintura indica
acúmulo de gordura na região abdominal, o quem tem revelado fator de risco pra
doenças cardiovasculares (DCV). (CUPPARI, 2005)
Nessa avaliação para termos um melhor diagnóstico nutricional é necessário
elaborar uma coleta de dados com todos os itens a serem avaliados, tais como:
sexo, idade, condições socioeconômicas, história familiar, patologias, uso de drogas
e medicações, prática de atividade física, peso, altura, IMC, dobras cutâneas e
hábitos alimentares. Os fatores a serem analisados não dependem somente dos
sintomas da infecção pelo HIV, também deve-se levar em consideração os padrões
alimentares, uso de terapia anti-retroviral, e os impactos da terapia sobre a saúde do
indivíduo. (MAHAN, 2002)
28
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Identificar a lipodistrofia na população de pacientes do Município de Canoas
através da análise de dados do perfil lipídico e glicêmico.
3.2 Objetivos específicos
-
Revisar e analisar os dados sobre a síndrome lipodistrófica e suas
implicações no estado nutricional dos portadores do vírus HIV;
Elaborar um manual de orientações nutricionais para o tratamento das comorbidades e acompanhamento de portadores do vírus HIV;
Criar um protocolo para acompanhamento nutricional dos pacientes.
29
4 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal. O público alvo foram portadores do vírus
HIV, de ambos os sexos, em atendimento no Serviço de atendimento especializado
(SAE), do Município de Canoas, um serviço que presta atendimento de diferentes
especialidades, como clínica geral, pediatria, ginecologia, enfermagem, odontologia,
farmacêutica, além da distribuição dos medicamentos aos pacientes portadores do
vírus HIV inscritos no Município.
O programa possui 794 pacientes inscritos para a retirada de medicação, no
mês de Setembro de 2007 foram atendidos 532 pacientes, nas seguintes
especialidades: dentista, 73 consultas; psicólogo, 52 consultas; clinico geral, 258
consultas; pediatra, 48 consultas; ginecologista, 101 consultas; enfermagem, 111
consultas; e distribuição de remédios (farmácia), 70 consultas.
4.1 Amostra
A amostra deste trabalho consta de 70 pacientes em atendimento no SAE e
que retiraram a medicação na primeira quinzena de setembro, representando
aproximadamente 10% da população total.
4.2 Coleta de dados
O objetivo inicial do trabalho era realizar anamnese com os pacientes e
analisar os dados antropométricos e exames laboratoriais, porém, não foi possível
30
realizar estas análises, pois os pacientes só teriam novas consultas em um período
de 3 meses, então analisamos os dados dos prontuários.
A partir disso os dados foram coletados e obtidos através dos prontuários dos
pacientes, analisando-se as variantes sexo, idade, contagem de carga viral e células
CD4, colesterol total, triglicerídeos, glicemia de jejum e medicação utilizada no
tratamento e que seus exames laboratoriais não ultrapassassem 1 ano da data da
coleta.
A coleta dos dados foi realizada na primeira quinzena do mês de Setembro de
2007 e teve duração de 5 encontros juntamente com a farmacêutica responsável
pela distribuição das medicações e em algumas ocasiões juntamente do enfermeiro
chefe do SAE.
A autorização para a realização do estudo se deu por meio de um Protocolo
de solicitação de pesquisa para o Município de Canoas (número do Protocolo
18028/2007) e a Secretaria de Saúde juntamente com a Vigilância Sanitária
autorizou a realização do estudo. (anexo1)
Os critérios de seleção para inclusão no estudo foram pacientes portadores
do vírus HIV em utilização das medicações Atazanavir (inibidor de protease) Kaletra
(Lopinavir + Ritonavir) (inibidor de protease) ou Efavirenz (inibidor transcriptase
reversa não nucleosídeo), que retiraram a medicação no mês de setembro/2007 e
apresentavam os exames laboratoriais do perfil lipídico e glicêmico.
Foram excluídos do estudo portadores do vírus HIV que faziam utilização
outras terapias anti-retrovirais, crianças, pacientes sem os exames laboratoriais
analisados ou que ultrapassassem um ano da data de coleta do exame.
