vitória
Ano VIII
•
Nº 06
•
Junho de 2013
Revista da Arquidiocese de Vitória - ES
Uma lei que não faz crescer
Foto: Albino Portella
maioridade penal
PENSAR
REPORTAGEM
ESPECIAL
O Ministério Público
e o poder de investigar
As vantagens do intercâmbio
e o crescimento
A credibilidade nas
instituições religiosas
Ano VIII – Edição 06 – Junho/2013
Publicação da Arquidiocese de Vitória
Editora
Maria da Luz Fernandes / 3098-ES
Repórter
Letícia Bazet / 3032-ES
Colaboradores
Alessandro Gomes
Dauri Batisti
Gilliard Zuque
Giovanna Valfré
Edebrande Cavalieri
Revisão de texto
Yolanda Therezinha Bruzamolin
Publicidade e Propaganda
[email protected]
Telefone: (27) 3198-0850
Fale com a revista vitória:
[email protected]
Projeto Gráfico e Editoração
Comunicação Impressa
(27) 3319-9062
Ilustradores
¶ Kiko, · Gabriel
Designer
Albino Portella
Jane Maria Gorza
Impressão
Gráfica 4 Irmãos
(27) 3326-1555
youtube.com/mitraaves
@arquivix
vitória
facebook.com/arquivix
Bispos Auxiliares
Dom Rubens Sevilha
Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias
w w w. a v e s . o r g . b r
Arcebispo Metropolitano
Dom Luiz Mancilha Vilela
diálogos
4
PENSAR
9
O coração de Jesus, a fé
e a juventude
O Ministério Público
e o poder de investigar
MICRONOTÍCIAS
10
reportagem
18
especial
21
Aquecimento global, protesto
verde e escola em casa
As vantagens do
intercâmbio e o crescimento
A credibilidade nas
instituições religiosas
ARQUIVO E MEMÓRIA 23
Os Concilinhos na Arquidiocese
de Vitória
PROJETO
24
IDEIAS E SUGESTÕES
26
ACONTECE
28
Universidade para todos
A vida salvará as comunidades
do endurecimento
A Festa do Beato José
de Anchieta
sumário
editorial
ARTE SACRA
O significado do fogo
nas Festas Populares
15
C
6
Atualidade
Porque dizer não à redução
da maioridade penal
PARÓQUIA
Sagrado Coração
de Jesus
ENTREVISTA
16
12
A convivência com o mar
influencia a vida e a fé
SAÚDE
Audição e ruídos
Buscar para viver
30
om os movimentos da vida
as pessoas às vezes se buscam e às vezes se ignoram
e desprezam. Os “`as vezes” podem
ter durações variadas ou até surgirem esporadicamente. O tempo não
importa. O perigo é quando se solidificam e não são saudáveis aos
relacionamentos, ao crescimento das
pessoas e dos grupos ou prejudicam
o amadurecimento social.
Menores e maiores, nos lugares conhecidos e desconhecidos, no
exercício pleno das próprias funções
e atividades, nas descobertas e serviços de utilidade social, no resgate
histórico do simbolismo e da tradição,
o importante é a busca que encontra
sentidos para a vida ser e existir.
Convictos, credíveis, cuidadosos... e a vida será de tolerância,
aceitação e, principalmente, de leveza
porque a busca pelo outro e por Deus
é o que nos move na fé-vida.
Maria da Luz Fernandes
Editora
diálogos
COMO ESTÁ A SUA FÉ?
O CRUCIFICADO E
Ao perguntarmos como está a
sua fé estamos, de fato, perguntando:
Como está a sua vida, como está o
O mês de junho além das festas da
piedade popular, Santo Antônio, São
João Batista e São Pedro, também é
tradicionalmente considerado como o
mês do Coração de Jesus.
seu coração? Na linguagem popular
ao perguntarmos “como vai fulano?”,
se a resposta for: Ele está indo bem!
Significa que ele está ganhando dinheiro e subindo profissionalmente.
Caso contrário se responderá: Ele não
está indo bem! Conclusão: As pessoas
são medidas e avaliadas pela conta
bancária. O ser humano está sendo
avaliado não por aquilo que é, mas,
por aquilo que tem.
Quando perguntamos como está
a sua fé, estamos, na realidade, perguntando: Como você está como pessoa,
como gente, como ser humano?
Quanto maior for a fé de alguém,
maior será a sua humanidade. A falta
de fé desumaniza a pessoa. Sem Deus
o homem será um ser humano pela
metade, incompleto. Na Igreja Católica,
o ser humano verdadeiro, a pessoa que
chegou no topo e excelência da sua
humanidade recebe o nome de santo.
O santo é aquele que atingiu, de algum
modo, a estatura de Cristo: o verdadeiro
homem e verdadeiro Deus.
Dom Rubens Sevilha, ocd
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
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revista vitória
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A
Devoção ao Sagrado Coração de
Jesus é uma prática religiosa, ou
melhor, uma atitude pedagógica
da Igreja para que os fiéis conheçam
melhor e mais profundamente a Pessoa
de Jesus Cristo. A Pessoa de Jesus Cristo
é retratada, amada sob o sinal e símbolo
do Coração de Jesus. Um quadro humano, simples que nos aproxima de Deus.
Diante deste quadro, profundamente
humano, o fiel cristão é convidado, contemplando e interiorizando o que vê, a
mergulhar no Mistério Pascal de Jesus
Cristo.
São Paulo, em sua carta aos Romanos, escreve que pelo Batismo fomos mergulhados no Mistério da Cruz
e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus
Cristo (Rm 6, 4).
Ora, acredito que seria bom dedicarmos um pouco de nosso tempo a
um pequeno exercício de nossa mente e
coração, neste mês em que costumamos
meditar no Amor do Pai, revelado na
Pessoa de Jesus Cristo Crucificado, com
o seu Coração traspassado pela lança do
soldado.
Coloquemo-nos diante do Coração
Traspassado e, ao mesmo tempo, diante
do Crucificado. Um grande sinal, que no
momento, poderíamos ver ou contemplar como diante de dois grandes sinais
específicos: O Coração que ao jorrar
sangue e água gera a Igreja de Cristo e
seus Sacramentos, amor derramado por
nós para que tenhamos vida e o Sinal da
Cruz, Jesus Crucificado que esgota o seu
Sangue e nos lava de nossas misérias!
Ambos os sinais significam e expressam
o mistério da nossa salvação, a Nova e
Eterna Aliança no Sangue do Cordeiro
Imaculado, Cordeiro Pascal!
Contemplo as mãos e os pés do Crucificado, o Sangue esgotado, o seu lado
aberto pela lança como gesto extremo de
Amor. Só Deus consegue chegar a este
O CORAÇÃO DE JESUS
ponto do limite humano como sinal do
amor sem limites! Ele assume sobre si
as consequências do pecado e de todo o
pecado. Jesus, verdadeiramente Homem
vive humanamente a rejeição; assume
com toda liberdade a humilhação da
Cruz chegando ao ponto alto do Amor
oblativo quando diz: “Pai, perdoai-lhes
porque não sabem o que fazem”. Aqui
revela-se para nós claramente o “Homem” e o “Divino” na mesma Pessoa...
Jesus é verdadeiramente Homem e verdadeiramente Deus!
O Crucificado, pois, é sinal expressivo do Amor de Deus para com
a humanidade! Contemplando, pois, a
Cruz e o crucificado, contemplamos o
Amor de Deus!
O Sinal do Coração traspassado nos
conduz ao interior da Pessoa de Jesus.
Interiorizamos de modo contemplativo os
sentimentos do Homem Obediente, Jesus
e, Deus Misericordioso, Jesus, que ama
na sua totalidade o ser humano, reparando e restaurando a falha da humanidade,
convocando-a para o convívio eterno e
feliz.
O coração traspassado expressa o
derramar do Sangue do Crucificado como
Amor derramado sobre a humanidade.
A espiritualidade do Sagrado Co-
ração de Jesus tem como centro a Pessoa Amorosa de Jesus, obediente aos
desígnios do Pai, fiel e sinal Revelador
da Misericórdia Divina. O Coração traspassado expressa a Vitória do Amor
Redentor, Fonte de Vida Nova das Novas
criaturas! O Coração de Jesus, expressão
interior do Amor doado do Crucificado,
revela-nos a ternura de Deus através do
perdão, apesar de nossa ingratidão.
