EDUCAÇÃO VERSUS TECNOLOGIA, DE QUE FORMA
RESOLVER ESSE IMPASSE
Francisco Guilherme Barbosa Leite
UFF-Universidade Federal Fluminense - Curso de Engenharia de Produção
Avenida Ary Parreiras 10/ apt 1201 - Icaraí - Niterói - RJ - Cep 24230-322 - Tel/Fax 610-5829
Frederico Sanches Caldas
UFF-Universidade Federal Fluminense - Curso de Engenharia de Produção
Rua Tupinambás 118/ apt 101 - São Francisco - Niterói - RJ - Cep 24360-270 - Tel 710-6094
Abstract
Technology and its diffusion are fosting huge changes in economy,
business environment and in the definition of job in all sectors. New process are
requiring professionals that are prepared for learning-before-doing instead of
learning-by-doing. Because of that, employees nowadays have to have higher
mental capacity than they used to have in the past. Quality in education must be an
obsession for countries and societies that are looking for developing economy and
companies.
Área: Gestão da Tecnologia
Keywords: tecnology; professional skills;education
1 - Objetivo
O trabalho teve como finalidade levantar a questão da forma de
conciliar o progresso tecnológico com a criação de empregos para populações
crescentes.
Para tanto estudos foi feita uma retrospectiva histórica para melhor
entender-se o mundo ao qual vivemos, destacando tanto o âmbito industrial quanto
os profissionais deste novo cenário.
Um país pode usufruir, utilizar ou se defender da tecnologia. A forma
e intensidade desse convívio depende necessariamente da estrutura educacional do
mesmo.
2 - Ciência, Tecnologia e a evolução da humanidade
Para melhor compreendermos o nível tecnológico a que alcançamos
hoje, é interessante acompanhar os passos dados pela humanidade na busca do
desenvolvimento científico e tecnológico que resultou neste mundo ao qual
vivemos.
Partindo do conceito de tecnologia, que segundo Longo é “o
conjunto organizado de todos os conhecimentos científicos, empíricos ou intuitivos
empregados na produção de bens e serviços”, fica claro que mesmo o homem préhistórico desenvolveu tecnologia no sentido mais amplo do conceito, isto é, a cada
geração o homem criava, inovava ou mesmo copiava uns dos outros na busca da
sobrevivência.
A evolução do homem ocorria a passos lentos pois as observações,
analises e estudos eram feitos individualmente pelas civilizações, sem que houvesse
troca de informações. O marco de mudança histórica ocorreu, a partir da expansão
arábica (750 anos depois de Cristo até o final da Idade Média), que estendeu-se da
Espanha ao Turquestão. Como conseqüência, os árabes absorveram as realizações
científicas e tecnológicas de outras civilizações, unificaram vastíssimo acervo de
conhecimento anteriormente dispersos, contribuindo, ainda significativamente, para
aumentá-lo. Aperfeiçoaram a álgebra, inventaram a trigonometria, criaram as lentes
e o estudo da ótica e plantaram a base da química”. Mesmo após o declínio, a
Europa já havia herdado grande parte do conhecimento. A todas essas mudanças é
importante acrescentar o surgimento da imprensa. O invento de Guttemberg (século
XV) associado a disponibilidade de papel propiciou a difusão dos conhecimentos
numa escala sem precedentes.
No início do século XVII, começa a tomar forma o que passou a ser
conhecido como “método científico” , destacam-se neste momento três pensadores
de grande estatura e influência foram eles , Bacon (1561-1626), Descartes (15961650) e Galileu (1564-1642) sendo o último considerado o pai do método pois
propõe hipóteses e submete a prova experimental fundando as bases da ciência
moderna.
Mesmo com todas estas mudanças , a tecnologia continuava
desvinculada de aspectos técnicos na produção de bens e serviços, o que só iria
mudar com a Revolução Industrial
também denominada de Revolução
Tecnológica.
Até a Revolução Industrial o homem havia, paulatinamente,
aperfeiçoado instrumentos que amplificavam a sua força muscular e habilidades. A
introdução da máquina, porém, permitiu não somente a realização do trabalho em
escala e velocidade muito maiores, como a substituição do homem no trabalho
físico direto. Em conseqüência, a máquina passou a ser o elemento central na
técnica do processo econômico e produtivo, ocorrendo a mudança da manufatura
artesanal para industrial.
Foi somente no início do século XIX que a tecnologia começou a
fazer uso significativo da ciência, quando principalmente a indústria química e os
usos da energia elétrica se apoiaram em descobertas científicas.
