ARTIGO
UMA PREPARAÇÃO DESPORTIVA PARA O VOLEIBOL:
PERIODIZAÇÃO, AVALIAÇÃO FUNCIONAL E
CONDICIONAMENTO FÍSICO
Nelson Kautzner Marques Junior
Resumo
O treino do voleibol costuma ser realizado em dois turnos, um
de manhã e outro à noite, e geralmente os atletas vivem só do desporto,
porém RUSSO (1987) não concorda com isso. A periodização é um
instrumento no qual o professor de educação física prescreve as
sessões da temporada com mais controle das cargas de treinamento.
A elaboração dessas cargas de treino, várias vezes, é norteada pelos
resultados da avaliação funcional. Composta por testes antropométricos,
neuromusculares e metabólicos, a avaliação funcional possibilita ao
preparador físico determinar o condicionamento físico do atleta, tornando
mais precisa a elaboração e prescrição do treinamento de flexibilidade,
musculação, salto em profundidade e circuito. Essas sessões são
imprescindíveis na preparação física do voleibol. O objetivo deste estudo
foi identificar a preparação desportiva para o voleibol e sugerir futuras
pesquisas para propiciar novas investigações.
Palavras-chave: voleibol, preparação desportiva, treinamento para o
voleibol.
Introdução
O treinamento moderno objetiva a melhora dos aspectos
psicomotores, cognitivos, afetivos (ex.: força de vontade, superação
etc.) (WEINECK, 1989) e táticos, com constante participação em
competições de menor importância, visando o aperfeiçoamento da
maestria (maestria: capacidade de rendimento desportivo) para obter
bom desempenho nas competições mais importantes da temporada
(VOZNIAK, 1997). Para conseguir bons resultados no ano, devemos
organizar o treinamento, ou seja, através da periodização com seus
respectivos microciclos e mesociclos, porém com a carga de treino
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adequada para cada fase (básica, específica e competitiva) e individualizada
para os atletas. O volume, a intensidade, a freqüência semanal e o tipo de
sessão (musculação, treino técnico etc.) são os meios de prescrevermos
as cargas de treino da temporada (HOPKINS, 1998).
A carga de treino é um dos meios de melhorarmos a capacidade
desportiva do atleta, através de estímulos adequados (WEINECK, 1989),
norteados pelos princípios científicos (GOMES, 1999), com características
ondulatórias ou escalonadas, para maximizar o desempenho atlético
(MATVEEV, 1995). As cargas de treino causam mais benefícios quando
o preparador físico prescreve descanso controlado pela semana
(MATVEEV, 1991), como, por exemplo, treino “forte” dois dias, descansa
um e volta treinar com cargas moderadas. MATVEEV (1991) instrui que
o descanso pode ser passivo, sem esforço físico, ou ativo, com cargas
bem “fracas” de treino, possibilitando a recuperação psicofisiológica do
atleta, para ser submetido novamente a novos estímulos.
GOMES (1999) ensina que o treinamento subdivide-se em
exercícios competitivos com características idênticas da disputa e em
exercícios preparatórios gerais e especiais. ZAKHAROV (1992) afirma
que os exercícios preparatórios gerais são idênticos ou não têm
semelhança com as ações desportivas, porém GOMES (1990) lembra
que a “preparação geral cria base para a preparação especial, garantindo
um desenvolvimento múltiplo da força, velocidade, resistência,
flexibilidade e agilidade, fundamentais na prática desportiva “ (p. 26). Já
a preparação especial apresenta ações iguais às competitivas, mas os
exercícios não possuem as mesmas condições psicofisiológicas e
biomecânicas da disputa.
Os atletas de alto nível geralmente treinam duas vezes ao dia,
com sessões pela manhã, e a segunda etapa começa no fim da tarde
e termina por volta de 21 horas (DANTAS, 1995). Os desportistas vivem
exclusivamente para o desporto, e a maioria só tem essa profissão. No
entanto, KIRALY (1986) afirma que a seleção norte-americana campeã
olímpica em 1984 realizava treino técnico e/ou tático das 8 às 12 horas
(h); a partir das 13 às 17 horas todos jogadores iam para seus
respectivos trabalhos e das 19 às 20h30 faziam parte física. Essa rotina
era de segunda a sexta feira, com sábado e domingo de folga. RUSSO
(1987) critica o voleibol brasileiro:
A seleção dos Estados Unidos comprovou que o
atleta profissional sente-se mais seguro na vida e na quadra
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se tiver uma outra atividade, não relacionada com o voleibol,
pois sofrerá menos pressões e fobias em relação ao seu
futuro. No Brasil temos alguns técnicos e dirigentes de
clubes e empresas que esboçam algum interesse no
homem/atleta, mas parece-me que necessitamos de um
consenso mais forte para este problema (p. 50)
Sabemos de acontecimentos com ídolos do
desporto que caíram no ostracismo porque oportunistas só
se valem deles quando estão no auge de sua performance.
