TRIBUNA DO PARANÁ
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Outro caso
terça-feira, 29 de abril de 2014
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DELETRA
As declarações racistas de Donald Sterling, dono do Los Angeles Clippers, da NBA, começaram a trazer os primeiros
prejuízos. Preocupados com a ligação de suas marcas com o dirigente, patrocinadores romperam com a equipe.
SURPRESO
Ricard Rovira/AE
Daniel Alves
não esperava
que seu ato
contra o racismo
tivesse tanta
repercussão
AE - Barcelona
D
epois de ganhar o apoio
de colegas jogadores, celebridades e até da presidente Dilma Rousseff, o lateral-direito Daniel Alves admitiu ter
ficado surpreso com a forte repercussão do seu ato na partida
do Barcelona contra o Villarreal,
no último domingo, pelo Campeonato Espanhol.
O jogador foi alvo de uma
manifestação racista por parte
da torcida rival durante o jogo.
Uma banana foi atirada aos seus
pés quando ele se preparava para
bater um escanteio. Sem se abalar com o ato discriminatório, o
brasileiro pegou a fruta do chão,
comeu um pedaço e fez a finalização em direção à área.
“Não sabia que um ato espontâneo geraria tanta repercussão.
Fico feliz em poder contribuir
nessa luta, estamos no século
XXI e essas coisas não deveriam
existir mais. Devemos combater
com o nosso jeito brasileiro de
ser, fazer com que os racistas se
ATAS E EDITAIS
Lateral comeu uma banana jogada em sua direção.
sintam envergonhados de certos
tipos de atitudes’, disse o lateral,
em citação publicada pela CBF.
Nas redes sociais, Daniel Alves mostrou bom humor ao tratar do assunto. “Meu pai sempre
me falava: filho come banana
que evita cãibra (risos), como
adivinharam isso?”, brincou o
lateral do Barcelona e da seleção.
Mais cedo ele citou o tópico
criado pelo companheiro Neymar ainda na noite passada: #somostodosmacacos. O atacante
do mesmo time de Daniel Alves
postou uma foto em que aparece
segurando uma banana. O gesto
foi repetido por famosos e outros jogadores nas redes sociais,
como o zagueiro Paulo Miranda,
do São Paulo, ao lado da esposa.
O atacante Fred, do Fluminense,
fez uma “banana” com os dois
braços.
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Ontem, a CBF manifestou seu
apoio ao jogador. Através de sua
conta no Twitter, Dilma elogiou
a atitude do jogador e voltou a
prometer o combate ao racismo
durante a Copa do Mundo. “O
jogador @DaniAlvesD2 (perfil
de Daniel Alves no Twitter) deu
uma resposta ousada e forte ao
racismo no esporte. Diante de
uma atitude que infelizmente
tem se tornado comum nos estádios, @DaniAlvesD2 teve atitude”, elogiou a presidente.
A manifestação racista também gerou uma resposta por parte de Joseph Blatter, presidente
da Fifa. “O que Daniel Alves tolerou na noite passada foi ultrajante. Temos que lutar juntos contra
todas as formas de discriminação. Haverá tolerância zero durante a Copa do Mundo”, avisou
o dirigente.
PUNIÇÃO
Diante da enorme repercussão que gerou o caso de
racismo contra o brasileiro
Daniel Alves, a diretoria do
Villarreal agiu rápido e se
pronunciou ontem. O clube
revelou que identificou o torcedor responsável por atirar
a banana e o baniu para sempre das partidas da equipe
em casa, no El Madrigal.
“O Villarreal quer comunicar que lamenta e condena
profundamente o incidente
ocorrido durante o jogo contra o Barcelona, no qual um
fã lançou um objeto no campo do El Madrigal. Graças às
forças de segurança e à assistência da torcida amarela,
o clube já identificou o autor
e decidiu cancelar seu carnê
para a temporada, banindo
permanentemente seu acesso ao estádio”, dizia o comunicado, sem revelar a identidade do torcedor.
No comunicado, o Villarreal também fez questão de
condenar a atitude de seu torcedor. “Uma vez mais, nosso
clube gostaria de expressar
seu firme compromisso em
promover o respeito, igualdade, esportividade e jogo
justo dentro e fora de campo,
além da absoluta rejeição de
qualquer ato contrário a esses
princípios, como violência,
discriminação, racismo e xenofobia”. (AE)
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