Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Laboratório de Engenharia Agrícola
EAG 03305 – Mecanização Agrícola
Prof. Ricardo Ferreira Garcia – [email protected]
Tratores agrícolas
1. Introdução
Os primeiros equipamentos agrícolas utilizavam a potência do ser humano e, durante o período dos
séculos 19 e 20, os animais passaram a fornecer a potência requerida para os equipamentos agrícolas. Porém,
com a necessidade de otimizar o trabalho agrícola aumentando a produtividade e eficiência e reduzindo os
custos, passou-se a utilizar máquinas com potência fornecida por motores de combustão interna.
Alguns historiadores citam que o início do desenvolvido dos tratores ocorreu em 1892, quando John
Froelich montou um motor à gasolina num chassi adicionando um sistema de transmissão. Atualmente, os
tratores evoluíram e são dotados de eficientes motores de combustão interna Diesel ou Otto e projetados para
puxar ou empurrar máquinas ou implementos especiais ou cargas pesadas sobre a terra.
Na área agrícola, o trator é considerado a principal fonte de potência na condução de atividades como
preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita. Os tratores possuem diversos pontos de acoplamento e
formas de aproveitamento de potência, o que permite o acionamento de diferentes tipos de máquinas e
implementos agrícolas.
Figura 1. Trator de John Froelich inventado em 1892.
2. Classificação de tratores agrícolas
Uma vez que existe uma variação muito grande de culturas agrícolas e condições de campo, as indústrias
de tratores têm desenvolvido modelos diversos para condições específicas e uso geral.
Os tratores normalmente apresentam pneus ou esteiras como elemento de tração. A configuração dos
tratores varia de acordo com o tamanho e posição dos rodados direcionais e de tração e varia de fabricante
para fabricante. Apesar de não existir uma classificação oficial para as várias configurações disponíveis, a
classificação mais comum é quanto seu projeto estrutural, sendo tratores de duas rodas, quatro rodas e
esteiras.
Os tratores de duas rodas são também chamados de microtratores ou tratores de rabiça. Os tratores de
quatro rodas podem ser divididos em compactos, cultivadores, convencionais e com tração integral. Os tratores
de quatro rodas podem ter tração apenas nos rodados traseiros ou nas quatro rodas, sendo com tração auxiliar
ou integral. Apesar do trator de esteira possuir a vantagem de maior capacidade de tração e menor
compactação do solo devido à maior área de contato entre a esteira e o solo, os tratores mais utilizados em
fazendas e áreas agrícolas na atualidade são os de rodas e serão discutidos com mais ênfase aqui.
A classificação mais comum é:

