DADOS DE VIGILÂNCIA
EPIDEMIOLOGICA DAS
INFECÇÕES EM UTI NEONATAL
Comparação com dados de literatura
Medidas de prevenção específica
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
• Protocolos e definições padronizados -Sistema
de Vigilância Epidemiológica do CDC (NNISS)
• Para que os dados serão usados:
– para conhecer nível endêmico das infecções
hospitalares
– para monitorar tendências
– para identificar surtos
– para educação de profissionais de saúde
– para comparação com dados da própria instituição e
com dados externos
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
De quais pacientes são coletados dados?
• todos os pacientes da UTI Neonatal
(grosseiramente, pacientes com risco semelhante
para infecção hospitalar)
• pacientes expostos a certos procedimentos de
risco para infecção hospitalar (CVC, VM)
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
RN de UTI Neonatal - têm pelo menos uma das seguintes
condições:
•
•
•
•
•
cateter umbilical
suporte ventilatório
em tratamento de uma infecção potencialmente grave
submetidos à cirurgia
peso de nascimento < 1500g, e
Recebem cuidado de neonatologista e a proporção de RN:
Enfermagem é de 1:2
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Que tipos de dados são necessários?
• dados primariamente das infecções e suas características.
Diferenciar por topografia (fatores de risco diferentes)
• dados dos RN que estão sob risco
• dados que permitam calcular taxas de IH ajustadas por fatores de
risco (tempo de permanência na UTI, e tempo de uso de dispositivo
invasivo)
• dados que permitam calcular taxas de IH por risco intrínseco (PN)
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Infecções neonatais
• estratificação pelo PN (é usado como marcador de
gravidade da doença de base)
• uso de dispositivos invasivos - é um marcador de
gravidade da doença e do tipo de UTI
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
• Por quanto tempo os dados são colhidos?
Continuamente, durante períodos de um mês, o ano
todo.
• Quais fontes de dados são utilizadas?
Fontes de dados clínicos, laboratoriais e
microbiológicos.
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Prevenção das infecções no RN:
• momento de aquisição
• momento de manifestação
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Momento de aquisição das infecções pelos RN:
• intra-útero: rubéola, sífilis, toxoplasmose, citomegalovírus, HIV,
HCV
• durante o parto: SGB, Listeria, VHB, VHS
• pos-parto: microrganismos de origem materna, hospitalar ou da
comunidade
A dificuldade em distinguir entre fonte materna e hospitalar torna
imprecisa a definição de IH no RN
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
• CDC: considera todas as infecções neonatais como
hospitalares (independente se adquiridas durante o parto
ou durante a hospitalização). Só não são consideradas IH
as infecções de aquisição transplacentária
• Portaria GM/MS 2.616, de 12.05.98 - Todas as infecções do
RN são consideradas IH, com exceção das infecções de
aquisição transplacentária e as associadas a bolsa rota
por mais de 24 horas.
Vigilância Epidemilógica das Infecções
em UTI Neonatal
Infecções Hospitalares Neonatais
• origem materna: manifestação precoce - nas
primeiras 48 horas de vida (NNISS)
• origem hospitalar: manifestação tardia - após 48
horas
Vigilância Epidemilógica das Infecções
em UTI Neonatal
Porque diferenciar as infecções neonatais de
origem materna?
• Porque as medidas de prevenção para infecção
de fonte hospitalar são ineficazes para prevenir
infecções de origem materna.