Uma minoria preocupa-se com o homem no seu final de
carreira e sua volta à vida normal (p. 50).
HOLANDA e MOREIRA (1998) alertam os envolvidos no
desporto para o fato de que a temperatura acima de 28 ºC e umidade
relativa do ar maior que 90% causam risco de vida aos competidores.
Segundo MARINS (1998), as competições acontecem em climas
desfavoráveis à saúde do atleta por causa dos interesses comerciais,
principalmente nas disputas olímpicas e mundiais, e o horário coincide
com o momento de maior temperatura do dia. O voleibol alterou diversas
regras; por que não passamos o horário dos jogos, principalmente os
de dupla, para o fim da tarde e à noite? Isso resultaria em menores
malefícios à saúde do jogador de voleibol. O objetivo da pesquisa foi
identificar a preparação desportiva para o voleibol e sugerir futuras
pesquisas para propiciar novas investigações.
Periodização
A organização das sessões da temporada é feita pelo professor
de educação física, através da periodização, que é elaborada com o
tipo de sessão, carga dos treinos, época de competição, amistosos
etc. (GOMES, 1996). Seu principal objetivo é a maximização do
desempenho competitivo (CARDINAL, 1994). Para GARGANTA (1993),
a periodização é a maneira de organizarmos e controlarmos as cargas
de treino da temporada de acordo com as “respostas” fisiológicas do
atleta.
BARBANTI (1997) ensina que devemos dividir o ano em três
períodos: o preparatório, constituído pela fases básicas e específica, o
competitivo e o de transição. TUBINO (1993) recomenda mais um
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período, que deve ser o primeiro da temporada, o pré-competitivo. Os
períodos “atuam” da seguinte forma na elaboração do treinamento:
a) Período pré-preparatório: O professor identifica as principais
competições e adversários, anota os climas, as viagens, fuso horário e
faz os testes da avaliação funcional para elaborar o macrociclo do ano
(TUBINO, 1993).
b) Período preparatório: As sessões desse período geram
estímulos para se obter a forma desportiva (MATVEEV, 1997).
c) Período competitivo: É o momento das competições da
temporada (MATVEEV, 1997).
d) Período de transição: Geralmente é no meio e/ou no fim do
ano e constitui-se de descanso ativo, para assegurar a forma desportiva
(MATVEEV, 1997).
Esses períodos são formados por ciclos, denominados
mesociclo e microciclo. Segundo GOMES (1996), o mesociclo é
constituído por algumas semanas, com explicações para o competidor
fazer a sessão. Essas semanas do mesociclo são os microciclos, os
quais duram no máximo 14 dias e organizam as cargas de cada sessão
de acordo com o mesociclo, o período e a condição física do desportista.
BARBANTI (1997) afirma que vários países organizam o
calendário das competições com base em uma periodização, com o
objetivo de os seus desportistas atingirem o peak. Para esse autor, o
calendário deveria ser organizado por técnicos e dirigentes, o que
possibilitaria a elaboração de uma periodização mais precisa e eficaz.
GIÓIA (2001) critica as competições de voleibol: geralmente em mundiais
e olimpíadas os jogos são no máximo com um dia de intervalo; quando
não ocorre, isso é antifisiológico, sabemos que o ser humano leva 48
horas, ou seja, dois dias para recuperar os estoques de glicogênio
muscular. GOMES (1995) recomenda para os jogos desportivos uma
periodização simples, constituída de um período preparatório, um
competitivo e um de transição. Em alguns casos, podemos utilizar a
periodização dupla; a escolha fica a critério da comissão técnica. SILVA
e CIENTISTAS (1998) mostram que a dupla Zé Marco e Emanuel, no
ano de 1997, disputou 95 partidas em nove meses, com mais partidas
em agosto e julho. Em agosto, a dupla participou de um total de 31
jogos das etapas do circuito mundial, dos quais cinco com bons
resultados. No entanto, parece que os melhores resultados da dupla
ocorrem no período de menor concentração de jogos, como os do mês
de fevereiro. Os organizadores dos circuitos nacional e mundial deveriam
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rever esse exagerado número de etapas. Em recente entrevista ao
SuperVolley (23 de dezembro de 2001), a jogadora Shelda reclamou da
quantidade de competições no ano de 2001; ela e Adriana, sua parceira,
jogaram 12 etapas do circuito mundial e 15 do circuito brasileiro: “Quando
chega dezembro estamos exaustas, eu paro de treinar completamente
no fim de dezembro e início de janeiro, e o número de competições deve
aumentar até a Olimpíada de 2004, que é o nosso objetivo” .
