Ano 06
Número 20
Setembro/2011
INDÚSTRIA TEM PAPEL
DE DESTAQUE NAS
METAS DO GOVERNO
PARA O DESENVOLVIMENTO
DO ESTADO
NOVO CÓDIGO
FLORESTAL PREOCUPA
SETOR DA CONSTRUÇÃO
CIVIL
CARLOS SASAI
O COMANDANTE DA INDÚSTRIA
ACREANA PELOS PRÓXIMOS
4 ANOS
SUMÁRIO
INDUSTRIAL
05 - Editorial
06 - Destaques
09 - Artigo – Oscar Motomura
10 - Assuntos Legislativos
14 - A influência da pecuária na
28
Carlos Sasai, comandante da
indústria acreana pelos próximos
4 anos
vida do acreano
FIEAC
18 - Inovação na pauta das indústrias
SESI
2ª CAPA
ANÚNCIO
22 - Cidadãos do futuro
SENAI
34
Novo Código Florestal preocupa
setor da construção civil
24 - Dois em um
IEL
26 - Unidos pelo sucesso
42 - O "milagre" da habitação
46 - Peixes, o novo signo da indústria local
50 - Artigo – Eloi Zanetti
38
EXPEDIENTE
SÉRGIO VALE
Indústria tem
papel de destaque
nas metas do
governo para o
desenvolvimento
do Estado
A Revista “Acre Industrial” é uma publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Acre, Ano 06, número 20, setembro de 2011. Jornalista
Responsável: Daniele Carlos (DRT 2268/03 – DF). Colaboração: Marcela
Barrozo (DRT 018/03 – AC), Lara de Freitas (DRT 56344/09 - SP), Jorge Luiz
Araújo Vila Nova, Ulisses Lima, Aline Lourrany. Projeto Gráfico e Editoração:
Allgraf Gráfica e Editora. E-mail: [email protected]/ site: www.fieac.org.br
/ Tel: (68) 3212-4208 / Fax: (68) 3212-4203. AC. Ceará, 3727 – Floresta. Rio
Branco / AC. CEP: 69.907-000.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
03
Presidente
Carlos Takashi Sasai
Vice-Presidentes:
José Luiz Assis Felício
João Francisco Salomão
Raimunda Holanda de Paula
João Oliveira de Albuquerque
Abrahão Assis Felício
José de Ribamar Nina Lamar
Antônio Jorge de Azevedo Barbosa
Jandir Santin
José Adriano Ribeiro da Silva
Joafran Antônio Guedes Nobre
Secretários
1º Secretário: João Paulo de Assis Pereira
2º Secretário: Jorge Wanderlau Tomás
Tesoureiros
1º Tesoureiro: Aristides Formighieri Júnior
2º Tesoureiro: George Dobré
Suplentes da Diretoria
Carlos Afonso Cipriano dos Santos
José Osmar Zanatta
Sérgio Nakamura
Ely Assem de Carvalho
Adalberto José Moreto
Anísio Fernandes Maia
Conselho Fiscal
Efetivos
Antônio Leônidas de Araújo Neto
Sérgio Tsuyoshi Murata
Célio Pereira
Suplentes
Paulo Roberto Cavalcanti
João Evangelista Quintela Rodrigues
Luiz Carlos Guimarães
ANÚNCIO
EDITORIAL
DIRETORIA
Federação das Indústrias do Estado do Acre
DIRETORIA 2011 - 2015
Agenda
positiva
para o Acre
Ao assumir a presidência da Federação das Indústrias do Estado do Acre – FIEAC, reafirmo minha
disposição de fortalecer vários segmentos de extrema importância para o nosso Estado. Áreas como educação,
formação e qualificação de mão-de-obra, pesquisa aplicada e prospecção de mercado serão valorizadas.
A infraestrutura base para este tão almejado desenvolvimento vai consolidar-se em breve, com a conclusão
das obras da Rodovia Transoceânica, que liga o Acre aos portos do Oceano Pacífico, e da BR-364, que integrará
todo o Estado. Além das estradas, há ainda o Complexo Hidrelétrico do Madeira, que propiciará a oferta de
energia abundante e de custo mais baixo para a região. Isso sem mencionar uma das maiores bandeiras da
FIEAC, a criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), e a consolidação da Copiai (Comissão
Política de Incentivo às Atividades Industriais), com alguns ajustes que iremos propor, oferecem-nos um bom
ambiente fiscal.
Além disso, estamos comprometidos com alguns temas de extrema importância para o nosso Estado:
Responsabilidade Social Empresarial - Não vamos admitir que seja apenas uma peça de marketing, mas algo
vivo e cristalino que permeie a consciência e as atitudes de todos os empresários acreanos.
Meio Ambiente - tema que gera maior preocupação em todo o planeta; claro que vamos estar inseridos nesta
discussão, sem maniqueísmo e sem radicalismos filosóficos ou ideológicos. Mas, à luz da ciência, havemos de
encontrar o necessário equilíbrio.
Inovação - Pretendemos implantar o Centro de Inovação Tecnológica do Acre, e criar uma grande rede de
parceiros, incluindo as universidades, não só a do Acre, mas de todo o país e instituições de pesquisa, como a
Embrapa e o Sebrae. Além disso, temos certeza de que contaremos com o importante e decisivo apoio do
Governo do Estado do Acre, especialmente por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento, Ciência,
Tecnologia, Indústria e Comércio.
Reformas - A sociedade brasileira tem consciência da necessidade de que elas aconteçam para que o país
experimente um ciclo de desenvolvimento com alta competitividade e sustentabilidade a longo prazo.
Entretanto, devo ressaltar aquela que, a nosso ver, é a mais importante de todas: a Reforma do Estado Brasileiro.
Fortalecimento sindical - O trabalho junto aos sindicatos filiados é fundamental para os setores que eles
representam, e por isso a FIEAC vai dar continuidade às propostas junto à classe política, além dos programas
de qualificação profissional já existentes.
Interiorização do desenvolvimento - Precisamos consolidar nossa indústria e torná-la mais competitiva e
sustentável. Com a conclusão da BR 364 – que interliga Rio Branco aos municípios do Vale do Juruá – teremos
que sensibilizar os empresários dessa região que o Sistema FIEAC pode ser usado em benefício do seu setor. Só
conseguiremos prestar um serviço de excelência no Estado a partir do momento em que o próprio industrial
tiver plena noção do poder se sua contribuição.
Relacionamento com a classe política - Além de darmos continuidade à Agenda para o Crescimento,
precisamos manter e fortalecer o diálogo com a classe política em todos os níveis: municipal, estadual e federal,
sempre atuando como parceiros no intermédio com a classe empresarial acreana.
* Carlos Takashi Sasai
presidente da FIEAC
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
05
DESTAQUES
Pró-Amazônia
A ção
e parlamentares
da Construção
DiaSocial
promove mais de 11 mil
atendimentos no Acre
Mais de 11 mil atendimentos foram realizados no dia 20 de agosto em função do Dia Nacional da
Construção Social, promovido durante todo o dia no Ginásio do SESI e unidades adjacentes. O evento tinha
por objetivo incentivar a qualidade de vida dos trabalhadores da indústria da construção civil e seus
familiares, por meio de atividades de educação, cultura, saúde, lazer e da mobilização da cidadania,
semelhantemente ao naipe da Ação Global.
O mutirão solidário é promovido, nacionalmente, pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC) e Confederação Nacional da Indústria (CNI). No Acre, o Sindicato da Indústria da Construção Civil
(Sinduscon), em parceria com o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), por meio do
SESI e do SENAI, Grupo Votorantin e governo do Estado, realizaram o evento durante todo o sábado.
De acordo com o presidente Sinduscon, Carlos Afonso Cipriano dos Santos, a realização do evento foi um
sucesso. “As metas foram atingidas e as nossas expectativas, superadas. Agradecemos aos parceiros que
estiveram junto com a gente, apoiando esta importante causa”.
FIEAC
Sistema
renova certificação ISO
Numa prova de que está sempre em busca de aprimoramento para melhor atender seu público, o
Sistema FIEAC obteve, junto à BRTUV, nova certificação da ISO 9001:2008, uma garantia de
qualidade e confiabilidade para os clientes.
A ISO 9001:2008 é uma das mais rigorosas normas de qualidade do mundo e estabelece requisitos
do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) nas organizações. Desta forma, os clientes conseguem
saber que suas necessidades serão asseguradas, compreendidas, aceitas e atendidas. A função do
Sistema é de promover a satisfação dos clientes por meio da normatização de procedimentos,
visando à melhoria contínua.
Para o presidente da FIEAC, Carlos Sasai, a certificação
mostra que o Sistema Indústria continua no caminho
certo. “Com essa certificação temos mais certeza de que
estamos no caminho certo, que é o de buscar
continuamente a melhoria dos serviços que prestamos
ao setor industrial acreano”, concluiu.
06
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
do Norte se unem
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), Carlos Sasai, e o vice, João
Francisco Salomão, reuniram-se nesta quinta-feira, 21 de julho, com os presidentes da Comissão da
Amazônia no Congresso, deputado Gladson Cameli, e da Ação Pró-Amazônia da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), empresário Edilson Baldez (presidente da Federação das Indústrias do
Estado do Maranhão-FIEMA).
O propósito do encontro foi unir forças entre as duas instituições em favor de iniciativas que
contemplem os interesses empresariais da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), como o Projeto Norte Competitivo, que aponta os nove
eixos de integração prioritários que permitirão reduzir os custos logísticos dessa região com aumento da
competitividade da região; a necessidade da ponte sobre o rio Madeira, para evitar o isolamento do
Estado do Acre; e o estímulo à cultura empreendedora, com realização de palestras, treinamentos e
cursos de liderança.
“Queremos nos fortalecer e definir uma pauta única para discutir os interesses em comum. Em
agosto, realizaremos uma reunião com todos os presidentes de federações de Indústria dos estados da
Amazônia Legal com esta finalidade”, informou Sasai, que convidou Gladson para estar presente na
ocasião.
do SESI:
Jogos
Correios é campeão
do futebol sete máster
Mais uma empresa marcou passagem para Manaus,
de 11 a 15 de novembro, para representar o Acre nos
Jogos Regionais do SESI. Ao vencer a Albuquerque
Engenharia por 6 a 1, a equipe de futebol sete máster
dos Correios integra a delegação acreana, que já
conta com 91 pessoas. O jogo decisivo foi realizado em agosto, no campo de futebol society do Sesc-Bosque.
Artilheiro da partida, o carteiro Erlei Oliveira assinou três dos seis gols, sendo ele o responsável pelos dois
primeiros. Ele abriu o placar aos 17 minutos do primeiro tempo e, em exato 1 minuto e seis segundos depois,
ampliou para os Correios. Foi ele também quem encerrou a conta, marcando o 6º gol aos 24 minutos da etapa
complementar, liquidando de vez a possibilidade de reação da equipe adversária.
“Nós estávamos muito focados neste jogo. Ficamos em segundo lugar no ano passado e, neste ano, só a vitória
nos interessava. Tanto, que preferimos perder por W.O no futebol de campo para estarmos com força total nesta
final”, revelou Oliveira. Apesar da dedicação, devido ao pouco tempo que os trabalhadores-atletas dispõem
para se preparar, ele confessa que não puderam treinar com mais afinco. “É só a vontade que temos de jogar
que nos motiva. Os Jogos do SESI são bons por isso, porque podemos nos divertir e ao mesmo tempo é bom
para a saúde”.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
07
ARTIGO
Oscar Motomura
Tempo de qualidade
O futuro é resultante do que criamos coletivamente.
Muito do que virá em 20 anos vem sendo moldado
há décadas. Podemos mudar o curso dos
acontecimentos?
abemos que futuro é esse que vem sendo
moldado? Na verdade, sim.
Conhecemos as condições em que o
planeta se encontra. Sabemos que a violência
continua fragmentando a sociedade. Que o
modo de vida e o tipo de consumo que se
multiplicam pelo mundo não são sustentáveis.
A mesma mente que sabe também racionaliza.
Postergamos ações que curam. E justificamos.
Todos fingimos acreditar. Num imenso jogo de
ilusões. O que está na base de tudo isso, também
sabemos: o egoísmo e a falta de desprendimento
dos que têm muito, a ganância e a ambição
desmedida de alguns, a manipulação das
instituições, a deterioração dos valores, a busca
de crescimento ilimitado num mundo com
recursos finitos... Mas por que racionalizamos e
não agimos rapidamente na direção da cura?
A resposta pode estar muito perto de nós. Tudo
que vemos no macro talvez esteja acontecendo
no micro. Em nossa vida pessoal, insistimos
num modo de vida não saudável. Sabemos o
que temos de fazer e não fazemos. Nas empresas,
idem. Vamos nos acostumando a um jeito de
atuar também não saudável: muito estresse,
excesso de competição, fragmentação de todo
tipo, ações predatórias... Na cultura
organizacional que criamos, tudo tem de ser
resolvido em breves reuniões. Estamos nos
enganando.
Nesse tipo de reflexão, a questão sempre
presente é: “Precisamos chegar ao fundo do
poço para, só então, fazer o que é preciso?”. Para
agir antes do ponto de colapso, será preciso
romper barreiras poderosas. A mais relevante é a
do “piloto automático”. Há uma rotina, os
tempos estão alocados, as pessoas atuam dentro
de processos estabelecidos. Não sobra quase
tempo de qualidade para o diferente. O mesmo
S
acontece nas empresas e na sociedade. Fazer a
rotina mudar e dar uma guinada requer energia.
Em certos casos, muita energia, tempo,
recursos. Energia extra. Ou seja, em adição a
toda energia e recursos que alocamos ao “piloto
automático” da vida cotidiana. Tudo o que é
preciso para curar nosso modo de viver exige
doses maciças de investimento, dedicação
integral de nossos melhores talentos. E
principalmente: tempo de qualidade. Sem essa
dose maciça de energia, o “transatlântico” não
mudará seu curso e continuará no “piloto
automático”, rumo a um futuro que ninguém
deseja.