Vigilância Epidemilógica das Infecções
em UTI Neonatal
Fatores de risco para infecção:
intrínsecos
• próprio RN
extrínsecos
• ambiente
• procedimentos invasivos
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
• É importante conhecer o risco intrínseco porque taxas
calculadas por grupos de risco específicos permitem a
comparação de taxas entre pacientes com risco similar no
mesmo hospital ou em hospitais diferentes
• Escores de gravidade do paciente - não são úteis para
infecção hospitalar. Pacientes muito graves não sobrevivem
para adquirir infecção hospitalar
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Recem-nascido: imaturidade de barreiras estruturais
•
RN < 32 semanas de IG - estrato córneo da pele pobremente
desenvolvido. Depois de 2 semanas de idade - maduro
Recem-nascido: imaturidade imunológica
• pouca síntese de anticorpos no útero - transfusão transplacentária
(RN < 34 semanas de IG - pode não ter recebido níveis protetores)
• atividade de opsonização do sistema alternativo do complemento diminuída no RNPT
• diminuição de função de células T - (importante no controle de
patógenos intracelulares - Salmonella, Listeria, Toxoplasma, vírus
Herpes)
• quimiotaxia por neutrófilos e monócitos: diminuída
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Ambiente
• superlotação
• diminuição do “staff”
• pouca disponibilidade de pias
• ventilação do ambiente prejudicada
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Procedimentos invasivos
• eletrodos em couro cabeludo (monitorização durante o parto) porta de entrada para microrganismos do trato genital materno
• punção percutânea para colheita de sangue
• cateteres vasculares
– cateterização periférica e PICC - menor trauma, menos infecção
– cateterização umbilical - por mais de 5 dias - fator de risco
independente para sepsis
– dispositivos de monitorização de PA intravascular
• contaminação de membrana de oxigenação extracorpórea tempo de uso - fator de risco (ECMO > 7 dias)
Infecção ocorre em 30% dos RN tratados com ECMO (ICHE, 18(2);
93-6 – fev)
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Fatores de risco
•
outros dispositivos: tubo endotraqueal, cateter urinário, “shunts”
ventrículo-peritoniais
•
sondas gástricas, enterais: porta de entrada e colonização do trato GI
•
leite materno e fórmulas administradas em infusão contínua - horas à
temperatura ambiente
Quando > 10(6) col/ml - associação com sepsis e ECN
•
leite materno: HIV, HTLV-I e HTLV-II, CMV. Bombas de ordenha
contaminadas por Klebsiella e Serratia
•
fórmulas lácteas: utensílios contaminados. Contaminação intrínseca Enterobacter sakazakii
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Fatores de risco
•
água: Pseudomonas, Serratia, Stenotrophomonas, Flavobacterium incubadoras, reservatórios de umidificadores, nebulizadores, circuitos
respiratórios, água de banho-maria para descongelar plasma
•
transfusão de sangue: HIV, HBV, HCV, HAV, CMV, Malária
•
nutrição parenteral: fungos
•
fluidos EV: contaminação extrínseca durante a manipulação
•
equipamentos em geral contaminados
•
Mãos de profissionais de saúde - sem higienização adequada
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Berçário de RN normais
predomínio de infecção em pele, TCSC, boca e olhos
• pústulas, celulite, abcesso SC, linfadenite e infecções no local
de punção. Frequentemente: Staphylococcus aureus.
Streptococcus também pode estar envolvido
• infecção no local de inserção de monitores em couro
cabeludo - microrganismos do trato genital materno - VHS,
Mycoplasma hominis, Gardnerella e Candida
• onfalite- rara (0,5% - RNT e 2% - RNPT). Staphylococcus
aureus - é o mais frequente. Também Streptococcus do grupo
A, SCN, Enterococcus, BGN e anaeróbios. Tétano - secundário
à infecção umbilical se a mãe não estiver imunizada
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Conjuntivite
Chlamydia - é a mais frequente. Infecção tardia (2 semanas)
De cada
mulheres grávidas - RN poderão ter conjuntivite e
RN poderão ter pneumonia.
Prevenção- diagnóstico e tratamento da mãe antes do parto
Staphylococcus aureus
Neisseria gonorrhoeae - colírio de nitrato de prata 1%
Adenovírus - surto após exame oftalmológico do RN (teste do
reflexo vermelho - catarata)
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Infecção da corrente sanguínea
46% - precoce
27% - 5 e 30 dias
28% - com mais de 30 dias de vida
Baixo peso ao nascimento e CVC - fatores de risco independente
para ICS
RN - com PN < 1500g - CVC é o maior fator de risco para ICS
RN - com PN > 3kg - cirurgia é o maior fator de risco para ICS
Administração de lípide - fator de risco independente para
bacteremia por SCN
Vigilância Epidemilógica das
Infecções em UTI Neonatal
PN
Cat - dia
ICS /1000 Cat -dia
< 1000g
438.261
11,3
1001- 1500g
213.351
6,9
1501-2500g
136.697
4,0
> 2500 g
231.573
3,8
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Recomendações para prevenção das ICS – CVC
•
•
•
•
•
•
•
•
indicação do procedimento
escolha do local
escolha do tipo de cateter
Instalação do cateter – técnicas assépticas
Manutenção dos cateteres – curativo e troca de equipo
Indicação de troca
Indicação de envio de ponta de cateter para cultura
Interpretação dos resultados
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Infecção Corrente Sanguínea - precoce
Etiologia: Streptococcus do grupo B (46%), Staphylococcus
Coagulase Negativa (12%), Escherichia coli (10%). Alguns relatos
de Haemophylus influenzae e Streptococcus pneumoniae.
