Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ju n h o 201 4
CÉus
E
MARÉs
Olhe e admire o que Deus está fazendo
8
Como
Funciona a Igreja
Parte 3
14
Só o
Essencial
27
Como
Aumentar a Fé
Junho 201 4
A R T I G O
16
D E
C A P A
Céus e Marés
Bill Knott
As estradas usadas por
alguns missionários não são
rodovias pavimentadas.
14Só o Essencial
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
Chantal J. Klingbeil
A viagem é muito longa; as malas devem
ser leves.
22Servo Fiel
V I D A
A D V E N T I S T A
Como Funciona a Igreja – Parte 3
8
V I S Ã O
M U N D I A L
Ted N. C. Wilson
Erna e John Siregar
Servir a Deus apesar das dificuldades.
24No Gueto
H I S T Ó R I A
A D V E N T I S T A
O corpo de Cristo tem muitos membros e todos
eles são importantes.
12
O evangelho avança de diferentes
maneiras.
D E V O C I O N A L
Adoração de Serpentes na Igreja?
Atuanya Cheatham DuBreuil
Os perigos de adorar a tradição.
Benjamin Baker
SEÇÕES
3 N O T Í C I A S
DO
MUNDO
3
Notícias Breves
6
Notícia Especial
10
Igreja de Um Dia
11 S A Ú D E N O M U N D O
Câncer de Mama
21 E S P Í R I T O D E P R O F E C I A 27 E S T U D O B Í B L I C O
Alcançando os Infiéis
Como Aumentar
a Fé
RESPOSTAS A
26
PERGUNTAS BÍBLICAS
28 T R O C A D E I D E I A S
Apenas Dois?
www.adventistworld.org
On-line: disponível em 11 idiomas
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 10, Nº- 6, Junho de 2014.
2
Adventist World | Junho 2014
CAPA: Vista aérea da Ilha Saibai.
F o t o :
C o r t e s i a
d e
D a r r e n
P e a k a l l
A Missão “Voa” Longe
N ot í cias do M u ndo
Presidente Mundial da Igreja
Debate sobre
“Transgressão Humana”
■■ Ao falar para aproximadamente 350 líderes no Centro Internacional de Convenções
da Cidade do Cabo, África do Sul, Ted N. C.
Wilson, presidente mundial da Igreja, insistiu
para que reconhecessem que a “transgressão
humana” é um problema global e dependente
da cura, a qual é possível apenas por meio do
poder restaurador de Cristo.
As questões envolventes devem ser abordadas com “clareza e tato”, e fiel às verdades
bíblicas como demonstrado por Jesus em Seu
ministério na Terra, comentou.
“Nosso objetivo e alvo pessoal nesta conferência deve ser: ‘Falar a verdade como Jesus
CLAREZA E TATO: Ted
falou, lembrar que toda palavra proferida
N. C. Wilson, presidente
por Seus discípulos deve ajudar alguém a se
tornar discípulo de Cristo’. Há uma maneira
mundial da Igreja
de falar a verdade que conduz à vida. Dessa
Adventista, faz o discurso
forma, vamos falar, compartilhar e aprender
de abertura da conferência
uns com os outros.”
“À Imagem de Deus –
Seu tema de abertura da conferência sobre
Escrituras, Sexualidade
sexualidade foi: “A Verdade como é em Jesus”.
e Sociedade”, no
Participaram pastores, capelães, professores,
Centro Internacional de
profissionais de saúde, especialistas em leis e
Convenções da Cidade
diretores de recursos humanos.
do Cabo.
Definindo os parâmetros da conferência,
o pastor Wilson enfatizou que estes não incluíam revisar a perspectiva ou as declarações da
Igreja sobre a transgressão humana, ou aproximá-los do “espírito
mutável” das tendências sociais e valores da atualidade. “Nem viemos
para descrever esse tipo de transgressão como algo maior do que aquilo
que a Palavra de Deus define como pecado. Não existe uma hierarquia
classificatória das falhas humanas, com algumas deficiências ‘menos
perigosas ou prejudiciais’ do que outras; pecado é o resultado de viver
em desarmonia com Deus. Estamos mais acostumados a repudiar outros
pecados. Não gostamos do orgulho, ignoramos a fofoca, toleramos a
hipocrisia e, às vezes, evitamos lidar com a luxúria, adultério e o pecado
do abuso sexual. A verdade desconfortável, mas inegável, é que todos nós
somos pecadores.”
O l i v e r / ANN
entro de algumas horas, iniciarei uma
viagem de 684 quilômetros para participar
das comemorações dos 150 anos da igreja na
qual fui batizado, aos 12 anos de idade.
Se eu somar todos os trechos dessa viagem: 20
minutos de carro até o aeroporto, 1h15 minutos
de voo, mais 58 minutos de carro até meu destino,
o resultado será de apenas 2h30 minutos.
Se Ellen, Tiago White, Stephen Haskell, ou
J. N. Andrews, tivessem que fazer uma viagem
idêntica a esta quando a Igreja Adventista de
South Lancaster foi organizada, em 1864, teriam
que viajar aproximadamente 16 horas de trem
e dormir uma noite na cidade de Nova York –
isso se o trem fosse muito rápido e não houvesse
animais bloqueando os trilhos da locomotiva
movida a vapor!
Na quinta-feira, vou trabalhar o dia inteiro:
participar de comissões, editar artigos, responder e-mails e voar para meu destino só depois
que escurecer. As ideias daquilo que devo
realizar durante o dia – minha missão – são
construídas a partir do meu conhecimento das
tecnologias que me ajudam a realizá-las.
O método ajusta nossa imaginação sobre o
que podemos realizar na missão.
Quando o mundo todo caminhava ou andava a cavalo – na maioria dos casos, até alguns
séculos atrás – o evangelho também viajava na
velocidade de seus portadores, ou seja, cerca de
6,4 quilômetros por hora a pé, ou 24 quilômetros por hora a cavalo.
Mas quando os métodos mudaram, nossas
propostas do que poderia ser feito para espalhar o
evangelho também mudaram. Hoje, eu posso fazer
viagens longas em uma fração de tempo incrivelmente mais curta do que os pioneiros adventistas,
ou, às vezes, nem preciso estar lá pessoalmente. Da
escrivaninha do meu escritório posso ver, participar de resoluções e estar do outro lado do mundo
por meio de videoconferência, Skype, Face Time
ou plataformas digitais similares.
A maneira de cumprirmos a missão está
mudando porque os métodos estão mudando.
E isso não é uma boa coisa? Na verdade, isso é
uma coisa incrível!
Ao ler o artigo de capa deste mês, “Céus e
Marés”, ore pedindo visão para utilizar
os melhores métodos na realização da missão para a qual o
Espírito o está motivando.
A n s e l
D
Junho 2014 | Adventist World
3
Comentando sobre homossexualismo, ele disse: “Achamos ‘inconsistente e
moralmente errado’ a igreja disciplinar
membros que praticam o homossexualismo enquanto ignora os que praticam
o sexo heterossexual pré-marital ou
o adultério. O padrão divino para o
comportamento sexual determina
que só na união de um homem e uma
mulher, através do casamento, o dom
da sexualidade, em sua forma adequada
e bíblica, pode ser apreciado. Qualquer
desvio desse padrão deve ser tratado
com seriedade, na tentativa de produzir
correção, arrependimento e restauração.”
Um dos principais objetivos da
conferência, segundo Wilson, foi o
desenvolvimento da consciência de
como guiar na direção da “recuperação
e salvação” essas pessoas que vivem em
desarmonia com Deus.
“Viemos aqui porque, como um
povo, estamos comprometidos a falar a
verdade um ao outro e ao mundo à nossa volta, e porque estamos empenhados
em aprender a falar essa verdade como
Jesus fez.”
Citando o livro Caminho a Cristo
em seu discurso, ele enfatizou o método
utilizado por Jesus quando abordava
as pessoas e compartilhava a verdade:
“[Jesus] Não era nunca rude; jamais
pronunciava desnecessariamente uma
palavra severa; nunca motivava dores
desnecessárias a uma alma sensível. Não
censurava as fraquezas humanas. Dizia
a verdade, mas sempre com amor.”
Um dos pontos marcantes durante
a conferência foi o momento dos
testemunhos de ex-membros da
comunidade gay, que após lutarem e
vencerem sua tendência pelo poder do
Espírito, agora, são exemplos “redimidos” daquele estilo de vida.
4
Adventist World | Junho 2014
Z e h
D o m i n i c
N ot í cias do M u ndo
PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE: Jovens
envolvendo pessoas da comunidade em diversas
atividades durante o congresso.
“As histórias reais que ouvimos aqui,
sem dúvida, mostram que precisamos
dar atenção a eles, sua luta e dor. Não
podemos deixar que nosso orgulho
insinue que, aos olhos do Céu, os erros
deles são piores do que os nossos”,
comentou Wilson.
– Boletim diário de notícias da
conferência, disponível na página:
adventistreview.org e news.adventist.org.
“Ir a Deus e Sair em
Nome de Deus”
■■ Na Alemanha, as comemorações da
páscoa são sempre muito festivas. O
comércio fica fechado e os concertos
sacros e as igrejas recebem número
recorde de visitantes. Nos últimos oito
anos, os jovens adventistas da Alemanha
e de toda a Europa têm aproveitado
essa época para socialização, inspiração,
treinamento e evangelização na cidade
de Mannheim, às margens do rio Reno.
O tema do congresso deste ano,
realizado nos dias 17 a 21 de abril, foi
“Levante a Cabeça”. Os palestrantes
enfatizaram o preparo pessoal para os
eventos finais que antecedem o retorno
de Jesus Cristo. No sermão de abertura,
Doug Batchelor, diretor do Amazing
Facts, falou sobre o chamado do profeta
Isaías, ressaltando que devemos “ir a
Deus, e então, sair em nome de Deus”,
para cumprir Sua missão.
Marc Engelmann, diretor de jovens
da Associação Baden-Württemberg,
relatou que neste ano a organização do
congresso enfrentou uma quantidade
incomum de desafios. O corpo de
bombeiros reduziu a capacidade do
auditório principal da escola de 1.200
para 200 lugares. Poucas semanas antes
do evento, as autoridades da cidade
enviaram um comunicado informando
mudança nos custos da estrutura com
um adicional de 50 mil euros.
Entretanto, a despeito desses desafios, os participantes puderam desfrutar
da programação, workshops, músicas
inspiradoras em uma tenda montada
rapidamente e com capacidade para mais
de 1.500 pessoas. Ao levar um saco cheio
de “problemas” ao palco, Engelmann
compartilhou: “Estou tão feliz por poder
levantar minha cabeça e olhar para
Jesus – queremos que você tenha essa
experiência nos próximos dias.”
Desafiados pelos oradores ao longo
dos quatro dias do evento, os jovens
presentes ao YiM responderam
positivamente. Sessenta e sete decidiram
pelo batismo, 58 se comprometeram
a dedicar um ano como voluntários
a serviço da Igreja e 12 aceitaram o
chamado para o ministério.
Nas atividades comunitárias, eles
distribuíram alimentos e esperança
entre os habitantes de Mannheim.
Também visitaram prisioneiros e idosos.
Mais de 500 voluntários demonstraram comprometimento. Eles ajudavam
em todos os lugares – preparando alimentos, limpando banheiros, ajudando
como diáconos e segurança pessoal,
trabalhando com áudio e vídeo e em
diversas outras atividades. Na segundafeira pela manhã, após o sermão de
encerramento, ajudaram a recolocar
1.500 cadeiras nas salas de aulas e em
outros espaços, e deixaram o complexo
escolar no seu estado original.
Os participantes vieram de todas as
partes da Europa. Joachim Broegaard,
estudante de medicina da Dinamarca,
viajou mais de mil quilômetros para
se encontrar com amigos e receber
motivação através da programação. Ele
estava feliz em conhecer outras pessoas
interessadas no ministério médico na
Europa. Nas reuniões gerais, os sermões
eram traduzidos para o inglês, tcheco e
polonês, destacando a natureza internacional do evento.
Durante a cerimônia de abertura,
Michael Dörnbrack, pastor e um dos
fundadores do YiM, apresentou Benny
e seus amigos John e Elli. Tempos atrás,
Benny, alpinista apaixonado, levou John
ao clube de desbravadores e mais tarde
começou a estudar a Bíblia com ele.
John, por sua vez, convidou sua amiga
Elli – assim, um amigo trouxe um
amigo. Dörnbrack desafiou o auditório
a “não ter uma religião submarina”, que
só aparece aos sábados de manhã, por
duas horas, e depois desaparece.
– Gerald A. Klingbeil, editor associado,
com contribuição de Marcus Witzig,
Associação Baden-Württemberg
Ataque Cibernético
Defraudou a Igreja em
Meio Milhão de Dólares
■■ Foram liberados novos detalhes
sobre a investigação, ainda em
andamento, do sofisticado roubo
cibernético que defraudou a Igreja em
aproximadamente 500 mil dólares,
durante um período de quatro semanas,
no ano passado.
Líderes da Igreja informaram que
uma “senha comprometida” parece ter
permitido aos golpistas invadir, on-line,
a conta do Gmail de um funcionário
autorizado a passar instruções para
transferências de dinheiro. Em nome
desse funcionário e sem que ele
soubesse, os golpistas enviaram e-mails
para o departamento financeiro na sede
mundial da Igreja (AG), solicitando
aprovação de transferência de fundos
em nome de uma entidade denominacional. Um sistema de filtragem criado
pelos golpistas marcou todas as respostas da AG como “lidas” e “excluídas”,
ignorando assim a caixa de entrada do
empregado.