Quando você fará seu sabático para repensar seu
modo de vida e dar a guinada necessária? Sua
empresa estaria disposta a investir um grande
volume de recursos extras e formar uma
superequipe para ficar seis meses, dez horas por
dia, focada na reinvenção do transatlântico? Os
mais de 200 países do mundo estão a fim de
alocar centenas de bilhões e seus melhores
cérebros, por alguns anos, para idealizar e fazer
acontecer a guinada que o mundo precisa dar?
Na cultura que criamos em nossas organizações,
tudo precisa ser resolvido em breves reuniões ou
retiros de poucos dias... Estamos nos
enganando. Nossos maiores desafios jamais
serão superados se não houver energia em
quantidade proporcional à magnitude dos
problemas que queremos resolver. (Artigo
publicado na Revista Época em abril de 2011)
*Oscar Motomura é diretor-geral da Amana-Key,
especializada em inovações radicais em
gestão e estratégia . www.amana-key.com.br •
[email protected]
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
09
Assuntos Legislativos
P
ara desenvolver determinadas atividades, as
empresas terão que comprovar a inexistência de
débitos perante a Justiça do Trabalho. É o que
prevê o substitutivo ao Projeto de Lei nº 7.077/2002,
aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania da Câmara dos Deputados. A emenda
institui a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas
(CNDT), que deverá ser apresentada pelas empresas para
demonstrar a regularidade trabalhista quando se
candidatarem a processos de licitação junto à
administração pública, devendo ser válida para todos os
estabelecimentos e pelo prazo de 180 dias contados da
emissão.
Publicada em 7 de julho, a Lei 12.440/11, oriunda do
Projeto de Lei do Senado (PLS) 77/02, do ex-senador
Moreira Mendes, faz alterações na Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT) e na Lei de Licitações (Lei 8.666/93),
e entrará em vigor em 4 de janeiro de 2012. Com as
mudanças, as empresas que quiserem ser contratadas
pela administração pública terão de quitar suas dívidas
trabalhistas, para ser consideradas habilitadas a
participar de licitações.
A certidão, que poderá ser retirada de forma gratuita
e eletrônica pelas empresas interessadas, comprovará a
inexistência de débitos com a Justiça do Trabalho. A
CNDT não será emitida quando o empregador tiver
pendências decorrentes de sentença condenatória
transitada em julgado ou de acordos firmados com o
Ministério Público do Trabalho ou Comissão de
Conciliação Prévia.
Robson Braga, presidente da Confederação Nacional
das Indústrias (CNI), alerta que a Certidão Negativa de
Débito Trabalhista aumentará a burocracia e os custos
para as empresas, podendo comprometer os processos de
compras do governo. “A medida é inadequada e
prejudica especialmente as micro e as pequenas empresas
e poderá até impedir o pagamento dos débitos. Isso
porque, ao ser eliminada de uma concorrência pública
pela falta de pagamento de uma dívida trabalhista, a
empresa corre o risco de fechar as portas, demitir
empregados e elevar os débitos com seus trabalhadores”,
enfatiza.
Para o presidente da FIEAC, Carlos Sasai, a Certidão
não evitará a inadimplência dos débitos trabalhistas, mas
representará outro impedimento para as empresas. “O
país deve buscar sempre um ambiente de negócios
favorável ao empreendedorismo, visto que a
sustentabilidade financeira das empresas é a maior
segurança contra a inadimplência trabalhista”, assegura.
A nova medida também poderá trazer prejuízos aos
interesses públicos. Ao desclassificar empresas que
cumpram todas as determinações legais, mas tenham
algum débito trabalhista, cairá o número de candidatas
às licitações, e a tendência é que os produtos e serviços
sejam oferecidos a preços mais altos.
Além disso, representará um atraso na gestão
pública, porque reafirma um modelo ultrapassado em
que o Estado age com desconfiança em relação às
empresas e aos cidadãos. Para a CNI, em vez de exigir
certidões, o Estado deve reforçar a fiscalização
orientadora, para diminuir os custos e garantir o
cumprimento da lei.
P
ior que o
Emenda determina que empresas
terão de comprovar isenção de
débitos trabalhistas para
participar de concorrências
10
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
S
oneto
Coordenador da assessoria jurídica da FIEAC, o
advogado Jefferson Marinho ressalta que a Certidão foi
criada com o intuito de acelerar a cumprimento de
débitos oriundos de execuções trabalhistas, visando
claramente beneficiar os trabalhadores. “A Certidão
pode ter um efeito contrário, pois, ao ficar fora de
licitações, muitas empresas podem simplesmente falir,
aumentando assim a taxa de desemprego e não se
alcançando a alegada efetividade nas execuções”,
acredita.
O empresário do setor da construção civil, José
Adriano Ribeiro, acredita que a Certidão será somente
mais um papel para criar dificuldades. “A certidão só vai
contribuir para a burocratização das licitações. É mais
uma documentação, dentre inúmeras outras, que será
exigida nos certames. Em vez de impedir a empresa de
participar do processo licitatório, poderia consignar
uma parte da verba do contrato para quitar a dívida
trabalhista”.
Marinho explica que a medida visa reduzir o volume
de ações que aguardam pagamento de direitos
trabalhistas e, além de inadequada, irá afetar as micro e
pequenas empresas. “No Estado do Acre, o impacto
principal e imediato será sentido pelas empresas do ramo
da construção civil, por serem as que mais contratam
mão-de-obra e possuem grande rotatividade de pessoal e,
consequentemente, são as maiores vítimas de
reclamações trabalhistas”, salienta.
A certidão será exigida nos casos de contratação ou
renovação dos mesmos com o poder público, no
recebimento de benefícios, incentivos fiscais e creditícios
concedidos pelo poder público e na alienação, na
oneração de bem imóvel e no registro ou arquivamento
de ato relativo à baixa redução de firma individual,
redução de capital social, cisão total ou parcial,
transformação e extinção de entidade ou sociedade
comercial e civil e transferências de cotas de sociedades
de responsabilidade limitada.
A Indústria analisa ainda que a medida possa ser
inconstitucional. O inciso 21 do Artigo 37 da
Constituição estabelece que, nas licitações públicas, só
serão permitidas exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações. De acordo com a CNI, a falta da
Certidão Negativa de Débito Trabalhista não é prova de
que a empresa vencedora está impossibilitada de cumprir
o contrato.
Caso a demora na obtenção da CNDT coloque em
risco a participação da empresa em uma licitação pública
ou inviabilize a obtenção de incentivos fiscais, o
interessado poderá ingressar com ação judicial de
Mandado de Segurança, na tentativa de se obter uma
decisão liminar que determine a expedição da certidão
em tempo hábil ou, ainda, que autorize a participação da
empresa no processo licitatório, independentemente da
exibição imediata da CNDT.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
11
Assuntos Legislativos
12
PROPOSTAINDECENTE
O
aviso prévio serve para evitar a surpresa na
ruptura do contrato de trabalho,
possibilitando ao empregador o
preenchimento do cargo vago e ao empregado uma
nova colocação no mercado de trabalho. Atualmente, a
regra do aviso prévio determina que o trabalhador fique
no emprego por 30 dias após a comunicação da rescisão
de contrato por parte da empresa ou do empregado.
Essa regra só não vale para as demissões em justa causa.
Mas, uma decisão do Superior Tribunal Federal
(STF) pode mudar tudo. Em sessão realizada em 22 de
julho, o Conselho decidiu, por unanimidade, ao julgar
processos movidos por trabalhadores, regulamentar o
inciso 21 do artigo 7º da Constituição. O dispositivo
fixa em 30 dias o prazo mínimo do pagamento do aviso
prévio, que, determina o texto constitucional, será
proporcional ao tempo de serviço. A votação da nova
regra ainda não foi concluída, pois os ministros não
chegaram a um acordo sobre a melhor fórmula de
calcular o aviso prévio proporcional. Somente na
Comissão de Trabalho da Câmara, existem,
exatamente, 23 projetos sobre o tema.
Analisando todos os projetos, a Confederação
Nacional da Indústria (CNI), apesar de não concordar
com a mudança, está apoiando o Projeto de Lei nº
3941/89, apresentado pelo ex-senador Carlos Chiarelli.
A proposição define que o aviso prévio será concedido
na proporção de 30 dias aos empregados que tenham
até 1 ano de serviço na mesma empresa. O projeto
também determina que sejam acrescidos 3 dias por ano
de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo
de 60, completando um total de no máximo 90 dias.
O presidente da CNI, Robson Andrade, informou
que a opinião do senador Armando Monteiro se
inclinava também pelo apoio ao projeto de Chiarelli,
avaliando que outras propostas mais favoráveis ao setor
empresarial não passarão.
Andrade considera que qualquer adicional ao piso
pago atualmente traria insegurança aos negócios e aos
próprios trabalhadores, uma vez que as empresas não se
planejaram financeiramente para arcar com esse custo.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Aviso prévio poderá ser
proporcional ao tempo de
serviço, trazendo mais
insegurança às empresas
“Estamos preocupados, pois a decisão poderá causar
expressivo impacto econômico para quem gera
empregos formais. Fica a dúvida, por exemplo, se
quanto maior a estabilidade e longevidade de
funcionários de uma empresa, maior o passivo que ela
terá acumulado sem ter previsto”, questiona.
Para o presidente da FIEAC, Carlos Sasai, a
regulamentação do aviso prévio proporcional pode ser
necessária, mas deve levar em conta que existem outros
meios de amparo para o trabalhador, como é o caso do
seguro-desemprego e do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS). “A medida não será favorável para
ninguém, além de ter outros meios para resolver os
problemas. As empresas já enfrentam sérias
dificuldades, como os juros elevados e a alta carga
tributária, aos quais se somaria a elevação de custos da
folha de pessoal”, avalia.
Sasai acredita que a nova regra pode encarecer o
e mp r e g o . “ E s t a m o s p r e o c u p a d o s , p o i s a
proporcionalidade pode gerar expressivo impacto
econômico para quem gera empregos formais e sinaliza
para a insegurança no ambiente de negócios”, afirmou.
Esse mesmo raciocínio também é pactuado pelo
presidente da CNI. “Essa mudança vai fazer com que as
empresas pensem em trabalhar com mais
informalidade, e com isso o trabalhador não terá
nenhuma segurança. O que o trabalhador quer é
trabalho”, enfatizou Robson Braga, reforçando que a
mudança no aviso prévio é uma demanda que nunca
existiu no meio sindical e que as regras atuais foram
consagradas pela prática.
Como a decisão final ainda não foi tomada pelo
STF, Sasai acredita na manutenção da regra atual, pelo
menos até que o tema possa ser discutido
adequadamente no Congresso Nacional, com a
participação dos representantes de empregadores e
trabalhadores. “Acreditamos que o Supremo avaliará
que as empresas atuaram e fazem seus investimentos
dentro das regras vigentes. Não é certo que seja
atribuído aos empresários custos não previstos”,
completa.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
13
Melhoramento genético
Considerado o maior evento do Acre, a primeira
edição da Expoacre foi realizada em 1972, por iniciativa
de um grupo de pecuaristas, a fim de promover e
impulsionar o setor agropecuário à época, segundo
relata o secretário Estadual de Agropecuária, Mauro
Ribeiro. “Hoje, a Expoacre abrange outras áreas de
negócio do setor produtivo, até porque o evento cresceu
à medida que a economia do Acre também se expandiu.
Mas o que a caracteriza ainda hoje é a exposição de
animais de elite, todos daqui do Estado, melhorados
geneticamente, e que não nos envergonhariam em
nenhuma outra exposição do país. Estamos em pé de
igualdade”.
Segundo dados oficiais, neste ano a 39ª edição da
Feira de Negócios registrou crescimento de 34% em
relação a 2010. O setor de leilões e exposições continua
sendo um dos carros-chefes, com crescimento de 50%
14
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
FOTOS SÉRGIO VALE
Economia
O
calendário acreano tem marcado ali, entre os
meses de julho e agosto, um período festivo
dedicado a impulsionar os negócios do setor
produtivo de pequeno a grande porte. Batizado de
“Expoacre” e de sobrenome “Feira de Negócios”, o
evento, a cada ano, vem mostrando que a pecuária está
não só consolidada como também influencia
fortemente a cultura local.
É na “Cavalgada”, abertura oficial do evento, que
isso se torna mais evidente. O comércio se aquece para o
grande dia, ampliando as vendas de vestimentas e
acessórios da moda country. Pessoas vindas de todos os
bairros e, principalmente, comitivas formadas por
centenas de cavaleiros e amazonas se concentram na
Gameleira – um dos mais importantes pontos turísticos
de Rio Branco – para, após as bênçãos ecumênicas e dos
organizadores do evento, desfilar pelas ruas do Segundo
Distrito até chegar ao Parque de Exposições Marechal
Castelo Branco.
“Especialmente nesta época do ano, o setor mostra
mais claramente a sua importância para o cidadão local
por contribuir expressivamente para a economia e até
mesmo seu prestígio em outras atividades, como a
culinária, a moda e a música – com a cavalgada e os
esportes referentes à atividade”, analisa Assuero Doca
Veronez, presidente da Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado do Acre (FAEAC).
em relação ao último ano. Resultado do aquecimento
dos preços, afirma a FAEAC. Mauro Ribeiro ratifica que
este foi o ano em que foram realizados os melhores
leilões da história do evento. A partir de agora, o desafio
será a criação de novos espaços para a atividade no local.
“Nas casas agropecuárias sempre havia pessoas sendo
atendidas, conhecendo novos produtos. Cada vez mais
os pecuaristas estão se conscientizando de sua
importância na economia local. São os maiores
planejadores de áreas manejadas, recuperando áreas
degradas e investindo pesado em modernização”,
elogiou o secretário. “Tenho muita satisfação em falar
sobre essa atividade”.