Os parâmetros utilizados para os índices séricos de colesterol e triglicerídeos
foram os valores de referência para o risco de doenças cardiovasculares (DCV), uma
vez que as dislipidemias no paciente HIV não possuem um consenso específico para
o seu tratamento, conforme a tabela 5.
Tabela 5 - Valores de referência Colesterol e Triglicerídeos
Índice Sérico
Desejável
Limite de Risco
Alto Risco
Colesterol Total
Colesterol LDL
Colesterol HDL
Triglicerídeo
< 200 mg/dl
< 130 mg/dl
> 60 mg/dl
< 200 mg/dl
200 – 239 mg/dl
130 – 159 mg/dl
200 – 400 mg/dl
≥ 240 mg/dl
≥ 160 mg/dl
< 35 mg/dl
> 1.000 mg/dl
Fontes:Valores de referência para risco de DCV de acordo com o Guia Nacional Cholesterol
Education Program
31
A análise dos dados foi feita através do Programa Excel. Os pacientes foram
divididos em 3 grupos, conforme a terapia anti-retroviral utilizada (Atazanavir, Kaletra
e Efavirenz) e também para a população geral, e a partir disso foi calculado média,
mediana e percentual de cada grupo e conforme as variantes analisadas (colesterol,
triglicerídeos e glicemia de jejum).
32
5 RESULTADOS
A amostra consta de 70 pacientes, sendo 37 do sexo feminino (52,8%) e 33
do sexo masculino (47,2%) e variou de 20 a 62 anos.
Dos 70 pacientes incluídos no estudo que estavam em uso da terapia antiretroviral, 22 (31,43%) eram usuários de Atazanavir, 25 (35,72%) usuários de Kaletra
e 23 (32,85%) usuários de Efavirenz.
A tabela 6 mostra de forma esquemática quantos dos 70 pacientes estavam
usando cada tipo de droga anti-retroviral e qual sua classe.
Tabela 6 - Número de pacientes em uso de terapia anti-retroviral
Terapia anti-retroviral
Atazanavir
Kaletra
(lopinavir+ritonavir)
Efavirenz
Classe de medicamentos
Inibidor de protease
Inibidor de protease
Nº pctes %
22 (31,43%)
25 (35,72%)
Inibidor não nucleosídeo
de transcriptase reversa
23 (32,85%)
Os dados referentes à carga viral encontrados na população total foi em
média de 13.615 rna/ml, o valor mínimo encontrado foi < 50 rna/ml ou (indetectável)
e o valor máximo foi 260.064 rna/ml estratificando por tratamento os valores médios
encontrados em uso de atazanavir foi de 3.505 rna/ml, o valor mínimo foi < 50 rna/ml
ou (indetectável) e o máximo foi de 30.418 rna/ml, em usuários de kaletra o valor
médio encontrado foi de 11.538 rna/ml, o valor mínimo foi de < 50 rna/ml ou
(indetectável) e o valor máximo foi de 260.064 rna/ml e em usuários de Efavirez a
média encontrada foi de
25.542 rna/ml, o valor mínimo foi de < 50 rna/ml ou
(indetectável) e o valor máximo foi de 158.383 rna/ml.
Em relação a contagem de células CD4 a média da população total foi de
371,5 cel/ml, o valor mínimo foi de 10 cel/ml e o máximo foi de 1.161 cel./ml e
estratificado em cada tratamento a média foi de 435,6cel/ml em usuários de
33
atazanavir, sendo o valor mínimo encontrado 40 cel/ml e o valor máximo
1.059cel/ml, em usuários de kaletra a média obtida foi de 393,7 cel/ml, o valor
mínimo foi de 91 cel./ml e o valor máximo foi de 1.161cel/ml, já em usuários de
efavirenz a média encontrada foi de
285,9 cel/ml, o valor mínimo foi de 10 cel./ml
e o valor máximo encontrado foi de 794 cel/ml.
Na tabela 7 estão apresentados resumidamente os dados coletados
relacionados ao perfil imunológico dos pacientes.