Enquanto isso, os golpistas lavaram
o dinheiro das 16 transações fraudulentas através das contas bancárias
pessoais de cinco vítimas aparentemente inocentes.
“Mudamos os procedimentos da
melhor forma possível para prevenir
que qualquer coisa dessa natureza
aconteça outra vez”, disse Robert E.
Lemon, tesoureiro da AG.
Lemon comenta que incidentes com
golpistas que rastreiam a internet em
busca de e-mails com instruções de
“pagamento, transferência ou remessa”
de fundos estão acontecendo com
maior frequência. Em tais casos, os
golpistas estudam cuidadosamente a
conta do titular para então enviar
pedidos de transação que imitam
o modelo e o conteúdo de e-mails
legítimos. Alguns hackers podem até
mesmo incluir comentários pessoais –
com detalhes sobre o trabalho ou da
família, adquiridos nas mídias sociais
ou em e-mails – para fazer com que os
pedidos das transações pareçam mais
originais.
“Aconselhamos aos funcionários e
membros a tomar extremo cuidado
ao passar as instruções de como
lidar com os recursos que vêm por
intermédio de e-mails, sem verificação
através de outros meios, como telefonemas, mensagens de texto ou fax”,
orienta Lemon.
Na Associação Geral, os controles
internos estavam programados para
alertar o pessoal do setor financeiro
sobre o problema, logo na primeira
transação. Mas vários funcionárioschaves, que poderiam ter questionado
as transações, estavam viajando ou fora
do escritório no momento em que
elas ocorreram. Além disso, os valores
transferidos e as explicações estavam
“dentro da normalidade” para a
entidade denominacional em questão.
O setor financeiro descobriu a
fraude após suspeitar do grande
número de solicitações de transação
e depois do alerta de um dos bancos
envolvidos. Os golpistas rapidamente
interromperam as atividades fraudulentas associadas à conta de e-mail e às
contas bancárias veiculadas.
Embora tenha sido possível recuperar parte dos fundos que ainda estavam
nas contas bancárias antes de serem
congeladas, os líderes financeiros da
AG disseram que não têm certeza se
vão recuperar todo o valor perdido.
Espera-se que as autoridades federais
americanas cooperem com a investigação em curso.
“Não há nenhuma evidência do
envolvimento ou comportamento duvidoso de algum funcionário, ou servidor
de correio eletrônico da Igreja ou de
que as contas bancárias foram acessadas ​​
ou comprometidas no esquema. Descobrir algo dessa natureza, acontecendo
sob nossos olhos, é muito difícil para
nós que trabalhamos na tesouraria”,
acrescentou Lemon.
“Gostaríamos de agradecer a cada
membro de igreja por sua fidelidade e
solicitar suas orações para que Deus
nos ajude a proteger Seus recursos em
um cenário de constantes mudanças,
principalmente, nas fraudes on-line.”
– Elizabeth Lechleitner/ANN
Junho 2014 | Adventist World
5
N ot í cias do M u ndo
MOTIVADOS: Jovens em Atenas,
Grécia, preparando-se para prestar
serviços à comunidade.
M i n i s t é r i o
J o v e m
d a
A s s o c i a ç ã o
O
dia dedicado pelos jovens
adventistas de todo o mundo
a atividades comunitárias e
missionárias, cresceu exponencialmente
em seu segundo ano. O dia 15 de março
foi designado pelo Departamento de
Jovens da Associação Geral (AG) para
tal finalidade.
Desafiados a “Ser o Sermão”, pelo
menos durante um sábado no ano, em
vez de simplesmente ouvi-lo, aproximadamente 8 milhões de jovens saíram às
ruas e foram às comunidades. Eles visitaram hospitais, lares de idosos, orfanatos,
etc. Também distribuíram alimento, doaram sangue, realizaram feiras de saúde,
oraram com as pessoas nas ruas e, ainda,
ofereceram “muitos abraços”.
“Além de enfatizar a importância do
serviço às comunidades, nosso objetivo
é aumentar a conscientização global
para a Semana de Oração Jovem”,
explica Gilbert Cangy, diretor do Ministério Jovem para a igreja mundial.
Segundo Cangy, essa transmissão,
apoiada pela presença na Web e mídias
sociais, foi fundamental para o evento.
“A transmissão ao vivo, nossa página
no Facebook, os tuítes, a página da
web e Apps são o espaço onde nossos
jovens se encontram para compartilhar
suas histórias e comemorar a bondade
de Deus.”
6
Adventist World | Junho 2014
G e r a l
Nathan Brown, Signs Publishing
Company, Warburton, Victoria, Austrália
Dia Mundial
Jovens
dos
Segundo ano da iniciativa
apresenta inovações e maior
visibilidade
Tecnologia Pioneira para a
Conectividade
Quando foi lançada em 2013, a
programação teve apenas três horas de
transmissão ao vivo. Neste ano, o evento
foi transmitido durante 23 horas para todos os continentes, sob a coordenação do
Centro de Mídia Adventista “Stimme der
Hoffnung”, na Alemanha, e transmitido
internacionalmente pelo Hope Channel.
“A transmissão do sinal dos locais
de produção para o centro de controle
técnico foi feita por equipamento de
transmissão IP, via internet. Essa foi
uma novidade e uma coisa que, tanto
quanto sabemos, ninguém tentou
antes”, explica Wolfgang Schick, diretor
de produção.
Ele admitiu que houve dúvidas
sobre como articular diferentes locais
de produção e possíveis diferenças na
qualidade da imagem. Porém, avaliando
no geral, foi um grande sucesso e as
conexões entre todos os locais de produção funcionaram.
A maratona de transmissão foi
reforçada on-line e pelas mídias sociais.
Coordenada por Daryl Gungadoo,
engenheiro das redes da Rádio Mundial
Adventista, sediada no Reino Unido,
às experiências positivas desfrutadas
pelos jovens no ano anterior. “O Dia
Mundial dos Jovens cresceu simplesmente pelo boca a boca. Os jovens
que participaram em 2013 espalharam
o entusiasmo, e agora mais grupos
quiseram se envolver e planejar adequadamente suas atividades de serviço.
Mesmo que as experiências e os efeitos
do DMJ causem uma impressão dura-
PRESENÇA MUNDIAL: Em Camarões, jovens também dedicaram um dia para
orar e ajudar as pessoas.
M i n i s t é r i o
essa interatividade de múltiplas plataformas quase triplicou o envolvimento
dos jovens no mundo todo, se comparado aos resultados do DMJ em 2013.
Um Movimento Crescente
Segundo Stephan Sigg, diretor do
Ministério Jovem da Divisão Intereuropeia, sediada em Berna, Suíça,
o DMJ 2014 também cresceu devido
J o v e m
d a
A s s o c i a ç ã o
hospitais, nos lares de idosos, tanto na
Alemanha como na França, Romênia,
Bulgária, Espanha e em Portugal, foi
incrível! Temos um Deus que mobiliza
os jovens para expandir Seu reino”,
comentou.
O Cumprimento de
uma Visão
O conceito do Dia Mundial dos
Jovens cresceu em resposta ao que tem
sido visto como a fragmentação crescente das sociedades em todo o mundo
e, talvez, até mesmo na igreja. “A minha
ideia era que os jovens adventistas fossem um movimento global, o ‘exército
jovem’ ao qual frequentemente nos referimos”, disse Cangy. “Eu me questionava
como poderíamos recuperar em nossos
jovens o sentimento de pertencer a uma
família global.”
Cangy acredita que a adoração corporativa mais tradicional sempre ocupará um papel importante na comunidade
adventista. Mas insiste em declarar que o
Dia Mundial dos Jovens é, essencialmente, também, um ato de adoração corporativa global, embora de forma diferente.
“Se Jesus voltar em um Dia Mundial dos
Jovens, encontrará Seu povo no lugar
certo (Mateus 25:34-38)”. n
G e r a l
doura, ainda estamos longe de atingir
o auge de envolvimento.”
Quando perguntado sobre sua experiência preferida do DMJ-2014, Sigg
mencionou a criatividade das atividades
nas comunidades do Egito e em Dubai.
“Ver os jovens compartilhando o evangelho com criatividade e se envolvendo
de tantas maneiras diferentes para mostrar bondade às pessoas nas ruas, nos
Veja mais fotos e reportagens sobre o
DJM-2014 na página globalyouthday.org.
As mensagens da Semana de
Oração Jovem podem ser acessadas no
seguinte endereço:
gcyouthministries.org/Media
Publications/YouthWeekOfPrayer/
tabid/100/Default.aspx.
Junho 2014 | Adventist World
7
V I S Ã O
M U N D I A L
Como
Funciona
a
Ted N. C. Wilson
PartE 3
Igreja
Unidade, Estrutura e Autoridade
A terceira parte desta série aborda como a unidade, estrutura e autoridade trabalham
juntas pela missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial. Para a conveniência
dos leitores que não tiveram a oportunidade de ler as partes 1 e 2, faremos um rápido
resumo abaixo. – Os Editores
D
eus dirigiu o estabelecimento
e a organização da Igreja
Adventista. Embora o
movimento tenha iniciado com
um pequeno grupo de crentes que
“buscaram a verdade como a um
tesouro escondido”1, no ano em que
a Associação Geral foi oficialmente
organizada, 1863, o número de
membros já havia crescido rapidamente
para vários milhares. À medida que
a Igreja continuava crescendo, sua
estrutura também crescia com a
finalidade de que “a ordem e a ação
harmoniosa se pudessem manter”.2
A organização da Igreja não foi realizada de modo súbito, mas construída
com muito cuidado e oração à medida
que Deus providenciava sabedoria e
direção por meio das Escrituras e do
dom profético. Nossa organização existe como um
sistema de serviço, mantendo a ordem
e a ação harmoniosa enquanto a Igreja
avança na missão dada por Deus de
proclamar Sua verdade nos últimos
8
Adventist World | Junho 2014
dias. Esse é um sistema representativo
onde nenhum líder ou grupo de líderes
ditam isoladamente as normas, ações
ou atividades da igreja.
Considerando que cada nível da
Igreja trabalha em harmonia com
todos os outros níveis, as iniciativas
podem vir de qualquer um deles e são
analisadas e estudadas nas comissões
correspondentes. Às vezes, as iniciativas
começam na base e se tornam parte
das praxes. Nosso sistema é dinâmico.
Nesta organização, todos os membros
de igreja têm voz ativa.
A Importância da Igreja Local
O papel da igreja local é absolutamente decisivo. Ela nos estimula
e ajuda a proteger nossos ensinos e
práticas. Uma igreja local sólida é a
chave para a plataforma sólida da Igreja
Adventista. Se você tem dúvidas não
olhe simplesmente para a Associação
Geral, pensando: “Eles farão o possível
para dar tudo certo.” A fidelidade para
com nossa mensagem e missão começa
na igreja local. Pela graça de Deus,
participe da vida e da missão da igreja
que você frequenta.
Uma das suas primeiras responsabilidades é orar por sua igreja: pelo
pastor, pelos anciãos eleitos e pela
missão evangelística. Participe do
processo e seja ativo. Envolva-se. Tenha
em mente que você pode exercer grande
influência não apenas em reuniões
públicas, mas também nas particulares
com os principais líderes. Se você sente
o desejo de fazer algo, procure seu pastor ou ancião; converse com o diretor
do departamento em questão; fale com
os que estão envolvidos e que fazem as
coisas acontecerem.
Siga uma linha de abordagem cuidadosa e metódica. Se você não está satisfeito em um nível, siga para o próximo.
Todos devem ser parte do processo. A
Igreja Adventista, em qualquer nível,
não exerce o autoritarismo de cima
para baixo, onde apenas poucas pessoas
decidem o que vai acontecer.
Quando você abre o coração em um
ambiente pessoal, o Espírito Santo pode
ajudar a influenciar um líder. Nunca
pense que um e-mail ou uma simples
conversa não cause nenhum efeito sobre
a pessoa com quem está falando. Sei que
ASSOCIAÇÃO GERAL
DIVISÃO
UNIÃO OU
UNIÃO MISSÃO
ASSOCIAÇÃO
OU MISSÃO
IGREJA
LOCAL
A organização nos foi dada com o
objetivo de ser uma salvaguarda, para
que nenhum indivíduo ou pequeno
grupo possa influenciar indevidamente
a igreja de Deus e sua missão.
faz. Muitas vezes os e-mails que recebo
e as conversas pessoais com outros têm
me afetado.
Um Conjunto Harmonioso
Trabalhe em espírito de oração,
pautado pela Palavra de Deus e pelos
conselhos do Espírito de Profecia.
Lembre-se de que, tanto quanto possível,
nossa Igreja trabalha na base do con-
senso. Não há razão para criarmos barreiras ou discordarmos reiteradamente
uns dos outros; essa não é a maneira
como Deus deseja que a igreja trabalhe.
Às vezes, temos que votar para descobrir como o grupo todo está alinhado,
mas, geralmente, a melhor maneira de
abordar os desafios é de joelhos, com
intenso estudo da Bíblia e pedindo a
ajuda do Espírito Santo. Quando uma
decisão precisa ser tomada, a votação
acontece sob a direção de Deus. Usamos
esse sistema efetivamente em todos os
níveis da organização.
Algumas pessoas podem criticar a
estrutura da Igreja como sendo duplicada em diferentes níveis e desnecessária
neste tempo de abordagem administrativa simples.
Quando servi na Divisão EuroAsiática como presidente, vi o grande
valor da estrutura organizacional de
nossa Igreja, onde problemas locais
são resolvidos em nível da Associação
local. Itens de maiores consequências
são levados à União – nível regional. Os
itens ainda maiores são levados para
a Divisão e, às vezes, passados adiante
para a Associação Geral. Finalmente,
questões de natureza global são levadas
à assembleia da Associação Geral,
onde, mais de dois mil representantes
da Igreja, do mundo todo, discutem e
votam essas questões.