Patrimônio
Na época da Expoacre, pecuária
acreana mostra todo o seu potencial
e influência sobre a cultura local
Assuero Veronez,
presidente da Federação
da Agricultura e Pecuária
do Estado do Acre
Country
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
15
Economia
Principal gerador de divisas internas
Números subestimados
Zona livre de aftosa desde 2005, o Acre passou a ser
um dos centros mais importantes da pecuária no país.
Na publicação “Acre em Números”, a agropecuária foi
responsável por 17,2% do PIB local no ano de 2007
(pesquisa mais recente). O segmento ficou atrás
apenas do setor de serviços – que engloba comércio,
transporte, informação, entre outros.
Mauro Ribeiro afirma que, em termos
econômicos, é a pecuária o setor produtivo mais
importante do Estado, sendo, durante muito tempo, a
principal geradora de divisas internas e o maior
superávit comercial. De acordo com Assuero Veronez,
do setor rural acreano, é ela a principal atividade,
responsável por 92% das exportações de produtos
rurais, como carne e derivados. O crescente avanço de
animais de elite e o investimento em melhoramento
da qualidade genética equipararam o rebanho local ao
de qualquer parte do país. As novas tecnologias, de
ponta, vêm agregando novos criadores, que estão
lançando mão desses recursos para que tenham à
disposição animais de alto padrão genético a fim de
usá-los em cruzamentos nas suas propriedades.
Para Mauro Ribeiro, o número de geração de
emprego neste setor é bastante subestimado, uma vez
que, se os moradores destas propriedades também
trabalham nela – além dos funcionários com carteira
assinada – este número é, no mínimo, o dobro do que se
supõe. De acordo com dados da FAEAC, atualmente o
Acre conta com mais de 18 mil propriedades que
praticam a pecuária. Se houver pelo menos dois
moradores em cada propriedade dessas, são, no mínimo
36 mil empregos diretos.
Em 80% dessas estâncias, há menos de 100 cabeças
de gado. Os proprietários fazem parte, portanto, de uma
nova categoria: os “micropecuaristas”. “Isso mostra a
democratização da atividade e sua disseminação na
pequena propriedade rural. Não é mais um privilégio só
dos grandes proprietários”, analisa Veronez. “Portanto,
embora ainda experimente resquícios de preconceito
por uma parcela da sociedade, a pecuária pode ser
considerada um patrimônio dos acreanos”.
Secretário Mauro Ribeiro
orienta criadores sobre
lotes de ovinos
Diversificação
Produção sustentável
“Nossa pecuária, hoje, está mais forte e outros
setores já começam a ganhar impulso com políticas
públicas de incentivo para diversificação das
propriedades rurais, como a piscicultura, a
ovinocultura, a suinocultura e a avicultura”, enumera
Veronez. De fato, neste ano o governo do Estado
implantou o Projeto de Ovinocultura do Acre. A meta
é de distribuir oito mil ovinos para 600 produtores
familiares – sendo que, até o fechamento desta edição,
ao menos 117 famílias já haviam sido beneficiadas
com 1.540 exemplares. Entre os requisitos para fazer
parte do projeto, os produtores tiveram que
comprovar aptidão para a atividade e que possuíam
área apropriada para tal.
O frigorífico Anassara, que será o principal cliente
desses produtores, já se prepara para os primeiros
abates. No período da Expoacre, foi realizado um
seminário sobre o tema, reunindo técnicos,
produtores e órgãos de pesquisa, a fim de estimular o
potencial rentável da atividade no Estado. Os
palestrantes abordaram temas como seleção de
rebanho, manejo nutricional e sanitário. Não à toa,
neste ano os ovinos ganharam maior destaque na Feira
Agropecuária, com exposição de 250 animais.
16
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
No interior do Estado, a aposta é na produção
sustentável a fim de impulsionar a qualidade de vida
dos trabalhadores rurais e populações tradicionais da
região. Grandes investimentos tanto na ovinocultura,
quanto em piscicultura, plantações de coco e açaí – 1
milhão de mudas só em Feijó, município conhecido
pelo tradicional Festival do Açaí. Em julho, o
governador Tião Viana entregou 30 Planos de
Desenvolvimento Comunitário (PDCs), garantindo
R$ 3,4 milhões para a compra de implementos e
insumos agrícolas, barcos e outros equipamentos para
os municípios de Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá e
Jordão.
Esses PDCs fazem parte de um projeto maior, o
Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento
Econômico e Sustentável do Acre (Proacre), que são
elaborados em conjunto com a comunidade. Esta
última indica quais são seus maiores gargalos para o
crescimento, e assinam um termo de compromisso
socioambiental junto com o governo do Estado.
Estado possui hoje
mais de 18 mil propriedades
praticantes da pecuária
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
17
FIEAC
I
NOVAÇÃO NA PAUTA
Maior competitividade das empresas exige políticas públicas e parcerias
com a iniciativa privada
18
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
I
NDÚSTRIAS
Ministro
Aloizio
Mercadante
garante
expandir
sistema de
inovação
no Brasil
MIGUEL ÂNGELO
O
Brasil tem uma oportunidade ímpar de
moldar seu futuro. Vive-se um ciclo de
crescimento virtuoso, com melhoria do perfil
distributivo e ganhos reais de renda. A demanda asiática
por matérias-primas e o novo patamar do consumo
doméstico devem assegurar, no futuro próximo, taxas
elevadas de crescimento, que serão reforçadas pelo
investimento e pelos gastos em infraestrutura. Uma
dinâmica que nos dá graus de liberdade, diante de um
contexto problemático da economia mundial.
Nesse cenário, a indústria brasileira também tem
uma oportunidade única de crescer e se tornar cada vez
mais competitiva. Para isso é preciso apostar na
inovação.
Pensando nisto, a Confederação Nacional da
Indústria (CNI) realizou no mês de agosto, em São
Paulo, o 4º Congresso Brasileiro de Inovação na
Indústria. Um dos momentos mais importantes do
evento foi a assinatura do acordo que prevê a instalação
da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
(Embrapii). Com gestão privada, a nova empresa fará
parcerias e credenciará instituições de pesquisa e
tecnologia. Esses centros ajudarão as empresas a
desenvolver projetos inovadores.
Os recursos da Embrapii serão formados por aportes
do governo, dos centros de pesquisa e das empresas.
“Vamos expandir o sistema de inovação e atender
principalmente as médias e pequenas empresas”, disse o
ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
Conforme Mercadante, a nova empresa funcionará
nos moldes do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, que
mantém parcerias com mais de 60 instituições de
pesquisa tecnológica, formando uma das maiores redes
de inovação do mundo.
O memorando de entendimento entre o Ministério
DAS
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
19
Na visão da CNI, o compromisso de estimular o
setor privado a investir no desenvolvimento
tecnológico e a reconhecer que inovar é uma exigência
dos consumidores é uma imposição do mercado. A
posição está expressa no documento Compromisso
pela Inovação, entregue aos ministros do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Fernando Pimentel, e da Ciência e Tecnologia,
Aloizio Mercadante, pelo presidente da CNI, Robson
20
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
MIGUEL ÂNGELO
Exigência do mercado
Empresários e presidentes
de federações de indústrias
unidos para enfrentar a crescente
concorrência nos mercados interno e externo
Presidente da CNI, Robson Braga,
ladeado pelos ministros de Ciência e Tecnologia,
Aloizio Mercadante (esq.), e do Desenvolvimento,
Fernando Pimentel (dir.)
MIGUEL ÂNGELO
FIEAC
Braga de Andrade, durante o 4º Congresso Brasileiro
de Inovação na Indústria,
No documento, os empresários resumem em dez
itens propostas consideradas estratégicas para o
avanço da inovação do país. Entre as ações, destacamse a necessidade do país formar um maior número de
pessoas em cursos técnicos profissionalizantes e em
engenharia, aprimorar o marco legal de apoio à
inovação, melhorar a infraestrutura e a cultura de
propriedade intelectual, criar programas setoriais de
inovação efetivos e apoiar projetos estruturantes de
pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Todos os temas foram amplamente discutidos pela
Mobilização Empresarial pela Inovação com o
objetivo de fazer da inovação prioridade da indústria.
A principal meta da MEI é dobrar em quatro anos o
número de empresas inovadoras. A meta, fixada em
2009, quando havia no Brasil cerca de 40 mil
empresas inovadoras, foi reafirmada durante o 4º
Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria. A
proposta é de que o país tenha 80 mil empresas
inovadoras até 2013.
O ministro Fernando Pimentel advertiu não haver
outro caminho a não ser a inovação e o investimento
de Ciência e Tecnologia e a CNI estabelece a formação
de um grupo de trabalho que definirá o projeto piloto
da Embrapii. A princípio, adiantou o ministro, a nova
empresa firmará parceria com três instituições de
tecnologia: o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial da Bahia (SENAI-Cimatec), o Instituto de
Pesquisa Tecnológica (IPT) e o Instituto Nacional de
Tecnologia (INT). A proposta é ampliar essa rede para
30 instituições.
De acordo com o presidente da CNI, a criação da
Embrapii é resultado do diálogo entre a indústria e o
governo, fortalecido com a implementação da
Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI),
movimento coordenado pela CNI que pretende
colocar a inovação no centro da estratégia das
empresas brasileiras.
Na visão do presidente da CNI Robson Braga, a
indústria é o setor da economia brasileira que mais
precisa de inovação para continuar crescendo e
enfrentar a crescente concorrência nos mercados
interno e externo. “Não há outro caminho para a
indústria senão inovar”, disse.
Destacou, no entanto, que apesar dos avanços, os
empresários enfrentam vários obstáculos para inovar e
ganhar competitividade. E enumerou as dificuldades:
“Infraestrutura precária, impostos demasiados e
cumulativos, créditos tributários não recebidos, uma
burocracia exasperante, taxas de juros altíssimas e,
agora, o câmbio demasiadamente valorizado.”
Para Andrade, a superação desses gargalos e os
avanços na inovação dependem da estreita
colaboração entre governo e o setor privado. Ele
sugeriu ao governo medidas para reduzir os riscos da
inovação, ajustes nos instrumentos de estímulo à
pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a maior
articulação das universidades com as empresas e o
aumento da qualidade da educação.
maciço em pesquisa e tecnologia. Destacou que o
governo deu passos importantes para fortalecer a
indústria e defender a competitividade do produto
brasileiro, ao lançar o Plano Brasil Maior, a nova
política industrial. Pimentel assinalou que o governo
apoia integralmente o plano da MEI e pretende
trabalhar em conjunto com os empresários. “Estamos
plenamente integrados neste compromisso”, resumiu.
Na visão do presidente da FIEAC, Carlos Sasai,
que participou do evento juntamente com os
executivos da instituição, para que uma cadeia
produtiva possa inovar e tornar um produto ou
serviço competitivo no mercado é necessário não só
investimentos financeiros, mas também uma
integração com outras cadeias produtivas
relacionadas. Para isso, a inovação consolidou-se
como um dos principais temas na pauta do setor
industrial.
“A inovação é o principal determinante da
competitividade e do crescimento da produtividade.
Novos produtos, novos processos, novos modelos de
negócios são a forma com que as empresas conquistam
mercados, aumentam a eficiência dos processos,
reduzem custos, desenvolvem ou incorporam novas
tecnologias”, explica Sasai.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
21
SESI
Cidadãos do futuro
Programa do SESI
forma e prepara as
próximas gerações
por meio dos valores
do esporte
D
esenvolver no esporte os conceitos transversais,
como saúde, educação, empreendedorismo e
sustentabilidade, atividades interdisciplinares que auxiliarão
na formação não só do atleta, mas do cidadão, são as metas
almejadas pelo SESI, por meio do Programa Atletas do Futuro
(PAF), iniciativa do Departamento Nacional do SESI, tendo
como piloto o Estado de São Paulo, há dez anos. No Acre, o
projeto nasceu em março e tem buscado promover a inclusão
social de crianças e adolescentes com idade entre sete e 17
anos, filhos de trabalhadores da indústria e moradores de
comunidades localizadas próximas a instalações industriais.
O SESI/AC executa este trabalho no Estado em parceria com o
Departamento de Educação Física da Uninorte, Centro de
Inclusão Social (CIS) e Secretaria Estadual de Esporte, tendo
como madrinhas as empresas Albuquerque Engenharia e
Laticínios Buriti.
O PAF é um projeto sócio-educativo gratuito e de cunho
esportivo, tendo como diferencial o esporte de forma
humanizada para as crianças e adolescentes, pois transmite
valores como o espírito de equipe, a ética e o compromisso,
ensinamentos válidos por toda a vida dos jovens atletas.
Diferentemente das escolinhas esportivas, o PAF dá
oportunidade de experimentar várias atividades. Somente
depois de vivenciar todas elas, o atleta foca numa modalidade
específica. A ideia principal é fazer com que as crianças
escolham o esporte preferido de acordo com suas
habilidades.
De acordo com Luziane Mesquita, coordenadora da
Unidade de Esporte e Lazer do SESI/AC, no Acre são
atendidas 730 crianças que participam de modalidades
22
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
PAF, além do
esporte, ensina
valores para a vida
esportivas como futebol de campo, natação, basquete, futsal e
balé. “Nossa intenção é inserir estas crianças em competições
internas e, futuramente, externas, desenvolvendo assim o
espírito de responsabilidade, respeito e companheirismo que o
esporte pode oferecer”, explica.
A coordenadora explicou também todo o desenvolvimento
do Programa. “O SESI está preocupado em formar cidadãos e
o Atleta do Futuro prioriza essa formação, pois em cada fase de
desenvolvimento, a criança vai aprender conteúdos diferentes
baseados nos valores do esporte”, pontuou.
Neste ano, a meta é atender 2 mil crianças no Acre. As aulas
são realizadas quatro vezes por semana, nos Centros de
Atividades do SESI que, além da infraestrutura, ainda fornece
material esportivo, instrutores e estagiários para ministrarem
as atividades.
Luziane acrescenta que o PAF também busca promover a
cidadania, a mudança do comportamento pessoal e,
principalmente, construir a cultura participativa dentro das
indústrias, valorizando a integração, o trabalho em equipe e o
autoconhecimento dentro das pessoas por meio da
disseminação dos valores do esporte. “É um trabalho que visa
à formação da cidadania através do esporte, buscando não só
promover a inclusão, mas também a formação desses atletas
para o futuro”, afirmou.
