Março – História – 2ª Série
I Guerra Mundial - Se o atentado terrorista nas torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001,
foi o acontecimento que marcou o início do século 21, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o que marcou o
início do século 20.
Nos primeiros anos do século passado, a situação mundial aparentava ser de relativa tranquilidade. Muitas
pessoas, na Europa, principalmente, acreditavam que as guerras entre as potências eram coisa do passado, que
estava tendo início uma era de paz e progresso permanente. Mas a dura realidade dos fatos mostrou o quanto a
ideia de um mundo em paz era ilusória.
Hoje, a Primeira Guerra Mundial pode nos parecer um fato muito distante e não despertar tanto a curiosidade do
público quanto a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a Primeira Guerra e suas consequências estão entre as
principais causas da Segunda Guerra. Vale lembrar que entre os que lutaram na Primeira Guerra estava um cabo do
exército alemão que anos mais tarde se tornaria mundialmente conhecido: um certo Adolf Hitler.
Qual foi a causa da Primeira Guerra Mundial?
O fato que deflagrou a Primeira Guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono
austríaco, e sua esposa no dia 28 de junho de 1914. O arquiduque e sua esposa foram mortos a tiros em Sarajevo,
capital da Bósnia. O assassino foi um estudante nacionalista sérvio. A Áustria apresentou um ultimato à Sérvia e
exigiu uma resposta dentro de 48 horas. Os termos desse ultimato eram tão humilhantes que era quase impossível
a Sérvia aceitá-los.
Assim, a Áustria, que era aliada da Alemanha, declarou guerra à Sérvia, que era aliada da Rússia, essa por sua vez,
era aliada da França e da Inglaterra. Na verdade, o assassinato do arquiduque serviu de pretexto para que os países
entrassem em guerra. Desde 1871, as potências europeias estavam em paz umas com as outras, mas todas
estavam envolvidas numa corrida armamentista, isto é, todas estavam investindo em gastos militares, cada uma
procurando superar as outras em armamentos.
O que foi a "paz armada"?
Por isso, se diz que a paz que havia entre as potências europeias antes da Primeira Guerra era uma "paz armada".
Além disso, havia muita rivalidade entre as potências europeias, especialmente entre a França e a Alemanha. Boa
parte dessa rivalidade entre franceses e alemães tinha origem nos ressentimentos gerados pela Guerra FrancoPrussiana (1870-1871).
Uma das principais razões para a rivalidade entre os países europeus era a corrida colonialista, ou seja, a disputa
pelo controle de territórios na África e na Ásia. Vale lembrar que, naquela época, os europeus se julgavam
superiores aos africanos e asiáticos (a própria "ciência" da época era racista) e encaravam com muita naturalidade
a ideia de dominar os povos considerados "inferiores" para explorar as riquezas dos continentes africano e asiático.
Quem lutou contra quem na Primeira Guerra?
Antes de a guerra começar, as principais potências europeias já tinham formado alianças militares: a Tríplice
Aliança (formada por Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e a Tríplice Entente (formada por Inglaterra,
França e Rússia). Ao fazer parte de uma dessas alianças, cada país membro comprometia-se a entrar em guerra
caso um dos aliados estivesse envolvido numa guerra.
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Por exemplo, se a França entrasse em guerra com a Alemanha, a Inglaterra e a Rússia entrariam na guerra ao lado
França. Assim, quando a guerra começou, de um lado estavam a Inglaterra e a França, do outro, a Alemanha e o
Império Austro-Húngaro. A exceção foi a Itália, que apesar de fazer parte da Tríplice Aliança permaneceu neutra na
guerra até maio de 1915, quando "trocou de time", entrando na guerra ao lado dos países que formavam a Tríplice
Entente.
Essa "mudança de time" tinha uma razão: a Itália entrou na guerra sob a promessa de seus novos aliados de que
receberia o território de regiões fronteiriças da Áustria. Em 1917, a Inglaterra e a França perderam um aliado, a
Rússia, mas em compensação ganharam outro, os Estados Unidos. Naquele ano, a Rússia havia passado por uma
revolução que derrubou a monarquia russa e um novo governo acabou assinando uma paz em separado com os
alemães, o Tratado de Brest-Litovski.
A saída da Rússia foi vista como uma traição por seus antigos aliados. Os Estados Unidos declararam guerra à
Alemanha após vários navios norte-americanos serem torpedeados por submarinos alemães. Isso aconteceu
porque os Alemanha havia decidido torpedear todos os navios que fossem encontrados em águas inimigas, mesmo
que esses navios fossem de países neutros (navios brasileiros também foram afundados) e os Estados Unidos eram
os principais fornecedores de matérias-primas para a Inglaterra.
Outro país que entrou na guerra era o Japão. O objetivo do Japão era apoderar-se de colônias alemãs no Oriente:
Tsingtao, na China, e as Ilhas Carolinas, Marshall e Marianas, localizadas no Oceano Pacífico.