Avaliação funcional
A avaliação funcional é uma disciplina de educação física que
tem como objetivo julgar uma medida e identificar as condições atléticas
do desportista. Essa informação possibilita a prescrição do treino mais
adequado para o atleta. A avaliação ainda nos fornece dados para saber
se alcançamos nossos objetivos ou não, através da reavaliação (BÖHME
e KISS, 1997), que deve ser no mínimo a cada dois meses e no máximo
a cada seis meses (FARINATTI e MONTEIRO, 1992). Os testes da
avaliação funcional devem ser sempre no mesmo horário, visando mais
fidedignidade; MATSUDO (1998) informa que os testes são subdivididos
em antropométricos, neuromusculares e metabólicos, os quais serão
ensinados a seguir.
Testes antropométricos
A avaliação funcional geralmente inicia-se com a anamnese,
constituída por uma série de perguntas com o intuito de obtermos
informações sobre saúde, escolaridade, operações feitas, clubes e
posições em que jogou etc. Em seguida é determinada a estatura no
altímetro; MARINS e GIANNICHI (1998) avisam que a cabeça deve estar
no plano de Frankfurt, para perfeita aferição, enquanto WEINECK (1991)
apresenta duas fórmulas de prognóstico da estatura boa quando se
trabalha com as categorias de iniciação:
Altura para meninos = (altura do pai + altura da mãe) x 1, 08
2
Altura para meninas = (altura do pai x 0, 923) + altura da mãe
2
A próxima etapa dos testes é a determinação da massa corporal
total. MARINS et al. (1998) ensinam que o avaliado deve usar pouca
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roupa; por exemplo, homens com sunga e mulheres com um biquíni
“comportado”, para não alterar a medida. Aproveitando a pouca
vestimenta dos testados, realiza-se a avaliação postural através da
observação do indivíduo, segundo RODRIGUES (1990), nas posições
de frente, de lado, de costas e com flexão do tronco. O professor deve
olhar da região inferior do corpo para a superior, tentando identificar os
possíveis problemas posturais. Também recomenda-se analisar a
postura do atleta em movimento e no convívio do dia-a-dia. A avaliação
postural é importante para sabermos quais músculos precisam de
ênfase de exercícios de força e flexibilidade e identificarmos se o
problema postural é estrutural (hereditário, doença, trauma e outros)
ou funcional (maus hábitos de postura, fraqueza muscular etc.).
As avaliações circunferenciais e de gordura orientam-nos sobre
a evolução da hipertrofia (GERALDES, 1993). CEZAR (2000) recomenda
analisarmos a gordura corporal, podendo ser adequada ou excessiva.
Existem diversas fórmulas para predição da densidade corporal (Dc),
mas não existem equações de regressão e compassos específicos
para jogadores de voleibol. Por exemplo, JACKSON et al. (1980)
desenvolveram a equação de regressão para predizer a Dc para
mulheres de 18 a 55 anos, com diferenças na composição corporal e
nos hábitos de exercício, com 331 pessoas na amostra, mas somente
82 sujeitos foram aceitos para desenvolver a equação, por causa das
características corporais similares. O compasso utilizado no estudo foi
o Lange. Então, se usarmos outro compasso para medir as dobras
cutâneas e aplicar os valores na equação de regressão de JACKSON
et al. (1980), não haverá precisão nos resultados. Em outro estudo,
SMITH e MANSFIELD (1984) criaram a fórmula de regressão para
predizer a Dc de jogadores de futebol americano universitários de acordo
com a função tática. Como sugestão para pesquisa, temos que
desenvolver uma equação de regressão com um determinado
compasso, de preferência o mais preciso, para predizermos a Dc dos
atletas de voleibol. Após os resultados da Dc, aplicamos os valores na
fórmula de Siri (1961), citado por CARVALHO e PIRES NETO (1998a),
ou de Brozek e pesquisadores (1963), citados por LOPES e PIRES
NETO, 1996), para sabermos o percentual de gordura (%G).
Siri (1961): %G = (495/Dc) – 450
Brozek e pesquisadores: %G = (457/Dc) – 414,2
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Outra recomendação é para os padrões de %G, ou seja, obeso,
aceitável, bom etc. Pesquise na equipe de voleibol e determine os seus
padrões; tabelas já prontas, como a de Sloan (s. d.), citado por
GERALDES (1993), não possuem precisão porque os padrões não
foram criados para os voleibolistas.
