Biologia Pesqueira 2007/2008
Notas Teórico-Práticas 1 – M.Afonso-Dias
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Universidade do Algarve
Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente
Mestrado em Biologia Marinha (2º ciclo)
BIOLOGIA PESQUEIRA
1º. Ano – 1º. Semestre – 2007/2008
---------------------------------------------------------------------------------------------------------Amostragem biológica: tamanhos individuais
A obtenção do tamanho e do peso dos indivíduos de amostras de peixes, moluscos e
crustáceos explorados pela pesca faz parte da rotina de todos os laboratórios de
investigação pesqueira. O conhecimento da estrutura das populações e das capturas
resultantes da pesca (por idades ou outra característica biológica) assenta sempre na
estrutura de tamanhos (comprimentos). A medição do tamanho é, assim, a técnica mais
utilizada em biologia pesqueira. As demais características biológicas (peso, idade,
maturação sexual, etc) estão relacionadas com o tamanho pelo que a obtenção desta
informação faz-se, normalmente, por sub-amostragem, dentro de cada classe de
tamanho.
1. Medição de peixes, moluscos e crustáceos
Escolha da dimensão a medir
A escolha da dimensão a medir é arbitrária. Deve recaír sobre uma dimensão fácil de
medir e sujeita a menos erros (com menor variabilidade). É muito importante utilizar-se
a mesma medida para os indivíduos de uma mesma população explorada. Organizações
internacionais como as Comissões de Pescas1, a FAO2 e o CIEM3 preocuparam-se em
padronizar estas medidas de modo a tornar compatíveis os dados de comprimentos
obtidos pelos vários países.
Medidas nos peixes
Nos peixes, o Comprimento Total (CT4) é a medição mais frequente entre todas as
medições que podem ser efectuadas pois é, em geral, a mais fácil de obter. Por outro
lado, o CT está relacionado com muitas outras características como o peso, a idade e a
maturidade sexual. O Comprimento à Furca (CF) é uma outra medida de tamanho
utilizada, especialmente, nas espécies de peixes com barbatana caudal furcal e rígida
(e.g., os atuns).
1
Comissões de Pescas = Comissões Internacionais responsáveis pela pesca em determinadas áreas (e.g.,
NAFO – Northwest Atlantic Fisheries Organization – www.nafo.ca - ver mapa da área de pesca em
www.nafo.ca/About/FRAMES/AbFrMand.html ).
2
FAO – Food and Agriculture Organization (Organização das Nacões Unidas para a alimentação, pesca e
agricultura – www.fao.org/fi ).
3
CIEM = Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, em inglês) – www.ices.dk - ver mapa
da área em www.ices.dk/committe/acfm/comwork/report/2002/oct/fisharea.gif
4
Na literatura em geral (incluindo a portuguesa) é comum utilizarem-se abreviaturas paras as diversas
medidas decorrentes do inglês (e.g., TL ou LT para o Comprimento Total - Total Length).
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O CT é usado na maioria das espécies de peixes. É medido em linha recta desde a
extremidade do focinho até à extremidade do lobo mais comprido da barbatana caudal,
quando comprimidos os dois lobos sobre a linha mediana. Esta definição do CT foi
adoptada há muitos anos por diversas organizações internacionais como a FAO e o
CIEM. O CF é medido desde a extremidade do focinho até à extremidade dos raios
centrais da barbatana caudal.
Há uma terceira medida, o Comprimento Standard (CS5), mas é raramente utilizada nas
pescas pois não é uma medição rápida de se fazer. É uma medida muito utilizada nos
estudos de sistemática (Ictiologia). No entanto, é por vezes utilizada em trabalhos de
biologia pesqueira quando os exemplares a medir trazem sistematicamente a barabatana
caudal danificada.
Nas raias, para além do CT, são mais frequentemente utilizados o Comprimento do
Disco e a Largura do Disco.
Nos tubarões utiliza-se o CT6 ou o CF.
É necessário especificar sempre qual a medida utilizada nos relatórios e outras
publicações, para evitar mal-entendidos. Qualquer que seja a medida utiliza-se sempre o
sistema métrico para as unidades.