O início do século XX é marcado por inúmeros avanços, porém é
importante destacarmos o período da II guerra mundial, quando cientistas e
pesquisadores foram mobilizados, em escala sem precedentes, na busca de solução
dos mais variados problemas, envolvendo desde o desenvolvimento de artefatos
bélicos até a aplicação de estatística na tomada de decisões militares. Como fruto
deste período podem-se destacar o uso da energia nuclear, aviões a jato, o radar, o
DDT e inúmeras outras tecnologias.
A dinâmica tecnológica internacional mudou significativamente a
partir da década de oitenta. Apesar da grande variedade de inovações radicais e
incrementais específicas em quase todo o setor industrial, existe evidência de uma
mudança de paradigma das tecnologias intensivas em capital e energia e de
produção inflexível e de massa (baseadas em energia e materiais baratos) dos anos
50 e 60 para as tecnologias intensivas em informação, flexíveis e computadorizadas
dos anos 70 e 80. As indústrias tecnologicamente maduras foram rejuvenescidas, ao
mesmo tempo em que emergiram outras novas (lideradas pelas tecnologias de
informação e comunicação – TIC), as quais se tornaram a base do rápido
desenvolvimento tecnológico da produção e do comércio internacionais.
Essa revolução tecnológica está afetando todos os setores e novos
requerimentos têm sido impostos à economia como um todo, envolvendo, além de
importantes mudanças tecnológicas, várias mudanças organizacionais e
institucionais. Dentre as características mais importantes do novo paradigma e dos
efeitos da difusão da tecnologia de informação através da economia estão:
• a intensificação da complexidade das novas tecnologias, as quais são baseadas
ainda mais fortemente no conhecimento científico; como conseqüência, as
inovações vêm dependendo de níveis crescentes de gastos em P&D;
• aceleração de novos desenvolvimentos, implicando uma taxa de mudança mais
rápida nos processos e produtos. Como conseqüência, as empresas mais
competitivas em nível mundial vêm buscando não mais simplesmente a
especialização em produtos e processos específicos, mas sim a aquisição de
“competências nucleares” (core competences) nas chamadas tecnologias
genéricas como forma de se manterem permanentemente aptas a acompanhar o
intenso dinamismo destas novas áreas;
• mudanças fundamentais na estrutura organizacional, particularmente de grandes
empresas (incluindo aquelas baseadas no uso de sistemas eletrônicos em
organização e administração), gerando maior flexibilidade e maior integração das
diferentes funções da empresa (pesquisa, produção, administração, marketing,
etc.), assim como maior integração de empresas (destacando-se os casos de
integração entre usuários, produtores, fornecedores e prestadores de serviços) e
destas com outras instituições;
• a mudança no perfil do emprego. Todas esses pontos acima citados, ajudam a
ratificar a mudança do learning-by-doing para o learning-before-doing. Isso
requer que os trabalhadores tenham uma capacidade intelecto-cognitiva muito
maior do que anteriormente. Isso só é possível através de uma boa educação
básica, bem como treinamento e atualização contínua durante a vida profissional.
3 - A Tecnologia e o desemprego
Como conciliar o progresso tecnológico com a criação de empregos
para populações crescentes é assunto que preocupa os cientistas sociais desde
meados do século XIX. Na visão marxista, o desemprego tecnológico manteria os
salários deprimidos ao nível de subsistência e acabaria com o próprio capitalismo,
pela multiplicação das crises de subconsumo e pela queda das taxas de lucro. As
previsões de Marx não se realizaram por duas razões: pela diminuição das jornadas
de trabalho e pela expansão do setor terciário, assunto que jamais entrou na
cogitação do autor de “O Capital”. Mas o perfil das oportunidades de emprego
mudou substancialmente e deve continuar mudando.
A visão da agricultura como grande reservatório de empregos
pertence ao mundo feudal. Há pelo menos um século se sabe que o
desenvolvimento econômico acarreta a migração da mão-de-obra do campo para as
cidades em virtude da famosa lei de Engels: as pessoas cuja renda duplica não
passam a comer o dobro. Isto posto, a maioria dos planos que tentam fixar o homem
ao campo não passa de uma coleção de devaneios saudosistas, sem nenhum impacto
prático.
A Revolução Industrial transformou o setor manufatureiro no
principal pólo criador de empregos, e foi no seu contexto que Marx desenvolveu a
sua crítica ao capitalismo. Na visão marxista, a concorrência predatória entre os
capitalistas, premidos pela inexorabilidade da lei da taxa decrescente de lucro,
expulsaria do mercado os pequenos empresários, reduzindo-os à condição de
proletários. Curiosamente o mundo moderno está assistindo exatamente ao
movimento oposto: a transformação de trabalhadores em pequenos prestadores
independentes de serviços. Há três razões para isso: a evolução da tecnologia, a
tendência à terceirização e a cunha salarial provocada pelos encargos trabalhistas.