Tratores de duas rodas

Tratores de quatro rodas

o
Tratores compactos
o
Tratores cultivadores
o
Tratores convencionais
o
Tratores com tração integral
Tratores de esteiras
2.1 Tratores de duas rodas
Os tratores de duas rodas, também ser chamados de microtratores ou tratores de rabiça, possuem apenas
um eixo de rodas e se apoiam no chão com a ajuda de uma máquina ou implemento que toca o solo. Este
modelo conta com um par de rabiças para acionamento e comando do trator pelo operador, que o acompanha –
estão os comandos de acionamento do acelerador, embreagem, troca de marchas, parte elétrica, entre outros.
São tratores de pequeno porte, com baixa potência, em torno de 14 cv, e podem ser acionados por
motores Otto ou Diesel, com partida manual ou elétrica. Apresentam grande versatilidade, podendo acoplar
diversos implementos como roçadora, arado de aiveca, sulcador, enxada rotativa, carreta, pulverizador,
semeadora, etc. Normalmente são empregados em pequenas propriedades, horticultura e estufas devido ao
baixo custo de aquisição e grande capacidade de manobrar em pequenos espaços, porém são limitados em
oferta de potência e apresentam baixa capacidade operacional sendo empregados apenas em serviços leves.
Figura 2. Tratores de duas rodas com implementos modelos Kawashima, Yanmar, Tramontini e Barbieri.
2.2 Tratores de quatro rodas
Tratores compactos
São tratores de pequeno porte, de pequena largura e/ou baixos capazes de circular dentro de plantações e
pomares estreitos em qualquer estágio das culturas, sem danificá-las, quebrando galhos ou arrancando frutos.
São modelos suficientemente estreitos e estáveis para áreas adensadas, apresentando, normalmente,
bitola curta (distância entre eixos), cano de descarga e proteção da cabine rebaixados, além de pequeno raio
de giro, permitindo agilidade para manobrar em curtos espaços.
Podem apresentar tração apenas nas rodas traseiras (4x2) ou tração dianteira auxiliar (4x2 TDA), que
permite maior capacidade de tração para atender a maior demanda de carga na barra de tração, podendo
realizar o serviço com menor índice de patinagem e velocidade devido à maior eficiência tratória quando
comparado ao trator 4x2. Normalmente a distribuição de peso se concentra mais no eixo traseiro.
Estes tratores possuem em geral motores Diesel e potência entre 25 e 50 cv.
Figura 3. Tratores compactos modelos Agrale, John Deere, Tramontini e Massey Ferguson.
Tratores cultivadores
Os tratores cultivadores apresentam maior distância entre a parte inferior do trator ao solo, ou vão livre, e
pneus estreitos, além disto, permitem grande ajuste da bitola para adequar a distância das rodas com o
espaçamento das entre linhas das culturas. Alguns modelos contam com distância de 60 cm entre o eixo
dianteiro e o solo.
Desta forma, são capazes de realizar tarefas sobre as culturas em desenvolvimento sem prejudica-las,
como realizar tratos culturais, distribuição de produtos e pulverização. Os modelos mais comuns são os tratores
de quatro rodas 4x2 TDA, porém existem os 4x2, e possuem potência acima dos 50 cv.
Como os tratores compactos, a distribuição de peso se concentra mais no eixo traseiro, sendo
aproximadamente 40% no eixo dianteiro e 60% no eixo traseiro.
Figura 4. Tratores cultivadores modelos Case, New Holland, John Deere e Massey Ferguson.
Tratores convencionais
Os tratores convencionais são normalmente empregados nas tarefas mais comuns da propriedade, como
preparo do solo, distribuição de produtos, semeadura, tratos culturais e colheita. Podem apresentar uma
variedade grande de potência, de acordo com o fabricante, para atender a diferentes demandas de potência
exigida por cada equipamento agrícola.
Os mais comuns são os modelos 4x2 equipados com tração dianteira auxiliar (TDA), também chamados de
4x2 TDA. A tração dianteira pode ser ligada ou desligada para maior capacidade de tração e atender a maior
demanda de carga na barra de tração, podendo realizar o serviço com menor índice de patinagem e maior
velocidade devido à maior eficiência tratória, quando comparado à tração dianteira desligada, ou aos modelos
sem tração auxiliar. Os modelos possuem as rodas dianteiras com diâmetro inferior ao rodado traseiro, mesmo
aqueles que contam com TDA, e alguns modelos contam ainda rodado duplo na dianteira e traseira visando
melhor capacidade de tração e menor pressão sobre o solo.
Os tratores podem ser abertos ou cabinados para proporcionar maior conforto operacional ao tratorista.
A distribuição de peso destes modelos se concentra mais no eixo traseiro, sendo 40% na dianteira e 60%
na traseira, aproximadamente.
Figura 5. Tratores convencionais modelos John Deere, New Holland, Agrale e Massey Ferguson.
Tratores com tração integral
Os tratores com tração integral, também chamados de 4x4, possuem todas as rodas com mesmo tamanho.
A tração é constante e controlada eletronicamente de acordo com a demanda de potência e patinagem de cada
roda. Com a frente avançada, a distribuição de peso se concentra mais no eixo dianteiro, sendo 60% na
dianteira e 40% na traseira, aproximadamente. Normalmente contam com rodado duplo nos eixos.
São tratores com grande potência, partindo de 300 cv de potência no motor até 600 cv. São recomendados
para serviços que exigem grande demanda de potência, permitindo a tração de implementos com grande
largura e velocidade, atingindo grande capacidade operacional - conseguem realizar trabalhos em grande áreas
em curto espaço de tempo, quando comparados aos tratores convencionais.
Alguns modelos são articulados no meio do chassi e outros possuem rodas direcionais na frente e atrás
para facilitar as manobras encurtando o raio de giro.
Figura 6. Tratores de tração integral modelos John Deere e New Holland.
A diferença na distribuição de carga sobre os eixos permite uma maior capacidade de tração devido a
maior uniformidade de peso sobre os eixos motrizes quando realizam o trabalho com carga nos sistemas de
engate. Ao realizar a tração de algum implemento, ocorre a transferência de carga do eixo dianteiro para o
traseiro sucedendo na divisão de peso total do trator sobre os dois eixos.
Figura 7. Distribuição estática de peso nos eixos dos tratores 4x4, 4x2 TDA e 4x2.
2.3 Tratores de esteiras
A aplicação dos tratores de esteiras na agricultura é feita geralmente em operações que exigem grande
esforço tratório, como aração, gradagem pesada e subsolagem. Possuem rodado constituído, basicamente, por
duas rodas motoras dentadas, duas rodas guias movidas e duas correntes sem-fim, formadas por elos providos
de pinos e buchas dispostas transversalmente, denominadas de esteiras. As rodas dentadas são responsáveis
pela transmissão do movimento às esteiras que se deslocam sobre o solo, apoiadas em sapatas de aço. Uma
estrutura de apoio e um conjunto de roletes completam esse tipo rodado. A diferença de velocidade relativa
entre as esteiras é responsável pelo direcionamento do trator.
Modernos tratores de esteiras apresentam esteiras de borracha, tendo como vantagens menor nível de
vibração e ruído, menor manutenção, maior velocidade de deslocamento, porém como desvantagens, maior
custo de manutenção.
Figura 8. Tratores de esteiras de borracha – modelos John Deere e Case.
Existem ainda modelos de tratores de semi-esteira, onde o eixo traseiro é substituído por um sistema de
esteiras e roletes, mantendo o eixo dianteiro com pneus convencionais. Além do modelo de fábrica, existem
kits de adaptações de semi-esteira que podem ser instalados apenas para o eixo traseiro de um trator de pneus