Portanto, ao contemplarmos o Coração de Jesus com olhar contemplativo,
deteremo-nos no Coração, Fonte de Ternura e Gerador de Vida, nascedouro da
Igreja chamada a ser sinal deste Amor
doado no meio da humanidade, chamada a servir, esgotando-se na ternura
do perdão como o Mestre e Senhor da
Cruz Redentora e Misericordiosa. Olho
o Crucificado e vejo o seu Coração traspassado. Vejo a Pessoa de Jesus Cristo e
digo com fé: Eu creio no Amor! Eu creio
no Amor que vem do Alto! Contemplo e
olho o Crucificado e o Coração Traspassado pela lança do soldado! Amor doado!
Por isso dizemos: Sagrado Coração de
Jesus fazei que o nosso coração seja
semelhante ao vosso Coração!
Dom Luiz Mancilha Vilela, sscc
Arcebispo Metropolitano
Em pleno ano da Fé
A partir das orientações da Cons-
tituição Apostólica ¨Porta Fidei¨, as
comemorações do Ano da Fé (20 anos
da publicação do Catecismo da Igreja
e 50 anos do Concílio Vaticano II) se
estenderão até 2015, devendo cada
Igreja particular, fazer sua programação, através da coordenação da Ação
Evangelizadora.
Sabemos que a Fé tem necessi-
dade de ser sustentada por meio da
Palavra de Deus, e de uma doutrina
capaz de iluminar a mente e o coração
dos fiéis, alimentada pela oração e pela
participação na comunidade.
Torna-se cada vez mais urgente
o aprofundamento da Fé, através da
prática da Leitura Orante, do conhecimento da Palavra de Deus, do estudo
do Catecismo da Igreja e da releitura
das constituições, decretos e declarações do Concílio Vaticano II.
Que em pleno ano da Fé, possa-
mos decidir estar mais com o Senhor,
viver com Ele e fortalecer nossa caminhada eclesial na Arquidiocese de
Vitória.
Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória
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revista vitória
5
Atualidade
Redução da
Maioridade Penal.
Por quais motivos
devemos dizer não!
H
á em trâmite no Congresso
Nacional dezenas de proposições acerca da redução da
maioridade penal. São propostas de
alteração do texto da Constituição Federal, que fixou em 18 anos a idade a
partir da qual o jovem passa a responder
integralmente pelos seus atos perante à
Justiça Criminal.
O debate em torno desse tema,
muito embora não seja novo, sempre se
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revista vitória
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acirra em ocasiões em que adolescentes
se envolvem em atos infracionais de
grande repercussão midiática. Nesses momentos, como agora, a chamada “grande
mídia” impulsiona a opinião pública e
pressiona o Estado a responder com o
endurecimento penal, o que no caso dos
adolescentes significa prendê-los cada
vez mais cedo e deixá-los encarcerados
por cada vez mais tempo.
Infelizmente, a cultura política bra-
mentais à infância? E como tem
sido o papel da família? E o que
nós, enquanto sociedade, temos
feito para evitar esse quadro?
O fato é que para não enfrentar a verdade, foram construídos
diversos mitos em torno da adolescência em conflito com a lei.
Diz-se, por exemplo, que a violência urbana tem no adolescente
o seu maior algoz. A realidade
desmente.
550 mil
Maiores de 18 anos presos ou
aguardando condenação.
30 mil
Jovens menores de 18 anos
em unidades de internação
cumprindo penas restritivas.
Repete-se por aí o mito de que os
atos praticados pelos adolescentes
são os mais bárbaros e terríveis.
Que seriam eles os responsáveis
pela escalada no índice de homicídios. Mais uma vez, os dados
desmentem.
Crimes cometidos pelos Internos
da Fundação Casa, São Paulo em 2012
Roubo
Tráfico de drogas
Latrocínio
Homicídio
Então, como bem indicou a
CNBB, em pronunciamento sobre
o tema, é imoral querer induzir a
sociedade a pensar que o adolescente seja o principal responsável
pela onda de violência no país.
No Brasil, até o início do século passado, a maioridade penal
estava fixada em 9 anos de idade
44%
41,8%
0,9%
0,6%
Foto: Albino Portella
sileira, ainda dominada pelo casuísmo, não permite que assuntos
tão sérios e complexos como o da
violência urbana recebam o tratamento adequado. Na maioria das
vezes, para satisfação da opinião
pública, são dadas respostas rápidas, fáceis e simples a questões
históricas, difíceis e complexas.
Reduzir a idade penal não
é solução para a tragédia da violência que se abate sobre nós. Ao
contrário, encarcerar adolescentes
de 16 anos, que deveriam estar na
escola, em presídios-masmorras é
condená-los à faculdade do crime
e vê-los de lá saírem profissionais
da violência.
O debate da redução da
maioridade penal fica assim na
superfície da questão, naquilo
que é a consequência e não a verdadeira causa do problema. Mais
do que tentar resolver o dilema,
a medida efetivamente agravará
a situação da violência.
Por que, ao invés da busca
desenfreada na punição a qualquer custo dos adolescentes –
consequência do problema –, não
nos preocupamos em debater e
enfrentar as reais causas que têm
levado esses jovens cada vez mais
cedo para a situação de criminalidade? Por que não discutir
qual tem sido o papel do Estado
na promoção dos direitos funda-
Atualidade
e uma criança de 10 anos poderia
ir para a prisão dependendo do
ato praticado. Com o Estatuto
da Criança e do Adolescente foi
possível construir o conceito de
que até os 18 anos o ser humano
está em peculiar estágio de desenvolvimento. Isso significa que um
ato antissocial praticado por um
adolescente deve, antes de tudo,
merecer uma resposta de caráter
pedagógico, que o responsabilize
na medida em que seja capaz de
educá-lo para a vida.
Reduzir a maioridade penal significa alterar o paradigma
Perfil do adolescente em
conflito com a lei (dados do
Conselho Nacional de Justiça)
Ensino Médio
5ª Série Primária
Criados apenas pela mãe
Criados pelos avós
Usuários de entorpecentes antes de
cometer crimes
11%
40%
47%
17%
75%
ético-civilizatório que construímos em torno da infância e da
adolescência, segundo o qual são
fases da vida na qual a pessoa
ainda está em formação, e isso
requer da família, da sociedade e
do Estado, a adoção de medidas
de caráter pedagógico, não de
vingança punitiva. A verdade é
que agora se reduz para 16 anos,
amanhã para 14 e em seguida
acaba-se definitivamente com o
conceito de infância!
A realidade revela que o Estatuto da Criança e seu espírito de
garantir proteção integral a todas
as crianças brasileiras, tornando-as prioridade absoluta, fazendo
com que seu desenvolvimento
físico-psíquico seja o mais saudável possível, nunca foi respeitado
e integralmente cumprido. Querem mudar uma Lei antes mesmo
de aplicá-la verdadeiramente. O
perfil dos adolescentes em conflito com a lei que superlotam as
degradantes unidades de internação brasileiras mostra que, longe
de terem sido prioridade, foram
crianças esquecidas pelo Estado,
abandonadas por suas famílias e
rejeitadas pela sociedade.
Antes de se pensar em reduzir a idade penal, seria preciso pensar em garantir a vida em
abundância de nossas crianças e
adolescentes. Vida para as cerca
de 2,5 milhões de crianças em
condição de trabalho infantil.
Vida para as crianças exploradas
sexualmente, obrigadas a vender
o corpo em troca de pão. Vida
para as crianças fora da escola,
sem oportunidades de cultura,
esporte e lazer. Vida para as 16
crianças e adolescentes que morrem, por diversas causas, diariamente no Brasil, segundo dados
do IBGE.
Como povo de Deus, detentores da fé que liberta, da
esperança que ilumina e da caridade que ama, é preciso negar
qualquer tipo de sentimento de
vingança e criminalização contra
nossas crianças e adolescentes,
especialmente os empobrecidos.
Ao contrário, somos chamados a
buscar neles a presença do Deus
misericordioso. Só assim conseguiremos construir um caminho
cristão na promoção da cultura da
vida e da paz e no cuidado que
temos que dispensar às futuras
gerações do nosso país.
