UMA METODOLOGIA UTILIZADA COM OS ALUNOS DO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE PELOTAS PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME
NACIONAL DE CURSOS (PROVÃO).
Christiane Brisolara de Freitas¹ e Léo Kaminski Fonseca2
Universidade Católica de Pelotas¹, Escola de Engenharia e
Arquitetura
Rua Félix da Cunha, 412 – 96010-000 – Pelotas – RS
[email protected]
Universidade Católica de Pelotas2, Escola de Engenharia e
Arquitetura
Rua Félix da Cunha, 412 – 96010-000 – Pelotas – RS
[email protected]
Resumo. Este trabalho registra aspectos significativos sobre uma metodologia inovadora utilizada
com os alunos formandos do Curso de Engenharia Civil da Universidade Católica de Pelotas
(UCPEL) para a realização do Exame Nacional de Cursos (provão).O diferencial desta metodologia e
que foi evidenciado não o estudo, treinamento das matérias que compõe o currículo do curso de
Engenharia Civil, mas sim, os aspectos cognitivos do conhecimento, trabalhando-se com as
competências e habilidades exigidas para a resolução das questões do Exame Nacional de Cursos
(provão).
Palavras-chave: Provão, Metodologia inovadora, Projeto pedagógico
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1.
O EXAME NACIONAL DE CURSOS (PROVÃO)
O popular Provão – Exame Nacional de Cursos de Graduação – um dos elementos da prática avaliativa surgiu em
1995 pela criação da lei nº 9.131/1995 por iniciativa do ministro Paulo Renato de Souza ,titular da pasta da educação do
governo federal.
O Exame Nacional de Cursos tem por objetivo alimentar os processos de decisão e de formulação de ações
voltadas para a melhoria dos cursos de graduação. Visa a complementar as avaliações mais abrangentes das instituições e
cursos de nível superior que analisam os fatores determinantes da qualidade e a eficiência das atividades de ensino, pesquisa
e extensão, obtendo dados informativos que reflitam, da melhor maneira possível, a realidade do ensino. Esse Exame não se
constitui, portanto, em um mero programa de testagem nem no único indicador a ser utilizado nas avaliações das
instituições de ensino superior.
As instituições de ensino superior tem as seguintes atribuições com o Exame:
- fornecer o cadastro dos prováveis formandos do semestre;
- efetuar o registro do comparecimento do formando ao Exame, no cadastro do aluno, após receber a informação do seu
comparecimento;
- colaborar com o processo de definição da abrangência do Exame, encaminhando às comissões de cursos sugestões de
conteúdos curriculares básicos, bem como informações referentes ao perfil do profissional a ser formado, o projeto
pedagógico do curso e elementos de cultura geral considerados relevantes;
- utilizar os dados agregados como um dos subsídios para avaliação, formulação ou reformulação de seu projeto e sua
prática pedagógica.
Muito criticado no início, tanto pelos alunos como pelos professores, hoje se firma como um processo de avaliação
que mexeu bastante com os cursos, tirando-os de seu habitual marasmo, motivando alunos, professores e dirigentes para
melhorias didáticas e pedagógicas que há muito se faziam necessárias nos mais diversos cursos, qualificando-os.
Embora tenhamos críticas tanto da forma de sua criação como do processo em si, hoje o provão se firma como um
instrumento de avaliação que está presente e acreditamos veio para ficar.
Todo o processo de avaliação é positivo, embora sempre cause algum desconforto, nos motiva, pressiona a
querermos um ensino de qualidade, dinâmico e atualizado.
Os cursos de engenharia civil participam do Exame Nacional de Cursos desde a sua primeira edição em 1996, já
estamos na sexta edição, então os cursos já possuem alguma vivência, experiência que pode e deve ser aproveitada para
otimizar o processo.
2.
O PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE PELOTAS (UCPEL)
O curso de Engenharia Civil da Universidade Católica de Pelotas está trabalhando desde 1996 com um projeto
pedagógico inovador, Freitas et al [1]. No ano de 2000 lançou a implantação da nova grade curricular do curso, sendo esta
uma das etapas do projeto pedagógico, currículo este que tem como diferencial a abordagem que está sendo feita por áreas
do conhecimento da engenharia civil, além da área básica, as áreas são as seguintes, a saber: área de construção, área de
estruturas, área de geotecnia, área de saneamento, área de transportes e área de expressão gráfica. As ementas das
disciplinas que compõe cada uma das áreas devem fechar com uma ementa maior que é a ementa da área, sendo que estas
ementas não são simplesmente o resumo dos conteúdos programáticos, Freitas et al [2].
Surge então no próprio grupo que está sistematizando o projeto pedagógico do curso a proposta de implantar uma
metodologia com os alunos formandos com vistas a preparação para o Provão.
3.
A METODOLOGIA EMPREGADA
Embora o Exame não se constitua no único indicador a ser utilizado nas avaliações de cursos, em função de sua
ampla divulgação na mídia, passou a ser para a população em geral, para os alunos e para as famílias dos alunos que
ingressam na faculdade, o único indicador de qualidade dos cursos.
