FLORA DA RESERVA DUCKE, AMAZONAS, BRASIL: RUBIACEAE
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1
Missouri Botanical Garden, P.O. Box 299, St. Louis, MO 63166-0299 USA. [email protected]
School of Foresty and Environmental Studies, Yale University, 205 Prospect Street, New Haven, CT 065117444 USA. [email protected]
3
Herbarium, Royal Botanic Gardens, Kew, TW9 3AA, UK. [email protected]
2
550
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Árvores, arvoretas, arbustos ou
ervas, raramente lianas ou epífitas,
hermafroditas ou dióicas. Ramos cilíndricos
ou 3–4-angulares, às vezes com exsudado
resinoso, às vezes habitados por formigas.
Estípulas interpeciolares, curto-unidas ao
redor do caule, unidas ao redor do caule numa
bainha (i.e. um tubo), raramente intrapeciolares
(Capirona, Henriquezia, Isertia) ou unidas
num capuz cônico (i.e. caliptradas), de formas
variadas, persistentes ou decíduas. Folhas
simples, opostas ou verticiladas, inteiras,
decussadas ou às vezes dísticas, geralmente
pecioladas, glabras ou pubescentes,
ocasionalmente com domácias pequenas nas
axilas abaxiais das nervuras laterais; nervação
terciária às vezes paralela. Inflorescências
terminais ou axilares, cimosas, paniculadas,
racemiformes, tirsóides, capitadas ou às
vezes reduzidas a uma flor solitária, sésseis
ou pedunculadas, com brácteas e bractéolas,
às vezes bem desenvolvidas e vistosas.
Flores bissexuais ou às vezes unissexuais,
actinomorfas ou raramente zigomorfas
(Henriquezia), freqüentemente distílicas, às
vezes protogínicas; cálice gamossépalo,
usualmente 4–5-lobado, às vezes com um dos
lobos expandido e colorido (Capirona,
Chimarrhis, Warszewiczia), comumente
persistente no fruto; corola gamopétala,
infundibuliforme, tubulosa ou hipocrateriforme,
4–6(–10)-lobado, prefloração valvar,
imbricada ou contorta; estames isômeros, 4–
6(–10), alternos e adnatos aos lobos da corola,
anteras geralmente lineares ou oblongas,
basifixas ou dorsifixas, exsertas ou inclusas,
raramente loceladas; ovário ínfero ou
raramente súpero (Henriquezia, Pagamea),
2(–8)-locular, óvulos 1 a muitos por lóculo;
estigma inteiro ou 2–10-partido. Frutos
bacáceos, drupáceos ou capsulares, simples
ou raramente sincárpicos (Morinda),
carnosos ou secos, deiscentes ou não; bagas
multisseminadas; drupas com (1–)2(–5)
pirênios; cápsulas 2–loculares septicidas,
loculicidas ou circunsisas. Sementes (1–)2
a numerosas, de tamanho variável, aplanadas,
subglobosas, cilíndricas ou angulosas, aladas
ou não; endosperma bem desenvolvido,
raramente ausente.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
Rubiaceae é uma das maiores famílias
de angiospermas, com cerca de 10.700
espécies distribuídas em cerca de 640 gêneros
(Robbrecht 1988). Ocorre em todas as
regiões do mundo, mas principalmente nos
trópicos. Na Reserva Ducke constitui uma
das maiores famílias, com 99 espécies
distribuídas em 36 gêneros. Campos & Brito
(1999) listaram, para o guia de identificação,
90 espécies distribuídas em 35 gêneros; três
das quais conhecidas apenas através de
coletas estéreis e que não puderam ser
identificadas, portanto não estão incluídas no
presente trabalho. Após a publicação do guia
de identificação, várias outras espécies foram
coletadas, identificadas e adicionadas ao
presente trabalho, como por exemplo cinco
espécies de Psychotria levantadas por
Kinupp (2002), mostrando a importância da
contribuição de coletas especificamente
voltadas para esta família na complementação
da amostragem da flora.
A maioria das espécies de Rubiaceae são
árvores de pequeno porte ou arbustos muito
freqüentes no subosque. A família pode ser
facilmente reconhecida pelas folhas
geralmente opostas e pela presença de
estípulas interpeciolares. A grande variação
nas formas, tamanhos e cores das flores atrai
um grande número de polinizadores para a
família, sendo que a polinização pelo vento
não ocorre no Neotrópico. Os frutos carnosos
também variam nas cores e tamanhos, sendo
dispersos por pássaros, morcegos ou ainda
por pequenos mamíferos. Várias espécies
ocorrentes na Reserva Ducke apresentam
associações com formigas.
Entre as referências úteis para
identificar as Rubiaceae da região estão
Andersson (1992), Boom & Campos (1991),
Boom & Delprete (2002), Müller Argoviensis
(1881-1888), Schumann (1888-1889),
Steyermark (1964, 1967, 1972, 1974), Taylor
(1997b), e Taylor et al. (2004). Os sinônimos
citados no presente trabalho são aqueles
publicados recentemente, após o checklist de
Andersson (1992). Como em qualquer
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
551
tratamento florístico, foram encontradas
dificuldades com a disponibilidade de material
fértil coletado na área de estudo. Muitas
espécies foram coletadas apenas em flor ou
em fruto, e as descrições das estruturas não
vistas na Reserva Ducke foram elaboradas
utilizando material herborizado originário da
região amazônica disponível nos herbários
MO e K, juntamente com as floras e
monografias citadas acima.
Achamos interessante estabelecer certos
parâmetros para a terminologia utilizada no
presente trabalho, especialmente no que diz
respeito às estípulas, cálice e frutos. Existem
diversas concepções para esses termos na
literatura relacionada às Rubiaceae, portanto
é importante estabelecer o seu significado em
tratamentos taxonômicos.
As estípulas em Rubiaceae são
interpeciolares, ou seja, aparecem ligando os
pecíolos das folhas opostas (ou às vezes
verticiladas), e a observação de estípulas
intactas é mais fácil nos nós superiores ou
mesmo no ápice dos caules. Em alguns casos
(Henriquezia, Capirona, Isertia), as
estípulas podem estar unidas na parte interna
do pecíolo (fig. 1d), e são denominadas
intrapeciolares. As estípulas podem ser livres
(fig. 3f) ou unidas por uma bainha, que pode
ser truncada (fig. 1g), bi-lobada (fig. 3b, 3d)
ou mesmo aristada (fig. 1k).
O termo “cálice” foi usado para designar
a parte livre do cálice, ou seja, aquela situada
acima do ovário (ou hipanto), variando de muito
curto a bem desenvolvido, podendo apresentarse truncado, denteado ou lobado.
O termo “drupa” foi usado para frutos
suculentos comportando geralmente dois
pirênios (como no caso da maioria das
Psychotrieae), ou até cinco (ex. Isertia), ou
mesmo um, como ocorre em Faramea e
Coussarea. Nos frutos drupáceos as
sementes encontram-se protegidas por um
endocarpo geralmente rígido, mas que pode
apresentar-se até papiráceo ou membranáceo,
como no caso dos pirênios solitários de
Faramea e Coussarea.
552
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
Chave para os Gêneros de Rubiaceae na Reserva Ducke
1.
Ervas ou lianas herbáceas.
2. Lianas volúveis geralmente com folhas abaxialmente alvas, corola externamente hirsuta
....................................................................................................................... 31. Sabicea
2’. Ervas eretas ou prostradas, folhas verdes a pardas na face abaxial, corola externamente
glabra a pubescente.
3. Ervas prostradas, com raízes na região dos nós, folhas basalmente cordadas; frutos
drupáceos, carnosos.
4. Frutos roxos ou vermelhos ............................................................ 13. Geophila
4’. Frutos azuis ....................................................... 27. Psychotria (P. variegata)
3’. Ervas eretas ou decumbentes, desprovidas de raízes na região dos nós, folhas
basalmente agudas; frutos capsulares ou mericarpos secos.
5. Estípulas livres, interpeciolares, triangulares, agudas a acuminadas, com margem
inteira; corola 5–6-mera, 15–30 mm compr., rosa ......................... 33. Sipanea
5’. Estípulas com bainha unida aos pecíolos, arredondada até truncada, com margem
setosa; corola 4-mera, até 5 mm compr., alva ........................ 34. Spermacoce
1’. Arbustos, arvoretas, árvores ou lianas lenhosas ou com caule suculento e espessado.
6. Estípulas bilobadas.
7. Estípulas intrapeciolares; frutos multisseminados; corola com mais de 2,5 cm compr.
8. Corola zigomorfa; ovário parcialmente a completamente súpero; pecíolos com
glândulas na base; sementes 40–45 mm compr. ...................... 14. Henriquezia
8’. Corola actinomorfa; ovário ínfero; pecíolos sem glândulas; sementes 1–8 mm compr.
9. Árvores com casca esfoliante, desprendendo-se em placas arredondadas;
cálice com um lobo expandido; frutos capsulares, secos ........ 4. Capirona
9’. Arvoretas ou arbustos sem casca esfoliante; lobos do cálice todos iguais;
frutos drupáceos, suculentos ....................................................... 17. Isertia
7’. Estípulas interpeciolares; frutos com 2–5 pirênios unisseminados; corola geralmente
menor que 2,5 cm compr.
10. Inflorescências axilares ................................................................. 23. Morinda
10’. Inflorescências terminais.
11. Corola com tubo dilatado na base; inflorescências e flores geralmente
amarelas, vermelhas ou rosadas ........................................ 25. Palicourea
11’. Corola com tubo estreito na base; inflorescências e flores geralmente verdes,
alvas ou creme.
12. Frutos alaranjados ou roxos ................................... 22. Margaritopsis
12’. Frutos azuis, alvos ou negros ...................................... 27. Psychotria
6’. Estípulas inteiras (agudas, aristadas, obtusas, arredondadas ou truncadas, interpeciolares
ou unidas em um tubo ou capuz).
13. Ovário súpero ........................................................................................ 24. Pagamea
13. Ovário ínfero.
14. Estípulas unidas em um capuz cônico, seríceas, caducas.
15. Flores pistiladas e frutos agrupados em inflorêscencia ............. 2. Amaioua
15’. Flores pistiladas e frutos solitários ............................................. 10. Duroia
14’. Estípulas interpeciolares, caducas ou persistentes, glabras ou pubescentes.
16. Estípulas laciniadas na margem ou abaxialmente apendiculadas ... 30. Rudgea
16’. Estípulas agudas, acuminadas, obtusas ou arredondadas, não laciniadas ou
apendiculadas (melhor observadas no ápice dos ramos).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
553
17. Estípulas no ápice dos ramos firmemente convolutas e torcidas, agudas até acuminadas.
18. Flores sem lobos calicíneos expandidos e petalóides; cápsulas 15–45 mm compr. ..........
............................................................................................................. 12. Ferdinandusa
18’. Flores às vezes com lobos calicíneos expandidos e petalóides; cápsulas 2–10 mm compr.
19. Inflorescências axilares ....................................................................... 5. Chimarrhis
19’. Inflorescências terminais e às vezes produzidas nas axilas superiores .....................
..................................................................................................... 36. Warszewiczia
17’. Estípulas no ápice dos ramos complanadas, imbricadas ou abertas, não torcidas, agudas, aristadas
ou obtusas até arredondadas.
20. Inflorescências axilares.
21. Frutos secos, capsulares ........................................................................ 28. Remijia
21’. Frutos drupáceos, carnosos.
22. Folhas com a venação terciária não paralela ............................... 29. Ronabea
22’. Folhas com a venação terciária paralela.
23. Estípulas agudas ...................................................................... 6. Chomelia
23’. Estípulas obtusas até arredondadas ...................................... 21. Malanea
20’. Inflorescências terminais.
24. Plantas dióicas com flores unissexuais.
25. Corola com 8–10 lobos, tubo 3–6 cm compr. ........................... 19. Kutchubaea
25’. Corola com 4–6 lobos, tubo 1,3–2,8 cm compr.
26. Corola com o tubo constrito abaixo dos lobos .......................... 7. Cordiera
26’. Corola com o tubo reto.
27. Caule geralmente resinoso no ápice .................................. 1. Alibertia
27’. Caule não resinoso ......................................................... 16. Ibetralia
24’. Plantas com flores bissexuais.
28. Plantas trepadoras ou epífitas, geralmente suculentas; sementes orbiculares, não aladas.
29. Frutos carnosos ................................................................... 32. Schradera
29’. Frutos capsulares, secos, sementes aladas
30. Flores em grupo de 3–5; corola com os lobos imbricados, sementes
glabras ........................................................................ 8. Cosmibuena
30’. Flores solitárias; corola com lobos convolutos, sementes comosas ......
............................................................................................. 15. Hillia
28’. Arbustos, arvoretas ou árvores (não epifíticos), não suculentos.
31. Frutos drupáceos ou bacáceos, com 1–2(–5) sementes ou pirênios.
32. Frutos bacáceos, com sementes solitárias e endocarpo papiráceo.
33. Folhas decussadas; estípulas obtusas a arredondadas .... 9. Coussarea
33’. Folhas dísticas; estípulas obtusas a acuminadas, geralmente aristadas
.................................................................................. 11. Faramea
32’. Frutos drupáceos, com 2–5 pirênios uniseminados e endocarpo duro.
34. Corola com prefloração contorta; pecíolos articulados na base ....
........................................................................................18. Ixora
34’. Corola com prefloração valvar; pecíolos não articulados ..............
...............................................................................27. Psychotria
31’. Frutos bacáceos ou capsulares, com sementes numerosas.
35. Frutos capsulares, cilíndricos .................................... 20. Ladenbergia
35’. Frutos bacáceos, subglobosos.
36. Inflorescências em espiga ou estreitamente cilíndricas .................
............................................................................3. Botryarrhena
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
554
36’. Inflorescências cimosas, arredondadas até largamente piramidais.
37. Corola com prefloração imbricada, sementes angulosas a subglobosas .... 26. Posoqueria
37’. Corola com prefloração contorta, sementes comprimidas ......................... 35. Tocoyena
1. Alibertia A. Rich.
Árvores, arvoretas ou arbustos,
dióicos. Ramos cilíndricos, às vezes com
exsudado resinoso. Estípulas unidas ao redor
do caule ou às vezes interpeciolares,
persistentes ou decíduas, ovadas ou
triangulares. Folhas opostas, pecioladas,
decussadas. Inflorescências estaminadas
terminais, capitadas, fasciculadas, cimosas ou
tirsóides. Flores estaminadas com cálice
truncado ou 4–6-denteado; corola
hipocrateriforme, alva ou alvo-esverdeada,
serícea externamente, serícea na porção distal
internamente, lobos 4–6 (–8), prefloração
contorta; estames 4–6(–8), inseridos na porção
mediana do tubo da corola, anteras dorsifixas;
pistilódio semelhante ao estigma; ovário estéril.
Inflorescências pistiladas terminais, flores
solitárias. Flores pistiladas com cálice e
corola semelhantes aos das flores estaminadas
ou freqüentemente de tamanho menor e com
mais lobos; estaminódios semelhantes aos
estames; ovário 3–7-locular, óvulos muitos por
lóculo, estigma 3–7-partido. Frutos bacáceos,
globosos, carnosos ou coriáceos, geralmente
pardos; sementes numerosas, comprimidas,
envolvidas numa polpa gelatinosa.
Alibertia compreende cerca de 21
espécies distribuídas do México, América
Central e o Caribe até a América do Sul
(Taylor et al. 2004), assemelhando-se a
Cordiera e Ibetralia.
Chave para as espécies de Alibertia da Reserva Ducke
1.
Folhas glabras em ambas as faces; estípulas 1,7–2,5 cm compr., glabras, persistentes ...........
........................................................................................................................ 1. A. claviflora
1’. Folhas com nervuras hirsutas em ambas as faces; estípulas 2,8–4,2 cm compr., hirsutas,
decíduas .............................................................................................................. 2. A. hispida
1.1 Alibertia claviflora K. Schum., Fl. bras.
6(6): 387. 1889.
Fig. 1a
Árvores ou arvoretas 7–8 m alt., 7–10
cm diâm. Tronco circular ou acanalado, base
acanalada. Ritidoma marrom claro ou marromavermelhado, finamente estriado, escamoso;
exterior da casca marrom, ca. 1 mm de
espessura; casca internamente bege, fibrosa,
1–2 mm de espessura; alburno bege. Ramos
marrons, cilíndricos, glabros. Estípulas unidas
curtamente ao redor do caule, lanceoladas,
persistentes, 1,7–2,5 × 0,7–1 cm, glabras.
Folhas pecioladas; pecíolo 2–2,5 cm compr.,
glabro; lâmina elíptica, 28–34 × 14–21 cm,
ápice agudo, base obtusa, glabra em ambas
as faces; nervuras laterais 9–11 pares.
Inflorescências estaminadas subcapitadas,
4–10-floras. Flores estaminadas subsésseis;
cálice subtruncado, 8–10 × 7–8 mm, glabro;
corola creme, 6-lobada, 2,5–2,8 cm compr.,
tubo 4–6 mm larg., externamente serícea.
Inflorescências e flores pistiladas não
vistas. Bagas solitárias, globosas, 6,5–8,5 ×
7–8,5 cm, coriáceas, glabras.
Esta espécie ocorre na região amazônica,
na Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.
Existem problemas de delimitação entre as
espécies do gênero. Na Reserva ocorre na
floresta de platô, e foi coletada em flor em
setembro e em fruto em março e agosto.
Campos & Brito (1999: pág. 645, como
Borojoa claviflora).
20.III.1996 (fr) Campos et al. 561 (SPF); 4.IX.1996
(fl) Campos et al. 610 (INPA MO SPF); 31.VIII.1966
(fr) Prance 2136 (INPA K NY).
Material adicional examinado: PERU. LORETO:
Maynas, Distr. Sargento Lores, 04°07’04’’S,
72°55’17’’W, 116 m, 17.IV.1997 (fl), Vásquez et al.
23346 (K MO).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
1 cm
555
1 cm
a
1 cm
b
1 cm
2 cm
f
d
1 cm
c
h
j
k
i
1 cm
1 cm
1 cm
1 cm
g
1 cm
1 cm
e
l
Figura 1 - a. Alibertia claviflora, botão floral (Vásquez 23346); b. Amaioua corymbosa, detalhe da
inflorescência masculina (Vicentini 855); c. Botryarrhena pendula, infrutescência (Campos 29); d. Capirona
decorticans, estípulas intrapeciolares (Sasaki 1378); e. Chimarrhis barbata, infrutescência (Assunção 369);
f. Chomelia estrellana, ramo com frutos (Campos 575); g. Cordiera myrciifolia, inflorescência masculina
(Assunção 242); h. Cosmibuena grandiflora, ramo com estípula (Prance 4413); i. Coussarea ampla, parte
do ramo mostrando estípulas e gemas laterais (Martins 04); j. Duroia saccifera, fruto e base da folha com
domácias (Prance 4689); k. Faramea platyneura, estípula aristada (Sothers 318); l. Ferdinandusa goudotiana,
detalhe da inflorescência (Costa 357).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
556
1.2 Alibertia hispida Ducke, Notizbl. Bot.
Gart. Berlin-Dahlem 11: 481. 1932.
Arvoretas ou árvores, 3,5–10 m alt., 2,5–
5 cm diâm. Tronco circular, base reta. Ritidoma
marrom-acinzentado, estriado ou eventualmente
fissurado; exterior da casca marromavermelhado, fina, ca. 0,5 mm de espessura;
casca internamente alvo-amarelada a creme, 1–
3 mm de espessura, alburno bege. Ramos
cilíndricos, hirsutos, fistulosos. Estípulas
interpeciolares, lanceoladas, decíduas, 2,8–4,2 ×
1–1,4 cm, externamente hirsutas, internamente
glabras, margem ciliada. Folhas pecioladas;
pecíolo hirsuto, 2,3–4,5 cm compr.; lâmina
estreito-lanceolada, 19–32 × 4,3–8,4 cm, ápice
agudo a acuminado, base cuneada, esparsamente
pubérula na face abaxial, nervuras hirsutas em
ambas as faces; nervuras laterais 12–21 pares.
Inflorescências estaminadas terminais,
cimosas ou tirsóides, até 8,5 cm compr.,
subsésseis ou curto-pedunculadas, hirsutas.
Flores estaminadas subsésseis ou curtopediceladas; cálice 6-lobado, lobos subulados, 6–
8 × 4–5 mm, hirsutos; corola alvo-esverdeada,
esparsamente pubérula, ca. 3 cm compr., 6lobada, lobos mais longos que o tubo; estames 6,
anteras oblongas. Flores pistiladas solitárias,
pedunculadas; cálice e corola semelhantes aos
das flores estaminadas. Bagas elipsóides, 9–10
× 3,8–4,7 cm, verde-amareladas, hirsutas.
Esta espécie ocorre da Colômbia ao Brasil
e Peru. Está incluída provisionalmente dentro
do gênero Alibertia. Na Reserva Ducke,
ocorre em floresta de baixio e em campinarana.
Floresce em dezembro e frutifica de março a
maio (Campos & Brito 1999: pág. 626, 645).
21.XII.1994 (fl), Nascimento & Silva 678 (INPA,
MO, NY, SPF); 15.V.1995 (fr), Cordeiro et al. 1559
(INPA, MO, NY, SFP); 31.V.1995 (fr), Vicentini et
al. 986 (INPA MO NY SFP); 23 III.1995 (fr), Ribeiro
& Assunção 1581 (INPA MO NY SPF).
2. Amaioua Aubl.
Árvores ou arbustos dióicos. Ramos
geralmente seríceos. Estípulas unidas
num capuz cônico sobre a gema terminal,
decíduas, seríceas. Folhas opostas ou
ternadas, pecioladas, decussadas.
Inflorescências estaminadas terminais,
geralmente
fasciculadas.
Flores
estaminadas com cálice truncado ou (5-)
6-lobado; corola hipocrateriforme, cremeesverdeada, lobos (5-)6, prefloração
contorta; estames (5-)6, inseridos na
porção mediana do tubo da corola; anteras
dorsifixas; pistilódio semelhante ao estigma;
ovário estéril. Inflorescências pistiladas
terminais, cimosas ou capitadas. Flores
pistiladas com cálice e corola semelhantes
aos das flores estaminadas; estaminódios
semelhantes aos estames; ovário 2-locular,
óvulos muitos por lóculo, estigma 1-partido.
Frutos bacáceos, elipsóides ou
subglobosos, carnosos, negros ou roxos;
sementes numerosas, achatadas, envolvidas
numa polpa gelatinosa.
Este gênero compreende cerca de sete
espécies, ocorrendo na sua maioria na
América do Sul (Taylor et al. 2004),
reconhecido pelas estípulas caliptradas,
inflorescências terminais, compactas com
flores unissexuais e bagas com muitas
sementes. Amaioua é um gênero próximo
de Duroia. Apesar de tradicionalmente
aceitas (Steyermark 1964, 1974), as duas
espécies de Amaioua tratadas aqui são de
difícil diferenciação e necessitam ser
estudadas de modo mais aprofundado para
verificar se são mesmo espécies diferentes
ou trata-se de variação morfológica.
Chave para as espécies de Amaioua da Reserva Ducke
1. Bagas pedunculadas; folhas com as nervuras laterais 9–11 pares ................1. A. corymbosa
1’. Bagas sésseis; folhas com as nervuras laterais 8–16 pares .......................... 2. A. guianensis
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
2.1 Amaioua corymbosa Kunth, Nov. Gen.
Sp. 3: 419, t. 294. 1818 [publ. 1820].
Fig. 1b
Árvores ou arvoretas até 20 m alt., 30
cm diâm. Tronco sulcado. Ritidoma marrom
escuro, fissurado; exterior da casca marrom,
ca. 2 mm de espessura; casca internamente
marrom claro, ca. 2 mm de espessura; alburno
bege. Ramos cilíndricos, glabrescentes.
Estípulas caliptradas, lanceoladas, externamente
seríceas, internamente glabras, até 1,5 × 7 mm.
Folhas opostas, decussadas, pecioladas; pecíolo
2,5–3 cm compr.; lâmina lanceolada a elíptica,
18–20 × 9–10 cm, ápice agudo, base cuneada,
glabra em ambas as faces, nervuras tomentosas
na face abaxial; nervuras laterais 9–11 pares,
impressas na face adaxial. Inflorescências
estaminadas pedunculadas, tomentosas,
multifloras, 2,7–3,7 cm compr. Flores
estaminadas alvas a creme; cálice 6-lobado,
6–7 × 3–4 mm; corola 6-mera, 1,2–1,5 × 0,2–
0,3 cm, serícea. Inflorescências pistiladas
pedunculadas, 2,5–3,5 cm compr. Flores
pistiladas pediceladas; cálice 6-lobado, 2,5–4
× 0,2–0,3 cm, seríceo, lobos subulados; corola
alvo-esverdeada, 1–1,5 × 0,5–0,7 cm,
externamente serícea, internamente glabra.
Bagas oblongo-ovóides, pedunculadas, 1,5–2 ×
0,5–1 cm.
Esta espécie apresenta uma ampla
distribuição geográfica, ocorrendo em
florestas decíduas ou perenifólias do México,
América Central, Colômbia, Venezuela,
Guianas, Bolívia e Brasil (Taylor et al. 2004).
Na Reserva Ducke foi coletada nas florestas
de platô com flores em fevereiro. Campos &
Brito (1999: pág. 646).
8.II.1995 (fl) Vicentini et al. 855 (INPA K MO NY SPF).
2.2 Amaioua guianensis Aubl., Hist. Pl. Gui.
Franç., suppl. 13, t. 375. 1775.
Arvoretas até 5–6 m alt., 5 cm diâm.
Tronco circular ou ligeiramente sulcado.
Ritidoma marrom, estriado, escamoso; exterior
da casca marrom, 1–2 mm de espessura, casca
internamente creme ou marrom-avermelhada,
ca. 1 mm de espessura; alburno bege, odor
agradável. Estípulas caliptradas, lanceoladas,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
557
externamente seríceas, internamente glabras,
3–10 × 2–4 mm. Folhas opostas; pecíolo 5–12
mm compr., lâmina lanceolada, 9,5–18,5 × 3–
6,5 cm, ápice acuminado a aristado, base
cuneada, face adaxial glabra, esparsamente
pubescente com as nervuras tomentosas na
face abaxial; nervuras laterais 8–16 pares.
Inflorescências estaminadas fasciculadas ou
corimbosas, multifloras, pedunculadas, 1,5–2 cm
compr. Flores estaminadas pediceladas; cálice
2–4 × 4–5 mm, lobos subulados, densamente
seríceos; corola 6-lobada, 1,2–1,5 cm compr.,
serícea. Inflorescências pistiladas capitadas
ou densamente fasciculadas, multifloras,
sésseis. Flores pistiladas sésseis; cálice 6lobado, 5–7,5 × 2,5–3 mm, subulados,
densamente seríceos; corola 6-mera, 1–2 × 0,4–
0,5 mm. Bagas vermelhas a arroxeadas,
oblongas, sésseis, 9–15 × 8–12 mm; sementes
4–5,5 × 3–5 mm.
Apresenta ampla distribuição na região
amazônica, ocorrendo nas Guianas, Venezuela,
Bolívia, Peru e Brasil. Na Reserva Ducke foi
coletada nas florestas de platô, baixio e
campinarana, apenas com frutos, de fevereiro
a maio (Campos & Brito 1999: pág. 646).
27.IV.1988 (fr) Ramos 1879 (INPA K MO NY SPF);
26.II.1996 (fr) Campos & Pereira 523 (INPA MO NY
SPF); 21.II.1996 (fr) Campos et al. 505 (INPA MO NY);
14.II.1996 (fr) Campos et al. 490 (INPA K NY SPF);
21.V.1996 (fr) Sothers & Silva 865 (INPA MO SPF).
3. Botryarrhena Ducke
Árvores hermafroditas. Ramos cilíndricos,
às vezes com exsudado resinoso. Estípulas
curtamente unidas ao redor do caule,
persistentes, triangulares. Folhas opostas,
decussadas, pecioladas. Inflorescências
terminais, em racemos ou racemiformepaniculadas. Flores bissexuais; cálice curto, 5denteado ou truncado; corola hipocrateriforme,
alva, tubo curto, densamente serícea na região
da fauce, 5-lobada, prefloração contorta; estames
5, inseridos na região da fauce da corola, anteras
dorsifixas; ovário 2-locular, 2- ou 4-ovulado em
cada lóculo, estigma 2-partido. Frutos bacáceos,
globosos, coriáceos, de cor desconhecida;
sementes numerosas, subglobosas, lisas.
558
Este gênero compreende apenas duas
espécies, ocorrendo na região amazônica da
Venezuela, Peru, Colômbia e Brasil
(Steyermark 1983; Taylor et al. 2004). As
flores bissexuais, em racemo, ovário bilocular
e bagas com poucas sementes caracterizam
este gênero. É muito semelhante a
Stachyarrhena, também de distribuição
amazônica, porém este possui flores
unissexuais, sendo que as flores estaminadas
dispostas em racemos similares aos de
Botryarrhena, enquanto que as flores
pistiladas e os frutos são solitários.
3.1 Botryarrhena pendula Ducke, Notizbl.
Bot. Gart. Berlin-Dahlem 11: 476. 1932.
Fig 1c
Árvores 10–25 m alt., 12–20 cm diâm.
Tronco cilíndrico, base reta. Ritidoma marromescuro, fissurado; exterior da casca marrom
com manchas alvas, ca. 4 mm de espessura;
casca internamente avermelhada ou rosada, ca.
5 mm de espessura, fibrosa; alburno alvorosado; odor forte. Estípulas 2–3 × 3–4 mm.
Folhas enegrecidas quando secas; pecíolo 2,5–
3,5 cm, canaliculado, glabro; lâmina oblongoelíptica, oblanceolada ou lanceolada, 15–22,5 ×
6,3–8,5 cm, ápice longamente acuminado a
obtuso, base cuneada, glabra em ambas as
faces; nervuras laterais 15–17 pares, impressas
na face abaxial, salientes na face abaxial.
Inflorescências em racemos, 4–8,5 cm compr.
Flores subsésseis ou com pedicelos até 3 mm
compr.; cálice truncado, 1–2 × 1 mm, glabro;
corola 5–8 × 3 mm. Bagas 1,2–1,6 × 1,2–1,6
cm; sementes 8–10 × 6–8 mm.
Esta espécie ocorre na região amazônica
do Brasil, Peru, Colômbia e Venezuela. Na
Reserva Ducke foi coletada na floresta de
platô apenas com frutos, nos meses abril e
dezembro (Campos & Brito 1999: pág. 641).
12.XII.1968 (fr) Prance et al. 9032 (NY); 28.IV.1994
(fr) Vicentini et al. 511 (INPA K MO NY SPF).
Material adicional examinado: BRASIL.
AMAZONAS: Manaus, Distrito Agropecuário,
Res. 1501 (km 41), 2°24’26’’ – 2°25’31’’S, 59°43’40’’–
59°45’50’’ W, 50-125 m, 13.XI.1989 (fr) Campos &
Boom 29 (INPA K).
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
4. Capirona Spruce
Árvores freqüentemente de grande
porte, hermafroditas. Tronco liso, com casca
esfoliante. Ramos cilíndricos. Estípulas
completamente fundidas em botão, dividindose em duas metades intrapeciolares,
lanceoladas, conspíquas, decíduas. Folhas
opostas, pecioladas, decussadas, bem
desenvolvidas. Inflorescências terminais e
nas axilas das folhas distais, em panículas
geralmente 3-partidas. Flores bissexuais,
vistosas; cálice subtruncado ou 5-lobado, em
algumas flores com um dos lobos
freqüentemente expandido e petalóide, róseo
ou avermelhado; corola campanulada ou
infundibuliforme, alva ou rosada, com um anel
de tricomas internamente, próximo à base, 5lobada, prefloração contorta; estames 5,
inseridos na porção inferior do tubo da corola,
anteras basifixas, inclusas; ovário 2-locular,
óvulos muitos por lóculo, estigma 2-partido.
Frutos capsulares, oblongos, cartáceos ou
lenhosos, deiscência septicida; sementes
numerosas, aplanadas, aladas.
Este gênero monotípico ocorre no
Equador, Guianas, Venezuela, Bolívia e Brasil
(Kirkbride 1985; Andersson & Taylor 1994).
As principais características que permitem a
rápida identificação deste gênero são: tronco
liso esfoliante, com ritidoma desprendendo-se
em placas circulares, folhas bem desenvolvidas
com estípulas intrapeciolares bem evidentes e
flores com um dos lobos do cálice expandido
e petalóide.
4.1 Capirona decorticans Spruce, J. Linn.
Soc., Bot 3: 299. 1859.
Fig 1d
Capirona leiophloea Benoist, Bull. Mus.
Hist. Nat. (Paris) 27: 367. 1921.
Árvores de 5–20 m alt., 10–35 cm diâm.
Tronco circular, às vezes acanalado nas regiões
mais superiores, base acanalada; raízes
tabulares quando presentes pequenas. Ritidoma
marrom a marrom-avermelhado, esfoliante,
desprendendo-se em placas circulares, às vezes
com lenticelas circulares em pequenas
quantidades; exterior da casca verde, lisa, ca.
0,5 mm de espessura; casca internamente bege
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
ou amarelada, 4–10 mm de espessura; alburno
creme ou bege; exsudato em pequena quantidade,
hialino, odor agradável. Ramos cilíndricos, glabros.
Estípulas 1,5–2,5 × 0,8–1 cm, glabras ou
esparsamente pilosas. Folhas pecioladas;
pecíolo 1–3,5 cm compr., glabro ou esparsamente
pubescente; lâmina lanceolada, elíptica a oval,
10–40 × 5–25 cm, ápice agudo a arredondado,
base arredondada a acuminada, glabra a
esparsamente pubescente; nervuras laterais 7–
10 pares, proeminentes em ambas as faces.
Inflorescências 12–20 cm compr. Flores
subsésseis ou com pedicelos até 5 mm compr.;
cálice 3–7 mm compr., glabro ou externamente
pubescente; lobo expandido rosado ou
esverdeado, 3,5–12 × 1,5–4 cm; corola alva ou
rosada, tubo 2,5–5 cm compr., fauce 2–3 cm
diâm. Cápsulas obovóides, costadas, 2,5–3,5
× 0,1–0,13 cm; sementes 5–8 × 1–2 mm.
Apresenta ampla distribuição, ocorrendo
na Colômbia, Venezuela, Bolívia, Peru, Equador,
Guianas e na Amazônia Brasileira, atingindo o
norte do estado do Mato Grosso. Kirkbride (1985)
na revisão do gênero reconheceu duas espécies,
Capirona decorticans e C. leiophloea,
diferenciadas pela presença e densidade de
indumento nas folhas. Andersson & Taylor
(1994) consideraram C. leiophloea como um
sinônimo de C. decorticans por observarem
uma variação contínua no indumento. O tronco
muito distinto, marrom a marrom-avermelhado,
liso e desprendendo-se em placas permite a
sua fácil identificação em campo mesmo em
estado vegetativo. Na Reserva Ducke é uma
espécie ocasional, a qual ocorre geralmente nas
florestas de vertente ou baixio, sendo conhecida
popularmente por “mulateiro” ou “pau-mulato”,
devido à distinta coloração do tronco. Coletada
com frutos em junho de 1964, e não foi
recoletada em estado fértil recentemente
(Campos & Brito 1999: pág. 645, 647).
559
5.VI.1964 (fr) Rodrigues & Loureiro 5838 (INPA).
Material adicional examinado: BRASIL. MATO
GROSSO: Alta Floresta, Parque Estadual do
Cristalino, 9º36’24’’S, 55º55’40’’W, 252m, VIII.2006,
Sasaki et al. 1378 (INPA K).
5. Chimarrhis Jacq.
Árvores hermafroditas, geralmente
emergentes, freqüentemente com raízes
tabulares. Ramos cilíndricos, às vezes com
exsudado resinoso. Estípulas interpeciolares,
triangulares, persistentes ou decíduas deixando
um cicatriz circular acima do nó. Folhas
opostas, sésseis ou pecioladas, decussadas.
Inflorescências axilares, paniculadas a
corimbosas. Flores bissexuais, protogínicas,
odoríferas; cálice reduzido, truncado ou com
(4–)5(–6) lobos reduzidos, em algumas flores
de algumas espécies um dos lobos é expandido
num calicofilo petalóide, alvo ou esverdeado;
corola infundibuliforme a rotácea, alva ou
esverdeada, internamente vilosa, lobos (4–)5
(–6), prefloração imbricada (difícil de observar,
e dando aparência de valvar); estames 5,
inseridos na parte distal do tubo da corola,
filamentos vilosos, anteras dorsifixas, exsertas;
ovário 2-locular, óvulos muitos por lóculo;
estigma 2-partido. Frutos capsulares, globosos,
elipsóides ou ovóides, pequenos, lenhosos,
deiscência septicida; sementes numerosas,
angulosas, com ala muito estreita.
Este gênero compreende cerca de 14
espécies distribuídas nas florestas tropicais da
América Central, Caribe e América do Sul,
sendo algumas endêmicas da Bacia Amazônica
(Delprete 1999). As principais características
que permitem a rápida identificação deste
gênero são: tronco acanalado, estípulas
interpeciolares e flores com um dos lobos do
cálice expandido e petalóide.
Chave para as espécies de Chimarrhis na Reserva Ducke
1.
Lâminas 5,5–14 × 4–7 cm; pecíolos 6–20 mm compr.; ramos do estigma 0,6–1 mm compr. ..
........................................................................................................................... 1. C. barbata
1’. Lâminas 8–32 × 7–18 cm; pecíolos 15–43 mm compr.; ramos do estigma 0,3–0,5 mm compr.
........................................................................................................................ 2. C. duckeana
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
560
5.1 Chimarrhis barbata (Ducke) Bremek.,
Recueil Trav. Bot. Neerl. 31: 260. 1934.
Fig 1e
Árvores emergentes, 22–35 m alt., (25–)
40–45 cm diâm. Tronco acanalado, base
acanalada ou com raízes tabulares pequenas.
Ritidoma marrom-avermelhado ou marromacinzentado, fissurado; exterior da casca bege,
estriada, ca. 15 mm de espessura, com
desprendimento em placas papiráceas; casca
internamente creme a amarelo-alaranjada, ca.