Tabela 1 – Percentual de gordura masculino
Classificação
%G
Atleta de elite
5 a 10%
Bom
11 a 14%
Aceitável
15 a 17%
Gordo
18 e 19%
20% ou mais
Obeso
Fonte: Sloan (s.d. citado em GERALDES, 1993)
Depois de conhecermos o %G dos voleibolistas, resolvemos
as seguintes equações:
Behnke e Wilmore (1974), citados por LOPES e PIRES NETO
(1996):
Massa de Gordura (MG) = Massa Corporal Total (MCT) x (%G/100) = ? kg
CARVALHO e PIRES NETO (1998b):
Massa Corporal Magra (MCM) = MCT – MG = ? Kg
CEZAR (2000):
Peso Ideal Mínimo = MCM/1- (%G)/ 100 e Peso Ideal Máximo = MCM/
1 – (%G)/ 100
Testes neuromusculares
A avaliação da flexibilidade pode ser medida pelo flexiteste, por
goniômetro ou fleximeter. O flexiteste é composto por 20 movimentos,
que são classificados de 0 a 4 (FARINATTI et al., 1992). Para profissionais
atarefados, FARINATTI et al. (1992) sugerem o flexiteste adaptado, com
oito movimentos para serem avaliados. ACHOUR JÚNIOR
(Ensinamento na Especialização em Fisiologia do Exercício e Avaliação
Morfofuncional na UGF, 17 de março de 2001) considera o flexiteste
falho na avaliação angular e recomenda o fleximeter. Já DANTAS et al.
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(1997) propõem o protocolo LABIFIE, com 17 movimentos para avaliar
a flexibilidade. A escolha para medir e avaliar fica a critério do profissional
do voleibol.
A avaliação do salto vertical é outro teste neuromuscular.
SHALMANOV (1998) ensina três maneiras de avaliarmos o salto vertical,
apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Teste de salto vertical
Salto Vertical
Membros inferiores flexionados a 90º, após o posicionamento adequado o
testado faz o salto vertical sem auxílio dos membros superiores.
Membros inferiores esticados, após o posicionamento adequado o atleta faz
flexão do quadril, e joelho e imediatamente realiza a extensão de ambos,
proporcionando o salto vertical sem auxílio dos membros superiores.
Membros inferiores flexionados a 90°, após o posicionamento adequado o
desportista realiza o balanceio dos braços (igual ao da cortada)
simultaneamente faz extensão do quadril, do joelho e a flexão plantar,
resultando no salto vertical.
Fonte: SHALMANOV (1998)
Avaliar
Força
Componente Elástico
Coordenação
Teste metabólico
O teste dáblio 20 metros (TW 20 m) visa avaliar as ações nas
partidas do voleibol e foi criado por PELLEGRINOTTI e SOUZA (2000).
O tempo do teste é de seis minutos e o jogador de voleibol deve correr
do ponto A, onde se localiza um sensor de passagem, até o B, onde
fará um bloqueio em cima da plataforma de salto na altura de 20
centímetros (cm), devendo tocar com os dedos na fita de náilon. A
altura da fita de náilon será regulada conforme a estatura do jogador. O
mesmo procedimento o desportista fará nos outros pontos, e todos
têm um sensor de passagem; os pontos D e F têm uma plataforma de
salto para ser efetuado o bloqueio. A distância da corrida do ponto A ao
B é de 260 cm; do B ao C, de 340 cm; do C ao D, de 340 cm; do D ao
E, 340 cm; E ao F corresponde a 340 cm; e F até G, de 260 cm, num
total de 18,80 metros, que, somados a 20 cm para subir e 20 cm para
descer das três plataformas de salto, dará uma metragem de 20 metros.
Podem-se observar na Figura 1 os pontos de deslocamento e de salto;
na Figura 2, vemos os oito sensores de passagem, as três plataformas
de salto, a fita de náilon na altura de 20 cm e o local da quadra onde é
realizado o teste.
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Figura 1 – Locais de deslocamento e de salto (B, D e F) do teste TW 20
m (PELLEGRINOTTI et al., 2000)
Figura 2 – Posicionamento dos sensores, da plataforma de salto e da fita
de náilon, na região da rede (PELLEGRINOTTI et al., 2000)
PELLEGRINOTTI et al. (2000) ensinam que o jogador, ao chegar
o ponto G, deverá voltar no sentido contrário e refazer as mesmas ações
até seis minutos; entretanto, se não agüentar o esforço no decorrer da
avaliação, será considerado o resultado obtido.
O volume máximo de oxigênio (VO2 máx) pode ser determinado
pelo teste de Cooper (1972), citado por DANTAS (1995), consistindo de
uma pista de atletismo marcada de 50 e 50 m; os atletas correm em
velocidade homogênea no tempo de 12 minutos a maior distância
possível. Após o término do teste, o jogador deve fazer um
desaquecimento de corrida “leve”; indicamos o VO2 máx pela fórmula
(VO2 máx = distância em metros – 504/ 45 = ? ml . kg –1 . min –1 ) e
conhecemos o nível de VO2 máx pela Tabela 2, mostrada a seguir:
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Tabela 2 – VO2 máx para homens
Idade
Exclente
Muito Bom
Bom
13 a 19
51, 0 a 55, 9 45, 2 a 50, 9
≥ 56, 0
20 a 29
46, 5 a 52, 4 42, 5 a 46, 4
≥ 52, 5
Fonte: Reduzido de MARINS et al. (1998)
Razoável
38, 4 a 45, 1
36, 5 a 42, 4
Fraco
35, 1 a 38, 3
33, 1 36, 4
Muito Fraco
< 35, 1
< 33, 1
O último teste escolhido é o limiar anaeróbio (LAn). Mader e
colaboradores (1976), citados por GRECO e DENADAI (1998), sugerem
as concentrações fixas de 4 milimoles por litro de sangue (mmol/l) com
lactato ([La]) para prescrição da intensidade do treino aeróbio no LAn.