Anaeróbios - raros, quando Gram positivos - associados a
corioamnionite materna e sensíveis à penicilina
fatores de risco: prematuridade, baixo peso ao nascimento, ruptura
prolongada de membranas, corioamnionite materna, febre
materna
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Infecção por Streptococcus do grupo B
Manifestação precoce
Fatores de risco: parto prematuro, ruptura prematura de membranas,
nascimentos múltiplos, bacteremia ou bacteriúria materna, ausência
de anticorpos maternos
Profilaxia no momento do parto - com ampicilina. Se o estado da mãe
não é conhecido no momento do parto oferecer profilaxia quando
gestações com menos de 37 semanas, bolsa rota por mais de 18
horas, febre intraparto
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Infecção por Enterobactérias
Escherichia coli- risco para infecção - semelhante ao
Streptococcus do grupo B
Klebsiella - trato GI é o maior reservatório; RN da UTI NN rapidamente colonizados. Fatores de risco: alimentação enteral
e práticas de infusão de líquidos
Enterobacter - fórmulas infantis contaminadas (Enterobacter
sakazakii), fluidos EV contaminados
Serratia - fluidos EV contaminados, equipamentos de sala de parto
contaminados, bombas de ordenha de leite materno, sabões
contaminados
Pseudomonas aeruginosa, Burkholderia cepacea,
Stenotrophomonas maltophilia - ambiente e água
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Candida
fatores de risco: uso de cefalosporinas de 3a. Geração, CVC,
lípides EV, bloqueadores H2
duração da terapia antimicrobiana - é fator de risco independente
para candidíase
Candida parapsilosis - mais frequentemente associada a infecção
de cateter vascular central e é menos invasiva
Candida albicans é mais invasiva e mais resistente ao fluconazol
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Infecções respiratórias
Precoces: transmissão materna - Streptococcus do grupo B,
Chlamydia e Ureaplasma
Tardias: equipamento de ressuscitação e assistência ventilatória
contaminados.
Intubação endotraqueal - maior fator de risco para pneumonia
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Vírus Respiratórios
RN disseminam os vírus por longos períodos, depois de
cessada a sintomatologia
VSR: intubação, sondas para alimentação, superlotação (isoletes
contíguas)
Adenovírus: fator de risco - exame oftalmológico do RN (reflexo
vermelho) - catarata
Vírus Herpes Simples - HSV
fatores de risco - escalpe em couro cabeludo para monitorização
do parto, parto vaginal, rotura prematura de membranas
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Prevenção de infecções respiratórias associadas à assistência à
saúde
• educação da equipe e envolvimento na prevenção da infecção
• vigilância de infecção e microbiologia
• esterilização ou desinfecção e manutenção de artigos e
equipamentos
• prevenção da transmissão bacteriana pessoa a pessoa
(precauções padrão)
• alteração do risco de infecção para o hospedeiro (vacinas)
• precauções para prevenção de aspiração
• prevenção de pneumonia pós-operatória
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Development of a surveillance system for nosocomial infections:
the component for neonatal intensive care units in Germany
P. Gastemeier, C. Geffers, F.Schwab, J.Fitzner, M. Obladen, H.
Ruden
Journal of Hospital Infection (2004) 57, 126-131
Projeto piloto para estabelecer o Sistema de Vigilância
Epidemiológica das IH em UTI NN na Alemanha - ETAPAS
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Primeira etapa: definição das infecções hospitalares (NNIS
modificado) e sua avaliação
• IH- são aquelas que ocorrem depois de 72 horas do nascimento.