6 mm de espessura; alburno amarelo-alaranjado.
Ramos glabros, cilíndricos, escamosos. Estípulas
deltóides a estreito-triangulares, conatas, 4–5
(–10) × 4–5 mm. Folhas pecioladas; pecíolo 2
× 0,6–0,8 cm, glabro; lâmina elíptica, oval a
obovada, 8–10(–17) × 4,5–7,5(–12) cm, ápice
agudo a arredondado, base aguda, arredondada
a obtusa; nervuras laterais 6–10 pares.
Inflorescência 6–8 cm compr. Flores sésseis
ou curtamente pediceladas; cálice reduzido,
curtamente denteado, 0,5–1 × 2–3,5 mm; corola
esverdeada a creme, barbelata, tubo 1–2 mm
compr., 5-lobada, pubescente, de aparência
lustrosa, 2–3,5 cm compr; anteras elípticas;
estigma rosado. Cápsulas pubérulas, 7–10 ×
4–6 mm; sementes 1–2 mm compr.
Esta espécie ocorre na amazônia
brasileira, nos estados do Pará e Amazonas
(Delprete 1996, 1999). Na Reserva ocorre na
floresta de vertente. Floresce de setembro a
outubro e frutifica em janeiro e fevereiro
(Campos & Brito 1999: pág. 626, 641).
26.IX.1995 (fl) Sothers et al. 568 (INPA K MO NY
SPF); 12.X.1995 (fl) Sothers & Pereira 625 (INPA
K MO NY SPF); 9.II.1996 (fr) Campos et al. 468
(INPA MO NY SPF); 17.I.1996 (fr) Sothers et al.
750 (INPA K MO NY SPF); 14.VIII.1996 Assunção
et al. 369 (INPA K MO SPF).
5.2 Chimarrhis duckeana Delprete, Fl.
Neotropica 77: 179, fig. 79. 1999.
Árvores 20–25 m alt., 30–55 cm diâm.
Ritidoma marrom claro, fissurado; casca
internamente amarelo-alaranjada; odor suave.
Ramos glabros, aplanados, acinzentados, com
lenticelas lineares. Estípulas deltóides a estreitotriangulares, livres ou curto-conatas, 0,7–1,9 ×
0,7–1 cm, glabras. Folhas pecioladas; pecíolo
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
7–10 mm compr., glabro; lâmina largamente
elíptica ou ovada, 8–32 × 7–18 cm, ápice obtuso
a arredondado, base obtusa ou cordada; nervuras
laterais 8–10 pares. Inflorescência 6,5–22 cm
compr. Flores pediceladas; pedicelos 1–2 mm
compr.; cálice reduzido, ca. 0,5 mm compr.,
ondulado; corola alva, barbelata, tubo 1–1,5 mm
compr., 5-lobada, ca. 2,5 cm compr.; anteras
ca. 1 mm compr. Cápsulas pubérulas, 6–12
× 4–6 mm; sementes 1–2 mm compr.
Esta espécie ocorre na região de Manaus
(Delprete, 1999), onde floresce de dezembro
a fevereiro e frutifica de julho a outubro. Na
Reserva, foi coletada com flores em dezembro,
na floresta de vertente (Campos & Brito 1999:
pág. 641).
12.XII.1995 (fl) Ribeiro & Assunção 1776 (INPA
MO NY).
6. Chomelia Jacq.
Arbustos, arvoretas ou lianas
hermafroditas. Ramos cilíndricos, às vezes com
espinhos. Estípulas interpeciolares, triangulares,
persistentes ou decíduas, geralmente seríceas na
face adaxial. Folhas opostas, pecioladas,
decussadas, com nervação terciária paralela.
Inflorescências axilares, cimosas até
subcapitadas. Flores bissexuais, geralmente
distílicas; cálice 4-lobado; corola hipocrateriforme
ou infundibuliforme, alva ou alvo-amarelada, tubo
estreito, freqüentemente seríceo externamente,
internamente usualmente glabro, 4-lobada,
prefloração valvar; estames 4, inseridos na região
da fauce do tubo da corola, anteras dorsifixas,
inclusas ou exsertas; ovário 2-locular, óvulos 1
por lóculo; estigma 2-partido. Frutos drupáceos,
elipsóides ou oblongos, carnosos, roxos ou negros;
pirênio solitário, 1–3-locular, liso ou costado;
sementes cilíndricas.
Chomelia é neotropical e compreende ca.
50 espécies que ocorrem na América Central e
do Sul (Taylor et al. 2004). Caracteriza-se por
folhas com nervação terciária paralela,
inflorescências axilares, corola longa, estreita e
serícea e fruto drupáceo. Pode ser confundido
com Guettarda (que não possui espinhos e cujas
inflorescências são escorpióides) e Malanea
(lianas sem espinhos e com flores menores).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
561
Chave para as espécies de Chomelia na Reserva Ducke
1. Folhas sem domácias, hirsutas em ambas as faces ........................................ 1. C. estrellana
1’. Folhas com domácias, glabras na face adaxial, esparsamente pubescentes na face abaxial.
2. Plantas geralmente com espinhos; pecíolos 12–26 mm compr........... 2. C. malaneoides
2’. Plantas geralmente inermes; pecíolos 4–8 mm compr. ........................... 3. C. tenuiflora
6.1 Chomelia estrellana Müll. Arg., Flora 58:
452. 1875.
Fig. 1f
Árvores com ramos escandentes ou
lianas lenhosas. Tronco circular, de base reta,
com espinhos. Ritidoma marrom escuro,
estriado, com lenticelas grandes, transversais,
salientes; exterior da casca marrom escuro,
fina, ca. 1 mm de espessura; casca
internamente pálida com estrias marrons,
fibrosa, ca. 1 mm de espessura; alburno creme.
Ramos cilíndricos, com espinhos, escamosos,
hirsutos a glabrescentes. Estípulas persistentes,
5–8 mm × 2–3 mm, hirsutas. Folhas
pecioladas; pecíolo hirsuto, 1–1,2 cm compr.;
lâmina lanceolada, ovada ou elíptica, 9,5–
12,7 × 4,5–5,8 cm, ápice acuminado, base
aguda a obtusa, hirsuta em ambas as faces,
principalmente nas nervuras; nervuras laterais
5–7 pares, impressas na face adaxial, sem
domácias. Inflorescências capitadas, 2–3floras, pedunculadas, pendentes, pedúnculo
6–8,5 cm compr, hirsuto. Flores sésseis;
hipanto lanoso; cálice com lobos longamente
subulados, 1–1,5 × 0,15–0,2 cm, hirsutos;
corola hipocrateriforme, creme a alva ou
alvo-esverdeada, externamente hirsuta ou
estrigosa, 2,5–3 × 0,2–0,3 cm, lobos ca. 5 mm
compr. Drupas elipsóides, 1,5–2 × 0,5–0,8 cm,
hirsutas, violáceas; pirênio 1, levemente
costado.
Espécie registrada na Guiana Francesa,
e no Brasil no estado do Amazonas. Na
Reserva Ducke ocorre nas florestas de baixio,
vertente e platô. Floresce em outubro e
frutifica nos meses de janeiro a maio (Campos
& Brito 1999: pág. 262, 643).
30.X.1996 (fl) Assunção 420 (INPA K MO NY SPF);
22.III.1996 (fr) Campos et al. 575 (INPA K MO NY,
SPF); 19.I.1996 (fr) Costa & Silva 723 (INPA K
MO NY SPF); 4.V.1994 (fr) Ribeiro et al. 1304 (INPA
K MO NY SPF).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
6.2 Chomelia malaneoides Müll. Arg., Flora
58: 452. 1875.
Lianas lenhosas ou arvoretas com ramos
escandentes. Tronco cilíndrico, base reta.
Ritidoma marrom-avermelhado, rígido, rugoso,
de desprendimento pulverulento, com lenticelas
salientes, esbranquiçadas, elípticas a circulares;
exterior da casca marrom escura, fina, ca. 0,5 mm
de espessura; casca internamente amarelada,
fibrosa. Ramos cilíndricos, com espinhos, glabros,
fistulosos ou não. Estípulas decíduas, 3–4 × 2–
3 mm, pubérulas externamente, seríceas
internamente. Folhas pecioladas; pecíolo 1,2–
2,6 cm compr., pubérulo; lâmina elíptica a
lanceolada ou obovada, 13–18 × 5–8,5 cm, ápice
agudo, base cuneada a atenuada, face abaxial
glabra, exceto a nervura central esparsamente
pubérula, face adaxial esparsamente pubérula
com as nervuras pubescentes; nervuras laterais
6–7 pares, com domácias. Inflorescências em
dicásios subcapitados até ramificados, multifloras,
pilosas, pedunculadas, 10–12 cm compr. Flores
sésseis; hipanto sedoso-seríceo a lanoso; cálice
com lobos triangulares, 3–4 × 1–1,5 mm, seríceo;
corola hipocrateriforme, alva, externamente
serícea, tubo 3–3,5 × 0,2–0,3 cm, lobos 4–5 mm
compr. Drupas oblongas, ligeiramente
comprimidas, 3–3,5 × 1,5–2 cm, pubérulas, negras
a violáceas; pirênio 1, levemente costado.
Esta espécie ocorre na Venezuela,
Guianas, Equador, Peru, Bolívia e Brasil. No
Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Mato
Grosso e Pará. Alguns indivíduos desta espécie
na Reserva possuem inflorescências
ramificadas desenvolvidas, ao invés das
inflorescências subcapitadas mais comumente
encontradas em outras localidades. Na
Reserva Ducke foi coletada apenas nas
florestas de baixio. Floresce no mês de
novembro e frutifica no mês de março
(Campos &Brito 1999: pág. 626, 643).
562
24.III.1995 (fr) Brito et al. 4 (INPA K MO NY
SPF); 3.XI.1994 (fl) Ribeiro et al. 1482 (INPA K
MO NY SPF).
6.3 Chomelia tenuiflora Benth., J. Bot.
(Hooker) 3: 235. 1841.
Arvoretas 3–4 m alt., 5–9 cm diâm.
Tronco circular, às vezes levemente acanalado,
base reta ou acanalada, raramente com raízes
tabulares. Ritidoma marrom escuro, com
lenticelas em pequena quantidade, elípticas,
transversais; exterior da casca marrom-escura
ou marrom-acinzentada, ca. 0,5 mm de
espessura; casca internamente alaranjada a
avermelhada, ca. 3 mm de espessura, alburno
amarelo ou marrom. Ramos cilíndricos,
inermes, pubescentes a glabrescentes.
Estípulas decíduas, 2–4 × 1–2 mm, tomentosas
ou seríceas. Folhas pecioladas; pecíolo 4–
8 mm compr., pubescente; lâmina lanceolada
ou elíptica, 7,2–10 × 3–5,2 cm, ápice
acuminado, base aguda, face adaxial glabra
exceto as nervuras estrigosas, face abaxial
esparsamente pubescente com as nervuras
estrigosas; nervuras laterais 5–7 pares, com
domácias. Inflorescências 2–3-floras,
fasciculadas a subcapitadas, curtopedunculadas, 4–11 mm compr. Flores sésseis;
hipanto seríceo; cálice com lobos subulados,
2–4 × 2–4 mm, seríceos; corola
hipocrateriforme, alva, externamente serícea,
tubo 1,5–2,5 × 0,1–0,2 mm, lobos 5–6 mm
compr. Drupas elipsóides, 1,1–1,6 × 0,3–
0,4 cm, tomentosas a glabrescentes, negras.
Ocorre nas florestas tropicais do México
ao Brasil e Bolívia. Os espécimes coletados
na Reserva não apresentam espinhos, apesar
desta espécie ser frequentemente armada em
outras localidades. Na Reserva Ducke é
freqüente no subosque das florestas de platô;
foi coletada com flores em setembro e com
frutos de fevereiro a abril (Campos & Brito
1999: pág. 643).
5.IV.1994 (fr) Vicentini et al. 476 (INPA, K, MO,
NY); 10.II.1996 (fr) Campos et al. 476 (INPA, MO,
NY SPF); 4.IX.1996 (fl) Campos & Assunção 608
(INPA K MO NY SPF); 5.XI.1996 (est) Ribeiro &
Pereira 1848 (INPA K MO SPF).
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
7. Cordiera A. Rich.
Árvores, arvoretas ou arbustos,
dióicos. Ramos cilíndricos, às vezes com
exsudado resinoso. Estípulas interpeciolares ou
às vezes unidas ao redor do caule, persistentes,
ovadas ou triangulares. Folhas opostas,
pecioladas, decussadas. Inflorescências
estaminadas terminais, cimosas, fasciculadas
ou capitadas. Flores estaminadas com cálice
truncado ou 4–5(7)-denticulado; corola
hipocrateriforme, alva ou alvo-esverdeada,
externamente serícea, internamente glabra,
tubo às vezes com constricção no ápice, lobos
(3)4–5(–7), prefloração contorta; estames (3)4–5(–7), inseridos na porção mediana ou
distal do tubo da corola, anteras dorsifixas;
pistilódio semelhante ao estigma; ovário estéril.
Inflorescências pistiladas terminais, com
flores poucas ou solitárias. Flores pistiladas
com cálice e corola semelhantes aos das flores
estaminadas, freqüentemente de tamanho
menor e com um lobo a mais; estaminódios
semelhantes aos estames; ovário 2–3(–5)locular, óvulos 3 a muitos por lóculo, estigma
2–3(–5)-partido. Frutos bacáceos, globosos,
carnosos, geralmente negros; sementes
geralmente numerosas, comprimidas,
envolvidas numa polpa gelatinosa.
Compreende ca. 24 espécies distribuídas
na América Central e do Sul (Taylor et al.
2004), antes incluídas dentro de Alibertia, com
o qual apresentam bastante afinidade.
7.1 Cordiera myrciifolia (Spruce ex K.
Schum.) C. Persson & Delprete, Fl. Venez.
Guayana 8: 559. 2004.
Fig 1g
Alibertia myrciifolia Spruce ex K.
Schum., Fl. bras. 6(6): 393. 1889.
Arvoretas ou arvoretas, 4–6 m alt. Tronco
acanalado, base acanalada. Ritidoma marromclaro; exterior da casca marrom-clara, ca. 1 mm
de espessura; casca internamente bege, fibrosa;
alburno marrom. Ramos cilíndricos, glabros.
Estípulas truncadas ou largamente triangulares,
3–4 × 2–3 mm, glabras. Folhas pecioladas;
pecíolo glabro, 7–11 mm compr.; lâmina elíptica,
6,5–12 × 0,2–0,4 cm, ápice acuminado, base
atenuada, glabra; nervuras laterais 8–10 pares.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
Inflorescências estaminadas fasciculadas,
4–8-floras, subsésseis. Flores estaminadas
sésseis; cálice truncado, glabro, ca. 1 × 1 mm;
corola alva, 13–15 mm compr., 4-lobada;
estames 4. Flores pistiladas não vistas.
Bagas globosas, 10–12 × 10–12 mm, glabras.
Ocorre no Panamá, Venezuela, Colômbia,
Guianas, Bolívia e Brasil (Taylor et al. 2004).
No Brasil apresenta uma ampla distribuição
ocorrendo nos estados do Amazonas, Rondônia,
Roraima, Amapá, Maranhão, Ceará, Mato
Grosso e Minas Gerais. Na Reserva Ducke foi
coletada em floreta de baixio e floresta de platô,
apenas com flores estaminadas, em setembro.
20.IX.1995 (fl) Assunção & Costa 242 (INPA K MO
NY SPF); 22.III.1996 (est) Costa & Pereira 770
(INPA MO).
8. Cosmibuena Aubl.
Arbustos ou árvores hermafroditas,
geralmente suculentos, às vezes epifíticos.
Ramos cilíndricos. Estípulas parcialmente
unidas ao redor do caule, oblanceoladas ou
obovadas, decíduas. Folhas opostas,
decussadas, suculentas, pecioladas.
Inflorescências terminais, brevemente
cimosas. Flores bissexuais, homostilas,
noturnas; cálice truncado ou 5–6-denteado;
corola hipocrateriforme, alva, passando a
amarela quando velha, glabra, 5–6-lobada,
prefloração imbricada; estames 5–6,
inseridos na porção superior do tubo da
corola, anteras basifixas; ovário 2-locular,
óvulos muitos por lóculo; estigma 1-partido.
Frutos capsulares, cilíndricos ou oblongos,
lenhosos, deiscência septicida; sementes
numerosas, comprimidas, aladas.
Cosmibuena apresenta quatro espécies
e ocorre do México à Bolívia (Taylor 1992).
As principais características que permitem a
rápida identificação deste gênero são: ramos
e folhas suculentos, estípulas interpeciolares,
grandes e decíduas, poucas flores grandes com
a corola alva e os frutos capsulares com
sementes pequenas e aladas. Hillia é
semelhante, porém esse possui flores solitárias
e sementes com tufo de tricomas.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
563
8.1 Cosmibuena grandiflora (Ruiz & Pav.)
Rusby, Bull. New York Bot. Gard. 4: 368.
1907.
Fig 1h
Arbustos suculentos até 3 m alt.,
terrestres ou epifíticos. Estípulas obovadas ou
elípticas, 8–30 mm compr. Folhas pecioladas;
pecíolo 0,5–4 cm compr.; lâmina elíptica, 6,5–
19 × 3,5–16 cm, ápice agudo, base cuneada
ou aguda, cartácea, glabra; nervuras laterais
4–6 pares. Inflorescências cimosas, 3–5flora em 1–2 grupos, ebracteadas; pedúnculo
6–30 mm compr.; pedicelos 0,5–3 cm compr.
Flores aromáticas; cálice 0,4–1,5 cm compr.,
glabro, brevemente denteado; corola alva,
passando a amarela quando velha, tubo 6–9
cm compr., lobos elíptico-oblongos, 1,5–3,5 cm
compr. Cápsulas oblongos ou elipsóides, 4–
6,5 × 0,6–1,3 cm; sementes 5–6 × 1–2 mm.
Ocorre esporadicamente nas florestas
úmidas tropicais, do sul da Nicarágua até a
Bolívia. Provavelmente trata-se do táxon
tratado por Campos & Brito (1999: pág. 631)
como “Hillia sp. 1”. Na Reserva Ducke foi
encontrada com flores em abril.
9.IV.1962 (fl), Rodrigues et al. 3581 (INPA).
Material adicional examinado: BRASIL. RORAIMA:
Serra Tepequem, 1500 m, 16.II.1967 (fr) Prance et
al. 4413 (INPA K NY).
9. Coussarea Aubl.
Arbustos ou arvoretas hermafroditas.
Ramos quadrangulares quando jovens,
tornando-se cilíndricos, às vezes com
exsudado resinoso. Estípulas interpeciolares
ou às vezes unidas ao redor do caule,
triangulares a largamente triangulares,
persistentes ou decíduas deixando um cicatriz
circular acima do nó. Folhas opostas ou
raramente ternadas, pecioladas ou sésseis,
decussadas. Inflorescências terminais ou às
vezes axilares, paniculadas, tirsóides,
racemiformes ou umbeliformes. Flores
bissexuais, geralmente noturnas, às vezes
distílicas; cálice truncado ou 4–5-denteado;
corola hipocrateriforme a tubulosa, alva, glabra
no interior, 4-lobada, prefloração valvar;
estames 4, inseridos na região mediana ou
superior do tubo da corola, anteras dorsifixas;
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
564
ovário incompletamente 1-locular, óvulos 1(–2);
estigma inteiro ou bífido. Frutos drupáceos,
elipsóides ou globosos, carnosos ou
espongosos, alvos ou amarelos, geralmente
com 1 semente grande.
Este gênero neotropical ocorre no México,
América Central e do Sul e compreende cerca
de 100 espécies (Taylor et al. 2004). Coussarea
é reconhecível pelos frutos alvos ou amarelos
unisseminados, folhas decussadas, flores alvas
e estípulas triangulares, mas nunca aristadas.
Pode ser confundido com Faramea, Psychotria
ou Rudgea. Uma terceira espécie de Coussarea
foi citada por Campos & Brito (1999: pág. 642)
como “Coussarea aff. grandis”, porém
infelizmente não foi possível tratá-la aqui pois o
material não foi revisado pela primeira autora e
as informações disponíveis sobre tal espécime
não eram adequadas para efetuar uma
determinação confiável.
Chave para as espécies de Coussarea na Reserva Ducke
1. Folhas 21–29 × 8,5–13 cm, enegrecidas quando secas; estípulas 6–8 mm compr. ...... 1. C. ampla
1’. Folhas 7–10 × 2–5 cm, verdes ou verde-acinzentas quando secas; estípulas 1–3 mm compr. ....
...................................................................................................................... 2. Coussarea sp.
9.1 Coussarea ampla Müll. Arg., Flora
58 :466. 1875.
Fig 1i
Arvoretas 6–7 m alt., 7,5–12 cm de diâm.
Tronco circular, base reta. Ritidoma marrom,
estriado, às vezes reticulado; exterior da casca
marrom, ca. 1 mm de espessura; casca
internamente marrom-clara, ca. 8 mm de
espessura; alburno bege, fibroso. Ramos
quadrangulares a aplanados, glabros. Estípulas
unidas ao redor do caule, deltóides, 6–8 × 7–
9 mm, glabras, persistentes ou decíduas.
Folhas opostas, pecioladas, enegrecidas quando
secas; pecíolo 1,5–3 cm compr., glabro a
esparsamente pubérulo; lâmina oblonga ou
elíptica, 21–29 × 8,5–13 cm, ápice acuminado,
base aguda a obtusa, glabra na face adaxial,
esparsamente pubérula na face abaxial;
nervuras laterais 8–9 pares. Inflorescências
terminais, paniculadas, ca. 6 cm compr.,
pedunculadas. Flores subsésseis ou curtopediceladas; cálice 1–1,5 mm compr., pubérulo;
corola tubulosa, alva, glabra externamente, tubo
ca. 2,7 cm compr., ca. 1 mm diâm., lobos ca. 5
mm compr. Drupas oblongas a globosas, 2–
2,6 × 1,5–2 cm, lisas; semente oblonga a
cilíndrica, 1,5–1,7 × 1–1,3 cm.
Esta espécie só foi registrada até o
momento no Brasil. Na Reserva Ducke só foi
coletada na floresta de platô, florescendo em
maio e com frutos em março e julho (Campos
& Brito 1999: pág. 626, 640).
19.III.1996 (fr) Campos & Silva 538 (INPA K MG
MO NY SPF); 2.VII.1997 (fr) Assunção et al. 534
(IAN INPA MO); 15.V.1997 (fl) Martins & Pereira
04 (INPA K).
9.2 Coussarea sp.
Arbustos ou arvoretas até 2,5 m alt.
Ramos cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao
redor do caule, 1–3 × 1–2 mm, glabras,
decíduas. Folhas opostas, pecioladas; pecíolo
9–12 mm compr., glabro; lâmina elíptica, 7–
10 × 2–5 cm, ápice acuminado, base agudo ou
atenuada, glabra em ambas as faces; nervuras
laterais 5–7 pares, com domácias pilosas nas
axilas abaxiais. Inflorescências terminais,
pedunculadas, subcapitadas ou congestocimosas, 3–4,2 cm compr. Flores subsésseis
ou curto-pediceladas; cálice ca. 1,5 mm
compr., esparsamente pubérulo, truncado;
corola não vista. Drupas jovens oblongas, 12–
15 × 0,7–0,9 mm, glabras.
Este táxon foi determinado erroneamente
como C. revoluta Steyerm. em herbários e
no guia de identificação da Reserva (Campos
& Brito 1999: pág. 642). O único espécime
coletado na Reserva apresenta futos imaturos
e não foi possível confirmar sua identidade.
De modo geral este espécime assemelha-se a
C. violacea Aubl. e C. granvillei Delprete &
B.M. Boom, no entanto diferindo das mesmas
devido à presença de domácias pilosas na
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
superfície abaxial da folha. Na Reserva Ducke
foi coletada apenas uma vez na floresta de
platô, com frutos em fevereiro.
8.II.1996 (fr) Campos et al. 464 (INPA MO NY SPF).
10. Duroia L.f.
Árvores, arvoretas ou arbustos,
dióicos, freqüentemente com formigas nos
ramos ou folhas. Ramos quadrangulares ou
cilíndricos, freqüentemente fistulosos, glabros
ou pilosos. Estípulas unidas num capuz cônico
sobre a gema terminal, decíduas, seríceas ou
pilosas. Folhas opostas ou 2–5-verticiladas,
decussadas, sésseis ou pecioladas, às vezes
dotadas de protuberâncias basais cuja
presença está associada com a presença de
formigas. Inflorescências estaminadas
terminais, cimosas, fasciculadas ou capitadas.
Flores estaminadas com cálice truncado ou
5–8-lobado; corola hipocrateriforme, alva a
amarelada, geralmente carnosa, serícea
565
externamente, glabra a pilosa internamente, 5–
8-lobada, prefloração contorta; estames 5–8,
inseridos no tubo da corola, anteras dorsifixas;
pistilódio semelhante ao estigma, ovário estéril.
Inflorescências pistiladas 1–3-floras,
capitadas. Flores pistiladas com cálice e
corola semelhantes ao das flores estaminadas
ou freqüentemente de tamanho maior;
estaminódios semelhantes aos estames; ovário
1-locular, óvulos muitos por lóculo; estigma
inteiro. Frutos bacáceos, bem desenvolvidos,
ovóides ou oblongos, coriáceos ou lenhosos,
geralmente pardos; sementes numerosas,
comprimidas ou suborbiculares, envolvidas
numa polpa gelatinosa.
Este gênero apresenta cerca de 30
espécies neotropicais, uma no Costa Rica e
as demais na América do Sul (Taylor et al.
2004). Este gênero é semelhante à Amaioua,
porém as flores pistiladas e os frutos solitários
caracterizam Duroia.
Chave para as espécies de Duroia na Reserva Ducke
1. Folhas opostas ..................................................................................... 1. D. gransabanensis
1’. Folhas ternadas.
2. Folhas sésseis, com um par de domácias em forma de bolsa na base ..... 4. D. saccifera
2’. Folhas pecioladas, sem domácias conspícuas base.
3. Folhas lanceoladas a elípticas ou obovadas, cartáceas, 25–30 × 8–11 cm; pecíolo
1,5–2 cm compr. .............................................................................. 2. D. longiflora
3’. Folhas ovadas a lanceoladas, coriáceas, 30–40 × 14–24 cm; pecíolo 5–8,5 cm compr.
.................................................................................................... 3. D. macrophylla
10.1 Duroia gransabanensis Steyerm.,
Mem. New York Bot. Gard. 12(3): 205. 1965.
Árvores até 18 m alt., 15–22 cm de
diâm. Tronco circular, base reta. Ritidoma
marrom-avermelhado, finamente estriado,
duro; exterior da casca marrom, fina, ca. 0,5
mm de espessura; casca internamente bege,
fibrosa, ca. 2 mm de espessura; alburno
creme. Ramos fistulosos ou não, escamosos,
glabros. Estípulas seríceas, 10–15 mm compr.
Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 1,2–2 cm
compr., pubérulo; lâmina obovada a
lanceolada, 24–30 × 13–18 cm, coriácea,
glabra ou as nervuras esparsamente pubérulas
na face abaxial, ápice agudo a obtuso, base
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
cuneada, margem revoluta; nervuras laterais
9–13 pares, impressas na face abaxial.
Inflorescências estaminadas fasciculadas
ou curto-pedunculadas. Flores estaminadas
pediceladas, pedicelos 0,2–1,3 cm compr.;
cálice 6–7 × 5,5–6 mm, truncado; corola
creme, 1–1,5 × 0,5 cm. Inflorescências e
flores pistiladas não vistas. Bagas solitárias,
sésseis, elipsóides a globosas, 3,3–4,5 × 3,1–
3,8 cm, pubérulas.
Ocorre em florestas de galeria na região
da Grande Savana Venezolana, sendo este o
primeiro registro para o Brasil. É facilmente
reconhecível pelas folhas opostas, bem
desenvolvidas, coriáceas e glabras e as estípulas
566
caliptradas e decíduas. Nos ramos fistulosos
habitam pequenas formigas marrons,
inofensivas que também fazem ninhos sobre
os ramos e as folhas. Na Reserva Ducke foi
coletada na floresta de platô apenas com frutos,
nos meses de abril e maio (Campos & Brito
1999: pág. 626, 646).
1.IV.1996 (fr) Campos & Silva 591 (INPAK MG MO NY
SPF); 12.V.1964 (fr) Rodrigues & Loureiro 5813 (INPA).
10.2 Duroia longiflora Ducke, Arch. Jard.
Bot. Rio de Janeiro 4: 181. 1925.
Árvores até 17 m alt., ca. 15 cm diâm.
Tronco circular, base acanalada, com pequenas
raízes tabulares de até 50 cm alt. Ritidoma
marrom escuro, estriado a fissurado; exterior
da casca marrom com estrias creme, fibrosa,
ca. 2 mm de espessura; alburno creme-rosado.
Ramos ligeiramente quadrangulares, glabros.
Folhas ternadas, pecioladas; pecíolo 1,5–2 cm
compr.; lâmina lanceolada a elíptica ou obovada,
25–30 × 8–11 cm, ápice curto-acuminado, base
cuneada, margem revoluta, glabra em ambas
as faces a esparsamente pubescente na face
abaxial; nervuras laterais ca. 12 pares,
impressas na face adaxial. Inflorescências
estaminadas cimosas. Flores estaminadas
com cálice ca. 3 mm compr.; corola 3.5–4 cm
compr., tubo alvo, lobos esverdeados. Flores
pistiladas não vistas. Bagas solitárias,
subglobosas a obovóides, ca. 5,5 × 4,5 cm.
Ocorre nas Guianas e Amazônia Central.
Na Reserva Ducke foi encontrada apenas em
estado estéril, sendo que o nome aplica-se
provisoriamente. Seus registros no interior da
Reserva baseiam-se na determinação dos
materiais de espécimes numerados como
#3635, #3678, e #3679. A presente descrição
baseia-se no trabalho de Boom & Delprete
(2002). Na Reserva, foi encontrada na floresta
de platô e floresta de vertente (Campos &
Brito 1999: pág. 633).
10.3 Duroia macrophylla Huber, Bull. Soc.
Bot. Geneve 6: 205. 1914.
Árvores 15–20 m alt., 12–25 cm diâm.
Tronco circular, base às vezes acanalada,
digitada. Ritidoma marrom a marrom-
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
avermelhado, levemente fissurado, escamoso;
exterior da casca marrom ou bege, fibrosa, 2–
3 mm de espessura; casca internamente
marrom, alaranjada ou rosada, 3–5 mm de
espessura; alburno bege ou alvo-alaranjado; odor
forte. Ramos quadrangulares, espessos,
fistulosos, ferrugíneo-hirsutos. Estípulas 3–4 ×
1,5 cm, ferrugíneo-tomentosas. Folhas
ternadas, longamente pecioladas; pecíolo 5–
8,5 cm compr.; lâmina ovada a lanceolada, 30–
40 × 14–24 cm, coriácea, ápice acuminado,
base obtusa, face adaxial glabra exceto as
nervuras seríceas, face abaxial pubérula com
as nervuras tomentosas; nervuras laterais (16–)
18–21 pares, impressas na face adaxial.
Inflorescências estaminadas umbeladas,
multifloras, 4,5–5,5 cm compr. Flores
estaminadas pediceladas, pedicelos 0,5–3 cm
compr.; cálice truncado ou 6-denticulado, ca.
1,5 cm compr., seríceo; corola creme, 3,3–4 cm
compr., serícea, 6-lobada. Flores pistiladas
não vistas. Bagas solitárias, sésseis,
subglobosas ou elipsóides, 5,5–7,6 × 7–7,6 cm,
ferrugíneo-tomentosas; sementes orbiculares,
comprimidas, pubescentes, ca. 6 × 7 mm.
Esta espécie ocorre nas Guianas e no
Brasil, nos estados do Pará, Amapá, Rondônia
e Amazonas. Na Reserva Ducke ocorre nas
florestas de baixio, vertente e platô; floresce
em novembro e dezembro e frutifica de janeiro
a junho (Campos & Brito 1999: pág. 626, 633).
26.I.1995 (fr) Vicentini et al. 807 (INPA MO NY SPF);
3.VI.1995 (fr) Ribeiro et al. 811 (INPA MO NY);
10.XI.1995 (fl) Costa 29 (INPA K MO NY SPF),
24.X.1988 (fl) Assunção 419 (INPAMO NY); 6.XII.1994
(fl) Vicentini & Pereira 775 (INPA K MO NY SPF);
24.IV.1995 (fr) Vicentini et al. 938 (INPA MO NY
SPF); 14.XII.1966, Prance et al. 3645 (INPA K NY).
10.4 Duroia saccifera (Roem. & Schult.) K.
Schum., Fl. bras. 6(6): 362. 1889.
Fig 1j
Árvores 8–10 m alt., 5–9 cm diâm.
Tronco circular, base reta ou acanalada.
Ritidoma marrom, estriado, escamoso;
exterior da casca marrom, 1–2 mm de
espessura; casca internamente marrom com
estrias bege, ca. 2 mm de espessura; alburno
esbranquiçado. Ramos quadrangulares ou
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
cilíndricos, hirsutos, escamosos. Estípulas 1–
3 cm compr., externamente hirsutas. Folhas
ternadas, sésseis; lâmina lanceolada,
oblanceolada a obovada, 20–40 × 9–18 cm,
hirsuta, ápice agudo, base aguda com um par
de domácias sacciformes, 8–15 mm compr.;
nervuras
laterais
18–19
pares.
Inflorescências estaminadas cimosas ou
umbeladas, 10–12-floras, 3–3,5 cm compr.
Flores estaminadas pediceladas; pedicelos
5–10 mm compr.; cálice 1–2 × 0,5–0,8 cm,
externamente hirsuto, curtamente 5–7-lobado;
corola creme, 1,9–3 cm compr., esparsamente
pilosa. Flores pistiladas solitárias, sésseis ;
cálice 1,4–1,7 × 1–1,2 cm, pubescente, 6–9denteado; corola 2–3 × 1–1,5 cm, 6-lobada.
Bagas subglobosas ou elipsóides, ligeiramente
costadas, 6,5–7,6 × 3,5–4 cm, hirsutas.
Ocorre na Venezuela, Colômbia, Peru e
Brasil, nos estados do Amazonas, Pará,
Roraima e Acre. É facilmente reconhecível
mesmo em estado vegetativo pelo par de
domácias conspícuas na base das folhas,
habitadas por formigas muito pequenas,
vermelhas e agressivas (Azteca sp.), além das
folhas sésseis, ternadas e hirsutas. Na Reserva
ocorre em florestas de platô, campinarana e
até mesmo em capoeiras; foi coletada com
botões jovens em outubro, em flor em
novembro, e frutifica de dezembro a março
(Campos & Brito 1999: pág. 626, 633, 647).
8.XII.1994 (fr) Sothers et al. 290 (INPA K MO SPF);
22.III.1994 (fr) Vicentini et al. 431 (INPA K MO
SPF); 13.II.1996 (fr) Campos et al. 486 (INPA MO);
5.III.1991 (fr) Mota & Coelho 59 (INPA MO);
29.X.1997 (fl) Ribeiro et al. 1926 (INPA K);
567
10.XI.1966 (fl) Prance et al. 3049 (INPA K NY);
20.III.1967 (fr) Prance et al. 4689 (INPA K NY);
8.II.2000 (fr) Anunciação & Pereira 794 (SP SPF).
11. Faramea Aubl.
Arbustos ou arvoretas hermafroditas.
Ramos geralmente aplanados. Estípulas
interpeciolares ou às vezes unidas ao redor do
caule ou num capuz cônico sobre a gema
terminal, triangulares, geralmente aristadas,
persistentes ou decíduas. Folhas opostas,
pecioladas ou sésseis, geralmente dísticas, às
vezes com as nervuras submarginais bem
desenvolvidas. Inflorescências terminais e/
ou às vezes axilares, paniculadas, tirsóides,
racemiformes ou umbeliformes. Flores
bissexuais, às vezes distílicas; cálice truncado
ou 4-denteado; corola hipocrateriforme a
tubular, alva ou azul, glabra no interior,4-lobada,
prefloração valvar; estames 4, inseridos na
região mediana ou superior do tubo da corola,
anteras dorsifixas; ovário 1-locular ou
incompletamente 2-locular, óvulos 1(–2),
estigma inteira ou 2-partido. Frutos drupáceos,
elipsóides, globosos ou freqüentemente oblatos
a reniformes, carnosos, negros, atrovioláceos
ou azuis, unisseminados.
Gênero com cerca de 150 espécies,
ocorrendo no México, América Central, Caribe
e América do Sul (Taylor et al. 2004). Suas
características mais marcantes são os ramos
freqüentemente aplanados, as estípulas
freqüentemente de ápice longo-aristado, as
folhas dísticas, as flores 4-meras e os frutos
negros, atrovioláceos ou azuis, globosos a
reniformes, unisseminados.
Chave para as espécies de Faramea na reserva Ducke
1. Estípulas triangulares ou deltóides, ápice não ou somente curtamente aristado...... 4. F. torquata
1’. Estípulas triangulares, ápice marcadamente aristado.
2. Inflorescências terminais em umbelas .................................................... 2. F. corymbosa
2’. Inflorescências terminais ou axilares, em cimeiras ou panículas.
3. Folhas com nervação secundária pouco evidente e terciária obscura .... 5. Faramea sp.
3’. Folhas com a nervação secundária e terciária bem evidentes.
4. Folhas 8–13 × 2,8–4,5 cm; flores e frutos pendentes, poucos, em cimeiras com
pedicelos ou pedúnculos longos, 1–3 cm compr. ........................ 1. F. capillipes
4’. Folhas 15,5–21 × 5,4–9,2 cm; flores e frutos eretos, numerosos, em panículas
com pedicelos curtos, 1–2,5(–3) mm compr. ........................... 3. F. platyneura
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
568
11.1 Faramea capillipes Müll.Arg., Flora 58:
470. 1875.