Levamos muito a sério essa forma
representativa de administração, e é dito
que “quando numa assembleia geral, é
exercido o juízo dos irmãos reunidos
de todas as partes do campo, independência e juízo particulares não devem
obstinadamente ser mantidos, mas
Junho 2014 | Adventist World
9
V I S Ã O
M U N D I A L
Igreja de Um Dia
1 Ellen
G. White, Testemunhos para Ministros, p. 24.
, Atos dos Apóstolos, p. 92.
,Testemunhos para a Igreja, v. 9, p. 260, 261.
2 _______________
3 _______________
Ted N. C. Wilson é
presidente mundial da
Igreja Adventista do
Sétimo Dia.
10
Adventist World | Junho 2014
K y l e
renunciados […] Deus ordenou que
os representantes de Sua igreja
de todas as partes da Terra, quando
reunidos numa Assembleia Geral,
devem ter autoridade. O erro que
alguns estão em perigo de cometer é
dar à opinião e ao juízo de um homem,
ou de um pequeno grupo de homens,
a plena medida de juízo e voz da
Associação Geral reunida para fazer
planos para a prosperidade e avançamento de Sua obra.”3
A organização nos foi dada com o
objetivo de ser uma salvaguarda, para
que nenhum indivíduo ou pequeno
grupo possa influenciar indevidamente
a igreja de Deus e sua missão. Ela possibilita que todos os membros tenham
voz e influência na missão da igreja,
de maneira que “tudo seja feito com
decência e ordem” (1Co 14:40).
A Bíblia está repleta de princípios
sobre relação interpessoal, organização,
administração e instrução sobre
como realizar a missão de Deus.
Reforçando esse tema, a maior parte
dos conselhos do Espírito de Profecia
discorre sobre a maneira de levarmos
avante a missão da igreja. Ao nos
unirmos, seguindo o maravilhoso
plano de organização e unidade dado
por Deus à Sua igreja, avancemos
juntos rumo à finalização da missão
que Ele nos confiou. n
F i e s s
Porto Seco, Angola
A Igreja de Um Dia chegou a
Angola. Eder Lucca, empreiteiro
brasileiro e diretor nacional da
Maranatha em Angola, recebeu
o primeiro contêiner de materiais
para a construção das 40 primeiras
igrejas. Ele iniciou imediatamente
a obra. Será um total de 1.000
novas congregações solicitadas
pelos líderes locais da Igreja.
Anos atrás, um pastor jovem,
SONHO REALIZADO: Os membros desta
de uma igreja pentecostal que
funcionava no meio de barracas de
igreja em Porto Seco, Angola, consepapelão e latão reciclado, leu sobre
guiram os recursos para o terreno e o
o sábado no livro de Êxodo. Impresalicerce fazendo pão e lavando roupa.
sionado com a descoberta, passou
semanas pesquisando sobre o assunto. Após isso, ele pregou para sua congregação.
Iniciaram um período de intensa oração e estudo da Bíblia. Um dos membros
apresentou o pastor a um colportor adventista. Logo, toda a congregação estava
desejosa de fazer parte da comunidade adventista.
O grupo alugou um local para suas reuniões, mas tiveram que se mudar para
outro e outro. Precisavam urgentemente de algo maior. Foi quando uma das irmãs
da igreja ouviu sobre a Igreja de Um Dia da Maranatha Volunteers International.
Ela contou aos membros e dirigentes e começaram a orar especificamente para
que Deus lhes concedesse essa benção em Porto Seco.
“Sabíamos que Deus diria sim”, comentou essa irmã, “então, começamos a
cozinhar e lavar roupas para levantar o dinheiro do terreno”.
As mulheres negociaram com o proprietário e conseguiram reduzir o preço de
40 mil para 30 mil dólares. O valor exato que haviam conseguido levantar. Depois,
compraram cimento e fizeram o piso da igreja acreditando que Deus a providenciaria.
No dia 3 de setembro de 2013, Eder e sua equipe montaram a estrutura de aço
da nova igreja. Antes de terminarem, as mulheres começaram a assentar os tijolos
das paredes.
Quatrocentas pessoas da comunidade, convidadas pelas mulheres, compareceram ao culto de inauguração da nova igreja de Porto Seco.
Agora só faltam 999!
ASI* e Maranatha Volunteers International colaboram financiando e
facilitando projetos de Igrejas de Um Dia e Escolas de Um Dia. Desde que
esse projeto foi lançado, em 2009, já foram
construídas mais de 1.600 unidades em diversos
países do mundo.
*Associação dos Empresários Adventistas da América do Norte
S aúde
no
M undo
Câncer de Mama
Peter N. Landless e Allan R. Handysides
Recentemente fui diagnosticada com câncer de mama (estágio 1). Tenho 70 anos
e entrei na menopausa há 19. Dez anos atrás, minha mãe, hoje com 90 anos,
também teve câncer de mama, mas agora está bem. Gostaria de saber sobre os
fatores de risco, causas e tratamentos.
A
tualmente, o câncer de mama
tem sido diagnosticado mais
precocemente devido ao exame
universalizado da mamografia. Tal
procedimento contribui para encontrar
o maior número possível desses casos
em seu estágio inicial. Isso tem ajudado
para melhores resultados. Alguns têm
questionado se certos tipos de câncer,
quando descobertos na fase inicial,
exigem o mesmo tratamento intensivo
que os casos mais avançados.
Os fatores de risco não são identificados em pelo menos 75% das mulheres
que desenvolvem câncer de mama.
Dos fatores em ação, alguns são mais
perceptíveis do que outros.
A predisposição genética é um fator
que está presente em 10% dos casos, e
envolve os genes do câncer de mama 1
ou 2 (BRCA1 e BRCA2), bem como um
gene menor de proteína (TP53).
Há, também, algumas doenças como
a síndrome de Cowden que possuem
uma base genética (PTEN) que está
relacionada a altas incidências do
câncer de mama.
A chegada precoce da menarca,
antes dos 12 anos de idade, está associada
ao ligeiro aumento dos casos de câncer
de mama, enquanto as mulheres que
têm uma menopausa prematura,
antes dos 30 anos, têm apenas metade
do risco em comparação com as
mulheres que entram na menopausa
após os 55 anos. Mulheres que fazem
reposição hormonal, tomando estrogênio e progesterona, aumentam em
cerca de 20% o risco desse tipo de
câncer. Entretanto, estudos realizados
pelo National Institute of Health
(Instituto Nacional de Saúde), durante
7 anos, em mulheres que tomam só o
estrogênio, relataram que não houve
aumento de risco.
O consumo moderado de álcool
parece aumentar o risco de câncer de
mama, e quantidades excessivas de
álcool contribuem para o crescimento
desse risco.
A dieta rica em gordura animal
também está associada com o
aumento do risco desse câncer. O problema é determinar quando o risco é
devido à gordura ou a outros produtos
cancerígenos em tais dietas.
A obesidade é fator de risco do
câncer de mama. Um estudo britânico
acompanhou entre 1996 a 2001 mais
de 1 milhão de mulheres com idade
entre 50 e 64 anos. Nesse estudo,
mais de 45 mil novos casos foram
identificados, resultando em aproximadamente 17 mil mortes. O estudo
também constatou um aumento do
risco do câncer de mama em relação à
massa corporal. Foram estabelecidos
critérios que avaliaram índice de
massa corporal, idade, localização
geográfica, tabagismo, pobreza, idade
do primeiro parto e uso de terapia de
reposição hormonal.
Portanto, tendo como base o que
expusemos até aqui, concluímos que:
estar acima do peso, consumir bebidas
alcoólicas, começar a menstruar cedo
e parar tarde, tomar estrogênio e
progesterona como terapia de reposição
hormonal, podem ser fatores causadores
do câncer de mama. A predisposição
genética também é um fator, porém, de
menor peso.
Discutiremos os tratamentos para o
câncer de mama na próxima edição. n
Peter N. Landless, médico cardiologista
nuclear, é diretor do Ministério de Saúde
da Associação Geral.
Allan R. Handysides, médico ginecologista
aposentado, é ex-diretor do Ministério de
Saúde da Associação Geral.
Junho 2014 | Adventist World
11
D evocional
Atuanya Cheatham DuBreuil
C
erta vez assisti a um programa de TV a respeito de
certas igrejas, pequenas congregações nas Montanhas
Apalaches, nos Estados Unidos, que praticam a
manipulação de serpentes como parte regular de seus cultos.
Os membros citavam Marcos 16:18 e o encontro de Paulo
com a serpente venenosa em Atos 28:1-6 como motivo para
praticar tal atividade perigosa; era sua demonstração de fé
em Deus e em Sua proteção. No entanto, o repórter da TV
comentou que todos os anos vários membros são picados, e
alguns, fatalmente.
Interpretação errônea das Escrituras? Fé atrevida? Provavelmente, sim, mas esses índios ousados não são os primeiros
a incluir serpentes na adoração.
Em 2 Reis 18 encontramos o rei Ezequias, de Judá. Seu
pai, Acaz, havia sido um monarca idólatra e mau que levou a
nação à apostasia espiritual e decadência moral. Como resultado, Deus permitiu que os assírios invadissem e ocupassem
várias das principais cidades da Judeia.
Ezequias, porém, fez o que o Senhor aprovava (2Rs 18:3).*
Ele sabia que, a fim de salvar seu povo, devia livrar o país
da suas paixões idólatras e converter o coração do povo a
Deus. Por isso, começou uma grande reforma, destruindo os
lugares altos, quebrando pedras sagradas e derrubando os
postes sagrados.
Ezequias também ordenou que os levitas purificassem o
Templo de Deus, removendo “toda impureza” que havia sido
colocada na casa de Deus para a adoração de ídolos! Entre os
itens, havia uma relíquia histórica interessante: “A serpente
de bronze que Moisés havia feito, pois até aquela época os
israelitas lhe queimavam incenso” (verso 4). Adorar serpente,
na igreja?
Adoração
de
Serpentes
na Igreja?
Quando o símbolo substitui
a realidade
Lições Objetivas de Fé
Você deve se lembrar da história dessa serpente de bronze.
Poucos séculos antes, Israel tinha sido uma nação errante,
ex-escravos, seguindo a Deus e Moisés, o líder escolhido por
Ele, pelo deserto a caminho da terra de Canaã. Embora Deus
sempre tenha suprido todas as necessidades dos israelitas,
muitas vezes também testou sua fé, permitindo que suas
reservas ficassem extremamente baixas, ou permitindo
que enfrentassem obstáculos intimidadores. Infelizmente,
os israelitas falhavam repetidamente nesses testes e, então,
reclamavam de Deus e de seus líderes. Em resposta, o Senhor
enviou “serpentes venenosas que morderam o povo, e muitos
morreram” (Nm 21:6).
Os israelitas entenderam a mensagem. Clamaram a
Moisés e imploraram que ele intercedesse com Deus para
defendê-los. Em Seu amor e misericórdia Deus instruiu
Moisés a fazer uma serpente de bronze e colocá-la em um
cajado. Todos os que haviam sido picados pela serpente
12
Adventist World | Junho 2014
NA FRONTEIRA: Esta
escultura no Monte Nebo,
onde segundo a tradição
Moisés avistou a terra
prometida, representa
tanto a serpente do
deserto que levou cura
ao povo de Israel, quanto
o Filho do Homem que
traz salvação.
deviam olhar para cima, com fé, para esse símbolo do pecado
e seriam curados; no entanto, os que rejeitassem os recursos
dessa salvação de Deus, seriam condenados à morte.
A serpente de bronze não tinha nenhuma propriedade de
cura em si mesma. Como os rituais do santuário, as ofertas
queimadas e sacrifícios, os dias sagrados, a serpente também
era mais uma lição objetiva pela qual Deus desejava revelar a
simplicidade e beleza do plano da salvação.
Da mesma maneira como as serpentes picaram aqueles
israelitas, levando-os à morte, Satanás, a serpente original,
enganou nossos primeiros pais, envenenando-os com o
veneno mortal do pecado.
Entretanto, em lugar de nos abandonar Cristo Se tornou
a serpente no cajado. Ele Se tornou pecado por nós. Trocou
nossa natureza pecaminosa por Seu caráter puro e santo. Ele
aceitou a lenta, dolorosa e inevitável morte que era nossa para
que tivéssemos a vida abundante que era Sua.
E tudo o que os israelitas tinham que fazer era olhar com fé
para cima, para o Salvador, e aceitar a salvação e cura oferecidas
por Ele. E é isso que todos nós precisamos fazer também.
No entanto, à medida que os anos passaram, os israelitas
perderam de vista essa linda ilustração da salvação e do amor
de Deus. Alguns começaram a olhar para a serpente como um
amuleto de boa sorte ou um presságio de prosperidade. Agora
estavam atribuindo sua cura, suas bênçãos e sua prosperidade
não a Deus, mas à serpente. Começaram a honrar e confiar no
símbolo e não no Salvador simbolizado ali.
Como já tinham queimado incenso no Templo de Deus,
representando suas orações e ações de graças a Ele, agora
queimavam incenso para a serpente de bronze. Ezequias sabia
que, para o povo um dia se voltar para o verdadeiro Deus, ele
precisava destruir esse rival.
O Remix do Culto à Serpente
No tempo em que Jesus chegou como humilde professor
em Israel, os judeus tinham abandonado com veemência a
adoração a ídolos, mas criaram uma forma nova e mais sutil
de “adoração à serpente”. Eles eram guardiões vigilantes das
tradições, costumes e “regras ensinadas por homens” (Is 29:13).