Até fins da década de 50 a direção do progresso tecnológico parecia
privilegiar as economias de escala nos mais diversos ramos de atividade. Da década
de 60 em diante essa tendência bifurcou-se: a mega-empresa continuava
predominando em vários setores industriais, mas era muito pouco ágil para prover
serviços de qualidade, dependentes de sensores mais apurados. Nas décadas
seguintes, a revolução da microeletrônica, que transformou o silício na principal
matéria-prima da indústria da informática, e a substituição dos mainframes pelas
redes de microcomputadores criaram novo modelo de empresa, nem intensiva de
capital nem de trabalho, mas intensiva de cérebros. Como a demanda de serviços
cresce mais rapidamente do que a de mercadorias, as oportunidades de novos
empregos se concentram cada vez mais nas empresas de pequeno e médio porte.
O movimento de terceirização é o resultado de um princípio básico
de administração: quanto maiores os custos fixos, maior a vulnerabilidade da
empresa às crises econômicas. Quem não tem custos fixos pode eventualmente ter
de encerrar o negócio, mas não vai à falência. Nesse movimento, popularizado pelo
recente receituário de técnicas de administração, as empresas tendem a fechar
departamentos de serviços auxiliares (alimentação, limpeza, transporte etc.) para
contratar com terceiros a prestação de serviços equivalentes. A terceirização, em
muitos casos, além de poupar custos fixos, também economiza custos variáveis. Em
qualquer caso, ela reduz a oferta de empregos nas grandes empresas, mas cria
oportunidades nas prestadoras de serviços.
As leis trabalhistas evitam que o trabalho seja tratado como simples
mercadoria, mas criam dois tipos de ônus para o sistema produtivo. Primeiro, pelas
restrições às demissões, transformam a mão-de-obra de custo variável em custo
semi-fixo. Segundo, encarecem a mão-de-obra com encargos que trazem mais ônus
às empresas do que benefícios aos empregados. No Brasil, onde tais encargos
agravam em 102% os salários diretos, essa cunha trabalhista gera um conhecido
paradoxo econômico: os trabalhadores ganham mal, mas custam caro às empresas.
O trabalho informal e o auto-emprego são respostas naturais a essa cunha salarial.
4 - O profissional do futuro
A economia, o universo dos negócios e das empresas e a própria
definição de profissões e carreiras vivem mudanças inéditas, mais rápidas,
profundas e amplas do que em qualquer outra ocasião. Quais seriam as aptidões
necessárias para o sucesso profissional nesse futuro que já está se apresentando?
Um bom ponto de partida para entender como será o mercado de
trabalho no limiar do século XXI é ter em mente quatro palavras-chave: tecnologia,
globalização, serviços e conhecimento. Isso quer dizer que, para ter mais chance de
se dar bem na vida, seus garotos (ou você mesmo) provavelmente precisarão
dominar a fundo algum instrumento tecnológico, estarão trabalhando numa empresa
com ação dinâmica dentro e fora do Brasil (ou numa atividade que possa ser
exercida em qualquer lugar do mundo), de preferência no setor de serviços, e terão
no conhecimento profundo sobre um ou mais temas definidos o seu principal
instrumento de ascensão profissional. É claro que as pessoas poderão perfeitamente
viver de outra maneira. Mas as melhores oportunidades, a remuneração maior, os
lugares mais estáveis ou as maiores chances de promoção irão beneficiar os que
estiverem trilhando o caminho certo.
A tecnologia vai permitir avanços espetaculares na comunicação, e
isso terá impacto direto no ambiente de trabalho. O mundo parecerá pequeno. De
qualquer lugar onde se esteja será cada vez mais rápido e possível acessar qualquer
tipo de informação e traduzi-la num negócio. Nas empresas, cada função terá uma
dose muito maior de empowerment — o que significa ter poder para resolver
problemas e tomar decisões. A velocidade da transmissão de informações vai
permitir que uma parte considerável, talvez a maior, do trabalho seja feita em
qualquer lugar que se esteja — até em casa. Isso valorizará dramaticamente o
profissional com capacidade de produzir resultados através de sua atuação
individual, em detrimento daquele que necessita do ecossistema do escritório para
funcionar.