Arvoretas 2–5 m alt., 2–3 cm diâm.,
glabras. Tronco circular, às vezes achatado, de
base reta. Ritidoma marrom, liso ou finamente
estriado, com anéis transversais no tronco;
exterior da casca marrom-clara, 0,2–0,5 mm
de espessura; casca internamente bege a
amarelada, ca. 1 mm de espessura; alburno
creme ou ligeiramente acinzentado, fibroso, de
odor agradável. Ramos cilíndricos. Estípulas
unidas ao redor do caule, estreitamente
triangulares, aristadas, 5–7 × 3–4 mm,
geralmente persistentes. Folhas sésseis a curtopecioladas; pecíolo 0–4 mm compr.; lâmina
oblanceolada a elíptica, 8–13 × 2,8–4,5 cm,
ápice acuminado, base aguda ou decurrente;
nervuras laterais 7–8 pares. Inflorescências
terminais, cimosas ou umbeladas, ca. 5 cm
compr. Flores odoríferas, pêndulas, pedicelos
1–3 cm compr.; cálice ca. 0,5 mm compr.,
curtamente denteado; corola amarela, 5–7 × 3
–5 mm. Drupas globosas, pêndulas, 7–8 × 7–8
mm; semente 2–3 × 4 mm.
Apresenta ampla distribuição pela região
amazônica da América do Sul, ocorrendo na
Venezuela, Equador, Brasil, Peru, Colômbia,
Bolívia, Suriname e Guiana Francesa. No Brasil
ocorre nos estados do Pará, Amazonas, Roraima,
Rondônia e Mato Grosso. Na Reserva Ducke
ocorre nas florestas de platô e vertente e nas áreas
perturbadas como beira de estradas; floresce de
setembro a outubro e frutifica de outubro a março.
Campos & Brito (1999: pág. 626, 644, 647).
5.III.1996, (fr) Campos & Silva 529 (INPA K NY SPF);
7.X.1994 (fr) Sothers 225 (INPA K NY SPF); 5.I.1996
(fr) Assunção 277 (INPA K NY SPF); 19.III.1996 (fr)
Campos et al. 558 (INPA K NY SPF); 17.X.1995 (fl fr)
Souza & Assunção 120 (INPA NY SPF); 9.IX.1995
(fl) Sothers & Silva 679 (INPA K NY SPF); 18.XII.1997
(fr) Souza & Assunção 497 (INPA MO); 6.X.1966,
Prance et al. 2603 (INPA K NY).
11.2 Faramea corymbosa Aubl., Hist. Pl.
Guiane 1: 102, t. 40. 1775.
Árvores ca. 15 m alt., ca. 16 cm diâm.,
glabras. Tronco circular, de base levemente
acanalada. Ritidoma cinza-escuro, rugoso,
finamente estriado; exterior da casca fina; casca
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
internamente amarelo-escura, ca. 3 mm de
espessura; alburno amarelo, de cheiro
desagradável. Ramos cilíndricos. Estípulas unidas
ao redor do ramo, estreitamente triangulares,
longamente aristadas, 4–6 × 2–4 mm, decíduas.
Folhas sésseis a subsésseis; lâmina elíptica a
oblanceolada, 6–12 × 2,5–5,2 cm, ápice acuminado,
base decurrente; nervuras laterais 7–9 pares.
Inflorescências terminais, umbeladas, 2,5–4 cm
compr., com mais de um pedúnculo de 1–1,8 cm
compr. Flores com pedicelos 3–6 mm compr.;
cálice ca. 0,5 mm compr., curto-denteado;
corola alva, ca. 5 mm compr. Drupas oblatas,
achatadas horizontalmente, 4–6 × 5–7 mm.
Ocorre na Venezuela, Guiana Francesa
e Brasil, nos estados do Amazonas, Acre,
Amapá, Pará e Rondônia. Na Reserva Ducke
foi coletada apenas na floresta de vertente;
floresce em outubro e frutifica em novembro
(Campos & Brito 1999: pág. 644).
3.X1995 (fl) Costa & Assunção 375 (INPA K MO
NY SPF); 16.XI.1994 (fr) Nascimento et al. 650 (INPA
MO NY SPF); 9.IX.1997 (fl) Brito et al. 32 (INPA MO).
11.3 Faramea platyneura Müll. Arg., Flora
58: 470. 1875.
Fig. 1k
Arbustos ou arvoretas 1–3 m alt.,
glabras. Ramos cilíndricos. Estípulas conatas ao
redor do ramo, triangulares, longamente aristadas,
8–10 × 4–7 mm. Folhas pecioladas; pecíolo
0,8–1,2 cm compr.; lâmina elíptica a ovada, 15,5–
21 × 5,4–9,2 cm, ápice acuminado a aristado, base
atenuada a decurrente; nervuras laterais 10–12
pares. Inflorescências terminais, em panículas,
3–5 cm compr., azuladas; pedúnculo 1,5–3 cm
compr. Flores pediceladas, pedicelos 1–2,5(–3)
mm compr.; cálice ca. 0,5 mm compr., curtamente
denteado; corola lilás a azul, 1–1,5 cm compr.,
tubo ca. 2 mm larg.; estigma alvo. Drupas
oblatas, ligeiramente achatadas horizontalmente,
6–8 × 10 mm; semente 3–4 × 5–7 mm.
Ocorre na amazônia brasileira nos estados
do Pará e Amazonas. Faz parte do complexo
“Faramea multifora Rich.”. Steyermark
(1967) e Taylor et al. (2004) enfatizam a grande
variabilidade morfológica desta espécie. Na
Reserva Ducke é muito freqüente no subosque
da floresta de platô e em capoeira; floresce de
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
fevereiro a abril e frutifica de abril a julho
(Campos & Brito 1999: pág. 626, 644).
7.VII.1994 (fr) Hopkins et al. 1440 (INPA NY SPF);
9.IV.1995 (fl fr) Costa et al. 187 (INPA NY);
13.II.1995 (fl) Sothers & Nascimento 318 (INPA K
NY SPF); 22.III.1994 (fl) Vicentini et al. 434 (INPA
NY SPF); 9.II.1996 (fl) Campos et al. 473 (INPA
NY); 22.III. 1994 (fl) Hopkins et al. 1402 (INPA
NY); 7.VI.1988 (fr) Santos & Lima 958 (INPA NY);
8.VIII.1997 (fr) Assunção et al. 607 (INPA MO).
11.4 Faramea torquata Müll. Arg., Flora 58:
471. 1875.
Arbustos ou arvoretas 3–6 m alt., 3–6
cm diâm., glabras. Tronco circular ou
acanalado, de base reta ou acanalada. Ritidoma
marrom, estriado, com anéis transversais
distribuídos irregularmente. Ramos cilíndricos
ou fracamente quadrangulares, glabros.
Estípulas unidas ao redor do caule, triangulares
ou deltóides, 5–7 × 3–6 mm, agudas ou curtoaristadas, decíduas. Folhas pecioladas;
pecíolo 1–1,5 cm compr.; lâmina elíptica,
oblonga ou raramente oval, 14–25 × 4–9 cm;
ápice acuminado, base atenuada a obtusa;
nervuras laterais (12–)14–16 pares,
amareladas quando secas, impressas na face
adaxial; nervação terciária proeminente e
reticulada. Inflorescências terminais,
paniculadas, tripartidas, 4,5–10 cm compr.;
pedúnculo 1–3 cm compr. Flores pediceladas,
pedicelos 1–2 mm compr.; cálice 2–3 × 2–3
mm, truncado; corola creme-esverdeada ou
alva, 1,6–2 cm compr., o tubo 3–4 mm larg.
Drupas globosas, 5–10 × 4–7 mm; semente
globosa, lisa, 4–6 × 4–6 mm.
Esta espécie ocorre na Venezuela,
Equador, Peru, Bolívia, Colômbia e Brasil. Na
Reserva Ducke apresenta uma grande
variação morfológica com relação à forma e
tamanho das folhas. Ocorre nas florestas de
baixio, vertente e platô; floresce em outubro e
frutifica de fevereiro a junho (Campos & Brito
1999: pág. 626, 641).
8.II.1996 (fr) Campos et al. 459 (INPA MO NY);
15.II.1996 (fr) Campos et al. 499 (INPA K MO NY);
22.III.1996 (fr) Campos et al. 576 (INPA K MO NY
SPF); 9.X.1995 (fl) Sothers & Pereira 607 (INPA
MO NY); 23.X.1995 (fl) Sothers & Silva 635 (INPA
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
569
MO NY SPF); 9.VI.1994 (fr) Vicentini & Assunção
571 (INPA K MO NY SPF); (fr) Vicentini & Silva
1077 (INPA MO NY).
11.5 Faramea sp.
Arbustos ca. 1,5 m alt., glabros. Ramos
cilíndricos. Estípulas interpeciolares ou
curtamente unidas ao redor do caule,
triangulares ou ovadas, aristadas, 3–5 × 2–4
mm, persistentes. Folhas pecioladas; pecíolo
3–5 mm compr.; lâmina estreito-elíptica ou
estreito-lanceolada, 6–11,5 × 1,3–2 cm, ápice
agudo, base aguda ou decurrente; nervuras
laterais 10–14 pares, pouco evidentes;
nervação terciária obscura. Inflorescências
e flores não vistas. Infrutescências
terminais, paniculadas. Bagas globosas ou
oblatas, azuladas, 7–10 × 8–10 mm.
O material disponível não é suficiente
para identificar o táxon até o nível de espécie.
É possível que se trate de Faramea
angustifolia Spruce ex Müll Arg. (Flora 58:
474, 1875), no caso desta espécie ser
realmente distinta de F. multiflora A. Rich. s.
str. (Taylor et al. 2004). O grupo de espécies
que inclui Faramea multiflora é amplamente
distribuído nos Neotrópicos; ver também
comentários acima, sob Faramea platyneura,
também parte desse complexo de espécies.
Na Reserva, este exemplar foi coletado em
floresta de vertente e floresta de campinarana;
frutifica no mês de setembro.
c. 27.VI.1997 (fr) Sothers 1031, 1032, 1033 (INPA).
12. Ferdinandusa Pohl.
Árvores, arvoretas ou arbustos
hermafroditas. Ramos quadrangulares ou
cilíndricos. Estípulas interpeciolares, triangulares,
torcidas, decíduas. Folhas opostas, pecioladas,
decussadas. Inflorescências terminais ou na
axila das folhas distais, cimosas. Flores
bissexuais, homostílicas; cálice 4–5-denteado;
corola alva ou avermelhada, hipocrateriforme
ou infundibuliforme, glabra no interior, lobos 4–
5, emarginados até bífidos, prefloração contorta;
estames 4–5, inseridos na porção mediana do tubo
da corola, inclusos ou exsertos, anteras dorsifixas;
ovário 2-locular, óvulos muitos por lóculo, estigma
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
570
2-partido. Frutos capsulares, oblongos ou
cilíndricos, lenhosos, deiscência septicida;
sementes numerosas, achatadas, aladas.
Possui cerca de 26 espécies distribuídas
no América Central e do Sul (Taylor et al.
2004). Suas principais características são as
estípulas retorcidas e decíduas, as
inflorescências cimosas terminais, as flores
vistosas e o fruto capsular com numerosas
sementes aladas. Confunde-se freqüentemente
com Ladenbergia, que possui flores mais
numerosas e estípulas planas e eretas.
Chave para as espécies de Ferdinandusa na Reserva Ducke
1. Folhas glabras, coriáceas, de ápice arredondado. .............................................. 1. F. elliptica
1’. Folhas glabras ou hirsutas, cartáceas ou subcoriáceas, de ápice acuminado a obtuso.
2. Pecíolo e folhas glabros em ambas as faces ......................................... 2. F. goudotiana
2’. Pecíolo hirsuto; folhas com nervuras hirsutas em ambas as faces ............... 3. F. hirsuta
12.1 Ferdinandusa elliptica Pohl, Pl. Bras.
Icon. Descr. 2: 9, t. 106. 1828.
Árvores até 25 m alt. Tronco com base
reta. Ritidoma marrom, sulcado; exterior da
casca marrom, ca. 2 mm de espessura; alburno
amarelado, duro. Ramos quadrangulares ou
cilíndricos, glabros. Estípulas 12–25 mm compr.,
agudas. Folhas com pecíolo 5–20 mm compr.,
glabro; lâmina elíptica ou orbicular, 8–24 × 5,5–
17 cm, ápice arredondado, base obtusa até
truncada, glabra em ambas as faces, coriácea;
nervuras laterais 7–12 pares, planas em ambas
as faces. Inflorescências piramidais ou
arredondadas, 6–9 cm compr. Flores com
cálice 1–2 mm compr., glabro, denteado; corola
creme ou amarela, tubo estreito, 2,2–3,2 × 0,5
cm, lobos 4, 8–11 mm compr. Cápsulas 2,3–
4,5 × 1,6 cm; sementes 1,1–1,7 × 0,4–0,6 cm.
Ocorre no Equador, Bolívia e Brasil. Na
Reserva Ducke foi coletada em floresta de
platô, com frutos jovens em junho.
27.VI.1997 (fr) Sothers et al. 1035 (INPA MO).
12.2 Ferdinandusa goudotiana K. Schum.,
Fl. bras. 6(6): 211. 1889.
Fig 1l
Arvoretas ou arbustos, 2–18 m alt.
Ramos cilíndricos, glabros. Estípulas 10–25
mm compr., glabras, agudas. Folhas com
pecíolo 4–7 mm compr., glabro; lâmina ovada
a elíptica, 10–16 × 3,5–7 cm, ápice acuminado,
base obtusa a subcordada, glabra em ambas
as faces, cartácea; nervuras laterais 6–8 pares,
salientes em ambas as faces. Inflorescências
piramidais ou corimbosas, 15–20 cm compr.
Flores com cálice 2–3,5 mm compr., glabro;
corola alva ou creme, tubo estreito, 1,5–2,5 ×
1–2,5 mm, lobos 4, ca. 5 mm compr. Cápsulas
oblongas ou elipsóides, 3,5–4,5 × 0,4–0,6 mm;
sementes,1,5–2 × 0,5–0,7 cm.
Ocorre nas Guianas, Venezuela e no
Brasil. Na Reserva Ducke foi coletada apenas
em florestas de baixio, com flores em
setembro e frutos em dezembro (Campos &
Brito 1999: pág. 642).
14.IX.1995 (fl) Costa & Assunção 357 (INPA K MO
NY SPF); 7.XII.1994 (fr) Vicentini & Pereira 782
(INPA K NY SPF).
12.3 Ferdinandusa hirsuta Standl., Publ.
Field Columbian Mus., Bot. Ser. 8: 158. 1930.
Árvores até 13 m alt. Tronco circular
com pequenas raízes tabulares. Ritidoma
nitidamente reticulado. Ramos quadrangulares,
hirsutos. Estípulas decíduas, desconhecidas.
Folhas com pecíolo 3–8 mm compr., hirsuto;
lâmina elíptica ou ovada, 8–15 × 4,5–10 cm,
ápice obtuso, agudo ou curto-acuminado, base
obtusa, arredondada ou ligeiramente cordada,
cartácea a subcoriácea, com nervuras principais
hirsutas em ambas as faces; nervuras laterais
5–11 pares. Inflorescências corimbosas ou
piramidais, 1–2,5 cm compr. Flores com cálice
ca. 0,8 mm compr., 4-denteado, glabro; corola
alva, 3,1–4,3 cm compr., tubo 1–3 mm larg.,
lobos 4. Cápsulas estreitamente oblongas, 4–
4,5 × 2,6 cm, glabras.
Ocorre em Manaus (Brasil) e no sudeste
da Colômbia. Na Reserva, foi coletada em
floresta de baixio, apenas em estado estéril, o
presente registro baseia-se na determinação da
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
árvore marcada como #3750 (Campos & Brito
1999: pág. 646).
13. Geophila D.Don
Ervas prostradas, hermafroditas, perenes.
Ramos prostrados, com raízes na região dos nós.
Estípulas interpeciolares, triangulares, inteiras ou
levemente bilobadas, persistentes. Folhas
opostas, geralmente longipecioladas, com lâminas
arredondas a freqüentemente cordiformes.
Inflorescências terminais ou axilares,
subcapitadas, paucifloras, geralmente com um
invólucro de brácteas. Flores bissexuais,
homostilas; cálice (4)5(–7)-lobado; corola alva,
infundibuliforme ou hipocrateriforme, pubescente
na região da fauce, lobos (4)5(–7), prefloração
571
valvar; estames (4)5(–7), inseridos no tubo da
corola, anteras dorsifixas; ovário 2-locular,
óvulos 1 por lóculo; estigma 2-partido. Frutos
drupáceos, subglobosos ou elipsóides, carnosos,
alaranjados a avermelhados; pirênios 2, planoconvexos, geralmente costados e torcidos.
Gênero pantropical com cerca de 20
espécies, das quais cinco ocorrem na América
(Taylor et al. 2004). É facilmente reconhecível
pelo hábito prostrado, folhas longipecioladas e
cordiformes, inflorescência pauciflora e drupas
alaranjadas a avermelhadas com dois pirênios.
É semelhante à Coccocypselum no hábito
herbáceo e aspecto das flores, porém
Coccocypselum possui frutos bacáceos, azuis
com sementes numerosas e pequenas.
Chave para as espécies de Geophila na Reserva Ducke
1 Estípulas hirsutas; ovário e frutos conspicuamente pilosos.............................. 1. G. cordifolia
1’. Estípulas glabras; ovário e frutos glabrescentes ................................................... 2. G. repens
13.1 Geophila cordifolia Miq., Stirp. Surinam.
Select. 176. 1850 [1851].
Fig. 2a
Ervas prostradas. Ramos cilíndricos,
delgados, pilosos. Estípulas deltóides, 2–3 ×
1–2 mm, hirsutas. Folhas com pecíolo delgado,
2–4 cm compr., hirsuto; lâmina oval-cordada a
oblongo-cordada, 2–5 × 1,6–3 cm, ápice obtuso
a curto-acuminado, base cordada, esparsamente
pilosa, nervuras pubescentes em ambas as faces;
nervuras laterais 4–6 pares. Inflorescências
7–17-floras, ca. 6 mm compr.; pedúnculo 15–
30 mm compr., hirsuto. Flores com cálice 4–
5 × 0,5–2 mm, hirsuto, 5-lobado; corola 8–12
× 2 mm, esparsamente pubescente, 5-lobada;
estames 5, subsésseis, inseridos na porção
mediana do tubo da corola; ovário hirsuto,
estigma alvo. Drupas 8–12 × 5–8 mm, pilosas;
pirênios costados, 4–5 × 2–3 mm.
Apresenta ampla distribuição geográfica,
ocorrendo da América Central até a Colômbia,
Venezuela, Peru, Equador, Guianas, Bolívia e
Brasil. No Brasil ocorre principalmente na Região
Norte do país. Na Reserva Ducke ocorre em
florestas de baixio, vertente e platô, e floresce
de dezembro a abril e frutifica de dezembro a
julho (Campos & Brito 1999: pág. 627, 631).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
8.XII.1994 (fl fr) Costa et al. 35 (INPA K NY SPF);
18.III.1996 (fl fr) Campos et al. 553 (INPA NY);
1.VII.1994 (fr) Ribeiro et al. 969 (INPA NY SPF);
7.IV.1994 (fl fr) Ribeiro et al. 1256 (INPANY); 9.IV.1996
(fl fr) Ribeiro et al. 1817 (INPA K MO SPF).
13.2 Geophila repens (L.) I.M.Johnst.,
Sargentia 8: 281. 1949.
Ervas prostradas. Ramos cilíndricos,
delgados, glabros. Estípulas deltóides,
orbiculares a ovadas, 1,5–2 × 1,5–2 mm,
glabras. Folhas pecioladas; pecíolo 0,7–4,7 cm
compr., pubescente; lâmina orbicular-cordada
a oval-cordada ou subreniforme, 0,8–2,4 × 0,9–
2,5 cm, ápice arredondado a agudo, base
cordada, face adaxial glabra a esparsamente
pubérula, face adaxial glabra, pubérulo ou
estrigosa; nervuras laterais 3–5 pares.
Inflorescências 2–4-floras, 1–3 cm compr.;
pedúnculo 5–35 mm long. Flores com cálice
4–5 × 1–2 mm, 5-lobado, lobos lanceolados,
esparsamente pubescentes; corola alva, 9–14
mm compr., glabra; estames 5, subsésseis,
inseridos na porção mediana do tubo da corola;
ovário glabro. Drupas 7–12 × 4–8 mm,
glabras; pirênios 3–4 × 2–3 mm.
572
Pantropical, ocorrendo desde o México até
a América do Sul nas Guianas, Venezuela,
Colômbia, Equador, Bolívia e Brasil e também
no Oeste da África, Filipinas e oeste do Pacífico.
Na Reserva Ducke ocorre preferencialmente em
florestas de campinaranas e beira de trilhas, e
floresce e frutifica em agosto e janeiro (Campos
& Brito 1999: pág. 631).
6.I.1995 (fl fr) Costa et al. 80 (INPA NY); 3.VIII.1994
(fl fr) Ribeiro & Silva 1374 (INPA MO NY SPF).
14. Henriquezia Spruce ex Benth.
Árvores, arvoretas ou arbustos
hermafroditas. Ramos cilíndricos, com
exsudado resinoso. Estípulas interpeciolares,
profundamente 1-lobadas, aparentemente livres,
persistentes, segmentos estreito-deltóides a
lineares. Folhas 3–6-verticiladas ou raramente
pareadas, pecioladas, decussadas, com 1–2
glândulas na base do pecíolo. Inflorescências
terminais, paniculiformes, em cimeiras
complexas constituída de um eixo central
ramificado em vários dicásios. Flores
bissexuais, homostilas, levemente zigomorfas,
vistosas; cálice 4-lobado, lobos ligeiramente
desiguais; corola infundibuliforme, 5-lobada,
prefloração imbricada, esverdeada, creme,
rosada ou alva, fauce manchada e estriada e
dotada de anel de tricomas; estames 5, inseridos
desigualmente no tubo da corola, anteras
dorsifixas, inclusas; ovário parcialmente súpero,
2-locular, óvulos 4 por lóculo. Frutos cápsulas,
oblongos, achatados, lenhosos, parcialmente
súperos, deiscência loculicida; sementes
elípticas, achatadas, conspícuas, não aladas.
Gênero com três espécies ocorrendo
preferencialmente ao longo dos rios da região
amazônica das Guianas, Venezuela, Colômbia
e Brasil (Rogers 1984). Este gênero, já tratado
como um família distinta, pode ser reconhecido
através das folhas verticiladas com o dobro
do número de estípulas e 1–2 glândulas na base
do pecíolo, pelas inflorescências vistosas em
dicásios espiralados dispostos num eixo central,
flores bem desenvolvidas, levemente
zigomorfas com ovário parcialmente supero e
pelas as cápsulas achatadas e relativamente
grandes.
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
14.1 Henriquezia verticillata Spruce ex
Benth., Hooker’s J. Bot. Kew Gard. Misc. 6:
338. 1854.
Fig. 2b
Árvores de grande porte, emergentes, até
35 m alt., 75 cm diâm. Tronco circular, base reta,
às vezes levemente acanalada, raízes tabulares
presentes, assimétricas, até 1,5 m alt., ca. 50 cm
larg. na base. Ritidoma marrom-avermelhado a
marrom claro-alaranjado; lenticelas circulares,
dispersas por todo o tronco; exterior da casca
marrom, fina, ca. 0,5 mm de espessura; casca
internamente bege-clara ou alaranjada, 8–10 mm
de espessura; alburno alvo ou amarelado, fibroso.
Ramos cilíndricos, estriados, glabros, com resina
vermelha, pegajosa, principalmente nos jovens.
Estípulas estreitamente triangulares ou lineares,
2,2–4,2 × 0,1–0,2 cm, glabras. Folhas 5–7verticiladas, pecioladas; pecíolo 1,5–2,8 cm
compr., glabro, com uma glândula circular na
base; lâmina oblonga a obovada, 11,7–17,2 × 3,4–
8 cm, ápice truncado a retuso e apiculado, base
obtusa a subcordada, glabra em ambas as faces;
nervuras laterais 9–13 pares, impressas na face
adaxial, salientes na face abaxial, nervação
terciária geralmente obscura. Inflorescências
(6,5–) 9–11,5 cm compr. Flores odoríferas; cálice
1–1,4 × 0,5–0,7 cm, lobos deltóides a
lanceolados, seríceos ou tomentosos em ambas
as faces; corola esverdeada a alvo-rosada com
máculas vermelhas e estrias amarelas na região
da fauce, 4,2–6,5 × 1,1–1,7 cm., densamente
tomentosa. Cápsulas 7–9 × 10 cm; sementes
suborbiculares a orbiculares, 4–4,5 × 5–5,5 cm.
Apresenta flores muito semelhantes àquelas
observadas nas Bignoniaceae, mas pode ser
facilmente diferenciada pela presença das estípulas,
folhas simples e verticiladas e os estames nunca
didínamos (em Henriquezia a diferença na posição
dos estames deve-se ao diferente nível de inserção
no tubo da corola e não ao diferente comprimento
dos filamentos). Ocorre freqüentemente nas
florestas de baixio às margens de igarapés e rios
na região sudoeste da Venezuela e na região do
rio Negro no Brasil. Na Reserva Ducke ocorre
ao longo do curso dos igarapés Barro Branco e
principalmente no Acará, tendo sido coletada
apenas com flores nos meses de outubro e
novembro (Campos & Brito 1999: pág. 626, 632).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
1 cm
1 cm
573
c
1 cm
1 cm
b
1 cm
1 cm
a
d
f
1 cm
1 cm
1 cm
e
g
i
k
1 cm
j
1 cm
1 cm
h
l
Figura 2 – a. Geophila cordifolia, planta em fruto (Costa 35); b. Henriquezia verticillata, vista lateral da flor
zigomorfa (Vicentini 370); c-d. Hillia ulei, c. ápice do ramo com estípula, d. Semente comosa (Egler 46683);
e. Ibetralia surinamensis, detalhe da inflorescência (Ducke 22916); f. Isertia hypoleuca, detalhe da
infrutescência (Campos 531); g. Ixora ulei, fruto (Ferreira 118); h. Kutchubaea sericantha, botão floral
(Ribeiro 1831); i. Ladenbergia amazonensis, detalhe da inflorescência (Cordeiro 1554); j. Margaritopsis
boliviana, detalhe da infrutescência (Campos 526); k. Malanea sarmentosa, parte apical do ramo com
inflorescência (Ackerly 117); l. Morinda triphylla, parte apical do ramo com inflorescência (Ducke 23210).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
574
25.XI.1994 (fl) Assunção 91 (INPA K MO NY SPF);
12.XI.1993 (fl) Vicentini & Assunção 370 (INPA K
MO NY SPF); 28.X.1994 (fl) Sothers & Silva 252
(INPA K MO NY).
15. Hillia Jacq.
Arbustos hermafroditas, suculentos,
geralmente epifíticos. Ramos quadrangulares
ou cilíndricos. Estípulas interpeciolares,
liguladas a oblanceoladas, decíduas. Folhas
opostas, decussadas, subsésseis ou pecioladas,
suculentas. Inflorescências terminais, 1(3)floras. Flores bissexuais, homostílicas; cálice
reduzido ou 4–10-lobado; corola salverforme a
infundibuliforme, alva, esverdeada, amarela,
laranja ou vermelha, glabra, 4–10-lobada,
prefloração contorta; estames 4–7, inseridos na
porção mediana ou superior do tubo da corola,
anteras basifixas; ovário 2-locular, óvulos muitos
por lóculo; estigma 2-partido. Frutos capsulares,
estreitamente oblongos, cartáceos, deiscência
septicida; sementes numerosas, fusiformes a
elípticas, comprimidas, aladas, comosas (dotadas
de um tufo de tricomas no ápice).
Gênero com 24 espécies de arbustos
epifíticos amplamente distribuídas no neotrópico
(Taylor 1994), Hillia é facilmente reconhecido
pelo hábito epifítico, as folhas suculentas com a
nervação pouco evidente, flores vistosas,
solitárias, e as sementes com tufo de tricomas.
Cosmibuena é semelhante, porém distingue-se
por suas flores agrupadas em cimeiras e pelas
sementes sem tufo de tricomas. Campos & Brito
(1999: pág. 631) incluíram uma outra espécie no
Guia de Identificação, como “Hillia sp. 1”;
porém estudos mais aprofundados mostraram
tratar-se de Cosmibuena grandiflora.
15.1 Hillia ulei K. Krause, Verh. Bot. Vereins
Prov. Brandenburg 50: 97. 1908.
Fig 2c-d
Hillia viridiflora Kuhlm. & Silveira, Arch.
Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 370, t. 34. 1925.
Hillia irwinii Steyerm., Mem. New York
Bot. Gard. 23: 287. 1972.
Hillia schultesii Steyerm., Mem. New
York Bot. Gard. 23: 287. 1972.
Arbustos epifíticos, suculentos. Ramos
glabros, cilíndricos. Estípulas oblanceoladas ou
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
obovadas, 0,5–1,7 × 0,1–0,8 mm, glabras.
Folhas pecioladas; pecíolo 1-1,5 cm compr.;
lâmina elíptica a estreito lanceolada, 6–8,5 ×
1,5–2,5 cm, glabra, ápice agudo, base cuneada;
nervuras laterais 5–7 pares, com origem na
metade basal da lâmina. Flores aparentemente
noturnas; cálice glabro, ca. 1 cm compr., 7–
10-lobado; corola infundibuliforme, amareloesverdeada, 3,4–4,3 cm compr., 7–10-lobada,
lobos arredondados. Cápsulas oblongas, ca. 10
× 1 cm, glabras; sementes numerosas, ca. 1 ×
0,5 mm, tricomas ca. 1 cm compr.
Ocorre esporadicamente nas florestas
tropicais, freqüentemente ao longo dos rios da
América do Sul: na Bolívia, Colômbia,
Equador, Peru, Guiana Francesa, Suriname,
Venezuela e Brasil (Taylor 1994). No Brasil,
sua ocorrência é conhecida no Paraná, Rio de
Janeiro, Amapá e Amazonas. Na Reserva
Ducke foi encontrada na floresta de vertente,
tendo sido coletado apenas com frutos em
janeiro. Floresce de dezembro a janeiro e maio
a julho e frutifica de janeiro a março (Taylor
1994). Campos & Brito (1999: pág. 627, 631).
30.I.1996 (fr) Ribeiro et al. 1789 (INPA NY).
Material adicional examinado: BRASIL. AMAPÁ:
Rio Jari, Cachoeira Macacoara 0º53’N, 53°21’W,
200 m, 26.VIII.1961 (fr) Egler & Irwin 46683 (INPA
K NY – material-tipo de H. irwinii).
16. Ibetralia Bremek.
Arvoretas ou arbustos dióicos. Ramos
cilíndricos, sem exsudato resinoso. Estípulas
unidas ao redor do caule, triangulares ou liguladas,
decíduas. Folhas opostas, pecioladas,
decussadas. Inflorescências estaminadas
terminais, cimosas a subcapitadas. Flores
estaminadas com cálice seríceo no interior, 5–
6-lobado; corola salverforme, alva, serícea
externamente, serícea no interior na porção distal,
6-lobada, prefloração contorta; estames 6,
inseridos na região da fauce, anteras dorsifixas;
pistilódio similar ao estigma; ovário estéril.
Inflorescências pistiladas terminais, 1-floras.
Flores pistiladas com cálice e corola
semelhantes aos das flores estaminadas ou de
tamanho menor; estaminódios semelhantes aos
estames; ovário 1–2-locular, óvulos muitos por
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
lóculo; estigma 2-partido. Frutos bacáceos,
globosos a elipsóides, coriáceos, de cor
desconhecida; sementes numerosas, comprimidas,
envolvidas numa polpa gelatinosa.
Gênero monotípico registrado nas
Guianas no Brasil (Boom & Delprete 2002).
As estípulas decíduas, flores unissexuais e
frutos globosos são características marcantes
do gênero. Ibetralia é próxima de Alibertia e
Kutchubaea; diferindo de ambas por não
apresentar ramos resinosos, e particularmente
de Kutchubaea devido ao seu porte arbustivo
ou de arvoreta. Estas entidades taxonômicas
são pouco conhecidas e existe a possibilidade
de que um estudo mais aprofundado não
apresente argumentos suficientes para
reconhecê-las a nível genérico.
16.1 Ibetralia surinamensis Bremek., Recueil
Trav. Bot. Néerl. 31: 266. 1934.
Fig. 2e
Alibertia surinamensis (Bremek.)
Steyerm., Mem. N.Y. Bot. Gard. 23: 355. 1972.
Kutchubaea surinamensis (Bremek.)
C.H. Perss., Revista de Biologia Neotropical
2(2): 67. 2005.
Alibertia dolichophylla Standl., Publ.
Field Mus. Bot. 22: 107. 1940.
Arvoretas ou arbustos, ca. 5 m alt., ca.
3 cm diâm. Ritidoma marrom-acinzentado, liso;
exterior da casca fina; casca internamente alva,
ca. 1 mm de espessura; alburno alvo; odor suave.
Ramos glabros, escamosos. Estípulas 5–11 × 4–
5 mm, glabras a esparsamente pubescentes.
Folhas com pecíolo de 1,2–1,5 cm compr.;
lâmina lanceolada a estreito-lanceolada, 20–25
× 7-8,2 cm, ápice acuminado, base cuneada a
decurrente, glabra na face adaxial, densamente
pubérula na face abaxial; nervuras laterais 9–12
pares. Inflorescências estaminadas 1–2 cm
compr. Flores estaminadas com tubo do cálice
sinuoso, 4–5 mm compr.; corola com tubo ca. 1
cm compr., 3–4 mm diâm., lobos estreitamente
triangulares, ca. 1 cm compr. Flores pistiladas
com pedúnculo 5–8 mm compr.; cálice ca. 6 mm
compr.; corola com tubo ca. 1 cm compr., 3–4
mm diâm., lobos ca. 1 cm compr. Bagas 3,5–
5,5 × 2,5–3 cm.
Este táxon foi previamente determinado de
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
575
maneira errônea como Kutchubaea insignis
Fisch. ex DC. (Campos & Brito, 1999: pág. 626,
640), e o nome I. surinamensis é utilizado aqui
de modo provisório. De acordo com Persson
(2005), esta espécie pertence ao gênero
Kutchubaea, mas a classificação do mesmo
permanece instável e optamos por posicioná-la
em Ibetralia. De qualquer modo, é fácil distinguir
as espécies de Kutchubaea e Ibetralia na
Reserva Ducke através de características da
corola, que é 8–10-lobada e com tubo longo em
Kutchubaea e 4–6-lobada e com tubo curto em
Ibetralia. Na Reserva Ducke, I. surinamensis
foi coletada na floresta de vertente e floresta de
baixio, com flores em agosto e frutos em abril.
3.IV.1996 (fr) Vicentini & Silva 1173 (INPA MO NY
SPF); 29.VIII.1996 (fl) Costa & Silva 563 (INPA MO).
Material adicional examinado: BRASIL. PARÁ:
Juruty Velho, 29.VII.1927 (fl) Ducke 22916 (K RB
– material-tipo de Alibertia dolichophylla Standl.).
17. Isertia Schreb.
Árvores ou arbustos hermafroditas.
Ramos cilíndricos ou quadrangulares, às vezes
com exsudado resinoso. Estípulas persistentes,
intrapeciolares, às vezes profundamente
bilobadas na região interpeciolar e então
aparentando 4 estípulas livres. Folhas opostas
ou verticiladas, pecioladas, decussadas.
Inflorescências terminais, em tirsos
subpaniculados ou tirsos racemosos, os ramos
terminais em dicásios ou cimeiras escorpióides.
Flores bissexuais, homostílicas, vistosas; cálice
truncado ou 4–6-lobado; corola tubulosa ou
hipocrateriforme, alva, laranja ou vermelha,
vilosa na fauce, 5–6 (7)-lobada, prefloração
valvar ou imbricada; estames 4–7, inseridos na
região da fauce da corola, anteras dorsifixas,
loceladas; ovário 2–6 (7)-locular, óvulos muitos
por lóculo; estigma 2–6 (7)-partido. Frutos
drupáceos ou bacáceos, globosos, carnosos,
quando drupáceos com 2–6 pirênios 1-loculares;
sementes numerosas, angulosas.
Compreende 14 espécies neotropicais,
ocorrendo principalmente em florestas
secundárias da América Central e no norte da
América do Sul (Boom 1984). Pode ser
reconhecido pelas estípulas intrapeciolares
(às vezes profundamente bilobadas e
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
576
aparentemente livres), inflorescências terminais
multifloras, flores vistosas com tubo da corola
bem desenvolvido, anteras loceladas, cujas
tecas não são contínuas e, sim, divididas em
pequenas celas, frutos bacáceos com muitas
sementes pequenas imersas na polpa ou drupas
com pirênios multisseminados. Isertia é
superficialmente semelhante a Palicourea,
que difere na presença de estípulas
interpeciolares (não intrapeciolares), anteras
não loceladas, e pirênios unisseminados.
Chave para as espécies de Isertia na Reserva Ducke
1.
Estípulas 4 por nó, quase completamente livres; lâmina discolor, elíptica a oval, 9–12 cm larg ...
........................................................................................................................ 1. I. hypoleuca
1’. Estípulas 2 por nó, inteiras na região intrapeciolar; lâmina concolor, estreito-lanceolada, 5–7,5
cm larg. .................................................................................................................... 2. I. rosea
17.1 Isertia hypoleuca Benth., Hooker’s J.
Bot. Kew Gard. Misc. 3: 220. 1841. Fig. 2f
Árvores ou arvoretas até 15 m alt.,
20–35 cm diâm. Tronco circular, base
digitada. Ritidoma marrom, liso, escamoso;
exterior da casca marrom, ca. 1 mm de
espessura; casca internamente avermelhada,
rígida, ca. 5 mm de espessura; alburno
alaranjado, fibroso; odor agradável. Ramos
fracamente quadrangulares, glabros a
esparsamente pubescentes, estriados.