Medidas nos moluscos
Para medir moluscos bivalves utiliza-se o Comprimento da Concha, medido na direcção
anteroposterior que é paralela ao eixo da charneira. A medida perpendicular ao eixo da
charneira é a Largura da Concha. A Altura da Concha (espessura) é a terceira medida
utilizada.
Nos gastrópodes, a medição padrão é a medida máxima desde a extremidade do vórtex
à extremidade da concha - Comprimento da Concha (ou altura da concha).
Nos cefalópodes utilizam-se duas medidas, o CT e o Comprimento do Manto, medido
desde o meio do olho até à extremidade anterior do manto (e.g., no polvo).
Medidas nos crustáceos
Nos camarões, lagostins, lavagantes e lagostas, o comprimento padrão é o
Comprimento de Cefalotórax ou de Carapaça (CC). É o comprimento mínimo do
cefalotórax medido desde o interior da órbita ao bordo posterior da carapaça. No caso
dos lavagantes e das lagostas a medição é feita paralelamente à linha mediana. No caso
dos camarões e do lagostim a medição é feita da órbita ao centro do bordo dorsal da
carapaça (medição não paralela à linha mediana). O Comprimento Total (CT) pode,
igualmente, ser utilizado mas a sua medição não é tão precisa quanto a do CC. Trata-se
da medida desde a extremidade do rostro à extremidade do telson. Nos camarões com
rostro pronunciado é normal este vir partido como resultado do processo de captura.
5
É o comprimento do peixe medido desde a extremidade do focinho (lábio superior) até ao fim da coluna
vertebral (é preciso definir exactamente onde se considera o fim).
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O comprimento total nos tubarões corresponde à distância, em linha recta, entre a extremidade do
focinho e a extremidade do lobo superior da barbatana (heterocérquica).
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Nos caranguejos, a medida padrão é a Largura da Carapaça (LC). É a distância máxima
entre os dois bordos laterais da carapaça, medida perpendicularmente à linha mediana.
Em geral, esta medida inclui os espinhos laterais, caso existam. Por vezes, é preferível
utilizar o CC, medido longitudinalmente desde o rostro ao bordo da carapaça.
Instrumentos e métodos de medição
As medições são normalmente realizadas com réguas especiais, vulgarmente designadas
por ictiómetros e por craveiras.
Nos peixes e moluscos cefalópodes utiliza-se o ictiómetro. No caso de indivíduos de
grandes dimensões (e.g., atuns e tubarões) utilizam-se fitas métricas de grandes
dimensões. Nas espécies de pequenas dimensões poderão ser usadas craveiras.
A medição de bivalves, gastrópodes e crustáceos são efectuadas, em geral, com
craveiras. A medição de animais de grandes dimensões exige a utilização de craveiras
adequadas (e.g., nas lagostas, lavagantes e sapateiras).
O ictiómetro (Figura 1) é uma plataforma com uma escala graduada sobre a qual se
estende o peixe a medir. Na extremidade zero da escala há uma antepara contra a qual
se encosta o focinho do peixe. A escala deve ser de fácil leitura. Se se pretender fazer
medições por classes de um centímetro ou meio-centímetro, as escalas devem apenas ter
divisões de 1cm ou 1/2cm, respectivamente. Muitas divisões aumentam a probabilidade
de erro de leitura. Os ictiómetros devem ser construídos de forma a resistir aos maus
tratos resultantes do trabalho a bordo de navios de pesca comercial e de investigação,
nos locais de desembarque e nas lotas de venda de pescado.
Figura 1. Ictiómetro.
As medições nos peixes são feitas, por convenção, sobre o seu lado esquerdo (Figura
2)7. O peixe é deitado sobre o seu lado direito, com a cabeça voltada para a esquerda,
7
A medição sobre o lado esquerdo é válida para todas as espécies de peixes, excepto para os
pleuronectiformes (peixes-chatos) e raias, e para os crustáceos (excepto para os caranguejos).
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com a boca fechada e o focinho encostado à antepara do ictiómetro (pressionar
ligeiramente sem forçar).
Figura 2. Medição do comprimento total de um peixe com auxílio de um ictiómetro.