A certa altura os judeus, especialmente os fariseus, concluíram
que sua salvação não era baseada em Deus e Sua misericórdia,
mas era o resultado direto de sua herança e nacionalidade,
sua obediência meticulosa à lei (tanto à letra como à tradição) e da majestade do Templo onde adoravam.
Cristo não criticou a maioria dessas práticas. Não havia
nada de intrinsecamente errado com a maioria delas, exceto
que eles confiavam nelas como um meio de salvação “negligenciando os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a
misericórdia e a fidelidade” (Mt 23:23). Os judeus adotaram
a lei na sua forma mais técnica e literal, dotando-a de poderes
f o t o :
D av i d
B j o r g e n
para santificar e salvar, poderes que ela não possuía.
Jesus declarou que esses judeus só honravam a Deus com
a boca, mas seu coração estava longe dEle. Eles falavam sobre
Deus, mas poucos realmente falavam com Ele ou O conheciam
pessoalmente. Eles adoravam a lei de Deus, mas ignoravam o
Deus descrito na lei.
Olhe para Cima e Viva!
Em uma noite quente, Nicodemos, um dos principais
membros do sinédrio judaico, marcou entrevista secreta com
Jesus. Como muitos dos seus colegas fariseus, Nicodemos se
sentia culpado por queimar incenso às “serpentes de bronze”
de sua própria autoria.
Após explicar a obra do Espírito Santo no coração, Jesus
disse: “Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no
deserto, assim também é necessário que o Filho do homem
seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida
eterna” (Jo 3:14, 15). Jesus lembrou a Nicodemos de que
não são os símbolos sagrados ou as tradições mais antigas; não
são as mensagens proféticas ou até os santos profetas; não
é nada do que fazemos (ou não fazemos) que nos salva. É
Cristo (cf. Ef 2:8, 9)!
Estamos nós queimando incenso a alguma serpente de
bronze? Elas podem ser objetos, pessoas, ideias e ensinamentos, tradições e costumes, atitudes ou práticas, até ministérios
e atividades. Por fora elas parecem santas e podem até ter
a finalidade de servir aos propósitos de Deus; mas agora se
tornaram ídolos, bloqueando nosso acesso e adoração ao
verdadeiro Deus.
É tão fácil para qualquer um de nós dar mais valor àquilo
que fazemos (ou não fazemos), à igreja que frequentamos
ou que conhecemos, do que amar ao Senhor, nosso Deus,
de todo o coração e de todas as nossas forças. Precisamos
atender à orientação divina: Que todas estas palavras que
hoje lhe ordeno estejam em seu coração (Dt 6:5, 6).
Quando o rei Ezequias destruiu a serpente de bronze, ele
ajudou os israelitas a ver o Deus vivo e verdadeiro. Cada vez
que exaltarmos a Cristo, não as coisas que O representam
ou simbolizam, também seremos libertos para experimentar
a cura da alma e provar a alegria da salvação a qual só
encontramos nEle, nosso verdadeiro Salvador e Redentor. n
*Todos os textos bíblicos foram extraídos a Nova Versão Internacional. Usado com permissão.
Atuanya Cheatham DuBreuil mora
em Wesley Chapel, Flórida, Estados Unidos.
Junho 2014 | Adventist World
13
C renças
F undamentais
Chantal J. Klingbeil
NÚMERO 13
Só o
Como sobreviver à crise mundial
S
ó comecei a pensar nos itens essenciais quando durante
a escalada de uma trilha íngreme eu me esforçava para
chegar ao fim, levando às costas uma mochila muito
pesada. Fomos avisados para levar apenas o absolutamente
indispensável naquela caminhada de cinco dias. Como
estaríamos longe de qualquer loja, cada um de nós teve que
decidir o que levar e ainda não se esquecer da comida, das
roupas e do saco de dormir. Dores nas costas e bolhas nos
pés forçaram muitos de nós a repensar o que era realmente
essencial, quando paramos para descansar na metade do
primeiro dia.
Naquela noite, todos reavaliaram o que era importante em
sua mochila. De repente, marcas famosas e caras perderam
sua atração. Ninguém estava interessado naquilo que não
fosse útil. Tudo foi reexaminado com padrões totalmente
diferentes. Era leve? Útil? Até o vidro caro de mel orgânico
não teve quem o quisesse. Na manhã seguinte, ao sairmos, era
incrível ver tudo o que estávamos deixando para trás nas latas
de lixo. Somente o essencial e indispensável permaneceu em
nossas mochilas.
Mais do que Uma Caminhada no Parque
A Bíblia fala de um tempo, no futuro, que será mais
difícil do que uma caminhada em terreno íngreme. De fato,
as Escrituras o descrevem como uma crise de dimensões
catastróficas. Enfrentaremos na economia, no meio ambiente
e, sobretudo, na área espiritual “um tempo de angústia como
nunca houve desde o início das nações” (Dn 12:1). Esse não
será um evento localizado. Mas uma crise mundial, na qual
todos precisarão decidir o que realmente é importante. Será
14
Adventist World | Junho 2014
um tempo no qual não carregaremos as crenças de ninguém,
ou nos apoiaremos sobre o que os outros dizem. Haverá
um pequeno grupo que manterá firme o que realmente for
essencial. Ao nos prepararmos para a maior crise da Terra, em
que teremos que nos agarrar? O que vai permanecer e quem
vai permanecer?
O que Permanece
Talvez você se lembre de quando os times eram escolhidos
na escola. Por não ser muito atlética, eu temia ser a última a
ser escolhida. Às vezes, significa que “os que permanecem”
(remanescentes) não servem. Mas, após um furacão é muito
bom ser remanescente. Significa que você é um sobrevivente.
Ao longo da história, Deus sempre teve um remanescente.
Sempre houve os que nadaram contra a maré. Aceitaram a
Deus e Sua palavra e preferiram ser amigos de Deus a estar
entre os ricos e poderosos. Você se Lembra de Noé? Para o
mundo ele era estranho. Obediente a Deus e Sua palavra, ele
gastou tempo e dinheiro construindo um barco e convidando
outros para aceitar a promessa da salvação. Ele fazia parte do
remanescente—a única família a sobreviver quando a Terra
foi destruída pelo dilúvio (cf. Gn 6-9).
Então, o que será necessário para sobreviver quando nosso
mundo for destruído mais uma vez, e dessa vez, por fogo (2Pe
3:10-12) e não por água? O que será necessário para pertencer
ao remanescente?
Ter os Contatos Certos
Os que sobrevivem sabem que não é apenas o que
carregam na mochila que garante sua sobrevivência. Compreendem que o importante não é o que você conhece mas
quem você conhece. Eles sabem quem é o Vencedor. Esses
“seguem o Cordeiro por onde quer que Ele vá” (Ap 14:4).
O livro de Apocalipse menciona outras características
desses sobreviventes. Eles seguem a Jesus porque “têm a fé de
Jesus” (Ap 14:12). Eles refletem uma inabalável confiança em
Deus e na autoridade das Escrituras. Sua fé abrange todas as
verdades bíblicas ensinadas por Jesus.
Apocalipse 14:12 também afirma que esses indivíduos
“guardam os mandamentos de Deus”. Eles sabem que “nem
todo aquele que Me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino
dos Céus, mas apenas aquele que faz a vontade de Meu Pai
que está nos Céus” (Mt 7:21). Esses sobreviventes entendem
que sua sobrevivência é totalmente dependente de Jesus, e
estão dispostos a fazer as coisas à maneira de Cristo (Jo 15:10).
Não querem trocar nenhuma parte da lei de Deus por
falsificações humanas.
Apocalipse 12:17 nos diz que esses que “sobraram” – além
de guardar os “mandamentos de Deus” – também têm “o
testemunho de Jesus”. O apóstolo João declara que o testemunho
de Jesus é o “espírito de profecia” (Ap 19:10). Assim, a orientação profética ajuda os remanescentes a ser sobreviventes.
Nós cremos que Ellen G. White preenche todos os requisitos bíblicos de um profeta verdadeiro. Ela foi chamada por
Deus para ser Sua mensageira especial, chamar a atenção para
a Bíblia e ajudar a preparar um povo para a segunda vinda
de Cristo. Ela observou que “o fato de que Deus revelou Sua
vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou
desnecessária a contínua presença e direção do Espírito Santo.
Ao contrário, o Espírito foi prometido por nosso Salvador
para aclarar a Palavra a Seus servos, para iluminar e aplicar
seus ensinos.”*
Apaixonados pela Missão
O
REManescente
e Sua Missão
A igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente creem em Cristo; mas, nos últimos dias, um tempo
de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado
para fora, a fim de guardar os mandamentos de Deus e
a fé de Jesus. Esse remanescente anuncia a chegada da
hora do juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e
prediz a aproximação de Seu segundo advento. Essa
proclamação é simbolizada pelos três anjos de Apocalipse
14; coincide com a obra de julgamento no Céu e resulta
numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo
crente é convidado a ter uma parte pessoal neste testemunho mundial (Ap 12:17; 14:6-12; 18:1-4; 2Co 5:10; Jd 3, 14;
1Pe1:16-19; 2Pe 3:10-14; Ap 21:1-14). – Crenças Fundamentais
dos Adventistas do Sétimo Dia, Nº- 26
Os remanescentes vivem com propósito. Esses sobreviventes não são membros de um clube exclusivo achando que são
melhores do que os outros e que se fecham entre si, dentro
de seu pequeno mundo. Eles têm sua missão claramente
definida no livro de Apocalipse, as três mensagens angélicas
de Apocalipse 14:6-12, a resposta de Deus ao engano satânico
que obscurece o mundo um pouco antes do retorno de Cristo
(Ap 13:14-16). Eles são apaixonados por Cristo, são apaixonados pela missão de preparar o mundo para se encontrar com
Aquele a quem amam e seguem.
Então, o que ainda permanece em sua mochila? Você
a encheu de artigos “essenciais”? Por que não abandonar
hoje tudo aquilo que não é essencial e seguir o Cordeiro? Ao
encontrá-Lo, Ele nos enviará para um mundo em crise que
precisa saber que eles também podem se tornar sobreviventes,
prontos para acolher Jesus com os braços abertos, quando, no
momento certo, Ele retornar. n
* Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 7.
Chantal J. Klingbeil é diretora associada
do Patrimônio Literário de Ellen G. White
na Associação Geral, em Silver Springs,
Maryland, EUA.
Junho 2014 | Adventist World
15
Bill Knott
Olhe e admire o que Deus está
Sua paróquia era enorme, as casas, ao longe, espalhadas.
Nunca, porém, falhou, mesmo com chuvas ou trovoadas.
Longe ou perto, grandes e pequenos, no pecado ou na doença,
Em qualquer estado, a todos visitava, pois essa era sua missão.
M
ais de 9 mil milhas aéreas e 600 anos separam o
“pároco rural”, Geoffrey Chaucer, de Canterbury
Tales, do pastor adventista, Darren Peakall, do
Estreito de Torres, na costa norte de Queensland, Austrália.
Chaucer, o pregador medieval, era famoso justamente por
visitar seu rebanho espalhado e, em todos os tipos de clima,
levar a Palavra de Deus.
Darren Peakall, que não tem nada de medieval, está fazendo a mesma coisa do outro lado do mundo, em todos os tipos
de clima e pelas mesmas razões. Mas o australiano musculoso
não monta cavalo ou caminha, como fazia o pároco inglês.
Para visitar os membros de seu distrito, espalhados nas 274
ilhas do Estreito de Torres, ele utiliza aviões e barcos.
Ministério de Presença
“A visita aos membros é realmente a chave do meu ministério”, diz Darren. “Como posso ajudá-los como Jesus ajudou,
se não me sentar com cada um deles e descobrir quais são
seus problemas?
“As pessoas se encontravam com Jesus ao lado de poços,
em festas de casamento, barcos ou andando nas ruas. Ali sua
vida era transformada. Podemos nos concentrar em Seus
sermões, Suas histórias incríveis e Suas verdades eternas. Mas,
para ensinar o evangelho é preciso dedicar tempo pessoal –
andar por uma estrada, compartilhar uma refeição, sentar-se
no interior de um barco.”
Uma rápida olhada na extensa geografia do distrito
16
Adventist World | Junho 2014
ILHA MAZE: O Estreito de Torres liga o Mar de Coral
ao Mar de Arafura. O labirinto de ilhas e recifes
muitas vezes torna a viagem de barco tediosa e difícil.
pastoral de Darren mostra por que ele se concentra mais no
ministério de presença do que no evangelismo público em
grande escala. As centenas de ilhas que pontilham os 150
quilômetros de mar que separam a península do Cabo York,
na Austrália, de Papua Nova Guiné, são em sua maioria desabitadas. Muitas delas são afloramentos vulcânicos cercados
por densos manguezais. Quatorze ilhas são habitadas
por apenas 8 mil pessoas, sendo a maioria delas ilhéus da
F o t o s :
C o r t e s i a
d e
D a r r e n
P e a k a l l
A rtigo de C apa
fazendo
CONECTADOS: Darren faz visitas regulares às pessoas
com quem desenvolveu amizade na Ilha Moa. Ao fundo,
a lancha Lightbearer II.
Melanésia, culturalmente distintas dos povos aborígenes
da Austrália.
Nossos membros estão espalhados em cinco dessas ilhas –
Saibai, Moa, Hammond, Prince of Wales e Thursday, onde
moram Darren e a esposa Robbie. A residência serve como
casa pastoral e capela.