Estípulas 4, quase completamente livres,
estreito-triangulares, 8–11 × 0,8 cm. Folhas
opostas ou raramente verticiladas, discolores,
longamente pecioladas; pecíolo 3–5,5 cm
compr.; lâmina elíptica a oval, 18–31 × 9–
12 cm, ápice acuminado, base atenuada a
decurrente, face adaxial glabra, face abaxial
alvo-canescente; nervuras laterais 24–27
pares. Inflorescências ca. 16 cm compr.,
ramos terminais em cimeiras escorpióides
3-floras. Flores subsésseis ou pediceladas;
cálice verde-amarelado, 4–6 mm compr.,
truncado, pubérulo; corola vermelha, 4,5–
6,5 cm compr., pubérula, 6–7-lobada; estames
6–7, anteras oblongas; estigma 5–6-partido.
Frutos drupáceos, ovóides, ca. 1 × 1 cm,
negros; pirênios multisseminados, 8–11 mm
compr.; sementes ca. 1 mm compr.
Esta espécie ocorre nas regiões
amazônicas do Venezuela, Guianas, Colômbia,
Peru, Bolívia e Brasil, nos estados de Rondônia
e Amazonas onde é chamada popularmente
de “jambo da mata”. Na Reserva ocorre nas
áreas degradadas e floresce em março
(Campos & Brito 1999: pág. 626, 638).
5.III.1996, Campos & Silva 531 (INPA MO NY SPF).
17.2 Isertia rosea Spruce ex K.Schum., Fl.
bras. 6(6): 284. 1889.
Árvores, ca. 10 m alt. Ramos cilíndricos,
glabros a esparsamente pubescentes,
resinosos. Estípulas 2, intrapeciolares, ca. 4 ×
5 mm. Folhas opostas, concolores, pecioladas;
pecíolo 4–5 cm; lâmina estreito-lanceolada,
24–32 × 5–7,5 cm, glabra a esparsamente
pubescente, ápice acuminado, base atenuada
a decurrente; nervuras laterais 11–16 pares.
Inflorescência ca. 8,5 cm compr., em
dicásios, com ramos terminais escorpióides.
Flores subsésseis ou pediceladas; cálice
avermelhado, 3–3,5 cm compr., truncado,
geralmente glabro; corola rosada a vermelha,
3,5–5,5 cm compr., com tricomas amarelos na
região da fauce, 5–6-lobada; estigma 4–6partido. Frutos drupáceos, globosos, 8–9 mm
diâm., negros, glabros; pirênios triangulares;
sementes numerosas, 1,2–1,4 mm compr.
Esta espécie ocorre na região amazônica
da Colômbia, Peru, Venezuela e Brasil, nos
estados do Acre e Amazonas (Boom 1984).
Foi coletada com flores na Reserva em maio,
não tendo sido recoletada recentemente.
25.V.1961 (fl) Rodrigues & Lima 2646 (INPA).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
18. Ixora L.
Arbustos ou arvoretas hermafroditas.
Ramos cilíndricos ou quadrangulares. Estípulas
interpeciolares ou às vezes curtamente unidas
ao redor do caule, triangulares, persistentes.
Folhas opostas ou ternadas, sésseis ou
pecioladas, decussadas, com pecíolos
articulados na base. Inflorescências terminais,
às vezes produzidas num ramo curto e
aparentemente axilar, cimosas, fasciculadas,
paniculadas ou subcapitadas. Flores bissexuais,
distílicas, freqüentemente odoríferas; cálice 4lobado; corola salverforme, alva, rosada,
avermelhada ou amarela, tubo estreito, 4-lobada,
prefloração contorta; estames 4, inseridos na
região da fauce da corola, anteras dorsifixas,
exsertas; ovário 2-locular, óvulos 1 por lóculo;
estigma 2-partido. Frutos drupáceos,
subglobosos, carnosos ou coriáceos, vermelhos
577
a negros; pirênios 2, plano-convexos, lisos, 1loculares.
Gênero pantropical com cerca de 400
espécies, a maior parte delas registradas na
África e nas ilhas do Pacífico (Taylor et al.
2004), com aproximadamente 50 espécies
neotropicais, ocorrendo no Caribe, México,
Brasil, Bolívia e Paraguai. O gênero Ixora pode
ser facilmente reconhecido através dos pecíolos
articulados na base, estípulas persistentes com
ápice agudo ou aristado, inflorescências cimosas
às vezes coloridas, corola com 4 lobos e frutos
drupáceos com 2 pirênios. Algumas espécies
asiáticas são freqüentemente utilizadas como
plantas ornamentais, devido à beleza e o colorido
das flores. Trata-se de um gênero pouco
estudado nos Neotrópicos e é possível que
existam outras espécies na área da Reserva,
além daquelas descritas abaixo.
Chave para as espécies de Ixora na reserva Ducke
1.
Corola com tubo 9–10 mm compr.; folhas elípticas, 8,5–13 cm larg., nervuras laterais 6–10
pares .............................................................................................................. 1. I. panurensis
1’. Corola com tubo ca. 11 mm compr.; folhas lanceoladas, elíptico-oblongas ou estreitamente
elípticas, 5–9 cm larg., nervuras laterais 13–17 pares ................................................ 2. I. ulei
18.1 Ixora panurensis Müll. Arg., Flora 58:
454, 458. 1875.
Arvoretas ou arvoretas 3–10 m alt., 5–
10 cm diâm. Tronco circular, de base reta,
digitada ou dilatada. Ritidoma marrom, reticulado,
escamoso ou rígido, com lenticelas em pequena
quantidade; casca internamente bege a
marrom-alaranjada, escurecendo externamente;
alburno creme ou esbranquiçado. Ramos
cilíndricos, escamosos, glabros. Estípulas 9–10
× 4–6 mm, glabras. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 0,8–1,8 cm compr., glabro; lâmina
elíptica, 18–25 × 8,5–13 cm, subcoriácea, ápice
acuminado, base obtusa a cuneada, margem
revoluta, glabra em ambas as faces; nervuras
laterais 6–8(–10) pares. Inflorescências
terminais ou aparentemente axilares, em panículas
3-ramificadas, 3–4,5 cm compr., pedunculadas,
pubérulas. Flores subsésseis; cálice curtodenteado, ca. 1 × 1 mm; corola amarelo-parda ou
rosada, externamente pubérula, tubo 9–10 × 1 mm,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
lobos arredondados, ca. 4 mm compr. Drupas
vermelhas, 5–10 × 8–11 mm, glabras, às vezes
ligeiramente bilobadas; pirênios 4–6 × 3–4 mm.
Amplamente distribuída na região
amazônica. No Brasil ocorre nos estados do
Amazonas, Roraima, Acre e Maranhão. Foi
inicialmente determinada erroneamente por
Campos & Brito (1999: pág. 626, 642) sob o
nome I. ulei K. Krause. Na Reserva Ducke,
I. panurensis apresenta variação no tamanho
e forma das folhas e no número de nervuras
laterais. Ocorre nas florestas de baixio,
vertente, campinarana e platô. Floresce em
julho e frutifica em fevereiro, março, julho e
outubro.
15.II.1996 (fr) Campos et al. 495 (INPA NY);
20.VII.1995 (fl) Costa et al. 325 (INPA NY);
19.III.1996 (fr) Campos et al. 556 (INPA NY);
22.VII.1994 (fr) Vicentini et al. 645 (INPA MO NY);
15.II.1996 (fr) Campos et al. 498 (INPA NY SPF);
13.IX.1996 (fl) Assunção et al. 392 (MO SPF).
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
578
18.2 Ixora ulei K. Krause, Notizbl. Bot. Gart.
Berlin-Dahlem 6: 205.1914.
Fig. 2g
Arbustos ou arvoretas 0,5–2,5 m alt.
Tronco irregular, base reta ou digitada.
Ritidoma marrom ou marrom-escuro,
desprendendo-se por placas, sem lenticelas;
finamente reticulado; exterior da casca
marrom, fina; casca internamente castanha,
bege a alaranjada, alburno amareloesbranquicado, fibroso. Ramos cilíndricos,
glabros. Estípulas 2–5 × 7–10 mm, glabras,
aristadas. Folhas opostas, pecioladas; pecíolo
0,7–1,5 cm; lâmina lanceolada, estreito-elíptica
ou elíptico-oblonga, 16–26 × 5–9 cm, ápice
agudo a acuminado, base cuneada a aguda,
margem às vezes revoluta, glabra em ambas
as faces; nervuras laterais 13–17 pares.
Inflorescências terminais, em panículas 3ramificadas, 3–5 cm compr., pedunculadas,
hirtelas ou pubérulas. Flores subsésseis;
cálice curto-denteado, ca. 1 × 1 mm; corola
amarela com tubo às vezes avermelhado,
externamente pubérula, tubo ca. 11 mm
compr., ca. 1 mm diâm., lobos arredondados,
3–4 mm compr. Drupas vermelhas passando
a enegrecidas quando maduras, 8–10 × 8 mm,
ligeiramente bilobadas.
Amplamente distribuída na região
amazônica. Foi erroneamente identificada por
Campos & Brito (1999: pág. 626, 642) como
I. intensa K. Krause. Na Reserva Ducke
ocorre nas florestas de platô e vertente. Foi
coletada com flores em julho e com frutos de
fevereiro a julho e novembro.
27.IV.1994 (fr) Ribeiro et al. 1285 (INPA NY);
6.VII.1993 (fl) Ribeiro et al. 1043 (INPA NY);
15.II.1996 (fr) Campos 495 (INPA SPF); 19.III.1996
(fr) Campos 556 (INPA SPF); 20.VII.1995 (fr) Costa
325 (INPA SPF) 10.II.1994 (fr) Ribeiro 1203 (INPA
NY SPF); 25.IV.1996 (fl) Sothers et al. 853 (INPA
SPF). 3.VII.1997 (fl) Souza 371 (INPA MO);
17.XI.1999 (fr) André et al. 3188 (INPA SP).
Material adicional examinado: BRASIL.
AMAZONAS: Manaus, Com. Nossa Senhora de
Fátima, Rio Tarumã-Mirim, 3º02’’S, 60º17’W,
31.I.1992, L.V. Ferreira 118 (INPA K).
19. Kutchubaea Fisch. ex DC.
Árvores dióicas. Ramos cilíndricos, com
exsudado resinoso amarelado. Estípulas
interpeciolares ou às vezes unidas ao redor do
caule, triangulares ou liguladas, persistentes.
Folhas opostas, pecioladas, decussadas.
Inflorescências estaminadas terminais,
corimbosas, fasciculadas ou raramente
capitadas. Flores estaminadas vistosas;
cálice truncado ou curto-6–10-denteado;
corola hipocrateriforme, alva, creme ou
amarela, serícea ou vilosa no interior da fauce,
6–11-lobada, prefloração contorta; estames 6–
11, inseridos na região da fauce, anteras
dorsifixas; pistilódio similar ao estigma; ovário
estéril. Inflorescências pistiladas terminais,
1(–3)-floras. Flores pistiladas com cálice e
corola semelhantes aos das flores estaminadas
ou de tamanho menor; estaminódios semelhantes
aos estames; ovário 1–2-locular, óvulos muitos
por lóculo, estigma inteiro ou 2-partido. Frutos
bacáceos, globosos a elipsóides, coriáceos a
lenhosos, de cor desconhecida; sementes
numerosas, comprimidas, envolvidas numa
polpa gelatinosa.
Gênero com cerca de 11 espécies
distribuídas na região tropical da América do
Sul, principalmente no Brasil (Taylor 2004),
caracterizado pela presença de exsudato
amarelado nos ramos jovens, estípulas
persistentes e unidas ao redor do caule, flores
vistosas, unissexuais, com grande número de
lobos e os frutos globosos bem desenvolvidos.
Kutchubaea é próximo do gênero Ibetralia
(ver comentários acima). O epíteto genérico
aparece erroneamente como “Kotchubaea”
na literatura.
Chave para as espécies de Kutchubaea na Reserva Ducke
1. Folhas elípticas; nervuras laterais livres; estípulas 4–7 mm compr. .................... 1. K. duckei
1’. Folhas oblanceoladas; nervuras laterais unidas às nervuras submarginais; estípulas 12–15 mm
compr. ............................................................................................................ 2. K. sericantha
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
19.1 Kutchubaea duckei Steyerm., Mem.
New York Bot. Gard. 10(5): 216. 1963.
Árvores 15–30 m alt., 30 cm diâm.
Tronco circular com raízes tabulares. Ritidoma
marrom escuro, fibroso; exterior da casca
marrom-escura, 1–2 mm de espessura; casca
internamente creme com estrias alaranjadas,
ca. 5 mm de espessura; alburno creme;
exsudato amarelo, escasso, hialino, pegajoso.
Ramos cilíndricos, glabros, os jovens resinosos.
Estípulas deltóides, 4–7 × 5–7 mm. Folhas
pecioladas; pecíolo 1–2 cm compr.; lâmina
elíptica, 11–25 × 6,5–15 cm, ápice obtuso a
curto-acuminado, base cuneada a obtusa, glabra
em ambas as faces; nervuras laterais 7–13
pares, distalmente livres. Inflorescências
estaminadas cimosas, pedunculadas;
pedúnculo 1–10 mm compr. Flores
estaminadas com pedicelos 0,2–2 cm compr.;
cálice truncado, 0,9–1,3 cm compr.; corola
creme ou alvo-amarelada, externamente
serícea, tubo 2,5–4,5 × 0,3–0,5 mm, 7–9-lobada,
estreitamente triangulares, 3–3,2 cm compr.
Flores pistiladas e frutos não vistos.
Ocorre apenas na amazônia brasileira e,
no Guia de Identificação, Campos & Brito
(1999: pág. 640) a determinaram erroneamente
sob o nome K. semisericea. Na Reserva
Ducke, ocorre nas florestas de baixio e de
vertente. Foi coletada apenas com flores
estaminadas em março e junho.
22.III.1994 (fl) Ribeiro et al. 1237 (INPA MO NY
SPF); 23.VI.1994 (fl) Vicentini & Assunção 584
(INPA MO NY SPF).
19.2 Kutchubaea sericantha Standl., Publ.
Field Columbian Mus., Bot. Ser. 8(5): 355.
1931.
Fig. 2h
Árvores 12–18 m alt., 15–25 cm diâm.
Tronco circular de base acanalada. Ritidoma
marrom-avermelhado, estriado; exterior da
casca marrom, ca. 0,5 mm de espessura; casca
internamente rosada, 3–4 mm de espessura;
alburno amarelo. Ramos cilíndricos, estriados,
glabros. Estípulas deltóides, 1,2–1,5 × 1–1,2 cm,
glabras a pubérulas. Folhas coriáceas, pecioladas;
pecíolo 2–4 cm compr., glabro ou pubérulo;
lâmina oblanceolada, 24,3–34,8 × 7,6–15,3 cm.,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
579
ápice agudo a acuminado, base cuneada a
decurrente, glabra em ambas as faces ou
pubérula na face abaxial; nervuras laterais 12–
18 (–22) pares, unidas distalmente às nervuras
submarginais. Inflorescências estaminadas
fasciculadas, 7–11-floras; pedúnculo 1–2,5 cm
compr. Flores estaminadas com pedicelos
1,5–2 cm compr.; cálice truncado ou sinuoso,
1–1,1 cm compr.; corola creme-amarelada,
densamente serícea externamente, tubo 4,5–
5,5 cm compr., 6–8 mm diâm., 8(9)-lobada, lobos
estreitamente triangulares, 0,8–3 cm compr.
Flores pistiladas solitárias, subsésseis; cálice
e corola semelhantes aos das flores
estaminadas. Bagas oblongo-elipsóides, ca.
7 × 3,5 cm; sementes 1–1,5 cm compr.
Ocorre na região amazônica da Venezuela,
Peru, Colômbia e Brasil. Na Reserva Ducke
foi coletada nas florestas de baixio, vertente,
platô e campinarana. Floresce de maio a julho
e frutifica em fevereiro, maio e julho (Campos
& Brito 1999: pág. 640).
10.II.1996 (fr) Campos et al. 475 (INPA MO NY);
12.V.1988 (fl) Nelson 1601 (INPA NY); 3.V.1994 (fr)
Ribeiro et al. 1300 (INPA NY); 3.VII.1995 (fl)
Sothers et al. 504 (INPA NY); 31.V.1994 (fl)
Vicentini et al. 562 (INPA MO NY SPF); 29.V.1996
(fl) Ribeiro & Assunção 1831 (INPA K MO SPF).
20. Ladenbergia Klotzsch
Árvores ou arvoretas hermafroditas.
Ramos cilíndricos ou quadrangulares. Estípulas
interpeciolares e às vezes unidas ao redor do
caule, geralmente bem desenvolvidas,
triangulares a obovadas, decíduas. Folhas
opostas ou raramente ternadas, pecioladas,
decussadas. Inflorescências terminais ou nas
axilas das folhas distais, paniculadas. Flores
bissexuais, odoríferas, noturnas, distílicas;
cálice truncado ou 5–6-denteado; corola
salverforme, alva, glabra no interior, 5–7lobada, lobos frequentemente papilosos,
prefloração valvar; estames 5–7, inseridos na
porção mediana do tubo da corola, anteras
dorsifixas, inclusas; ovário 2-locular, óvulos
muitos por lóculo; estigma 2-partido. Frutos
capsulares, oblongos ou cilíndricos, cartáceos
ou lenhosos, deiscência septicida; sementes
numerosas, achatadas, aladas.
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
580
Gênero com cerca de 35 espécies
distribuídas na América Central e do Sul
(Andersson 1997, Taylor et al. 2004). As
principais características deste gênero são as
estípulas bem desenvolvidas, eretas e decíduas,
as inflorescências terminais, flores alvas,
noturnas e glabras internamente e o fruto
capsular com numerosas sementes aladas.
20.1 Ladenbergia amazonensis Ducke,
Trop. Woods 31: 21. 1932.
Fig. 2i
Árvores, 20–30 m alt., 35–50 cm diâm.
Tronco circular ou acanalado. Ritidoma
fissurado ou levemente sulcado, com lenticelas
conspícuas, circulares, salientes; exterior da
casca marrom-escura, ca. 2 mm de espessura;
casca internamente avermelhada, 5–6 mm de
espessura; alburno creme, com exsudato
transparente, escasso, pegajoso. Ramos
cilíndricos, glabros, marrom-acinzentados.
Estípulas triangulares, 1,5–3 × 0,6–0,8 cm,
externamente estrigulosas. Folhas opostas,
pecioladas; pecíolo 1,5–3,5 cm compr.; lâmina
elíptica, 10–13 × 5–8,5 cm, coriácea, ápice
arredondado, base arredondada a obtusa, glabra
em ambas as faces; nervuras laterais 7–9 pares,
impressas na face adaxial, salientes na face
abaxial. Inflorescências multifloras, 10–18 cm
compr. Flores pediceladas; pedicelos 1–3 mm
compr.; cálice 3–5 × 1,5–3 mm, lobos 5,
triangulares; corola alva a creme, ca. 3 × 0,15
mm, lobos 5; estames 5, subsésseis; estigma
bipartido. Cápsulas lanceolóides, 4–6 × 1–2 cm,
papiráceas; sementes 1,5–2 × 1–1,5 mm.
Ocorre na Venezuela, Peru e Brasil, nos
estados do Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas.
Na Reserva foi coletada na floresta de campinarana,
com flores de março a maio e com frutos em
agosto (Campos & Brito 1999: pág. 645).
12.III.1996 (fl) Campos & Silva 541 (INPA K MO NY
SPF); 14.V.1995 (fl) Cordeiro et al. 1554 (INPAK MO NY
SPF), 27.VIII.1995 (fr) Vicentini et al. 1237 (INPA MO).
21. Malanea Aubl.
Lianas ou às vezes arbustos escandentes,
hermafroditas. Ramos cilíndricos. Estípulas
interpeciolares, triangulares a liguladas, decíduas,
freqüentemente seríceas ou velutinas. Folhas
opostas, pecioladas, decussadas, com a nervação
terciária paralela. Inflorescências axilares,
cimosas, espiciformes ou paniculadas. Flores
bissexuais, homostílicas ou distílicas; cálice
truncado ou 4-lobado; corola rotácea ou
infundibuliforme, alva, creme, esverdeada ou
alvo-amarelada, vilosa na fauce e nos lobos, 4lobada, prefloração valvar; estames 4, inseridos
na região da fauce do tubo da corola, anteras
dorsifixas, inclusas ou exsertas; ovário 2-locular,
óvulos 1 por lóculo, estigma 2-partido. Frutos
drupáceos, elipsóides, cilíndricos ou oblongos,
carnosos, roxos ou negros; pirênio 1 ou 2, 1-2locular, liso ou costado; sementes cilíndricas.
Gênero neotropical com cerca de 35
espécies nativas da América Central e do Sul
(Taylor et al. 2004). As principais características
de Malanea são a nervação terciária paralela
o hábito escandente, estípulas interpeciolares
arredondadas a espatuladas (raramente
agudas), inflorescências axilares e frutos
drupáceos. Pode ser confundido com Chomelia
(que possui flores maiores e freqüentemente
ramos armados) e Sabicea (que possui bagas
com muitas sementes). Campos & Brito (1999:
pág. 629) incluíram uma outra espécie sob
“Malanea sp. 2”. Trata-se de apenas uma
coleta de material estéril, cuja identidade ainda
não foi possível confirmar, portanto este táxon
não foi incluído no presente trabalho.
Chave para as espécies de Malanea
1. Estípulas agudas ..................................................................................................1. M. duckei
1’. Estípulas arredondadas.
2. Estípulas e folhas estrigosas na face abaxial, nervuras secundárias 10-11 pares ............
............................................................................................................... 2. M. hypoleuca
2’. Estípulas hirsutas; folhas densamente velutinas na face abaxial, nervuras secundárias 6-8
pares ..................................................................................................... 3. M. sarmentosa
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
21.1 Malanea duckei Steyerm., Publ. Field
Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 22: 117. 1940.
Lianas lenhosas. Ramos cilíndricos ou
ligeiramente quadrangulares, hirsutos ou
tomentosos. Estípulas ligulado-lanceoladas a
triangulares, decíduas, hirsutas na face abaxial,
4–7 × 3–4 mm, agudas. Folhas com pecíolo 0,8–
1,6 cm compr., hirsuto ou tomentoso; lâmina
elíptica, 10–13,2 × 5,5–7,6 cm, face adaxial
glabra, exceto pelas nervuras seríceas, face
abaxial hirsuta, ápice obtuso, base obtusa a
aguda; nervuras laterais 9–10 pares, impressas
na face adaxial. Inflorescências tirsóides a
paniculadas, piramidais, 4–9 cm compr.; ramos
velutinos. Flores pequenas; cálice campanulado,
glabro, ca. 1 mm compr., subtruncado; corola
alva, externamente serícea, internamente com
tricomas alvos, 4–5 mm compr. Drupas jovens
cilíndricas, ca. 10 × 3 mm.
Ocorre na região de Manaus, e foi tratada
em Campos & Brito (1999: pág. 629) como
“Malanea cf. macrophylla”, tendo sido
registrada por eles como componente da floresta
de vertente. No entanto, o único espécime
coletado na Reserva Ducke foi encontrado na
floresta de baixio, com frutos jovens em julho.
15.VII.1998 (fr) Sothers 1103 (INPA MO).
21.2 Malanea hypoleuca Steyerm., Mem.
New York Bot. Gard. 12: 251. 1965.
Lianas lenhosas, até 3 cm diâm. Tronco
acanalado. Ritidoma esbranquiçado, com
lenticelas elípticas, transversais; exterior da
casca bege. Ramos quadrangulares ou
cilíndricos, esparsamente pubescentes a
glabros, com lenticelas. Estípulas elípticas a
liguladas, obtusas, decíduas, estrigosas na face
abaxial, 10–16 × 4–9 mm. Folhas com pecíolo
1–2,7 cm compr., estrigoso; lâmina elíptica a
amplamente elíptica, 8,5–18 × 6–11,7 cm, glabra
ou esparsamente pubescente na face adaxial,
densamente estrigosa e esbranquiçada na face
abaxial, ápice obtuso, às vezes curtamente
acuminado, base obtusa a truncada; nervuras
laterais 10–11 pares, impressas na face adaxial.
Inflorescências tirsóides a paniculadas,
piramidais, 3–5 cm compr.; ramos seríceos.
Flores pequenas; cálice campanulado, seríceo,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
581
ca. 1 × 1–1,5 mm; corola amarela, densamente
serícea externamente, internamente com
tricomas alvos, 3–4 x1–1,5 mm; estames alvos.
Drupas oblongas, 9–11 × 3–4 mm.
Ocorre na região amazônica na Venezuela,
Guianas, Brasil e possivelmente no Peru, e é
muito semelhante a Malanea macrophylla
Bartl. ex Griseb. (ver Taylor et al. 2004). De
fato estes nomes foram sinonimizados por Boom
& Delprete (2002), porém, como os espécimes
coletados na Reserva Ducke encaixam-se
melhor dentro de M. hypoleuca conforme a
circunscrição de Steyermark, este nome é
utilizado aqui até que o gênero possa ser estudado
de modo mais aprofundado. Na Reserva Ducke
esta espécie foi coletada uma única vez na
floresta de vertente, com flores em setembro
(Campos & Brito 1999: pág. 627, 629).
22.IX.1995 (fl) Vicentini & Silva 1057 (INPA MO
NY SPF).
21.3 Malanea sarmentosa Aubl., Hist. Pl.
Guiane 1: 106, t. 41. 1775.
Fig. 2k
Lianas lenhosas, ca. 4 cm diâm. Ramos
acanalados. Ritidoma ferrugíneo ou marrom,
com lenticelas orbiculares, espaçadas; casca
internamente vermelho-ferrugínea ou bege, ca.
3 mm de espessura; alburno amarelo ou creme,
depois de oxidado verde; exterior da casca
marrom, ca. 1 mm de espessura. Estípulas
elípticas a suborbiculares, decíduas, densamente
hirsutas na face abaxial, 5–6 × 4–6 mm,
arredondadas. Folhas com pecíolo 0,6–1,5 cm
compr., hirsuto; lâmina amplamente elíptica a
suborbicular, 5–9,5 × 4–7,6 cm, face adaxial
glabra exceto pelas nervuras estrigosa, na face
abaxial esbranquiçada e densamente velutina,
ápice arredondado a truncado, base obtusa a
subtruncada; nervuras laterais 6–8 pares,
impressas na face adaxial. Inflorescências
tirsóides a subcapitadas, 1,5–2,5 cm compr.;
ramos hirsutos. Flores pequenas; cálice
campanulado, seríceo, ca. 1 mm compr.,
denteado; corola amarelo-escura, densamente
serícea ou hirsuta externamente, 4–5 mm
compr. Drupas cilíndricas, 11–12 × 4–5 mm.
Ocorre no noroeste do América do Sul,
Trinidad, Venezuela, Guianas, Brasil e
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
582
possivelmente no Peru. Foi tratada por Campos
& Brito (1999: pág. 627, 629) sob “Malanea
sp. 1”. Na Reserva Ducke foi coletada na
floresta de platô; floresce de junho a setembro.
28.VI.1996 (fl) Assunção et al. 323 (INPA MO
SPF), 3.IX.1996 (fl) Campos & Assunção 607
(INPA MO SPF).
Material adicional examinado: BRASIL.
AMAZONAS: Manaus, BR 174, km 64, Fazenda
Esteio, 18.XI.1986 (fl) Ackerly 117 (INPA K NY).
22. Margaritopsis C. Wright
Arvoretas ou arbustos hermafroditas.
Ramos cilíndricos, aplanados ou quadrangulares.
Estípulas interpeciolares ou geralmente unidas
ao redor do caule numa bainha, triangulares,
aristadas ou bilobadas, persistentes ou decíduas
às vezes por fragmentação. Folhas opostas,
decussadas, subsésseis ou usualmente pecioladas.
Inflorescências terminais, paniculadas a
cimosas ou capitadas. Flores bissexuais,
geralmente distílicas; cálice truncado a 5denteado; corola tubulosa ou infundibuliforme,
alva ou amarela, de base estreita, glabra ou
pubescente no interior, lobos 5, triangulares,
prefloração valvar; estames 5, inseridos na
porção mediana a superior do tubo da corola,
anteras dorsifixas, inclusas ou exsertas; ovário
2-locular, óvulos 1 por lóculo; estigma 2-partido.
Frutos drupáceos, carnosos, arroxeados ou
alaranjados; pirênios 2, plano-convexos,
costados ou lisos, cada um com uma semente.
Gênero pantropical com mais de 50
espécies, das quais cerca de 27 espécies são
Neotropicais, ocorrendo no Caribe, México,
América Central e América do Sul, atingindo a
Bolívia e o Paraguai (Taylor 2005). Este gênero
fazia parte de Psychotria (e.g., Campos &
Brito 1999), e pode ser reconhecido através de
suas estípulas persistentes, flores pequenas,
alvas a amarelas, em inflorescências terminais,
e frutos drupáceos vermelhos. A distribuição
espacial, habitat e riqueza local de várias
espécies de Margaritopsis foram estudadas
em detalhe por Kinupp (2002) and Kinupp &
Magnusson (2005).
Chave para as espécies de Margaritopsis na Reserva Ducke
1.
Inflorescências cimosas, corimbiformes, 1,5–4 cm compr., com pedúnculos 1–3 cm compr. ..
........................................................................................................................ 1. M. boliviana
1’. Inflorescências capitadas ou subcapitadas, 4–10 mm compr., subsésseis.
2. Flores e frutos subsésseis ou curto-pedicelados; frutos ca. 4 mm diâm ........ 3. M. nana
2’. Flores e frutos sésseis; frutos 5–11 mm diâm.
3. Cálice ca. 1 mm compr.; frutos 5–8 mm diâm. ........................... 2. M. cephalantha
3’. Cálice 2,5–5 mm compr.; frutos 8–11 mm diâm. ....................... 4. M. podocephala
22.1 Margaritopsis boliviana (Standl.) C.M.
Taylor, Syst. Geogr. Pl. 75: 170. 2005. Fig. 2j
Psychotria boliviana Standl., Publ. Field
Columbian Mus., Bot. Ser. 7: 302. 1931.
Árvores, arvoretas ou arbustos até 6
m alt., 6 cm diâm. Tronco circular, às vezes
levemente tortuoso, com base reta. Ritidoma
amarelo, marrom ou marrom-acinzentado,
frágil, liso, com lenticelas; exterior da casca
marrom, ca. 1 mm de espessura; casca
internamente bege ou alaranjada, fibrosa, 2–3
mm de espessura; alburno amarelo, creme ou
creme-amarelado; odoríferas. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares, glabros.
Estípulas glabras, 1–2 mm compr., truncadas
ou arredondadas. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 3–10 mm compr.; lâmina elíptica ou
elíptico-oblonga, 8–21 × 2,8–8 cm, ápice
acuminado, base cuneada ou obtusa, papirácea,
glabra; nervuras laterais 7–12 pares.
Inflorescências corimbiformes, cimosas,
glabras, pedúnculo 1–3 cm compr., panícula
1,5–4 × 2,5–4 cm, brácteas reduzidas. Flores
subsésseis; cálice ca. 1 mm compr.,
subtruncado; corola infundibuliforme, alva,
externamente glabra, vilosa na fauce, tubo ca.
2 mm compr., lobos 3–3,5 mm compr. Drupas
elipsóides, 8–10 × 8–10 mm, alaranjadas ou
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
vermelhas, passando a arroxeadas ou negras;
pirênios com 3–5 costas longitudinais.
Esta espécie ocorre na Colômbia, Peru,
Guianas, Venezuela, Bolívia e na amazônia
brasileira. Previamente foi confundida com M.
astrellantha (Wernham) C.M. Taylor (sob o
name de Psychotria astrellantha Wernham
em Campos & Brito 1999: pág. 629, 639),
porém um estudo recente esclareceu a
identidade dos espécimes coletados na
Reserva Ducke (Taylor 2005). Kinupp (2002,
fig. 5A) caracterizou esta espécie (sob o nome
equivocado de “Psychotria astrellantha”)
como uma das espécies de mais comuns e
amplamente distribuídas do grupo de
Psychotria e gêneros afins dentro da reserva,
e também registrou a presença de galhas nas
folhas dos indivíduos. Na Reserva Ducke, foi
coletada na floresta de platô, vertente e
campinarana, com flores em agosto e com
frutos de janeiro a maio, julho e dezembro.
9.I.1995 (fr) Assunção 126A (INPAMO SPF); 27.II.1996
(fr) Campos & Pereira 526 (INPA K MO SPF),
5.III.1996 (fr) Campos & Silva 535 (INPA K MO SPF),
3.V.1996 (fr) Hopkins et al. 1589 (INPA MO); 7.III.1996
(fr) Campos & Silva 540 (INPA K MO SPF); 21.II1996
(fr) Campos et al. 510 (INPA K MO SPF); 30.VIII.1994
(fl) Sothers 150 (INPA K MO SPF); 23.III.1995 (fr)
Sothers & Pereira 359 (INPA MO SPF); 25.I.1995 (fr)
Nascimento & Silva 717 (INPA K MO SPF); 30.I.1996
(fr) Ribeiro et al. 1784 (INPA K MO SPF); 24.IV.1995
(fr) Sothers & Silva 408 (INPA K MO SPF); 9.XII.1994
(fr) Sothers et al. 301 (INPA K MO); 11.III.1994 (fr)
Ribeiro et al. 1228 (INPA K MO SPF); 5.VII.1993 (fr)
Ribeiro et al. 1017 (INPA K MO SPF), 13.V.1997,
Sothers & Assunção 981 (INPA MO); 10.II.2000
(fr) Anunciação & Pereira 805 (SP).
22.2 Margaritopsis cephalantha (Müll. Arg.)
C.M. Taylor, Syst. Geogr. Pl. 75: 171. 2005.
Psychotria cephalantha Müll. Arg.,
Flora 59: 495, 497. 1876.
Arbustos até 2 m alt., 3 cm diâm. Tronco
circular, base reta. Ritidoma marrom com
estrias longitudinais; exterior da casca
marrom; casca internamente creme; alburno
creme, odor fraco e agradável. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares, glabros.
Estípulas glabras, 1–2 mm compr., truncadas
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
583
ou arredondadas. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 5–18 mm compr.; lâmina elíptica, 6–
22 × 2,5–8 cm, ápice acuminado, base cuneada
ou obtusa, papirácea, glabra; nervuras laterais
9–12 pares. Inflorescências glabras,
capitadas, subsésseis, 4–10 mm compr.
Flores sésseis; cálice ca. 1 mm compr.,
truncado ou curto-denteado; corola
infundibuliforme, alva, glabra externamente,
fauce vilosa, tubo 3,5–4,5 mm compr., lobos
1,5–2 mm compr. Drupas elipsóides, 5–8 ×
5–8 mm, vermelhas ou alaranjadas; pirênios
com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Colômbia, Peru, Guianas,
Venezuela, Bolívia e na amazônia brasileira.
Juntamente com M. nana (ver discussão
abaixo), foi previamente confundida com M.
deinocalyx (Sandwith) C.M. Taylor (como
Psychotria deinocalyx Sandwith, e.g.,
Campos & Brito 1999: pág. 627, 647), mas
um estudo recente do gênero esclareceu a
identidade das plantas da Reserva (Taylor
2005). Em M. deinocalyx a parte livre, ou
tubo, do cálice apresenta-se truncada a
subtruncada e mais longa, atingindo 2–3 mm
compr. Tanto M. cephalantha como M. nana
apresentam tubo do cálice de 0,5–1 mm
compr., claramente lobado ou denteado. M.
cephalantha foi estudada por Kinupp (2005,
fig. 6c), tendo sido coletada na floresta de platô
e vertente, apenas com frutos em abril.
1.IV.1996 (fr) Campos & Silva 587 (INPA MO SPF).
22.3 Margaritopsis nana (K. Krause) C.M.
Taylor, Syst. Geogr. Pl. 75: 175. 2005.
Psychotria nana K. Krause, Verh. Bot.
Vereins Prov. Brandenburg 50: 109. 1908.
Psychotria nudiceps Standl., Publ. Field
Columbian Mus., Bot. Ser. 8: 378. 1931.
Arbustos até 1,5 m alt., 1 cm diâm.
Tronco circular, base reta. Ritidoma marrom
com estrias longitudinais; exterior da casca
marrom; casca internamente creme; alburno
creme; odor fraco e agradável. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares, glabros.
Estípulas glabras, estreitamente triangulares,
ca. 1 mm compr., aristadas, decíduas. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 1–8 mm compr.;
584
lâmina elíptica, 5–14,5 × 2–6 cm, ápice acuminado,
base cuneada ou obtusa, papirácea, glabra;
nervuras laterais 9–12 pares. Inflorescências
glabras, subcapitadas ou cimosas, subsésseis, 4–
10 mm diâm. Flores subsésseis ou curtopediceladas; cálice ca. 0,5 mm compr., sinuoso
ou curto-denteado; corola infundibuliforme, alva,
externamente glabra, vilosa na fauce, tubo ca.
1,5 mm compr., lobos ca. 1,5 mm compr. Drupas
elipsóides, ca. 4 × 4 mm, vermelhas ou alaranjadas;
pirênios com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Venezuela, Peru, Colômbia,
Equador, Bolívia e na amazônia brasileira.
Juntamente com M. cephalantha, esta espécie
foi confundida com M. deinocalyx (Sandwith)
C.M. Taylor (como Psychotria deinocalyx
Sandwith em materiais examinados por Campos
& Brito (1999), porém estudos posteriores
(Taylor 2005) ajudaram a elucidar a identidade
destes espécimes, separando-os tanto de M.
cephalantha, com base principalmente nas
dimensões menores de suas estruturas
reprodutivas, como de M. deinocalyx (ver
discussão sob M. cephalantha). Na Reserva
Ducke, M. nana foi coletada apenas com frutos,
em fevereiro, março e agosto.
21.III.1995 (fr) Sothers et al. 349 (INPA MO); 8.II.1996
(fr) Campos et al. 467 (INPA MO); 14.VIII.1997,
Assunção & Pereira 617 (INPA MO); 28.IIII.1996
(fr) Campos & Sothers 584 (INPA MO SPF).
22.4 Margaritopsis podocephala (Müll.
Arg.) C.M. Taylor, Syst. Geogr. Pl. 75: 176. 2005.