Bruno Alves de Souza Toledo – advogado, mestre em
política social. Ex-presidente do Conselho de Direitos
Humanos e atual conselheiro da Comissão Justiça e Paz
da Arquidiocese de Vitória
pensar
DIGA NÃO À PEC 37
QUEREM AMORDAÇAR O MINISTÉRIO PÚBLICO
B
rasil! República Federativa formada pela união
indissolúvel dos Estados,
Municípios e do Distrito Federal.
Estado Democrático de Direito erige os Poderes e especifica
suas competências: o Legislativo
incumbe de elaborar leis, o Executivo, de administrar os bens
públicos, destinando-os, na forma
da lei. Cabe ao Poder Judiciário
examinar conflitos mediante processo e proferir decisão imparcial.
Como fim de tudo, visa efetivar seus Princípios Fundamentais e Constitucionais: soberania,
cidadania, dignidade da pessoa
humana, os valores sociais do
trabalho, a livre iniciativa e o
pluralismo político. (Art. 1º).
O Poder não é de quem o detém, seu exercício é um mandato,
requer reputação ilibada, competência e amor ao outro. Todos os
dias, vêm à tona, descobertas das
mais diferentes mazelas, desvio
de verbas de obras inadiáveis, escolas, hospitais e outros serviços,
sem explicação que se aceite.
Soa a hora de definir responsabilidades. Para tanto, uma
Instituição se tem revelado coerente com sua destinação constitucional, é o Ministério Público:
instituição permanente, essencial
à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis (Art.
127).
Tarefa de tal relevância importa em promover o inquérito
civil e a ação civil pública, para
a proteção do patrimônio público
e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos (Inc. III, art. 129).
O MP leva a sério tal tarefa.
À exaustão, investiga e, mediante
ações penais e/ou de improbidade
administrativa, tem levado agentes públicos a julgamento perante
os tribunais.
Maus parlamentares, como
diz o ditado, vendo a barba do
vizinho arder, apressaram-se em
dar jeito de pôr as suas de molho.
Encontraram saída no poder de
legislar que detêm: vamos tirar
do Ministério Público o poder
de investigação, só as Polícias
poderão fazer isto. Subterfúgio
desprezível, marcha-ré nos ainda
frágeis, mas permanentes passos
que o Brasil vem dando em favor
da moralização e do fazer valer
o Direito, punindo também malfeitores do “colarinho branco”.
Para tanto, tramita no Congresso Nacional a proposta de
emenda à constituição – PEC 37
“Todos os dias, vêm à tona, descobertas das
mais diferentes mazelas, desvio de verbas de
obras inadiáveis, escolas, hospitais e outros
serviços, sem explicação que se aceite.
– verdadeiro tapa na cara da Democracia, jogar no lixo uma das
maiores conquistas da Nação, que
tem o Ministério Público na mais
alta conta e a ele recorre sempre,
até, quando este Órgão por não
ser de sua atribuição, não dispõe
do analgésico que precisa para
lhe aplacar a dor.
Marlusse Pestana Daher - Mestre em Direito
e Garantias Fundamentais e escritora
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revista vitória
9
micronotícias
Escola em casa
Um casal de brasileiros, moradores da Nova
Zelândia há dois anos,
recebeu do Governo local a autorização para
retirar os filhos da escola e ensinar em casa. Pais
de quatro filhos, dois em idade
escolar, os brasileiros vão adotar
o conceito de unschooling (desescolarização), cujo objetivo é
ensinar por meio da vivência e
não através de aulas tradicionais.
As habilidades serão desenvolvidas por meio de visitas a parques,
museus, observação da natureza,
entre outras atividades.
Para conseguir a autorização,
o casal teve de apresentar um
projeto detalhado, apontando
como educariam as crianças em
casa. Eles listaram quais atividades
seriam trabalhadas para desenvolver competências em cada
área, discriminando uma série
de ações, como desenhar mapas em geografia, por exemplo,
cozinhar e observar a alteração
das matérias em ciências, e fazer
origami e montar quebra-cabeça
para ajudar na alfabetização em
matemática.
Alerta vermelho
A Secretaria Executiva
para o clima das Nações Unidas acendeu o
alerta vermelho. A liberação de gás carbônico
superou pela primeira vez a marca
de 400 partes por milhão (ppm),
um número simbólico que marca
uma tendência inquietante do
planeta para o aquecimento.
Protesto verde
Cansado de se deparar
com a má conservação
das calçadas, um inglês
decidiu plantar mini jar-
Melhor emprego do mundo
Um capixaba foi classificado entre os 18
finalistas do Concurso Melhores Empregos
do Mundo, que irá selecionar seis pessoas para ir à
Austrália desempenhar funções como cuidar de cangurus,
provar comidas e bebidas, ir a eventos como convidado vip
e patrulhar praias. Para a atividade, os felizardos ganhadores
receberão um salário de 100 mil dólares australianos, o equi-
10
revista vitória
Junho/2013
valente a cerca de R$ 200 mil. A campanha faz parte de uma
estratégia de marketing do órgão de promoção turística da
Austrália para promover o destino entre viajantes jovens de
outros países. Para conquistar a vaga, os candidatos enfrentarão vários desafios, incluindo criar conteúdo para vídeos
inspiradores de turismo, escrever em blogs sobre suas experiências na Austrália e participar de uma coletiva de imprensa.
O objetivo fixado pela comunidade internacional em
2009 é manter o aquecimento
global a uma elevação máxima
da temperatura de 2 ºC em relação aos níveis registrados antes
da era industrial, o equivalente
a cerca de 300 ppm. Caso esse
número seja superado, os cientistas consideram que o planeta
entrará em um sistema climático marcado pelos fenômenos
extremos. No fim do ano terá
início a rodada de negociação
climática entre os países, com
o foco para a construção de
um novo plano global, substituindo o Protocolo de Kyoto,
para conter as altas taxas de gás
carbônico na atmosfera.
dins em cada buraco
na rua. Ele utiliza plantas e
chamar a atenção dos cidadãos
para a situação das calçadas e
também tornar mais verde e
poética as paisagens urbanas.
A ideia do inglês deu tão certo
que passou a ser reproduzida
pelos buracos das calçadas
mundo afora. O movimento já
rendeu até um livro, chamado
‘The Little Book of Little Gardens’.
espécies de cores diferentes e
ainda acrescenta miniaturas de
bancos, bicicletas e orelhões,
sugerindo a maior integração
entre a natureza e os centros
urbanos.
O projeto chamado ‘The
Pothole Gardens ’ pretende
Festas dos
Santos Populares
Tradicionalmente, o mês de
junho é marcado pelas festas
juninas ou festas dos santos populares. Nessa época celebra-se Santo
Antônio, São Pedro e São João. De acordo com
os historiadores, a tradição veio de Portugal e,
chegando ao Brasil, foi facilmente incorporada
aos costumes dos povos indígenas e negros.
As características dos festejos vêm de diversas
partes do mundo: da França veio a quadrilha,
passos e marcações das danças; da China, os
fogos de artifício; a dança de fitas é originária
de Portugal e da Espanha; já a alimentação,
marcada por alimentos como milho, mandioca
e leite de coco é influência brasileira.
No Nordeste, onde a tradição das festas
juninas é mais marcante, festeiros vão às ruas
e visitam todas as casas, levando música e
dança. Os donos da casa, em contrapartida,
oferecem uma mesa farta de bebidas e comidas
típicas para servir os grupos. O costume é uma
maneira de integrar as pessoas da cidade.
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revista vitória
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entrevista
“O pescador busca o que
Rafael Madeira conversa com a Revista Vitória sobre o que aprendeu
na convivência com o mar, com a família e a comunidade.
Vitória­ - Quem é o Rafael?
Rafael - Sou um jovem que cresci
à beira da praia, aqui em Vitória,
no Bairro Jesus de Nazaré, aonde
conheci a paróquia S. Pedro que
é a minha segunda casa, aliás a
terceira, a primeira é onde eu
moro, a segunda é o cais e depois a Igreja. Sempre trabalhei
neste ramo porque a profissão
de pescador, para mim é uma
das profissões mais lindas, mais
maravilhosas. Meu pai é pescador, meus tios pescadores então
eu tenho bastante convivência e
estou bastante influenciado por
esse meio. Já passei mais de 20
dias no mar.