De acordo com a superintendente do SESI, Gisélia Belmina
Beserra, o Atleta do Futuro é um projeto muito bem formatado,
cujo foco está na inclusão social por meio do esporte. “É um
programa importantíssimo que tem chamado a atenção”,
ressaltou. “Devo parabenizar toda a equipe envolvida na
realização deste projeto por conseguir este alto número de
inscrições. Com certeza, sairão daqui atletas de sucesso, que
poderão fazer do esporte a sua forma de vida. Mas o PAF não
se resume apenas ao esporte, ensina aos jovens, também,
valores e vida. O SESI, dessa forma, está contribuindo com o
desenvolvimento da sociedade”, cor roborou a
superintendente.
Aluno do 6º ano da Escola João Aguiar, Diego Lourenço da
Silva, 12, foi um dos escolhidos para representar a primeira
turma do PAF no Estado na solenidade de entrega simbólica
dos kits de uniformes, que aconteceu no dia 30 de julho.
“Estou gostando muito de participar. Aprendo mais sobre o
futebol, esporte que mais gosto de praticar, além de conhecer
novos colegas e de interagir com eles”, resumiu.
Zenildo Vieira, do Centro de Inclusão Social (CIS), parabenizou
a instituição pela iniciativa. “A indústria não poderia ficar de
fora na contribuição para o desenvolvimento do nosso país,
para a formação de atletas para as Olimpíadas de 2016.
Parabéns por desempenharem tão bem este papel”,
cumprimentou.
O Atleta do Futuro é um programa de investimento social,
porque consegue avaliar positivamente os reflexos que as
atividades têm como ferramenta educativa nas comunidades.
“Estamos, diretamente, formando o futuro trabalhador da
indústria”, afirmou Gisélia.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
23
SENAI
Dois em um
Ebep é o diferencial
na formação de
seguindo noções da física articulada com a eletricidade”,
contou.
Para Fábio, a empolgação demonstrada pelos alunos do curso
de Eletricista de Manutenção Predial e Industrial é o diferencial
nesse balanço. “É interessante observar que mesmo com uma
rotina complexa, esta ação articulada está sendo gratificante
para eles. Estão satisfeitíssimos, cada vez mais participativos,
querendo buscar e descobrir mais”, salientou.
Trabalho em conjunto
Para o diretor regional do SENAI/AC, César Dotto, a oferta da
educação básica do SESI articulada com a educação
profissional do SENAI consolida mais um passo no trabalho
conjunto desenvolvido pelas duas instituições, como resposta
à demanda da sociedade por uma educação de qualidade,
apresentando um diferencial competitivo no mercado.
“Esta integração representa a união de forças entre SESI e
SENAI e de suas potencialidades, cada uma com sua
especificidade de trabalho, agora juntas para pensar num só
produto: o cidadão a ser formado em todas as suas nuances.
Isso permite um salto na qualidade do ensino/aprendizagem e
uma melhor articulação entre os professores”, destacou.
O Ebep forma integralmente o cidadão e amplia as
possibilidades de sua inserção social e produtiva, já que os
cursos são selecionados de acordo com as demandas do
mercado. “A qualidade do ensino do SESI e a alta tecnologia
dos cursos do SENAI vão gerar o diferencial competitivo no
mercado de trabalho”, acrescentou Dotto.
A superintendente do SESI, Gisélia Belmina Bezerra,
argumenta que o Ebep, assim como outras iniciativas, está
voltado para o fortalecimento da indústria acreana, na medida
em que devolverá ao mercado de trabalho cidadãos
preparados para assumir as atribuições industriais. “O Ebep é
visão de futuro e qualidade da educação para a indústria. A
metodologia parece simples, mas é incrível”, concluiu.
profissionais para
mercado de trabalho
C
ontente por estar a um passo da profissionalização, a
auxiliar de limpeza Sabrina Pereira, 22 anos, aguarda
ansiosamente pelas aulas do curso de Pequenos Objetos de
Madeira. “O mercado de trabalho está cada vez mais exigente,
mas sei que tenho capacidade, inclusive porque estou no
lugar certo para aprender tudo que preciso. Na vida
precisamos fazer um esforço para conseguir o que
queremos. Assim a gente valoriza mais as conquistas”.
Auxiliar de circuleiro numa madeireira, José da Silva, 30 anos,
vê uma chance de adquirir mais experiência e, com isso,
agregar mais valor a sua mão-de-obra. “Decidi retomar os
estudos porque fui motivado dentro da empresa. Apesar de
estar parado há 10 anos, estou conseguindo acompanhar.
Além disso, o ensino profissionalizante, de Pequenos Objetos
de Madeira, vai ajudar a complementar minha profissão e
minha renda”, acredita.
Ampliar as possibilidades de inserção profissional de jovens e
adultos, estabelecendo uma nova dimensão na qualidade da
educação é ao que visa o Programa de Educação Básica e
Educação Profissional (Ebep), desenvolvido numa parceria
entre SENAI e SESI. O Ebep prepara cidadãos para o mercado
de trabalho, permitindo maior qualificação profissional em
um menor espaço de tempo, além de oferecer duas
certificações, sendo o diploma de ensino médio e o
certificado de qualificação profissional.
Em Rio Branco, o programa está contemplando cerca de 50
alunos. A primeira turma, do curso de Eletricista de
Manutenção Predial e Industrial, concluirá o curso em agosto
de 2012, e já mostrou resultados. A segunda turma se iniciou
em agosto, com o curso de Pequenos Objetos de Madeira.
Fábio Reis, instrutor Trainne de Eletroeletrônica da Escola
SENAI Cel. Áuton Furtado, faz uma avaliação positiva das
atividades realizadas até o momento.
“Em reflexo, a primeira turma já mostrou bons resultados
desta educação articulada. Os alunos expuseram aos novos
ingressantes o projeto de uma maquete que foi construída
24
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Alunos do
Ebep e
do Enem
juntos em
aulão de
boas-vindas
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
25
IEL
Q
uando duas instituições de reputação e credibilidade
consolidadas no mercado se aliam a fim de
impulsionar os mecanismos de gestão das empresas
industriais, o resultado não poderia ser mais estimulante. É o
caso da inédita parceria entre IEL e HSM Educação, que se
uniram para a elaboração e execução de um novo produto
voltado para a capacitação em gestão e management: o
Programa de Desenvolvimento Empresarial (PDE).
Objetivando preparar executivos de empreendimentos de
pequeno para médio porte, de acordo com necessidades
específicas das empresas onde atuam, os cursos serão
promovidos pelos núcleos regionais do IEL, primeiramente
nas unidades de nove estados, a partir de outubro: Acre,
Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Além da teoria –
dividida em cinco áreas – professores, consultores e alunos
farão uma imersão na identificação dos problemas das
empresas participantes e buscarão, juntos, possíveis
soluções.
“O mundo mudou. Está mais aberto, conectado e
colaborativo. Os consumidores mudaram e os mercados e
desafios aos executivos também. Só as escolas não
mudaram. É isso que estamos fazendo, um jeito novo de
capacitar os gestores”, disse o presidente da HSM Educação,
Marcos Barboza.
Unidos
pelo
sucesso
Conheça o PDE:
um produto exclusivo da
inédita parceria entre
IEL e HSM Educação para
capacitar empresários de
maneira inovadora
26
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
A metodologia foi criada pela HSM Educação em conjunto
com o IEL, que inclui plataforma virtual e conteúdos exclusivos
desenvolvidos pelos maiores gurus do mundo dos negócios,
como Lawrence Hrebiniak, expert em execução da estratégia.
No primeiro momento, o PDE abordará, em 80 horas de aula,
temas como “Estratégia e Execução”; “Liderança e Gestão de
Pessoas”; “Instrumentos financeiros para tomada de
decisões”; “Marketing” e “Gestão de operações”. Já a
segunda etapa será inteiramente dedicada para o diagnóstico
de problemas e busca de soluções personalizadas de acordo
com a demanda de cada empresa participante.
“Ao final dos nove meses de curso, se o problema que a
empresa apresentou não for resolvido, no mínimo deve haver o
entendimento de sua resolução. E, para isso, é preciso que o
participante se dedique e faça o 'dever de casa'. Afinal, ele está
sendo formado para ser um coaching, uma espécie de
consultor exclusivo daquela empresa”, avisou Socorro Bessa,
superintendente do IEL/AC.
O PDE é uma capacitação exclusiva do IEL e HSM
Educação –um novo negócio da HSM Management, que tem o
propósito de oferecer conteúdos de excelência na gestão de
empresas, sendo, atualmente, referência em educação
executiva. Toda a proposta do curso foi apresentada na
segunda quinzena de agosto aos empresários associados aos
sindicatos filiados à FIEAC, na Sala de Reuniões da instituição.
Na ocasião, estiveram presentes a gerente executiva do IEL
Nacional, Ana Paula Almeida, e o superintendente da HSM
Educação, Fabiano Ceretta. “Trata-se de uma capacitação
totalmente diferenciada, com soluções voltadas para atender a
realidade local, não é um produto pronto. Na verdade, nossa
intenção é 'ensinar a empresa a pescar'. É dar condições para
que ela consiga seguir em frente sozinha ao término do curso”,
explicou Almeida.
Diferenciais do PDE
• Processo de ensino e aprendizagem voltado para o
resultado;
• Consultores experientes conduzindo a prática
empresarial;
• Plataforma tecnológica e de conteúdo virtual;
• Conteúdos exclusivos de experts nacionais e
internacionais;
• Profissionais no mesmo momento de carreira
participando, compartilhando e absorvendo
conhecimento;
• Participantes que contribuem tanto quanto adquirem
novos conhecimentos;
• Ambiente virtual inédito para compartilhar
experiências do curso;
• Rede colaborativa formada pelos professores e
executivos participantes.
Por que a HSM escolheu o IEL?
“A experiência em capacitação de empresas e
empresários, a reputação e respeitabilidade do IEL e o
compromisso com a elevação da competitividade da indústria
eram os pontos em comum que a HSM Educação buscava em
parceiros para este projeto”, justificou Ana Paula.
Em virtude da expertise do IEL, seu histórico, capilaridade
e cadeia de valor, a instituição encontrou o parceiro ideal para
desenvolver esse tipo de capacitação, intensiva, de alta
qualidade e abordagem inovadora como o PDE. Seu conteúdo
é alinhado às tendências e práticas mundiais em management,
com vistas à elaboração de projeto para a solução de problema
real da empresa.
A capacitação é limitada ao máximo de três pessoas por
empreendimento – de preferência do porte de pequena para
média e média empresa, as mais desprotegidas, segundo os
idealizadores do projeto – sendo que os participantes
assinarão um termo de compromisso se responsabilizando
pelas pessoas indicadas, uma vez que o PDE é um processo de
ensino e aprendizagem voltado para o resultado.
“Nós percebemos que esta é uma necessidade da
empresa atual, que tem foco na alta competitividade do
mercado. Portanto, esta parceria entre IEL e HSM acontece em
um momento bastante significativo e oportuno. É importante
que os empresários se
sensibilizem para a
necessidade de se aderir
a um programa como
este”, analisou Carlos
Sasai, presidente da
FIEAC e diretor regional
do IEL.
Apresentação da
metodologia do PDE,
feita pela gerente
executiva do
IEL Nacional,
Ana Paula Almeida,
e superintendente
da HSM Educação,
Fabiano Ceretta
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
27
Gestão 2011/2015
28
A
O novo líder da Indústria
Acreana
clamada pelos colegas e presidentes dos dez
sindicatos filiados à FIEAC, a Chapa
Consensual, liderada pelo então presidente
do Sindicato da Indústria da Construção Civil
(Sinduscon), Carlos Takashi Sasai, 60, foi eleita para
substituir uma gestão ininterrupta de oito anos do
antecessor João Francisco Salomão. O processo
eletivo ocorreu no dia 24 de maio, véspera do Dia da
Indústria, com o empresário assumindo o cargo
oficialmente em 1º de julho.
Sasai é o quinto presidente da instituição, que
completou 23 anos em 2011. Paulista de Santo André,
engenheiro civil formado pela Universidade de Mogi
das Cruzes, foi como empresário do setor da
construção civil que ele se destacou no ramo industrial
acreano. Tanto, que presidiu o Sinduscon por 17 anos
e – durante esse tempo – participou ativamente da
diretoria da FIEAC, exercendo o cargo de diretor
tesoureiro. De janeiro de 2009 à dezembro de 2010,
Sasai presidiu, também, o Conselho Deliberativo
Estadual do Sebrae.
A posse festiva da nova diretoria da FIEAC foi
realizada no dia 21 de julho, evento que substituiu o
tradicional Baile da Indústria. Em seu discurso, o
atual presidente assumiu o compromisso de unir a
instituição à sociedade acreana na luta pelo
desenvolvimento do Estado e sua definitiva inserção
no cenário econômico nacional. Na ocasião, João
Francisco Salomão, fez a transmissão do cargo ao
colega de profissão desejando-lhe sucesso em sua mais
nova missão.
“Hoje, venho para dar posse ao meu sucessor e o
faço com muito gosto, com alegria no coração, com a
consciência do dever cumprido. Sinto, com orgulho e
satisfação, que a FIEAC desfruta de conceito e
reconhecimento por parte da sociedade e dos Poderes
constituídos. Nossa palavra é ouvida, nossos pontosde-vista são respeitados”, observou Salomão, em seu
discurso de despedida.
Sasai e Salomão são dois baluartes do setor da
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
construção civil acreana, ao qual, coincidentemente,
também pertencem os presidentes da FIEAC que os
antecederam: Naildo Carlos de Assis, Jorge Tomás e
João Albuquerque, respectivamente. “Quando vejo
que todos os companheiros que me antecederam
continuam presentes, com suas experiências
adquiridas, contribuindo para essa nova gestão,
minha preocupação por saber da enorme
responsabilidade que tenho em liderar o setor
industrial do Acre se atenua”, disse o novo presidente.