A medição de raias, pleuronectiformes e em peixes como o tamboril é feita colocando
os espécimes direitos sobre a sua superfície ventral, com o focinho encostado à antepara
do ictiómetro (Figura 3)
Figura 3. Medição de um tamboril com auxílio de um ictiómetro.
Os peixes devem ser medidos frescos, imediatamente após a sua morte. Não se devem
medir os peixes durante o rigor mortis (rigidez pós morte). Neste caso é preciso relaxar
a musculatura do corpo primeiro, flectindo-o várias vezes. Muitas espécies podem ser
desembarcadas sem cauda ou sem cabeça (e.g., o tamboril, em alguns países do
Atlântico Norte). Nestes casos só se pode medir a parte do corpo desembarcado. Para se
ter o comprimento total do indivíduo é necessário dispôr de uma relação matemática
entre as duas medidas, que permita estimar o comprimento total a partir do
comprimento da parte do corpo desembarcado. Estas relações são estimadas através de
estudos realizados especificamente para o efeito (estudos morfométricos – a tratar
adiante, no capítulo do crescimento). Nos casos dos trabalhos de marcação (estudos de
marcação e recaptura) os peixes são anestesiados e medidos vivos para depois poderem
ser libertados.
As medições com o auxílio de um ictiómetro tradicional podem ser feitas aos pares (por
duas pessoas), um mede e dita e o outro regista as medições em impresso concebido
para o efeito, ou podem ser realizadas por uma mesma pessoa com auxílio de um
gravador ou de uma prancha de material plástico onde está reproduzida a folha de
registo. Estes dois últimos métodos são menos cómodos mas permitem economizar
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meios humanos. O método do gravador é, actualmente, o mais utilizado, por ser mais
rápido mas pode não funcionar bem em locais muito ruidosos como são, normalmente,
os locais de primeira venda de pescado (as lotas). Tanto no trabalho aos pares como no
individual com gravador é necessário que quem dita o faça de um modo claro e audível.
Actualmente, existem ictiómetros electrónicos (Figura 4) que, para além de medir
também registam o peso, com capacidade de registo de muita outra informação relativa
ao indivíduo que está a ser medido (e.g., o sexo e o estado de maturação sexual). A
utilização de craveiras electrónicas (Figura 5), com aproximação à centésima ou
milésima de mm, são hoje correntemente utilizadas nos laboratórios pesqueiros. A
utilização de aparelhagem electrónica (com baterias) nos locais de desembarque, em
lotas e a bordo de embarcações comerciais e de investigação exige, naturalmente,
determinados cuidados com a protecção destes equipamentos.
Figura 4. Ictiómetro electrónico
http://sites.web123.no/ScantrolAS/marineresearchproductguide.cfm
Figura 5. Craveira electrónica.
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Impressos e registo da informação
Os impressos a utilizar para o registo das medições devem ser concebidos tendo em
conta o tipo de registo que se pretende fazer i.e., a anotação das dimensões de cada um
dos indivíduos da amostra ou apenas o registo das frequências de comprimentos da
amostra. Normalmente consideram-se classes de ½ cm (peixes < 30 cm, e.g. sardinha e
o biqueirão), de 1 cm (peixes > 30 cm, e.g., carapau e a cavala) pelo que, tanto os
ictiómetros como os impressos, devem ser específicos para cada um dos casos. Nestes
casos, o registo do comprimento é feito ao ½ cm abaixo ou ao cm abaixo. Por exemplo,
se se considerarem classes de 1 cm, um indivíduo com 12.1 cm pertence à classe 12
assim como um com 12.9 cm. Todos os indivíduos com comprimento superior ou igual
a 12 e inferior a 13 são considerados como pertencentes à classe de comprimento 12 cm.
Outras aproximações (e.g. à unidade mais próxima) não são normalmente adoptadas nos
trabalhos de biologia pesqueira. Para facilitar, a representação de uma classe de
comprimento faz-se, normalmente, indicando apenas o limite inferior da classe seguida
de um travessão (e.g., 12 - , 13 - , etc) . No caso de serem classes de ½ cm seria, por
exemplo, 12.5 - , 13.0 - , etc.