Tabela 7 - Descrição do perfil imunológico e comparação entre os grupos
Carga viral rna/ml
População total
População em uso de
atazanavir
Média
13615
Mediana
22,03
3505
174
População em uso de
kaletra
11.538
0
Polpação em uso de
efavirenz
25.541
112
Contagem de células
CD4 cel/ml
Média
Mediana
371,5
328
435,6
392
População em uso de
kaletra
393,7
378
População em uso de
efavirenz
285,9
250
População total
População em uso de
atazanavir
Os dados da análise do perfil lipídico em relação ao triglicerídeos a média da
população total foi de 138,6mg/dl, o valor mínimo foi de 50 mg/dl e o máximo foi de
547 mg/dl. Já separados por tratamento os resultados encontrados foram de
131,8mg/dl para usuários de atazanavir, sendo o valor mínimo de 50 mg/dl e o valor
máximo foi de 219 mg/dl, o valor médio para usuários de kaletra foi de 140,9mg/dl,
sendo o valor mínimo encontrado de 67/mg/dl e o valor máximo encontrado foi 265
mg/dl e em usuários de efavirenz a média ficou em 142,7mg/dl, sendo o valor
mínima de 63 mg/dl e o máximo de 547 mg/dl.
34
Em relação ao colesterol, na população total foi em média de 176,4mg/dl, o
mínimo encontrado foi de 102 mg/dl e o máximo foi de 318 mg/dl. Por tratamento a
média foi de 165,2mg/dl para usuários de atazanavir, o valor mínimo foi de 118 mg/dl
e o valor máximo 296 mg/dl, nos usuários de kaletra a média foi de 183,3mg/dl, o
valor mínimo foi de 115 mg/dl e o máximo foi de 309 mg/dl e em usuários de
efavirenz a média foi de 179,7mg/dl, sendo o valor mínimo encontrado de 102 mg/dl
e o máximo de 318 mg/dl. A tabela 8 apresenta os dados de perfil lipídico dos
pacientes.
Tabela 8 - Perfil lipídico dos pacientes
Triglicerídeos mg/dl
Média
Mediana
População total
138,6
126,5
131,8
133,5
140,9
134,5
142,7
118
Média
Mediana
176,4
171
165,2
153,5
183,3
180,5
179,7
172
População em uso de
atazanavir
População em uso de kaletra
População em uso de
efavirenz
Colesterol mg/dl
População total
População em uso de
atazanavir
População em uso de kaletra
População em uso de
efavirenz
Do total dos pacientes analisados, somente 6 (8,6%) apresentaram alterações
de triglicerídeos e 15 (21,5%) apresentaram alterações no colesterol total.
Quando separados por sexo as mulheres apresentaram maior tendência de
aumento dos níveis de colesterol e triglicerídeos sendo que a média respectivamente
foi de 140,76 mg/dl e 180 mg/dl,nos homens a média foi de respectivamente de
136,2mg/dl e 172,4 mg/dl.
Os valores médios de glicemia de jejum encontrados na população total foram
de 87,6mg/dl, o valor mínimo encontrado foi de 57 mg/dl eo máximo foi de 278
mg/dl.
Separados por tratamento, em usuários de atazanavir a média foi de 91,3
mg/dl, sendo o valor mínimo encontrado foi de 57 mg/dl e o valor máximo
encontrado foi de 278 mg/dl, em usuários de kaletra a média foi de 87 mg/dl, o valor
35
mínimo foi de 65 mg/dl e o máximo foi de 114 mg/dl e usuários de efavirenz a média
encontrada foi de 84,7 mg/dl, sendo o valor mínimo 61 mg/dl e o valor máximo foi de
119 mg/dl. A tabela 9 apresenta os valores de glicemia de jejum dos pacientes.
Do total de pacientes analisados 13 (18,6%) apresentaram alterações na
glicemia de jejum.
Tabela 9 - Perfil glicêmico dos pacientes
Glicemia de jejum
mg/dl
Média
Mediana
População total
População em uso
de atazanavir
87,6
87,61
91,3
81,5
População em uso
de kaletra
87
89
População em uso
de efavirenz
84,7
83
36
6 DISCUSSÃO
Devido à inexistência de um protocolo de atendimento não há padrão na
coleta de informações dos prontuários, muitos prontuários consultados para a coleta
dos dados não possuíam todos os dados necessários para uma avaliação e
diagnóstico da lipodistrofia, tais como: tempo de uso da terapia anti-retroviral, perfil
lipídico e glicêmico antes do inicio da administração da terapia, peso, altura, pregas
cutâneas, percentual de gordura, circunferência de abdominal e de cintura.