Mapouria podocephala Müll. Arg.,
Flora 59: 460, 466. 1876.
Psychotria podocephala (Müll. Arg.)
Standl., Publ. Field Columbian Mus., Bot. Ser.
7: 109. 1930.
Árvores, arbustos ou arvoretas até 5
m alt. Ramos cilíndricos ou aplanados,
glabros. Estípulas glabras, 3–10 mm compr.,
triangulares ou obovadas, obtusas, agudas ou
1–2-apiculadas. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 3–5 mm compr.; lâmina elíptica ou
elíptico-oblonga, 12–27 × 4,5–11 cm, ápice
agudo ou acuminado, base cuneada ou aguda,
cartácea, glabra; nervuras laterais 9–11 pares.
Inflorescências capitadas, subsésseis ou
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
pedunculadas, pedúnculo 0–9 mm compr.,
glomérulo 12–18 mm diâm. Flores sésseis;
cálice 2,5–5 mm compr., denteado; corola
infundibuliforme, alva, glabra externamente,
fauce vilosa, tubo ca. 5 mm compr., lobos ca.
2,5 mm compr. Drupas elipsóides, 10–15 ×
8–11 mm, alaranjadas ou vermelhas; pirênios
com 3–5 costas longitudinais arredondadas.
Ocorre no Peru, Venezuela e Brasil, na
região amazônica. Estudada por Kinupp (2002:
fig. 12d) como Psychotria podocephala, foi
coletada na Reserva Ducke na floresta de
vertente e platô, com flores em setembro e
frutos de março a junho (Kinupp 2002).
Campos & Brito (1999: pág. 627, 639; sob
Psychotria podocephala).
26.VI.2001 (fr) V.F. Kinupp 1923 (INPA); 26.IV.1994
(fr) Vicentini 503 (INPA SPF).
23. Morinda L.
Árvores, arvoretas ou arbustos
hermafroditas, às vezes escandentes. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares. Estípulas
interpeciolares ou unidas ao redor do caule,
persistentes, triangulares ou bilobadas, de
ápice cuspidado ou bipartido. Folhas opostas
ou ternadas, subsésseis ou pecioladas,
decussadas. Inflorescências terminais e/ou
axilares, capitadas, glomérulos 1–muitos por
inflorescência. Flores bissexuais,
freqüentemente distílicas, livres ou fusionadas
pelos ovários; cálice truncado ou sinuoso;
corola infundibuliforme ou hipocrateriforme,
alva, as vezes carnosa, glabra ou pubérula no
interior da fauce, lobos 4–5(–7), prefloração
valvar; estames 4–5(–7), inseridos no tubo ou
na fauce, anteras dorsifixas, inclusas ou
exsertas; ovário 2- ou 4-locular, óvulos 1 ou 2
por lóculo; estigma inteiro ou 2-partido. Frutos
drupáceos, globosos ou elipsóides, livres ou
fundidos num sincarpo, carnosos, negros ou
esbranquiçados; pirênios 1–4, uniloculares;
sementes oblongas, obovóides ou reniformes.
Gênero pantropical com cerca de 90
espécies, a maioria distribuída nos paleotrópicos,
com cerca de 25 espécies neotropicais e uma
distribuição ampla no Novo Mundo (Taylor et
al. 2004). As características deste gênero são
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
as inflorescências em glomérulos, as flores com
hipantos geralmente fundidos uns aos outros,
desenvolvendo-se, ao frutificar, num sincarpo
carnoso. O gênero Appunia é caracterizado
pela presença de flores e frutos livres, sendo
que Taylor et al. (2004) consideram Appunia
como sinônimo de Morinda.
23.1 Morinda triphylla (Ducke) Steyerm.,
Mem. New York Bot. Gard. 23: 386. 1972.
Fig. 2l
Arvoretas ou arbustos, 1,5–3 m alt., ca.
2 cm diâm. Tronco circular, base reta.
Ritidoma marrom, levemente fissurado, frágil,
de desprendimento esfarelento; exterior da
casca marrom, fina, ca. 0,5 mm de espessura;
casca internamente creme, ca. 1 mm de
espessura; alburno bege escuro, fibroso.
Ramos quadrangulares, tomentosos, fistulosos.
Estípulas interpeciolares, triangulares,
bipartidas no ápice, 5–7 × 3–5 mm, tomentosas.
Folhas opostas ou ternadas, curto-pecioladas;
pecíolo 3–15 mm compr., pubescente; lâmina
estreito-lanceolada a lanceolada ou elíptica,
10–24 × 5–7,3 cm, ápice acuminado, base
cuneada, pubérula a pilosa em ambas as faces;
nervuras laterais 11–12 pares. Inflorescências
axilares, sésseis, glomérulos 1–2 cm compr.
Flores sésseis , livres; cálice truncado ou
curtamente 4–5-denteado, ca. 2 × 2 mm; corola
creme-esverdeada, face externa tomentosa,
1,4–2 × 1–2 mm, lobos 4–5, com apêndices
lineares, 0,5–1 mm compr.; estames 4–5,
sésseis, anteras oblongas, estigma 2-partido.
Drupas avermelhadas, elipsóides, 8–12 × 4–
5 mm, glabras.
Ocorre no Brasil, nos estados do
Amazonas e Pará. Na Reserva Ducke ocorre
preferencialmente em áreas perturbadas como
capoeiras e clareiras, podendo ocorrer
ocasionalmente em floresta de platô. Foi
coletada com flores e frutos em março e
novembro, e apenas com flores em abril
(Campos & Brito 1999: pág. 634, 647).
21.III.1996 (fl fr) Campos et al. 573 (INPA MO
NY SPF); XI.1972 (fl fr) Silva & Rodrigues 1051
(INPA NY US); 2.IV.1971 (fl) Prance et al. 11281
(INPA NY).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
585
Material adicional examinado: BRASIL. PARÁ: via
férrea Belém-Bragança, Peixe Boi, 21.III.1927 (fl) Ducke
23210 (IAN K RB – material-tipo de M. triphylla).
24. Pagamea Aubl.
Arbustos ou arvoretas hermafroditas.
Ramos cilíndricos. Estípulas unidas numa
bainha cilíndrica com 4–8 setas decíduas no
ápice. Folhas opostas, pecioladas, decussadas.
Inflorescências axilares ou às vezes
“pseudoterminais” (quando dois ou mais ramos
encontram-se inseridos lateralmente em
relação à gema apical do ramo), 1–multifloras,
espiciformes, cimosas, tirsóides ou paniculadas.
Flores bissexuais, homostílicas ou distílicas;
cálice cupular, truncado ou 4–6-denteado;
corola rotácea ou campanulada, alva ou
creme-esverdeada, 4(–5)-lobada, densamente
pubescente internamente, prefloração valvar;
estames 4 (5), exsertos, inseridos na região
da fauce, anteras basifixas; ovário súpero,
bilocular, óvulos 1 por lóculo; estigma inteiro.
Frutos drupáceos, elipsóides a subglobosos,
súperos, carnosos, negros ou atrovioláceos,
envolvidos pelo cálice cupular persistente;
pirênios 2, plano-convexos, unisseminados.
Gênero com cerca de 40 espécies, a
maioria da região norte da América do Sul,
particularmente Venezuela, Guianas, Brasil,
Colômbia e Peru (Taylor et al. 2004). As estípulas
unidas numa bainha terminal, apicalmente setosas
e decíduas, o ovário súpero (raro na família) e
os frutos cupulados semelhantes aos de
Lauraceae caracterizam este gênero.
24.1 Pagamea macrophylla Spruce ex Benth.,
J. Linn. Soc., Bot. 1: 110. 1857.
Fig. 3a
Arvoretas ou árvores, 6–10 m alt., 6–
10 cm diâm. Tronco circular, algumas vezes
nodoso, base reta ou levemente digitada.
Ritidoma bege-acinzentado ou marromavermelhado, finamente estriado, escamoso;
exterior da casca marrom, fibrosa, fina, ca. 0,5
mm de espessura; casca internamente rosada,
1–2 mm espessura; alburno creme a amarelado,
odor suave. Ramos cilíndricos, glabros a
esparsamente pubescentes. Estípulas 4,2–7,5
× 0,4 mm, glabras, setas 1–2 mm compr. Folhas
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
586
com pecíolo 1,1–2,7 cm compr., glabro; lâmina
lanceolada a elíptica, 11–22 × 5,9–7,5 cm, ápice
acuminado, base atenuada, glabra em ambas as
faces; nervuras laterais 5–8 pares, impressas na
face adaxial. Inflorescências racemosas, 8–10
cm compr., com pequenos grupos de 2–5 flores
sésseis distribuídos ao longo dos eixos. Flores
sésseis; cálice truncado a curto-denteado; corola
verde-amarelada, rotácea, 5–6 mm compr.,
glabra externamente, lobos densamente pilosos,
tricomas alvos. Drupas negras, globosas, 1,5–
2,1 × 0,8–0,15 cm, glabras, cúpula do cálice
amarelada ou avermelhada.
Apresenta distribuição conhecida apenas
para o Norte do Brasil mas é provavel que
ocorra também na Colômbia. Na Reserva
Ducke foi observada em todos os ambientes,
florescendo de fevereiro a agosto e frutificando
de fevereiro a junho (Campos & Brito 1999:
pág. 626, 646, 647).
12.V.1994 (fr) Vicentini et al. 539 (INPA MO NY
SPF); 16.VI.1994 (fl) Ramos & Silva 2842 (INPA K
MO NY SPF); 4.VI.1993, Ribeiro et al. 841, 1841
(INPA K MO NY SPF); 3.II.1995 (fr) Vicentini et al.
839 (INPA K MO NY SPF); 28.IV.1995 (fr) Ribeiro et
al. 1616 (INPA K MO NY SPF); 26.IV.1996 (fl)
Ribeiro et al. 1821 (INPA K MO SPF); 13.III.1996
(fr) Campos & Silva 546 (INPA K MO SPF);
31.VIII.1966 (fl) Prance et al. 2130 (INPA K NY).
25. Palicourea Aubl.
Arvoretas ou árvores hermafroditas.
Ramos cilíndricos, triangulares ou quadrangulares;
madeira tipicamente quebradiça. Estípulas unidas
ao redor do caule numa bainha, geralmente
bilobadas de cada lado, persistentes. Folhas
opostas ou 3–4-verticiladas, decussadas,
subsésseis ou pecioladas. Inflorescências
terminais, paniculadas ou cimosas, geralmente
coloridas. Flores bissexuais, geralmente
distílicas; cálice subtruncado ou 5-lobado; corola
tubular ou infundibuliforme, frequentemente
colorida, gibosa na base, internamente glabra
exceto por um anel piloso acima da base gibosa,
5-lobada, prefloração valvar; estames 5,
inseridos na porção mediana a superior do tubo
da corola, anteras dorsifixas, inclusas ou
exsertas; ovário 2(–5)-locular, óvulos 1 por
lóculo; estigma 2(–5)-partido. Infrutescências
geralmente coloridas. Frutos drupáceos,
elipsóides ou subglobosos, carnosos, arroxeados,
azuis ou negros; pirênios 2, plano-convexos,
geralmente costados, unisseminados.
Gênero neotropical com cerca de 200
espécies, do México, Caribe, América Central
e principalmente na América do Sul (Taylor
1997), assemelha-se a Psychotria subg.
Heteropsychotria, do qual se distingue pela
corola estreita (não gibosa) na base, podendo
ser pilosa internamente mas, neste caso, nunca
apresentando um anel de tricomas abaixo do
terço inferior do tubo. Palicourea é
frequentemente confundida com Isertia; em
Isertia as estípulas são intrapeciolares ou
profundamente lobadas e aparentemente livres,
as anteras são loceladas, e os pirênios são
multisseminados.
Chave para as espécies de Palicourea na Reserva Ducke
1.
Folhas (3)4-verticiladas; estípulas com a porção interpeciolar truncada ou largamente triangular,
e às vezes bilobada, com lobos lineares; pirênios lisos.
2. Brácteas florais 4–11 mm compr.; frutos com 2 pirênios ..................... 3. P. corymbifera
2’. Brácteas florais 1,2–2 mm compr.; frutos com 5 pirênios ...............................8. P. virens
1’. Folhas opostas; estípulas com a porção interpeciolar truncada ou em forma de U, bilobadas,
lobos arredondados, ligulados ou triangulares; pirênios com 3–5 sulcos longitudinais.
3. Inflorescências piramidais ou cilíndricas, mais longas do que largas, com perfil triangular,
com 6 ou mais pares de ramos secundários desenvolvidos.
4. Inflorescências cilíndricas, vermelhas ou róseas, 1,5–3 cm larg.; corolas vermelhas,
violetas ou rosadas; frutos secos elipsóides, lateralmente achatados, pirênios com 3–
5 cristas longitudinais agudas separadas por sulcos largos, côncavos ......................
.......................................................................................................... 2. P. anisoloba
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
b
1 cm
a
1 cm
587
1 cm
1 cm
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
c
2 cm
d
1 cm
e
f
1 cm
1 cm
1 cm
1 cm
j
1 cm
g
1 cm
i
h
k
l
Figura 3 – a. Pagamea macrophylla, fruto (Ribeiro 841); b. Palicourea longistipulata, detalhe do ramo
mostrando estípula bilobada (Nascimento 633); c. Palicoura longiflora, detalhe da inflorescência (Nascimento
634); d. Psychotria turbinella, ramo mostrando inflorescência involucrada e estípulas bilobadas (Pacheco
109); e. Remijia amazonica, detalhe da estípula e das inflorescências laterais (Ducke 194); f. Ronabea
latifolia, detalhe do ramo mostrando estípula e frutos laterais (Campos 478); g. Rudgea gracilliflora, detalhe
da inflorescência (Assunção 393); h. Sabicea amazonensis, detalhe da inflorescência bracteada (Costa 207);
i. Schradera polycephala, parte apical do ramo mostrando estípulas e infrutescência (Campos 502); j. Sipanea
pratensis, parte apical do ramo mostrando inflorescência (Costa 43); k. Spermacoce verticillata, parte apical
do ramo mostrando estípulas e inflorescências (Costa 56); l. Warszewiczia schwackei, detalhe da infrutescência
com bráctea corolina (Ducke 24380).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
588
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
4’. Inflorescências piramidais, alaranjadas ou avermelhadas, 7,5–13 cm larg.; corolas amarelas;
frutos secos ovóides ou subglobosos, pirênios com 3–5 cristas longitudinais arredondadas
separadas por sulcos estreitos ................................................................ 4. P. guianensis
3’. Inflorescências corimbiformes, mais largas do que longas, com perfil arredondado até plano no
ápice, com 1–4 pares de ramos secundários desenvolvidos.
5. Flores subsésseis em cimeiras congestas, cada uma acompanhada por 1–3 brácteas de
1–7 mm compr., elípticas ou lanceoladas .......................................... 6. P. longistipulata
5’. Flores pediceladas em cimeiras abertas, ebracteadas ou os pedicelos acompanhados por
1-2 brácteas ou bractéolas de 0,3–1 mm compr., triangulares.
6. Corolas 9–16 mm compr., tubo densamente tomentoso externamente, lobos glabros
nigrescentes no material seco .............................................................. 7. P. nitidella
6’. Corolas 14–23 mm compr., tubo glabro a pubérulo externamente, lobos não distintos
do restante da corola no material seco.
7. Corolas purpúreas ou violetas; frutos secos 9–11 × 8–10 mm ..... 1. P. amapaensis
7’. Corolas amarelas na base passando a rosas ou purpúreas nos lobos; frutos secos
4–5 × 5–6 mm ........................................................................... 5. P. longiflora
25.1 Palicourea amapaensis Steyerm.,
Mem. New York Bot. Gard. 23: 765. 1972.
Arvoretas ou arbustos até 10 m alt., 5
cm diâm. Tronco circular de base reta. Ritidoma
marrom, estriado, com anéis transversais; exterior
da casca marrom-esverdeada; casca internamente
bege, ca. 3 mm de espessura; alburno cremealaranjado. Ramos cilíndricos ou quadrangulares,
glabros. Estípulas glabras, bainha 0,5–1 mm
compr., lobos arredondados, 0,5–1,5 mm compr.
Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 1–2 cm
compr.; lâmina elíptica ou lanceolada, 13–16
× 4–11.5 cm, ápice acuminado, base cuneada
ou obtusa, papirácea, glabra; nervuras laterais
7–11 pares, planas na face adaxial, salientes
na face abaxial. Inflorescências
corimbiformes, rosa intenso, 3,5–4,6 × 5–8 cm,
pedúnculo 3–4 cm compr., brácteas florais 0,30,5 mm compr. Flores com cálice 0,3–0,4 mm
compr., truncado ou curto-denteado; corola
purpórea ou violeta, de coloração uniforme,
glabra externamente, tubo 2,2–2,3 cm compr.,
2–3 mm diâm. na porção mediana, lobos 2–4
mm compr. Drupas elipsóides, 0,9–1,1 × 0,8–
1 cm; pirênios com 3–5 sulcos longitudinais.
Ocorre na Guiana Francesa e no Brasil,
nos estados do Amazonas e Amapá. Na Reserva,
foi coletada na floresta de platô, apenas com
flores, em setembro e outubro (Campos &
Brito 1999: pág. 638).
11.X.1994 (fl) Vicentini et al. 725 (INPA MO NY
SPF), 28.IX.1994 (fl) Sothers et al. 184 (INPA MO
NY SPF); 2.IX.1996 (fl) Campos & Assunção 605
(INPA MO SPF).
25.2 Palicourea anisoloba (Müll. Arg.) B.
Boom & M.T. Campos, Bol. Mus. Par. Emílio
Goeldi, Sér. Bot. 7(2): 243. 1991.
Psychotria anisoloba Müll. Arg., Fl.
bras. 6(5): 237. 1881.
Palicourea duckei Standley, Publ. Field
Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 22: 195. 1940.
Árvores, arvoretas ou arbustos até 8
m alt., 4 cm diâm. Ritidoma marrom, estriada;
exterior da casca marrom, menos de 1 mm
espessura; casca internamente creme com
estrias alaranjadas, ca. 2 mm espessura;
alburno bege. Ramos cilíndricos ou
quadrangulares, glabros. Estípulas glabras,
bainha 0,5–1 mm compr., lobos agudos, 2–4
mm compr. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 5–20 mm compr.; lâmina elíptica, 7–
30 × 2,5–11,5 cm, ápice acuminado, base
aguda, cuneada ou obtusa, papirácea, glabra
ou pubérula na face abaxial; nervuras laterais
9–20 pares, planas na face adaxial, salientes
na face abaxial. Inflorescências cilíndricas,
vermelho-arroxeadas ou rosa-fortes, 6–17 ×
1,5–4 cm, pedúnculo 4–11,5 cm compr.,
brácteas florais 0,5-1 mm compr. Flores com
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
cálice 0,3–0,8 mm compr., truncado ou curtolobado, vermelho ou rosa-amarelado; corola
vermelha, violeta ou rosa, pubérula ou pilosa
externamente, tubo 1,8–2 cm compr., 2–3 mm
diâm. na porção mediana, lobos 1,5–2 mm
compr. Drupas elipsóides, ca. 7 × 5 mm;
pirênios com 3–5 com sulcos longitudinais.
Ocorre somente no Brasil, na região de
Manaus. Na Reserva, foi coletada na floresta
de baixio e vertente, com flores de julho a
outubro, com frutos de fevereiro a abril
(Campos & Brito 1999: pág. 625, 626, 638).
11.VII.1994 (fl) Vicentini & Assunção 594 (INPA
MO); 7.VIII.1994 (fl) Vicentini et al. 661 (INPA
MO); 2.IX.1996 (fl) Campos & Silva 600 (INPA
MO); 21.IX.1994 (fl) Ribeiro & Silva 1429 (INPA
MO); 19.X.1994 (fl) Costa et al. 15 (INPA MO);
26.X.1995 (fl) Ribeiro 1752 (INPA MO); 10.II.1996
(fr) Campos et al. 477 (INPA MO); 6.III.1988 (fr)
Santos & Lima 848 p.p. (INPA MO SPF); 7.IV.1988
(fr) Santos & Lima 878 (INPA K MO); 7.X.1966 (fl)
Prance et al. 2621 (INPA K NY).
25.3 Palicourea corymbifera (Müll. Arg.)
Standl., Publ. Field Columbian Mus., Bot. Ser.
7: 127. 1930.
Arvoretas ou arbustos até 7 m alt.,
7 cm diâm. Tronco circular, com anéis
transversais proeminentes e lenticelas
circulares em pequena quantidade. Ritidoma
marrom, liso, com estrias longitudinais; exterior
da casca marrom-esverdeada ou verde; casca
internamente creme, fibrosa; alburno creme;
odor suave. Ramos cilíndricos ou angulares,
fistulosos, glabros ou pubérulos. Estípulas
glabras ou pubérulas, bainha 2–6 mm compr.,
truncada ou largamente triangular, lobos
lineares, 0,5–1 compr. Folhas 4-verticiladas,
pecioladas; pecíolo 3–15 mm compr.; lâmina
elíptica, 10–35 × 3–9 cm, ápice acuminado,
base cuneada ou aguda, papirácea, glabra ou
pubérula; nervuras laterais 11–28 pares, planas
na face adaxial, salientes na face abaxial.
Inflorescências corimbiformes, alaranjadas
ou amareladas, 4,5–9 × 6–12 cm, pedúnculo
4–11,5 cm compr., brácteas florais 4–11 mm
compr. Flores com cálice 0,2–0,3 mm compr.,
denteado ou subtruncado; corola amarela,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
589
acastanhada ou rosada, densamente hirtela ou
glabrescente externamente, tubo 8–12 mm
compr., 2,5–3 mm diâm. na porção mediana,
lobos 1–2 mm compr. Drupas elipsóides, ca.
3 × 5 mm; pirênios lisos.
Ocorre na Guiana Francesa, Venezuela
e Brasil, na região amazônica. Na Reserva,
foi coletada na floresta de platô e vertente,
com flores de setembro a dezembro e com
frutos de dezembro a março (Campos & Brito
1999: pág. 626, 633, 647).
14.IX.1987 (fl) Pruski et al. 3240 (INPA); 17.IX.1987
(fl) Pruski et al. 3280 (INPA); 2.IX1996 (fl) Campos
& Silva 601 (INPA MO); 22.III.1996 (fr) Campos
et al. 579 (INPA K MO NY); 1.IX.1996 (fl) Prance
et al. 2147 (MO NY W); 2.IX.1997, Costa & Pereira
769 (INPA MO); 12.XII.1996 (fl) Assunção et al.
437 (INPA K MO); 11.X.1996 (fl) Sothers et al. 912
(MO); 12.XII.1996 (fr) Sothers et al. 953 (INPA K
MO); 1.IX.1966 (fl) Prance et al. 2147 (INPA K
NY).
25.4 Palicourea guianensis Aubl., Hist. Pl.
Guiane 1: 173, t. 66. 1775.
Arvoretas ou árvores até 8 m alt., 5
cm diâm. Tronco circular, base reta. Ritidoma
com exterior da casca marrom-escuro ou
marrom-claro, levemente fissurado; casca
internamente bege, fibrosa; alburno creme ou
branco; odor agradável. Ramos cilíndricos ou
quadrangulares, glabros ou pubérulos.
Estípulas glabras ou pubérulas, bainha 1–5 mm
compr., lobos arredondados, 3–8 mm compr.
Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 0,8–3 cm
compr.; lâmina elíptica ou ovada, 18–35 × 7–
17 cm, ápice acuminado, base cuneada ou
obtusa, papirácea, glabra ou pubérula; nervuras
laterais 18–19 pares, planas ou salientes na
face adaxial, salientes na face abaxial.
Inflorescências piramidais, amarelas, 8–15
× 7–15 cm, pedúnculo 6–12 cm compr.,
brácteas florais 0,5-1,0 mm compr. Flores
com cálice 0,3–0,8 mm compr., curto-denteado;
corola amarela, externamente pubérula, tubo
9–25 mm compr., 1,5–2,5 mm diâm. na porção
mediana, lobos 1,5–2 mm compr. Drupas
ovóides, 4–7 × 3,5–5 mm; pirênios com 3–5
sulcos longitudinais.
590
Apresenta ampla distribuição, ocorrendo
no México, Caribe, Bolívia e no Brasil. Na
Reserva, foi coletada em todos os ambientes,
com flores de outubro a novembro, com frutos
fevereiro, março e julho (Campos & Brito
1999: pág. 626, 638).
24.X.1994 (fl) Sothers 237 (INPA); 22.III.1994 (fr)
Vicentini et al. 432 (INPA K MO SPF); 8.XI.1994
(fl) Nascimento & Silva 628 (INPA K MO SPF);
26.II.1996 (fr) Campos & Pereira 522 (INPA K MO
NY SPF); 5.VII.1993 (fr) Ribeiro et al. 1029 (INPA
K MO NY SPF); 10.X.1966 (fl.), Assunção 414 (INPA
K SPF); 6.III.1988 (fr) Santos & Lima 848 p.p. (INPA
K NY); 7.II.2000 (fr) Anunciação & Pereira 785
(INPA SP SPF).
25.5 Palicourea longiflora DC., Prodr. 4:
528. 1830.
Fig. 3c
Arvoretas ou arbustos até 4 m alt., 3
cm diâm. Ramos cilíndricos ou quadrangulares,
glabros ou pubérulos. Estípulas glabras ou
pubérulas, bainha 0,5–1 mm compr., lobos
agudos, 0,5–0,8 mm compr. Folhas opostas,
pecioladas; pecíolo 3–11 mm compr.; lâmina
elíptica ou ovada, 6–20 × 3,5–8 cm, ápice agudo
ou acuminado, base cuneada ou obtusa,
papirácea, glabra ou pubérula, na face abaxial
algumas vezes arroxeada; nervuras laterais 7–
13 pares, planas na face adaxial, salientes na
face abaxial. Inflorescências corimbiformes,
alaranjadas ou amareladas, 3–6 × 4–8 cm,
pedúnculo 4–8,5 cm compr., brácteas florais
0,5-2 mm compr. Flores com cálice 0,2–0,5
mm compr., truncado ou curto-denteado;
corola com tubo amarelo e lobos violáceos ou
arroxeados, externamente pubérula, tubo 23–
28 mm compr., 1,5–3 mm diâm. na porção
mediana, lobos 2–3 mm compr. Drupas
ovóides, 4–5 × 5–6 mm; pirênios com 3–5
sulcos longitudinais.
O homônimo Palicourea longiflora
(Aubl.) Rich. (Mém. Rubiaceae 95, t. 9, f. 2.
1829 [publ. dez. 1930]) foi publicado após o
nome de De Candolle, que data de setembro
de 1930, e que tem prioridade sobre o nome
publicado por Richard (Taylor et al. 2004).
Esta espécie ocorre na Guiana Francesa,
Suriname, Venezuela e Brasil, nos estados da
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
região amazônica. Na Reserva, foi coletada
na floresta de vertente, com flores em março
e novembro, com frutos em fevereiro e março
(Campos & Brito 1999: pág. 626, 636).
10.XI.1994 (fl) Nascimento & Silva 634 (INPA K
MO NY SPF); 5.III.1996 (fr) Campos & Silva 532
(INPA MO SPF); 8.II.1996 (fr) Campos et al. 460
(INPA MO); 23.XI.1995 (fl) Ribeiro et al. 1769
(INPA K MO SPF); 1.XI.1991 (fl) J. Ramos & J.
Guedes 1743 (NY); 25.III.2000 (fr) Anunciação &
Pereira 862 (INPA SP).
25.6 Palicourea longistipulata (Müll. Arg.)
Standl. subsp. longistipulata Publ. Field
Columbian Mus., Bot. Ser. 7: 140. 1930.
Arvoretas ou arbustos até 5 m alt., ca.
4 cm diâm. Tronco cilíndrico, base reta.
Ritidoma marrom-acizentado, liso, rígido,
desprendimento pulverulento; exterior da
casca
marrom-acinzentada;
casca
internamente bege ou amarela, fibrosa; alburno
bege ou branco. Ramos cilíndricos ou
quadrangulares, pilosos. Estípulas pilosas,
bainha 2–4,5 mm compr., lobos agudos, 3–26
mm compr. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 4–20 mm compr.; lâmina elíptica, 12–
40 × 3,5–15 cm, ápice agudo ou acuminado,
base cuneada ou aguda, papirácea, pilosa;
nervuras laterais 11–17 pares, planas na face
adaxial, salientes na face abaxial.
Inflorescências corimbiformes, vermelhas ou
vermelho-alaranjadas, 2–7,5 × 3–13 cm,
pedúnculo 1,5–10 cm compr., címulas
acompanhadas por 1–3 brácteas florais de 1–
7 mm compr. Flores com cálice 1–1,3 mm
compr., curto-denteado; corola vermelhoamarelada, vinácea ou vermelha, externamente
densamente pilosa, tubo 8–12 mm compr., 1,5–
2,5 mm diâm. na porção mediana, lobos 1–1,5
mm compr. Drupas ovóides, 4–5 × 3–4 mm;
pirênios com 3–5 sulcos longitudinais. Fig. 3B.
Esta espécie ocorre nas Guianas,
Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia e Brasil,
da região amazônica até o Norte do Mato
Grosso. Na Reserva, foi coletada em todos os
ambientes, com flores em novembro, com
frutos em janeiro, fevereiro e junho (Campos
& Brito 1999: pág. 626, 634).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
15.II.1996 (fr) Campos et al. 497 (INPA); 1.XI.1994
(fl) Ribeiro et al. 1463 (INPA NY), 1.XI.1994 (fl)
Ribeiro et al. 1471 (INPA NY); 3.VI.1993 (fr) Ribeiro
et al. 815 (INPA MO NY SPF); 18.I.1996 (fr) Pirani
et al. 3654 (INPA MO); 10.XI.1994 (fl) Nascimento
& Silva 633 (INPA K MO NY SPF); 25.XI.1994 (fl)
Assunção 96 (INPA K MO NY SPF).
25.7 Palicourea nitidella (Müll. Arg.) Standl.,
Publ. Field Columbian Mus., Bot. Ser. 7: 142.
1930.
Palicourea lanata (Müll. Arg.) Standl.,
Publ. Field Columbian Mus., Bot. Ser. 8: 381.
1931.
Arvoretas ou arbustos até 2 m alt. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares, glabros, às vezes
fistulosos. Estípulas glabras, bainha 1–1,5 mm
compr., lobos agudos, 2–7 mm compr. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 5–30 mm compr.;
lâmina elíptica ou ovada, 10–31 × 3,5–12 cm,
ápice agudo ou acuminado, base cuneada ou aguda,
papirácea, glabra ou pubérula; nervuras laterais
12–17 pares, salientes em ambas as faces.
Inflorescências corimbiformes, vermelhas, 2–
5,5 × 3–8 cm, pedúnculo 5–11,5 cm compr.,
brácteas florais 0,3-0,5 mm compr. Flores com
cálice 0,5–1 mm compr., curto-denteado; corola
vermelha ou róseo-avermelhada às vezes com
lobos brancos ou amarelos, tubo 11–14 mm
compr., externamente denso-pubescente, 2–4
mm diâm. na porção mediana, lobos 1,5–2 mm
compr., glabros, nigrescentes no material seco.
Drupas elipsóides ou subovóides, 4 × 4–4,5 mm;
pirênios com 3–5 sulcos longitudinais.
Ocorre na Venezuela, Colômbia, Peru e
Brasil, nos estados da região amazônica. Na
Reserva, foi coletada em baixios, capoeiras e
campinaranas, apenas com flores, em agosto
e de outubro a dezembro (Campos & Brito
1999: pág. 626, 638).
1.XI.1994 (fl) Ribeiro et al. 1470 (INPA); 8.VIII.1995
(fl) Souza et al. 67 (INPA MO SPF); 9.XII.1994, Costa
& Nascimento 44 (INPA K MO SPF); 12.X.1995 (fl)
Ribeiro et al. 1726 (INPA MO NY SPF); 8.VI.1995
(fl) Soares 212 (INPA MO); 26.XI.1977, Keel &
Balick 197 (NY), 200 (NY); 6.II.1998, Brito &
Assunção 54 (INPA K MO); 8.VIII.1995 (fl.) Souza
et al. 67 (INPA NY); Prance 2160 (INPA NY);
17.XI.1999 (fl) André 3186 (INPA SPF).
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
591
25.8 Palicourea virens (Poepp. & Endl.)
Standl., Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 11:
236. 1936.
Arvoretas ou arbustos até 4 m alt., ca.
3 cm diâm. Troncos com anéis transversais e
lenticelas em pequena quantidade. Ramos
cilíndricos ou angulares, glabros. Estípulas
glabras, bainha 2–5 mm compr., truncada ou
largamente triangular, lobos ( “aristas” em
Campos & Brito, 1999) lineares, 1–2 mm
compr. Folhas (3)4-verticiladas, pecioladas;
pecíolo 2–11 mm compr.; lâmina elíptica, 14–
42 × 3,5–12 cm, ápice acuminado, base aguda,
papirácea, glabra; nervuras laterais 12–22
pares, planas ou ligeiramente impressas na
face adaxial, salientes na face abaxial.
Inflorescências corimbiformes, amareladas
ou amarelo-ouro, 2,5–8 × 3–12 cm, pedúnculo
6–8 cm compr., brácteas florais 1,2–2 mm
compr. Flores com cálice ca. 0,3 mm compr.,
curto-denteado ou subtruncado; corola
amarela, externamente glabrescente, tubo 12–
25 mm compr., 2,5–3 mm diâm. na porção
mediana, lobos 2,5–3 mm compr. Drupas
elipsóides, ca. 3 × 5 mm; pirênios 5, lisos.
Esta espécie ocorre no Brasil, nos
estados do Pará e Amazônas. Na Reserva,
foi coletada na floresta de platô e vertente,
com flores em julho e agosto, com frutos em
fevereiro e outubro. Segundo Campos & Brito
(1999: pág. 626, 632) as folhas jovens desta
espécie apresentam coloração arroxeada.
7.VII.1993 (fl) Ribeiro et al. 1054 (INPA NY);
13.X.1994 (fr) Vicentini et al. 751 (INPA NY);
22.VIII.1996 (fl) Costa & Silva 562 (INPA MO SPF);
30.VII.1996 (fl) Azevedo et al. 7947 (INPA MO);
9.II.1996 (fr) Campos et al. 470 (INPA MO NY);
11.VII.1994 (fl) Vicentini & Assunção 591 (INPA MO
NY); 9.IX.1961, Rodriguez & Coelho 3228 (NY).
26. Posoqueria Aubl.
Árvores, arvoretas ou arbustos
hermafroditas. Ramos cilíndricos, geralmente
espessados. Estípulas interpeciolares,
triangulares ou ovadas, persistentes ou decíduas.
Folhas opostas, decussadas, pecioladas,
geralmente bem desenvolvidas e subcoriáceas.
Inflorescências terminais, corimbosas ou
592
umbeladas. Flores bissexuais, homostílicas,
noturnas, vistosas; cálice 5-denteado; corola
longamente salverforme, alva ou cremeamarelada, de tubo prolongado, internamente
glabro ou papiloso, 5-lobada, prefloração
imbricada; estames 5, iguais ou pouco desiguais,
inseridos na região da fauce da corola, anteras
basifixas, exsertas; ovário 2-locular ou
incompletamente 1-locular, óvulos muitos por
lóculo; estigma 1-partido. Frutos bacáceos,
globosos a ovóides, lenhosos ou coriáceos,
geralmente bem desenvolvidos, pardos ou
alaranjados; sementes numerosas, angulosas ou
subglobosas, imersas numa polpa gelatinosa.
Gênero com cerca de 20 espécies no
México, Caribe, América Central e América
do Sul tropical (Taylor et al. 2004). Pode ser
diferenciado pelas folhas e estípulas
conspícuas e geralmente coriáceas, flores
alvas com o tubo bem desenvolvido e estreito,
e fruto globoso, bem desenvolvido, com muitas
sementes imersas numa polpa gelatinosa.
Posoqueria é freqüentemente confundido
com Tocoyena, mas distingue-se por
apresentar o ápice do botão floral às vezes
recurvado (não reto), a prefloração imbricada
(não contorta), estames às vezes assimétricos,
e sementes angulosas ou subglobosas (não
comprimidas). As flores alvas são odoríferas
principalmente durante a noite, e são
provavelmente polinizadas por mariposas.
26.1 Posoqueria sp.
Árvores até 8 m alt. Ritidoma marrom;
casca internamente marrom-avermelhada.
Ramos cilíndricos, estriados, glabros e
fistulosos. Estípulas 1,8–2 × 0,4–0,5 cm,
glabras. Folhas com pecíolo 1,6–2,8 cm
compr., glabro; lâmina ovada, largo-elíptica a
largo-lanceolada, 28–30 × 14–17 cm, ápice
agudo a curto-acuminado, base obtusa,
margem revoluta, coriácea, glabra na face
adaxial, hírtula na face abaxial; nervuras
laterais 8–10 pares, nervação finamente
saliente na face abaxial. Inflorescências e
flores não vistas. Bagas globosas, bem
desenvolvidas, glabras, 7–8 × 7–8 cm;
sementes tetragonais, 9–17 × 11–17 mm.
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
A identificação ao nível específico destes
espécimes não foi possível devido à ausência
de flores no material coletado, mas é provavel
que se trate de Posoqueria latifolia (Rudge)
Roem. & Schult. ou de P. maxima Standl. Na
Reserva, estes espécimes foi coletada na
floresta de platô, com frutos em julho e agosto.
Campos & Brito (1999: pág. 642).
12.VIII.1993 (fr) Ribeiro et al 1129 (INPA MO NY);
3.VII.1963 (fr) Rodriguez et al. 13998 (INPA).
27. Psychotria L.
Arvoretas, árvores, arbustos ou ervas
hermafroditas. Ramos cilíndricos ou
quadrangulares; madeira tipicamente
quebradiça. Estípulas interpeciolares, unidas
ao redor do caule numa bainha geralmente
bilobada ou num capuz cônico, persistentes ou
decíduas. Folhas opostas, decussadas,
subsésseis ou geralmente pecioladas.