“É necessário investir muito tempo para fazer qualquer
coisa nessas ilhas”, comenta Robbie. “Aprendi que construir
relacionamentos não é tão rápido como gostaríamos que
fosse. Cinco horas e meia de barco para percorrer os 150
quilômetros de nossa casa a Saibai, significa que não conseguimos ver com frequência os membros durante a semana.
Para ter sucesso aqui, você tem que mudar suas expectativas
sobre a igreja.”
Repensar os Relacionamentos
Também é preciso mudar as expectativas em relação ao
apoio da família e amigos. Darren e Robbie são naturais de
Perth, região ocidental da Austrália, quase 5 mil quilômetros
de distância. Seus quatro filhos, com idades adolescente e
jovem, residem ao redor de Perth. Para eles, não é fácil aceitar
o posto missionário dos pais.
“Meu filho caçula sente profundamente a distância”, diz
Darren, “porque ele e eu temos uma amizade especial.
Quando fomos visitá-lo ele me disse: ‘Vou ter saudade de
você. Detesto não ter você aqui’. Embora nossos filhos e
outros membros da família tenham vindo nos visitar várias
vezes, queremos as pessoas que amamos mais perto do que do
outro lado do país!”
Robbie comenta: “Eu ligo para minha mãe duas vezes por
dia. Ela mora sozinha, pois meu pai faleceu há vários anos.
Nós nos animamos uma à outra. A princípio, Darren queria
eu ficasse tão entusiasmada com o trabalho como ele estava e
seu entusiasmo realmente não diminuiu desde que chegamos
aqui. Ele simplesmente ama o que está fazendo e se agarrou
ao trabalho com todas as forças.
“Um dia, ele percebeu o quanto eu estava sentindo falta da
família e me perguntou: ‘Você não quer ficar aqui?’, então respondi: ‘Eu quero estar ao seu lado e quero servir ao Senhor.
Isso não é o suficiente? Eu sei que você sente falta dos nossos
filhos, mas eu estou sem os meus filhos!”
A história de Robbie é pautada por três internações durante os primeiros 18 meses no Estreito de Torres. A imensa
quantidade de antibióticos baixou sua imunidade provocando uma infecção por clostridium difficile (C-diff) muito grave.
Isso afetou seu ritmo cardíaco e tiveram que buscar ajuda em
uma clínica de outra localidade. Recuperar suas energias não
está sendo fácil devido à rotina de frequentes viagens de barco
com o esposo, visitando os membros.
Aprender a administrar diversas situações como esposa
de pastor, também tem sido parte do treinamento de Robbie.
Agora, após mais de dois anos no primeiro distrito pastoral,
ela se lembra das dificuldades que enfrentou, quando casa,
ilha, igreja e clima era novo e estranho.
Junho 2014 | Adventist World
17
POR TODOS OS MEIOS: Brett Townend,
presidente da Associação NorteAustraliana, pilota um barco próximo à
Ilha Saibai.
APOIO FAMILIAR: Os membros da família da Ilha Thursday
atravessam gerações e etnias.
“Assim que chegamos, alguns membros me disseram
que a esposa do pastor anterior fazia bombas de chocolate
para eles”, menciona Robbie sorrindo. “E me perguntaram:
‘Por que você não faz o que ela fazia?’ Eu amo cozinhar e ser
hospitaleira, mas fazer bombas de chocolate não é meu dom.
Prefiro, sempre que posso, trabalhar ao lado de Darren e me
dedicar às coisas que ele se dedica.”
Ministério no Nível da Água
Darrel está frequentemente concentrado na difícil logística de se locomover por um distrito pastoral que se estende
por 48 mil quilômetros quadrados, dos quais pouco mais de
1% é terra seca. “O tempo e a maré não esperam por ninguém”, declara o
velho provérbio. Igualmente verdade, entretanto, é a observação de que tempo e maré são frequentemente os obstáculos
que impedem a realização das coisas mais necessárias. A vida
nas ilhas depende da subida e descida da maré.
Várias das ilhas visitadas por Darren durante seus primeiros dois anos no Estreito de Torres são cercadas por vastas
planícies de lama, que durante a maré baixa, impedem até
mesmo a aproximação das canoas. Chegue na hora errada
e terá que esperar a um quilômetro ou mais da margem,
vendo o declínio da luz do dia e com ela, as oportunidades de
ministério. Se colocar muita carga no bote ou carregar muitos
passageiros, corre-se o risco de encalhar nas águas rasas do
mangue infestado de crocodilos.
“Saber que os crocodilos estão ao redor nos mantêm
despertos e alertas”, diz Darren, com um sorriso. “Certa vez,
quando Brett Townend, presidente da Associação NorteAustraliana, estava nos visitando, o bote em que estávamos
navegando ao longo da costa começou a se encher de água
depois que passamos por um grupo de crocodilos. Tenho que
admitir que não vou esquecer tão cedo a expressão de espanto
no rosto do meu chefe!”
18
Adventist World | Junho 2014
Há muitos desafios quando se viaja pela água. A viagem
de 11 horas, da Ilha Thursday a Saibai, apenas a 4 quilômetros fora da costa de Papua Nova Guiné, geralmente exige
dois dias de viagem e a permanência de uma noite na ilha –
só para dirigir um culto, visitar os membros e contar histórias
para as crianças. Os 440 litros de diesel necessários para a viagem de ida e volta a Saibai, custam 800 dólares (australianos).
O número não inclui os custos com manutenção e reparo do
barco.
“A cada 3 semanas viajamos para a Ilha Moa”, diz Darren.
“Para que a viagem compense, ficamos lá por um período de
3 a 4 dias e, às vezes, por mais tempo.
“Uma vez alguém nos perguntou: ‘E não é bom?’ Provavelmente pensam que viajar por horas num barco para uma
ilha tropical soa muito romântico. Não me entenda mal, o
Estreito de Torres é lindo. Mas essas ilhas não são românticas. São ilhas de trabalho, onde as pessoas vivem uma vida
real e difícil. Eu disse à pessoa que fez a pergunta: ‘Não é
tão romântico quanto parece! É como se fôssemos acampar
a cada duas semanas por um fim de semana prolongado.
Temos que fazer as malas, levar toda a comida e saber com
antecedência, exatamente do que vamos precisar. Isso faz
com que parte do romance desapareça!’”
O Avião Decola
Darren fez um curso de tempo integral para obter a
licença de capitão comercial necessária para operar o barco
da Missão, e um treinamento prático de mais 4 semanas, com
a orientação do pastor que o precedeu no distrito. Porém,
não demorou muito para que percebesse que ficar à mercê
das marés prejudicava a missão da igreja no território. Como
piloto experiente e colportor, havia voado para comunidades
aborígenes isoladas da Austrália Ocidental, oferecendo livros
e DVDs aos habitantes das cidades remotas. Percebendo que
as principais ilhas habitadas do Estreito de Torres possuíam
A rtigo de C apa
pistas de voo bem construídas, Darren começou a pensar que
sua missão poderia se expandir com maior rapidez se pudesse
ter acesso aos membros mais isolados e às suas congregações
por avião em vez de barco:
“Todos gostaríamos que a obra pudesse avançar de
uma maneira um pouco diferente, mas a verdade é que esses
pequenos grupos de adoradores realmente necessitam de
um pastor para ajudá-los a permanecer conectados à sua
religião e até mesmo uns com os outros. Na maioria desses
lugares a ‘igreja’ só acontece quando o pastor está presente
para dirigir. Nos períodos entre as visitas pastorais, a
atividade diminui e, às vezes, até acaba. Quando o membro
é visitado somente por algumas horas, a cada terceiro
ou quarto sábado do mês, é quase impossível realizar os
treinamentos para formar líderes locais estáveis nesses
lugares remotos.”
Após entender a realidade de seu distrito, Darren
começou a sonhar com uma maneira de transferir a
presença na igreja para um nível mais elevado – literalmente, para o ar. Com a ajuda de um colega pastor da Associação Norte- Australiana, também piloto experiente, Darren
fez um pedido à Comissão Diretiva da Associação em
2013, solicitando alugar um avião monomotor para 100
horas de trabalho.
Sua Associação é uma das menores entre as 9 Associações da União Australiana, embora geograficamente seu
território seja o segundo maior, abrangendo 25% do país,
de Ayers Rock no deserto às ilhas do Estreito de Torres.
Com apenas 2.500 membros, 35 congregações e 18 pastores,
a Associação Norte-Australiana raramente tem recursos
adicionais para projetos inovadores. A mudança do método
de viajar pela água para a proposta de servir o distrito pelo
ar, inicialmente levou os administradores a reexaminar sua
fé no que Deus poderia fazer na região setentrional
da Associação.
“Quando não se dispõe de abundância de recursos ou
dízimos, é necessário pensar cuidadosamente
sobre as novas possibilidades”, diz Brett
Townend, presidente da Associação. “Um erro
de planejamento ou uma despesa inesperada,
pode significar a falta de recursos para manter
os pastores no campo ou o avanço da obra
na região. É preciso ter em vista o quadro
completo, até mesmo quando tentamos nos
certificar de que estamos respondendo ao que
parece ser uma bênção do Espírito Santo em
certa área.”
O Ministério Ganha Asas
NOVA ETAPA: Darren Peakall e o avião mais
moderno, que vai mudar a maneira como
o ministério é realizado nessa parte do mundo.
Após analisar cuidadosamente todos os
detalhes, a comissão diretiva deu permissão para
que Darren avançasse com seu plano. Em junho
de 2013, já havia fundos suficientes para pagar as
horas de voo e o combustível.
“Constatamos que para uma típica viagem
de barco (aproximadamente 11 horas) a Saibai,
o ponto mais setentrional do distrito, em vez
dos 800 dólares que normalmente gastávamos
com diesel, o custo baixou para menos de 500
dólares fazendo a mesma viagem de avião. E na
questão do tempo, gastamos cerca de uma hora
de voo apenas, mesmo em um avião lento e
velho, sem nada de especial. O avião foi construído em 1958.
Tinha 55 anos de idade quando o encontramos. Olhei para
o painel de instrumentos e, a princípio, pensei: ‘Isso deve
ser uma piada!’ Mas a verdade é que ele funcionava e era
seguro”, comenta Darren.
Junho 2014 | Adventist World
19
A rtigo de C apa
Torres começa a crescer ao vermos que nossa missão está
começando a decolar.”
Ainda Mais Alto
COMPROMETIMENTO: Darren e Robbie Peakall
investem suas economias, tempo e energia para
levar o evangelho a um vasto território.
Agora as viagens de ida e volta aos lugares mais distantes
do distrito podiam ser realizadas em pouco mais de uma
hora, reduzindo o tempo em mais de 90%. Finalmente, foi
possível realizar os cultos de oração no meio da semana para
a pequena congregação adventista em Kubin Village, na Ilha
Moa. Os estudos bíblicos com os interessados, que haviam
diminuído drasticamente quando os realizávamos a cada 3
ou 4 semanas, se tornaram ativos e crescentes. Pela primeira
vez um pastor pôde chegar regularmente a Weipa, pequena
cidade na costa remota do lado ocidental de Cape York, onde,
graças ao avião, um pequeno grupo de 15 membros puderam
receber visitas pastorais mais frequentes. Isso seria impraticável com o barco. Hoje, apesar do seu isolamento geográfico,
esses membros sentem que fazem parte de uma irmandade
maior da Igreja.
“Foi como uma injeção de adrenalina para o ministério
neste distrito”, explica Darren. “Quando podemos juntar
os pontos com uma frequência maior do que uma vez
por mês, começamos a pensar no ministério de maneira
diferente. E os membros também, quando percebem que
sua congregação pode ocupar um lugar regular e vital na
comunidade, começam a esperar mais de si mesmos e de
sua igreja. Os candidatos ao batismo permanecem firmes
em sua decisão. O discipulado acontece quando a fé é
nutrida. Nossa fé no que Deus quer realizar no Estreito de
20
Adventist World | Junho 2014
Em janeiro deste ano, após muita oração e consulta aos
líderes da Associação, Darren e Robbie deram um passo
ainda maior. Fizeram um empréstimo pessoal para utilizar
um avião mais novo e mais rápido (um Piper 235, 1976),
capaz de carregar carga adicional e mais três pessoas além
do piloto. Por meio de um contrato aprovado pela comissão
diretiva, compraram o novo avião para a Associação NorteAustraliana, o qual é usado durante a semana para visitar
os membros, realizar reuniões de oração e cultos na vasta
extensão distrital.
Esse financiamento particular requereu de Darren e
Robbie muita oração e planejamento. No mínimo, a decisão
irá atrasar o investimento em uma casa própria e seu plano de
aposentadoria, no futuro. “Estamos juntos nisso”, diz Darren, com o largo sorriso
que é sua marca. “Estamos colocando dinheiro pessoal onde
cremos que Deus quer que ele seja colocado. E estamos confiantes de que Deus vai tocar corações em lugares que nunca
ouvimos falar para enviar ofertas e manter este avião voando
e esta missão crescendo.”
No Estreito de Torres, por não mais depender do ritmo
das marés, o ministério está ganhando asas. Lá do alto, acima
de tudo, pode-se ver mais longe, traçar objetivos mais acurados e chegar mais rapidamente ao alvo.
Esse é o tipo de missão que o Céu sempre abençoará! n
Se você estiver interessado em mais informação sobre o
projeto de aviação no Estreito de Torres, ou tem interesse em
ajudar com suas orações e recursos, entre em contato com
a Associação Norte-Australiana (www.na.adventist.org.au)
ou escreva para:
Northern Australian Conference – Torres Strait Project
P.O. Box 51, Aitkenvale QLD 4814
AUSTRÁLIA
Fone: 07 4779 3988
Bill Knott é editor-chefe da Adventist World.