Vitória­ - O que significa ficar
esperando o peixe chegar ou
não chegar, como é essa espera?
Rafael - A vida da pesca é muito
sofrida. Hoje eu não estou mais
pescando, mas os pescadores vão
buscar o que não deixaram, diferente de quem está no campo
que planta e colhe, ou o gado
que está no pasto e você está ali
observando e sabe que vai colher.
O peixe você não deixou lá fora,
então, a expectativa é um jogo e
isso é bom. O pescador conhece
o peixe que bate lá no fundo a
30, 40 mil metros de fundura e
dentro de casa às vezes ele erra
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revista vitória
Junho/2013
a porta do quarto. O pescador
às vezes roda em cima do mar
dois ou três dias, onde só tem
água e água e ele sabe onde tem
uma pedra e que em cima dessa
pedra pode tirar peixe. Então, o
pescador tem muita fé, ele conta
com a fé. Se não tiver fé ele vai
no barco vazio e volta no barco
vazio. Algo que me emociona
muito é quando os pescadores
vão saindo da baía de Vitória,
eles se viram para o Convento,
tiram o boné, inclinam a cabeça,
fazem um gesto da cruz, fazem
a sua oração e vão saindo, isso é
maravilhoso!
Vitória­ - O
que você aprendeu
no mar influencia a sua vida,
o seu dia a dia?
Rafael - Sim, ajuda muito. Às
vezes em momentos conturbados
aqui no dia a dia em terra, com
tantas coisas que a gente vê, a
gente fecha os olhos e lembra
daqueles momentos lá no mar,
aquela brisa leve, suave, o barulho só do vento e do mar e a gente
por alguns instantes se sente lá,
e isso conforta muito, traz muita
paz para a gente.
Vitória­ - Como é a convivência
da comunidade fora do cais, lá
em cima nas casas?
Rafael - É até engraçado porque
hoje surgiram muitas oportunidades como petróleo, gás e tirou
um pouco esse foco da pesca, mas
não deixou”
a relação é boa. Ao amanhecer,
pelas 5, 6 horas da manhã já se
começa a falar: tá formando uma
nuvem, como vai ficar o tempo,
fulano de tal tá no mar, e a pescaria de fulano como é que foi?
É um modo da falar um do outro
de uma forma boa. E o barco de
fulano? Ah, tá lá no Rio, entrou
na Bahia, entrou em Santos e aí
vem a esposa e diz: você viu meu
marido lá fora? Você viu papai
lá fora, o filho pergunta. Tô com
saudade de papai. Isso tudo é
gostoso e aproxima bastante as
pessoas.
Vitória­ -
Hoje a comunidade
desceu porque tem um barco
que precisa de ajuda. É sempre assim, todo o mundo ajuda
quando precisa?
Rafael - Todo o mundo tenta ajudar, se precisar pular na água,
pula. Vai lá amarra uma corda,
puxa e tenta fazer. Quando não
tinha tanta modernidade a comunidade descia toda e empurrava
ou pegava o barco no colo, igual
uma criança, e botava dentro da
água, era assim que funcionava.
Quando não se consegue, fica o
pensamento positivo, torcendo
para que consiga.
Você falou no início da sua relação na comunidade religiosa.
O que o Rafael faz na Igreja?
Rafael - Graças a Deus e à minha
família eu sou batizado e crismado. Há dois anos atrás padre
Pedro Camilo, um grande amigo,
me convidou a ser ministro da
comunhão. A princípio me perguntava quem era eu para ser um
ministro, mas depois nas minhas
orações e até analisando a vida
no mar, eu vi que me assemelho
muito a São Pedro, sou muito
bravo, muito nervoso. E eu pensei bem assim, Pedro que cortou
a orelha do soldado foi um dos
discípulos mais amado por Jesus,
então acho que posso encarar
também. E hoje, antes de fazer
muitas coisas, eu penso no meu
compromisso com Deus, com a
Igreja. Eu sou ministro, a gente
tá ali e tem que ser exemplo. Eu
digo: eis o corpo de Cristo, então,
tenho que ser modelo, querendo
ou não querendo.
Vitória­ - A comunidade te cobrou mais depois que você se
tornou ministro?
“... quando estou na capela do
Santíssimo eu vejo o mar e ali
Cristo naquela barca com os
discípulos.
Rafael - Não, não cobrou até
porque eu sempre fui bastante
tranquilo, até que pise no meu
calo. Sou meio pavio curto e antes
da comunidade cobrar eu já me
policio.
Vitória­ - O que o contato com o
mar mais marcou a sua vida?
Rafael - O grande exemplo da
minha vida vem do mar. E eu
nunca fui de mordomia, sempre
quis conquistar o que era meu.
Quando tinha as festinhas no
bairro, mamãe e papai me davam dinheiro, mas eu não me
contentava, eu tinha que ter o
meu dinheiro. Então eu vinha
para a beira do cais quando tinha
uma embarcação descarregando,
pedia para lavar as tábuas, lavava
o barco para ganhar uma caixa de
peixe. Botava a caixa nas costas e subia o morro vendendo
aquele pescado e fazia o meu
dinheirinho.
Um dia falei para meu pai que
queria ir no mar e ele falou: não,
você não vai, vai fazer o quê no
mar? O mar não é lugar para você,
vai estudar, vai trabalhar em terra.
E eu insisti, eu quero ir, eu quero
ir, até que um dia fui. Fiquei 23
Junho/2013
revista vitória
13
entrevista
dias e essa foi a maior experiência
da minha vida. Ali eu vi como era
a experiência do pescador, a vida
que meu pai e meus tios levavam
no mar. É acordar 5 da manhã e ir
até 2, 3 horas da manhã, às vezes
duas a três horas de sono num dia.
Quando chegava no final do dia os
braços já estavam pedindo socorro
e a gente ali tendo que pescar. E,
um dia chuvoso e debaixo de um
temporal eu olhei assim para meu
pai, ele com um casaco, aquele
chapeuzinho de palha e eu me vi
lá em casa deitado no sofá, todo
bonitinho, tudo do bom e do melhor
sem imaginar que ele passava por
tudo aquilo para poder botar tudo
que eu tinha dentro de casa. Ali
eu aprendi a dar valor às coisas. O
temporal, o vento, a chuva, buscar
o que não deixou, aquele perigo
dentro daquele barquinho que mais
parece uma caixa de fósforo no
meio daquele “marzão” me ensinou
que tudo que a gente adquire com
suor, com luta, a gente aprende a
dar valor, a gente ama, a gente se
apaixona.
Vitória­ - Você falou de S. Pedro,
ele é o seu santo protetor?
Rafael - S. Pedro e S. Francisco e
no meio Nossa Senhora.
Vitória­ -
Quando você está em
terra, o que você pensa que no
mar é melhor?
Rafael - A paz, a paz do espírito.
Um dia que eu estava pra baixo no
mar, triste, e peguei um baldinho de
água do mar e joguei sobre mim. Eu
me renovei em fração de segundos.
Vitória­ - A sensação é a mesma
perto do cais ou no alto mar?
Rafael - Quanto mais longe melhor,
quando você passa a ponte já começa a sentir a diferença. Ah, mas
20 dias, 30 dias no mar, longe da
família, como? Tudo é costume. O
pescador dez dias em terra já fica
louco, já quer sair... ele fala que
terra é só para passeio, em terra só
se gasta, não se ganha nada, o que
se ganha é lá no mar. Um fato importante é que eu não sei levantar de
manhã sem me debruçar lá na lage
da minha casa e ficar nem que seja
20, 30 segundinhos olhando para
o mar, parado, refletindo, orando
e aí depois eu vou em paz. Preciso
dessa proximidade.
Vitória­ - Você precisa do mar?
Rafael - Sim, muito. Precisamos dele.
Vitória­ -
14
revista vitória
Junho/2013
“...eles se viram para
o Convento, tiram
o boné, inclinam
a cabeça, fazem
um gesto da cruz,
fazem a sua oração
e vão saindo, isso é
maravilhoso!
E o que você diz para
quem passa aqui perto e nem
vê que tem um cais, os barcos, a
comunidade?