Baseados nos dados encontrados os resultados deste estudo mostram não
haver diferenças significativas entre eles tipos de tratamento, em relação aos itens
triglicerídeos, colesterol e glicemia de jejum. Os pacientes foram divididos conforme
a terapia anti-retroviral utilizada, quando separados por classes de remédios os
dados também não apresentaram diferenças significativas.
Por esse motivo o presente estudo observou a necessidade e a importância
da elaboração de um protocolo de atendimento sugerido no anexo 2, para que se
possa facilitar o trabalho da equipe multidisciplinar e criar uma estratégia de
acompanhamento, prevenção e tratamento dos pacientes HIV em atendimento no
SAE.
Também achamos de extrema importância criar um manual de orientação
nutricional para os portadores de HIV, anexo 3, visando alcançar maior adesão ao
tratamento, pois disponibilizará ao paciente informações necessárias para o manejo
nutricional de inúmeras situações que a medicação e a doença impõe ao dia a dia e
assim enfatizar os cuidados com a saúde e com as condições higiênico-sanitárias
que são muito importantes em frente ao quadro de possíveis doenças transmitidas
pelos alimentos e pela sua manipulação.
Devido ao pequeno número de pacientes HIV positivos que retiram a
medicação no período de coleta de dados, o tamanho da amostra limitou a avaliação
do impacto nas alterações analisadas em cada tipo de classe medicamentosa.
37
São poucos os estudos que avaliam o impacto da terapia anti-retroviral nas
medidas antropométricas, perfil lipídico e glicêmico de pacientes portadores de HIV,
tal como o de Guimarães, 2005 no estudo com 172 pacientes sendo 130 pacientes
em uso de terapia anti-retroviral e 42 pacientes não usuários, os resultados
demonstram que há uma alteração no perfil lipídico, com aumento sérico de
triglicérides e de colesterol quando comparado com pacientes soropositivos não
usuários de terapia anti-retroviral. As médias de colesterol encontradas no presente
estudo foram de 194,6 mg/ml em usuário de terapia e 156,6 mg/ml em não usuários,
em relação ao triglicerídeos a média foi de 221,2 mg/dl para usuários e 113,2 mg/ml
para não usuários de terapia anti-retroviral. Os usuários de anti-retrovirais tiveram
maior relação cintura/quadril e menores pregas cutâneas que não usuários, o que
demonstra a modificação e redistribuição da gordura, com acúmulo de gordura
abdominal e perda de gordura subcutânea.
Segundo Filho, 2007 os fatores de risco para a lipodistrofia são a exposição
aos IP, idade, CD4 baixo, carga viral elevada, tempo de duração da terapia antiretroviral com maior incidência em mulher e raça branca.
No estudo de Mansur e colaboradores, com 8 pacientes infectados pelo HIV,
desses, 4 pacientes apresentaram a lipodistrofia entre 2 e 18 meses após o inicio do
tratamento com anti-retrovirais.
No estudo de Guimarães (2005), homens HIV positivos em tratamento com
anti-retroviral têm 4 vezes mais probabilidade de desenvolver diabetes do que os
homens HIV negativos de acordo com uma análise de 1.278 homens, em nosso
estudo não achamos dados semelhantes a este relatado.
Já as mulheres de acordo com a pesquisa norte-americana de Dolan, 2005
apresentam aumento nos riscos de doenças cardiovasculares sendo o principal fator
a redistribuição da gordura corporal e a síndrome da lipodistrofia, em nosso estudo
as mulheres apresentaram maior tendência de aumento dos níveis de colesterol e
triglicerídeos sem que a média respectivamente foi de 140,76 mg/dl e 180 mg/dl, nos
homens a média foi de respectivamente de 136,2mg/dl e 172,4mg/dl.
Estudos demonstram que pacientes em uso de inibidores de proteases
possuem aumento de 5 a 15 vezes nas concentrações séricas de triglicérides e 5 a
19 vezes de colesterol (CHENCINSKI, 2006). Em nosso estudo o percentual de
alterações em relação as concentrações séricas de triglicerídeos foi 8,6% dos
pacientes e nos níveis de colesterol total foi de 21,5% da população em estudo.