Inflorescências terminais, paniculadas ou
corimbiformes, tirsóides, cimosas ou capitadas,
verdes ou coloridas, com brácteas às vezes
bem desenvolvidas. Flores bissexuais,
geralmente distílicas; cálice subtruncado ou 5lobado; corola tubular ou infundibuliforme,
geralmente alva, amarela ou esverdeada,
glabra ou pubescente no interior, tubo com base
estreita, 5-lobada, prefloração valvar; estames
5, inseridos na porção mediana a superior do
tubo da corola, anteras dorsifixas, inclusas ou
exsertas; ovário 2-locular, óvulos 1 por lóculo;
estigma 2-partido. Frutos drupáceos,
elipsóides ou subglobosos, às vezes bilobados,
carnosos, vermelhos, alaranjados, arroxeados,
azuis ou negros; pirênios 2, 1-loculares, planoconvexos, geralmente costados.
Gênero pantropical que compreende
mais de 1000 espécies, com possivelmente 600
espécies neotropicais (Taylor et al., 2004).
Psychotria é relacionada com Palicourea,
sendo que Palicourea se distingue pela corola
gibosa na base, geralmente amarela, vermelha,
arroxeada ou azul, e com o interior da corola
possuindo um anel de tricomas abaixo do terço
inferior do tubo. Psychotria é também
frequentemente confundida com Rudgea; em
Rudgea as estípulas são glandular-setosas a
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
593
laciniadas e nunca bilobadas. Na América do
Sul Psychotria compreende dois subgêneros,
o subg. Psychotria, com estípulas
interpeciolares ou caliptradas e decíduas e frutos
vermelhos ou alaranjados, e o subg.
Heteropsychotria, com estípulas persistentes,
geralmente unidas ao redor do caule formando
um tubo e bilobadas, e os frutos geralmente
azuis ou negros. Ronabea e Margaritopsis
foram recentemente separados de Psychotria
(ver chave para os gêneros) enquanto
Carapichea Aubl. provavelmente merece ser
segregado, porém sua delimitação ainda não é
muito bem compreendida. A distribuição
espacial, o habitat e a riqueza de espécies de
Psychotria e gêneros relacionados na Reserva
Ducke foram estudadas por Kinupp (2002) e
Kinupp & Magnusson (2005).
Chave para as espécies de Psychotria
1.
1.
Ervas prostradas ............................................................................................ 28. P. variegata
Ervas eretas, subarbustos, arbustos, arvoretas ou árvores.
2. Inflorescências capitadas ou glomeruladas, não ramificadas, flores inseridas num mesmo
ponto, sésseis a subsésseis.
3. Inflorescências com brácteas involucrais estreitas (0,5–2 mm larg.), flores não ocultas
pelas brácteas.
4. Estípulas laceradas, com vários lobos lineares; inflorescências com pedúnculos
2,5–4,5 cm compr .......................................................... 23. P. sphaerocephala
4. Estípulas bilobadas, lobos triangulares; inflorescências sésseis ou subsésseis.
5. Folhas glabras na face adaxial; inflorescências subsésseis .........................
.................................................................................. 3. P. bremekampiana
5. Folhas hirsutas ou hirtelas na face adaxial; inflorescências sésseis ............
......................................................................................... 11. P. iodotricha
3. Inflorescências protegidas por brácteas involucrais largas (5–30 mm larg.), flores
parcialmente ocultas pelas brácteas.
6. Brácteas involucrais truncadas ou arredondadas; estípulas truncadas ou com
lobos deltóides, 0,5–1,5 mm compr. ou estreitamente triangulares e 3–6 mm compr.
7. Estípulas com lobos 3–6 mm compr.; pedúnculo 10–15 mm compr. ...........
.......................................................................................... 27. P. turbinella
7. Estípulas truncadas ou com lobos 0,5–1,5 mm compr.; pedúnculo ausente ou
até 5 mm compr.
8. Inflorescências eretas, esbranquiçadas, com brácteas involucrais 15–
18 mm compr. .................................................................... 1. P. apoda
8. Inflorescências pêndulas, verdes, com brácteas 5–8 mm compr. ........
...................................................................................18. P. platypoda
6. Brácteas involucrais agudas ou acuminadas; estípulas bilobadas com lobos
estreitamente triangulares a lineares, 2–16 mm compr.
9. Plantas glabras ou pubérulas................................................. 4. P. colorata
9. Plantas pilosas ou hirsutas.
10. Inflorescências com brácteas involucrais 2, ovadas, 20–30 mm larg. ..
.............................................................................. 19. P. poeppigiana
10. Inflorescências com brácteas involucrais 4–6, lanceoladas, 4–6 mm larg
....................................................................................... 21. P. prancei
2. Inflorescências ramificadas ao menos uma vez, cimosas a paniculadas.
11. Brácteas florais ausentes ou até 1 mm compr., não ultrapassando nem recobrindo o cálice.
12. Estípulas inteiras, oblanceoladas ou obovadas, decíduas ...15. P. mapourioides
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
594
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
12. Estípulas bilobadas, geralmente persistentes.
13. Estípulas (bainha + lobos) 11–20 mm compr. ............................ 16. P. microbotrys
13. Estípulas (bainha + lobos) 0,5–8 mm compr.
14. Nervuras secundárias atingindo a margem da folha, margem geralmente
espessada.
15. Flores separadas em címulas dicotômicas ................. 25. P. subundulata
15. Flores agrupadas em glomérulos.
16. Flores em glomérulos 2–3-floros, cada ramo secundário da
inflorescência com 2–5 glomérulos .......................12. P. longicuspis
16. Flores em glomérulos 5–7-floros, cada ramo secundário da
inflorescência com apenas 1 glomérulo ............... 20. P. polycephala
14. Nervuras secundárias reticuladas, não atingindo a margem da folha, margens
não espessadas.
17. Flores sésseis em glomérulos produzidos nos ramos finais das
inflorescências; frutos bilobados, pirênios lisos ................ 5. P. cornigera
17. Flores subsésseis ou curtamente pediceladas, distribuídas nos ramos
secundários da inflorescência; frutos elipsóides ou subglobosos, pirênios
verrucosos ou costados.
18. Estípulas com lobos ca. 0,5 mm compr. ............. 14. P. manausensis
18. Estípulas com lobos 1–5 mm compr.
19. Pirênios verrucosos; frutos 3–3,5 × 2,5–3 mm; nervuras laterais
5–10 pares ................................................................ 6. P. deflexa
19. Pirênios com cristais longitudinais e faces planas; frutos 3,5–4 ×
4,5–5,5 mm; nervuras laterais 11–13 pares .... 17. P. paniculata
11. Brácteas florais 2,5–20 mm compr., ultrapassando e cobrindo o cálice.
20. Brácteas da inflorescência elípticas, oblanceoladas, ovadas ou lanceoladas, 3–15 mm
larg.; corola tubular ou estreitamente infundibuliforme, com tubo 9–20 mm compr.
21. Estípulas (bainha + lobos) 10–20 mm compr. ................................. 24. P. stipulosa
21. Estípulas (bainha + lobos) 0,5–9 mm compr.
22. Brácteas da inflorescência lanceoladas a ovadas; folhas com nervuras
secundárias geralmente salientes na face adaxial ........... 10. P. humboldtiana
22. Brácteas da inflorescência elípticas a oblanceoladas; folhas com nervuras
secundárias planas na face adaxial.
23. Lobos das estípulas 3–7 mm compr.; tubo da corola c. 5 mm compr. ......
............................................................................................ 13. P. lupulina
23. Lobos das estípulas 0,5–1 mm compr.; tubo da corola 9–10 mm compr ..
................................................................................. 22. P. rhombibractea
20. Brácteas da inflorescência elípticas a lineares, 1–5 mm larg.; corola infundibuliforme,
com tubo 3–14 mm compr.
24. Ramos da inflorescência hirsutos ou hirtelos ......................... 26. P. trichocephala
24. Ramos da inflorescência glabros ou pubérulos.
25. Nervuras laterais da folha atingindo a margem espessada .......... 7. P. egensis
25. Nervuras laterais reticuladas, não atingindo a margem da folha.
26. Folhas com nervuras intersecundárias bem desenvolvidas, mais longas que
as nervuras secundárias ............................................. 2. P. araguariensis
26. Folhas sem nervuras intersecundárias ou as mesmas inconspícuas, não
atingindo a metade das nervuras secundárias.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
595
27. Brácteas principais da inflorescência 18–23 mm compr. ................................ 13. P. lupulina
27. Brácteas principais da inflorescência 3–8 mm compr.
28. Brácteas florais elípticas, 2–4 mm long. .................................................. 8. P. gracilenta
28. Brácteas florais estreitamente triangulares, 4–8 mm compr. .... 9. P. hoffmannseggiana
27.1 Psychotria apoda Steyerm., Mem. New
York Bot. Gard. 23: 668. 1972.
Ervas ou subarbustos, ca. 20 cm alt.
Ramos cilíndricos ou quadrangulares, glabros.
Estípulas unidas ao redor do ramo, glabras ou
pubérulas, persistentes, 2–4,5 mm compr.,
truncadas ou arredondadas. Folhas
pecioladas; pecíolo 0,7–1,5 cm compr.; lâmina
elíptica ou elíptico-oblonga, 8–14 × 2–5 cm,
ápice acuminado, base cuneada ou obtusa,
papirácea, glabra ou pubérula; nervuras
laterais 12–15 pares, planas na face adaxial.
Inflorescências terminais, capitadas, glabras
ou pubérulas, esbranquiçadas, sésseis, 1,5–2,5
cm diâm., com brácteas involucrais, as
externas oblongas ou liguladas, 1,5–1,8 cm
compr., truncadas. Flores com cálice 1–1,5
mm compr., brevemente lobado; corola tubular
ou infundibuliforme, alva, externamente glabra,
tubo 1–1,2 cm compr., lobos ca. 2 mm compr.
Drupas elipsóides, ca. 1,2 × 1,5 cm, azuis;
pirênios 2, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Colômbia, Venezuela, as Guianas
e ao norte e noroeste do Brasil. Na Reserva, foi
coletada apenas em floresta de baixio e com flores
em outubro (Campos & Brito 1999: pág. 639).
25.X.1994 (fl) Sothers 239 (INPA).
27.2 Psychotria araguariensis Steyerm.,
Mem. New York Bot. Gard. 23: 588. 1972.
Arvoretas ou arbustos até 5 m alt., ca.
3,5 cm diâm. Tronco circular de base reta.
Ritidoma marrom escuro, com anéis
transversais e lenticelas; exterior da casca
marrom; casca internamente marrom com
estria bege; alburno amarelo; odor suave.
Ramos cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao
redor do ramo, glabras, persistentes, 3–4 mm
compr., lobos 2 de cada lado, obtusas ou
agudas, às vezes curto-aristadas. Folhas
pecioladas; pecíolos 0,5–1,2 cm compr.; lâmina
elíptica, 9–20 × 2,5–7 cm, ápice acuminado,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
base cuneada ou aguda, papirácea, glabra;
nervuras laterais 18–20 pares, planas na face
adaxial, unidas numa nervura submarginal
próxima à margem. Inflorescências terminais,
glabras, tirsóides, piramidais; pedúnculo 3,5–7
cm compr.; porção ramificada 1–4 × 3–6 cm,
subcapitada a congesta, com ramos secundários
curtos ou desenvolvidos; brácteas 2–12 mm
compr. Flores sésseis em glomérulos 5–7floros; cálice 1–1,2 mm compr., truncado ou
denticulado; corola infundibuliforme, alva,
externamente glabra, tubo 13–14 mm compr.,
lobos ca. 2,5 mm compr., abaxialmente
corniculados. Drupas elipsóides, 7–8 mm diâm.,
amarelas ou alaranjadas a vináceas; pirênios 2,
com 3–5 costas longitudinais pouco distintas.
Endêmica do Brasil, nos estados do norte
da Amazônia. Identificada erroneamente como
Psychotria pacimonica Müll. Arg. (Campos &
Brito 1999: pág. 627, 639; Kinupp 2002, fig. 12a,
b, c), esta espécie é descrita como comum
dentro da Reserva Ducke (Kinupp 2002), onde
foi coletada em floresta de campinarana e baixio,
com flores em fevereiro e março, com frutos
maio a agosto.
12.III.1996 (fl) Campos & Silva 543 (INPA),
12.II.1996 (fl) Campos et al. 481 (INPA MO),
16.VI.1994 (fr) Ribeiro & Assunção 1325 (INPA
MO SPF); 14.VII.1977 (fr) Silva et al. 2133 (INPA
MO); 31.V.1995 (fr) Vicentini et al. 984 (INPA MO
SPF); 3.II.1995 (fl) Vicentini et al. 840 (INPA MO
SPF); 7.VIII.1995 (fr) Nee et al. 46191 (INPA SPF).
27.3 Psychotria bremekampiana Steyerm.,
Mem. New York. Bot. Gard. 23: 643. 1972.
Ervas ou subarbustos, ca. 0,5 m alt.
Ramos prostrados ou eretos, cilíndricos,
densamente hirtelos a pilosos. Estípulas unidas
ao redor do caule, hirtelas a pilosas, persistentes,
bainha 1,5–2 mm compr., lobos 2 de cada lado,
triangulares ou lanceoladas, 4–5 mm compr.
Folhas pecioladas; pecíolo 3–5 mm compr.;
596
lâmina elíptica ou oblanceolada, 5–11 × 2–4,5
cm, ápice agudo, base cuneada ou obtusa,
papirácea, glabra na face adaxial, hirtela a pilosa
na face abaxial; nervuras laterais 10–12 pares,
planas ou ligeiramente impressas na face
adaxial, ligeiramente salientes na face abaxial.
Inflorescências terminais, capitadas, hirsutas
ou hirtelas, pedúnculo 5–21 mm compr.,
glomérulos 5–10 mm diâm., sem brácteas
involucrais, com brácteas estreitamente
triangulares, 3–8 mm compr. Flores sésseis;
cálice 4–4,5 mm compr., lobos estreitamente
triangulares; corola infundibuliforme, alva a
amarela, externamente pilosa, tubo 6–8 mm
compr., lobos 2–2,5 mm compr. Drupas
subglobosas, ca. 4 mm diâm., arroxeadas a
azuis; pirênios 2, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre nas Guianas e no Brasil, nos
estados do norte da Amazônia. Previamente,
foi errôneamente determinada como
Psychotria sciaphila S. Moore (Campos &
Brito 1999: pág. 635; Kinupp 2002, fig. 4b).
Trata-se de uma espécie comum na Reserva
Ducke, especialmente na floresta de platô e
de vertente, sendo também encontrada nos
baixios; e foi observada frequentemente
formando populações monoespecíficas densas
(Kinupp 2002). Foi coletada com flores em
dezembro e com frutos em março.
2.XII.1994 (fl) Costa & Nascimento 39 (INPA);
5.III.1996 (fr) Campos & Silva 534 (INPA MO SPF).
27.4 Psychotria colorata (Willd. ex Roem.
& Schult.) Müll. Arg., Fl. bras. 6(5): 372. 1881.
Arbustos ou subarbustos, até 1 m alt.
Ramos cilíndricos ou quadrangulares,
puberulentos ou glabros. Estípulas unidas ao
redor do caule, glabras ou pubérulas,
persistentes, bainha 1,5–3 mm compr.,
truncada ou em forma de U, lobos 2 de cada
lado, estreitamente triangulares, 2–9 mm
compr. Folhas pecioladas; pecíolo 2–15 mm
compr.; lâmina elíptica ou elíptico-oblonga, 7–
20 × 2,5–8 cm, ápice acuminado, base cuneada
ou obtusa, papirácea, glabra ou pubérula;
nervuras laterais 8–19 pares, planas na face
adaxial, salientes na face abaxial.
Inflorescências terminais, capitadas, glabras
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
ou pubérulas, rosadas ou purpúreas, pedúnculo
0,5–6 cm compr., glomérulos 1,5–2 × 3–5 cm,
com brácteas involucrais externas 2, ovadas,
2–3,5 cm compr., agudas ou acuminadas,
curtamente unidas na base. Flores sésseis;
cálice 1–2 mm compr., lobado; corola
infundibuliforme, alva a rosada ou purpúrea,
glabra externamente, tubo 10–14 mm compr.,
lobos 2–3 mm compr. Drupas elipsóides, 5–
5,5 × 3–3,5 mm, azuis ou purpúreas; pirênios 2,
com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre nas Guianas, na Venezuela e na
amazônia brasileira. Foi listada no guia de campo
(Campos & Brito 1999: pág. 639), porém não
foi ilustrada. Apesar das estípulas terem sido
descritas como truncadas ou em forma de U, o
espécime estudado possui estípulas bilobadas. Na
Reserva Ducke, foi coletada apenas uma vez,
na floresta de baixio, florescendo em setembro.
7.IX.1996 (fl) Assunção 379 (INPA MO).
27.5 Psychotria cornigera Benth., J. Bot.
(Hooker) 3: 227. 1841.
Psychotria bahiensis var. cornigera
(Benth.) Steyerm., Mem. New York Bot.
Gard. 23: 518. 1972, syn. nov.
Ervas, subarbustos ou arbustos, até 1
m alt. Ramos subcilíndricos, glabros. Estípulas
unidas ao redor do caule, glabras, persistentes,
bainha 0,5–1,5 mm compr., truncada ou em
forma de U, lobos 2 de cada lado, deltóides ou
triangulares, 1–2 mm compr. Folhas
pecioladas; pecíolo 0,8–1,2 cm compr.; lâmina
elíptica, 9–18 × 3–8 cm, ápice acuminado, base
cuneada ou obtusa, papirácea, glabra; nervuras
laterais 7–10 pares, planas na face adaxial,
proeminentes
na
face
abaxial.
Inflorescências terminais, corimbiformes,
cimosas, glabras, pedúnculo 5–20 mm compr.,
panícula 6–15 × 15–25 mm, geralmente
ebracteada. Flores subsésseis em glomérulos
5–15-floros; cálice ca. 0,3 mm compr.,
subtruncado ou denteado; corola
infundibuliforme, alva ou amarela, glabra
externamente, tubo 7–10 mm compr., lobos 2–
2,5 mm compr. Drupas bilobadas, 4–5 × 7–9
mm, alaranjados a enegrecidos; pirênios 2,
lisos, hemisféricos.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
Ocorre na Colômbia, Peru, Guianas,
Venezuela, Equador, Bolívia e na amazônia
brasileira. Foi previamente tratada como
Psychotria bahiensis var. cornigera (Campos
& Brito 1999: pág. 627, 639; Kinupp 2002, fig.
5b), seguindo o conceito estabelecido por
Steyermark (1972). Estudos subsequentes
mostraram que Psychotria bahiensis DC. e P.
cornigera são entidades distintas (Taylor et al.
2004). Kinupp (2002) considerou esta espécie
como típica dos baixios, formando grandes
populações monoespecíficas, aparentemente
através de reprodução vegetativa. Na Reserva,
foi coletada em floresta de baixio e floresta de
platô, com flores em agosto e setembro, com
frutos em março e agosto.
15.VIII.1995 (fl) Costa et al. 348 (INPA MO SPF);
4.IX.1990 (fl) Campos et al. 609 (INPA MO SPF);
6.III.1988 (fr) Santos & Lima 849 (INPA MO);
22.III.1996 (fr) Campos et al. 581 (INPA MO SPF);
3.IX.1996 (fl) Campos & Assunção 606 (INPA MO
606); 7.VIII.1995 (fr) Nee et al. 46194 (INPA SPF).
27.6 Psychotria deflexa DC., Prodr. 4: 510.
1830.
Arvoretas até 4 m alt. Ramos
ligeiramente quadrangulares ou cilíndricos,
glabros. Estípulas unidas ao redor do caule,
glabras, persistentes, bainha 0,5–1 mm compr.,
truncada ou em forma de U, lobos 2 de cada
lado, triangulares, 2–5 mm compr. Folhas
pecioladas; pecíolo 0,2–1,5 cm compr.; lâmina
elíptica, 7–20 × 3–8 cm, ápice acuminado, base
aguda, papirácea, glabra; nervuras laterais 5–
10 pares, planas na face adaxial, ligeiramente
proeminentes na face abaxial. Inflorescências
terminais, piramidais ou cilíndricas, cimosas,
glabras ou pubérulas, geralmente ebracteadas,
pedúnculo 3–7 cm compr. Flores sésseis em
címulas dicotômicas 5–9-floras; cálice 0,1–0,5
mm compr., denteado; corola infundibuliforme,
alva, glabra externamente, tubo 2–4 mm
compr., lobos 1–1,5 mm compr. Drupas
elipsóides ou bilobadas, 3–3,5 × 2,5–3 mm,
azuis a enegrecidos; pirênios 2, hemisféricos,
verrugosos.
Ocorre no México, Caribe, Paraguai e
Brasil, onde é amplamente distribuída. Na
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
597
Reserva, foi coletada em floresta de
campinarana com flores em dezembro
(Campos & Brito 1999: pág. 637).
12.XII.1998 (fl) Souza et al. 518A (INPA MO).
27.7 Psychotria egensis Müll. Arg., Flora 59:
542, 545. 1876.
Arbusto ou arvoretas, 1 m alt. Ramos
quadrangulares, glabros. Estípulas unidas ao
redor do caule, glabras, persistentes, bainha 0,5–
2 mm compr., truncada, lobos 2 de cada lado,
triangulares, 1–2 mm compr. Folhas
pecioladas; pecíolo 3–10 mm compr.; lâmina
elíptica ou obovada, 9–16 × 2–7 cm, ápice
acuminado, base cuneada ou obtusa, cartácea,
glabra, com margens finamente cartilaginosas;
nervuras laterais 6–9 pares, planas na ambas
as faces, unidas às margens cartilaginosas.
Inflorescências terminais, piramidais, glabras,
subcapitadas a paniculadas, pedúnculo 2–3 cm
compr., ramos secundários terminando em um
3(–5) capítulos, brácteas 2–13 mm compr.
Flores sésseis em grupos de 5–7 flores; cálice
ca. 0,2 mm compr., denteado; corola
infundibuliforme, alva, externamente glabra,
tubo ca. 3.5 mm compr., lobos ca. 1.5 mm
compr. Drupas elipsóides, 4–5 mm diâm.,
negros; pirênios 2, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Venezuela, Colômbia e Brasil,
na região amazônica. Na Reserva Ducke, foi
registrada pela primeira vez por Kinupp (2002,
fig. 7), tendo sido coletada com flores em
março e junho (Kinupp 2002).
2001, Kinupp 1838 (INPA), 1844 (INPA).
27.8 Psychotria gracilenta Müll. Arg., Flora
59: 545. 1876.
Psychotria brachybotrya Müll. Arg., Fl.
bras. 6(5): 327. 1881.
Arbustos, até 2 m alt. Ramos
quadrangulares ou cilíndricos, glabros.
Estípulas unidas ao redor do caule, glabras,
persistentes, bainha 0,5–1 mm compr.,
truncada ou em forma de U, lobos 2 em cada
lado, deltóides ou triangulares, 1–3 mm compr.
Folhas pecioladas; pecíolo 0,3–1 cm compr.;
lâmina elíptica, 9–19 × 3–8 cm, ápice acuminado,
base obtusa, papirácea, glabra; nervuras laterais
598
7–10 pares, planas na face adaxial, salientes
na face abaxial. Inflorescências terminais,
glabras ou pubérulas, paniculadas a
subcapitadas, pedúnculo 5–12 mm compr.,
panícula piramidal ou corimbiforme, 1–2 × 1–
2,5 cm; ramos secundários 2–6; brácteas
elípticas, 2–9 mm compr. Flores sésseis em
grupos de 4–7 flores; com cálice ca. 0,5 mm
compr., denteado; corola infundibuliforme ou
hipocrateriforme, alva, externamente glabra ou
pubescente, tubo 1,5–3 mm compr., lobos ca.
1 mm compr. Drupas elipsóides, 4–5 mm
diâm., negras a purpúreas (ocasionalmente
alvas); pirênios 2, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na América Central, Colômbia,
Equador, Peru, Guianas, Venezuela, Bolívia e
Brasil, onde é amplamente distribuída.
Inicialmente esta espécie foi tratada sob o nome
de Psychotria brachybotrya (Campos & Brito
1999: pág. 627, 637; Kinupp 2002, fig. 5c, d)
porém P. gracilenta tem prioridade sobre esse
nome (Taylor et al. 2004). Kinupp (2002) notou
que apesar da maioria dos frutos dessa espécie
serem negros a purpúreos, estes podem
ocasionalmente ser alvos; não fica claro na
discussão de Kinupp se a cor dos frutos de uma
mesma planta é consistente ou se esta varia em
um mesmo espécime. Dimorfia na cor dos frutos
(azul a alvo, atropurpúreo ou alvo) é encontrada
em outras espécies de Psychotria e em outros
gêneros de Rubiaceae, e possivelmente
acarreta benefícios para a planta ao atrair
potencialmente mais de um agente dispersor.
Na Reserva, foi coletada em floresta de baixio,
floresta de platô e floresta de vertente, com
flores em março e abril e com frutos em junho.
29.VI.1993 (fr) Ribeiro et al. 914 (INPA MO SPF);
18.III.1996 (fl) Campos et al. 552 (INPA MO SPF);
9.IV.1995 (fl) Costa et al. 189 (INPA).
27.9 Psychotria hoffmannseggiana (Willd.
ex Roem. & Schult.) Müll. Arg., Fl. bras. 6(5):
336. 1881.
Psychotria barbiflora DC., Prodr. 4:
509. 1830.
Ervas, arbustos ou arvoretas até 4,5 m
alt. Tronco circular, liso. Ramos quadrangulares
ou cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao redor
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
do caule, glabras, persistentes, bainha 0,5–1
mm compr., truncada ou em forma de U, lobos
2 de cada lado, deltóides ou triangulares, 0,5–
3 mm compr. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 3–8 mm compr.; lâmina elíptica, 7–15
× 2,8–7 cm, ápice acuminado, base obtusa ou
arredondada, papirácea, glabra; nervuras
laterais 7–10 pares, planas em ambas as faces
ou proeminentes na face abaxial.
Inflorescências terminais, glabras,
corimbiformes a subcapitadas, pedúnculo 3–8
mm compr., panícula 5–10 × 1–2,5 cm, ramos
secundários 2–6, geralmente radiais, brácteas
estreitamente triangulares, 3–8 mm compr.
Flores sésseis em grupos de 5–15 flores;
cálice ca. 0,8 mm compr., denteado; corola
infundibuliforme, alva, externamente glabra ou
pubescente, tubo 3–3,5 mm compr., lobos 1–
1,5 mm compr. Drupas elipsóides, 4–5 mm
diâm., negras; pirênios 2, hemisféricos, com
3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Colômbia, Equador, Peru,
Guianas, Venezuela e em todo o Brasil.
Steyermark (1972) reconheceu Psychotria
hoffmannseggiana e P. barbiflora como
espécies distintas, mas estudos mais recentes
demonstram que estes nomes foram aplicados
para formas diferentes de uma espécie
extremamente variável (Taylor et al. 2004). Na
Reserva, foi coletada na floresta de vertente e
campinarana e nas capoeiras, com flores em
fevereiro, agosto e outubro, com frutos de
janeiro a fevereiro (Campos & Brito 1999: pág.
627, 636; sob Psychotria barbiflora).
11.X.1995 (fl) Sothers & Pereira 617 (INPA);
13.II.1996 (fr) Campos et al. 482 (INPA MO SPF);
27.II.1996 (fl) Campos et al. 525 (INPA); 9.VIII.1994
(fl) Vicentini et al. 668 (INPA MO SPF);
26.VIII.1997, Souza et al. 404 (INPA MO); 1.I.1998
(fr) Brito & Assunção 55 (INPA MO).
27.10 Psychotria humboldtiana (Cham.)
Müll. Arg., Fl. bras. 6(5): 333. 1881.
Arbustos ou arvoretas até 3 m alt., ca.
1.5 cm diâm. Tronco com raízes de suporte
na base. Ritidoma liso, verde-acastanhado,
com lenticelas. Ramos quadrangulares ou
cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao redor
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
do caule, glabras, persistentes, bainha 0,5–1,5
mm compr., truncada ou em forma de U, lobos
2 de cada lado, triangulares ou lineares, 1–2,5
mm compr. Folhas opostas, pecioladas, glabras;
pecíolos 0,2–1 cm compr.; lâmina elíptica ou
elíptico-oblonga, 9–17 × 0,8–3 cm, ápice
acuminado, base aguda ou cuneada, papirácea;
nervuras laterais 12–18 pares, proeminentes em
ambas as faces. Inflorescências terminais,
glabras, corimbiformes a subcapitadas,
pedúnculo 1–3,5 cm compr., panícula 2–5,5 ×
2,5–6,5 cm, brácteas elípticas ou ovadas, 10–
18 mm compr., rosadas a arroxeadas, obtusas
ou arredondadas. Flores sésseis em glomérulos
5–8-floros; cálice 2,5–4 mm compr., denteado;
corola tubular, alva ou rosada, externamente
glabra, tubo 18–20 mm compr., lobos 3–4 mm
compr. Drupas elipsóides, ca. 7 × 3 mm,
brancas; pirênios 2, hemisféricos, lisos ou com
3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Colômbia, Guianas, Venezuela
e na amazônia brasileira. Na Reserva ocorre
em baixios e campinarana hidromórfica
(Kinupp 2002: fig. 8) e foi coletada com flores
em maio, junho e outubro e com frutos em
março (Campos & Brito 1999: pág. 627, 636).
15.V.1995 (fl) Cordeiro et al. 1564 (INPA);
13.VI.1996 (fl) Assunção 296 (INPA); 23.III.1994
(fr) Ribeiro et al. 1245 (INPA MO SPF); 27.X.1994
(fl) Sothers et al. 248 (INPA MO SPF).
27.11 Psychotria iodotricha Müll. Arg., Fl.
bras. 6(5): 375. 1881.
Ervas ou subarbustos até 0,5 m alt.,
prostradas. Ramos cilíndricos, densamente
hirtelos a pilosos. Estípulas unidas ao redor do
caule, hirtelas ou pilosas, persistentes, bainha
3–5 mm compr., lobos 2 do cada lado,
estreitamente triangulares, 3–5 mm compr.
Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 2–4 mm
compr.; lâmina elíptica, 5,5–12 × 2,5–6 cm,
ápice agudo, base obtusa, arredondada ou
truncada, papirácea, hirsuta ou hirtela; nervuras
laterais 9–13 pares, planas na face adaxial,
ligeiramente salientes na face abaxial.
Inflorescências terminais, sésseis, capitadas,
hirsutas, 10–15 mm diâm., sem brácteas
involucrais, com brácteas lineares florais. Flores
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
599
sésseis; cálice 5–6 mm compr., lobado; corola
salverforme, alva a amarela, externamente pilosa,
tubo ca. 8 mm compr., lobos ca. 2 mm compr.
Drupas elipsóides, ca. 4 mm diâm., lilases,
arroxeadas a azuladas; pirênios 2, hemisféricos,
com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Venezuela, Peru e no Brasil,
nos estados do norte da Amazônia. O nome da
espécie aparece com a grafia incorreta como
“idiotricha” em Campos & Brito (1999: pág.
627, 635). Os mesmos autores observaram que
os tricomas dessa espécie apresentam
frequentemente coloração arroxeada, e Kinupp
(2002: fig. 4c, d, fig. 9) subsequentemente
descreveu dois morfotipos, o “morfotipo peludo”
e o “morfotipo folha fina”. Na Reserva, foi
coletada na floresta de vertente e platô, com
flores em setembro e dezembro e com frutos
em dezembro e março.
2.IX.1996 (fl) Campos & Silva 603 (INPA MO SPF);
22.III.1996 (fr) Campos et al. 582 (INPA MO);
5.XII.2001 (fl,fr), Groppo et al. 927 (INPA SPF).
27.12 Psychotria longicuspis Müll. Arg.,
Flora 59: 549, 552. 1876
Psychotria cincta Standl., Publ. Field
Columbian Mus., Bot. Ser. 7: 90. 1930.
Arbustos até 2 m alt. Ramos quadrangulares
ou cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao redor
do caule, glabras, persistentes, bainha 1–2 mm
compr., truncada ou em forma de U, lobos 2 do
cada lado, lineares, 1–3 mm compr. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 5–15 mm compr.;
lâmina elíptica ou elíptico-oblonga, 8,5–20 × 2,5–
9 cm, ápice acuminado, base obtusa ou
arredondada, papirácea, glabra, com margem
espessada; nervuras laterais 7–12 pares, planas
em ambas as faces, unidas na margem
espessada. Inflorescências terminais, glabras,
paniculadas, cilíndricas a estreitamente
piramidais, pedúnculo 2,5–6 cm compr., panícula
5,5–10 × 2–4 cm, brácteas 0,5–2 mm compr.
Flores sésseis em glomérulos 2–3-floros; cálice
ca. 0,2 mm compr., subtruncado; corola
infundibuliforme, alva, externamente glabra, tubo
ca. 2 mm compr., lobos ca. 1 mm compr. Drupas
elipsóides, 4–5 mm diâm., brancas; pirênios 2,
hemisféricos, com 3–5 costas longitudinais.
600
Ocorre na Costa Rica, Panamá, Colômbia,
Equador, Peru, Guianas, Venezuela e na
amazônia brasileira. Inicialmente, esta espécie
foi tratada sob o nome Psychotria cincta
(Campos & Brito 1999: pág. 627, 637; Kinupp
2002, fig. 6a, b), porém estudos recentes
concluíram que P. longicuspis tem prioridade
sobre esse nome (Taylor et al. 2004). Na
Reserva Ducke foi coletada em todos os
ambientes, com flores em dezembro, com
frutos de janeiro a abril.
10.III.1994 (fr) Ribeiro et al. 1226 (INPA MO SPF);
8.IV.1995 (fr) Costa et al. 179 (INPA MO SPF);
9.XII.1994 (fl) Costa & Nascimento 37 (INPA MO
SPF); 18.I.1995 (fr) Costa & Nascimento 110 (INPA);
5.III.1996 (fr) Campos & Silva 533 (INPA MO SPF).
27.13 Psychotria lupulina Benth., J. Bot.
(Hooker) 2: 320. 1841.
Arbustos até 1,5 m alt. Tronco cilíndrico,
verde. Ramos quadrangulares tornando-se
cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao redor
do caule, glabras, persistentes, bainha 1–1,5
mm compr., truncada ou em forma de U, lobos
2 de cada lado, lineares, 3–7 mm compr.
Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 1–3 mm
compr.; lâmina elíptica, 6–16 × 2–6,5 cm, ápice
agudo ou ligeiramente acuminado, base
cuneada, papirácea, glabra; nervuras laterais
7–9 pares, planas na face adaxial, salientes
na face abaxial. Inflorescências terminais,
glabras, corimbiformes ou subcapitadas,
pedúnculo 1–2,5 cm compr., panícula 1–2 ×
1–3 cm, brácteas lineares ou estreitamente
oblanceoladas, 1–2,3 cm compr. Flores sésseis
em glomérulos 5–15-floros; cálice ca. 1 mm
compr., denteado ou subtruncado; corola
hipocrateriforme, alva, externamente glabra,
tubo ca. 5 mm compr., lobos ca. 3 mm compr.
Drupas subglobosas, 3–4 mm diâm., negras;
pirênios 2, hemisféricos, com 3–5 costas
longitudinais arredondadas.
Ocorre na Colômbia, Guianas, Equador,
Peru, Bolívia, Venezuela e na amazônia
brasileira. Esta espécie foi previamente
erroneamente identificada como Psychotria
lindenii Standl. em herbários. Psychotria
lupulina é uma espécie amplamente distribuída
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
e morfologicamente variável, contando com
diversos táxons infra-específicos (Steyermark
1972, Taylor 2005). Segundo os conceitos de
Steyermark, algumas das plantas da Reserva
Ducke encaixam-se sob P. lupulina subsp.
rhodoleuca (Müll. Arg.) Steyerm., com
brácteas da inflorescência estreitas (Assunção
378), enquanto outras apresentam o perfil de
P. lupulina subsp. lupulina, com brácteas
elípticas a obovadas (Davidson & Martinelli
10012). Na Reserva, foi coletada apenas com
flores, em setembro, infelizmente o tipo de
habitat ocupado pela espécie não foi registrado.
7.IX.1996 (fl) Assunção 378 (INPA MO); 25.V.1980,
Davidson & Martinelli 10012 (MO).
27.14 Psychotria manausensis Steyerm.,
Mem. New York Bot. Gard. 23: 516. 1972.
Arvoretas ou arbustos até 4 m alt., ca.
5 cm diâm. Tronco cilíndrico, de base reta.
Ritidoma verde com estrias longitudinais;
exterior da casca verde, fibrosa; casca
internamente creme; alburno creme, fibroso.
Ramos cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao
redor do caule, glabras, persistentes, bainha
ca. 1 mm compr., truncada ou em forma de
U, lobos 2 de cada lado, deltóides, ca. 0,5 mm
compr. Folhas opostas, pecioladas; pecíolo
0,3–1,8 cm compr.; lâmina elíptica, 7–22 × 2–
9 cm, ápice acuminado, base cuneada ou
aguda, papirácea, glabra ou pubérula; nervuras
laterais 10–12 pares, planas na face adaxial,
salientes na face abaxial. Inflorescências
terminais, pubérulas, corimbiformes,
paniculadas ou cimosas, pedúnculo 3–7 cm
compr., panícula 1–5 × 4–9 cm, ramos
secundários dicotômicos com flores isoladas
e todas voltadas para o mesmo lado, brácteas
geralmente uma para cada ramo secundário,
lineares, 2–4 mm compr. Flores sésseis; cálice
0,1–0,2 mm compr., denteado, pubérulo; corola
não vista. Drupas elipsóides, 4–5 mm diâm.,
arroxeadas ou vináceas; pirênios 2,
hemisféricos, com 3–5 costas longitudinais.
É conhecida apenas dos arredores de
Manaus. Conforme apontado por Kinupp (2002),
esta espécie foi tanto erroneamente identificada
como Psychotria adderleyi Steyerm. por
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
Campos & Brito (1999: pág. 627), como
corretamente sob P. manausensis (pág. 637).