Rafael - Olha que todos tirem esses 20, 30 segundinhos que eu tiro
por dia e dê uma quebradinha aqui
para o lado da Praia do Suá para
conhecer a realidade do pescador,
venham pela manhã cedinho para
ver os barcos chegando, as gaivotas
acompanhando, esse ar puro, eu
tenho certeza que vão querer voltar
mais vezes, isso é maravilhoso.
Vitória­ - Esses 30 segundinhos
olhando para o mar é a mesma
coisa que entrar numa capela
diante do Santíssimo?
Rafael - Ah é, porque quem tem
Cristo no coração leva ele para
onde for. Se você está em paz, Ele
está ali, assim como na capela do
Santíssimo. Vou falar diferente,
quando estou na capela do Santíssimo eu vejo o mar e ali Cristo
naquela barca com os discípulos.
arte sacra
Fogo: sentido bíblico e o
significado das fogueiras
Sentido do fogo na Bíblia
O fogo representa a transcendência e a santidade de Deus: Criação da luz
(Gn1); sarça ardente no Horeb e no Sinai (Êx3; 19); coluna de fogo na
caminhada do Êxodo (Êx13); brasa ardente para purificar os lábios de Isaias
(Is6); o carro de fogo que levou Elias (2Rs 6); o batismo no Espírito Santo e no
fogo, anunciado por João Batista (Mc 1); línguas de fogo em Pentecostes (At2).
Simbolismo da fogueira
O fogo é um elemento de
muitos significados, mas nas festas juninas, é responsável por reunir as pessoas à sua volta, purificando, confortando e protegendo.
A história conta que, na Europa,
o fogo era aceso nas festas que
antecipavam as colheitas a fim de
homenagear o espírito da floresta
e garantir a fertilidade das mulheres, das árvores e dos animais. O
formato da fogueira está ligado
ao santo homenageado: quadrada
para Santo Antônio, cônica para
São João, triangular para São
Pedro. Quanto mais alta, maior
é o prestígio de quem a armou.
A fogueira é sinal da luz, da
fé em Deus. A madeira levada por
todos gratuitamente, os galhos
empilhados geram tamanha luz e
grande clarão, as vozes, as rezas,
geram um testemunho de união
e de amor.
Assim como o fogo queima
e ilumina a noite envolta em trevas, a fé ilumina a vida, espalha
alegria e esperança a todos.
A origem da fogueira de São João
Além de primas, Isabel e Nossa
Senhora eram muito amigas e costumavam se visitar. Uma tarde, Isabel foi
à casa da prima e aproveitou para lhe
contar que, dentro de algum tempo,
seu filho nasceria e que seu nome
seria João. Nossa Senhora, então,
perguntou:
- Como poderei saber o nascimento do garoto?
- Acenderei uma fogueira bem
grande. Assim você poderá vê-la de
longe e saberá que Joãozinho nasceu.
Mandarei também erguer um mastro,
com uma boneca sobre ele - respondeu Isabel.
Um dia, Maria viu, ao longe uma
fumaça seguida de chamas vermelhas.
Dirigiu-se, então, para a casa de Isabel,
encontrando o recém nascido João.
Isso ocorreu em 24 de Junho e é por
isso que a festa de São João passou
a ser festejada com mastro, fogueira,
foguetes, balões e danças.
Padre Antonio Luiz Pandolfi, Paróquia Santíssima Trindade
Linhares – ES – Pós-graduado em Comunicação e Liturgia
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revista vitória
15
Paróquia
Sagrado coração de Jesus
A
devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma das expressões mais difundidas
da piedade eclesial, tal como refere recentemente o “Directório sobre a
Piedade Popular e a Liturgia” da Congregação para o Culto Divino. Os
Pontífices romanos têm salientado constantemente o sólido fundamento na Sagrada
Escritura desta maravilhosa devoção.
Como conseqüência das aparições de Nosso Senhor a Santa Margarida
Maria Alacoque no mosteiro de Paray-le-Monial a partir de 1673, este culto teve
um incremento notável e adquiriu a sua feição hoje conhecida. Nenhuma outra
comunicação divina, fora as da Sagrada Escritura, receberam tantas aprovações
e estímulos da parte do Magistério da Igreja como esta.
Entre os documentos mestres nesta matéria encontramos a encíclica de Pio
XII, Haurietis aquas, de 15 de Maio de 1956. Pio XII salienta que é o próprio Jesus
que toma a iniciativa de nos apresentar o Seu Coração como fonte de restauração
e de paz: “Vinde a mim, todos vós, que estais cansados e oprimidos, que Eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu
jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt. 11, 28-30).
Paróquia Sagrado Coração de Jesus
Itaquari - Cariacica
w A Paróquia tem 08 comunidades
w Criada em 1969, pelo Arcebispo Dom João Batista da Mota e Albuquerque
w Pároco: Padre Anderson Gomes da Silva
16
revista vitória
Junho/2013
Reportagem
Viajar
C
onhecer outra cultura,
aprender uma nova língua e, por alguns meses, experimentar a sensação de
independência e o aumento da
responsabilidade, aprendendo a
lidar sozinhos com problemas
cotidianos surgidos, longe dos
pais. Esses são alguns fatores
que movem jovens em diversas
épocas do ano a realizarem um intercâmbio, seja para estudo ou trabalho. Mas os resultados vão além
disso. Conhecer outros costumes
e tradições torna as pessoas mais
tolerantes e atentas aos outros,
ensina a lidar com as diferenças
e predispõe os participantes a
uma convivência mais pacífica,
solidária e fraterna.
Para cientistas alemães, explorar o mundo com novas expe-
18
revista vitória
Junho/2013
é preciso!
riências ajuda na formação do
cérebro, sendo capaz de formar
novos neurônios no hipocampo,
área responsável pela memória e
pelo aprendizado.
Na busca por novas experiências que promovessem o
crescimento pessoal, a jovem
Mariana Anselmo decidiu, junto
com algumas amigas, fazer um
intercâmbio para Las Vegas, nos
Estados Unidos. A escolha do
destino partiu da indicação de
uma das funcionárias da agência,
sendo um dos motivos, a facilidade de encontrar emprego. E isso
Mariana pôde comprovar: “eu
trabalhei em uma empresa que
vende saias indianas horrorosas.
Como eu não era muito boa com
o produto, acabei sendo demitida.
No mesmo dia já estava empre-
gada em uma loja que vendia extensões e acessórios para cabelos.
A cobrança por venda também
era grande, mas o trabalho era
mais gostoso, o produto era de
qualidade e as colegas de trabalho
eram ótimas“, contou.
Para a jovem, a viagem
representou a realização de um
sonho, que com planejamento
real, mesmo o que parecia distante, foi possível e deu certo.
“Às vezes, tudo acontece de uma
forma completamente diferente
do que a gente planejou, mas é
incrível! Aprendi a conviver melhor com a cultura do outro e a ser
mais tolerante com as diferenças.
Aprendi também a me interessar
mais pelas pessoas, a ser menos
turista e mais curiosa - e isso é
bem gostoso, porque te leva além
do basicão, que está em todo guia
turístico”.
Aos 16 anos, Clara Schneider decidiu ir para a Alemanha,
após boas indicações sobre a
experiência de um intercâmbio,
vindas de um casal de alemães,
amigos dos seus pais. Durante
um ano ela estudou, participou
dos eventos da escola, jogou no
time de vôlei e cresceu, em um
período de muito aprendizado e
autoconhecimento. “É uma oportunidade única, que tem que ser
aproveitada ao máximo para crescer e amadurecer como pessoa. Se
eu tivesse que fazer essa viagem
de novo, eu não faria nada diferente, pois cada dia é uma aula, e
cada coisa que eu errei uma vez,
da segunda vez eu fiz certo”.
Clara afirma ainda, que para
fazer um intercâmbio é preciso
estar aberto às diferenças, saber
respeitar e reconhecer as carac-
terísticas das diversas pessoas
com quem estará em contato,
ser tolerante e entender o novo
contexto em que se está inserido. “Não dá para esperar que as
coisas venham até você. Se quer
fazer amigos, corra atrás; se quer
viajar e conhecer outros lugares,
não perca as oportunidades; e
acima de tudo, se ficar em casa de
família, não se isole. Criar laços
é muito bom, especialmente com
as pessoas que estão fazendo o
papel da sua família de verdade”.