38
No estudo de Troin (2005), com avaliação de 151 pacientes
em uso de
terapia anti-retroviral sendo 66 pacientes usuários de inibidor de protease e 85 com
outras terapias, do total de pacientes em estudo 87,4% houve alguma alteração
lipídica.
Em estudo com 223 portadores de HIV/AIDS de Jaime, (2004) demonstrou
que o sobrepeso é o maior desvio do estado nutricional atingindo 30,5% dos
pacientes, em nosso estudo não foi possível avaliar todos dados referentes a IMC
por falta de informações encontradas nos prontuários. Mas seria muito importante a
avaliação do IMC, pois ele poderá nos informar sobre o estado nutricional prévio do
paciente e há relação com dados de perfil lipídico do paciente.
É necessária a investigação por meio de uma anmenese bem elaborada
sobre a história familiar de dislipidemias, diabetes, doenças cardiovasculares, para
associá-las á lipodistrofia, como sugere nosso protocolo de atendimento.
Os pacientes soropositivos necessitam de dosagem anual do perfil lipídico
antes do inicio da terapia anti-retroviral e um acompanhamento trimestral após o
inicio da terapia para o diagnóstico precoce da lipodistrofia e que facilitará para início
de uma intervenção nutricional.
O presente estudo não pode fazer a comparação entre usuários de terapia
anti–retroviral e não usuários, pois toda a população atendida no SAE recebe
tratamento medicamentoso, e os não usuários são atendidos em outros locais de
Canoas.
Devido inconsistência dos dados nos prontuários, este estudo não pode ser
tomado como base, quando comparado com outros estudos previamente já
elaborados.
39
7 CONCLUSÃO
É muito importante os profissionais de saúde traçarem estratégias e diretrizes
visando um aumento da expectativa e da melhora da qualidade de vida dos
portadores de HIV. O aumento da sobrevida dos portadores de HIV é razão
fundamental para uma intervenção nutricional que visa melhorar o estado nutricional
e a qualidade de vida destes pacientes, pois estão sujeitos á doenças oportunistas.
O trabalho de uma equipe multidisciplinar deve ter o intuito de buscar a
melhor reabilitação do pacientes.
A inserção de um profissional nutricionista na equipe multidisciplinar do SAE
Canoas é de extrema importância, uma vez que o profissional nutricionista está apto
a utilizar as suas ferramentas de trabalho como um protocolo para avaliar o estado
nutricional dos portadores do HIV, para diagnosticar seu estado, visando à melhora
da sua qualidade de vida.
A combinação de dados antropométricos, de composição corporal, de
inquéritos alimentares e dos resultados de exames laboratoriais representam o
método mais apropriado para traçar o diagnóstico nutricional, bem como, a melhor
adequação no acompanhamento e intervenções nutricionais.
Com o advento e introdução das terapias anti-retrovirais, a partir de 1996 os
índices de mortalidade por HIV diminuíram assim como as infecções oportunistas,
aumentando a expectativa de vida desses pacientes, todavia estas medicações
podem levar a síndrome da lipodistrofia que a longo prazo podem interferir na
adesão ao tratamento anti-retroviral, provocando agravamento no quadro clinico do
paciente e a perda qualidade de vida.
Com isso devemos criar linhas de pesquisas que trabalhem esses temas,
criar consenso para o tratamento das alterações da síndrome, o conhecimento e a
avaliação precoce dessas alterações metabólicas e o tratamento adequado visando
diminuir os efeitos colaterais e as co-morbidades.
40
Como se trata de um estudo transversal que se limita a analisar as medidas
realizadas num único momento, sem analisar o progresso, recomenda-se um estudo
longitudinal com uma amostra maior para melhor caracterizar as variantes.
41
REFERÊNCIAS
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Nutrição e Aids na Era da Terapia Antiretroviral de Alta Atividade. Jornal brasileiro
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da imunodeficiência adquirida. HCFMUSP Unidade de Cardiologia do Instituto do
Coração. São Paulo, 2005. v. 5.