O número de classes a considerar não deve ser superior a 20. A ideia é sumarizar a
informação que, alternativamente, poderia ter sido recolhida indivíduo a indivíduo (lista
de valores), mas sem a condensar por demais pois, neste caso, haveria perda de
informação. Pode ser necessário, em algumas espécies de grandes dimensões,
considerar classes de maior amplitude. Qualquer que seja o intervalo de classe, os
grupos começam sempre em zero e intervalos de classe utilizados são, para além de 0.5
e de 1, 2 e 5 cm. Quando possível deve-se recolher a informação relativa aos peixes em
intervalos de 0.5 ou 1 cm. Para estudos biológicos a informação a recolher poderá
mesmo ser obtida ao milímetro abaixo. Os dados recolhidos em pequenas unidades
poderão ser, sempre, agrupados em classes de maior amplitude para fins de
apresentação.
Crustáceos e moluscos de pequenas dimensões (e.g., camarões e bivalves) são
normalmente medidos ao milímetro abaixo. Espécies de grandes dimensões (e.g., a
sapateira e o polvo) podem ser medidos ao centímetro abaixo.
Nos impressos, o registo dos comprimentos para obtenção de frequências de
comprimentos pode ser feito através de traços (ou pontos) formando blocos de 5
indivíduos (Figura 6) que, no final são contados e traduzidos em frequências numéricas.
A informação registada nos impressos deve ser imediatamente passada para formato
electrónico (ficheiros informáticos) uma vez terminada a amostragem. Uma vez
inseridos, os dados devem ser verificados de modo a evitar erros e a folha de
amostragem deve ser convenientemente armazenada (nunca destruír as folhas
originais!).
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Figura 6. Registo de comprimentos para obtenção de frequências de comprimentos
através de traços formando blocos de 5 indivíduos.
Tratamento dos dados da amostra: cálculo de estatísticas a partir de dados agrupados
No cálculo das estatísticas de uma amostra estruturada por classes de comprimento deve
ser utilizado – como representante da classe – o seu ponto mediano (ponto central ou
marca de classe). Na representação gráfica das frequências de comprimentos através de
polígonos de frequências, os pontos devem ser marcados no gráfico, contra o ponto
central das respectivas classes.
Obtenção do peso
A obtenção do peso não é tão frequente quanto a dos comprimentos pois trata-se de uma
medida mais difícil de obter quanto o comprimento. É susteptível de grandes erros e
exige a utilização de balanças com determinada precisão, difíceis de usar em locais de
desembarque, lotas ou a bordo de embarcações comerciais ou de investigação pesqueira.
Os peixes podem ser pesados individualmente ou em grupo (por classe de
comprimento). Os peixes grandes têm que ser pesados com balanças de plataforma ou
de suspensão8. Nos laboratórios e, por vezes no campo (utilizando baterias), são usadas
balanças electrónicas de grande precisão. Há balanças electrónicas para operar a bordo
de embarcações mas a sua boa utilização depende muito da estabilidade da embarcação
e do estado do mar.
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A pesagem de peixe vivo pode ser feita em recipientes com água, devidamente
tarados.
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A conversão de frequências de comprimentos em pesos pode ser feita multiplicando as
frequências de comprimentos de cada classe pelos respectivos pesos médios individuais,
obtidos através do quociente entre o peso total dos indivíduos de cada classe e a
respectiva frequência. Para este fim, poder-se-á optar por considerar, não a totalidade
dos indivíduos da classe, mas apenas uma fracção representativa, seleccionada
aleatoriamente dentro da classe (e.g., os primeiros 10 indivíduos medidos em cada
classe). Nas classes com frequências inferiores a dez indivíduos, o número de
indivíduos a considerar no cálculo do peso médio será a totalidade dos indivíduos
registados nessas classes na amostragem de tamanhos. No entanto, na prática, sempre
que possível procede-se à pesagem da totalidade dos indivíduos medidos em cada
classe.
A utilização de relações matemáticas, com carácter preditivo, entre o peso e o
comprimento individual (anuais, semestrais, trimestrais ou para um outro determinado
período, por sexo ou para ambos os sexos combinados) – as chamadas relações pesocomprimento - permitem estimar pesos médios a partir de comprimentos (ou dos pontos
centrais das classes de comprimento). O estabelecimento de relações peso-comprimento
pode ser feito utilizando ou não dados agrupados, dependendo do fim a que se destinam
i.e., para prever pesos médios correspondentes a comprimentos medidos ao mm ou
correspondentes a classes de comprimentos.