A jovem Letícia Rezende,
formada em Comunicação Social, carrega a experiência de dois
intercâmbios: o primeiro para os
Estados Unidos, escolhido por
ser o destino mais fácil para ter
uma experiência internacional,
sem ter que investir muito tempo
e dinheiro; e o segundo para a
Alemanha, quando foi aprovada para trabalhar por seis meses
na comunicação interna de uma
empresa multinacional. Após o
período, Letícia retornou ao Brasil, onde ficou um ano, e voltou
para a Alemanha, ingressando
no mestrado e trabalhando sua
tese em um projeto da primeira
empresa em que ela trabalhou no
país.
Desde 2009 ela reside na
Alemanha junto com o marido,
conhecido durante o intercâmbio.
Para Letícia, a viagem mudou sua
vida por completo. “Tive a oportunidade de conhecer e entender
a cultura europeia; fiz amigos
e viagens inesquecíveis; serviu
também para valorizar mais o
Brasil e ver que problemas existem em todo o lugar; além de ter
o contato com a minha profissão
em outro país”.
Além das experiências de
trabalho e estudo no exterior vividas por alguns jovens, a assistente
Junho/2013
revista vitória
19
Reportagem
social Danielle Machado teve a
oportunidade de viver um intercâmbio religioso, contribuindo
em projetos sociais na Arquidiocese de Paderborn, na Alemanha, durante um ano. Entre tantos
projetos que auxiliou, Danielle
destaca o desenvolvido junto a
crianças, jovens, adultos e suas
famílias, oferecendo informação,
acompanhamento terapêutico,
assistência social e tratamento na
área de drogas. “A dependência
química é uma realidade também
no Brasil, porém nosso país ainda
não conta com políticas públicas
de qualidade, estruturadas e eficientes na prevenção, tratamento
e acompanhamento”.
Podendo acompanhar de
perto projetos sociais realizados
em um país desenvolvido, a assistente social se surpreendeu com
a realidade encontrada: “nestes
12 meses de experiência pude
perceber que a realidade social da
20
revista vitória
Junho/2013
Alemanha apresenta problemas
que eu nunca havia imaginado
que pudessem existir num país
rico: moradores de rua; muitos
desempregados que dependem
da solidariedade de projetos sociais para receber uma alimentação matinal; ainda uma grande
dificuldade de integração entre
alemães e migrantes; dificuldade
de inserção de estrangeiros no
mercado de trabalho; prostituição
de alemãs e estrangeiras, como
alternativa de sustento para suas
famílias; etc. Porém, algo que
me sensibilizou muito foi a solidariedade do povo. As pessoas
empobrecidas que conheci tanto
no Brasil quanto na Alemanha,
apesar da falta de recursos financeiros, têm uma riqueza espiritual
fantástica, de esperança, acolhida
e respeito”, declarou.
Neste e nos próximos anos, é
o Brasil que estará em evidência
no cenário mundial, recepcionando pessoas vindas de todos os
continentes. A Jornada Mundial
da Juventude, que acontece no
próximo mês no Rio de Janeiro;
as Olimpíadas de 2014 e a Copa
do Mundo, em 2016, colocarão
em destaque nossa cultura, costumes e tradições, a culinária e os
pontos turísticos, levando o país
a uma verdadeira transformação
sócio-econômica-cultural.
Somos um país acolhedor,
festivo, que congrega diversas
etnias. Temos agora a oportunidade de “ir além” das expectativas dos visitantes. O desafio é
caprichar nos quesitos amizade,
respeito, tolerância, organização
e tantos outros necessários para
uma convivência harmônica entre
os povos.
especial
QUEDA DA CREDIBILIDADE
nas INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS
D
esde 2009 o Instituto
Futura tem realizado
pesquisas na Grande
Vitória sobre o grau de confiança das pessoas em diversos profissionais, entre eles lideranças
religiosas, padres e pastores. Em
quatro anos a credibilidade nas lideranças religiosas tem mostrado
uma queda crescente passando de
45% (2009) para 35,2% (2013).
Na referida pesquisa também
chama a atenção o descrédito
em relação às lideranças políticas (apenas 6,2% confia muito
ou confia), e o elevado grau de
credibilidade de bombeiros militares e professores. É preciso
registrar ainda que até 2009 havia
tendência crescente de confiança
nas instituições religiosas. O que
está acontecendo? Como explicar
estes dados das pesquisas?
A credibilidade das instituições, expressa na figura de suas
lideranças, é um fator essencial
para a estabilidade da sociedade
como um todo. Quando as instituições começam a ficar corroídas internamente, a situação
social perde a segurança da vida
democrática e abre seu horizonte
para um futuro imprevisível.
Parece-nos que o envolvi-
mento de lideranças religiosas
(padres e pastores) em escândalos
morais e financeiros atinge profundamente a relação dos fiéis
com as lideranças. Pode não perturbar a vida da fé, mas a relação
da pessoa com a Instituição Religiosa fica abalada. A integridade
moral e ética torna-se assim o
elemento central da credibilidade. Um caso apenas de desvio
do dinheiro do dízimo ou de assédio sexual que atinge o grau
máximo com a pedofilia produz
um estrago enorme na atitude de
credibilidade institucional. As
palavras de Jesus Cristo são severas: “Caso alguém escandalize
um desses pequeninos que creem
em mim, melhor será que amarre
ao pescoço uma pedra pesada e
seja precipitado nas profundezas
do mar” (Mt 18, 6). A mentira,
o falso testemunho, a falta de
transparência, ações contrárias
à disciplina e à moral das instituições e, no caso dos cristãos,
contrários ao Evangelho de Jesus
Cristo, fragilizam as organizações
religiosas em seu núcleo vital.
A escolha e a formação das
lideranças religiosas nem sempre
se pautam por critérios rigorosos
no sentido ético e moral. Mui-
tas vezes, o simples falar bem
e convencer plateias tornam-se
o critério básico das escolhas
e ordenações (quando houver).
O cuidado com as vocações religiosas nos tempos atuais tem
perdido o lugar para a urgência
de cooptação de fiéis para a própria Igreja. Muitas instituições
religiosas transformaram-se em
negócio empresarial. O livre mercado pautado por uma vida sem
ética tem sido visto em muitas
atitudes de líderes e instituições
religiosas.
Muitos se colocam numa
postura autoritária e acham que
não devem prestar contas a ninguém. Assim, não publicizam
balancetes de dízimos e gastos
com o culto. É preciso dizer que
também os leigos, muitas vezes,
estão implicados em atos contrários à integridade ética e moral na
sua ação pastoral. A credibilidade
só aumenta na medida de nossa
vigilância, eliminando possibilidades de desvios de conduta de
quem ocupa lugar representativo
nas organizações religiosas.
Edebrande Cavalieri
Doutor em Filosofia
Junho/2013
revista vitória
21
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22
revista vitória
Junho/2013
ARQUIVO E MEMÓRIA
ASSEMBLEIA ARQUIDIOCESANA,
ESPAÇO DEMOCRÁTICO E DE UNIDADE
DENTRO DA IGREJA DE VITÓRIA
U
m sopro renovador tomou conta da Igreja de
Vitória após o Concílio
Vaticano II. Dom João Batista
da Motta e Albuquerque e Dom
Luiz Gonzaga Fernandes realizaram, pelo interior inicialmente e depois na Grande Vitória,
os Concilinhos, discussões que
ajudavam o povo a mentalizar a
renovação proposta em Roma.
A partir de então o Secretariado
de Pastoral foi organizado e os
Assembleia Arquidiocesana - 1986
Participantes da Assembleia votando para
eleger o novo coordenador de pastoral
leigos começaram a participar
mais ativamente da vida litúrgica da Igreja e entenderam o
valor de suas opiniões.
Com o objetivo de ouvir a voz do povo organizado
em comunidades, foi criado o
COPAV (Conselho Pastoral da
Igreja de Vitória) e realizou-se
no início dos anos 70 a primeira
Assembleia Arquidiocesana da
Igreja de Vitória. Representantes das Ceb´s, organizados
em áreas pastorais passaram
a se reunir a cada dois anos
para discutir e opinar sobre as
linhas de ação da Arquidiocese.