44
ANEXO A
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL PACIENTES HIV/AIDS
PERFIL NUTRICIONAL
Data: ___/___/___
1.DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: ____________________________________________________
Nº CADASTRO: ____________
1. Data nascimento.:_____________________________________ 2. Idade: ___________________
3. Gênero:. M (
)
F(
)
4.Estado civil: _______________________________________
5.Escolaridade: _____________________________________
6. Nº de filhos:_____________________________________
7. Renda (sals):____________________________________
8. Vive com: cônjuge (
9. Moradia Própria (
)
)
familiares (
Alugada (
) sozinho
(
) mora com outros
(
) outros
)
2.DADOS ANTROPOMÉTRICOS
Altura
PA
PH
PI
Medida
IMC
RCQ
Medição 1
%PP
Medição 2
DCT
CMB
Cintura
Quadril
3. DOENÇAS CRÔNICAS
( ) DM
TIPO:
( ) HAS
( ) IRC
( ) ICC
( ) CA
( ) Doença Pulmonar:
( ) Outras doenças:
Doença congênita:
Histórico familiar:
( ) Hepatite
( ) Dislipidemia
( ) Intolerância
( ) Glutém
( ) Lactose
( ) Sacarose
OBS:
Medição 3
45
4. PERFIL DE SINTOMATOLOGIA:
1. Vômitos/náuseas
2. Diarréia:
3. Disfagia
4. Afta
5. Refluxo
6. Azia
7. Flatulência
8. Constipação
9. Distensão/dor abdominal
10. Dificuldade mastigação
11. Uso de prótese dentária
Prótese dentária: ( ) superior
1 TABAGISMO
2 ATIVIDADE FÍSICA
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
0. sim
( ) inferior
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
1.não
FUMANTE ? ( ) Não ( ) Sim Durante:_______ anos
( ) Já foi?
Durante:_______ anos, parou há_______ anos
( ) Sim ( ) Não Tipo? _____________________
Duração? _______________ Freqüência?_____________
6. MEDICAMENTOS
1.Você toma medicamento(s) diariamente?
[0] sim
[1] não
2. Quantos medicamento(s) por dia?______________________________
3. Qual (is) medicamento(s)?_______________________________
4. Horário(s) que toma os medicamento(s)?
5. TERAPIA ANTI-RETROVIRAL:
Qual: __________________________________
7.COMPORTAMENTO ALIMENTAR
1. Suas refeições são realizadas em horários REGULARES?
[0] sim
[1] não
2. Qual(s) e quanto líquido você ingere diariamente? [0] água___ [1] sucos ___ ( ) nat. ( ) artif. [2] chás___
[3] refrigerante ____ ( )normal ( )diet/light [4] chimarrão ____ [5] leite ____ [6] Outro ____________
3. Ingere alguma destas bebidas com açúcar ou adoçante?
Se sim, Qual(s) e Quanto açúcar/adoçante
[0] sim
(em colheres de chá/gotas)
[1] não
?________________________________
4. Ingere bebida(s) alcoólicas? Qual(s) e quanto por semana você ingere? [0]não bebo [1]cerveja______
[2] uísque _______ [3] vinho _________ [4] cachaça _________ [5] outros_________________________
5. Quantas vezes por semana você ingere frituras? _____________________
6. Local onde realiza as refeições: ( ) casa ( ) casa família/amigos ( )restaurante ( )refeitório/RU
( )outro__________________________________
7. Se em casa, quem realiza as compras dos gêneros alimentícios: _______________________________
8. Se em casa, quem prepara as refeições? _________________________________________________
46
8. INQUÉRITO ALIMENTAR/HISTÓRIA ALIMENTAR
RECORDATÓRIO ALIMENTAR (24 h)
Refeições
Desjejum
__________
Horário
Colação
__________
Horário
Almoço
__________
Horário
Lanche
__________
Horário
Ceia
__________
Horário
Alimento
Medida Caseira
ALIMENTAÇÃO HABITUAL
Alimento
Medida Caseira
47
9.EXAMES LABORATORIAIS
Indicadores
Creatinina
Uréia
Na+
K+
Glicose
Glicohemoglobina
Albumina
Transferrina
Leucócitos
% Linfócitos
Hemoglobina
Hematócrito
Colesterol
LDL
HDL
Triglicerídeos
CD4
CD4/CD8
CV
DATA
Valores de
referência
(locais)
DATA
Valores
de
referência
(locais)
DATA
Valores de
referência
(locais)
48
CUIDADOS COM A HIGIENE PESSOAL E DOS
ALIMENTOS
Guia para portadores de HIV/AIDS
•
Lave sempre as mãos antes das refeições e
antes e depois de preparar alimentos. Para evitar a
contaminação!