4x2 ou 4x2 TDA e em colhedoras. São empregadas em situações de exigência de maior força e em regiões
com baixa sustentação como áreas alagadas, brejos, entre outras, visando aumentar a área de contato
reduzindo a pressão sobre o solo e a patinagem, proporcionando maior eficiência tratória.
Figura 9. Tratores de semi-esteira modelo Case e kits de adaptação.
3. Partes constituintes dos tratores
O trator de pneus convencional se constitui basicamente de três sistemas para sua operação: motor,
conjunto de transmissão e sistema hidráulico.
O motor é a fonte de potência que aciona todos os sistemas para o funcionamento do trator. O conjunto de
transmissão é responsável por transmitir a potência para as rodas motrizes e TDP, além do acionamento de
equipamentos auxiliares. O sistema hidráulico converte parte da energia proveniente do motor em força
hidráulica para operar componentes hidráulicos do trator e de máquinas acopladas a ele.
Figura 10. Vista em corte de um trator Ford com sistema Ferguson.
1. Controle do levante hidráulico, 2. Válvula de controle, 3. Bomba hidráulica, 4. Cilindro hidráulico, 5. Pistão,
6. Eixo do levante hidráulico, 7. Braços do levante, 8. Braço do terceiro ponto, 9. Mola de reação do hidráulico,
10. Motor Ford de 4 cilindros, 11. Embreagem, 12. Transmissão, 13. Coroa helicoidal da transmissão, 14. TDP.
Figura 11. Corte do trator John Deere 6210R © Deere & Company.
3.1 Motores
Os tratores agrícolas são equipados com motores de combustão interna responsáveis pela transformação
da energia química do combustível em energia mecânica que é utilizada em diversas formas para a realização
de diferentes operações agrícolas.
Os motores são classificados de acordo com o tipo de combustível que queimam, ou o tipo de ignição. Os
principais motores utilizados são de ciclo Otto, em tratores de baixa potência, e de ciclo Diesel, aplicados em
tratores de maior potência.
Os principais sistemas requeridos para operação dos motores são: sistema de alimentação; admissão e
descarga; lubrificação; arrefecimento; elétrico; e governador.
Sistema de alimentação
O sistema de alimentação é responsável por fornecer o combustível limpo e em quantidade suficiente para
alimentar o motor. Deve ainda armazenar e transferir o combustível. Na operação do sistema, uma bomba de
combustível transfere o combustível do tanque, passando por um sistema de filtro, até um dispositivo específico
de injeção do motor.
No sistema Otto, utiliza-se o carburador nos modelos mais simples, para realizar a mistura ar e
combustível, ou um sistema de injeção direta do combustível numa corrente de ar com bicos injetores. No
sistema Diesel, o combustível é levado a uma bomba injetora de alta pressão que direcionada o fluxo de
combustível para bicos injetores localizados no cabeçote de cada cilindro.
Sistema de admissão e descarga
O sistema de admissão e descarga transporta a mistura ar-combustível para dentro do motor e remove os
gases de descarga após a combustão. A admissão fornece ar limpo em quantidade apropriada ao combustível
para boa combustão. É composto por filtro de ar, tubulações e válvulas de admissão.
Nos motores Otto, esta mistura vem do carburador, ou do duto de ar onde está instalado o bico injetor. No
Diesel, normalmente há a presença de turbo compressor e intercooler responsáveis por aumentar a densidade
do ar proporcionando maior fornecimento de oxigênio para a queima mais eficiente do combustível e mais
potência.
A descarga coleta os gases de exaustão após a combustão conduzindo-os para fora do motor. É composta
por válvulas de descarga, coletor de descarga e escapamento com abafador.
Sistema de lubrificação
O sistema de lubrificação reduz o atrito, dissipa o calor e mantém as parte do motor limpas. É composto
por um reservatório de óleo, ou cárter, bomba de óleo, filtro e conexões hidráulicas. A bomba de óleo puxa o
óleo armazenado no reservatório passando pelo filtro, direcionando-o para as partes móveis do motor que
precisam ser constantemente lubrificadas.
Sistema de arrefecimento
O sistema de arrefecimento previne o superaquecimento do motor e regula sua temperatura para os
melhores níveis. Num sistema convencional, a água circula por entre galerias internas do cilindro e cabeçote. A
água absorve o calor irradiado pelas partes metálicas proveniente da combustão e circula pelo radiador. Um
fluxo de ar atravessa as colmeias do radiador resfriando a água dissipando o calor para o ar. A água resfriada
retorna ao motor e recebe mais calor num circuito contínuo de aquecimento e resfriamento.
Sistema elétrico
O sistema elétrico consiste em circuitos de carga, partida e ignição (para o motor Otto). O circuito de carga
gera corrente elétrica para recarregar a bateria e alimentar o sistema elétrico durante o funcionamento do
motor, sendo composto por bateria, alternador (ou gerador) e regulador de voltagem.
O circuito de carga de corrente contínua contém um gerador e um regulador. O gerador fornece a potência
elétrica e retifica a corrente mecanicamente com um comutador e escovas. O regulador abre e fecha o circuito
de carga, previne a sobrecarga da bateria e limita a saída de carga do gerador a níveis seguros para não
danificar o sistema elétrico.
O circuito de carga de corrente alternada possui o alternador e o regulador. O alternador é um gerador de
corrente alternada, e produz a corrente alternada, mas retifica-a eletronicamente através de diodos. Os
alternadores são geralmente mais compactos que os geradores de mesma potência e produzem mais correntes
a baixas velocidades. O regulador também limita a voltagem para um nível seguro e os modelos
transistorizados são utilizados em vários circuitos modernos.
O sistema de partida converte a energia elétrica da bateria em energia mecânica para dar a partida no
motor de arranque para ligar o motor. A bateria fornece energia para o circuito, o botão de partida permite o
acionamento do sistema, fazendo a corrente acionar o motor de arranque quando passa por uma solenoide.
O sistema de ignição, presente nos motores Otto, tem a função de criar a faísca que fará a ignição da
mistura ar-combustível. Uma bobina transforma a baixa voltagem da bateria em alta voltagem para produzir a
faísca. O condensador armazena energia e auxilia na variação do campo magnético da bobina para a produção
da alta voltagem. Também protege os pontos do distribuidor e platinado contra o arco voltaico, absorvendo o
pico de corrente no circuito primário. O platinado abre e fecha o circuito primário, causando o surgimento de alta
tensão na bobina. O distribuidor sincroniza os picos de energia com o movimento do motor e direcionado cada
pico de tensão a uma vela de ignição. A vela realiza a ignição da mistura dentro de cada cilindro do motor.
A chave de ignição atua na partida do circuito. A bateria fornece a energia inicial ao sistema no momento em
que a chave é acionada.
Sistema governador
O sistema governador é responsável por manter o motor a uma velocidade constante durante o
funcionamento através da variação da quantidade de mistura ar-combustível fornecida ao motor, de acordo com
a demanda de carga. Pode ser mecânico, elétrico ou eletrônico. No motor Diesel, ele está montado junto a
bomba injetora de combustível.
3.2 Conjunto de transmissão
O conjunto de transmissão do trator transmite a potência desenvolvida no motor para as rodas motrizes,
TDP e outros sistemas quando presentes. A transmissão pode ser classificada em mecânica e hidráulica e tem
as seguintes funções:

Conectar e desconectar a potência para os eixos de rodas e TDP

Selecionar as relações de velocidades

Permitir a reversão do movimento

Distribuir de forma equalizada a potência nas rodas para curvar
Transmissão mecânica
A transmissão mecânica é composta pelos seguintes componentes: embreagem, caixa de marchas,
diferencial e redução final.
A embreagem transmite potência do motor à caixa de marchas e TDP e fornece a possibilidade de parar
ou iniciar o fluxo de potência para a caixa de marchas através do acoplamento ou desacoplamento de discos de
fricção a volantes solidários à caixa de câmbio ou eixo da TDP.
A caixa de marchas é formada por um conjunto de engrenagens que determinam a velocidade de avanço
do trator, bem como a marcha à ré, de acordo com acoplamento das engrenagens do sistema.
O diferencial é responsável por transmitir a potência da caixa de transmissão à redução final alternando o
o
sentido do eixo em 90 . Tem como função permitir velocidades de giro diferentes às rodas motrizes quando
estas estão fazendo curva enquanto ainda transmitem potência. Possui ainda o bloqueio que trava o
mecanismo diferencial fazendo com que as duas rodas trabalhem à mesma velocidade em situações
específicas.
A redução final transmite a potência do diferencial às rodas motrizes. Apresenta um sistema de
engrenagem que reduz a velocidade do eixo final e aumenta ainda mais o torque do eixo das rodas.
Alguns modelos possuem ainda a tração dianteira auxiliar (TDA) que permite melhor utilização da potência
de tração do trator possuindo tração nas quatro rodas. Além disto, a transferência de peso do trator nas quatro
rodas motrizes reduz o índice de patinagem. O engate e desengate da tração auxiliar é controlada
mecanicamente ou eletronicamente, dependo do modelo.
Transmissão hidráulica
A transmissão hidráulica utiliza fluidos, normalmente óleo hidráulico, para obter a relação de transmissão.
Basicamente, a energia é transferida pelo próprio fluido dentro de um circuito fechado entre a bomba e o motor
hidráulico quando existe aumento de pressão na bomba de pistão, uma vez que o fluido não é compressível.
A principal vantagem é possibilitar a alteração escalonada da velocidade do eixo de saída enquanto o eixo
motor permanece em velocidade constante. As desvantagens são o maior custo e a menor eficiência quando
comparada à transmissão mecânica.
3.3 Sistema hidráulico
O sistema hidráulico do trator foi desenvolvido inicialmente para fornecer controle dos implementos
integrados ao trator. Posteriormente, foi sendo dimensionado para atender a outros sistemas como a direção,
freio, bloqueio do diferencial, e controle remoto de cilindros e motores hidráulicos.
As principais vantagens do uso do sistema hidráulico são maior uniformidade da velocidade de saída,
facilidade na reversão da direção do movimento, dificuldade de danos no sistema por sobrecarga, ausência de
sistemas mecânicos de proteção de sobrecarga, e simplicidade de transferência da potência a mecanismos
remotos. Os sistemas hidráulicos podem ser do tipo sistema aberto e fechado.
O sistema aberto é um tipo mais simples, onde a bomba hidráulica produz um fluxo contínuo que deve
retornar ao reservatório quando o cilindro ou outro atuador não estiver em operação. Quando apenas um
cilindro ou atuador é acionado, este mecanismo é satisfatório. Porém, quando duas ou mais funções precisam
ser operadas simultaneamente, as complicações aumentam, existindo a necessidade de uso de válvulas
divisoras de fluxo ou válvulas de controle direcional.
No sistema fechado, um acumulador ou uma bomba de fluxo variável é utilizado para simplificar as
funções. No sistema com acumulador, uma bomba relativamente pequena, mas com vazão constante alimenta
um acumulador. Quando a pressão no acumulador atinge um nível pré-determinado, o fluxo da bomba é
direcionado através de uma válvula de alívio para o reservatório.
No sistema com fluxo variável, o fluxo da bomba é alterado para atender a demanda do sistema de acordo
com o uso dos cilindros e atuadores.
O sistema hidráulico é normalmente composto por bombas, reservatórios, radiadores, válvulas, dutos,
fluido, filtros, cilindros e motores.
A bomba hidráulica converte a energia mecânica em energia hidráulica. Quando em operação, ela cria
uma sucção na válvula de entrada para forçar a passagem do fluido do reservatório até a bomba. Então, a
bomba direciona o fluido pela válvula de saída da bomba de saída para o sistema hidráulico.
O reservatório é responsável por armazenar o fluido de forma limpa, livre do ar e relativamente frio.
O radiador é necessário para refrigerar o fluido enquanto este circula pelo sistema hidráulico.
As válvulas são utilizadas para controlar a direção, o fluxo e pressão do fluido proveniente da bomba.
Os dutos são utilizados para conectar os componentes hidráulicos, podendo ser rígidos, semi e flexíveis.
O fluido, além da função de transmitir potência, é responsável pela lubrificação, transportar o calor dos
ambientes de alto calor para fora e proteger o sistema contra corrosão.
Os filtros são responsáveis por manter a longa vida útil do sistema, mantendo o fluido e demais partes do
sistema sem impurezas e contaminação.
Os cilindros hidráulicos são acionados pela pressão hidráulica, fazendo-os estender ou retrair para o
acionamento de partes móveis do trator ou máquinas agrícolas. Podem ser de simples ou dupla ação.
Os motores hidráulicos são acionados também pela pressão hidráulica do sistema para movimentar partes
móveis de implementos ou setores de alguns tratores.
4. Aproveitamento de potência nos tratores
Uma das principais fontes de potência, responsáveis pela alta produção agrícola com significante
economia de mão-de-obra, é o trator agrícola. A ele podem ser acoplados e adaptados inúmeros implementos e
máquinas de diferentes formas para realizar as mais diferentes operações agrícolas requeridas na área rural.
Os implementos montados são aqueles acoplados ao sistema de engate de três pontos do trator;
semimontados são aqueles acoplados aos dois pontos do sistema de engate de três pontos do trator; e de
arrasto são aqueles acoplados à barra de tração do trator (Figura 12).
Figura 12. Principais tipos de acoplamentos: A - montado; B - semimontado; C - de arrasto.
O trator dispõe de motor de combustão interna, responsável pela transformação da energia química do
combustível em energia mecânica que é utilizada em diversas formas para a realização de diferentes operações
agrícolas. As principais formas de transmitir a potência originada do motor nos tratores são:

Barra de tração – a potência é transmitida através das rodas motrizes e da barra de tração para realizar
trabalhos de tração. Pelo escalonamento de marchas e a carga sobre o trator pode-se controlar a força
disponível na barra de tração.

Tomada de potência (TDP) – as TDPs podem ser localizadas na parte dianteira ou traseira do trator e
trabalham com velocidades normalizadas de 540 ou 1.000 rpm.

Sistema hidráulico – através do elevador hidráulico e do controle remoto pode-se elevar equipamentos
e acionar seus sistemas.
4.1 Barra de tração
A barra de tração do trator é um dispositivo utilizado para tracionar e a arrastar implementos e máquinas
agrícolas que trabalham acoplados ao trator, ou seja, ligados ao trator por intermédio da barra de tração. É
colocada no plano longitudinal médio do trator e fixo sob o cárter da caixa de velocidades. Esta barra pode
oscilar lateralmente o que permite trabalhar em “offset” com os implementos.
A transmissão de potência através da barra de tração é realizada por meio da potência proveniente do
motor, que ao passar pela caixa de câmbio, fornece tração às rodas motrizes. Pelo escalonamento de marchas
e a carga sobre o trator pode-se controlar a força disponível na barra de tração, que depende diretamente
também das condições do piso e do estado do rodado.
Figura 13. Representação da barra de tração: A - vista lateral; B - vista de topo; 1 - ponto de ligação; 2 - barra
de suporte; 3 - articulação.
4.2 Tomada de potência
A tomada de potência (TDP) é um dispositivo para transmitir potência em forma de rotação para máquinas
que estão montadas ao trator, ou seja, ligadas ao trator por meio do sistema de engate de três pontos. A
localização mais comum do eixo da TDP é na parte posterior do trator, mas alguns modelos têm eixos de TDP
em outras posições, como na parte frontal, por exemplo.
A direção e velocidade de rotação, posição aproximada e as dimensões da TDP foram padronizados em
1926, pela ASAE, para fornecer a capacidade de intercambiar equipamentos de diferentes fabricantes.
Com o crescimento do tamanho e potência dos tratores, tornou-se necessário desenvolver eixos de
potência mais rápidos e mais largos para transmitir o incremento de potência disponível. Atualmente, existem
três tipos de eixos:

Tipo 1: eixo com diâmetro nominal de 35 mm e com 6 ranhuras. Sua velocidade de giro é de 540 rpm e
é a mais comumente usada. Esta TDP é usada em tratores com até 65 cv de potência no eixo a
velocidade nominal do trator.

Tipo 2: eixo com diâmetro nominal de 35 mm e com 21 ranhuras. Sua velocidade de giro é de 1000 rpm
e é aplicada em tratores com aproximadamente de 60 a 160 cv de potência na TDP.

Tipo 3: eixo com diâmetro nominal de 45 mm e 20 ranhuras. Utilizado em tratores com potência no eixo
na faixa de 150 a 250 cv e sua velocidade de giro é de 1000 rpm.
Os primeiros tipos de TDP eram movidos pela transmissão do trator e paravam de girar sempre que a
embreagem da caixa de marchas era desengatada, pois utilizava um só disco de embreagem, ou embreagem
simples (Figura 14).
Atualmente, tem-se utilizado uma TDP independente que pode ser controlada pela sua própria embreagem
ou por uma embreagem dupla, permitindo parar e arrancar novamente o trator sem interromper o
funcionamento da máquina que se está operando.
Para a transmissão de movimento para as máquinas acionadas através da TDP, se utilizam eixos do tipo
extensivos com uma junta cardan universal em cada extremo, permitindo, assim, acomodar a variação no
ângulo e distância entre o trator e o implemento. Uma capa integral cobre o eixo e capas parciais cobrem cada
junta. A capa normalmente roda junto com o eixo, porém, pode parar de girar se entrar em contato com alguma
pessoa ou objeto.
Para se conseguir que a rotação transmitida para a máquina seja regular e não intermitente, as
extremidades das juntas devem estar no mesmo plano e os ângulos que se formam entre a TDP do trator e a
máquina com o eixo cardan devem ser iguais.
Nas tomadas de potência motor, ou tomadas de potência em que o regime é proporcional ao regime motor,
o acionamento do sistema de transmissão é efetuado a partir do eixo primário da caixa de velocidades,
segundo diferentes formas o que conduz a diferentes tipos de TDP, ou seja:

Tomada de potência dependente em que o movimento é obtido depois de uma embreagem monodisco
e simples efeito;

Tomada de potência semi-independente em que o movimento é obtido a partir de uma embreagem de
duplo disco e duplo efeito;

Tomada de potência independente em que o movimento se obtém a partir de uma embreagem de duplo
disco e comandos separados;

Tomada de potência totalmente independente em que o movimento se obtém a partir de uma
embreagem multidiscos.
4.2.1. Tomada de potência dependente
Neste sistema, a embreagem conta com um disco e seu acionamento possui um único estágio. A tomada
de potência dependente é utilizada nos tratores menores e tem como principais inconvenientes a não
permissão da imobilização da TDP sem parar o trator e, reciprocamente, parar este sem interromper a
transmissão à TDP, devido a presença de apenas uma embreagem.
Ou seja, ao trabalhar com um implemento, por exemplo, uma roçadora, não é possível, durante o trabalho,
parar o trator e manter a TDP em ação.
Quando se aciona a embreagem, a caixa de marchas e a TDP cessam o movimento. Para acionar a TDP
com o trator parado, é necessário engatar marcha neutra e soltar novamente a embreagem para movimentar a
TDP.
Figura 14. Representação da tomada de potência com embreagem de monodisco: 1 - embreagem de um disco;
2 - pedal da embreagem; 3 - eixo traseiro; 4 - movimento do motor; 5 - caixa de marchas; 6 - dispositivo de
engrenamento da TDP; 7 - movimento para a TDP.
4.2.2. Tomada de potência semi-independente
Neste sistema, a embreagem conta com dois discos e seu acionamento possui dois estágios. A tomada de
potência semi-independente caracteriza-se por receber movimento do motor através de um segundo disco de
embreagem sendo o acionamento deste obtido pelo mesmo pedal que controla o disco que transmite o
movimento às rodas motrizes.
Durante o funcionamento do trator, no primeiro estágio de acionamento, interrompe-se o movimento para a
caixa de marchas. E no segundo estágio, interrompe-se o movimento para a TDP.
Ou seja, ao trabalhar com um implemento, por exemplo, a mesma roçadora, é possível, durante o trabalho,
parar o trator e manter a TDP em ação, apenas acionando a embreagem em seu primeiro estágio.
Figura 15. Representação de uma tomada de potência semi-independente comandada por uma embreagem de
duplo disco: 1 - desembrear do disco da caixa; 2 - desembrear do disco da TDP; 3 - embreagem de dois discos;
4 - movimento do motor; 5 - caixa de marchas; 6 - eixo traseiro; 7 - dispositivo de engrenamento da TDP.
Como se pode observar na Figura 15, na primeira parte do curso do pedal apenas se desembreia o disco
de avanço, o que imobiliza o trator, continuando a TDP em funcionamento, e só pressionando o pedal a fundo é
que esta última se imobiliza, interrompendo-se a TDP.
4.2.3. Tomada de potência independente
A tomada de potência independente apresenta uma embreagem semelhante às das tomadas de potência
semi-independentes, mas com comandos separados para cada um dos discos. O disco de avanço é acionado
pelo pedal e o da TDP por um comando manual.
Figura 16. Representação de uma TDP independente de duplo disco e comandos separados: 1 - comando do
disco da TDP; 2 - pedal de acionamento do disco de avanço; 3 - embreagem de dois discos e comandos
separados; 4 - eixo traseiro; 5 - movimento do motor; 6 - caixa de marchas; 7 - dispositivo de engrenamento da
TDP.
Nos tratores em que existe este tipo de TDP, os movimentos de translação do trator e de rotação da TDP
são independentes bastando para isso desembrear, engrenar e embrear o par de engrenagens da caixa
desejada ou o dispositivo de engrenamento da TDP.
4.2.4. Tomada de potência totalmente independente
As tomadas de potência totalmente independentes têm uma embreagem multidisco em banho de óleo,
funcionando completamente independente da embreagem do avanço, situação semelhante à anterior, mas em
que o embrear e engrenar é efetuado praticamente em simultâneo.
Figura 17. Tomada de potência totalmente independente de 540 e 1.000 rpm comandada por uma embreagem
multidisco, podendo também ter movimento de rotação proporcional à velocidade de deslocamento: a - 540
rpm; b - 1.000 rpm; 1 - pedal de acionamento do disco de avanço; 2 - embreagem de simples efeito; 3 movimento do motor; 4 - caixa de velocidades; 5 - embreagem multidisco; 6 - dispositivo de acionamento da
TDP proporcional ao avanço.
4.3 Sistema hidráulico
4.3.1. Sistema de levante hidráulico – engate de três pontos
Os tratores antigos dispunham apenas da barra de tração, que permitia apenas arrastar e não carregar
implementos montados. O sistema de engate de três pontos se tornou um dispositivo padrão em todos os
tratores, sendo suas dimensões normalizadas pela ASAE desde 1959.
O sistema de engate de três pontos contém dois braços inferiores, chamados de primeiro e segundo
pontos, e um braço superior, o terceiro ponto. Os implementos podem trabalhar montados, quando conectados