Dessa forma, homens e mulheres atuantes nas comunidades
passaram a reconhecer que são
sujeitos da história e da Igreja.
Era um novo jeito de ser Igreja,
pois nas várias organizações
eclesiais e, consequentemente,
nas Assembleias Arquidiocesanas, todos começaram a ter
direito a voz e a votar as prioridades pastorais.
Giovanna Valfré
Coordenação do Cedoc
Junho/2013
revista vitória
23
projeto
Universidade para
Todos
Oferecer
oportunidades
aos alunos da
rede pública de
ensino e reduzir
as desigualdades
sociais presentes
no ensino superior
foram os alicerces de
uma ideia exitosa,
pioneira no país.
O
Projeto Universidade
para Todos (PUPT) nasceu em 1996, idealizado
por estudantes universitários que
conheciam a realidade de jovens
oriundos do ensino público, com
a proposta de tornar real o sonho
dessas pessoas, que não competiam em igualdade com alunos das
escolas particulares, mas tinham
vontade, determinação, aptidões
24
revista vitória
Junho/2013
naturais e eram potencialmente
inteligentes para ingressarem na
Universidade Federal do Espírito Santo. Além disso, o Projeto
buscava democratizar o acesso ao
ensino superior, oferecendo uma
boa preparação para a prova do
vestibular.
Com a ideia na cabeça, os
estudantes buscaram o apoio da
Universidade e de empresas para
auxiliarem na questão logística
e financeira. Conseguiram, e no
primeiro ano de implantação, o
Projeto formou sua primeira turma, composta por 60 alunos recrutados da rede pública de ensino.
Em quatro meses de estudo, o
índice de aprovação na Ufes foi
de 32%, sendo que o 1º lugar no
curso de Letras foi conquistado
por uma aluna que havia concluído
o 2º grau há 20 anos. O 2º lugar
em Biblioteconomia e o 3º em
Educação Artística também foram
do PUPT.
A partir daí, o número de
alunos matriculados e aprovações
foi crescente. O cursinho ganhou
a confiança de outras instituições
e apoio das prefeituras e do Governo do Estado, ampliando sua
atuação para diversos municípios
do Espírito Santo. A Fundação Ceciliano Abel de Almeida (FCAA) é
responsável por intermediar todas
as parcerias, que são firmadas a
cada ano.
Em 16 anos de história, o
Projeto Universidade para Todos
garantiu o ingresso e a aprovação
de quase 4 mil alunos ao ensino superior, representando uma
média de 27%, respectivamente.
Os estudantes ainda têm a oportunidade de cursar uma faculdade
particular, através das parcerias
diretas das instituições de ensino,
que oferecem bolsas de estudo,
com o PUPT; ou pelos programas
sociais dos Governos Federal e
Estadual, como o Prouni e Nossa
Bolsa.
Muito além de um cursinho
pré-vestibular, o Projeto ajuda a
construir nos seus alunos a cons-
ciência de cidadania, promove
a auto-estima e os prepara para
o mercado de trabalho, com o
auxílio de toda uma equipe que
conta com professores empenhados, coordenadores, monitores,
estagiários e alunos participativos
e interessados em alcançar algo
mais.
Como funciona
Todos os anos, o PUPT, por meio da Fundação Ceciliano Abel de Almeida, busca
as instituições para fechar parcerias. Após essas definições, é aberto o edital para
a realização do processo seletivo e, em seguida, inicia-se as matrículas dos alunos
aprovados. São requisitos para ingressar no PUPT que o aluno tenha estudado em
escola pública, e sua renda familiar seja de até 6 salários mínimos. Informações
em: www.pupt.pro.br
Junho/2013
revista vitória
25
ideias e sugestões
Esperanças daqueles que este mundo
B
uscamos uns aos outros.
O mundo humano se
faz e se constitui porque buscamos uns aos outros.
E é essa busca convulsiva de
uns pelos outros que ainda sustenta com esperanças aqueles
que este mundo faz nascer. É
esta busca que nos propõe - ou
deveria nos propor - sermos
audaciosos na ação e arteiros
e urgentes em outros modos
de pensar para que a vida seja
cada vez mais potente e o viver
juntos cada vez mais agradável.
Buscamo-nos constantemente e sabemos que a comunidade que erguemos desta busca
ganhará consistência exatamente pela reunião de diferentes
elementos, os mais disparatados
e surpreendentes. E estes elementos, é certo, continuarão
A vida salvará as comunidades do
endurecimento. A vida com suas forças e
belezas, mazelas e encantamentos, ciclos e
surpresas.”
26
revista vitória
Junho/2013
sempre a aparecer, e precisarão
ser sempre bem-vindos, desafiando-nos ao entendimento da
comunidade como fluxo, como
movimento, como composição,
e também como desejos de ser
outra coisa.
A comunidade traz sempre
dentro de si um desassossego,
uma incompletude, um grito
por novos membros, uma sede
de novos acontecimentos, de
novos encontros e o desejo de
ser outra comunidade. O amálgama de uma comunidade é a
surpresa, a novidade, o inesperado. Desse modo quase poderíamos afirmar, não existe uma
comunidade a ser preservada,
só existe uma comunidade a
ser construída.
Como as pessoas são constituídas em sua subjetividade
num processo belamente incessante, assim também nossas
comunidades eclesiais. Como
somos diferentes a cada fato
e acontecimento, mudados e
afetados pelos acontecimentos,
acasos e dificuldades, assim as
comunidades eclesiais.
As comunidades eclesiais
na Arquidiocese de Vitória se
balizaram historicamente por
dois referenciais importantíssimos, a fé e a vida. No que diz
respeito à fé as comunidades
bem se estruturaram, e como
em todo processo de institucionalização também se deu
nelas, um processo de endurecimento. E por conta disso
enfrentam dificuldades para se
reinventarem.
As comunidades chegaram
- e que bom que chegaram - a
um estágio bem desenvolvido
no que tange às celebrações, à
liturgia, aos sacramentos, ao
estudo da palavra, dos documentos e formações em geral,
e etc. Mas, no que se refere
ao seu outro polo referencial,
a vida, as coisas não seguiram o mesmo ritmo. Mapas
existenciais são preteridos
em função dos burocráticos.
Os encontros e intercursos de
vida se dão, mas não recebem
investimentos. Somos bons
investidores no planejamento, na organização, etc., mas
dispensamos os possíveis e até
necessários des-regramentos.
Sim, a comunidade se endureceu de muitas regras. Estaria a
acolhida fraterna exigindo um
desregramento que crie espaço
ainda faz nascer
para novos elementos, para a
surpresa, para o inusitado, para
a descontração?
De que falo? Falo sem
intenções de certezas, falo para
evocar outros pensamentos,
para provocar outras conversas. A mim parece que nossas
comunidades precisam voltar
a investir na Fé-Vida, e não
predominantemente na fé. A
vida salvará as comunidades
do endurecimento. A vida com
suas forças e belezas, mazelas e
encantamentos, ciclos e surpresas. Mas, não tem sido assim. É
como se prevalecesse um pensamento, “da vida as pessoas
mesmas dão conta”. Todavia,
cada dia mais as pessoas trazem
com suas queixas, em longas
filas nos atendimentos, o apelo
para a atenção à vida, à vida
nua, à vida que está por um
triz, à vida.
É hora de interromper o
que em nós e através de nós
destitui os encontros e paisagens humanas de mais beleza,
suavidades, flexibilidades. É
hora de nos experimentar como
sendo outro, um outro renovado, ressurrecto. É hora de
interromper os processos de
endurecimentos que nos fazem
próximos da inclemência e do
desamor. É hora de fazer do
estar juntos a clínica do revigoramento e da alegria. Toda
comunidade deve ser terapêutica, toda comunidade pode
ser clínica, cuidadora da vida
e suscitadora de outras e mais
belas expressões de vida. É
hora de rompermos a ferrugem
das dobradiças e escancarar as
janelas para que renove nosso espírito o ar benfazejo do
desregramento libertador, da
ressurgência do amor.