•
Os utensílios utilizados para preparar os
alimentos devem estar limpos com água e sabão (fogão,
mesa, geladeira, facas, garfos, panelas, pia e panos de
prato).
•
Quando das refeições em restaurantes, bares e
lanchonetes observe a limpeza do ambiente, e dos
funcionários.
•
Não coma carnes, peixes ou ovos crus.
Cozinhe-os completamente!
•
FONTE: Manual Clinico de Alimentação e Nutrição
Assistência a Adultos Infectados pelo HIV, 2006
Consuma apenas leite pasteurizado e fervido.
•
Não corte carnes e vegetais ao mesmo tempo e
nem no mesmo local, para evitar contaminação entre os
alimentos.
•
Hortaliças e frutas devem ser lavadas em água
corrente abundante.
•
Frutas, hortaliças e legumes devem ser
guardados na geladeira, bem como ovos, leite, iogurtes e
queijos.
•
Alimentos uma vez descongeladas, não podem
voltar ao congelador.
Elaborado pela Acadêmica de Nutrição
Nuria Pacheco Fagundes
Unilasalle
Orientação Prof° Ms Lívia Trois
Manual Prático
Com dicas de
Alimentação
49
Uma alimentação balanceada e saudável, adequada as
A terapia anti-retroviral podem provocar efeitos
necessidades individuais, contribui para o aumento dos colaterais, que muitas vezes podem levar ao paciente o
níveis dos linfócitos T CD4, melhora a absorção abandono da terapia. Veja algumas dicas para atenuar
intestinal, diminui os agravos gastrointestinais, perda de esses efeitos::
peso,
perda de massa muscular, Síndrome da
Lipodistrofia e todos os outros sintomas
As pessoas vivendo com HIV/Aids, devem ter atenção ás
condições higiênico – sanitárias dos alimentos a serem
consumidos pois, encontram-se mais vulneráveis a
doenças oportunistas com conseqüência de agravos à
saúde, caso consumam alimentos contaminados.
Dicas para náuseas e vômitos:
•
procure comer alimentos secos tipo bolacha
salgada antes de levantar-se,
•
fracionar as refeições durante o dia, ficar de
estômago vazio pode aumentar as náuseas,
•
dar preferência para alimentos frios,
•
mastigar bem os alimentos,
•
preferir alimentos de fácil digestão tipo batata,
arroz e frango,
•
evitar ingerir líquidos durante as refeições,
•
evitar deitar-se após as refeições,
•
chupar pedras de gelo pode amenizar os
sintomas,
•
evitar frituras, alimentos muito gordurosos ou
doces.
Dicas para as dificuldades de deglutição:
•
dar preferência por alimentos macios, pastosos ou
líquidos,
•
evitar alimentos em temperaturas quentes, e sim
em temperatura ambiente ou gelado,
•
evitar alimentos ácidos, condimentados e picantes.
Dicas para alteração no paladar:
•
condimentar as preparações dos alimentos,
•
usar temperos naturais para estimular o paladar,
•
em caso de sabor metalizado na boca, substituir a
carne vermelha por carne branca,
•
utilize limão pois intensifica o sabor dos alimentos
Dica para diarréia:
•
evitar leites e derivados, substituir por leite de soja e
derivados,
•
beber bastante líquidos, evite os alimentos ricos em
fibras, como: verduras cruas, cascas e bagaços de frutas,
cereais,
•
dar preferência para carnes brancas, fracionar a
alimentação,
•
evitar alimentos gordurosos,
•
evitar alimentos flatulentos tais como: feijão,
repolho,brócolis, couve-flor, couve, leite fermentado ajudam a
melhorar a flora intestinal;
Download

análise da lipodistrofia através do perfil lipídico e glicêmico em