Os estudos biológicos requerem pesos de vária ordem: o peso total (húmido), o peso
eviscerado (uma vez removidas as vísceras – gónadas, fígado, estômago, etc) e o peso
de certos orgãos como o estômago (estudos de regime alimentar), as gónadas e o fígado
(estudos de reprodução).
Rigor e precisão nas medições de comprimento e de peso
Exactidão (“accuracy”) e precisão (“precision”) são termos estatísticos muito
importantes (ver e.g., Brown & Austen, 1996). Uma medição pode ser muito precisa
(consistente) mas errada (i.e., apresentando um determinado afastamento em relação ao
valor real) (Figura 7). A diferença entre o valor médio da nossa medição e o valor real
designa-se por viés (“bias”).
A exactidão das medições de comprimento depende do estado físico dos indivíduos, da
destreza da pessoa que está a efectuar a medição e da técnica que está a ser utilizada.
Rigor mortis, dessecação ou preservação (e.g., através de líquido preservante ou de
congelação) conduzem ao encolhimento dos peixes. A conversão do comprimento de
peixe que sofreu congelação em comprimento no estado fresco, após morte, exige o
estabelecimento de uma relação entre estas duas medidas feito através de um estudo
especificamente concebido para o efeito. A exactidão é também afectada por qualquer
defeito na régua de medir e por causas aleatórias.
A exactidão no caso das medições de peso é determinada pela exactidão das balanças
utilizadas, a quantidade de humidade no corpo e cavidade bucal dos animais e por
alterações nos indivíduos causadas pela morte e pela preservação. O erro causado pela
água superficial está inversamente relacionado com o tamanho do indivíduo. Peixes
pequenos têm uma maior área superficial em relação ao seu volume (ou peso) que
peixes grandes. O facto da quantidade de água presente na superfície dos animais variar
com o seu tamanho resulta em perda de precisão. Para aumentar a precisão deve-se
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fazer com que a água superficial escorra antes de se efectuar a pesagem dos indivíduos.
A precisão das balanças deve ser verificada periodicamente (há um conjunto de pesospadrão concebidos para este efeito).
Figura 7. Rigor versus Precisão (in Panfili et al., 2002)
A precisão é influenciada pela consistência com que o focinho dos peixes é pressionado
contra a antepara do ictiómetro e com que os dois lobos da barbatana caudal são
comprimidos. O tamanho do peixe e a sua morfologia são, também, factores que
afectam a precisão da medição.
Tanto a exactidão como a precisão das medições de comprimento e de peso são
largamente influenciadas pelas condições de trabalho (iluminação, conforto, etc).
Bibliografia consultada:
Holden, M. J. & D. F. S. Raitt, 1974 - Manuel de Science Halieutique. Deuxiéme partie
- Méthodes de Recherches sur les Ressources et leur Application. Doc. Tech. FAO
Pêches (115) Rev. 1: 223p. Disponível online em:
http://www.fao.org/DOCREP/003/F0752F/F0752F00.HTM
Versão em inglês: Manual of Fisheries Science. Part 2 - Methods of Resource
Investigation and their Application. Apenas disponível online em:
http://www.fao.org/DOCREP/003/F0752E/F0752E00.HTM
Versão em espanhol: Manual de Ciencia Pesquera. Parte 2 - Métodos para Investigar los
Recursos y su Aplicación. Apenas disponível online em:
http://www.fao.org/DOCREP/003/F0752S/F0752S00.HTM
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Referências bibliográficas
Brown, M.L. & D.J. Austen, 1996. Data management and statistical techniques. In:
Murphy, B.R & D.W. Willis (eds). Fisheries techniques. 2nd edition. American Fish
Society, Maryland, pp: 17-62 (artigo para fotocopiar)
Panfili, J., H. de Pontual, H. Troadec & P.J.Wright, 2002 (eds.). Manual of fish
sclerochronology. Brest, France. Ifremer-IRD coedition, 464 p.
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