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
REUNIÕES AOS SÁBADOS: Na Ilha
Saibai, membros e interessados
se reúnem para o culto.
Alcancando
Infiéis
Vida nova, novos planos e métodos
os
Ellen G. White
P
ela providência de Deus, os que
estão arcando com o ônus de
Sua obra têm se esforçado para
colocar vida nova em métodos antigos e
também inventar novos planos e novos
métodos para despertar o interesse
dos membros da igreja, num esforço
conjunto para evangelizar o mundo […].
Nos últimos anos, tenho falado em
favor do plano de apresentar nossa
obra missionária e seu progresso para
nossos amigos e vizinhos e tenho
citado o exemplo de Neemias. Agora,
desejo exortar nossos irmãos e irmãs
a estudarem, outra vez, a experiência
desse homem de oração, fé e bom senso,
que teve a ousadia de pedir ajuda a seu
amigo, o rei Artaxerxes, para promover
o avanço da causa de Deus. Que todos
compreendam que, ao apresentar as
necessidades de nossa obra, os crentes
só poderão refletir a luz para os outros
se, como Neemias, se aproximarem de
Deus e viverem em íntima comunhão
com o Doador de toda luz. Se quisermos
ganhar outros do erro para a verdade,
F o t o :
C o r t e s i a
d e
D a r r e n
P e a k a l l
nossa vida deve estar firmemente enraizada no conhecimento dessa verdade.
Nossa necessidade agora é estudarmos
diligentemente as Escrituras para que,
à medida que nos familiarizarmos com
os incrédulos, possamos apresentar a
Cristo como o Salvador ungido, crucificado e ressurreto, testemunhado pelos
profetas, testificado pelos crentes e que,
unicamente por meio de Seu nome,
somos perdoados de nossos pecados.
Ao exaltarmos a cruz do Calvário
diante de outros, perceberemos que ela
nos exalta. Que todo crente levante-se
em sua região, inspirado pela obra que
Cristo realizou pelas pessoas quando
esteve neste mundo. Necessitamos do
ardor dos heróis cristãos que permaneceram até o fim, com os olhos sempre
fitos nAquele que é invisível.
Nossa fé deve ser ressuscitada.
Onde quer que estejamos, quaisquer
que sejam nossas oportunidades,
limitadas ou extensas, devemos exercer
uma influência positiva para o bem.
A fim de cumprirmos o propósito
de Deus, como Seus cooperadores, não
é necessário que trabalhemos da mesma
maneira ou em moldes semelhantes. Não
há linhas obrigatórias que devam ser
seguidas. Deixe que o Espírito Santo dirija
cada obreiro e que cada um esteja disposto
a ouvir os conselhos daqueles que foram
escolhidos para liderar as diversas atividades da igreja. Assim, a verdade sempre
vai estar em terreno vantajoso .
Alguns podem representar melhor
a verdade, não pelo argumento ou
discurso, mas por viver os princípios da
verdade, por levar uma vida humilde
e modesta como discípulos coerentes
com o Cristo manso e humilde. Isso é
especialmente verdade para aqueles
que não são capazes de dar uma razão
inteligente para sua fé e para aqueles
que têm zelo sem entendimento. Tais
crentes devem falar menos em defesa de
nossa fé e estudar mais a Bíblia, deixando
que a conduta seja um testemunho
eloquente do poder para o bem que a
verdade exerce no coração e na vida [...].
Deus deseja que cada crente seja
um ganhador de almas e Ele abençoará
todos os que, confiantes, busquem nEle
sabedoria e orientação. Ao avançarem
cautelosamente, seguindo pelo caminho da sabedoria e permanecendo fiel
ao Senhor Deus de Israel, a pureza e
a simplicidade de Cristo, reveladas na
vida prática, vão testemunhar que
possuem a piedade genuína. Em tudo
que dizem ou fazem, glorificarão o
nome dAquele a Quem servem. n
Os Adventistas do Sétimo Dia creem que
Ellen G. White (1827 – 1915) exerceu o dom
de profecia bíblico durante mais de 70 anos
de ministério público. Esse texto foi publicado
pela primeira vez na The Church Officers’
Gazette, de 1º- de setembro de 1914.
Junho 2014 | Adventist World
21
V ida
A dventista
OBREIROS PIONEIROS: Salem
(primeira fila, terceiro da esquerda
para direita) e Dina (segunda fila,
segunda da esquerda para direita),
juntamente com outros obreiros
adventistas antes de enfrentarem
os desafios do serviço missionário.
S
eu nome era Salém Hamonangan
Panjaitan. Nasceu na aldeia de
Siabal-abal, província de Sumatra
Norte, Indonésia. Salém pertencia
à tribo Batak. Missionários cristãos
visitaram sua tribo no início do século
20, e muitas pessoas dali se converteram
ao cristianismo.
Os Primeiros Anos
Salém conseguiu terminar o curso
fundamental, mas era infeliz morando
naquele lugar. Desejava ansiosamente
conhecer outras regiões do mundo.
Um dia, reuniu seus poucos pertences
e iniciou uma viagem que o conduziria
a muitos lugares e aventuras. Seu
primeiro destino foi Medan, capital da
Sumatra Norte, localizada a centenas
de quilômetros de sua cidadezinha. Foi
uma longa jornada. À noite, ele dormia
onde quer que encontrasse abrigo.
Em Medan, um holandês, dono de
uma mansão, ofereceu-lhe trabalho
de jardineiro. Salém cuidava das flores
e plantas, cortava a grama e mantinha
o quintal limpo. O homem lhe deu
um quarto para morar e pagava um
salário. Era a primeira vez que Salém
recebia salário.
Ele trabalhou duro e cumpriu
diligentemente as obrigações. O patrão
percebeu que ele não era apenas um
bom empregado, mas também, muito
inteligente. Ensinou-lhe datilografia
e outras atividades administrativas.
Depois de algum tempo, sugeriu que
Salém procurasse um emprego onde
pudesse ganhar melhores salários.
Salém foi contratado para trabalhar em
um escritório. Matriculou-se em um
curso noturno para obter maior fluência no idioma holandês.
22
Adventist World | Junho 2014
Servo
Erna e John Siregar
Fiel
Lições de uma
vida exemplar
Mais tarde, ele teve a oportunidade
de estudar enfermagem em Padang,
capital da província de Sumatra
Ocidental. Salém sempre desejou ser
enfermeiro e ajudar as pessoas doentes.
Assim, com mais dois amigos, Karel
Tambunan e Partompuan Gultom,
estudou para tal propósito.
Após completar o curso, os três
rapazes conseguiram emprego como
enfermeiros e estavam muito felizes
com a nova profissão. No entanto, Deus
havia planejado muito mais para eles.
Um evangelista adventista chegou
àquela cidade. Salém e seus dois amigos
compareceram às reuniões, curiosos
para ouvir o que o conferencista tinha
a ensinar sobre as profecias da Bíblia.
A princípio, não acreditaram no que
ouviram. Mais tarde, porém, pela ação
do Espírito Santo, aceitaram as verdades
que aprenderam e foram batizados. A
questão seguinte era: E agora?
Um Novo Começo
Os três jovens estavam felizes com a
nova religião e oraram pedindo orientação divina para ajudar a obra de Deus.
O adventismo havia se estabelecido
fazia pouco no que era então chamado
F o t o :
C o r t e s i a
d o
A u t o r
de Índias Orientais Holandesas (hoje
Indonésia). Era enorme a necessidade
de obreiros nativos que pudessem levar
o evangelho à população. Assim, em
1924, a igreja enviou Karel, Partompuan
e Salém para estudar no Seminário
União Malayan, em Singapura. Após a
formatura, foram enviados para trabalhar em Java.
Salém trabalhou em várias funções e
em muitos lugares. Em 1925, como
pastor assistente, ele começou uma igreja
em Semarang. Em 1927, Salém foi enviado para Surabaya, Java Oriental, para
ajudar no ministério de publicações.
No ano seguinte, partiu para Bornéo
com a finalidade de estabelecer a obra
e plantar igrejas ali. Mais tarde, Salém
viajou ao longo das margens dos rios
Barito e Kapuas em pequenos barcos,
único transporte então disponível. O
povo Dayak, habitantes da região, era
canibal e adepto do animismo. Os rios
eram infestados de crocodilos e a maior
parte do país era coberta por florestas,
cheias de animais selvagens.
Apesar de todos os inconvenientes,
Salém cria que o Senhor dirigiria a
obra de espalhar o evangelho naqueles
territórios não penetrados. Devido
à sua formação em enfermagem, ele
podia tratar muitas das doenças e enfermidades dos dayaks e ao mesmo tempo,
compartilhar o amor de Jesus.
Era comum Salém ficar longe de casa
por várias semanas consecutivas, suportando as durezas da vida no interior, em
condições insalubres e doenças como a
malária e a febre tifoide. Dina, esposa de
Salém, ficava em casa, cuidando da educação dos filhos. Como sua casa ficasse
próxima à margem do rio, Dina inventou um dispositivo que recolhia os cocos
que caiam no rio. A polpa era raspada e
cozida, e o óleo era prensado e vendido
para aumentar a renda familiar.
Dina não conseguia se comunicar
com o esposo durante suas viagens, mas
confiava que Deus o protegeria. Ela
agradecia ao Senhor e ficava aliviada
quando Salém chegava a salvo em casa.
Em 1929, a igreja novamente enviou
Salém para Surabaya, em Java Oriental.
Depois para Bandung, Java Ocidental,
como diretor de publicações. Em 1938,
ele foi ordenado como pastor.
Em 1940, pouco depois do início da
Segunda Guerra Mundial, Salém – agora
conhecido como pastor Panjaitan – foi
chamado para servir em Semarang, Java
Central. Em 1942, o exército japonês
avançou para o sul e invadiu muitos
países do Sudeste da Ásia, incluindo a
Indonésia.
A guerra chegou perto de Semarang e o governo holandês começou
a queimar as casas e outros prédios
para dificultar o avanço dos japoneses,
enquanto a população fugia para o
interior. Imediatamente, Salém conduziu a família em segurança para uma
aldeia fora da cidade, e depois, voltou
à cidade para resgatar outros membros
da igreja. Ele não parou até que o
último membro estivesse a salvo.
Por três anos e meio a Igreja
Adventista naquela localidade não teve
contato com o mundo exterior, nem
com o escritório da Divisão. Os pastores locais administraram os negócios
e as finanças das igrejas e cuidaram
dos membros. Salém continuava
servindo seu povo e ajudando em
suas necessidades.
Os Últimos Anos
Devido às dificuldades dos anos
sucessivos de guerra sua saúde se deteriorou. Perdeu muito peso. Quando
finalmente a guerra terminou, os
líderes da Igreja em Jacarta sugeriram
que ele tirasse férias para recuperar a
saúde. Ofereceram-lhe uma motocicleta
para facilitar suas visitas aos membros
da igreja. “Como vou visitar meus
membros dirigindo uma motocicleta,
se muitos deles moram em habitações
humildes e não possuem quase nada
de bens materiais? Não posso aceitar”,
respondeu Panjaitan (Salém).
Pouco depois da guerra, ele foi
enviado para um território maior, às
igrejas de Java Central, mas ainda se
recusava usar um carro ou motocicleta
em seu trabalho. Continuava utilizando
sua bicicleta e outros transportes públicos para visitar os membros e as igrejas.
No entanto, sua saúde continuava a
se deteriorar. Ficou hospitalizado por
vários meses. Nunca mais se recuperou
e, infelizmente, faleceu com apenas 50
anos de idade.
Somente no funeral sua família
percebeu quantos amigos ele havia
feito na cidade de Semarang. Uma
multidão acompanhou o corpo daquele
querido e estimado pastor ao local de
seu descanso.
Dina, a esposa, faleceu trinta anos
mais tarde e foi sepultada ao lado do
esposo. Mais tarde, ambos os corpos
foram exumados e enterrados em uma
pequena colina na aldeia de Siabal-abal.
Juntamente com seus filhos e netos,
alguns dos quais continuam a servir a
Igreja, Salém e Dina Panjaitan deixaram um legado digno de ser imitado.
Embora o período útil da vida de Salém
tenha sido curto, ele viveu muitas experiências emocionantes que resultaram
na salvação de um grande número de
pessoas para o reino do Deus. Salém
e Dina aguardam a segunda vinda de
Jesus. n
Erna e John Siregar, filha e genro de
Salem e Dina Panjaitan.
Junho 2014 | Adventist World
23
Pat r i m ô n i o L i t e r á r i o
d e E l l e n G . W h i t e
História Adventista
A
Divisão
Norte-Americana
Benjamin Baker
No
Gueto
Frederick Carnes Gilbert
Pioneirismo na América do Norte
P
ertencemos a um movimento religioso que por mais de
150 anos tem proclamado ao mundo a segunda vinda
de Cristo. Neste artigo, a Divisão Norte-Americana
apresenta uma história de coragem que motiva nossa
caminhada em direção ao futuro.
Educação Rígida
Frederick Carnes Gilbert nasceu em Londres, Inglaterra,
em 30 de setembro de 1867. Seus pais, judeus russos, encontraram refúgio naquele país, após fugirem da hostilidade à
sua religião e etnia na terra natal e Europa.
Frederick foi criado no judaísmo ortodoxo. Educado por
um rabino, passou pela confirmação, bar-mitzvah, e até usava
filatérios. Ele odiava o cristianismo, não apenas pela educação
que recebera, mas devido à perseguição aos ancestrais e pais
causada pelos cristãos. Quando passava em frente a uma
igreja cristã cuspia com repulsa, e se pudesse, estrangularia
qualquer cristão que encontrasse.