aos três pontos do engate, e semimontados, quando conectados aos dois pontos inferiores do engate sendo o
solo fornecedor de parte do sustento. Certos tratores contam ainda com engate rápido, que foi desenvolvido
para permitir o engate rápido do sistema de engate ao implemento.
Figura 18. Representação do sistema de engate por três pontos: 1 - pendurais; 2 - braços superiores; 3 o
manivela; 4 - rótulas; 5 - braços inferiores; 6 - barra de tração; 7 - barra do 3 ponto.
Os braços inferiores do sistema de engate são articulados no trator e têm na outra extremidade rótulas
para fixação dos implementos. Os braços inferiores estão colocados simetricamente em relação ao plano
longitudinal médio e encontram-se ligados aos braços superiores por pendurais, sendo o comprimento do
direito, ou mesmo dos dois, regulável através de uma manivela. Para além dos dois pontos de ligação nos
braços inferiores existe ainda um terceiro ponto que evita a rotação do equipamento sobre o eixo dos dois
primeiros, onde está montada a barra do terceiro ponto cujo comprimento é regulável para permitir o
alinhamento longitudinal do equipamento.
Os braços inferiores ligam-se ao cárter do diferencial por meio de rótulas o que permite o seu movimento
lateral que deve, no entanto, ser limitado por correntes estabilizadores, por forma a que não batam nas rodas;
estas correntes permitem limitar a oscilação dos braços inferiores do hidráulico e descentrar um equipamento
montado.
O sistema de engate de três pontos é acionado pelo sistema de levante hidráulico. Este sistema,
usualmente alimentado por um cilindro hidráulico de simples ação, levanta os braços do engate e o próprio
peso do implemento é responsável por baixá-los. O sistema de levante hidráulico é operado manualmente pelo
operador do trator, podendo controlar através de alavancas o levante, a posição e a velocidade de reação do
sistema de levante hidráulico.
Figura 19. Princípio de funcionamento do sistema hidráulico: 1 - alavancas de controle de posição e
profundidade; 2 - dispositivos de controle de posição e profundidade; 3 - braço superior do sistema de elevação;
4 - bomba hidráulica; 5 - distribuidor; 6 - êmbolo; 7 - ligação aos três pontos.
A utilização do sistema hidráulico de engate em controle de posição permite, para cada posição da
alavanca de controle, colocar o equipamento numa dada posição que se mantém inalterável até que aquela
alavanca seja novamente acionada. Este sistema é geralmente empregado com equipamentos que não
executam trabalhos de mobilização, ou contato com o solo, pois, a não variação da distância do equipamento
com o solo implica que, caso a resistência específica deste aumente, o trator possa não desenvolver força de
tração suficiente para a vencer.
Figura 20. Princípio do controle de posição mecânico: 1 - alavanca do controle de posição; 2 - braço superior
do sistema de levante; 3 - equipamento montado; 4 - bomba hidráulica; 5 - distribuidor; 6 - êmbolo.
O levante hidráulico é dotado de um sistema automático, chamado de controle de ondulação ou de carga,
capaz de sentir a força requerida no sistema de três pontos. Quando o esforço no engate aumenta
(compressão), um mecanismo atua na válvula de controle principal do levante hidráulico levantando os braços.
De forma contrária, o decréscimo da força (tração) nos braços causa seu abaixamento. O controle de ondulação
permite que as máquinas agrícolas operem sempre à mesma profundidade no instante em que encontram
alguma imperfeição no relevo da superfície de trabalho, ou aumento da resistência do solo, mantendo também
a força de tração desenvolvida pelo trator.
Figura 21. Representação do controle de tração pelo terceiro ponto: 1 - êmbolo; 2 - batente de comando; 3 o
o
braços superiores; 4 - braço do 3 ponto; 5 - alavanca de ligação do 3 ponto; 6 - distribuidor; 7 - bomba; 8 mola de compressão.
4.3.2. Sistema de controle remoto
O sistema de controle remoto do trator permite fornecer fluido, no caso, óleo hidráulico, com pressão
através de mangueiras para acionar partes específicas de máquinas agrícolas acionadas por pistões e
posicionar em condições operacionais adequadas os órgãos ativos das máquinas e implementos que são
acoplados ao trator, como, por exemplo, a reversão do arado de aiveca, mecanismos basculantes de
colhedoras, acionamento de rodado de transporte de máquinas entre outros.
Em alguns modelos de tratores, este mesmo sistema conta com sistema de bombeamento constante para
acionar algum tipo de motor hidráulico de alguma máquina agrícola.
Figura 22. Uso do sistema de controle remoto acionando um cilindro hidráulico para levantar o implemento.
5. Manutenção de tratores agrícolas
A manutenção de tratores agrícolas é o conjunto de procedimentos que visam mantê-los nas melhores
condições de funcionamento e prolongar-lhes a vida útil, através de lubrificações, ajustes, troca de partes e
fluidos, e proteção contra agentes que lhes são nocivos. A manutenção pode ser:

Preventiva: aquela em que se realiza a manutenção em intervalos regulares, determinadas pelo número
de horas trabalhadas pelo equipamento. Realizada antes de surgir o defeito ou avaria visando prolongar
a vida útil dos componentes.

Corretiva: manutenção realizada com o intuito de reparar algum defeito ou avaria ocorrida pela falta de
manutenção preventiva, algum acidente, ou uso indevido do equipamento.
A realização da manutenção preventiva possibilita oferecer à máquina condição satisfatória de operação,
ou seja, deixá-la sempre apta ao trabalho. Os cuidados da manutenção preventiva são agrupados em períodos
estabelecidos pelo fabricante, podendo ser chamada por isso de periódica, e utiliza-se para seu controle, em
tratores agrícolas, o horímetro (Figura 23), instrumento que registra o número de horas trabalhadas, de forma
acumulada, em função da frequência de trabalho do motor.
Figura 23. Horímetro localizado no painel de instrumentos do trator.
Os principais cuidados da manutenção preventiva e sua justificativa estão descritos a seguir:
Manutenção
Verificação do
funcionamento do
sistema elétrico
Verificação da tensão
da correia do ventilador
Justificativa
O perfeito funcionamento dos faróis, lâmpadas sinalizadoras e do painel,
alternador, e da bateria (eletrólitos, suspiro, nível e terminais) garantem eficiência
e segurança ao operador durante as operações agrícolas.
A folga desta correia provoca superaquecimento do motor por deficiência de
refrigeração. O trator que utiliza esta correia para movimentar o alternador pode
apresentar problemas na recarga da bateria.
Verificação do nível de A ausência de água no sistema de arrefecimento causa superaquecimento do
água do radiador
motor causando desgaste prematuro e conseqüente travamento do mesmo.
Verificação do nível e
Óleo abaixo do nível, ou contaminado, provoca desgastes prematuros e
troca de óleo do motor e superaquecimento. Acima do nível, provoca aumento da pressão interna do motor
do filtro de óleo
comprometendo a vida útil de juntas e retentores.
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, ocasiona lubrificação deficiente,
troca de óleo da
resultando em desgastes prematuros das engrenagens e demais componentes.
transmissão
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, provoca desgaste prematuro e perda
troca de óleo e filtro do de potência do sistema de levante hidráulico e controle remoto (em alguns
sistema hidráulico
modelos de tratores).
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, ocasiona deficiente lubrificação da
troca de óleo da bomba bomba injetora, ocasionando em desgaste prematuro e perda de eficiência (em
injetora
alguns modelos de tratores).
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, provoca direção dura dificultando a
troca de óleo e filtro da dirigibilidade do trator (em alguns modelos de tratores).
direção hidráulica
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, ocasiona lubrificação deficiente,
troca de óleo dos cubos resultando em desgastes prematuros dos redutores, reduzindo a vida útil dos
das rodas
mesmos (em alguns modelos de tratores).
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, provoca lubrificação deficiente,
troca de óleo do eixo
resultando em desgastes prematuros, reduzindo a sua vida útil (em alguns
dianteiro (diferencial)
modelos de tratores).
Verificação do nível e
O baixo nível deste óleo, ou contaminação, ocasiona lubrificação deficiente,
troca de óleo dos
resultando em desgastes prematuros das engrenagens, reduzindo a vida útil das
redutores finais
mesmas.
traseiros
Limpeza e troca do
O sistema de filtragem de ar estar em condições perfeitas para evitar que as
elemento de filtro de ar partículas abrasivas em suspensão no ar sejam admitidas para dentro do motor,
ou troca do óleo
evitando, assim, o seu desgaste prematuro.
Limpeza do filtro na
Esse filtro impede a entrada de impurezas presentes no combustível no sistema
entrada da bomba
de alimentação. A contaminação do combustível acarreta perda de eficiência do
injetora
trator.
Limpeza dos suspiros
O entupimento do suspiro de algum setor provoca deficiência de ventilação,
superaquecimento e excesso de pressão.
Limpeza do tanque de
O acúmulo de impurezas no tanque ocasiona sobrecarga do sistema de filtragem,
combustível
afetando a alimentação e funcionamento do motor.
Calibração dos pneus
A correta calibragem dos pneus aumenta sua vida útil além de fornecer melhor
aderência reduzindo patinagem excessiva e desgaste de combustível.
Calibração dos bicos e Bicos e bomba injetora desregulados resultam em perda de potência do motor e
bomba injetora
consumo elevado de combustível.
Troca do filtro de
O filtro sujo ou entupido ocasiona mau funcionamento do sistema de alimentação
combustível
acarretando em perda de eficiência do motor.
Drenagem do pré-filtro
Eliminar a água e impurezas do sistema de alimentação de combustível. Estes
ou do sedimentador e
elementos podem causar entupimentos e corrosão dos componentes do sistema
do filtro de combustível de alimentação, causando mau funcionamento e perda de eficiência do motor.
Sangria nos filtros e
Eliminar ar do sistema de alimentação. O ar no sistema ocasiona mau
bomba injetora
funcionamento do motor podendo até interromper seu funcionamento.
Lubrificação dos pinos
Evitar desgastes prematuros das partes móveis e atritantes do trator que
graxeiros
requeiram graxa.
Reabastecimento do
tanque combustível no
fim do dia
Reaperto geral de
porcas
Regulagem dos pedais
de freio
Tanque vazio favorece a condensação do ar presente em seu interior resultando
na contaminação do óleo com água. A água pode causar mau funcionamento do
motor além de corrosão do sistema de alimentação.
O trabalho normal do trator causa vibração das peças podendo afrouxar porcas e
parafusos. O reaperto evita folgas e perda de peças.
A folga excessiva provoca deficiência na frenagem e dificuldade de operação do
trator. A ausência desta folga ocasiona desgaste prematuro do sistema de
frenagem, incluindo lonas e tambor, e riscos de acidentes.
Regulagem do pedal de A folga excessiva provoca dificuldade do engate de marchas, podendo vir a
embreagem
danificá-lo. A ausência desta folga ocasiona em desgaste prematuro do colar de
embreagem.
O eficiente controle da manutenção de tratores agrícolas é condição essencial para o sucesso de qualquer
programa de mecanização agrícola. Além de permitir maior vida útil para as máquinas e reduzir as
possibilidades de falhas durante as operações agrícolas, permite reduzir os custos de produção agrícola. Este
controle pode ser feito através de cadernetas de campo, relatórios diários e mesmo um programa
computacional específico.
Download

Classificação e manutenção de tratores agrícolas