Tratam-se de espécies muito semelhantes mas,
através dos estudos de Kinupp (2002), ficou
confirmado que os espécimes coletados na
Reserva Ducke pertencem definitivamente a
P. manausensis. Kinupp (2002: fig. 10A, B)
observou que esta espécie apresenta variação
na coloração dos frutos, que podem ser vináceos
ou azuis, e que aparentemente a coloração é
consistente para cada indivíduo, sendo que esta
situação foi observada em outras espécies de
Rubiaceae (ver discussão acima sob
Psychotria cornigera). Na Reserva, foi
coletada na floresta de vertente e platô, apenas
com frutos em março, maio e junho.
6.VI.1993 (fr) Ribeiro et al. 882 (INPA MO SPF);
23.V.1995 (fr) Vicentini & Silva 966 (INPA SPF);
20.VI.1993 (fr) Ribeiro et al. 944 (INPA MO SPF);
3.VI.1993 (fr) Ribeiro et al. 791 (INPA MO);
12.III.1996 (fr) Campos & Silva 544 (INPA MO SPF).
27.15 Psychotria mapourioides DC., Prodr.
4: 509. 1830.
Árvores ou arvoretas até 10 m alt., ca.
8 cm diâm. Tronco cilíndrico, com pequenas
raízes tabulares na base, com anéis
transversais bem marcados. Ritidoma marrom,
estriado; exterior da casca fina; casca
internamente com três camadas, castanhoclara, alaranjada e castanho-clara, ca. 2 mm
de espessura; alburno esbranquiçado; odor
suave. Ramos quadrangulares tornando-se
cilíndricos, glabros. Estípulas interpeciolares,
glabras, decíduas, elípticas, oblanceoladas ou
obovadas, 8–23 mm compr., obtusas ou
arredondadas. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 1–3 cm compr.; lâmina elíptica ou
elíptico-oblonga, 8–20 × 3,5–10 cm, ápice
agudo ou acuminado, base cuneada ou obtusa,
cartácea, glabra; nervuras laterais 5–10 pares,
planas ou salientes em ambas as faces.
Inflorescências terminais, glabras, piramidais,
paniculadas, pedúnculo 3–10 cm compr.,
panícula 5–10 × 5–11 cm, ebracteada ou as
brácteas reduzidas, pedicelos 0,5–6 mm compr.
Flores subsésseis ou pediceladas em címulas
5–15-floras; cálice 0,8–1 mm compr., denteado
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
601
ou subtruncado; corola infundibuliforme, alva,
externamente glabra, tubo ca. 3 mm compr.,
barbada na fauce, lobos ca. 2 mm compr.
Drupas elipsóides, 5–7 × 4–6 mm, alaranjadas
a arroxeadas; pirênios 2, hemisféricos, com
3–5 costas longitudinais arredondadas.
Ocorre na Colômbia, Peru, Guianas,
Trinidad, Venezuela e na amazônia brasileira. Na
Reserva Ducke, foi estudada por Kinupp (2002:
fig. 10c, d), tendo sido coletada apenas com flores,
em abril (Campos & Brito 1999: pág. 627, 647).
3.IV.1996 (fl) Vicentini & Silva 1172 (INPA MO SPF).
27.16 Psychotria microbotrys Ruiz ex Standl.,
Publ. Field Columbian Mus., Bot. Ser. 8: 204.
1930.
Arbustos ou subarbustos até 3 m alt.
Ramos ligeiramente quadrangulares ou
cilíndricos, glabros. Estípulas interpeciolares ou
brevemente unidas ao redor do caule, glabras,
persistentes, ovadas, 11–20 mm compr.,
bilobadas até 1/2-2/3, lobos agudos ou
acuminados. Folhas pecioladas; pecíolo 1–3,5
cm compr.; lâmina elíptica, 14–27 × 7–13 cm,
ápice agudo ou acuminado, base cuneada ou
aguda, papirácea, glabra; nervuras laterais 13–
15 pares, planas na face adaxial, ligeiramente
proeminentes na face abaxial. Inflorescências
terminais, piramidais ou cilíndricas, cimosas,
glabras ou pubérulas, pedúnculo 3,5–7 cm
compr., panícula 6–8 × 4–4 cm, geralmente
ebracteada, pedicelos 0–2 mm compr. Flores
sésseis ou pediceladas em címulas 3–9-floras;
cálice ca. 0,3 mm compr., denteado; corola
infundibuliforme, alva, glabra externamente,
tubo 2–3.5 mm compr., lobos ca. 1 mm compr.
, elipsóides ou subglobosas, 3–4 × 3–4 mm,
azuis ou brancos; pirênios 2, hemisféricos,
verrugosos e/ou com 3–5 costas longitudinais.
Esta espécie ocorre na América Central,
Bolívia e Brasil, na região amazônica. Foi
registrada na Reserva Ducke pela primeira vez
por Kinupp (2002, fig. 11c, d), que observou
que esta é rara na área de estudo (Kinupp,
2002; Kinupp & Magnusson, 2005). Na
Reserva, foi coletada com flores em fevereiro
(Kinupp 2001).
2001, Kinupp 1591 (INPA).
602
27.17 Psychotria paniculata (Aubl.)
Raeusch., Nomencl. Bot., ed. 3, 56. 1797.
Arvoretas até 5 m alt. Tronco cilíndrico,
base reta. Ritidoma marrom-acinzentado
com estrias longitudinais de desprendimento
em escamas; exterior da casca marromacinzentada, ca. 1 mm espessura; casca
internamente marrom com estrias alvas,
fibrosa; alburno creme. Ramos quadrangulares
ou subcilíndricos, glabros. Estípulas unidas
ao redor do caule, glabras, persistentes,
bainha 1–1,5 mm compr., truncada ou em
forma de U, lobos 2 de cada lado, deltóides
ou triangulares, 1–1,5 mm compr. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 0,5–1 cm compr.,
pubérulo ou glabro; lâmina elíptica, 15–23 ×
5–7,5 cm, ápice acuminado, base cuneada ou
aguda, papirácea, glabra na face adaxial,
pubérula na face abaxial; nervuras laterais
11–13 pares, planas na face adaxial, salientes
na f a c e a b a x i a l . I n f l o r e s c ê n c i a s
terminais, piramidais, pubérulas, paniculadas,
pedúnculo 5–7 cm compr., panícula 5–7 × 5,5–
8 cm, ebracteada ou as brácteas reduzidas.
Flores subsésseis, agrupadas em címulas
dicotômicas; cálice 0,2–0,3 mm compr.,
pubérulo; corola infundibuliforme, brancoamarelada, externamente pubérula, tubo ca.
4 mm compr., lobos ca. 1,5 mm compr. Drupas
elipsóides, 3,5–4 × 4,5–5,5 mm, aplanadas;
pirênios 2, hemisféricos, com 3–5 costas
longitudinais arredondadas.
Esta espécie ocorre nas Guianas, no sul
da Venezuela e Leste do Brasil. Foi registrada
na Reserva Ducke (Campos & Brito, 1999) e
é também conhecida da região leste do estado
do Amazonas (Maués). Trata-se de uma
espécie muito semelhante a Psychotria
subundulata, sendo que todos os espécimes
coletados na Reserva Ducke e determinados
como “Psychotria paniculata” estão
incluídos sob P. subundulata. De qualquer
modo, é possível que P. paniculata venha a
ser encontrada na região de Manaus, portanto
foi incluída no presente tratamento para auxiliar
na identificação de espécies.
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
27.18 Psychotria platypoda DC., Prodr. 4:
510. 1830.
Arbustos ou subarbusto até 1,5 m alt.
Ramos cilíndricos ou quadrangulares, glabros.
Estípulas unidas ao redor do caule, glabras,
persistentes, bainha 1–2 mm compr., lobos 2
de cada lado, deltóides, 0,5–1,5 mm compr.
Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 0,2–1,2
cm compr.; lâmina elíptica, 8–19 × 3–7,5 cm,
ápice acuminado, base cuneada ou obtusa,
papirácea, glabra; nervuras laterais 6–16 pares,
planas na face adaxial, ligeiramente salientes
na face abaxial. Inflorescências terminais,
glabras ou pubérulas, pêndulas, capitadas,
verdes, pedúnculo 3–5 mm compr., glomérulo
ca. 1 × 1 cm, brácteas externas oblongas ou
liguladas, 5–8 mm compr., truncadas ou
arredondadas. Flores sésseis; cálice ca. 0,8
mm compr., denteado; corola infundibuliforme,
alva ou rosada, externamente glabra, tubo 7,5–
8,5 mm compr., lobos 1–1,5 mm compr.
Drupas elipsóides ou subglobosas, 2–4 mm
compr., 3,5–4 mm larg., azuis ou violáceas;
pirênios 2, hemisféricos, com 3–5 costas
longitudinais.
Ocorre na Colômbia, Guianas, Venezuela
e Brasil, na região amazônica. Na Reserva,
ocorre geralmente em baixios e também na
floresta de vertente e de platô (Kinupp 2002),
tendo sido coletada apenas com flores, em janeiro
e fevereiro (Campos & Brito 1999: pág. 636).
23.I.1996 (fl) Sothers 782 (INPA); 15.II.1996 (fl)
Campos et al. 493 (INPA MO); 5.I.1995, Costa &
Nascimento 71 (INPA MO SPF).
27.19 Psychotria poeppigiana Müll. Arg., Fl.
bras. 6(5): 370. 1881.
Arbustos até 1,5 m alt. Ramos cilíndricos
ou quadrangulares, pilosos ou hirsutos. Estípulas
unidas ao redor do caule, pilosos ou hirsutos,
persistentes, bainha 2–5 mm compr., truncada
ou em forma de U, lobos 2 de cada lado,
estreitamente triangulares ou lineares, 4–16 mm
compr. Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 0,4–
3 cm compr.; lâmina elíptica, 8–24 × 3–11 cm,
ápice agudo ou acuminado, base cuneada ou
obtusa, papirácea, hirsuta ou pilosa; nervuras
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
laterais 6–12 pares, planas na face adaxial,
salientes na face abaxial. Inflorescências
terminais, hirtelas ou hirsutas, capitadas,
avermelhadas, pedúnculo 5–13 cm compr.,
glomérulo 1,5–2,5 × 3–8 cm (sem incluir as
brácteas), brácteas involucrais externas 2,
ovadas, 3–6 cm compr., agudas ou acuminadas.
Flores sésseis; cálice 0,5–2 mm compr.,
lobado; corola tubular, amarela, no exterior
pilosa, tubo 10–15 mm compr., lobos 2–3 mm
compr. Drupas elipsóides, 10–12 × 5–10 mm,
azuis; pirênios 2, hemisféricos, com 3–5
costas longitudinais.
Ocorre do México até a Bolívia e na
amazônia brasileira. Campos & Brito (1999:
pág. 627, 634) registraram o nome vernacular
desta espécie como “Lábios-de-prostituta”.
Na Reserva, foi coletada em baixios e
campinarana (Kinupp 2002: fig. 13), apenas
com flores, em fevereiro, junho e agosto.
22.II.1996 (fl) Campos et al. 515 (INPA MO);
12.VIII.1994 (fl) Ribeiro & Assunção 1391A (INPA
MO SPF); 4.VI.1995 (fl) Sothers 485 (INPA MO);
18.I.1996 (fl) Pirani et al. 3656 (INPA SPF).
27.20 Psychotria polycephala Benth., J. Bot.
(Hooker) 3: 231. 1841.
Ervas ou arbustos ca. 0,8 m alt. Ramos
cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao redor
do caule, glabras, persistentes, bainha 0,5–2 mm
compr., truncada ou em forma de U, lobos 2 de
cada lado, lineares, 1–3 mm compr. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 0,3–1 cm compr.;
lâmina elíptica ou elíptico-oblonga, 4,5–13 × 1,5–
4,5 cm, ápice acuminado, base cuneada ou
obtusa, papirácea, glabra, com margens
levemente cartilaginosas; nervuras laterais 7–9
pares, planas em ambas as faces, unidas às
margens espessas. Inflorescências terminais,
cilíndricas a estreitamente piramidais, glabras,
paniculadas, pedúnculo 1–4 cm compr., panícula
3–7 × 1–1,5 cm, cada ramo secundário
terminando em uma glomérulo, brácteas 0,5–3
mm compr. Flores sésseis em glomérulos 5–
7-floros; cálice ca. 0,2 mm compr., denteado;
corola infundibuliforme, alva, externamente
glabra, tubo ca. 3 mm compr., lobos ca. 1 mm
compr. Drupas elipsóides, 2–2,5 mm diâm.,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
603
negras; pirênios 2, hemisféricos, com 3–5
costas longitudinais.
Ocorre nas Guianas, Venezuela e Brasil,
na região amazônica. Kinupp (2002) observou
que esta espécie forma populações
monoespecíficas através de reprodução
vegetativa, e sugeriu que os seus frutos
poderiam ser dispersos pela água. Na Reserva,
foi coletada em campinarana, baixios e os
margens de igarapés, às vezes dentro d’água
(Kinupp 2002), com flores em março e frutos
em abril (Campos & Brito 1999: pág. 636).
22.III.1994 (fl) Ribeiro et al. 1239 (INPA SPF);
1.IV.1996 (fr) Campos & Silva 590 (INPA MO SPF);
12.XII.1998, Souza 517 (INPA MO).
27.21 Psychotria prancei Steyerm., Mem.
New York Bot. Gard. 23: 656. 1972.
Arbustos ou arvoretas até 3 m alt.
Ramos cilíndricos, pilosos ou hirsutos. Estípulas
unidas ao redor do caule, pilosas ou hirsutas,
persistentes, bainha 1,5–3 mm compr., lobos 2
de cada lado, estreitamente triangulares ou
lineares, 2–7 mm compr. Folhas opostas,
pecioladas; pecíolo 3–5 mm compr.; lâmina
elíptica ou elíptico-oblonga, 7–15 × 2,5–6,5 cm,
ápice agudo ou acuminado, base cuneada ou
obtusa, papirácea, hirsuta ou pilosa; nervuras
laterais 9–14 pares, planas na face adaxial,
planas ou ligeiramente salientes na face abaxial.
Inflorescências terminais, capitadas, pilosas
ou hirtelas, verdes, vináceas ou avermelhadas,
pedúnculo 2–8 cm compr., glomérulo 1,5–2 ×
1–1,5 cm, brácteas externas 4–6, lanceoladas,
15–18 mm compr., agudas ou acuminadas.
Flores sésseis; cálice 2,5–3 mm compr.,
denteado; corola tubular, alva, arroxeadas,
creme ou roxo, externamente levemente pilosa
ou glabrescente, tubo 10–15 mm compr., lobos
ca. 1,5 mm compr. Drupas elipsóides, ca. 5 ×
4 mm, azuis ou lilases; pirênios 2, hemisféricos,
com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre apenas nos arredores de Manaus.
Foi originalmente descrita a partir de um material
da Reserva Ducke. Campos & Brito (1999:
pág. 627, 634, 635) observaram que os tricomas
desta espécie são frequentemente arroxeados,
enquanto Kinupp (2002: fig. 14a, b, c) registrou
604
a espécie como amplamente distribuída dentro
da Reserva, sendo mais comum na foresta de
platô. Foi coletada com flores em setembro e
dezembro, e com frutos de fevereiro a maio.
9.XII.1994 (fl) Costa & Nascimento 40 (INPA MO
SPF); 6.XII.1995 (fl) Sothers 698 (INPA MO SPF);
8.IX.1994 (fl) Assunção 68 (INPA MO SPF); 8.II.1996
(fr) Campos et al. 462 (INPA MO SPF), 8.IV.1995 (fr)
Costa & Sothers 171 (INPA MO SPF); 18.V.1988 (fr)
Coêlho 64 (INPA MO SPF); 21.III.1995 (fr) Sothers
et al. 350 (INPA MO SPF); 18.III.1996 (fr) Campos
& Pereira 551 (INPA MO SPF), 9.IV.1995 (fr) Costa
et al. 188 (INPA MO SPF); 9.III.1994 (fr) Ribeiro et
al. 1218 (INPA MO SPF).
27.22 Psychotria rhombibractea C. M. Taylor
& M. T. Campos, Novon 9: 118, fig. 1. 1999.
Arvoretas ou arbustos até 5 m alt., ca.
2 cm diâm. Tronco cilíndrico, de base reta.
Ritidoma marrom-escuro; exterior da casca
marrom-escuro; casca internamente creme,
fibrosa; alburno creme. Ramos cilíndricos,
glabros. Estípulas unidas ao redor do caule, glabras,
persistentes, bainha 0,5–1 mm compr., truncada
ou em forma de U, lobos 2 de cada lado, deltóides,
0,5–1 mm compr. Folhas opostas, pecioladas;
pecíolo 0,5–1,5 cm compr.; lâmina elíptica, 7–18
× 2–7 cm, ápice acuminado a longo acuminado,
base cuneada ou aguda, papirácea, glabra;
nervuras laterais 6–10 pares, planas ou
ligeiramente espessadas em ambas as faces.
Inflorescências terminais, glabras, cimosas,
corimbiformes, pedúnculo 8–20 mm compr.,
panícula 1–1,5 × 2–4 cm, congesta, com 1–3 pares
de ramos secundários, brácteas alvas, elípticas,
estreitamente elípticas, oblanceoladas ou
usualmente rômbicas, 3–10 mm compr., obtusas
ou agudas. Flores sésseis em címulas 5–7-floras;
cálice 0,2-0,5 mm compr., denteado, pubérulo;
corola estreitamente infundibuliforme, alva, glabra
externamente, tubo 9–10 mm compr., lobos 5–
6 mm compr. Infrutescências com brácteas
vináceas, avermelhadas ou alaranjadas. Drupas
subglobosas, ligeiramente bilobadas, 4–6 × 6–8
mm, avermelhadas, vináceas ou arroxeadas;
pirênios 2, hemisféricos, lisos.
É conhecida somente da região de Manaus.
Tanto Taylor & Campos (1999) como Kinupp
(2002: fig. 14d) observaram que é uma espécie
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
amplamente distribuída dentro da Reserva
Ducke. Brito & Campos (1999: pág. 627, 637)
identificaram a maioria dos espécimes da
Reserva corretamente, porém, em uma
instância, usaram erroneamente o nome P.
casiquiaria Müll. Arg. (p. 636), que havia sido
utilizado nas determinações provisórias do
material da reserva, e provavelmente
permaneceu no banco de dados quando a
maioria dos registros foi re-identificada como
P. rhombibractea. Na Reserva, foi coletada
em floresta de platô, com flores em setembro e
novembro, com frutos de fevereiro a abril, junho
e agosto. Nome vulgar: “mata-calado”.
23.VIII.1994 (fr) Sothers & Silva 124 (INPA MO
SPF), 6.III.1996 (fr) Campos & Pereira 536 (INPA
MO SPF); 8.II.1996 (fr) Campos et al. 461 (INPA);
28.IX.1994 (fl) Hopkins et al. 1483 (INPA MO type);
9.VI.1963 (fr) Rodrigues & Freitas 5322 (INPA NY);
6.XI.1961 (fl) Rodrigues & Lima 3534 (INPA NY);
25.X.1977 (fr) Keel 189 (NY); 11.III.1994 (fr) Vicentini
& Silva 418 (INPA MO SPF); 12.XI.1993 (fl)
Vicentini & Assunção 372 (INPA MO SPF);
5.VI.1963 (fr) Rodrigues 5254 (INPA NY); 18.III.1991
(fr) Mota & Santana 3 (INPA MO); IV.1973 (fr)
Rodriguez & Silva 9110 (INPA MO); 14.VI.1994 (fr)
Ramos 2826 (INPA MO SPF); 29.III.1996 (fr) Campos
& Silva 586 (INPA MO SPF); XII.1997 (fr) Martins
et al. 61 (INPA MO), 62 (INPA MO).
27.23 Psychotria sphaerocephala Müll.
Arg., Flora 59: 550. 1876.
Subarbustos ou ervas até 2 m alt., ca.
3 cm diâm. Ramos cilíndricos, densamente
hirtelos ou pilosos. Estípulas unidas ao redor
do caule ou quase interpeciolares, hirtelas ou
pilosas, persistentes, 1,5–4 mm compr.,
laceradas, cada lado com vários lobos. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 3–5 mm compr.;
lâmina elíptica, 6,5–11 × 2,5–5 cm, ápice
acuminado, base cuneada ou obtusa, papirácea,
curtamente pilosa; nervuras laterais 14–17
pares, impressas na face adaxial, salientes na
face abaxial. Inflorescências terminais,
capitadas, hirtelas, pedúnculo 2,5–4,5 cm compr.,
glomérulo 6–10 mm diâm., sem brácteas
involucrais. Flores sésseis; cálice 2,5–3 mm
compr., denteado; corola infundibuliforme, alva,
externamente glabra, tubo 3,5–4 mm compr.,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
lobos ca. 1 mm compr. Drupas subglobosas, 2,5–
3,5 mm diâm., azuis; pirênios 2, hemisféricos, com
3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Venezuela e na amazônia brasileira,
e foi estudada por Kinupp (2002, fig. 15c, d, fig.
16a). Na Reserva, foi coletada apenas com frutos,
em junho (Campos & Brito 1999: pág. 635).
20.VI.1993 (fr) Ribeiro et al. 942 (INPA).
27.24 Psychotria stipulosa Müll. Arg., Fl.
bras. 6(5): 334. 1881.
Arbustos ou subarbustos até 2 m alt.
Ramos ligeiramente quadrangulares ou
cilíndricos, glabros. Estípulas interpeciolares ou
brevemente unidas ao redor do caule, glabras,
persistentes, ovadas, bainha 5-10 mm compr.,
lobos 2 de cada lado, agudos, 5-10 mm compr.
Folhas pecioladas; pecíolo 0,5–4 cm compr.;
lâmina elíptica ou elíptico-oblonga, 13–28 × 4–
9 cm, ápice agudo, base cuneada, papirácea,
glabra; nervuras laterais 20–26 pares,
ligeiramente salientes na face adaxial, salientes
na face abaxial. Inflorescências terminais,
subglobosos, subcapitadas ou congestocimosas, glabras, pedúnculo 1–6 cm compr.,
glomérulo ou panícula 2,5–4,5 × 2,5–6 cm,
brácteas elípticas, 8–25 mm compr. Flores
sésseis; cálice ca. 0,8 mm compr., subtruncado
ou denteado; corola infundibuliforme, alva,
glabra externamente, tubo 8–11 mm compr.,
lobos 3,5–4 mm compr. Drupas elipsóides, ca.
4,5 × 4,5 mm, azuis ou negras; pirênios 2,
hemisféricos, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Venezuela, Colômbia e na
amazônia brasileira, e foi registrada pela
primeira vez na Reserva Ducke por Kinupp
(2002), sendo que sua distribuição foi estudada
por Kinupp (2002) e Kinupp & Magnusson
(2005). Na Reserva, foi coletada em floresta
de platô e de transição baixio-vertente, apenas
com frutos, em maio (Kinupp 2002).
2001, Kinupp 1771 (INPA).
27.25 Psychotria subundulata Benth., J.
Bot. (Hooker) 3: 227. 1841.
Arvoretas até 5 m alt. Tronco cilíndrico,
base reta. Ritidoma verde ou marrom-acinzentado
com estrias longitudinais de desprendimento em
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
605
escamas, lenticelas pequenas; exterior da casca
marrom-acinzentada, ca. 1 mm espessura; casca
internamente marrom com estrias alvas, fibrosa;
alburno creme. Ramos quadrangulares ou
cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao redor do
caule, glabras, persistentes, bainha 0,5–1,5 mm
compr., truncada ou em forma de U, lobos 2 de
cada lado, deltóides ou triangulares, 1–1,5 mm
compr. Folhas opostas, pecioladas; pecíolo 0,5–
2 cm compr., pubérulo ou glabro; lâmina elíptica,
12–23 × 3,5–11 cm, ápice acuminado, base
cuneada ou aguda, papirácea, glabra na face
adaxial, pubérula na face abaxial; nervuras laterais
11–13 pares, planas na face adaxial, salientes na
face abaxial. Inflorescências terminais,
piramidais, pubérulas, paniculadas, pedúnculo
5–7 cm compr., porção ramificada 4,5–7 × 4–
8 cm, ebracteada ou as brácteas reduzidas.
Flores subsésseis, agrupadas em címulas
dicotômicas; cálice 0,2–0,3 mm compr.,
denteado, pubérulo; corola infundibuliforme,
branco-amarelada, externamente glabra, tubo
2–3 mm compr., lobos ca. 1,5 mm compr.
Drupas subglobosas, ca. 2 × 3 mm; pirênios
não observados.
Ocorre na Venezuela, Guianas, Equador,
Colômbia e na amazônia brasileira. Ver
comentários acima, sob Psychotria paniculata.
Na Reserva, foi coletada nos baixios, com flores
em janeiro e com frutos em março (Campos &
Brito 1999: pág. 637; Kinupp 2002: fig, 16b, c).
6.III.1997 (fl) Assunção & Pereira 483 (INPA MO
SPF); 28.I.1998 (fl) Brito & Assunção 51 (INPA
MO); 22.III.1996 (fr) Campos et al. 574 (INPA MO
SPF); 2001, Kinupp 1843 (INPA), 1845 (INPA).
27.26 Psychotria trichocephala Poepp. &
Endl., Nov. Gen. Sp. Pl. 3: 32, t. 238. 1845.
Psychotria medusula Müll. Arg., Flora
59: 541. 1876, syn. nov.
Ervas prostradas ou subarbustos até
8 cm alt. Ramos cilíndricos, hirtelos ou pilosos.
Estípulas unidas ao redor do caule, hirtelas ou
pilosas, persistentes, bainha 1–2 mm compr.,
truncada ou em forma de U, lobos 2 de cada lado,
triangulares, 4–5 mm compr., ciliados. Folhas
opostas, pecioladas; pecíolo 0,5–1 cm compr.;
lâmina elíptica, 6–12,5 × 1,5–4,5 cm, ápice
606
acuminado, base cuneada, papirácea, glabra na
face adaxial, glabra ou esparsamente pilosa na
face abaxial, margens ciliadas; nervuras laterais
6–10 pares, planas em ambas as faces.
Inflorescências terminais, subcapitadas,
hirsutas ou hirtelas, pedúnculo 5–10 mm compr.,
panícula 1–2 × 1–2,5 cm, com brácteas lineares,
cobertas por abundantes tricomas escuros nos
espécimes herborizados, 8–15 mm compr.
Flores sésseis em glomérulos 2–3-floros; cálice
ca. 0,5 mm compr., denteado; corola tubular,
alva, externamente glabra, tubo 1,1–1,3 cm compr.,
lobos 2–3 mm compr. Drupas elipsóides, 5–
6 mm diâm., arroxeadas ou azuis; pirênios 2,
hemisféricos, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre na Colômbia, Peru e no Brasil, nos
estados da região amazônica. No Guia de
Campo, esta espécie foi inicialmente identificada
sob o nome Psychotria medusula (Campos &
Brito 1999: pág. 627, 634; Kinupp 2002: fig. 4c,
fig. 11a, b), porém um estudo mais detalhado
mostrou que P. trichocephala tem prioridade
sobre P. medusula. Na Reserva, foi coletada
em diferentes habitats, com flores em outubro
e com frutos em março e abril.
21.III.1995 (fr) Sothers et al. 352 (INPA); 9.IV.1995
(fr) Costa et al. 184 (INPA MO); 19.III.1996 (fr)
Campos et al. 557 (INPA MO); 31.X.1995 (fl)
Sothers & Silva 661 (INPA MO); 12.X.1994 (fl)
Vicentini & Pereira 736 (INPA MO).
27.27 Psychotria turbinella Müll. Arg., Fl.
bras. 6(5): 374. 1881.
Fig. 3d
Arbustos ou subarbustos até 1 m alt.
Ramos cilíndricos, glabros. Estípulas unidas ao
redor do caule, glabras, persistentes, bainha ca.
1 mm compr., lobos 2 de cada lado, estreitamente
triangulares, 3–6 mm compr. Folhas opostas,
pecioladas; pecíolo 3–7 mm compr.; lâmina
elíptica ou oblanceolada, 7–16 × 3–7 cm, ápice
agudo ou curto-acuminado, base cuneada,
papirácea, glabra; nervuras laterais 12–14
pares, planas ou impressas na face adaxial,
ligeiramente salientes na face abaxial.
Inflorescências terminais, capitadas, glabras,
verdes na base, pedúnculo 1–1,5 cm compr.,
glomérulo 1–1,5 × 2–3 cm, brácteas externas
4, elípticas, 0,6–1,5 cm compr., obtusas. Flores
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
sésseis; cálice 0,8–1 mm compr., denteado;
corola tubular, alva, externamente glabra, tubo
ca. 5 mm compr., lobos ca. 2 mm compr. Drupas
elipsóides, ca. 5 × 3,5 mm, lilases; pirênios 2,
hemisféricos, com 3–5 costas longitudinais.
Ocorre apenas nas proximidades de
Manaus, tendo sido registrada na Reserva a partir
de uma coleta estéril por Kinupp (2002, fig. 17),
e posteriormente por Kinupp & Magnusson
(2005). Steyermark (1972) reconhece duas
variedades para a espécie, sendo que a variedade
típica possui folhas geralmente glabras e ocorre
no Leste do Brasil, enquanto que a var. sororiella
(Müll. Arg.) Steyerm. possui folhas, ramos e
estípulas com pilosidade hirta, ocorrendo na
Venezuela, Bolivia e oeste do Brasil. As plantas
que ocorrem na reserva encaixam-se na
descrição da var. sororiella, enquanto espécimes
pertencendo à var. turbinella também foram
coletados nas proximidades de Manaus.
1963, A. Castellanos s.n. (INPA-27590).
Material adicional examinado: BRASIL.
AMAZONAS: Manaus, Distrito Agropecuário,
Res. 1501 (km 41), 2°24’26’’ - 2°25’31’’S, 59°43’40’’59°45’50’’ W, 50-125 m, 11.I.1989 (fl) Pacheco et
al. 109 (INPA K).
27.28 Psychotria variegata Steyerm., Mem.
New York Bot. Gard. 23: 638. 1972.
Ervas prostradas. Ramos cilíndricos,
pilosos ou hirsutos. Estípulas unidas ao redor
do caule ou quase interpeciolares, pilosas ou
hirsutas, persistentes, bainha 2–3 mm compr.,
lobos 2 de cada lado, estreitamente triangulares
ou lineares, 3–5 mm compr. Folhas opostas,
pecioladas; pecíolo 0,3–1 cm compr.; lâmina
lanceolada ou ovada, 2,5–6 × 1–3 cm, ápice
obtuso ou agudo, base truncada ou subcordada,
papirácea, hirsuta ou pilosa; nervuras laterais
9–14 pares, planas em ambas as faces.
Inflorescências terminais, capitadas, pilosas
ou hirtelas, verdes, pedúnculo 4–15 mm compr.,
glomérulo 0,8–1 × 1–2 cm, brácteas lanceoladas
ou triangulares, 6–9 mm compr., agudas. Flores
sésseis; cálice 1,2–1,5 mm compr., denteado;
corola tubular, alva ou amarela, externamente
levemente pilosa ou glabrescente, tubo 5–7 mm
compr., lobos 2–2,5 mm compr. Drupas
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
subglobosas, 4–7 × 2–7 mm, azuis; pirênios 2,
hemisféricos, lisos.
Ocorre nas Guianas, Brasil e Bolívia.
Registrada pela primeira vez na Reserva Ducke
por Kinupp (2002: fig. 4a, fig. 18), que frisou a
existência de dois morfotipos já observados por
outros autores (Steyermark 1972): o morfotipo
“não variegado”, com folhas arroxeadas na face
inferior e uniformemente verdes na face superior,
e o morfotipo “variegado”, cujas folhas são verdes
na face inferior e verde-escuras com uma estria
mais clara ao longo da face superior. Kinupp
(2002) sugere que estes morfotipos podem estar
associados aos diferentes microhabitats ocupados
pela espécie. Na Reserva, foi coletada com flores
em janeiro e fevereiro e com frutos em março
(Kinupp 2002).
2001, Kinupp 1633 (INPA), 1687 (INPA), 1987
(INPA), 2002 (INPA).
28. Remijia DC.
Árvores ou arbustos hermafroditas.
Ramos geralmente quadrangulares, às vezes
com exsudado resinoso, ocasionalmente com
formigas, usualmente espessados. Estípulas
interpeciolares, triangulares ou elípticas,
607
conspícuas, decíduas. Folhas opostas ou
verticiladas, sésseis ou pecioladas, decussadas,
ocasionalmente com domácias, freqüentemente
bem desenvolvidas. Inflorescências axilares,
subcapitadas, cimosas, paniculadas ou tirsóides.
Flores bissexuais, fragrantes, geralmente
distílicas; cálice truncado, espatáceo ou
geralmente 4–6-denteado; corola salverforme,
alva ou rosada, 4–6-lobada, prefloração valvar;
estames 4–6, inseridos no tubo da corola, anteras
dorsifixas, inclusas ou exsertas; ovário 2-locular,
óvulos muitos por lóculo; estigma inteiro ou 2partido. Frutos capsulares, cilíndricos ou
oblongos, cartáceos ou lenhosos, deiscência
septicida, as valvas às vezes bífidas no ápice;
sementes numerosas, irregularmente elípticas,
aplanadas, aladas.
Compreende cerca de 45 espécies
distribuídas na América do Sul, principalmente
no Brasil, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia
e Peru (Taylor et al. 2004). São características
deste gênero as folhas geralmente verticiladas
e bem desenvolvidas, as estípulas conspícuas e
geralmente eretas, as inflorescências axilares
e os frutos capsulares com sementes aladas.
Chave para as espécies de Remijia na Reserva Ducke
1. Folhas com lâmina 35–42 × 7–8 cm; estípulas 3–3,5 cm compr. .................. 1. R. amazonica
1'. Folhas com lâmina 75–90 × 25–27 cm; estípulas 9–12 cm compr. ........................... 2. R. ulei
28.1 Remijia amazonica K. Schum., Fl. bras.
6(6): 153.1889.
Fig. 3e
Arbustos ou arvoretas até 7 m alt., ca.
9 cm diâm. Tronco acanalado. Ritidoma marrom,
liso ou reticulado em alguns pontos; exterior
da casca marrom, ca. 0,5 mm de espessura;
casca internamente bege com estrias marrons;
alburno bege; exsudato hialino, avermelhado,
escasso. Ramos ligeiramente quadrangulares,
ferrugíneos, tomentosos, fistulosos, resinosos
no ápice (i.e., “com látex” de Campos & Brito
1999). Estípulas triangulares a lanceoladas,
3–3,5 × 1–1,5 cm, externamente tomentosas,
internamente glabras. Folhas 3–4-verticiladas;
pecíolo 1–2 cm compr.; lâmina estreito-lanceolada,
35–42 × 7–8 cm, ápice acuminado, base
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
decurrente, coriácea, glabra a esparsamente
pubérula na face adaxial, pubérula na face
abaxial; nervuras laterais 21–25 pares, com
domácias pubescentes nas axilas abaxiais.
Inflorescências paniculadas ou espiciformes,
multifloras, 31–38 × 1–3 cm, pedunculadas.
Flores sésseis; cálice curtamente 5-denteado,
ca. 1 × 1 mm, tomentoso; corola creme, tomentosa,
1–2 × 1 cm, 5-lobada; estames 5. Cápsulas
oblongas, esparsamente pubérulas, 2,5–3,5 × 5–
8 mm; sementes ca. 15 × 2–5 mm.
Ocorre na região amazônica da Venezuela,
Bolívia e Brasil. Na Reserva Ducke, ocorre em
floresta vertente e campinarana. Floresce em
março e frutifica em agosto (Campos & Brito
1999: pág. 627, 633).
608
25.VIII.1994 (fr) Sothers 144 (INPA NY); 12.III.1996
(fl) Campos & Silva 542 (INPA MO NY SPF).
Material adicional examinado: BRASIL.
AMAZONAS: Manaus, Estrada da Raiz, 19.V.1936,
Ducke 194 (IAN K).
28.2 Remijia ulei K. Krause, Notizbl. Bot.
Gart. Berlin-Dahlem 6: 201. 1914.
Árvores ou arvoretas até 3 m alt., ca. 8
cm diâm. Tronco irregular, com pequenas raízes
tabulares. Ritidoma marrom-claro, escamoso;
lenticelas salientes, circulares, dispersas pelo
tronco; exterior da casca fina; casca rosada
internamente; exsudato alaranjado ou
transparente, pegajoso, escasso; alburno branco.
Ramos quadrangulares, fistulosos, ferrugíneotomentosos, glabrescentes. Estípulas triangulares,
9–12 × 2,5–4 cm, esparsamente pubérulas.
Folhas 3–4-verticiladas; pecíolo 1–2 cm compr.;
lâmina lanceolada a estreito-lanceolada, 75–90
× 25–27 cm, esparsamente pubérula na face
adaxial, pubérula na face abaxial, tomentosa nas
nervuras, ápice acuminado, base decurrente;
nervuras laterais 20–22 pares. Inflorescências
em panículas multifloras, seríceas, 23–47 × 5–
7 cm. Flores sésseis; cálice 5-lobado, lobos
curto-denteados, seríceos, 3–4 × 3–4 mm;
corola creme, serícea, 1,5–2 × 0,2–0,3 cm, 5lobada. Cápsulas oblongas, esparsamente
pubérulas, glabrescentes, 5–6,5 × 1–1,5 cm;
sementes 1,5–2 cm.
Ocorre amplamente nas florestas
tropicais do Peru, Equador, Venezuela e Brasil.
Apresenta associação com formigas que
habitam seus ramos fistulosos. Na Reserva,
foi coletada na floresta de baixio e de vertente,
com flores em novembro e frutos em janeiro
(Campos & Brito 1999: pág. 627, 633).
4.IX.1962 (est) A.P. Duarte 6944 (K RB); 1.XI.1994,
(fl) Vicentini et al. 759 (INPA K MO NY SPF);
24.I.1995 (fr) Nascimento & Silva 713 (INPA NY).