Atenção para um outro ponto: o poder da tecnologia, na virada do
século XXI, estará distribuído por um número muito maior de pessoas, em vez de
concentrar-se nas mãos de uma elite, como ainda é a regra geral hoje em dia. Essa
democratização do saber tecnológico promete espalhar efeitos por toda a escala
social das profissões. Ser um técnico, no futuro, pode dar mais certo do que ter um
diploma de Harvard. A idéia atual do que seja um “técnico” — basicamente aquele
cidadão que vai em casa consertar a geladeira ou a máquina de lavar roupa —
mudará radicalmente. Por quê? Porque a proliferação tecnológica traz para todos, e
cada vez mais, a necessidade do apoio constante de técnicos. Estes, por sua vez,
dominarão conhecimento bem maiores e mais sofisticados do que hoje. Em
conseqüência, é certo que deverão crescer a remuneração, o prestígio e as
oportunidades em ocupações hoje consideradas “menores”, que vão desde o
controlador de tráfego aéreo a operadores de equipamentos médicos de última
geração. Nos Estados Unidos, essa gente somará 20% da força de trabalho no ano
2000.
Mesmo com o crescimento das profissões técnicas, tudo o que puder
ser substituído pela máquina será. Hoje existem no mundo 1 milhão de robôs. No
ano 2000 esse número terá, no mínimo, dobrado. Cada vez mais, eles tomarão o
lugar do homem em todas as funções repetitivas, que não exigem raciocínio — da
mesma forma como a tecnologia vem (e continuará) ceifando cargos e funções
dentro das empresas.
É impossível pensar nas chances profissionais do ano 2000, também,
sem considerar seriamente a possibilidade de não trabalhar dentro de nenhuma
organização. Desde hoje vem aumentando o número de atividades realizadas fora da
empresa. No futuro, mais e mais pessoas estarão trabalhando por conta própria,
abrindo seus próprios negócios. O conceito de emprego, na verdade, será em muitos
casos substituído pelo conceito de tarefas, projetos, missões a cumprir, atividades a
desempenhar.
Vai ser preciso, igualmente, aprender a trabalhar em equipe, pois
nada poderá ser feito por uma pessoa sozinha. Numa empresa, ou numa atividade,
mais importante que o produto será o serviço prestado junto com ele. Enfim, para se
dar bem no mercado de trabalho do futuro, vai valer muito mais saber tomar a
iniciativa, não ter medo de correr riscos, saber se autogerenciar, estar
permanentemente se reciclando e ter facilidade de se adaptar a mudanças do que
cumprir horários e repetir tarefas.
A tecnologia, mais que qualquer outra coisa, está no coração desse
grande painel profissional que se arma para o futuro. Alimentada pelo
microprocessador, cuja potência vem crescendo sem parar há vinte anos e que
funciona como uma espécie de órgão vital para a economia da nova geração, a
tecnologia determinará cada vez mais a distribuição de oportunidades no século que
se abre. Ela nos fará interagir de modo diferente e afetará a própria maneira como
definimos o que é uma ocupação. Tome-se, só como um exemplo rápido, o caso da
americana Intel, o maior produtor mundial de chips para computação: ela vem
dobrando de tamanho a cada dois anos e exibe, balanço após balanço, margens de
lucro bruto de 60%, o que faz dela a grande empresa mais lucrativa do planeta. Ou,
então, a Microsoft, cujo atual valor de mercado, de 30 bilhões de dólares, já se
aproxima do valor da IBM. O que representavam essas empresas dez anos atrás?
Já hoje, nos Estados Unidos, gasta-se mais com computadores e
equipamento de comunicação do que com a soma de todas as outras máquinas, de
qualquer tipo, adquiridas por todos os setores da economia, segundo informa a
revista Fortune. A indústria de software tornou-se o ramo que mais cresce em toda a
indústria americana e não há nenhum sinal de que esteja reduzindo a marcha. Países
como Coréia do Sul ou Taiwan, que até pouco tempo atrás significavam zero em
computação, são hoje presenças mundiais importantes na área. No Brasil, então, que
hoje tem menos computadores que Argentina ou México, as possibilidades de
crescimento são ilimitadas no próximos quinze anos. Ficar fora dessa festa não
parece, decididamente, ser uma idéia para quem pretende prosperar no mercado de
trabalho do ano 2000.
Mas será tolo quem imaginar que possam estar vigorando dentro de
mais alguns anos as condições de emprego, função, salário, benefícios, promoções,
carreira e hierarquia que vigoram hoje nas empresas e no mercado em geral. A
tecnologia está mudando e vai mudar ainda muito mais tudo isso — e essas
mudanças dizem respeito não apenas aos setores envolvidos especificamente com
atividades tecnológicas, mas literalmente a todas as áreas da economia.