Autoridades como o governador Tião Viana,
prefeito Raimundo Angelim, senador Sérgio Oliveira
“Petecão”, bem como representantes do Poder
Judiciário, empresários dos diversos setores
representativos do Estado fizeram questão de
prestigiar o evento.
“É uma honra poder participar deste momento.
Temos o dever de olhar para a indústria com o mais
absoluto respeito e reverência, porque é o setor
privado que assegura o aumento do nível de emprego,
da qualificação de mão-de-obra e é o futuro da nossa
economia. Temos que ousar muito e acreditar muito
no empresariado acreano, e que, juntos, poderemos
superar os problemas matemáticos que hoje
enfrentamos”, declarou Tião.
Além deles, fizeram-se presentes também os
presidentes das federações das indústrias dos estados
do Espírito Santo, Maranhão, Roraima, Amazonas,
Alagoas, Rio Grande do Norte, Rondônia, bem como
o Diretor Nacional do IEL, Paulo Afonso, e o
presidente da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Robson Braga de Andrade.
“O Sistema Indústria, que congrega as 27
federações do país, vive um tempo de saudável
alternância dos seus dirigentes. Esse processo
democrático valoriza e revigora nossas instituições.
Sinto-me, assim, particularmente feliz em participar
desta cerimônia de posse da nova diretoria da
Federação das Indústrias do Estado do Acre, presidida
pelo companheiro Carlos Takashi Sasai”, afirmou
Empresário da construção
civil, Carlos Sasai assume
compromisso com o
fortalecimento do setor e
o desenvolvimento do Estado
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
29
Gestão 2011/2015
Andrade. “Esta Federação tem tido a felicidade de
contar com competentes e dedicados dirigentes”,
salientou.
Agenda
Durante a cerimônia, Sasai discursou sobre a
importância de se concentrar atenções nas áreas de
educação, formação e qualificação de mão-de-obra,
pesquisa aplicada e prospecção de mercado – a fim de se
identificar o que, como e quanto o setor industrial terá
que produzir para conquistar futuros clientes.
“São tarefas que demandam tempo, recursos humanos e
financeiros, mas que precisam ser realizadas de imediato.
Esta é a nossa agenda. Uma agenda positiva para o Acre e
para o Brasil. Temos consciência do papel estratégico
que a indústria exerce no desenvolvimento do nosso
Estado e no seu destino”.
A infraestrutura base para este tão almejado
desenvolvimento, declarou o novo presidente,
consolidar-se-á em breve, com a conclusão das obras da
Rodovia Transoceânica, que liga o Acre aos portos do
Oceano Pacífico, e da BR-364, que
integrará todo o Estado. A expectativa do
setor industrial é de que ambas resolvam,
em caráter definitivo, o problema de
logística enfrentado pelas empresas que
aqui se instalam.
“Além das estradas, há ainda o Complexo
Hidrelétrico do Madeira, que propiciará a
oferta de energia abundante e de custo
mais baixo para a região. Isso sem
mencionar uma das maiores bandeiras da
F I E AC , a c r i a ç ã o d a Z o n a d e
Processamento de Exportação (ZPE), e a
consolidação da Copiai (Comissão
Política de Incentivo às Atividades
Industriais), com alguns ajustes que
iremos propor, oferecem-nos um bom
ambiente fiscal”, finalizou Sasai.
“Não podemos admitir que seja apenas uma peça de
marketing, mas algo vivo e cristalino que permeie a
consciência e as atitudes de todos os empresários, e que,
sobretudo, esteja ancorada no entendimento da função
social da empresa, que é a de produzir bens com melhor
qualidade e menor impacto ao meio ambiente, gerar
emprego, distribuir renda, auferir lucro, pagar impostos
que retornarão à sociedade em forma de educação,
saúde, transporte, segurança e novos investimentos para
gerar um novo círculo virtuoso”.
- Meio Ambiente: “Este é o tema que gera maior
preocupação em todo o planeta e, é claro, vamos estar
inseridos nesta discussão, mas sem maniqueísmo e sem
radicalismos filosóficos ou ideológicos, mas à luz da
ciência, como bem sintetizou nosso saudoso Samuel
Benchimol – que era um misto de empresário e cientista
– que o desenvolvimento deve estar apoiado em três
pilares: socialmente justo, economicamente viável e
ambientalmente correto. Não resta dúvida de que este é
o paradigma ideal, mas, como alcançá-lo? Este será um
desafio permanente, portanto, pretendemos interagir
com instituições científicas, de ensino superior e
tecnologia. Haveremos de encontrar o equilíbrio”.
- Inovação Tecnológica: “Precisamos incorporar em
todos os processos das nossas empresas, sob pena de
perdermos a competitividade. Sabemos que não é uma
tarefa que podemos realizar isoladamente. Assim, em se
tratando de um tema que terá prioridade alta no âmbito
tanto do Sistema CNI quanto do Sistema FIEAC, as
instituições SESI, SENAI e IEL, contando com toda sua
capilaridade nacional, estarão engajadas para trabalhar a
Inovação e, assim, desmistificá-la no meio empresarial.
Além disso, pretendemos implantar o Centro de
Inovação Tecnológica do Acre, e criar uma grande rede
de parceiros, incluindo as universidades, não só a do
Acre, mas de todo o país. As instituições de pesquisa,
como a Embrapa, que, embora atuando no campo da
pesquisa agropecuária, é de grande importância para a
cadeia da agroindústria; o Sebrae e, é claro, temos certeza
de que contaremos com o importante e decisivo apoio
do Governo do Estado do Acre, especialmente por meio
de sua Secretaria de Desenvolvimento, Ciência,
Tecnologia, Indústria e Comércio. É com esta
transversalidade que pretendemos transpor alguns
obstáculos, como a falta de investimento em pesquisas
aplicadas, a ausência de mecanismos de difusão para
superar a pouca percepção da inovação como diferencial
competitivo, dentre outros”.
- Reformas: “A sociedade brasileira tem consciência da
necessidade de que elas aconteçam para que o país
experimente um ciclo de desenvolvimento com alta
competitividade e sustentabilidade a longo prazo.
Entretanto, devo ressaltar aquela que, a nosso ver, é a
mais importante de todas: a Reforma do Estado
Brasileiro. No nosso entendimento, o Brasil tem um
conjunto de instituições que geram, em alguns
momentos, insegurança jurídica, apresentam
superposição de poderes, exigem cada vez mais recursos
da sociedade para sua manutenção, tornando-se
responsável por grande parte dos efeitos danosos que
emperram a nossa efetiva consolidação como um país
competitivo e definitivamente posicionado como uma
potência econômica. Temos que reconhecer e
comemorar o bom momento de nossa economia e os
formidáveis avanços nos indicadores sociais, com a
inclusão de milhões de brasileiros no mercado formal de
Nova diretoria da FIEAC terá
pela frente os desafios
da inovação e qualificação
de mão-de-obra
Temas prioritários
Ao lutar pelo desenvolvimento
econômico do Acre nos próximos quatro
anos, Carlos Sasai garantiu a inclusão dos
seguintes temas, considerados, por ele,
preponderantes para que se alcance este
objetivo.
- Responsabilidade Social Empresarial:
30
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
31
Gestão 2011/2015
trabalho, a ascensão de outros tantos nas classes sociais, e
a melhoria da educação, por exemplo. Não é paradoxal
dizermos que, por isso mesmo, temos que nos
preocupar. Não podemos mais uma vez perder a
oportunidade de promover as mudanças já amplamente
identificadas pela sociedade, as quais dependem,
essencialmente, de vontade política de seus atores, dos
quais nós, empresários, somos parte”.
A visão de Carlos Sasai para a
gestão 2011/2015
Fortalecimento sindical: “O trabalho junto aos
sindicatos filiados é fundamental para fortalecermos os
setores que eles representam, e por isso a FIEAC vai dar
continuidade às propostas junto à classe política, além
dos programas de qualificação profissional já existentes.
Precisamos criar mecanismos ainda mais sólidos para
fortalecermos o associativismo, e minha gestão sempre
estará de portas abertas para a colaboração dos
sindicatos”.
Interiorização do desenvolvimento: “Precisamos
consolidar nossa indústria e torná-la mais competitiva e
sustentável. Com a conclusão da BR 364 – que interliga
Rio Branco aos municípios do Vale do Juruá – teremos
muito trabalho em sensibilizar os empresários dessa
região que o Sistema FIEAC pode ser usado em benefício
do seu setor. Só conseguiremos prestar um serviço de
excelência no Estado a partir do momento em que o
próprio industrial tiver plena noção do poder se sua
contribuição, incluindo propostas a serem enviadas para
os governos do Estado e Federal por meio da FIEAC e de
nossos representantes na CNI”.
Relacionamento com a classe política: “Além de darmos
continuidade à Agenda para o Crescimento, precisamos
manter e fortalecer o diálogo com a classe política em
todos os níveis: municipal, estadual e federal, sempre
atuando como parceiros no intermédio com a classe
empresarial acreana”.
Expectativas: “Suceder Salomão será extremamente
difícil, porque ele fez um grande trabalho, teve um
grande desempenho. Mas tentarei sempre dar o meu
melhor para a instituição, até porque fui eleito em
função do trabalho realizado por ele, que também veio
do mesmo segmento que o meu, a construção civil”.
Diretoria
Presidente:
Carlos Takashi Sasai.
Vice-presidentes:
José Luiz Assis Felício;
João Francisco Salomão;
Raimunda Holanda de Paula;
João Oliveira de Albuquerque;
Abrahão Assis Felício;
José de Ribamar Nina Lamar;
Antônio Jorge de Azevedo Barbosa;
Jandir Santin;
José Adriano Ribeiro da Silva;
Joafran Antônio Guedes Nobre.
Secretários:
(1º Secretário) João Paulo de Assis Pereira;
(2º Secretário) Jorge Wanderlau Tomás.
Tesoureiros:
(1º Tesoureiro) Aristides Formighieri Júnior;
(2º Tesoureiro) George Dobré.
Suplentes:
Carlos Afonso Cipriano dos Santos;
José Osmar Zanatta;
Sérgio Nakamura;
Ely Assem de Carvalho;
Adalberto José Moreto;
Anísio Fernandes Maia.
Conselho Fiscal:
(Efetivos)
Antônio Leônidas de Araújo Neto;
Sérgio Tsuyoshi Murata;
Célio Pereira;
(Suplentes)
Paulo Roberto Cavalcanti;
João Evangelista
Quintela Rodrigues;
Luiz Carlos Guimarães.
Carlos Sasai recebe
os cumprimentos do
presidente da CNI,
Robson de Andrade
32
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Carlos Sasai,
Robson de Andrade,
governador Tião Viana
e o ex-presidente
João Francisco Salomão
Delegados Representantes junto a CNI:
(Efetivos)
Carlos Takashi Sasai;
João Francisco Salomão;
(Suplentes)
João Oliveira de Albuquerque;
José Luiz Assis Felício.
Sasai é prestigiado por
Amaro Sales, Rivaldo Neves,
Edilson Baldez e Paulo Afonso
Posse festiva foi bastante
prestigiada por empresários,
autoridades e presidentes de
federações de outros estados
Empresário Carlos Sasai
recebe apoio da família
para a nova empreitada
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
33
Apreensão
Com a palavra,
a construção civil
Empresários se unem para debater
o impacto do Novo Código Florestal
CBIC
no setor
A
discussão do Novo Código Florestal, talvez,
seja o assunto mais importante que tramita no
Senado Federal neste segundo semestre.
Como é de conhecimento de todos, a Câmara dos
Deputados aprovou o texto, em maio deste ano, por 273
votos a favor e 182 contra, inclusive com um racha na
base do governo.
No entanto, o Projeto aprovado na Câmara dos
Deputados cria um vazio jurídico preocupante sobre
temas extremamente relevantes para as áreas urbanas.
“O texto aprovado esquece que o novo Código Florestal
terá impacto não apenas sobre as áreas rurais ou de
florestas, mas sobre todas as cidades”,
avaliou o presidente da FIEAC,
Carlos Sasai.
34
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Por isso, entidades representativas do setor
imobiliário e da indústria da construção ficaram
apreensivas e se uniram para debater sobre os impactos
do novo Código Florestal no referido segmento.
Prova disto foi o destaque dado a discussão do
Código Florestal durante o último Encontro Nacional
da Indústria da Construção (ENIC), realizado em São
Assunto foi destaque do último Encontro Nacional
da Indústria da Construção (ENIC), que contou com
a presença do relator do projeto, o senador
Jorge Viana (PT-AC)
Paulo, no mês de agosto. Participaram dos debates o
presidente da CMA/CBIC, José Antonio de Lucas
Simon; o senador e ex-governador do Estado do Acre,
Jorge Viana – relator do Projeto no Senado Federal; o
presidente da Aelo/SP e vice-presidente de
Desenvolvimento Urbano Sustentável do Secovi-SP,
Caio Carmona Cesar Portugal; o presidente do
Conselho de Administração da Associação para o
Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil
(ADIT Brasil), Felipe Cavalcanti, e o vice-presidente do
SindusCon-SP, Francisco Vasconcelos. O presidente da
FIEAC, Carlos Sasai, e do Sinduscon/AC, Carlos
Afonso, prestigiaram o evento.
Na ocasião, Felipe Cavalcanti abordou "As
Restingas e o Desenvolvimento Imobiliário Turístico",
ou seja, a construção civil nas cidades litorâneas. O
especialista destacou a importância da fixação de regras
ambientais claras para o setor da construção, a fim de
combater empresas que atuam de forma ilegal e evitar a
devastação do meio ambiente, principalmente de matas
nativas. "Atualmente temos várias legislações para a
regulamentação de construções em áreas de restingas:
Código Florestal, Lei da Mata Atlântica, Resolução
Conama 303/2002”, enumerou.