Incorporação de critérios, os mais objetivos possíveis
• Vigilância - feita por 10 meses (1994 a 1.995) - um hospital em
Berlim
• Para cada possível infecção, os dois critérios eram aplicados
para determinar a presença de infecção nosocomial
• O grau de concordância entre os critérios foi avaliado pelo
coeficiente de kappa.
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Comparação entre métodos de vigilância
Método NNIS (EUA)
Método KISS (Alemanha)
Sistema dirigido à unidade
Sistema dirigido ao paciente
Pn-VM e ICS-CVC
Pn-VM e ICS-CVC
Pn, ICS, ECN
CPAP e cateteres periféricos
- considerados
Estratificação por categoria de peso (4)
Somente RN < 1500g. Mais
grupo RN< 500g
Definições: crianças < 1 ano
Definições: modificadas
para RN
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Resultados da Primeira Etapa
• 677 RN admitidos - pelo menos 24h na UTI
• 8% - PN < 1500g (total 55 RN)
• 61% das IH - em RN < 1500g
• Infecções nosocomiais
– 61% - ICS
– 25,6% - ECN
– 11% - Infecções de pele
– 7,8% - Pneumonia
Kappa: 0,92 (ICS-CVC) e 0,79 (Pneumonia-VM)
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Conclusões da primeira etapa
• restringir a vigilância a RN com < 1500g - custo efetividade
• objetivar - ICS, Pneumonia e ECN
• uso das definições modificadas aumentou a aceitação dos dados
de vigilância sem perder a comparabilidade com os dados do
NNIS
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Neonatal
Segunda etapa: teste do método NNIS em 3 UTI neonatais com
enfermeiras de prática de controle de infecção
• Protocolo de vigilância desenvolvido com base no protocolo
NNIS acrescido das modificações do estudo anterior
• Enfermeiras treinadas para o controle de infecção conforme
NNIS
• Casos discutidos com médicos das unidades
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UTI Neonatal
Resultados da segunda etapa
• vigilância satisfatoriamente implantada nos 3 hospitais
universitários de Berlim
• boa aceitação das enfermeiras do controle de infecção pelos
profissionais da UTI
• demonstração da plausibilidade dos procedimentos
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UTI Neonatal
Terceira etapa: projeto piloto do componente de UTI neonatal do
Sistema de Vigilância
• Neonatologistas e controladores de infecção de 11 hospitais foram
convidados para curso introdutório
• Diagnóstico de IH era ensinado por meio de casos
• Foco: ICS - CVC e Pneumonia - VM em grupos específicos de RN
(por peso)
• Todos os dados eram enviados regularmente ao Centro de
Vigilância em Berlim - compilados
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UTI Neonatal
Resultados da Terceira Etapa
• dados de 13.949 pacientes-dia durante o período ( 1.997-1998)
• a utilização de CVC e VM foi menor do que os dados apontados
pelo NNIS
• baixa utilização de CVC - pacientes em situações menos críticas, ou
se indicações para CVC são restritivas (controle de IH)
• taxas de utilização de dispositivos definiam as UTIs - taxas
heterogêneas
• infecções relacionadas a dispositivos são uma pequena proporção
das infecções - isto precisa ser considerado quando da adoção de
medidas de controle
Taxas de utilização de dispositivos por
categoria de peso comparadas com o NNIS
(pooled mean)
Dispositivo
CVC
Intubação
PN
KISS
NNIS
<1000g
O,26
0,42
1000-1500g
0,15
0,29
<1000g
0,26
0,41
1000-1500g
0,10
0,17
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UTI Neonatal
RN < 1000g
• 45% - ICS - relacionadas a CVC
• 57% - Pn - relacionadas a VM
RN > 1500 g
• 34% - ICS - relacionadas a CVC
• 48% - Pn - relacionadas a VM
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Conclusões da Terceira Etapa
• devido às baixas médias de utilização de dispositivos , as taxas
de infecção por paciente-dia em combinação com as infecções
associadas a dispositivos são úteis
• os departamentos de neonatologia, mais do que as UTI NN e com
a abordagem do paciente como unidade de análise - permite
considerações mais eficientes da variabilidade (mix) de
pacientes nas UTI NN
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Quarta Etapa: incorporação do componente de UTI neonatal no
Sistema de Vigilância
• Sistema baseado no paciente e não na unidade - vigilância
prospectiva até RN alcançar 1800g, ou alta ou morte
• Estratificação por categorias de peso
• Definições modificadas para ICS e Pneumonia
• Cálculo das taxas de infecção associada a dispositivos e taxas de