Outro ponto-chave em relação ao mercado de trabalho do próximo
século está na palavra globalização. Do ponto de vista da empresa, globalização é a
capacidade de agir fora do seu país e no maior número possível de lugares no
mundo. Para as pessoas, globalização é qualquer atividade que se possa exercer
internacionalmente. Nada vai parar o movimento de internacionalização, e isso
afetará muito mais do que se imagina a maneira como as pessoas vivem. Na
economia do próximo século, o mercado será, cada vez mais, o mundo inteiro, o
público-alvo serão todos os povos. Diante de um quadro desse, as empresas e
atividades que podem ser globais levarão vantagens decisivas.
Muitas dessas mudanças estão acontecendo já. Tome por exemplo as
atividades financeiras. Os bancos estão cada vez mais internacionalizados. Hoje, a
liberdade de movimento de capitais que se tem é grande a ponto de se poder parar
em qualquer esquina das grandes cidades do mundo, entrar num banco 24 horas e
retirar dinheiro em poucos minutos, sem nenhum problema. Aplicações em títulos,
transferências de fundos, compra e vendas de ações nas bolsas de valores conhecem
cada vez menos fronteiras. É claro que tudo isso é possível graças à tecnologia de
comunicações, sempre ela. Como a economia global está emergindo, vai
aparecendo com ela a empresa global, aquela que está presente em todos os cantos
do mundo e que, por isso mesmo, não depende de nenhum país específico para
sobreviver. Já não se pode mais dizer que a rede de lanchonetes McDonald’s, por
exemplo, seja uma empresa americana, que a Philips seja holandesa ou que a
Seagram’s seja canadense.
Seja qual for a área ou a carreira escolhidas, a palavra que talvez
melhor resuma o que vai de fato reger o universo profissional nas próximas décadas
é competitividade. Para ter mais e melhores condições de competir, as empresas vão
passar por uma verdadeira revolução em sua estrutura organizacional. No mundo
dos negócios, o bom vai prevalecer ao grande. Como já foi dito, a velha pirâmide
que abrigava uma qualidade interminável de chefes vai desabar. Junto com ela,
perderão força valores que antes garantiam o lugar do funcionário, como tempo de
casa e bom relacionamento com superiores. Valerá muito mais que isso, por
exemplo, ter um conhecimento sempre afiado das necessidades dos clientes.
Ninguém, em nenhum cargo, poderá se sentir seguro por qualquer motivo que não
seja a própria capacidade profissional. Haverá também uma maior mobilidade dos
funcionários, ou seja, vai ser comum — e extremamente valorizado — a pessoa
passar por várias empresas e reunir diferentes experiências profissionais.
O mundo dos negócios, no milênio que já se vislumbra, guardará
pouca semelhança com tudo que já se viu. Serão tempos de competição duríssima,
de sobressaltos constantes, de ansiedade em níveis talvez inéditos, mas também de
esplêndidas, freqüentemente fascinantes oportunidades. Esse mundo pertencerá a
quem compreender claramente que existe uma obsolescência irreversível nas
fronteiras que separam povos, países, culturas e que tais. E também souber fazer do
computador o que ele é: não um assassino de empregos, não um inextricável
aparelho longe do qual não haverá salvação para nenhuma carreira.
7 - Conclusão
O debate entre o binômio educação/tecnologia está totalmente em
aberto, não tendo portanto condições mais acuradas de alcançar uma resposta direta
ao problema em questão. O que pode-se falar é que essa equação se mostra
tremendamente perversa, pois esta-se presenciando um aumento significativo das
taxas de desemprego em quase todos os países do mundo.
O deslocamento do contingente de mão-de-obra do setor industrial
para o setor de serviços, que é preconizado como o movimento que possivelmente
resolveria o problema, não tem mostrado tanta força, em virtude da alta soma de
recursos necessária para o treinamento dessa mão-de-obra que chega. Sem um
grande esforço governamental, as empresas por si só não tem condições de tentar
minimizar o embate.
Se o problema tem ocorrido nos países desenvolvidos ocidentais,
nos paises denominados subdesenvolvidos a situação é ainda pior. A população não
tem facilidades de acesso ao sistema educacional; e quando tem, tem um serviço
público essencial oferecido de baixa qualidade, que não permite que o trabalhador
se adapte às transformações no mercado de trabalho, ou pelo menos minimize seu
efeitos.
O crescimento econômico e os investimentos em educação terão que
ser a base de qualquer planejamento futuro das nações para tornarem-se
competitivas no próximo milênio.
8 - Bibliografia
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TOFFLER, A., O Choque do Futuro, Ed Artenova, Rio de Janeiro, 1972
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