29. Ronabea Aubl.
Arbustos hermafroditas. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares. Estípulas
interpeciolares ou curto-unidas ao redor do caule,
triangulares ou subuladas, persistentes. Folhas
opostas, decussadas, pecioladas. Inflorescências
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
axilares, capitadas ou subcapitadas. Flores
bissexuais, distílicas; cálice subtruncado a 5denteado; corola hipocrateriforme, alva, no
interior pubescente na porção mediana do tubo,
5-lobada, prefloração valvar; estames 5, inseridos
na porção mediana a superior do tubo da corola,
anteras dorsifixas, inclusas; ovário 2-locular,
óvulos 1 por lóculo; estigma 2-partido. Frutos
drupáceos, elipsóides, carnosos, negros ou azuis;
pirênios 2, plano-convexos, 1-loculares.
Compreende três espécies tropicais da
América Central e do Sul (Taylor 2004), com
apenas uma espécie na Reserva Ducke. No
Guia de Campo (Campos & Brito 1999), esta
espécie foi listada dentro de Psychotria porém
estudos moleculares e morfológicos evidenciaram
que Ronabea trata-se de um gênero à parte
(Taylor 2004), cujas características morfológicas
são as inflorescências axilares e as estípulas
estreitamente triangulares.
29.1 Ronabea latifolia Aubl., Hist. Pl. Guiane
1: 154, t. 59. 1775.
Fig. 3f
Ronabea erecta Aubl., Hist. Pl. Guiane
1: 154. 1775.
Psychotria axillaris Willd., Sp. Pl. 1: 962. 1798.
Psychotria erecta (Aubl.) Standl. & Steyerm.,
Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 23: 24. 1943.
Arvoretas até 4,5 m alt. Ramos
cilíndricos ou quadrangulares, puberulentos ou
glabros. Estípulas interpeciolares, glabras ou
pubérulas, 2–6 mm compr., triangulares,
agudas. Folhas pecioladas; pecíolo 8–20 mm
compr.; lâmina elíptica, 8–20 × 3–9 cm,
ápice acuminado, base cuneada ou aguda,
papirácea, glabrescente; nervuras laterais
5–8 pares. Inflorescências subcapitadas,
glabras ou pubérulas, pedúnculos e
pedicelos 0–1 cm compr., brácteas
reduzidas. Flores com cálice ca. 1 mm
compr., subtruncado; corola salverforme,
alva, externamente glabra, tubo 3–4 mm
compr., lobos 1,5–3 mm compr. Drupas
elipsóides, 8–10 × 5–8 mm, azuladas a
enegrecidas; pirênios lisos.
Ocorre da América Central, Bolívia e
Brasil, nos estados da região amazônica. Na
Reserva, foi coletada na floresta de baixio,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
apenas com frutos em fevereiro (Campos &
Brito 1999: pág. 644, sob Psychotria erecta).
10.II.1996 (fr) Campos et al. 478 (INPA K MO SPF).
30. Rudgea Salisb.
Arvoretas ou árvores hermafroditas.
Ramos geralmente cilíndricos. Estípulas
interpeciolares, persistentes ou às vezes
decíduas, freqüentemente laciniadas ou setosas,
com apêndices aristados, às vezes glandulares,
raramente inteiras, freqüentemente decíduas.
Folhas opostas, decussadas, subsésseis ou
pecioladas. Inflorescências terminais,
paniculadas, cimosas, umbeladas ou capitadas.
Flores bissexuais, geralmente distílicas,
odoríferas; cálice subtruncado ou 4–6-lobado;
corola tubulosa ou infundibuliforme, alva a
amarela, internamente glabra até pubescente,
609
4–6-lobada, prefloração valvar, lobos da corola
frequentemente corniculados; estames 4–6,
inseridos na porção mediana a superior do tubo
da corola, anteras dorsifixas, inclusas ou
exsertas; ovário 2-locular, óvulos 1 por lóculo;
estigma 2-partido. Frutos drupáceos, elipsóides
ou subglobosos, carnosos ou esponjosos, alvos,
amarelos, vermelhos, arroxeados, negros,
raramente azulados; pirênios 2, plano-convexos,
geralmente costados, 1-loculares.
Este gênero neotropical compreende cerca
de 160 espécies que ocorrem no México,
América Central e América do Sul tropical
(Taylor et al. 2004). É semelhante à Psychotria
subg. Heteropsychotria, do qual se distingue
pelas estípulas nunca bilobadas, frequentemente
laciniadas, apendiculadas ou aristadas (Taylor
& Zappi 2006).
Chave para as espécies de Rudgea na Reserva Ducke
1.
Estípulas 10–22 mm compr., profundamente laciniadas, os lobos persistentes, não glandulares;
lâmina foliar 24–30 cm compr. ..................................................................... 2. R. lanceifolia
1’. Estípulas 2–6 mm compr., triangulares, com apêndices decíduos, curtos e glandulares no ápice;
lâmina foliar 8,5–14 cm compr. ................................................................... 1. R. gracilliflora
30.1 Rudgea gracilliflora Standl., Field. Mus.
Nat. Hist., Bot. Ser. 11: 262. 1936.
Fig. 3g
Árvores até 10–17 m alt., 10–12 cm diâm.
Tronco cilíndrico, base acanalada, levemente
tortuosa na base. Ritidoma marrom ou marromacintenzado, com fissuras horizontais; exterior
da casca fina, ca. 0,5 mm de espessura; casca
internamente alvo-amarelada ou amareloalaranjada; alburno alvo-esverdeado, avermelhado
quando oxidado. Estípulas triangulares a
arredondadas, 2–6 × 2–5 mm, glabras, com
apêndices decíduos glabros na face adaxial.
Folhas pecioladas; pecíolo 1–1,5 cm compr.,
glabro; lâmina elíptica a estreito-lanceolada, 8,5–
14 × 4,5–7,5 cm, ápice acuminado, base obtusa,
glabra em ambas as faces; nervuras laterais 6–
7 pares, impressas na face adaxial, salientes na
face abaxial. Inflorescências subcapitadas ou
curto-cimosas, 10–12,5 cm compr. pedunculadas.
Flores sésseis, distílicas; cálice 1–1,5 × 1 mm,
glabro, 5-denteado; corola alva, glabra, tubo 7–
9,5 × 2–4 mm, 5-lobada, lobos da corola
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
corniculados; anteras amareladas; estigma alvo.
Drupas elipsóides, ca. 1 × 0,7–0,8 cm, vermelhas,
passando a castanhas quando maduras, carnosas.
Ocorre no Equador, Peru, Bolívia, Venezuela,
Guianas e norte e noroeste do Brasil. Na Reserva,
foi coletada na floresta de vertente e platô, com
flores em setembro (Campos & Brito 1999: pág.
641 como “Rudgea graciliflora”; e 647 como
“Rudgea gracilenta” – foto do tronco).
12.IX.1996 (fl) Assunção et al. 387 (INPA K MO
SPF), 13.IX.1996 (fl) Assunção & Pereira 393 (INPA
K MO SPF).
30.2 Rudgea lanceifolia Salisb., Trans. Linn.
Soc. London 8: 327, t. 18. 1807.
Rudgea fissistipula Müll. Arg., Flora 59:
449, 460. 1876.
Rudgea prancei Steyerm., Brittonia
33(3): 358. 1981. Syn. nov.
Arvoretas até 5,5 m alt., ca. 10 cm diâm.
Tronco circular, base reta. Ritidoma marromclaro; exterior da casca marrom, ca. 1 mm
610
espessura; casca internamente bege, ca. 3 mm
de espessura; alburno amarelo-claro. Ramos
cilíndricos ou ligeiramente quadrangulares,
glabros. Estípulas profundamente laciniadas, 1–
2,2 × 0,8–1 cm, decíduas. Folhas pecioladas;
pecíolo 1,5–2 cm compr., glabro; lâmina
lanceolada ou estreito-elíptica, 24–30 × 7,5–10,5
cm, ápice acuminado, base aguda, subcoriácea,
glabra em ambas as faces; nervuras laterais 9–
11 pares, impressas na face adaxial, salientes na
face abaxial. Inflorescências subcapitadas ou
curto-3-ramificadas, multifloras, 5–7 cm compr.,
curto-pedunculadas. Flores sésseis; cálice ca.
5 mm compr., 5-denteado; corola alvoesverdeada, externamente tomentosa, 8–9,7 cm
compr., tubo 2–3 mm diâm., 5-lobada. Drupas
alaranjadas, 3–3,8 × 1,7–2,5 cm, glabras.
Ocorre na Guiana Francesa, Guiana,
Venezuela, Peru e amazônia brasileira. Foi
inicialmente determinada como R. fissistipula
(Campos & Britto 1999), porém estudos
recentes (Taylor et al. 2004) comprovam que
tanto R. fissistipula como R. prancei não
possuem características que possibilitem sua
separação de R. lanceifolia, a espécie-tipo do
gênero. O espécime coletado por Rodrigues
& Osmarino 5719 foi previamente identificado
como Rudgea krukovii Standl., mas deve ser
incluído como R. cf. lanceifolia, ainda
necessitando confirmação. Na Reserva Ducke,
R. lanceifolia ocorre em floresta de platô, foi
coletada em flor em fevereiro e setembro e em
fruto no mês de fevereiro (Campos & Brito
1999: pág. 627, 647).
14.II.1996 (fr) Campos et al. 491 (INPA MO NY
SPF); 14.IX.1971 (fl) Prance et al. 14739 (MO NY;
material-tipo de Rudgea prancei); 25.II.1964 (fl) W.
Rodrigues & Osmarino 5719 (INPA).
31. Sabicea Aubl.
Lianas herbáceas ou arbustos com
ramos escandentes ou raramente eretos,
hermafroditas. Ramos cilíndricos. Estípulas
interpeciolares, eretas ou geralmente reflexas
com a idade, ovais a liguladas, persistentes.
Folhas opostas ou verticiladas, decussadas,
pecioladas. Inflorescências axilares,
corimbosas, glomerulares ou capitadas. Flores
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
bissexuais, geralmente distílicas; cálice 5-lobado;
corola hipocrateriforme ou infundibuliforme,
geralmente alva, pubescente na região da fauce,
5-lobada, prefloração valvar; estames 5,
inseridos no tubo ou na fauce da corola, anteras
dorsifixas; ovário 5-locular, óvulos muitos por
lóculo; estigma 5-partido. Frutos bacáceos,
globosos, carnosos, rubros, arroxeados ou negros;
sementes numerosas, ovais ou angulosas.
Ocorre na América tropical, África
tropical e Madagascar, com cerca de 130 das
quais cerca de 60 ocorrem na América (Taylor
et al. 2004). O hábito escandente, as estípulas
persistentes geralmente recurvadas e os frutos
bacáceos são características deste gênero.
Sabicea pode ser confundida com Malanea,
porém este último têm frutos drupáceos
paucisseminados e nervação terciária das
folhas paralela.
31.1 Sabicea amazonensis Wernh., Monogr.
Sabicea 47, t. 5, figs. 3, 4. 1914.
Fig. 3h
Lianas herbáceas. Ramos cilíndricos,
delgados, densamente hirsutos e com tricomas
aracnóides e às vezes arroxeados. Estípulas
membranáceas, deltóides, recurvadas, 6–10 ×
6–10 mm, externamente glabras, internamente
hirsutas. Folhas dísticas, discolores, pecioladas;
pecíolo 4–10 mm compr., hirsuto; lâmina
oblanceolada, oblonga ou elíptica, 6,4–10,5 ×
2,6–4,5 cm, ápice acuminado, base obtusa,
densamente hirsutas principalmente nas
nervuras em ambas as faces, abaxialmente
esbranquiçada com tricomas aracnóides e às
vezes arroxeados; nervuras laterais 16–18 pares.
Inflorescências glomerulares, 4–5-floras,
subsésseis, protegidas por brácteas hirsutas,
semelhantes às estípulas. Flores sésseis; cálice
1,5–2 × 3–4 mm, hirsuto, lobos triangulares;
corola alva, 3–3,5 × 1,5–2 cm, externamente
hirsuta, lobos triangulares. Bagas avermelhadas,
2,5–3 × 9–13 mm, hirsutas.
Ocorre no Peru, Venezuela e no Brasil,
nos estados do Amazonas, Pará, Amapá e Mato
Grosso. É facilmente reconhecível por ser uma
liana herbácea, com folhas discolores, estípulas
recurvadas, e bagas multisseminadas. Na
Reserva Ducke, ocorre preferencialmente em
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
áreas perturbadas como capoeiras e clareiras;
floresce de fevereiro a abril e frutifica em março
e abril. Campos & Brito (1999: pág. 627, 628).
3.II.1995 (fl) Costa & Nascimento 136 (INPA NY);
10.IV.1995 (fl fr) Costa et al. 207 (INPA K MO NY
SPF); 1.II.1994 (fl) Assunção 106 (INPA NY SPF);
27.III.1996 (fl fr) Sothers & Silva 840 (MO SPF).
32. Schradera Vahl.
Arbustos epifíticos ou lianas lenhosas,
hermafroditas, suculentos. Ramos cilíndricos.
Estípulas interpeciolares ou unidas ao redor
do caule, obovadas a oblongas, decíduas.
Folhas opostas, pecioladas, decussadas.
Inflorescências terminais, capitadas com
brácteas involucrais. Flores bissexuais,
freqüentemente distílicas, fragrantes, noturnas;
cálice truncado ou sinuoso; corola salverforme,
alva, carnosa, glabra ou na região da fauce
vilosa, 5–6-lobada, prefloração valvar;
estames 5–6, inseridos no tubo da corola,
antera dorsifixas; ovário 2(–4)-locular, óvulos
muitos por lóculo; estigma 2-partido. Frutos
bacáceos, globosos ou elipsóides, carnosos,
verde claros a amarelados; sementes
numerosas, suborbiculares, comprimidas.
Compreende cerca de 65 espécies as
quais ocorrem no Caribe, América Central e
América do Sul, Sudoeste da Ásia e Nova
Guiné (Puff et al. 1993; Taylor et al. 2004). É
caracterizado pelo hábito escandente suculento,
as inflorescências capitadas com invólucro na
forma de um anel truncado, as flores alvas,
noturnas e carnosas e os frutos bacáceos. Os
espécimes apresentam dimorfismo entre
ramos jovens, com raízes adventícias e folhas
relativamente pequenas, e ramos reprodutivos,
com folhas maiores e suculentas e desprovidos
de raízes adventícias.
32.1 Schradera polycephala DC., Prodr. 4:
444. 1830.
Fig. 3i
Lianas lenhosas. Tronco acanalado.
Ritidoma marrom-avermelhado, fissurado,
rígido, com desprendimento pulverulento;
exterior da casca marrom-avermelhada; casca
internamente vermelha, ca. 1 mm de espessura;
alburno creme com faixas longitudinais marrons,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
611
odor suave. Ramos cilíndricos, glabros, fistulosos.
Estípulas obovadas a oblanceoladas, 1,7–1,9 ×
4–6 mm, glabras. Folhas coriáceas, pecioladas;
pecíolo 0,9–1,4 cm compr., glabro; lâmina
lanceolada a oblongo-elíptica, 5,2–8,2 × 2,5–
3,4 cm, ápice obtuso a arredondado, base cuneada,
glabra em ambas as faces; nervuras laterais 8–
10 pares, nervação secundária e terciária
obscuras. Inflorescências com pedúnculos
2,5–3,5 cm, glomérulos 2–6, 8–15 mm diâm.,
invólucro 5–6 mm compr., truncado. Flores
numerosas; cálice truncado, ca. 4 × 3,5 mm;
corola creme-esverdeada, ca. 1,5 × 2–4 mm, 5–
6-lobada; estames 5–6. Bagas globosas, verde
claras, 5–7 × 4–6 mm; sementes ca. 4 × 3 mm.
Ocorre na região amazônica da Venezuela
e nas Guianas, sendo que no Brasil ela é
conhecida dos estados do Amazonas, Pará e
Bahia. Na Reserva, foi encontrada apenas na
floresta de baixio, com flores e frutos em
setembro e fevereiro, e com frutos em junho
(Campos & Brito 1999: pág. 627, 629).
1.IX.1995 (fl fr) Ribeiro et al. 1686 (INPA K MO
NY SPF); 16.II.1996 (fl fr) Campos et al. 502 (INPA
K MO NY); 5.VI.1996 (fr) Vicentini & Assunção
1192 (INPA K MO).
33. Sipanea Aubl.
Ervas eretas ou decumbentes até
subarbustos pequenos, hermafroditas.
Ramos delgados. Estípulas interpeciolares,
persistentes, arredondadas ou triangulares até
partidas. Folhas opostas, sésseis ou
pecioladas, decussadas. Inflorescências
terminais e/ou axilares, paniculadas, cimosas
ou reduzidas a 1–3-floras. Flores bissexuais,
homostílicas; cálice 4–5(–6)-lobado; corola
hipocrateriforme, alva a rosada, vilosa na
região da fauce, 5(–6)-lobada, prefloração
contorta; estames 5(–6), inseridos na região
inferior ou mediana do tubo da corola, anteras
dorsifixas; ovário 2-locular, óvulos muitos por
lóculo; estigma 2-partido. Frutos capsulares,
elipsóides a subglobosos, cartáceos, deiscência
loculicida; sementes numerosas, angulosas.
Compreende cerca de 17 espécies, da
América Central até Bolívia e Paraguai (Taylor
et al. 2004). O hábito geralmente herbáceo, as
612
flores rosadas vistosas, o tubo da corola estreito
e hipocrateriforme, muitas vezes com um anel
amarelo contrastando com os lobos alvos a
rosados, a prefloração contorta e as pequenas
cápsulas cartáceas com muitas sementes são
alguns caracteres diagnósticos deste gênero.
33.1 Sipanea pratensis Aubl., Hist. Pl.
Guiane 1: 148. 1775.
Fig. 3j
Ervas ou subarbustos eretos, 20–50 cm
alt. Ramos cilíndricos, seríceos ou hirsutos.
Estípulas triangulares, 2–4 × 2 mm, hirsutas.
Folhas sésseis a curto pecioladas; pecíolo 1–
2 mm compr., hirsuto; lâmina estreitolanceolada a lanceolada, 1,7–5,2 × 4–12 mm,
ápice agudo a acuminado, base atenuada,
hirsuta principalmente nas nervuras em ambas
as faces; nervuras laterais 4–6 pares.
Inflorescências terminais, em dicásios
modificados, 3,5–4,3 cm compr. Flores
subsésseis; cálice 5(–6)-lobado, lobos
estreitamente triangulares, mais longos que o
tubo do cálice, 6–8 × 1,5–2 mm, hirsutos
externamente, glabros internamente; corola
5(–6)-lobada, hipocrateriforme, estreita,
rosada, 15–30 × 1–2 mm, região da fauce
densamente pilosa com tricomas amarelos,
lobos obtusos ou arredondados. Cápsulas
elipsóides, 6–9 × 1,5–2 mm, membranáceas,
hirsutas; sementes pequenas, irregulares,
reticuladas, 0,5–0,8 mm compr.
Ocorre na América do Sul, Guianas,
Venezuela, Peru, Colômbia, Bolívia e Brasil,
no Amapá e Amazonas. Entre os materiais
coletados na Reserva Ducke foram
observados espécimes hexâmeros, o que até
então não tinha sido referido para o gênero, e
existe necessidade de aprofundar os estudos
desta população para definir se eles se
encaixam dentro da variabilidade da espécie,
que apresenta uma ampla distribuição
geográfica acompanhada por grande
variabilidade morfológica, tendo sido descritas
diversas variedades e formas (Steyermark
1974; Taylor et al. 2004). Na Reserva, ocorre
preferencialmente em áreas perturbadas, e
floresce e frutifica de dezembro a abril
(Campos & Brito 1999: pág. 627, 630).
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
28.IV.1988 (fl fr) Ramos 1890 (INPA K MO NY SPF);
9.XII.1994 (fl fr) Costa & Nascimento 43 (INPA K
SPF); 22.III.1996 (fl) Campos et al. 580 (INPA MO
NY SPF).
34. Spermacoce L.
Ervas hermafroditas anuais ou perenes
até pequenos subarbustos, eretos ou
prostrados. Ramos quadrangulares ou
aplanados. Estípulas unidas aos pecíolos
através de uma bainha desenvolvida,
apicalmente fimbriada ou setosa, persistente.
Folhas opostas ou às vezes pseudoverticiladas
(ou seja, folhas dos ramos axilares não
expandidos agrupadas com as folhas do ramo),
sésseis ou subsésseis, decussadas.
Inflorescências em glomérulos axilares e/ou
terminais. Flores bissexuais, homostílicas ou
distílicas; cálice (2–)4(–8)-denteado ou raro
ausente; corola infundibuliforme ou
salverforme, alva ou rosada, internamente
pubescente ou glabra, lobos 4, prefloração
valvar; estames (3)–4, inseridos na fauce da
corola, anteras dorsifixas, inclusas ou
geralmente exsertas; ovário 2-locular, óvulos
1 por lóculo; estigma capitado ou bipartido.
Frutos capsulares, elipsóides a subglobosos,
cartáceos a papiráceos, deiscência septicida
ou com uma metade deiscente e a outra
indeiscente; sementes oblongas a elipsóides,
reticuladas, com um sulco ventral.
Gênero pantropical que apresenta cerca
de 250 espécies, muitas delas ocorrendo na
América tropical. Atualmente este gênero é
frequentemente circunscrito incluindo os
gêneros Borreria e Hemidiodia (Taylor et
al. 2004). Spermacoce é semelhante a
Diodia, onde os dois mericarpos do fruto são
indeiscentes, e com Mitracarpus, cuja
cápsula abre-se através de uma circuncisão
subapical. Algumas características úteis na
distinção deste gênero são o pequeno porte,
hábito herbáceo, estípulas setosas com a
bainha unida aos pecíolos, folhas subsésseis,
as inflorescências em glomérulos pequenos
axilares e as cápsulas geralmente deiscentes
com duas sementes por fruto.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
613
Chave para as espécies de Spermacoce na Reserva Ducke
Inflorescências sempre axilares; folhas ligeiramente escabrosas na face adaxial, 4,1–7,1 ×
0,9–1,9 cm, cápsulas com um mericarpo deiscente e outro indeiscente ......... 3. S. ocymifolia
1’. Inflorescências tanto terminais como axilares; folhas lisas, 2–2,5 × 0,9–1,1 cm ou 1–5,5 × 0,1–
0,6 cm, cápsulas com ambos mericarpos deiscentes.
2. Folhas 2–2,5 × 0,9–1,1 cm, elípticas; ervas delicadas ...................................... 2. S. exilis
2’. Folhas 1–2,8 × 0,1–0,6 cm, estreitamente elípticas ou lineares; ervas robustas a subarbustos.
3. Inflorescências terminais hemisféricas; cálice 4-lobado, 2–3 mm compr. ..... 1. S. capitata
3’. Inflorescências terminais globosas; cálice bilobado, 1–2 mm compr. ....... 4. S. verticillata
1.
34.1 Spermacoce capitata Ruiz & Pav., Fl.
Peruv. 1: 61, t. 91, fig. b. 1798.
Borreria capitata (Ruiz & Pav.) DC.,
Prodr. 4: 545. 1830.
Ervas eretas ou subarbustos, 30–50 cm
alt., pouco ramificados. Ramos cilíndricos ou
ligeiramente quadrangulares, escamosos, glabros.
Estípulas ca. 4 × 2–3 mm, glabras, setas 4–9.
Folhas pseudoverticiladas, sésseis; lâmina
estreito-elíptica ou linear, 1–2,1 × 0,1–0,6 cm, ápice
agudo acuminado, base aguda, glabra em ambas
as faces; nervação secundária obscura.
Inflorescências em glomérulos terminais, 6–
8 mm compr. Flores com cálice 4-lobado, lobos
estreitos, ciliados, 2–3 × 0,5–1 mm; corola 4–6
× 1–1,5 mm; anteras azuladas. Cápsulas com
ambos mericarpos deiscentes, 1,8–2,2 mm compr.;
sementes oblongas, reticuladas, 0,4–0,7 mm compr.
Ocorre no México, Caribe, América Central
e América do Sul até Bolívia e Argentina. No Brasil
é amplamente distribuída. Na Reserva, ocorre
em áreas perturbadas, foi coletada com flores
e frutos em março e abril, mas provavelmente
floresce e frutifica durante a maior parte do
ano (Campos & Brito 1999: pág. 627, 630).
15.III.1996 (fl fr) Costa & Lohmann 479 (INPANY SPF);
27.IV.1995 (fl fr) Costa et al. 216 (INPA K NY SPF).
34.2 Spermacoce exilis (L.O. Williams) C.D.
Adams ex W.C. Burger & C.M. Taylor, Fieldiana,
Bot., n.s. 33: 316. 1993.
Borreria exilis L.O. Williams, Phytologia
28: 227. 1974.
Borreria repens DC., Prodr. 4: 544. 1830.
Spermacoce mauritiana Gideon, Kew
Bull. 37: 547. 1983.
Ervas prostradas ou eretas, até 30 cm
alt., pouco ramificadas. Ramos delgados,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
quadrangulares, pubescentes. Estípulas 1,5–4
× 1,5–6 mm, esparsamente pubescentes, com
5–9 setas desiguais. Folhas opostas,
subsésseis; lâmina lanceolada a elíptica, 2–2,5
× 0,9–1,1 cm, ápice agudo, base cuneada,
glabra em ambas as faces ou a margem
esparsamente pubérula; nervuras laterais 4–6
pares. Inflorescências terminais e axilares,
paucifloras, 2–4 mm compr. Flores muito
pequenas; cálice bilobado, 0,5–1 mm compr.;
corola alva, 1–2 mm compr. Cápsulas com
ambos mericarpos deiscentes, 0,8–1,2 × 1–2
mm; sementes amareladas ou castanhas,
oblongas, foveoladas, 0,6–0,9 mm compr.
Ocorre do México e Caribe até a América
do Sul e em varias regiões paleotropicais (Taylor
et al. 2004). Na Reserva, ocorre em áreas
alteradas; foi coletada com flores em março, mas
provavelmente floresce e frutifica durante todo
o ano (Campos & Brito 1999: pág. 627, 630).
16.III.1995 (fl) Costa et al. 160 (INPA MO NY SPF).
34.3 Spermacoce ocymifolia Willd. ex Roem.
& Schult., Syst. veg. 3: 530. 1818.
Hemidiodia ocimifolia (Willd. ex Roem. &
Schult.) K. Schum., Fl. bras. 6(6): 30, t. 72. 1889.
Didia ocymifolia (Willd. ex Roem. &
Schult.) Bremek., Recueil Trav. Bot. Néerl.
31: 305. 1934.
Borreria ocymifolia (Willd. ex Roem. &
Schult.) Bacigalupo & E.L. Cabral, Opera Bot.
Belg. 7: 307. 1996.
Ervas eretas ou subarbustos, 0,5–1 m
alt. Ramos geralmente quadrangulares na base,
distalmente cilíndricos, esparsamente pubescentes,
fistulosos. Estípulas 6–12 × 3–5 mm, hirtelas, com
6–8 setas desiguais. Folhas opostas, subsésseis;
lâmina estreito-lanceolada, lanceolada a elíptica,
614
4,1–7,1 × 0,9–1,9 cm, ápice agudo a longoacuminado, base atenuada a decurrente,
margem ligeiramente revoluta, glabra ou
pubérula, ligeiramente escabrosa na face
adaxial; nervuras laterais 7–9 pares, geralmente
impressas na face adaxial. Inflorescências em
glomérulos axilares, paucifloros, 5–7 mm compr.
Flores com cálice 4-lobado, lobos triangulares,
ciliados, ca. 2 × 1 mm; corola alva, 3–5 mm
compr., 4-lobada, lobos esparsamente pilosos.
Cápsulas oblongas, com um dos mericarpos
indeiscente e o outro deiscente na face adaxial,
basalmente curto-estipitadas, 5–8 × 1–1,5 mm;
sementes plano-convexas, foveoladas, com
sulco longitudinal adaxial.
Apresenta ampla distribuição geográfica,
ocorrendo desde o México, América Central,
e o Caribe até o Paraguai. Na Reserva ocorre
em grandes populações, principalmente em
áreas abertas e perturbadas; foi coletada
florescendo e frutificando em janeiro e março
mas provavelmente floresce e frutifica durante
o ano todo (Campos & Brito 1999: pág. 630).
29.III.1996 (fl fr) Campos 585 (INPA MO NY SPF);
17.I.1995 (fl fr) Costa et al. 100 (INPA K MO NY SPF).
34.4 Spermacoce verticillata L., Sp. Pl. 102.
1753.
Fig. 3l
Borreria verticillata (L.) G. Meyer,
Prim. Fl. Esseq. 83. 1818.
Ervas eretas ou subarbustos, até 50 cm
alt., ramificados. Ramos cilíndricos ou
ligeiramente quadrangulares, glabros ou
híspidulos. Estípulas 2–7 × 3 mm, hispídulas ou
glabras, setas 5–6. Folhas pseudoverticiladas,
subsésseis; lâmina estreito-elíptica ou linear, 1,5–
5,5 × 0,1–0,6 mm, ápice agudo acuminado, base
aguda, glabra ou híspida em ambas as faces;
nervação secundária obscura. Inflorescências
em glomérulos terminais e às vezes axilares,
4–8 mm compr. Flores com cálice bilobado,
lobos estreitos, 1–2 × 0,5–1 mm; corola 1–3 ×
1 mm. Cápsulas com ambos mericarpos
deiscentes, 1,5–2 mm compr.; sementes
oblongas, foveoladas.
Possui ampla distribuição geográfica,
ocorrendo do sul dos Estados Unidos ao sul
América do Sul e também no Velho Mundo
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
(Taylor et al. 2004). Na Reserva, ocorre em
áreas alteradas; foi coletada com flores em
janeiro e abril, mas provavelmente floresce e
frutifica durante ano inteiro (Campos & Brito
1999: pág. 627, 630).
29.IV.1994 (fl) Ribeiro et al. 1298 (INPA MO SPF);
3.I.1995 (fl) Costa & Silva 56 (INPA K MO SPF).
35. Tocoyena Aubl.
Arbustos, arvoretas ou árvores
hermafroditas. Ramos cilíndricos, às vezes
fistulosos. Estípulas interpeciolares ou às vezes
unidas ao redor do caule, triangulares, persistentes.
Folhas opostas ou ternadas, pecioladas,
decussadas. Inflorescências terminais,
corimbosas, capitadas ou cimosas. Flores
bissexuais, vistosas, odoríferas, homostílicas;
cálice 5–6-lobado; corola hipocrateriforme,
alva, creme ou amarela, com tubo bem
desenvolvido, geralmente glabra no interior, 5–
6-lobada, prefloração contorta; estames 5–6,
inseridos na região da fauce da corola, anteras
dorsifixas; ovário 2-locular, óvulos numeroso
em cada lóculo; estigma 2-partido. Frutos
bacáceos, globosos a subglobosos, carnosos, bem
desenvolvidos, negros ou azulados; sementes
numerosas, comprimidas, envolvidas numa
polpa gelatinosa.
Apresenta cerca de 22 espécies,
distribuídas na região tropical da América
Central até o Paraguai (Prado 1987; Taylor et
al. 2004). Suas principais características são
o tubo da corola reto e alongado, as
inflorescências terminais e o fruto globoso
terminal, geralmente solitário. Posoqueria é
um gênero afim a Tocoyena, porém apresenta
flores zigomorfas com prefloração imbricada
e sementes angulosas a subglobosas.
35.1 Tocoyena longiflora Aubl., Hist. Pl.
Guiane 1; 131, t. 50. 1775.
Arvoretas até 7 m alt., 6 cm de diâm.
Tronco circular, base acanalada. Ritidoma
marrom, estriado, com anéis transversais;
exterior da casca marrom, ca. 1 mm de
espessura; casca internamente amarela. Ramos
levemente quadrangulares, estriados, glabros,
raramente fistulosos. Estípulas interpeciolares,
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
Flora da Reserva Ducke: Rubiaceae
triangulares, 1–1,2 × 5–7 cm, agudas ou
aristadas. Folhas opostas, pecioladas; pecíolo
glabro a esparsamente pubérulo, 1–3,5 cm
compr.; lâmina lanceolada a elíptica, 37–60 ×
12–15,5 cm, ápice agudo a acuminado, base
obtusa a cuneada, glabra em ambas as faces
ou hirtela nas nervuras da face abaxial;
nervuras laterais 12–13 pares. Inflorescências
fasciculadas, multifloras, 1–2 cm compr. (sem
flores), pedúnculo 0,3–1 cm compr. Flores com
cálice denteado, lobos 2–4 mm compr., agudos;
corola creme-amarelada, glabra, tubo 18–23
× 0,2–0,3 cm, lobos elípticos, ca. 2 × 0,8 cm.
Bagas globosas, 6–6,5 × 3,5 cm, glabras.
Ocorre na Guiana Francesa e no Brasil, nos
estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Bahia
(Prado 1987). Na Reserva Ducke, é rara e foi
coletada na floresta de platô, apenas estéril até o
momento (Campos & Brito 1999: pág. 640, 647).
VIII.1970 (est) Rodrigues & Coelho 1246 (INPA).
36. Warszewiczia Klotzch
Árvores ou arbustos hermafroditas.
Ramos cilíndricos ou tetragonais, às vezes com
exsudado resinoso. Estípulas interpeciolares,
triangulares ou lanceoladas, decíduas, às vezes
torcidas. Folhas opostas, pecioladas,
decussadas. Inflorescências terminais e às
vezes nas axilas das folhas distais, paniculadas
ou tirsóides, freqüentemente com eixos
racemosos ou espiciformes. Flores bissexuais,
protogínicas; cálice truncado a 5-denteado, em
umas flores com um dos lobos freqüentemente
expandido numa lâmina petalóide (ou calicofilo)
alvo, esverdeado, vermelho ou arroxeado;
corola infundibuliforme, alva, amarelada ou
avermelhada, vilosa na fauce, 5-lobada,
prefloração imbricada; estames 5, inseridos na
porção mediana da corola, anteras dorsifixas,
exsertas; ovário 2-locular, óvulos muitos por
lóculo; estigma 2-partido. Frutos capsulares,
globosos, subglobosos ou turbinados, lenhosos
ou cartáceos, deiscência septicida; sementes
numerosas, comprimidas ou angulosas.
Compreende cerca de seis ou sete
espécies neotropicais (Taylor et al. 2004). É
caracterizado por apresentar flores pequenas
com um dos lobos do cálice expandido numa
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
615
lâmina petalóide, aqui referida como calicofilo,
estípulas interpeciolares e decíduas e frutos
capsulares pequenos de deiscência septicida.
36.1 Warszewiczia schwackei K. Schum., Fl.
bras. 6(6): 219, t. 115. 1889.
Fig. 3k
Árvores ca. 15 m alt., 10–15 cm diâm.
Tronco acanalado, base acanalada. Ritidoma
marrom-avermelhado, fissurado, frágil; exterior
da casca marrom, 2–3 mm de espessura; casca
internamente creme, 1,5–2 mm de espessura;
anel marrom entre a casca internamente e o
alburno; alburno amarelado. Ramos ligeiramente
quadrangulares, longitudinalmente sulcados,
escamosos, ferrugíneo-tomentosos. Estípulas
1–2 × 0,6–1 cm, ferrugíneo-tomentosas, agudas
a acuminadas. Folhas pecioladas; pecíolo 2–
3,5 cm compr., ferrugíneo-tomentoso; lâmina
oval a lanceolada, 21–35 × (10,5–)15,5–19,5 cm,
ápice agudo ou acuminado, base atenuada
ou subcordada, glabra na face adaxial ou
com as nervuras pubérulas, pubérula na face
abaxial; nervuras laterais 13–16(–19) pares.
Inflorescências multifloras, 13–30 cm compr.,
com ramos espiciformes, ferrugíneo-tomentosos.
Flores sésseis em glomérulos; cálice
tomentoso, 1–2 mm compr., lobos ciliados,
calicofilo lanceolado, alvo-esverdeado, 1,5–5 ×
0,5–3 cm; corola alva, 2–2,5 × 1–2 mm, pubérula
externamente, com um anel de tricomas
internamente. Cápsulas obovóides, tomentosas,
ca. 2 × 2 mm; sementes 0,5–1 mm compr.
Ocorre nas florestas tropicais do Peru,
Colômbia, Venezuela, Equador e Brasil, na
região amazônica. Na Reserva, ocorre na
floresta de vertente e de platô, com flores e
frutos de fevereiro a julho (Campos & Brito
1999: pág. 643, 647).
21.VII.1994, (fr) Ribeiro et al. 1347 (INPA MO NY);
15.II.1996 (fl fr) Campos et al. 494 (INPA MO NY
SPF); 22.VI.1994 (fr) Hopkins et al. 1414 (INPA
MO NY SPF); 10.II.1996 (fl fr) Campos et al. 474
(INPA MO NY SPF); 25.V.1995, (fr) Vicentini &
Silva 976 (INPA MO NY SPF); 21.III.1995 (fr)
Nascimento et al. 768 (INPA MO NY).
Material adicional examinado: BRASIL.
AMAZONAS: Manaus, 10.II.1933 (fl) Ducke 24379
(IAN K); 31.III.1932 (fr) Ducke 24380 (IAN K).
616
AGRADECIMENTOS
As autoras agradecem aos diversos
indivíduos e instituições que auxiliaram tanto
na fase de trabalho de campo como de estudos
de herbário relativos à compilação da Flora da
Reserva Ducke, especialmente Lucia
Lohmann, Brian Boom, Claes Persson, e os
curadores dos herbários F, INPA, K, MO e
NY; e em particular ao Valdely Kinupp, por
ter contribuído generosamente com um grande
Taylor, C. M., Campos, M. T. V. A. & Zappi, D.
volume de informações relatives às Rubiaceae
da Reserva; ao Paulo Ormindo pela finalização
das pranchas; à voluntária Carla Gleeson, que
localizou exsicatas no Herbário K; ao Mike
Hopkins, pela sua contribuição no avanço deste
projeto e por conferir e compilar informações
pertinentes ao projeto; e à Rafaela Campostrini
Forzza, pela dedicação e entusiasmo com que
vem apoiando a publicação dos tratamentos
de famílias da Flora.
Rodriguésia 58 (3): 549-616. 2007
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06-RUBIACEAE final