infecção por pacientes dia - caracterizar a UTI
• Cálculo de taxas de infecção associada a intubação, CPAP, CVC e
acesso periférico
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Neonatal
Resultados da Quarta Etapa
• Início do sistema de vigilância em janeiro de 2000
• 11 departamentos neonatais e 66 UTI NN
• Até dezembro de 2002 - 3.357 pacientes e 136.795 pacientes-dia
• Encontros anuais entre o Centro de Vigilância e os hospitais
participantes (neonatologistas e controle de infecção)
• Melhora das definições e métodos
• Introdução de nova categoria de peso: < 500 g
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Tabela: Infecções por paciente-dia, estratificadas pelo PN, 2000 a
2002, Alemanha
PN
<1000g
1000 - 1499g
ICS
9,9
5,1
Pneumonia
1,4
0,5
ECN
1,0
0,6
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Conclusões do sistema de vigilância
• O componente UTI neonatal está bem estabelecido na
Alemanha
• Os métodos e definições usadas devem ser avaliadas
regularmente para atender às expectativas dos usuários dos
dados de vigilância
• Demonstrada a possibilidade de usar definições NNIS
modificadas sem perder a comparabilidade com os dados do
NNIS
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Hospital-acquired neonatal infections in developing countries
Anita KM Zaidi,WC Huskins, D Thaver, ZA Bhutta, Z Abbas, DA
Goldmann
www.thelancet.com vol 365, march 26, 2005
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Revisão do Pub Med - 1990 a 2004 - Artigos que tratam de IH
Neonatal:
• perfil microbiológico das IH NN - resistência a antimicrobianos
• fatores de risco intraparto e pos natal de IH potencialmente
modificáveis
• melhoria da assistência intraparto a baixo custo
• estratégias de prevenção de infecção em situação de deficit de
recursos
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Dificuldades: definição de infecções, capacidade do laboratório
de microbiologia, não identificação de vírus
• Definição de IH
primeiras 72 horas - risco materno e canal de parto
tardia - após 72 horas - adquirida no hospital ou na comunidade
(Staphylococcus e BGN)
• Condições precárias: patógenos passam de uma mãe para a
outra no momento do parto
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Infecção de corrente sanguínea
• taxas 3 a 20 vezes maiores que em países industrializados
• variáveis como PN e níveis de cuidados intensivos nem
sempre relatados
• exposição a dispositivos não mencionada
• Brasil: 60 ICS / 1000 CVC-dia
Pneumonia: 143/1000 VM-dia
Infecção hospitalar geral: 62/1000 pac-dia ( 4,8 a
22/1000 pac-dia)
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Perfil microbiológico das infecções
• predominância de BGN (Klebsiella, Pseudomonas e Acinetobacter) mesmo em infecções precoces
• Klebsiella - 16 a 28% das sepsis com hemocultura positiva
BGN em 60% das hemoculturas positivas
• SCN - muito relatado. Contaminantes ou reflexo da adoção tardia de
cuidados terciários sofisticados com alta utilização de dispositivos
invasivos
• ocorrência de surtos: medicamentos multidoses, sabões,
desinfetantes, artigos inadequadamente reprocessados, falta de
pessoal, superlotação
PROBLEMAS EM PAÍSES INDUSTRIALIZADOS HÁ 50 ANOS
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
1958-1965
1970 1980
Strepto beta E coli
SGB SGB
hemol
S aureus
P aeruginosa
E coli
E coli
Klebsiella
SCN
Enterobacter
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Staphylococcus aureus
• 8 a 22% dos isolados de hemocultura
• mãos contaminadas
• muitos casos perdidos (sem vigilância pos-alta)
•
•
•
•
•
Klebsiella
aparece mesmo em infecções precoces
resistência - pressão do uso de antimicrobianos
4,1 a 6,3 / 1000 NV
letalidade associada - 18 a 68%
contaminação de reservatórios ambientais
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Resistência antimicrobiana
70% dos patógenos isolados de ICS - não são cobertos pelo
regime empírico de ampicilina mais gentamicina para sepsis
neonatal (recomendação OMS)
46% das cepas de Ecoli e Klebsiella - resistentes à cefalosporina
de 3G. Disseminação de cepas multiresistentes e ESBL
MRSA - 56% das cepas de Staphylococcus aureus isoladas na Ásia
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Aliado ao padrão de resistência a antimicrobianos: as práticas
inadequadas de controle de infecção propiciando surtos de
fonte comum e transmissão pessoa a pessoa
Porque as infecções associadas a profissionais de saúde são tão
frequentes?