Merece atenção
O novo Código Florestal, se aprovado como
proposto, irá paralisar a expansão urbana e o
desenvolvimento turístico no litoral brasileiro, já que
traz diferentes definições para a restinga, que ora pode
ser interpretada como solo, ora como vegetação e ora
como formação geológica, impossibilitando a
construção de empreendimentos próximos à costa.
Discussões sobre as Áreas de Preservação Permanente
(APPs) Urbanas também estiveram em pauta e foram
apresentadas pelo presidente da AELO/SP e vicepresidente de Desenvolvimento Urbano Sustentável do
Secovi-SP, Caio Carmona Cesar Portugal. "As
regulamentações e licenciamentos de parcelamento de
solo para loteamentos são tortuosos”, comentou.
Na visão de Caio Portugal, o setor precisa de uma
diretriz ambiental que assegure um processo
transparente. A revisão do texto do Novo Código
Florestal é fundamental para que sejam definidos
instrumentos que permitam a construção de
empreendimentos imobiliários e de obras publicas de
infraestrutura em áreas regulamentadas. “Temos que ter
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
35
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
haver lei se não se sabe nem como a terra é usada?”,
questiona Nassar, defendendo que o produtor rural seja
incentivado a trazer essas informações, o que passaria,
na sua visão, pela liberação dos Termos de Ajustamento
de Conduta (TAC).
Apesar das necessidades de mudança, para Nassar o
novo texto não mutila o meio ambiente, apenas legaliza
o que já está consolidado. “É preciso lembrar que a
ocupação que hoje é ilegal ocorreu em um contexto
constitucional diferente. Então é até errado chamar
essas áreas de passivo ambiental”.
A Senadora Kátia Abreu, em sua exposição,
defendeu o uso pleno das unidades de produção, ou
seja, se disse contra as áreas de reserva ambiental. “Uma
unidade produtiva precisa de todo o seu potencial para
gerar valor. Com as reservas legais elas já saem pelo
menos 20% atrás de concorrentes de outros países, já
que só no Brasil existe essa obrigatoriedade.”
Para a senadora, se é mesmo preciso ter reservas
legais não caberia ao Congresso definir o tamanho, mas
sim à ciência. “Porque uma regra geral pode ser muito
rígida em alguns casos e pouco em outros”, acredita.
Durante o evento na FIESP, tanto a senadora Kátia
Abreu quanto o deputado federal Aldo Rebelo
manifestaram otimismo e afirmaram que até dezembro
o debate no Congresso Nacional deve ser equacionado.
Para Rebelo, mesmo que o texto seja alterado no
Senado, a Câmara dos Deputados deve aprovar as
alterações.
Estados e desmatamento
Para o relator da Câmara, não há polêmica no fato
de os estados legislarem sobre desmatamento em áreas
de preservação. Ele argumentou que o Artigo 24 da
Constituição prevê esse mecanismo.
"Eu sou otimista quanto à aprovação. Não há
polêmica sobre isto (os estados legislarem) porque a
Constituição, no seu Artigo 24, já autoriza o estado a
legislar sobre floresta, meio ambiente, proteção da
natureza. E a própria Constituição estabelece o limite,
ou seja: nenhuma norma estadual pode abranger o
limite de uma norma federal. E ao mesmo tempo, se a
norma federal não existir, o estado preenche essa
lacuna. É um debate já resolvido do ponto de vista
legal", disse Rebelo.
A senadora emendou que não há predisposição alguma
dos senadores de derrotar o governo na votação do
Código Florestal. "Nós queremos sair do Senado
também com uma grande maioria de votos, num
consenso em que o governo participe”, enfatizou.
Visão da FIEAC
O texto aprovado na Câmara não especificou
as definições de intervenção de baixo impacto e
utilidade pública, dentre outras definições
imprescindíveis para as cidades: sem eles, não
será possível a travessia de córregos e cursos
d'água, t ampouco a implant ação de
infraestrutura de saneamento, que tecnicamente ocorrem na porção mais baixa dos
terrenos, normalmente nas áreas de preservação
permanente.
Na visão do presidente da FIEAC, Carlos
Sasai, esse é apenas um exemplo de falhas
apresentadas no documento da CBIC que, a
exemplo de demandas de todos os envolvidos,
devem ser examinadas com atenção para que o
novo código não seja transformado em
instrumento de exclusão social dos cidadãos que
residem em áreas urbanas, inviabilizando o
progresso econômico e social dessas regiões.
“As sugestões apresentadas pela indústria de
construção merecem um cuidadoso estudo, já
que a CBIC tem uma opinião abalizada sobre o
assunto, sem o radicalismo de setores que acham
que o novo código acarretará apenas destruição
ou o otimismo exagerado daqueles que
acreditam que a nova lei será a solução para
todas as mazelas do País”, reafirma Sasai.
CBIC
Apreensão
36
garantia de licenciamento ambiental e segurança
jurídica”, enfatizou
Durante o evento, Jorge Viana destacou que a
maneira mais eficiente de preservar áreas de proteção
sem ocupação é promover atividades econômicas nessas
regiões, que incorporem a paisagem existente aos seus
projetos, ou seja, que possibilitem a preservação
ambiental e a utilização sustentável dessas áreas.
"Estamos trabalhando para que o Novo Código
Florestal seja claro e proporcione segurança jurídica.
Além disso, o objetivo é desburocratizar os processos de
licenciamento, permitindo que o incorporador e o
construtor possam implantar seus empreendimentos
sem agredir o meio ambiente", ressaltou Viana.
O presidente da CBIC, Paulo Simão, acrescentou
que o setor precisa de leis ambientais que não permitam
interpretações dúbias, pois este cenário pode inibir a
atividade imobiliária no país. "O setor da
construção não é contra o meio ambiente.
Muito pelo contrário, precisamos saber
exatamente o que deve ser preservado para atuar
de maneira correta e legal”, avaliou Simão
afirmando que o setor está aberto para debater o
Novo Código Florestal com o governo e
contribuir para uma mudança positiva expressa
no documento que foi entregue à presidente
Dilma Rousseff durante o encontro.
Também no mês de agosto, a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo realizou um
debate sobre o Código Florestal, que contou
com a participação da presidente da
Confederação Nacional da Agricultura,
senadora Kátia Abreu, e do relator do projeto na
Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo.
O diretor do Instituto de Estudos do
Comércio e Negociações Internacionais (Icone)
e coodenador da Rede de Conhecimento do
Agro Brasileiro (RedeAgro), André Nassar,
esteve presente ao evento e disse concordar que a
supressão das APPs é um assunto delicado.
Porém, disse que uma lei não vai acabar com o
desmatamento, por mais moderna que seja.
“Pensar que o novo Código vai trazer
desmatamento é um argumento falho, já que
nem mesmo o atual tem conseguido manter
florestas em pé. Nós nem sequer sabemos como
estão ocupadas as áreas rurais”, diz. Para ele, é
preciso antes cadastrar todas as propriedades
rurais, para saber de forma ampla e confiável
como estão ocupadas essas áreas. “Como pode
Empresários acreanos querem evitar
que Novo Código Florestal se torne
instrumento de exclusão social
(Com informações da CBIC e FIESP)
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
37
METAS
Governo estabelece agenda para
a nova economia do Acre,
dando à industrialização
o papel de protagonista
P
38
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
VETOOR
de
SÉRGIO VALE
rotagonista: subst. m+f. 1. aquele que se destaca
num processo; 2. pessoa que desempenha o
papel principal. Na história da nova economia
do Estado do Acre, este é o papel designado à indústria,
o de personagem mais importante, do qual o enredo
gira em torno. Nesta obra, que já está em fase de
produção, a industrialização local viverá um
personagem chamado “vetor de desenvolvimento”, que
lhe foi atribuído pelo próprio governo do Estado –
autor da trama, tal como a novelista acreana Glória
Perez.
A saga começa em 2011 e tem desfecho previsto para
2014, espera-se, com o final feliz a que tem direito: um
Estado com receita própria, livre da dependência do
setor público, ainda hoje o maior gerador de riqueza
local. Para isso, ao longo dos capítulos, serão realizados
investimentos da ordem de R$ 685 milhões, destinados
à infraestrutura urbana, ao fortalecimento econômico
da produção rural familiar e do ecoturismo,
desenvolvimento do setor industrial, fortalecimento da
economia regional e modernização do sistema de
gestão.
O anúncio foi feito durante reunião com
representantes da força produtiva acreana. Na ocasião,
o governador Tião Viana, a quem foi solicitada a
audiência por iniciativa da FIEAC e apoiada pelas
demais entidades representativas, estabeleceu uma
agenda de trabalho com resultados objetivos a ser
rigorosamente obedecida durante a vigência de seu
mandato.
Em verdade, a saga intitulada Programa Integrado
de Desenvolvimento Sustentável do Estado do Acre se
encontra na fase 5, no entanto, só agora tem início um
episódio inteiramente dedicado à industrialização.
Constituiu-se, portanto, o que Tião batizou de “Agenda
de Resultados”: o governo cumprindo suas metas de
liberação de recursos e o setor produtivo executando
sua parte no prazo estabelecido. “Dinheiro não será
problema”, garantiu.
DESENVOOLVIMENTO
Entre as fontes de recursos para tamanho propósito,
estão o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica
Federal (CEF), Banco Mundial (Bird), Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID),
Orçamento Federal (OGU), Recursos Próprios (OGE),
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o
setor privado. São aproximadamente R$ 2,4 bilhões
disponíveis para que tudo corra conforme o script.
O roteiro
Apesar de não citar diretamente a indústria, os
investimentos no primeiro item do Programa
Integrado, Infraestrutura Urbana, aquecerão em larga
escala o setor da construção civil e a cadeia que o
envolve. Com o projeto Ruas do Povo, que prevê a
drenagem, pavimentação e saneamento das vias na
capital e interior, serão 2,4 mil ruas pavimentadas,
gerando 4,2 mil empregos diretos e 10 mil indiretos.
Para tanto, os insumos necessários são da ordem de 490
mil metros cúbicos de barro, 45 mil milheiros de tijolo,
140 mil metros cúbicos de brita, 100 mil metros cúbicos
de areia, 1,7 milhão de metros quadrados de asfalto,
além de 1,2 mil máquinas e caminhões.
Para a duplicação e urbanização da Rodovia AC 010
– trecho urbano de 1,64 quilômetros de Rio Branco –
serão realizados ser viços de terraplanagem,
pavimentação em CBUQ (concreto betuminoso
usinado a quente), drenagem, sinalização, proteção
ambiental e iluminação pública. Está prevista a
construção de 2 metros de ciclovia do lado esquerdo e
1,85 metros de calçadas.
A pavimentação da Rodovia AC 445 envolverá,
também, a construção de pontes mistas (obras de artes
especiais), com fundação e colunas em concreto,
transversais e longarinas em perfis metálicos, tabuleiro
em laje e concreto armado, e guarda corpos em peças de
madeira. Elas terão entre 12 e 24 metros, sendo erguidas
sobre quatro igarapés: Baijão, São José I, São José II e
São Raimundo. Também serão construídos pontes e
bueiros nos ramais das principais áreas produtivas do
Estado – uma das maiores reivindicações dos
empresários para impulsionar o setor.
Com o Programa Estadual de Habitação, aliado ao
“Minha Casa, Minha Vida”, a meta é entregar 10 mil
Unidades Habitacionais em Rio Branco, 2,4 mil no
interior e 500 para famílias em áreas alagadiças. Aqui
também estão envolvidos serviços de infraestrutura,
como a construção de vias de acesso, pavimentação
asfáltica, adutora de água e coletor tronco de esgoto.
Já no segmento Economia e Produção Sustentável,
subitem Fortalecimento da Micro Agroindústria, serão
destinados R$ 1 milhão para fomentar cinco indústrias
artesanais de processamento de peixes. Entre os
impactos gerados, espera-se a produção de 3,7 mil
toneladas de pescado, beneficiando mil famílias ao ano.
Mais R$ 3,5 milhões serão destinados para dez
abatedouros artesanais de aves e suínos e a uma central
de incubação no Vale do Juruá. No subitem Aquisição
de Máquinas e Implementos Agrícolas, onde serão
injetados R$ 50 milhões, prevê-se a compra de 113
máquinas agrícolas, 243 implementos agrícolas, 10
caminhões, oito veículos utilitários e cinco
motocicletas. Com isso, os impactos gerados serão 11
mil hectares de aração e gradagem ao ano, 8 mil famílias
sendo beneficiadas e dobrar a produção de grãos.
Outra proposta nesta área é a de Fortalecimento da
Produção Leiteira, com investimento de R$ 9,9
milhões. A ideia é beneficiar 3 mil famílias ao ano com a
construção da Usina de Produção de Nitrogênio
Líquido, aquisição de 137 tanques de resfriamento, 50
ordenhadeiras e seis unidades de produção artesanal de
queijo. Mais R$ 12 milhões serão utilizados para a
construção da Unidade de Armazenamento de Grãos.
O objetivo é incrementar em 200% a capacidade de
armazenamento, passando de 7,8 mil para 23,4 mil
toneladas.
Fase intermediária
O item que trata do Desenvolvimento do Setor
Industrial propriamente dito destinará R$ 8 milhões
para desenvolver a agroindústria no interior, com a
implantação do Frigorífico de Peixes e do Núcleo
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
39
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
irmãos de fronteira e com o resto do mundo. A função da
ZPE é justamente desenvolver a região em que está
instalada e a conclusão da BR até Cruzeiro do Sul, onde
temos grandes indústrias de manejo madeireiro se
instalando, além do complexo hidrelétrico do rio
Madeira, são atrativos muito grandes”, considera Carlos
Sasai, presidente da FIEAC.
Epílogo
Governador Tião Viana
apresenta metas para o
setor produtivo a
industriais acreanos
injetados R$ 9 milhões na reestruturação e
fortalecimento do setor moveleiro de Rio Branco, com a
construção e reforma de galpões comunitários, além da
aquisição de mobiliários e equipamentos. Pelo menos
145 moveleiros serão beneficiados.