No entanto, Stegmann e Kindermann (1982), citados por McLELLAN e
CHEUNG (1992), propõem o limiar anaeróbio individual (LAn individual)
com concentração de [La] variando entre 1, 5 e 7 mmol/l para a
intensidade da sessão aeróbia no LAn. DUTRA NETO et al. (1997)
lembram que o LAn é caro demais para a maior parte dos professores
de educação física e poucos utilizam essa “ferramenta” de trabalho.
DENADAI et al. (2000) recomendam os limiares ventilatórios, porque
são baratos e de fácil aplicação no testado. Contudo, temos que criar
um protocolo de LAn sangüíneo e ventilatório para atletas de voleibol,
não encontrado na literatura. A maioria das pesquisas de LAn está voltada
para provas de endurance, principalmente a natação e o atletismo.
Os testes mencionados nesta etapa do artigo são os mais
importantes para avaliarmos e prescrevermos o treinamento aos
voleibolistas. No entanto, num futuro próximo, temos de pesquisar novos
testes para melhorarmos o ato de medir, avaliar e prescrever a sessão
para o jogador de voleibol.
Condicionamento físico
A mudança nas regras do voleibol exige cada vez mais
aperfeiçoamento constante da preparação física do voleibolista
(TEIXEIRA e GOMES, 1998). Para AGOSTINHO (1998), o atleta de
voleibol necessita de exercícios de flexibilidade, força, resistência,
velocidade e agilidade. TEIXEIRA et al. (1998) consideram a atividade
de velocidade a mais importante para os voleibolistas, embora afirmem
que a metodologia para treinar as capacidades físicas desse desporto
merece mais estudo. Esta etapa do artigo explicará alguns meios para
melhorarmos o condicionamento físico dos voleibolistas, visando a
otimização do desempenho atlético.
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Aquecimento
O objetivo do aquecimento geral é de elevar a temperatura corporal,
a fim de aumentar o trabalho cardiovascular e respiratório, favorecendo a
passagem do estado de repouso-ativo para a condição fisiológica de
competição ou treinamento (ZAKHAROV, 1992). WEINECK (1991) ensina
que o aumento da temperatura corporal facilita a execução dos exercícios
de alongamento e diminui o risco de lesão dessa atividade.
O aquecimento geral compõe-se das seguintes atividades: trote,
saltitos, pular corda, polichinelo, caminhadas rápidas, excetuando-se a
natação, o ciclismo, o esqui, o remo e alguns desportos, pois a prática
de qualquer dessas atividades numa velocidade indeterminada é
composta de exercícios cíclicos especiais (ZAKHAROV, 1992).
Imediatamente iniciam-se os exercícios de mobilidade articular
e de alongamento estático. É usual iniciar o aquecimento de mobilidade
articular com movimentos na coluna vertebral cervical: flexão e extensão
do pescoço, circundução do pescoço etc. A seguir acontecem ações
dos membros superiores, imediatamente após move-se a vertebral
torácica e lombar (flexão e extensão), depois a ação se desloca para
os membros inferiores, e finalmente são realizadas as movimentações
dos tornozelos e dedos dos pés.
TEIXEIRA et al. (1998) afirmam que a flexibilidade do jogador de
voleibol ocorre nas ações competitivas da modalidade e devem ser
treinadas através dos alongamentos. Segundo ACHOUR JÚNIOR
(1995b), a performance desportiva é prejudicada pela má flexibilidade e
essa capacidade física em excesso; ACHOUR JÚNIOR (1995a) acredita
que isso pode tornar o atleta suscetível a lesão.
Os exercícios de alongamento podem aumentar ou manter a
flexibilidade, e o tempo para realizarmos um alongamento estático não
apresenta uma uniformidade (ACHOUR JÚNIOR, 1995a), embora a
maioria dos autores recomende um tempo mínimo de seis segundos e
no máximo de um minuto (ACHOUR JÚNIOR, 1994, 1995a; DANTAS,
1998), sempre antes das sessões e da competição; Pollock e Wilmore
(1990), citados por ACHOUR JÚNIOR (1995b), sugerem, após os
esforços físicos, atividades de alongamento por 5 a 10 minutos, e
ACHOUR JÚNIOR (1995b) explica que esse procedimento reduz a dor
muscular. Os músculos alongados devem ser de preferência os
envolvidos nos movimentos desportivos (ACHOUR JÚNIOR, 1995b),
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com uma a cinco séries por sessão, variando entre 1 e 10 repetições
(GOMES et al., 1997).
