Manchukuo – O Império Fantoche
Carlos Eduardo Paulino
Alexandre Menossi Mendonça
Enfim alcançamos o nordeste chinês, a famosa Manchúria, desejada no
passado por vários impérios devido a suas grandes riquezas minerais. Rússia,
Alemanha, Inglaterra e Japão disputaram ardentemente esta terra de colinas e
extensas planícies.
Localizada entre os Rios Amur, ao norte, e Amarelo (Hoang-Ho), ao sul,
a sudeste tem contato com o Pacífico, pelo Mar Amarelo e seu famoso Golfo
de Bohai, que dá acesso às duas maiores cidades da região, Tianjin e Beijing
(Pequim). Seu relevo é bastante suave, com terras altas somente nos flancos e
ao norte, pelo Pequeno Khinghan, que isola o vale do Amur – daí sua alta
especiação em fauna e flora. A oeste o Grande Khinghan, que separa a China
da Mongólia, e a leste o Sikhote-Alin, que delimita China e Coreia do Norte. Por
fim, temos no centro e sul as grandes planícies, sobretudo a do Hoang-Ho.
Para nós o que dizer deste relevo? Por ser variado em formações
geológicas, é uma boa pista para imensas e variadas riquezas minerais, e isto
é uma suspeita confirmada. Trata-se de uma das regiões mais ricas do mundo,
e é nela que teve início do que hoje é a China. Suas reservas de carvão de
excelente qualidade (hulha ou coque siderúrgico), os minérios de ferro e o
manganês impulsionaram a siderurgia, e o petróleo do Mar Amarelo deu o
toque final necessário ao nascimento e ao desenvolvimento da Indústria de
base que, ao lado da agropecuária, foi fundamental para que o país superasse
a Guerra Nacionalista (1931-1937), a Guerra Sino-Nipônica (1937-1945) e a
Guerra Civil (1945-1949), que destruíram a China e ceifaram 70 milhões de
vidas, mais do que todas as vítimas da II Guerra Mundial.
A Manchúria foi invadida pelos japoneses, que a transformaram no
Império Fantoche Manchukuo para se livrar de um boicote imposto pela Liga
das Nações. Porém, de fato era uma colônia japonesa que sustentava sua
indústria de guerra, graças às suas riquezas minerais e ao trabalho escravo
chinês. Também nesta região os japoneses desenvolviam suas armas, bem
como seu programa nuclear e experiências biológicas, que tinham como cobaia
os próprios chineses..
Tais assuntos pertencem ao passado. Porém, graças à ascensão
econômica da Coreia do Sul e da própria China, as rivalidades acentuadas nos
últimos tempos tendem a ficar mais ríspidas quando tais feridas são tocadas. O
que podemos perceber é que se trata de uma região com um passado tão rico
quanto seu subsolo.
A China, como país socialista, começa sua industrialização pela
indústriapesada (siderurgia, metalurgia, extrativismo mineral, cimento e
petroquímica), primeiro porque esta é grande geradora de empregos, e
segundo porque é a base para as outras indústrias.
Rapidamente, a região torna-se a locomotiva do governo Mao. Assim,
enquanto o Quinling (as planícies) sustenta a necessidade de alimentos dos
chineses, o Manzhou (como os chineses chamam a Manchúria) vai dando a
infraestrutura. E por serem as primeiras regiões a se recuperar, são também as
primeiras a adentrar no pragmatismo de Xiao-ping, tornando-se as ZEE’s
(Zonas Econômicas Especiais).
A região também pertence, historicamente, a uma minoria, os manchus,
que são muito integrados à vida do país. Tanto que a última dinastia que
governou a China (1644-1911) é conhecida por Dinastia Manchu, que aderiu ao
modo de vida urbana dos Han (etnia chinesa). Daí as grandes cidades da
região que, destoando do resto do país, é predominantemente urbana.
Em razão de sua grande importância, faremos um segundo artigo sobre
o Manzhou. Até lá.
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