Ápice
No entanto, apesar de a industrialização ser um dos
principais pilares para o desenvolvimento e de uma série
de incentivos para tal já estarem em curso, o setor
produtivo acreano continua sendo asfixiado por velhos e
novos gargalos que travam seu crescimento – os
antagonistas ou vilões que existem em todo romance.
“Estamos felizes em saber que a indústria é considerada o
vetor de desenvolvimento do Estado, mas, para que
possamos crescer, precisamos superar alguns
obstáculos”, reconheceu Sasai.
As dificuldades que os empresários locais têm para
honrar contratos já assinados permanecem as mesmas,
acrescidas de mais algumas. “A maioria de nós não
consegue ter acesso ao crédito e, com isso, capital de giro,
por isso não temos como dar andamento mais rápido a
alguns contratos. Além disso, o peso para caminhões de
transportadoras foi reduzido – antes traziam uma média
Frigorífico de
aves e suínos
recebe
investimentos
para
produção
SÉRGIO VALE
de 40 metros cúbicos, hoje, só podem transportar 23.
Essa medida, muito drástica, encareceu muito o custo
das obras já com contratos fechados”, explicou.
Além disso, o programa de compras governamentais,
apesar das reuniões com a Secretaria de Estado de
Indústria e Comércio, até o fechamento desta edição,
permaneciam pendentes. Tião Viana reconheceu os
problemas de atrasos, porém, garantiu que, a partir de
agora a agilidade dará o tom de sua política de
industrialização. “Passaremos por cima da burocracia
feito um trator. Não vou deixar obras para ser concluídas
depois do meu mandato. Portanto, quero que os
empresários acreanos estejam preparados, também, para
atender e assumir esse compromisso: meta estabelecida,
meta cumprida, dinheiro na conta. Não demorem a fazer
uma obra, senão passaremos por cima e chamaremos
outra empresa”, desafiou, deixando um bom gancho
para os próximos capítulos.
E, como em todo grand finale que se preze, a
complementação da Zona de Processamento de
Exportação (ZPE), com 130 hectares de área construída e
36 empreendimentos industriais confirmados. Somente
ali serão gerados 5.200 empregos diretos e mais de 12 mil
indiretos. Uma grande aposta da FIEAC para alavancar o
crescimento da economia local, pois se trata de um
mecanismo largamente usado no mundo para promover
o desenvolvimento e equilibrar as desigualdades
regionais.
As empresas ali instaladas operam com suspensão de
impostos, liberdade cambial (sem a obrigação de
converter em reais as divisas obtidas nas exportações) e
procedimentos administrativos simplificados – com a
condição de se destinar pelo menos 80% de sua
produção ao mercado externo. A parcela de até 20% da
produção vendida no mercado doméstico paga
integralmente os impostos normalmente cobrados sobre
as importações.
“Com a rodovia Interoceânica sendo instalada,
temos a possibilidade de nos aproximar dos nossos
SÉRGIO VALE
METAS
40
Tecnológico de Piscicultura em Cruzeiro do Sul
(leia mais nas páginas 46,
47, 48 e 49). Mais R$ 8
milhões serão investidos
na construção do Frigorífico de Suínos em
Brasiléia, com 2,5 mil
metros quadrados de
área construída. A
produção inicial estimada é de 990 mil quilos
por mês, sendo 130
produtores beneficiados, gerando 60
empregos diretos e 100
indiretos.
Ta m b é m e s t á
previsto o estabelecimento de polos
industriais nas regionais
do Alto Acre, Purus e Tarauacá-Envira, ao custo de R$
17 milhões, a fim de dinamizar e fortalecer o setor, além
de gerar mais emprego e renda neste segmento. Os
municípios envolvidos serão Rio Branco, Sena
Madureira, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Xapuri,
Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia. Também em
Cruzeiro, será instalada uma Fábrica de Fécula de
Macaxeira, no valor de R$ 12 milhões.
Outra novidade será a implantação do Polo
Oleoquímico – com 9 mil metros quadrados de área
construída – para gerar 190 empregos diretos e 750
indiretos. Nele, constarão duas unidades de extração e
refino de óleos vegetais com capacidade para processar
80 mil toneladas por ano; uma unidade de
hidrogenização e fracionamento de óleos vegetais e
animais com capacidade para 100 mil toneladas por
ano; uma unidade de extratos e essências vegetais com
capacidade para processar 2 mil toneladas ao ano; e
uma unidade de formulação e composição química de
óleos vegetais com capacidade para 60 mil toneladas ao
ano. O impacto esperado é de R$ 88 milhões de receita
bruta.
O Polo Logístico de Rio Branco será outro grande
i nve s t i m e n t o d o P r o g r a m a I n t e g r a d o d e
Desenvolvimento, para o qual serão destinados R$ 10
milhões a título de instalação de infraestrutura básica e
construção de área administrativa, em 120 hectares. Ali,
haverá capacidade para instalação de 40 empresas e
geração de 1.500 empregos diretos. Também serão
Usina de
beneficiamento de
castanha
impulsiona
economia no
interior
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
41
HABITAÇÃO
N
ão é preciso ser tão atento para perceber que,
praticamente todo mês, em Rio Branco, é
lançado um novo empreendimento
imobiliário. São residenciais para todos os gostos e
bolsos, de acordo com a necessidade do público. Para
muitos, o sonho da casa (ou apartamento) própria já se
realizou. Para outros, é apenas uma questão de tempo.
Pouco tempo.
Por meio do Programa “Minha Casa, Minha Vida”,
do governo federal e Caixa Econômica Federal, chegou
a vez das famílias de baixa renda de todo o país
garantirem seu direito à moradia. A iniciativa é um
conjunto de financiamentos imobiliários, com juros e
parcelas cujos valores são cobrados sobre a renda per
capita da família. O financiamento é estipulado de
acordo com a renda, permitindo ao interessado pagar o
valor mensal segundo suas condições.
Para a construção ou compra de casas novas ou
usadas, o valor mínimo que se paga é R$ 50. Famílias
com rendas mensais de até 10 salários mínimos são
beneficiadas pelo programa. Os juros chegam a 6% ao
ano, considerado bem inferior em relação aos demais
tipos de financiamentos. De acordo com informações
oficiais, apesar de ter sido criado pelo Governo Lula, o
“Minha Casa, Minha Vida” (MCMV) vai permanecer
beneficiando as famílias brasileiras, independentemente de quem assumir a presidência do Brasil dali
por diante.
A previsão é de que a segunda etapa do programa
construa, até 2014, 2 milhões de unidades habitacionais
em todo o país, sendo cerca de 2 mil novas casas
somente no Estado, de acordo com o senador e
coordenador da bancada federal do Acre, Aníbal Diniz
em seu site oficial. Até 2014, no entanto, devem ser
entregues 10 mil unidades em Rio Branco e 2,4 mil no
interior, somando-se o esforço federal ao do governo do
Estado, com o programa local de habitação, chamado
“Minha Morada”. A meta é reduzir em 36% o déficit
habitacional acreano.
Longe é um lugar que não existe
Além dos conjuntos habitacionais, o MCMV também
possui linhas de crédito, por meio da Caixa, para
financiamento de apartamentos novos. Daí o
fenômeno que começa a ser observado na capital, agora
com mais intensidade, de novos residenciais surgindo,
principalmente, em uma região considerada
relativamente longínqua e, por isso mesmo, pouco
explorada: onde se concentram as estradas do Calafate,
da Floresta e Via Verde.
No entanto, é justamente para lá que está sendo
transferida, aos poucos, a nova sede administrativa de
Rio Branco, o que transformou um local considerado o
“patinho feio” em uma área bem valorizada. Nas
redondezas, já estão instaladas as sedes do Tribunal de
Justiça, do Tribunal Regional Eleitoral, da Justiça
Federal, Fórum Eleitoral de Rio Branco, da Ordem dos
42
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Lar,
doce lar
Financiamentos
e juros baixos
impulsionam mercado
imobiliário e aquecem
setor da construção civil
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
43
HABITAÇÃO
Advogados do Brasil (OAB/AC) e, em fase de
finalização, da Polícia Federal. Além disso, é naquelas
proximidades que está sendo construído o Via Verde
Parque Shopping, primeiro shopping center de Rio
Branco, e também se localiza uma das maiores
faculdades de ensino particular da cidade.
O povoamento mais acelerado, por assim dizer,
daquela região se iniciou com a construção de
condomínios e residenciais de alto padrão, próximos à
referida instituição acadêmica. Pouco tempo depois,
com as facilidades propiciadas pelo MCMV, pelo
menos quatro residenciais voltados para famílias com
renda mais modesta já estão saindo da planta ou em fase
de acabamento.
Um deles, denominado Via Parque, tem 62 mil
metros quadrados de área (aproximadamente oito
campos do Maracanã), e se localiza praticamente em
frente ao shopping. Em fase de construção – a previsão é
de que seja entregue em julho de 2012 – o condomínio
original era composto por 500 apartamentos de dois
quartos e opções de lazer, como trilha ecológica. No
entanto, pela facilidade de financiamento, o sucesso foi
tão grande, que a Albuquerque Engenharia, empresa
responsável por toda a concepção do projeto, já
adicionou um novo lote de 208 apartamentos ao local,
chamado Via Parque Plus.
Este “adendo” é voltado para as famílias maiores,
que necessitam de mais espaço em um apartamento,
equipado com um quarto a mais, sendo uma suíte. “O
que aconteceu é que havia uma demanda reprimida de
anos”, exclama o empresário João Albuquerque.
“Existem muitas pessoas necessitadas por habitação,
mas não havia financiamento disponível. Essa procura,
esse fenômeno, está acontecendo no Brasil todo, não é
só aqui, devido ao juro baixo e ainda há um bom
desconto subsidiado pelo governo, de até R$ 17 mil”,
justifica.
Obras do Via Parque,
à época, em fase inicial.
Empreendimento está localizado
em frente ao primeiro
shopping center de Rio Branco
44
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
uma área relativamente
distante, porém esse
conceito mudou. Hoje,
o fato de ser nessa
localidade está
impulsionando as
vendas”, ratifica
Leandro Braga Vieira,
gerente de projetos da
Ábaco. Segundo ele, este
é o p r i m e i ro
empreendimento
privado da empresa e,
pelo sucesso, a
construção de outros
residenciais já está nos
planos.
Maquete do Topázio
Residence chamou
bastante atenção
durante a Expoacre
Oferta e procura
Mercado de alto padrão
Tudo isso permitiu que pessoas que antes não
tinham condições de financiar a casa própria por
escassez de um financiamento que coubesse no seu
orçamento, agora consigam realizar talvez o maior
sonho de suas vidas. “Hoje a procura, a demanda, é
muito maior. As empresas que não construíam um
empreendimento desse porte antes passaram a
construir. Enquanto houver financiamentos, sempre
haverá busca”, conclui Albuquerque.
É o caso de outro
empreendimento que mal
saiu da planta e já está
praticamente todo
negociado (até o
fechamento desta edição),
o Topázio Residence, na
Estrada do Calafate,
construído pela Ábaco
Engenharia. Com uma
área de 30 mil metros
quadrados, conta com 17
prédios de 16
apartamentos (272 no
total) e 32 sobrados. Até o
fechamento desta edição,
todas as casas já haviam
sido vendidas ao custo de
R$ 225 mil cada unidade.
“As obras se iniciaram em
maio e previsão de entrega
é de 24 meses. Trata-se de
Um detalhe que chama atenção: nove dos sobrados
foram pagos à vista. Ou seja, o MCMV facilitou a vida
das famílias com menos recursos, é verdade, mas o
mercado de alto padrão também está em franca
expansão no Acre. Independentemente do programa
do governo federal, a Albuquerque Engenharia, por
exemplo, era uma das empresas que investia (e ainda
investe) na construção de prédios e condomínios para o
público das classes A
e B. Sempre com
boas vendas.
“O Via Parque é o
nosso primeiro
e mp re e n d i m e n to
dentro do 'Minha
Casa, Minha Vida'.
Ainda neste ano,
lançaremos mais três
projetos de alto e
médio padrão, na
á re a d o V i l l a g e
Maciel (área nobre
da capital): prédios
de dez a doze
andares. Até porque,
hoje em dia, as
pessoas buscam mais
a praticidade e a
segurança que só o
apartamento ofe-
rece”, revelou João Albuquerque.
Tamanha demanda, gera, ainda, emprego e renda
para o Estado. Atualmente, a mão-de-obra pode decidir
onde, com quem e quando quer trabalhar. A oferta de
trabalho, agora, é bem maior do que a procura e os
salários, bem mais interessantes. “Tem pedreiro que tira
até R$ 2,5 mil. E é difícil um lugar que pague um salário
desses, hoje, no mercado”.
Inclusão social
De acordo com o 1º secretário do Sinduscon/AC,
engenheiro Assurbanípal Mesquita, a construção civil é
o segmento mais inclusivo e o que mais gera empregos
no setor produtivo. “Empregamos pessoas com baixa
escolaridade, proporcionando mais oportunidade
àqueles que não tiveram chance de uma qualificação
profissional”, enfatiza.
Somente na construção do Topázio Residence,
estão sendo gerados 80 empregos diretos, segundo a
gerente de Recursos Humanos da Ábaco Engenharia,
Thaís Mayanne da Silva. “E, no total, temos cerca de
350 pessoas empregadas”, endossou. Já para as obras do
Via Parque e Via Parque Plus, estão sendo mobilizados
500 trabalhadores, mas aproximadamente 850 têm a
carteira assinada pela Albuquerque Engenharia
durante o ano todo.
João Albuquerque afirma, sem pestanejar, que a
indústria da construção civil no Acre passa por um
momento extremamente importante. “E se nós, que
somos o menor mercado do país, estamos assim, o que
dizer dos outros estados? Já estamos recebendo convites
para fazer obras fora, mas, graças a Deus, não
precisamos. Temos muito o que fazer aqui”.