Surge então a proposta de preparar, orientar os alunos formandos do último ano do curso para a realização desta
prova, que é importante principalmente para as universidades privadas localizadas no interior, que assim podem mostrar a
sua qualidade de ensino e também passa a ser importante para os alunos uma vez que as empresas estão usando os
resultados do Exame como critério de contratação de pessoal, tanto para o primeiro emprego como para os estágios.
O grupo de sistematização do projeto pedagógico do curso, não queria nada que se assemelhasse aos cursinhos prévestibulares, nada que fosse o treinamento das diversas matérias que compõem cada área de conhecimento do curso de
Engenharia Civil.
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Todos os assuntos avaliados pelo Provão são desenvolvidos ao longo do curso, então não precisaríamos deste
treinamento, nem os alunos queriam e nem teríamos tempo hábil para tal, e com a convicção de estarmos formando
engenheiros que pensam por si só e que não precisam ser adestrados.
A opção foi então por uma metodologia que evidenciasse as habilidades e competências necessárias para a
resolução das questões propostas no Provão.
Contamos com o apoio de estagiárias do curso de pedagogia da UCPEL que estavam sob orientação de uma
professora da Escola de Educação que também orientou o projeto pedagógico do curso de engenharia civil da UCPEL.
Foram agendados de comum acordo com os alunos formandos um dia da semana para esses encontros. Esses
encontros duraram todo o semestre letivo até a data da realização do Provão.
Em cada encontro participavam os alunos formandos, um ou dois professores representantes de uma das áreas de
conhecimento da Engenharia Civil, conforme preconiza o projeto pedagógico do curso e as estagiárias do curso de
Pedagogia.
O material de estudo eram as provas dos Exames (provões) anteriores e a análise era feitas nas questões não quanto
a resolução em si, mas como proceder para chegar a resolução correta, quais as habilidades necessárias em cada questão
com a identificação destas, em função das habilidades exigidas para a Engenharia Civil a saber:
- raciocínio espacial;
- operacionalização de problemas numéricos;
- compreensão relativa a conceitos de ordem e grandeza;
- expressão e interpretação gráfica;
- assimilação e sistematização de conhecimentos teóricos;
- síntese, aliada à capacidade de compreensão e expressão em língua portuguesa;
- obtenção e sistematização de informações;
- construção de modelos matemáticos e físicos a partir de informações sistematizadas;
- análise crítica dos modelos empregados no estudo das questões de engenharia;
- formulação e avaliação de problemas de engenharia e concepção de soluções;
- interpretação, elaboração e execução de projetos;
- gerenciamento e operação de sistemas de engenharia;
- utilização da informática como instrumento do exercício da Engenharia Civil.
Também deveriam ser identificados quais os conteúdos que estavam sendo avaliados em cada uma das questão,
dentre os conteúdos listados abaixos:
- matemática;
- física;
- química;
- mecânica;
- computação;
- desenho;
- eletricidade;
- resistência dos materiais;
- fenômeno de transporte;
- ciências humanas e sociais;
- economia;
- administração;
- ciências do ambiente;
- topografia;
- mecânica dos solos;
- hidráulica e hidrologia;
- estruturas usuais de concreto armado;
- materiais de construção civil;
- estradas;
- saneamento básico;
- construção civil.
Além da identificação das habilidades exigidas e dos conteúdos envolvidos nas questões era proposto também aos
alunos qual a seqüência lógica para a resolução das questões.
Os alunos identificavam além das habilidades requeridas em cada questão, em qual disciplina do curso o conteúdo
foi desenvolvido, quais os pré-requisitos necessários, qual a seqüência lógica de resolução, ou seja era feito o
equacionamento da questão, a resolução numérica em si era secundária.
4.
CONCLUSÃO
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Certamente esta metodologia deu maior segurança aos alunos formandos do curso de Engenharia Civil da
Universidade Católica de Pelotas (UCPEL). Desmistificou para estes alunos o Provão, uma vez que com a análise das
questões propostas nos anos anteriores, os alunos vivenciaram as questões, quais as habilidades e competências necessárias,
qual a seqüência lógica de resolução das questões e a confirmação para os alunos de que todo o conteúdo avaliado tinha sido
desenvolvido durante o curso.
Outro dado positivo da implementação da metodologia aplicada foi a verificação que um dos pressupostos do
projeto pedagógico do curso, o trabalho por áreas de conhecimento da engenharia civil está funcionando, em que todos os
professores das disciplinas que compõe uma área são responsáveis por todas as disciplinas e consequentemente pela área.
Fazendo com que realmente os professores vivenciassem o que foi preconizado no projeto pedagógico.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao grupo de professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Católica de Pelotas
que utilizaram esta metodologia com os alunos formandos, a professora Yeda Porto que participou da orientação pedagógica
e as estagiárias do curso de Pedagogia da UCPEL que nos auxiliaram na introdução desta metodologia.
5.
REFERÊNCIAS
[1]
C.B. Freitas, Y. Porto, P. R .Guterres et al , “Projeto pedagógico - construindo a engenharia civil do século
XXI”,
anais COBENGE 1999, pp. 212-219.
[2]
C.B. Freitas et al , “Projeto pedagógico : construindo a engenharia civil do século XXI – implantação da grade
curricular”, anais COBENGE 2000.
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uma metodologia utilizada com os alunos do curso de