Falta de pia ou água para lavar as mãos
85 surtos - Pseudomonas, GN resistentes, Salmonella, MRSA e
Candida - são a ponta do “iceberg”
fontes identificadas: soluções de uso EV contaminadas, sondas
para alimentação, cateteres, mamadeiras e superfícies
ambientais (incubadoras, berços) e mãos de profissionais
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Propostas para um programa de controle de infecção hospitalar
• práticas sustentadas de controle de infecção
• “gap” entre conhecimento e prática
• melhores intervenções - são aquelas propostas e dirigidas
localmente
• chave para melhorar o programa de controle de infecção é
olhar a mãe o neonato como um todo, com ênfase particular
aos aspectos do sistema que aumentam o risco de infecção
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
• conhecimento profundo dos sistemas de saúde locais e
regionais
• metodologia - análise de pontos críticos de controle (muito
aplicado na indústria farmacêutica e de produção de
vacinas). Pode ser adaptado aos hospitais para monitoração
e intervenção em pontos críticos do processo de assistência
à mãe e ao RN
• estratégia (EUA) - auditorias padronizadas - “check list” durante o trabalho de rotina - com retorno do resultado em
tempo real - fundamental
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Pesquisar falhas no conhecimento do processo como um todo
•
•
•
•
•
•
•
população de pacientes e fluxo
sistemas de referência
processos chave na assistência à saúde
gerenciamento de informação
competência e organização do “staff”
suprimento e infra-estrutura
infecções por GN (microbiologia e estudos epidemiológicos caso/controle)
• higienização das mãos
• racionalização do uso de antimicrobianos
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
Vigilância é a chave da resolução dos problemas
• vigilância dos óbitos do RN
• vigilância de infecções (ex: sepsis e onfalite - definições
fáceis)
• vigilância do processo
• melhora do sistema de vigilância: neonatologistas,
enfermeiras, microbiologistas, administradores hospitalares,
profissionais de saúde pública, responsáveis por política de
saúde e usuários
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
Bibliografia
Revised Guidelines for Prevention of Perinatal Group B
Streptococcal Disease
MMWR 2002 / 51 (RR11): 1- 22 . In: www.cdc.gov./groupbestrep/docs
Moore, L. D. -Nosocomial infections in Newborn Nurseries and
Neonatal Intensive Care Units - In: Hospital Epidemiology and
Infection Control. C. Glen Mayhall 3rd. ed., Lippincott Williams &
Wilkins, 2004, USA
Horan, TC & Gaynes, R.P. Surveillance of Nosocomial Infections In: Hospital Epidemiology and Infection Control. C. Glen Mayhall
3rd. ed., Lippincott Williams & Wilkins, 2004, USA
Vigilância Epidemilógica das Infecções em
UTI Neonatal
APECIH - Diagnóstico e prevenção de infecção hospitalar em
neonatologia, 2002
APECIH- Prevenção das infecções hospitalares do trato
respiratório - 2a. Ed. Revisada e ampliada, 2005
Vigilância Epidemilógica das Infecções em UTI
Neonatal
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Comparação com dados da literatura e Medidas de prevenção