Apartamento
do Via Parque
mobiliado,
aberto à
visitação
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
45
peixes
“P
ara os descrentes, esta é a resposta do avanço da
base de estudos e importantes investimentos que
vêm sendo realizados nos últimos anos no Acre”,
sentenciou Carlos Sasai, presidente da FIEAC, a
respeito de uma nova iniciativa para impulsionar o setor
produtivo e a economia acreana. O Complexo
Industrial da Piscicultura, que será um potencial no
Estado do Acre, começou a ser construído, ocupando
uma área de 65 hectares, ou seja, 650 mil metros
quadrados. Com isso, o Acre passará a ocupar um lugar
de destaque na piscicultura nacional.
O empreendimento será administrado pela empresa
Peixes da Amazônia S/A, que conta com 18 acionistas,
sendo 16 empresários, o governo do Estado e também
uma central de cooperativas que irá representar os
pequenos produtores dos municípios de Rio Branco,
Sena Madureira, Bujari e Cruzeiro do Sul que, ao longo
dos anos, deverão ter uma participação de 25% das
cotas da empresa.
No complexo irão funcionar um centro tecnológico
de reprodução de alevinos, uma fábrica de rações para
peixes e um frigorífico para o beneficiamento e
estocagem de pescados para a comercialização no
mercado interno e para a exportação. Com a
materialização do projeto, o governo do Estado tem
como expectativa de que, no prazo de três anos, o Acre
tenha uma receita anual de R$ 350 milhões somente
com o mercado de piscicultura.
Acreditando nesse resultado, o governador Tião
Viana destacou que a implantação do complexo
industrial receberá um investimento de R$ 40 milhões,
sendo R$ 10 milhões do grupo de empresários que irá
ficar com parte da empresa Peixes da Amazônia, R$ 20
milhões do governo do Estado e os outros R$ 10
46
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
FIEAC comemora criação
da cadeia produtiva do pescado,
que fará o setor produtivo
local entrar em uma nova era
milhões serão em empréstimos juntos ao Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
“O avanço da piscicultura no Estado é uma nova
revolução econômica para o Acre. É uma decisão do
setor produtivo do Estado, das cooperativas, das
associações e dos empresários, que entendem que é
possível pensar além do gado. É possível pensar na
agricultura, no peixe, na criação em escala industrial de
ovelhas e porcos. Então, o Estado está dando um grande
passo em direção a um futuro da economia rural,
gerando muito trabalho, renda e desenvolvimento. A
cadeia produtiva do peixe vai gerar direta e
indiretamente emprego para aproximadamente 16 mil
pessoas”, destacou o governador.
Segundo o secretário de Agricultura e Produção
Familiar (Seaprof), Lourival Marques, os investimentos
na cadeia produtiva do pescado devem favorecer cerca
de mil famílias que atuam na agricultura familiar. “Isso
nos deixa muito satisfeitos, pois sabemos que tanto os
pequenos produtos como os médios vão poder investir
na piscicultura, gerando renda a partir da
comercialização, pois terão para quem vender”, ressalta.
Na visão do secretário de Indústria e Comércio,
Edvaldo Magalhães, o complexo é algo que vai mudar
completamente a atividade no Estado do Acre, pois vai
agregar três áreas fundamentais para uma piscicultura
moderna, competitiva e exportadora. “Nós teremos
alevinos de pirarucu, de surubim e de outras espécies a
preços competitivos, além de ração de qualidade e
dentro dos padrões exigidos pelo mercado mundial e
um frigorífico, porque na medida em que a piscicultura
cresce, se não tiver como armazenar e comercializar esse
peixe, teremos um problema na área da produção”,
Financiamentos
e juros baixos
impulsionam mercado
imobiliário e aquecem
setor da construção civil
SECOM
PISCICULTURA
Sobsigno
o
dos
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
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48
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
Lançamento da pedra fundamental
para a construção do Complexo
Industrial Peixes da Amazônia S.A.
e exportar nossa produção”, conta Edvaldo Magalhães.
Encontro dos piscicultores
Com a finalidade de reunir produtores de peixes dos
22 municípios, grandes piscicultores, secretários e
técnicos, o governo do Estado promoveu o I Encontro
de Piscicultores do Acre. Além da presença do
governador Tião Viana e de vários secretários, o
encontro de piscicultores contou também com a
presença do Ministro da Pesca, Luiz Sérgio, que não
economizou elogios às políticas públicas do governo
acreano pelo setor. Ele fez questão de informar que a
atividade é rentável em todo o mundo e que o Brasil tem
todo o potencial para se tornar um dos grandes
Feira Internacional de Piscicultura
SÉRGIO VALE
Para conhecer modernos equipamentos e garantir o
que há de mais avançado no mercado para o complexo
industrial do peixe acreano, uma comitiva envolvendo
o vice-governador César Messias, os secretários Edvaldo
Magalhães e Lourival Marques, o empresário Fernando
Fernandes e o presidente da Central de Cooperativas
do Peixe, Sansão Nogueira, participou da Feira
Internacional de Piscicultura e Pesca Marítima,
realizada na Bélgica.
“Nós encontramos técnicas e equipamentos
importantes para nosso projeto, garantindo que
tenhamos um dos mais modernos complexos
industriais do Brasil. Teremos, no Acre, sem dúvida
nenhuma, tecnologia de ponta para nossa indústria de
processamento do pescado e para nossa fábrica de
ração”, anunciou Edvaldo.
Adquirir equipamentos modernos é estratégia para
Maquete do Complexo
Industrial Peixes da Amazônia S.A.
SECOM
produtores mundiais, na medida em que possui em
torno de 12% de toda a água doce existente hoje no
planeta.
“Além disso, nós temos o clima, que é muito
favorável, e posso assegurar que o Ministério da Pesca
está trabalhando para contribuir com esse enorme
desafio do governo do Acre que é transformar a
piscicultura numa atividade de ponta”, afirmou o
ministro.
“Esse encontro serve para firmar aquilo que são as
propostas prioritárias de nosso governo e mostrar que o
programa da piscicultura tem início, meio e fim e é um
investimento em toda a cadeia produtiva, desde a
produção básica, fazendo uma grande aliança com a
produção familiar aos grandes piscicultores
industriais”, fez questão de ressaltar Edvaldo
Magalhães.
O encontro, conforme Edvaldo, representa um
grande pacto que está sendo feito com o setor produtivo
do Acre, que é mudar a economia rural do Estado
através de um novo fator, a piscicultura acreana. “E
temos certeza que esse pacto dará um salto de qualidade
na piscicultura acreana”, garantiu.
SÉRGIO VALE
Ministro da Pesca, Luiz Sérgio,
elogia políticas públicas para
impulsionar o setor no Acre
ÂNGELA PERES/SECOM
PISCICULTURA
contou.
Quando estiver em pleno funcionamento, deverá ter
capacidade para beneficiar em torno de 20 mil
toneladas de peixes por ano. Atualmente, a produção
de peixe do Acre está em torno de cinco mil toneladas.
Para o governador Tião Viana, o complexo industrial,
em sua total capacidade de funcionamento, poderá
beneficiar até 100 mil toneladas de peixe, o que nesse
caso, irá gerar uma receita estimada em torno de R$ 1
bilhão.
Em relato à imprensa local, o presidente da Central
de Cooperativas de Piscicultores do Estado do Acre,
Sansão Nogueira, disse que o complexo industrial traz
grande esperança para os produtores. “A gente acredita
que toda essa estrutura vai melhorar a produção e fazer
crescer essa cadeia produtiva”, afirmou.
Nogueira disse que isso se dará com o acesso a
alevinos e ração de qualidade, assistência técnica
especializada e ampliação da área de produção, tanques
e açudes em todo o Estado. “Esse é o momento certo
para a gente partir, de uma vez por todas, para um
caminho bem maior, que vem com a exportação em
grande escala de nossa produção de pescados”,
garantiu.
“Queremos fazer do nosso Estado o endereço do
peixe na Amazônia”, enfatizou o secretário de
Indústria. O que há de mais moderno no campo da
reprodução de alevinos será trazido para o Acre. Hoje
nós importamos quase tudo. O objetivo é virar esse jogo
Pacto pelo peixe visa
mudar economia rural do
Estado
garantir a valorização do produto acreano no momento
da comercialização. “Não basta ter um bom produto,
uma boa matéria-prima e produzir peixe de qualidade,
temos que agregar a isso mais valor na hora de
comercializar”, completou o secretário.
Benefícios do peixe na alimentação
A carne branca, a textura macia, o cheiro
característico e o sabor único fazem do peixe um
alimento irresistível à mesa. Mas os atrativos não param
por aí: são inúmeros os benefícios que a carne de peixe
oferece à alimentação de pessoas de todas as idades e,
por isso, seu consumo é recomendado por médicos e
nutricionistas, ao menos uma vez por semana.
Fonte abundante de proteínas – que são absorvidas
com mais facilidade que a de outros tipos de carnes – os
pescados têm importante papel no crescimento e
manutenção do organismo. São essenciais, por
exemplo, na digestão, na produção de anticorpos, na
coagulação do sangue, controle da taxa de colesterol,
entre outras funções.
É também rico em nutrientes e sais minerais tais
como ferro, iodo, magnésio, cálcio, sódio, fósforo, e em
vitaminas A, E, D, B2, B3, B12 e ácido fólico,
fundamentais para o bom funcionamento o corpo.
Além disso, a gordura do peixe é insaturada, ou seja,
não prejudicial à saúde, e possui o complexo ômega-3,
ácido graxo de grande importância para as atividades do
cérebro e do coração. Além de um poderoso
antioxidante, seu consumo auxilia na
diminuição dos triglicerídeos e colesterol e
favorece a produção do chamado “colesterol
bom” (HDL), diminuindo o risco de doenças
cardiovasculares, alguns tipos de câncer e
doenças inflamatórias.
No cérebro, o ômega-3 aumenta a
atividade dos sinais nervosos que ajuda na
memória, concentração, humor, habilidade
motora, velocidade de reação etc. É
importante ressaltar que essa substância não
é produzida pelo organismo, devendo ser
fornecida pela alimentação.
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
49
ARTIGO
Eloi Zanetti
Quantidade necessária e
suficiente para...
C
ontam os gregos que num certo tempo os sete
homens considerados os maiores possuidores
de sabedoria, dentre eles, reuniram-se para
eleger qual seria o mais sábio. A escolha foi unânime, o
grupo indicou Chilon como o homem mais erudito da
sua época. Os que propuseram a eleição
imediatamente perguntaram ao que ficou com o título.
– E, agora, que conselho o senhor dá aos humanos?
Chilon coçou a longa barba - os gregos sempre
usavam longas barbas encaracoladas -pensativo e
teatral, respondeu:
– Tenho dois conselhos para oferecer aos homens, o
primeiro é: conhece-te a ti mesmo, e o segundo: a
essência da sabedoria está no meio termo.
Vamos esquecer o primeiro, assunto para
psicólogos, e nos concentrar no segundo para
descobrir lições para o universo da comunicação
corporativa. Trabalhei muitos anos em uma grande
empresa, cujo presidente era formado em Farmácia e
Bioquímica. Ele, de vez em quando, fazia uso de um
termo clássico da área para dizer o que pensava sobre
alguns assuntos. Por exemplo, quando o nosso pessoal
começava a exagerar em arroubos de grandiosidade,
pretensão e exageros, dizia:
– Vamos nos lembrar do preceito de ouro da Farmácia,
minha gente: QNSP – quantidade necessária e
suficiente para...: um remédio, quando ministrado
demais, mata, quando de menos, não faz efeito. Tem de
ser dado na quantidade suficiente, na dose certa para
fazer efeito, nada mais. O pessoal entendia o recado,
descia das nuvens, baixava a terra já sabendo o que
tinha de fazer. Nada de excessos.
E o que temos visto ultimamente nos negócios, nas
promoções, no marketing e principalmente na mídia?
Uma verdadeira enxurrada de exageros, entupindo
olhos, ouvidos, corações e mentes do nosso povo.
Excessos de assuntos e ofertas que passam aos
vagalhões, como a febre da internet, das promoções dos
celulares e das telefônicas. Das campanhas exageradas
das cervejas e suas loiras falsas com seios e bumbuns
50
Acre INDUSTRIAL - setembro/2011
siliconados. Das músicas country, axés e pagodes que,
repetidas milhares de vezes, começam a dar sinais de
exaustão. Dos gurus da motivação e da auto-ajuda,
sempre com alguma fórmula milagrosa e fácil de fazer
marketing e negócios. Dos reality shows, que
incentivam a mediocridade e a vagabundagem. E dos
assuntos políticos com seus marqueteiros hedonistas.
Pergunto: será que nós, do marketing, dos negócios
e da mídia, não estamos, em alguns assuntos,
exagerando na dose? Será que nós, que trabalhamos a
comunicação de massa, não estamos abusando da
paciência dos ouvintes, leitores, telespectadores e
clientes? Será que a ânsia de faturar e fazer sucesso
rápido, própria da cultura empresarial brasileira, não
está esgotando rapidamente alguns assuntos que, como
um vício, precisam de mais e mais doses para se manter?
Que inteligência existe em esgotar o pesqueiro de uma
única vez? Criar alardes, fazer onda, promover a
superexposição de um tema até queimar sem deixar
nenhuma brasa?
Alguém parou para perguntar se o outro lado, o
povo que nos suporta, está gostando de ser
bombardeado com esta quantidade excessiva de
comunicação sobre os mesmos assuntos em tão curtos
espaços de tempo? Não seria mais cordato e eficiente
administrar a comunicação brasileira com menos
excessos e mais eficiência, isto é, seguir sabiamente pelo
caminho do meio? Ou a gente inventou a exuberância
tropical da comunicação e eu ainda não percebi?
Acredito que aqueles que estão em casa, não tendo
a quem apelar, já fazem o que têm de fazer, desligandose das nossas mídias e dos seus assuntos repetitivos,
virando-nos as costas e pensando: – Não agüento mais
isto.
Vou parar por aqui que este artigo já está na dose certa.
Mais um pouco vira excesso.
Eloi Zanetti - especialista em marketing,
comunicação corporativa e vendas..
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Setembro - 2011