Frederick teve uma infância turbulenta. Tinha problemas
de saúde e várias vezes foi hospitalizado à beira da morte.
Em certa ocasião, caiu dentro de um forno e quase foi
queimado vivo.
Seu pai faleceu quando ele ainda era um adolescente.
Problemas pulmonares e asma levaram seu médico a sugerir
que ele viajasse para a América do Norte, pois o clima seria
mais benéfico à sua saúde. Mas Frederick tremia só em pensar
na América. Seu pai o havia prevenido quanto à impiedade e
rejeição do povo. No entanto, ele embarcou no navio. Assim
que deixaram o porto, Frederick sofreu um grave acidente.
Quando chegaram a Nova York, ele foi levado imediatamente
ao hospital.
Na América
A América do Norte definitivamente era ímpia, concluiu
Frederick. Na fábrica onde trabalhava, foi perseguido devido
às suas crenças judaicas. Embora aderisse ao sindicato e pagasse suas contas, foi demitido de um emprego promissor sem
24
Adventist World | Junho 2014
nenhum recurso. O jovem imigrante passou de um emprego
ao outro, muitas vezes andando pelas ruas de Nova York à
noite, sem comer, com roupa inadequada e tremendo de frio.
Com 21 anos e na esperança de algo melhor, mudou-se
para Boston. Conseguiu moradia com os Fiske, uma família
adventista. Eles eram estranhos: não comiam porco, guardavam o sétimo dia, mas criam em Jesus. Porém, o testemunho
daquelas pessoas conquistou a simpatia de Frederick. Eles
“viviam sua religião mais do que falavam sobre ela”. Ele
entrou na casa dos Fiske como praticante da religião judaica,
mas dois anos mais tarde, saiu como um cristão adventista
comprometido.
Após sua conversão, a vida se tornou mais angustiante –
no trabalho, nas ruas, com seus parentes na Inglaterra, inclusive com sua querida mãe, que o renegou como um apóstata
que havia abraçado a religião dos opressores. Por essa época,
abandonou o emprego numa fábrica de sapatos e abraçou a
colportagem. Após alguns meses de trabalho, sentiu que devia
se preparar para o ministério pastoral e matriculou-se no
Atlantic Union College.
Para Seu Povo
Ao concluir seus estudos, Frederick trabalhou durante dez
anos entre os Goyim (gentios) na região da Nova Inglaterra
(EUA). Em 1896, casou-se com Ella Graham, com quem
permaneceu casado por quase meio século. Em 1898, foi
ordenado ministro do evangelho.
Nos primeiros anos do século 20, Frederick abraçou a
reorganização, contextualizando a mensagem adventista,
buscando maneiras específicas para tornar o evangelho
atraente entre grupos distintos.
Ele lançou uma campanha para alcançar os milhares
de judeus da Nova Inglaterra, com métodos inspirados em
uma abordagem tipo “mãos na massa” e um novo estilo de
evangelismo público. Ele podia ser encontrado no gueto conversando com rabinos; pregando em iídiche sobre uma caixa
de sabão; visitando os cortiços; abrigando órfãos; cuidando
AR Q UIVOS
AR Q UIVOS
DA
ASSO C IAÇÃO
G ERAL
dos doentes; encontrando emprego para os desempregados e
participando do lobby contra leis dominicais (que ameaçavam
a liberdade religiosa dos judeus).
Ele formou um centro para abrigar judeus perseguidos e
rejeitados pela família e amigos, e que não dispunham de
recursos para manter-se. Lançou as revistas Yiddish – The
Good Tidings of the Messiah (Yiddish – As Boas-Novas do
Messias), The Messenger (O Mensageiro), além de outros
folhetos e panfletos. Frederick falava em sinagogas e auditórios.
Como resultado, algumas vezes, foi violentamente insultado,
agredido e recebeu várias cartas com ameaças de morte. Às
vezes, sua cabeça ficava encharcada de sangue, outras vezes o
seu corpo era sacudido com a dor da surra. Tudo isso
suportava com alegria, sofrendo por amor ao Salvador.
Em 1907, a pedido de Frederick, a Associação da Nova
Inglaterra criou o Departamento Judaico e o convidou para
dirigi-lo. Ele desenvolveu estratégias e levantou fundos para
evangelizar a população judia da Nova Inglaterra. O número
de judeus crescia consideravelmente naquele tempo na
grande Boston e em outras cidades ao longo da costa leste.
Ele também foi o primeiro representante judeu na Associação
União do Atlântico, tornando-se juntamente com M. L.
Andreasen (representante escandinavo) e J. K. Humphrey
(representante negro) especialistas em missiologia étnica.
Em 1908, Ellen White o incentivou: “Meu irmão, o povo
judeu não é o único que está sendo ajudado por seu trabalho.
O nosso povo necessita de tal exemplo colocado diante dele.
Tenha bom ânimo. Em seu trabalho, não espere por grande e
maravilhosa abertura, mas aproveite as oportunidades sempre que surgirem. O poder da verdade será vindicado quando
os servos de Deus não desperdiçarem as oportunidades de
trabalho apresentadas a eles.”
Em 1913, pela iniciativa dele, o Departamento de Estrangeiros da América do Norte fundou a Comissão Consultiva
do Departamento Judaico, sendo Frederick seu superintendente. Cinco anos mais tarde, ele se tornou o superintendente
da Comissão Consultiva Judaica na Associação Geral.
DA
ASSO C IAÇÃO
G ERAL
Esquerda: SECRETÁRIO DE CAMPO: F. C. Gilbert (centro
da primeira fila), secretário de campo da Associação
Geral, com membros da Comissão Diretiva da Divisão
Sul-Asiática, na Índia, em 1935. Acima: MISSÃO
EM BOSTON: Gilbert iniciou a missão para
alcançar os judeus em Boston.
Quando a idade não mais permitiu que trabalhasse nos
guetos entre seu povo, começou a escrever livros para judeus
enfatizando as muitas similaridades entre o judaísmo e o
adventismo. Suas obras, como por exemplo, Practical Lessons
from the Experience of Israel, Messiah in His Sanctuary and
Judaism and Christianity, apresentam a Cristo como a
culminação e cumprimento dos ritos hebraicos e são úteis
ainda hoje.
Frederick também serviu como secretário de campo na
Associação Geral de 1922 até sua morte em 31 de agosto
de 1946.
Os Métodos de Cristo
A Divisão Norte-Americana adotou um modelo de evangelismo derivado do ministério de Cristo para alcançar 350
milhões de pessoas em seu território. A vida e ministério de
Frederick Carnes Gilbert engloba cada parte dele. “No princípio do trabalho missionário sentimos que podíamos seguir
os métodos estabelecidos pelo Salvador tanto quanto possível.
Os resultados foram extraordinários, alcançando ‘milhares
de judeus’ em Boston e em outros lugares. Os judeus chegam
à missão, vindo de cidades e vilas distantes de Boston e nos
contam que ouviram sobre o trabalho que está sendo iniciado
para seus irmãos”, relatou Frederick.
O testemunho maravilhoso de um cristão não adventista
que compareceu a uma de suas reuniões, serve como
motivação para nós hoje: “Para mim”, disse ele a Frederick,
“parecia que eu podia ver o Novo Testamento vivido outra
vez. Foi espetacular. É bem convincente à minha mente.” n
Benjamin Baker é arquivista assistente
na Associação Geral. A versão completa
deste artigo pode ser encontrada no
site da Adventist World.
Junho 2014 | Adventist World
25
R E S P O S T A S
A
P E R G U N T A S
B Í B L I C A S
Apenas
Por que alguns
creem que Deus criou
mais de um casal no
Jardim do Éden?
Os seres humanos são
capazes de criar todo
tipo de imaginação
para apoiar qualquer
coisa em que queiram
acreditar. Daí, a necessidade
de se estabelecer uma base para
definir e determinar o que é e o que não
é verdade. As ideias têm uma história, e saber sobre
elas pode nos ajudar a entender por que as pessoas
as abraçam e até onde são levadas.
1. Origem da Poligenia: Essa palavra complicada significa simplesmente que no princípio Deus criou vários casais.
O oposto é a monogenia – ou seja, no princípio, Deus criou
somente um casal. A monogênese foi ensinada aos cristãos
até o século 17 d.C., quando alguns, então, começaram a
defender que houve diferentes criações divinas de seres humanos. Essa foi a primeira tentativa de explicar a existência
das raças humanas. Em outras palavras, as diferenças entre as
raças eram tão notáveis que foram interpretadas como resultado da poligênese (Deus criando casais diferentes).
Mas as ideias não são estáticas. Essa ideia mais tarde foi
usada para justificar o racismo e até a escravatura e a segregação. O pensamento cristão da monogênese foi teologicamente
usado para apoiar o dogma do pecado original: o pecado era
universal e foi transmitido por meio da procriação de um
casal original para todos os seres humanos. Sob a influência
da evolução natural, o catolicismo não usa mais o monogenismo para apoiar o dogma do pecado original.
2. Outros Argumentos: Alguns se valeram de argumentos bíblicos para promover a poligenia, tentando provar
que quando Deus criou os peixes, animais e pássaros, Ele
não criou um único par de cada espécie, mas um número
grande ou significativo. Então, Ele poderia ter feito o mesmo
em relação aos seres humanos. Sugere-se ainda que a palavra
hebraica adam significa “raça humana”, não necessariamente
um ou dois seres humanos somente, indicando assim que, no
princípio, Deus criou muitos seres humanos. Outros ainda
defendem que a criação de mais de um casal explicaria muito
bem a origem da esposa de Caim. Segundo essa teoria, ela
nasceu de um outro casal criado por Deus e que foi colocado
em um lugar diferente da Terra. Alguns dos mitos da Criação
26
Adventist World | Junho 2014
Dois?
do antigo Oriente Próximo propõem que os deuses criaram
os seres humanos em massa. Segundo um dos mitos em Babilônia, os seres humanos foram criados para tomar o lugar de
divindades menores que tinham a responsabilidade de servir
as divindades maiores. Isso obviamente requeria a criação de
muitos seres humanos, ou uma criação coletiva.
3. Evidências Bíblicas: O registro bíblico é singular,
introduzindo no princípio da criação “dois” seres humanos:
macho e fêmea, homem e mulher, ou seja, um único casal.
Tanto quanto posso afirmar, a literatura do antigo Oriente
Próximo não contém uma narrativa sobre a criação da mulher.
O fato de que Gênesis 1 e 2 estão juntos indica que não estamos
lidando com dois relatos diferentes da criação, mas com o
mesmo ato divino. Gênesis 1 afirma, de forma concisa, que
Deus criou os seres humanos como um casal (homem e
mulher), e Gênesis 2 fornece os detalhes de Sua criação.
Eva não foi uma reflexão tardia, mas uma expressão da
intenção divina original de como Deus intentou criá-los à Sua
própria imagem. O texto bíblico é muito claro: Eva tornou-se
“a mãe de toda a humanidade” (Gn 3:20). Paulo declarou:
“De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda
a Terra” (At 17:26). Obviamente, Caim se casou com uma
de suas parentes dos muitos filhos e filhas que Adão e Eva
tiveram (cf. Gn 5:4).
Deve-se permitir que os ensinamentos bíblicos, pelo
poder do Espírito, perfure o coração humano que está cheio
de orgulho e arrogância, para gritar profundamente em nossa
consciência: Todos pertencemos a uma única raça! Não há
espaço para uma gradação de valor dos seres humanos. Talvez
nenhuma outra geração, mais do que a nossa, tenha testemunhado os horrores que tal conceito errôneo provocou na raça
humana. À luz da cruz de Jesus, a igreja, como comunidade
religiosa mundial, que reúne toda nação, tribo e povos, precisa ser o lugar onde este milagre da graça se torne evidente. n
Ángel Manuel Rodríguez atuou como diretor
do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação
Geral por muitos anos. Hoje, aposentado,
mora no Texas, EUA.
E studo
B íblico
Como
Mark A. Finley
Aumentar
a Fé
R
ecentemente, realizei uma série de palestras para
estudantes universitários sobre o Espírito Santo e o
reavivamento. Ao encerrar uma das mensagens, um
estudante perguntou: “Pastor Finley, como posso ter mais fé?
Às vezes, parece que minha fé é muito fraca. Gostaria de ter
mais fé, mas não sei como conseguir isso”.
A pergunta daquele jovem não foi nova para mim. Ao
longo dos anos, frequentemente, tenho ouvido a mesma
pergunta. No estudo deste mês, veremos como ter uma fé
crescente, viva e operante.
1 O que disse Jesus sobre a fé no tempo do fim?
Descubra a resposta lendo Lucas 18:8.
Evidentemente, quando Jesus voltar, a fé genuína vai estar
em falta. Várias coisas podem se passar por fé, mas, Jesus nos
adverte sobre a necessidade da fé bíblica e autêntica.
2 Como a Bíblia define fé? Encontre a resposta
em Hebreus 11:1.
A fé é o fundamento da vida cristã. É a certeza de que Deus
nos ama e só deseja nosso bem. A fé crê nas promessas
de Deus de forma incondicional. A fé é um relacionamento
íntimo com Deus assim como nos relacionamos com um
amigo que conhecemos bem.
3 Que outra palavra é utilizada na Bíblia para fé?
Leia Provérbios 3:5 e 6. Como essa passagem nos
ajuda a compreender a fé?
Ellen White define a fé desta maneira: “A fé é a confiança em
Deus, ou seja, a crença de que Ele nos ama e conhece perfeitamente o que é para nosso bem. Assim, ela nos leva a escolher
Seu caminho em lugar do nosso próprio. Em lugar da nossa
ignorância, ela aceita Sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza,
aceita Sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, Sua
justiça. Nossa vida e nós mesmos já somos Seus; a fé reconhece
essa posse e aceita as bênçãos dela” (Educação, p. 253).