O aquecimento especial é constituído pela ação desportiva da
modalidade praticada pelo atleta e objetiva a perfeição da coordenação
desportiva (ZAKHAROV, 1992). Esse aquecimento é realizado no voleibol
com o atleta fazendo o gesto desportivo do ataque, bloqueio, defesa
etc. Também é praticado na musculação, quando o jogador faz uma
série do programa com cargas leves; no salto em profundidade os
exercícios são feitos com menor volume e intensidade, sempre visando
o ótimo aquecimento. GRANGEIRO NETO (2001) afirma que uma
equipe bem aquecida tem mais chance de ganhar o 1o set e até o jogo,
por causa da nova regra, sem vantagem.
Segundo WEINECK (1991), o aquecimento atua como fator de
motivação, estimulando no desempenho desportivo ou na preparação
física. O mesmo autor (1991) explica que acontece influência benéfica
do aquecimento na concentração, no aprendizado da técnica desportiva,
na precisão das ações motoras, sendo capaz de amenizar as reações
psicológicas negativas, auxiliando o atleta a maximizar seu resultados.
POWERS e HOWLEY (2000) afirmam que o aquecimento é benéfico
na performance; as atividades motoras grosseiras são mais prováveis
de serem mais favorecidas do que as finas, mas uma menor
estimulação nas atividades motoras finas traz um adequado benefício.
Atualmente, no voleibol jogado na quadra, em partidas entre
seleções, toca-se o hino dos respectivos países após o aquecimento de
rede. POLLOCK e WILMORE (1993) advertem sobre a parada “brusca”
de um exercício; caso ocorra, a pessoa pode sentir tonteiras, sensação
de desmaio e até desmaio, por causa da redução do fluxo sangüíneo
cerebral, que está mais concentrado nas regiões do corpo onde estavam
realizando o esforço físico. Os mesmos autores (1993) recomendam,
ao término da atividade, exercícios “leves” por cinco a dez minutos; esse
procedimento não é observado no voleibol. O ideal é que o hino fosse
tocado antes de iniciar o aquecimento das duas seleções.
Musculação
A força é imprescindível no voleibol, porque determina a
velocidade, resistência e agilidade do voleibolista (TEIXEIRA et al., 1998).
A AMERICAN VOLLEYBALL COACHES ASSOCIATION (1997)
recomenda a preparação de força geral (PFG), especial e competitiva
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para o jogador de voleibol. TEIXEIRA et al. (1998) ensinam que a PFG
objetiva um desenvolvimento integral dos músculos e propicia melhores
resultados na força do jogador, quando se inicia a preparação de força
especial (PFE). VERKHOSHANSKI (1993) orienta que a PFE deve ter
exercícios iguais à biomecânica desportiva da modalidade. Já
MARQUES JUNIOR (2001) recomenda os seguintes movimentos
articulares para a PFG e especial:
a) Movimentos articulares da PFG: rotação externa do quadril
e do joelho.
b) Movimentos articulares da PFE:
Ombro: flexão, extensão, abdução, adução, rotação externa,
rotação interna, abdução horizontal, adução horizontal e elevação.
Cotovelo: flexão e extensão.
Radioulnar: pronação e supinação.
Punho: flexão e extensão.
Coluna vertebral: flexão, extensão e rotação.
Quadril: flexão, extensão, abdução, adução e rotação interna.
Joelho: flexão, extensão e rotação interna.
Tornozelo: dorsiflexão e flexão plantar.
CARNAVAL (2000) sugere alguns exercícios de PFE aos atletas
de voleibol de acordo com a ação desportiva; por exemplo, na cortada,
é prescrito o meio agachamento, e no saque tipo tênis é recomendado
o pullover etc. VERKHOSHANSKI e GOMES (2000) ensinam que os
exercícios competitivos são idênticos às ações desportivas, e a
prescrição deles no treino de musculação é fundamental. Na atualidade,
fala-se muito sobre especificidade, porque não pesquisamos sobre a
PFE de acordo com a função tática do voleibolista. Outra sugestão
para investigação é a criação de máquinas de musculação para
fazermos a PFE do voleibol.
Kraemer (s. d.), citado por HASS et al. (2000), afirma que o treino
de musculação com várias séries resulta num maior ganho de força do
que sessões de uma série. Ostrowski et al. (1997), citados por HASS
et al. (2000), informam que o treino de musculação de uma, duas e
quatro séries é benéfico para o aumento da força e hipertrofia, não tendo
vantagem entre eles em relação aos acontecimentos fisiológicos da
força e da hipertrofia. HASS et al. (2000) evidenciaram em seu estudo
que uma ou três séries causam os mesmos favorecimentos fisiológicos
na força e hipertrofia.