Atividades:
01. (Uem 2012) Sobre a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Chama-se Paz Armada às décadas anteriores ao conflito, no qual as grandes potências europeias se lançaram
numa política armamentista, alimentada pela rivalidade na corrida imperialista.
02) Derrotada na guerra, a Alemanha se submeteu às condições do Tratado de Versalhes, sendo obrigada a pagar
pesadas indenizações aos países vencedores.
04) O nacionalismo e a exaltação patriótica do projeto da Grande Sérvia, do revanchismo francês, do
pangermanismo alemão e do pan-eslavismo russo alimentaram um “barril de pólvora” que estourou em 1914.
08) No confronto iniciado em 1914, entre os dois blocos europeus, a Itália, rompendo seu acordo na Tríplice
Entente, manteve-se inicialmente neutra, vindo, após, a combater ao lado da Tríplice Aliança.
16) Para a Tríplice Entente, a entrada dos Estados Unidos da América na guerra, em 1917, compensou a saída da
Rússia, imersa em uma revolução socialista.
02. (Ufba 1996) "Nos anos iniciais do século XX, reinava um clima de tensão e grande rivalidade na Europa.
............................................................................................................................................
As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de
tensões e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento".
(COTRIM, p. 337-8)
As informações do texto, associadas aos conhecimentos sobre a expansão do capitalismo e a Primeira Guerra
Mundial, permitem afirmar:
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01) As ambições imperialistas citadas no texto caracterizavam a política externa de nações que tinham alcançado
plena industrialização e cuja produção extrapolava a capacidade de consumo de suas próprias populações.
02) O pan-eslavismo, o pan-germanismo e o revanchismo francês constituíam-se movimentos nacionalistas
responsáveis, entre outros fatores, pela instalação das tensões e agressividades referidas no texto.
04) A adoção de uma política de alianças, no período anterior à Primeira Guerra Mundial, decorreu da necessidade
de conter o avanço de interesses capitalistas norte-americanos no mercado europeu.
08) O período histórico a que o texto se refere é também denominado de "paz armada", por ter registrado o
avanço da produção de armamentos pesados e o crescimento dos efetivos militares.
16) O continente africano também foi envolvido pelas ambições imperialistas, registrando-se o choque de
interesses franceses, ingleses e alemães, na disputa pela posse de terras desse continente.
32) As exportações de produtos manufaturados brasileiros foram prejudicadas durante a Primeira Guerra Mundial,
visto terem sido privadas do mercado consumidor, representado pelos países beligerantes.
03. (Ufpr 1993) Tema recorrente da política contemporânea, o nacionalismo tem-se constituído em foco
permanente de conflito. Sobre ele, é correto afirmar que:
01) A Primeira Guerra foi precedida pelo confronto de diferentes projetos expansionistas. É o caso da Rússia, que
pretendia avançar sobre territórios do Império Austro-Húngaro e do Império Turco, dizendo-se protetora dos
povos eslavos. Ou da Sérvia, que, ao pretender unificar os eslavos do Sudeste da Europa, formando a Grande
Sérvia, também se chocava com os interesses desses Impérios.
02) A Segunda Guerra, igualmente, foi precedida de discursos nacionalistas, embora com novas feições. É o caso do
fascismo italiano, embalado nos sonhos de reconstrução das glórias do Império Romano, ou do nazismo
alemão, defensor da unificação dos povos germânicos e da reconstrução do seu Império, então denominado III
Reich.
04) A vitória do nacionalismo indiano (1947) e o fracasso franco-britânico na guerra contra o Egito (1956)
desencadearam uma onda de nacionalismo nas antigas colônias europeias na África e na Ásia. Aliando-se a
outros países de passado colonial, como os latino-americanos, formaram uma terceira força internacional Terceiro Mundo, situado entre o Capitalismo e o Socialismo.
08) Nos anos 80-90, novamente os movimentos nacionalistas abalam a política internacional. O já frágil "império"
soviético vê sua unidade desfazer-se diante do separatismo das Repúblicas Bálticas - Letônia, Estônia e Lituânia.
A partir de então, outras repúblicas assumem o mesmo propósito, pondo fim à URSS. Entre os "eslavos do sul",
as disputas de croatas e sérvios lançam a Iugoslávia numa violenta guerra civil.
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Gabarito:
Resposta da questão 1:
01 + 02 + 04 + 16 = 23.
“Paz Armada” é o nome pelo qual se conhece o período que antecedeu a Grande Guerra. Os fatores que
impulsionaram a Guerra estão descritos corretamente, somados aos interesses imperialistas das grandes nações
europeias na África e Ásia.
A postura da Itália está invertida na firmação 08. Originalmente pertencia à Tríplice Aliança e, em 1915, aderiu à
Tríplice Entente.
Resposta da questão 2:
01 + 02 + 08 + 16 + 32 = 59
Resposta da questão 3:
01 + 02 + 04 + 08 = 15
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