A gaiola de ferro
revisitada:
isomorfismo institucional e racionalidade coletiva
nos campos organizacionais
Paul J. DiMaggio; Walter W. Powell
Apresentação por Gislaine Aparecida Gomes da
Silva
Mestranda Engenharia Produção – linha pesquisa
IOT
Professores: Dr Mauro Rocha Côrtes;
Dr Luís Fernando Paulillo
A Gaiola de Ferro
Imagem da gaiola de ferro (rigidez
organizacional) associada ao espírito
racionalista e burocracia: Para Max
Weber (1952), sob o capitalismo, a
ordem racionalista torna-se uma “gaiola
de ferro” em que a humanidade é
aprisionada, sendo que a burocracia é a
manifestação organizacional do espírito
racional e é irreversível, porque é muito
eficiente para controlar o trabalhador.


Dentre as causas à burocratização
levantadas por Weber, a competição entre
empresas capitalistas no mercado é a mais
importante.
A burocracia já é uma forma de
homogeneização, pois Weber já havia
constatado que as grandes empresas
capitalistas da época seguiam modelos
semelhantes de organizações burocráticas.
Questão do artigo:

Por que há a homogeneização das formas e
práticas organizacionais? O que torna as
organizações tão similares?
Enquanto alguns autores estudam a
diversidade e diferenciação das organizações
em termos de estrutura e comportamento,
DiMAGGIO & POWELL (1991) estudam a
homogeneização das formas e práticas
organizacionais, focando a homogeneidade e
não a variação.
Tese:

Isomorfismo: para DiMAGGIO & POWELL (1991), as causas para a burocratização e outras formas de mudança organizacional mudaram: não é mais a competição, mas sim processos que tornam as organizações mais similares (o isomorfismo), sem necessariamente torná­las mais eficientes. A mudança estrutural nas organizações parece cada vez menos orientada pela competição ou pela necessidade de eficiência.

Estruturação/institucionalização dos campos organizacionais e aumento da influência do Estado e das categorias profissionais: As formas de homogeneização das organizações resultam da estruturação dos campos organizacionais dos quais pertencem (Giddens, 1979), em que o Estado e as categorias profissionais detêm um papel importante como racionalizadores. Então, para os autores, o mecanismo da racionalização e burocratização se deslocou do mercado competitivo para o Estado e as categorias profissionais.

Organizações homogêneas: Assim, em síntese, campos organizacionais altamente estruturados/institucionalizados formam um contexto em que esforços individuais (de uma organização) para lidar racionalmente com incerteza e restrições, geralmente, levam, de maneira conjunta, à homogeneidade em termos de estrutura, cultura e resultados.
Campo Organizacional

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Estágios iniciais: Diversidade
Campo bem estabelecido – Homogeneização (Isomorfismo)

Definição: organizações que em conjunto constituem uma área
reconhecida da vida institucional: fornecedores-chave, consumidores,
agências regulatórias e outras organizações que produzem
produtos/serviços similares.

Estruturação do campo é determinada a partir de pesquisa de campo e de
um processo de definição institucional composto por 4 partes:
1) aumento da amplitude da interação entre as organizações do campo;
2) emergência de estruturas de dominação e padrões de alianças
interorganizacionais (coalizões) bem definidos;
3) aumento da carga de informação com a qual as organizações dentro de
um campo devem lidar;
4) desenvolvimento de uma conscientização mútua entre os participantes
de que estão envolvidas em um negócio comum.
Isomorfismo:
coercitivo

Competitivo

Institucional
mimético
normativo
Isomorfismo Institucional



“Processo de restrição que força uma unidade em
uma população a se assemelhar a outras unidades
que enfrentam o mesmo conjunto de condições
ambientais”.
As respostas ineficientes (não-ótimas) são excluídas.
Tomadores de decisão das organizações de um
campo aprendem respostas adequadas e ajustam
seus comportamentos de acordo com elas.
Isomorfismo Coercitivo
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Pressões formais ou informais exercidas
sobre a organização por outras
organizações das quais depende.
Expectativas culturais da sociedade em
que a organização atua.


Ordens governamentais
Ambiente legal comum
Isomorfismo Mimético

Incerteza simbólica - Resposta
Tomar outras organizações como modelo

Modelos difundidos
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Involuntariamente – transferência ou rotatividade de funcionários
Explicitamente – consultoria ou associações de comércio e indústria
↑ população de pessoas empregadas ou qtde de
clientes.
↑ pressão sentida pela organização para oferecer
programas e serviços oferecidos por outras.
Isomorfismo Normativo

Deriva da profissionalização:





Luta coletiva de membros de uma profissão para
definir as condições e métodos de seu trabalho e
estabelecer uma base cognitiva e de legitimação para
a autonomia de sua profissão.
Apoio da educação formal
Crescimento e constituição de redes profissionais
que perpassem as organizações e por meio das
quais novos modelos são rapidamente difundidos
Seleção de pessoal
Comportamentos e atitudes dos indivíduos dentro
da organização:

Estilo de vestimenta, vocabulário, métodos padronizados de
discursar, fazer piadas ou se dirigir aos outros.
Isomorfismo x Eficiência


Processos de isomorfismo ocorrem sem nenhuma
evidência de que, com eles, a eficácia
organizacional será alcançada.
Organizações semelhantes = mais legítimas, mais
respeitadas, mais reconhecidas
O que não assegura que serão mais eficazes.
Preditores de mudança
isomórfica
Nível organizacional

↑ dependência ↑ similaridade em estrutura, ambiente e foco comportamental

Pressões coercitivas são construídas em relacionamentos de intercâmbio

↑ centralização do fornecimento de recursos ↑ dependência da organização

Mesmas fontes de recursos, pessoas e legitimidade  coerção

↑ incerteza de relacionamento entre meio e fins

Isomorfismo mimético: “importação” de esquemas

↑ ambigüidade de metas

Ambigüidade  dependência de aparências para se legitimarem

“Mais fácil” imitar outras organizações

↑ confiança em credenciais acadêmicas para seleção de pessoal

Padrão de regras e modelos interiorizados

↑ participação de gestores em associações de comércio e profissionais

↑ redes de relacionamentos = ↑ organização coletiva do ambiente
Preditores de mudança
isomórfica
Nível do campo
↑ isomorfismo ↓ nível de variação e diversidade no campo

↑ dependência de recursos vitais de uma única fonte = centralização de recursos

Coloca organizações sob pressões similares dos fornecedores, interage com Incerteza
e ambigüidade das metas aumentando o seu impacto

↑ interação com agências governamentais

Maior o grau de isomorfismo no campo como um todo

↓ alternativas de modelos organizacionais

Para qualquer dimensão relevante de estratégias ou estruturas organizacionais em
um campo haverá um “Limiar” / “Ponto de inflexão”

↑ incertezas a tecnologia ou ↑ ambigüidade de metas

Após período de experimentação - isomorfismo

↑ profissionalização

Padrão de referências

↑ estruturação do campo

Estrutura de difusão de modelos e normas é mais rotineira
Implicações para a Teoria
Social

Paradoxo:


Elites-chave – “inteligentes”
Organizações – “ignorantes”



Seleção Natural
Elites-chave assumem poder em momentos cruciais
Elites-chave = detém o poder (econômico, político ou social) e
determinam modelos de estrutura e política organizacional que
perduram por anos sem serem questionados.
Bibliografia

DIMAGGIO, Paul J. e POWELL,
Walter W. A gaiola de ferro
revisitada: isomorfismo
institucional e racionalidade
coletiva nos campos
organizacionais. RAE clássicos.
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