Outro dia, como de costume, andei por entre as estantes de
literatura da Biblioteca Pública na Praia do Suá para me possibilitar
um encontro, sim, um encontro com outra voz, outro pensamento,
outra história. Lá estavam os clássicos, sempre um apelo, sempre é
bom ler os clássicos. Dei-lhes um olhar, mas minhas mãos tomaram
um livro que se tornou uma grata surpresa, “Chegadas e partidas” de
Annie Proulx, autora americana que já conhecia de outro livro. Um
jornalista com uma autoestima pequeníssima, depois do suicídio dos
pais e da morte da esposa, é levado por uma velha tia para a terra
inóspita e gelada dos seus ancestrais no litoral do Canadá. Ali ele
terá que aprender a enfrentar não apenas as forças surpreendentes
da natureza, mas também aquelas que dentro dele impedem a construção de um sentido novo para a vida. Os encontros te esperam,
boas leituras!
Dauri Batisti
Junho/2013
revista vitória
27
acontece
Formação para agentes
da Pastoral da Saúde
Durante os dias 22 e 23 de junho,
será realizado o Encontro de Formação
da Pastoral da Saúde, na Casa de Retiro
São Francisco Xavier, em Santa Isabel,
para preparar e orientar os agentes
sobre o serviço e a missão da pastoral.
Nas palestras serão abordados
temas como Bioética, cuidados paliativos, autoconhecimento para uma
vida melhor e a psicologia do enfermo e do agente da Pastoral da Saúde.
Médicos e especialistas de cada área
foram convidados para apresentarem
os assuntos.
Cada paróquia pode enviar
até cinco agentes de pastoral, e
as inscrições podem ser feitas no
Secretariado de Pastoral da Arquidiocese ou pelos telefones (27)
3396-9205/9954-2791/9932-0082.
Retiro dos Presbíteros
Entre os dias 01 e 05 de julho, os presbíteros da Arquidiocese de Vitória estarão reunidos para o retiro
anual em Santa Isabel, Domingos Martins. O pregador
será o bispo de Diamantina (MG), Dom João Bosco.
Serão dias, de recolhimento, oração, escuta da Palavra,
adoração ao Santíssimo, intercalados por orações individuais e comunitárias que fortalecem a comunhão
com Deus e entre os presbíteros.
Semana do Migrante
A 28ª Semana do Migrante, que acontece de 16 a 23 de
junho, tem como tema ‘Juventude e Migração’, abordando a
realidade vivida pelos jovens migrantes, suas buscas, dificuldades, conquistas e expectativas.
Na programação, momentos
especiais como missa com os
migrantes na paróquia Sáo José
Operário, em Carapina, círculo
bíblico em alojamentos e repúblicas, Celebração no albergue
de Vitória e palestra na Aldeia de
Pescadores, com o tema ‘Políticas Públicas- Direito de ir e vir’.
Retiro da Pastoral Familiar
A Pastoral Familiar da Arquidiocese está
planejando um momento de recolhimento e
reflexão para os casais, durante os dias 08 e 09
de junho. O retiro será realizado no Orfanato
Cristo Rei em Cariacica.
28
revista vitória
Junho/2013
No encontro, os casais serão levados a refletir sobre o seu serviço a Deus. Para inscrições
e outras informações, os interessados devem
procurar os coordenadores da Pastoral Familiar
das paróquias.
Festa Nacional do Beato José de Anchieta
O município de Anchieta, no
sul do Espírito Santo, originado
de uma aldeia indígena catequizada pelos padres jesuítas, tem
uma forte relação com o padre
José de Anchieta, que por sua
dedicação à catequese e à missão de evangelizar, passou a ser
conhecido como o mais notável
jesuíta no país, sendo chamado
de Apóstolo do Brasil.
Comemorada no dia 09 de
junho, a Festa do Beato José de
Anchieta é uma tradicional manifestação religiosa e cultural, que
mobiliza todo o município em
lembrança ao legado histórico
deixado pelo jesuíta. Todos os
anos, é planejada uma extensa
programação com início no final
do mês de maio, incluindo shows
católicos e seculares, tríduos e
missas na Igreja Matriz, apresentações culturais e atividades
esportivas e ecológicas.
Primeiro roteiro cristão das
Américas, a caminhada ‘Os Passos
de Anchieta’ também é realizada
todos os anos, com o objetivo de
resgatar o caminho percorrido
pelo primeiro mestre do Brasil
nos seus últimos anos de vida.
Neste ano, a chegada dos andarilhos em Anchieta acontece no
dia 02 de junho às 11h, com a celebração da bênção ao meio
dia, na Igreja Matriz.
Na programação religiosa
está o Tríduo, nos dias 06, 07 e
08, às 19h30 na Igreja Matriz, com
os temas: ‘Anchieta, Apóstolo do
Brasil’, ‘Anchieta e o seguimento
de Cristo’ e ‘Anchieta e a Devoção
à Nossa Senhora’. No dia 09, será
realizada a Missa Solene, às 16h
na Praça do Santuário, com o
tema ‘Anchieta e a Juventude’.
Após, às 18h, o cantor católico
Padre João Carlos lança seu CD
‘Quem me Tocou’, no mesmo
local.
Durante todos os dias de festa, acontece na Praça de Eventos
programações culturais e apresentações, contando ainda com
a Biblioteca Itinerante e o Espaço
Cultural. Entre as atrações nacionais que se apresentarão estão
Jota Quest, João Bosco e Vinicius,
Fábio Jr. e Revelação.
Junho/2013
revista vitória
29
saúde
Saúde Auditiva
O
ouvido é uma estrutura muito delicada.
Responsável pela percepção, identificação e compreensão dos sons, suas estruturas
merecem todo cuidado e atenção,
pois além da função auditiva, ele
também interfere no equilíbrio.
É muito importante prestarmos atenção em determinadas
atitudes:
wO ouvido não deve ser limpo
com nenhum instrumento. O
cerúmen, ao contrário do que
muitos pensam, não é sujeira
e sim proteção!
wCuidado com sons altos: quanto mais alto for o som que você
ouvir, maior será o risco de
prejudicar sua audição. Nossos ouvidos são delicados
e têm estruturas complexas
que podem ser facilmente prejudicados. Somos expostos
constantemente a ruídos no
trabalho, no tráfego, quando
ouvimos música alta, ao sair-
30
revista vitória
Junho/2013
mos à noite para concertos ou
locais em que o som é muito
alto. Como exemplo, o som de
um concerto de rock chega a
atingir um nível de 110-120
decibéis. Ressaltamos que
esses níveis sonoros podem
ser facilmente produzidos por
um headphone, quando se está
escutando música alta.
wDores no ouvido, secreções e
“coceiras” devem sempre ser
avaliados por um Otorrinolaringologista.
wO zumbido também é muito
comum. Pode ser como grilo,
chiado, enfim,de vários tipos!
Ele é sinal que algo não está
sendo muito bem processado
no Sistema Auditivo e tem
várias causas associadas.
wExiste, ainda, a queixa de “ouvir e não entender”, isso é,
não compreender o que lhe foi
dito. Esses sintomas devem ser
avaliados também pelo médico
especialista.
Exames específicos podem
ser feitos para avaliar a audição
desde o nascimento. O exame
do bebe é chamado Otoemissão
Acústica, e é também conhecido
como Teste da Orelhinha. Após,
durante o crescimento e vida
adulta, periodicamente devem ser
feitos exames conhecidos como
Audiometria e Impedanciometria
que irão determinar os limiares
auditivos da pessoa. Caso haja
necessidade existem exames mais
específicos que poderão ser indicados pelo seu médico.
Enfim, a nossa audição é um
bem precioso e que, assim como
o coração e o pulmão, deve estar
sempre sendo olhada e cuidada.
Cuide da sua audição para
estar sempre ouvindo mais e
melhor!
Drª Christiane Saliba Helmer
Otorrinolaringologista
Mestre em Ciências – Patologia das
doenças Infecciosas
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FESTA DE SÃO JOÃO BATISTA - Cariacica Sede
16 a 24 de junho
Novena e missa nas comunidades e na paróquia
22, 23 e 24 de junho
Shows com as bandas Ciros (Bom Pastor de Campo Grande), Amor
e Vida (Canção Nova) e DDD (Doidinhos de Cristo).
23 de junho
Missa com procissão na Igreja matriz às 7h30
24 de junho
Missa solene de São João Batista, às 17h, presidida por Dom Sevilha
e concelebrada pelos padres da área pastoral Cariacica/Viana
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maioridade penal - Arquidiocese de Vitória