4
Quem é a fonte da fé? Como reagimos quando
sentimos que temos pouca ou nenhuma fé? Leia
Romanos 12:3.
R i ya s
H a m z a
A fé é um dom oferecido por Deus a todo crente. Ela não é
um sentimento, uma emoção, ou qualquer tipo de pensamento positivo humanista. Quando tomamos uma decisão
consciente de entregar nossa vida a Cristo e nos tornar filhos
de Deus pela influência do Espírito Santo, Ele nos concede o
dom da fé. A fé cresce à medida que a exercitamos.
5 Como podemos aumentar nossa fé? Leia Romanos 10:17 e 2 Coríntios 1:18 a 20.
Ao lermos a Palavra de Deus em atitude de oração, o Espírito
Santo fortalece a fé em nós. Ao aceitarmos as promessas de
Deus nossa fé cresce.
6 A leitura superficial da Bíblia traz algum
benefício? Que verdade surpreendente aprendemos
em Hebreus 4:2?
A mera leitura da Bíblia não fará nossa fé crescer. É possível
que ela seja lida de maneira descuidada e negligente. Quando
lemos a Bíblia com devoção e atenção, apropriando-nos das
promessas de Deus, nossa fé crescerá.
7
Reflita na história da mulher com o “fluxo de
sangue”, curada por Jesus (Lucas 8:43 a 48). O que
sua experiência nos mostra sobre a fé?
Nessa história, há pelo menos duas verdades vitais:
Primeira, a mulher creu que Cristo podia e iria ajudá-la
em sua situação desesperadora. Sua fé não estava em si mesma, mas estava em Jesus. A fé bíblica sempre tem um enfoque
e o “enfoque” é Jesus.
Segunda, à medida que essa mulher exercitava sua fé, ela
crescia. Se você deseja uma fé crescente e vibrante, reconheça,
como filho de Deus, que Jesus lhe deu o dom da fé. Creia em
Sua Palavra. Encha sua mente com Suas promessas. Exercite a
fé que tem. Então, veja sua fé crescer. n
Junho 2014 | Adventist World
27
TROCA DE IDEIAS
pecaminosas para a violência, adultério,
roubo, assassinato e coisas que, sabemos
muito bem, acontecem devido ao consumo dessas bebidas.
Jesus transformou a água em suco
de uva.
Mark Brown
Winnipeg, Manitoba, Canadá
O Escopo Geral da Teologia
Muito obrigada por publicar o artigo
de Lothar Wilhelm, “O Escopo Geral da
Teologia” (AW-abril). Temos um longo
caminho pela frente! Isso precisa ser
dito, e Wilhelm o fez muito bem. Concordo plenamente que temos “somente
a Bíblia como regra de fé e vida”.
Jen H.
Oregon, Estados Unidos
Um Chamado Profético
Urgente
A Igreja Deve Relaxar Sua
Posição Quanto ao Álcool?
Escrevo a respeito do artigo “A Igreja
Deve Relaxar Sua Posição Quanto ao
Álcool?”, por Peter N. Landless e Allen
R. Handysides (AW-março). Alguns
cristãos que defendem o consumo
esporádico de bebidas com baixo teor
alcoólico, muitas vezes se referem a
Jesus transformando a água em vinho
como justificativa para sua indulgência.
Nada pode estar mais longe da verdade!
A palavra grega para “vinho” pode significar tanto vinho alcoólico como suco
de uva. Certamente Jesus não ofereceria
bebida alcoólica àqueles convidados,
despertando assim as tendências
Agradeço a publicação do artigo do
pastor Ted N. C. Wilson, “Um Chamado Profético Urgente” (AW-fevereiro).
Ele colocou em palavras o que tenho
tentado dizer! Ninguém – na minha
igreja ou na minha família – está
ouvindo, e me sinto sozinha. Concluí
que eu devo ser a mudança que desejo
ver, e entendi que, como líder, muitas
vezes poderei ficar sozinha. Tenho
certeza de que Deus me guiará e
continuarei sendo um instrumento
usado por Ele.
Por favor ore por mim!
Linda Eskridge
Por e-mail
Reverência
Reverência e respeito no culto? Sim!
O tão chamado culto contemporâneo
é mais parecido com um concerto
pop com aparência religiosa. Se os
Oraçãow
O tão chamado culto
contemporâneo
é mais parecido
com um concerto
pop com aparência
religiosa.
– Barry Gowland
Fishermead, Milton Keynes,
Inglaterra
católicos romanos, anglicanos e
ortodoxos orientais vão longe demais
na outra direção, pelo menos são
bem intencionados. Aqui reside uma
questão: poucos adventistas de berço
abandonarão as congregações onde
altos padrões de comportamento na
igreja são a norma.
Barry Gowland
F ishermead, Milton Keynes,
Inglaterra
GRATIDÃO
Peço oração por minha família. Minhas
cunhadas e nossos vizinhos nos odeiam
sem motivo.
Dick, Quênia
Por favor, ore por mim. Necessito da
cura de Deus.
Angelita, Filipinas
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Adventist World | Junho 2014
Louvo a Deus porque após 59 anos
de oração, meu esposo aceitou a Jesus
e se uniu à Igreja Adventista. Também
estou certa de que Deus tem um plano
para nossos filhos e suas famílias, para
que se conscientizem da necessidade
de aceitarem a Cristo.
Betty, Estados Unidos
Tenho um tio que está com câncer. Ele
está afastado da igreja, e agora, com quase 80 anos, sente que não está preparado
para morrer. Por favor, ore para que ele
entregue sua vida a Jesus enquanto há
tempo. Oremos também pela esposa e
família, para que o Senhor os console.
Milene, Brasil
Que
Lugar
é
Como enviar as Cartas: Por favor envie para letters@ adventist
world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo,
no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a
data da publicação. Coloque, também, seu nome, a cidade, o
estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão
editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas
enviadas serão publicadas.
F e r r e i r a ,
H e l d e r
RESPOSTA: No Porto, Portugal, Gilbert Cangy (à esquerda), diretor do Ministério Jovem da Associação Geral, posa com Stephan Siegg, líder dos jovens da
Divisão Intereuropeia, e vários outros jovens durante um esforço evangelístico
no evento Geração Adventista em Missão (GAM) no início de 2014. O grupo
estava na estação São Bento.
Obrigado pela matéria sobre o
aniversário de nossa instituição (“Há
95 anos”, Troca de Ideias, AW – abril).
Foi uma agradável surpresa sermos
mencionados.
O último parágrafo diz: “Hoje, o
Complexo Educativo Adventista Union
é composto por três campi, incluindo o campus de Ñaña, que abriga
a Universidade Peruana Union e a
Escola de Ensino Médio. “O Complexo
Educativo Adventista União (Complejo
Educativo Adventista Unión) não
existe mais, e não tem três campi que
incluem a universidade e a escola de
ensino médio. Ele se tornou a Universidad Peruana Unión, que possui três
campi universitários, sendo um deles
o de Ñaña, em Lima, Peru. No campus
da Unviersidad Peruana Unión está a
escola da universidade, com o nome
de “Colegio Unión”.
Le-Roy Alomia
D iretor de Relações Públicas e
Imagem Corporativa
A u s t r i a
Há 95 anos e hoje
Esse?
Reavivados
por Sua Palavra
Uma Jornada de Descobertas pela Bíblia
Deus nos fala por meio de Sua Palavra. Junte-se a outros
membros, em mais de 180 países, que estão lendo um
capítulo da Bíblia todos os dias. Para baixar o Guia de
Leitura da Bíblia, visite: www.reavivadosporsuapalavra.org,
ou inscreva-se para receber diariamente o capítulo por
e-mail. Para fazer parte desta iniciativa, comece por aqui:
1 DE JULHO DE 2014 • Ezequiel 4
Embora meu pai seja o provedor
da família, oro para que ele busque
primeiramente o reino de Deus e Sua
justiça, em vez de dar o primeiro lugar
às nossas necessidades, transgredindo
assim a lei de Deus.
Brian, Quênia
Agradeço a todos que oraram por mim.
Fui aceito na universidade!
Elo, Camarões
Deus agiu quando necessitávamos, e eu
louvo Seu santo nome. Quero agradecer
as orações.
Ann, Estados Unidos
Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou
agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para
[email protected]. As participações devem ser curtas
e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser
editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as
participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o
nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados
por fax, para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para
Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD
20904-6600, EUA.
Junho 2014 | Adventist World
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TROCA DE IDEIAS
71
há
33%
anos
Em 2 de junho de 1943, Chae Tae Hyun (1888-1943)
morreu após ser torturado pelas forças que ocuparam a
Coreia durante a Segunda Guerra Mundial.
Ele era formado pela Won Heung Middle School do Seminário
Batista Coreano. Em 1910, uniu-se à Igreja Adventista. Participou da
obra evangelística servindo como ministro licenciado nas Missões
Central e Ocidental (1910-1922).
Depois de sua ordenação, em 1922, Chae Tae Hyun trabalhou como
pastor distrital em Manchúria e professor de Bíblia na Escola de Treinamento da União Coreana. Também atuou como presidente de Missão.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi presidente da Igreja na
Coreia. No entanto, as forças que ocuparam e controlaram o país tinham
a política de reprimir o cristianismo. Ele e muitos outros líderes cristãos
foram presos e torturados até a morte. Provavelmente ele foi o primeiro
mártir adventista na Coreia.
Uma em cada três mulheres no mundo
não tem acesso a banheiros para a higiene
feminina. Estudos mostram que a frequência de jovens à escola diminui quando
elas começam a menstruar. É estimado
que, coletivamente, as mulheres perdem
97 bilhões de horas por ano procurando
por um lugar onde tenham privacidade.
Fonte: The Rotarian
Fonte: Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia
B i b l i o t e c a
por cento
é a proporção de pessoas
que sofrem de hipertensão
(pressão alta) e não sabem.
Verifique sua
pressão sanguínea
pelo menos duas
vezes ao ano.
O normal é
120/80. Qualquer
coisa acima disso
pode indicar o
princípio de uma
hipertensão.
Consulte seu
médico se tiver
dúvidas.
Fonte: Journal of the American Medical
Association/Women’s Health
Adventist World | Junho 2014
C o n g r e s s o
Q
Lıvros!
A maior biblioteca do mundo é a
Biblioteca do Congresso dos Estados
Unidos, fundada em 1800.
Com mais de 155 milhões de itens
em sua coleção, se suas prateleiras fossem
colocadas uma do lado da outra se
estenderiam da Suíça à Irlanda do Norte.
Fonte: The Rotarian
30
d o
ATÉ
“Eis que cedo venho…”
5OW O R PD AS L OA VR R LA ES S S
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Minha
Promessa Bíblica
Favorita
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede
também em Mim [...] Pois vou preparar-vos lugar”
(Jo 14:1, 2). Esses versos me lembram que mesmo que
eu enfrente provações, Deus estará comigo. Também
me fazem lembrar que Jesus voltará outra vez para
levar Seus filhos para o Céu.
n
– ABI, Sudeste da Ásia
“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem
dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele
que está assentado no trono disse: Eis que faço novas
todas as coisas” (Ap 21:4, 5).
Essas palavras têm um profundo significado para
mim quando me lembro da morte do meu filho, Leif.
Ele amava a Jesus. Leif morreu em 2008, aos 18 anos,
vítima de um acidente de carro quando voltava da
campal de South Queensland.
n
– Geofrey, Queensland, Austrália
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação
Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.
Editor Administrativo e Editor Chefe
Bill Knott
Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Pyung Duk Chun
Comissão Editorial
Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun,
vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa
Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon;
Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol;
Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik
Doukmetzian, assessor legal. 
Comissão Coordenadora da Adventist World
Jairyong Lee, chair; Akeri Suzuki, Kenneth Osborn,
Guimo Sung, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han
Editores em Silver Spring, Maryland, EUA
Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (rédacteurs en chef
adjoints), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona
Karimabadi, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran
Editores em Seul, Coreia do Sul
Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim
Editor On-line
Carlos Medley
Gerente de Operações
Merle Poirier
Colaborador
Mark A. Finley
Conselheiro
E. Edward Zinke
Administrador Financeiro
Rachel J. Child
Assistentes Administrativos
Marvene Thorpe-Baptiste
Comissão Administrativa
Jairyong Lee, chair; Bill Knott, secretary; P. D. Chun,
Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Kenneth Osborn,
Juan Prestol, Claude Richli, Akeri Suzuki,
Ex-officio: Robert Lemon, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson
Diretor de Arte e Diagramação
Jeff Dever, Brett Meliti
Quando me tornei adventista sofria vários traumas.
Certa ocasião, me atrevi a escrever para o então
presidente da Associação Geral, Robert Pierson,
pedindo-lhe uma promessa bíblica que ajudasse em
meu desespero. Recebi sua carta com essas palavras:
“Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque
Ele tem cuidado de vocês” (1Pe 5:7).
n
– Margaret, Austrália
No próximo mês, fale, em até 50 palavras, sobre seu
hino preferido. Envie para [email protected].
Especifique na linha do assunto “50 Words or Less”.
Consultores
Ted N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E.
Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Geoffrey
Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael
L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S.
Simmons, Alberto C. Gulfan Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee,
Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver,
Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander.
Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD
20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638
E-mail: [email protected]
Website: www.adventistworld.org
Adventist World é uma revista mensal editada
simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina,
Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos
Estados Unidos.
V. 10, Nº- 6
Junho 2014 | Adventist World
31
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Olhe e admire o que Deus está fazendo