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 2, p. 49-73, 2002
61
O número de repetições e o percentual da carga usada
influenciam as adaptações fisiológicas do treinamento (FLECK e
KRAEMER, 1999). MARQUES JUNIOR (2001) sugere a tabela científica
de musculação com os objetivos da sessão e seus respectivos
percentuais de peso e repetição (Tabela 3)
Tabela 3 – Objetivo, percentual de peso e repetições para as sessões
de musculação
Objetivo
% de peso
Hipertrofia Máxima
70 a 85%
Força Explosiva
60 a 70%
Resistência Muscular Localizada
40 a 60%
Fonte: Reduzido de MARQUES JUNIOR (2001
Repetições
6 a 12
6 a 10
15 a 30
MONTEIRO (1997) recomenda, ao final de cada repetição ou
série, uma pausa de dois a cinco minutos para os músculos se
recuperarem do esforço.
YOUNG e BILBY (1993) investigaram a velocidade de execução
dos exercícios de musculação. Um grupo fez as atividades em
velocidade e outro lentamente. Os resultados identificaram melhor
potência muscular do grupo que realizou a atividade em velocidade,
mas no teste de salto vertical ocorreu um resultado inexplicável: o grupo
de velocidade lenta teve melhor impulsão. Nos ganhos de força e
hipertrofia, ambos os grupos tiveram resultados similares. Para
MARQUES JUNIOR (2001), sessões de musculação com o objetivo de
hipertrofia devem ser realizadas em velocidade lenta; nas de força
explosiva a execução é rápida; e no treino da resistência muscular
localizada a velocidade é média.
Para FLECK et al. (1999), “os exercícios dos grandes grupos
musculares são normalmente colocados no início da sessão de
musculação. Isto reduz a fadiga e permite exercícios com mais
intensidade ou cargas maiores nos grandes grupos musculares” (p.
209). POWERS et al. (2000) ensinam que a musculação realizada com
pesos livres produz maiores ganhos de força do que os aparelhos e
ainda possibilita mais especificidade para os desportos, e o ato de
equilibrar o aparelho exige grandes grupamentos musculares.
Salto em profundidade
A seleção norte-americana campeã olímpica em 1984 realizava,
por um período de 35 a 40 minutos, salto em profundidade no seu
62
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 2, p. 49-73, 2002
treinamento. A programação era de aproximadamente 200 saltos,
chegando até 400 repetições. Os atletas aumentaram seu salto vertical
de 83,57 ± 5,7 cm para 93,63 ± 6,1 cm (McGOWN et al., 1990). Para
SANTO et al. (1997), a sessão de salto em profundidade possibilita aos
músculos dos membros inferiores do atleta uma elevada força explosiva,
com o principal objetivo de aumentar a altura do salto vertical do
desportista (CLUTCH et al., 1983).
Segundo Verkhoshanski (1968), citado por CLUTCH et al. (1983),
a técnica de execução desse treino consiste na queda de uma
determinada altura, aterrissagem, salto, e o ciclo se repete. CARUSO
(1996) afirma que no momento da queda o atleta faz uma contração
muscular excêntrica, vindo executar a concêntrica no momento do salto.
Verkhoshanski (1967), citado por OSÉS (1986), recomenda
alturas de 75 a 110 cm para sessões de salto em profundidade.
UGRINOWITSCH e BARBANTI (1998) orientam para o fato de que as
alturas de queda devem estar entre 20 e 110 cm, com 4 a 8 saltos, e
possuindo um intervalo de 1 minuto e 30 segundos a 3 minutos para
repor as reservas do metabolismo creatinafosfato.
O salto em profundidade no voleibol atualmente é treinado por
sucessivos saltos verticais, mas nessa modalidade ocorre o salto
oblíquo
Objetivo (salto com trajetória
% de peso curvilínea),
Repetiçõesno ataque dos 3 metros e no
Hipertrofia Másaque
xima
70 Para
a 85% sessões
6 a de
12 salto em profundidade para o
em suspensão.
Força Explo siva
60 a 70%
6 a 10
também 40
é necessária
a aprescrição
de ações de elevação
Resistência Mvoleibolista
uscular Localizada
a 60%
15
30
Fonte: Reduzdo
ido centro
de MARQUES
JUNIOR (2001
de gravidade
obliquamente.
Circuito
Em 1953 foi criado o circuito, por Morgan e Adamson, na
Universidade de Leeds, Inglaterra (DANTAS, 1995; TUBINO, 1993), em
Londres (POLLOCK et al., 1993). O objetivo do circuito é de exercitar
uma ou várias capacidades físicas, como flexibilidade, força, velocidade,
resistência e coordenação (POLLOCK et al., 1993). Ele pode ser
realizado na preparação física, na sessão da preparação física e técnica
ou apenas nos exercícios técnicos (TUBINO, 1993). O autor sugere
alguns exemplos de circuito para o voleibol (Figuras 3, 4 e 5).
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 2, p. 49-73, 2002
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Figura 3 – Circuito para a preparação física do voleibolista.
Bloqueio triplo (8ª estação)
Bloqueio triplo (7ª estação)
Levantamento (3ª estação)
Ataque na entrada da rede (2ª estação)
Abdominal (4ª estação)
Movimento do ataque com a bola de
medicinebol nas mãos (1ª estação)
Ataque dos 3 metros (5ªestação)
Rosca bíceps (6ªestação)
Figura 4 – Circuito objetivando a sessão física e técnica.
Saque (1ª estação)
Marcação da quadra
Defesa (6ª estação)
F
Bloqueio triplo (5ª estação)
Levantamento (3ª estação)
Rede
C
Passe (2ª estação)
Ataque na saída da rede (4ª estação)
Figura 5 – Circuito para o treino técnico.
O circuito pode ser praticado em diversas formas (retângulo,
reta, círculo etc.),visando exercitar o metabolismo aeróbio ou os de curta
duração, os do fosfagênio ou o glicolítico (TUBINO, 1993). Em cada
estação os exercícios são efetuados por uma das três maneiras, que é
a de repetição fixa, por tempo fixo (DANTAS, 1995; TUBINO, 1993) ou a
individualizada. No circuito por carga individualizada o atleta faz um
determinado número de repetições do exercício da estação, com o
objetivo de terminar a atividade no tempo proposto pelo professor. Na
Tabela 4 podemos observar as repetições e velocidades para cada
estação, de acordo com o objetivo da sessão do circuito.
64
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 10, n. 2, p. 49-73, 2002
Tabela 4 – Repetições e velocidades conforme o objetivo do treino em
circuito
Objetivo da Sessão
Repetições
Força Máxima
1a6
Hipertrofia Máxima
6 a 12
Força Explosiva
6 a 10
Resistência Muscular Localizada
15 a 30
Velocidade
15 a 25
Fonte: Modificado de DANTAS (1995)
Velocidade
lenta
lenta
máxima
média
máxima
TUBINO (1993) afirma que o circuito geralmente é composto de
6 a 15 estações, mas não é uma regra fixa. DANTAS (1995) recomenda
controlarmos a freqüência cardíaca (FC) do treinamento; podemos fazer
adaptações em FOX et al (1991) e GUEDES e GUEDES (1997) para
determinar a zona-alvo de treinamento do voleibolista, pela Tabela 5.
Tabela 5 – Freqüência cardíaca para o treino em circuito
Freqüência Cardíaca
Esforço
130 a 149 batimentos por minuto (bpm)
Leve
150 a 160 bpm
Moderado
161 a 170 bpm
Forte
> 170 bpm
Intenso
Fonte: Adaptado das duas referências: FOX et al. (1991); GUEDES et al. (1997)
DANTAS (1995) conclui sobre o circuito:
Por seu caráter geral, não desenvolve nenhuma
capacidade física (talvez a resistência muscular localizada)
em seu grau máximo. É, portanto, um método
complementar dos demais (p. 186).
Conclusão
O treinamento da atualidade visa os aspectos psicomotores,
cognitivos, afetivos (WEINECK, 1989) e táticos. O voleibol moderno
exige, para elaboração e prescrição, conhecimento científico dos
responsáveis da sessão e, ser for de alto nível, recursos tecnológicos,
almejando bons resultados nos amistosos e nas competições. Através
da periodização, da avaliação funcional e do treino para melhorar
condicionamento físico, explicado no artigo, podemos maximizar o
desempenho competitivo dos voleibolistas.
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Em conclusão, esperamos que as sugestões para investigação
sejam respondidas o mais breve possível, tornando a sessão mais
científica e beneficiando a saúde do atleta de voleibol.
ABSTRACT
A SPORTING PREPARATION OF THE VOLLEYBALL:
PERIODIZATION, EVALUATION FUNCTION AND PHYSICAL
CONDITION
The volleyball training is done twice a day, in the morning and
night, with exclusive dedication of the athlete to sports, although RUSSO
(1987) is against this idea. The frequency is an instrument for physical
education teacher prescription to the sessions of the year with more
control of loades on training. The training loades, due to results of
function evaluation, are composed by anthropometric, neuromuscular
and metabolics tests. The function evluation showing of the physical
condition of the athlete, being accurate to elaborate and prescribe the
flexibility training, body building, depth jump and circuit. The sessions
were important to volleyball physical preparation. This study aims to
determine best sporting preparation for volleyball and suggest future
researche.
Key words: volleyball, sporting preparation, training for volleyball.
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