UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE GRÃOS DE TRIGO INFLUENCIADOS POR
NITROGÊNIO E LÂMINAS DE ÁGUA NO DISTRITO FEDERAL
ANA PAULA MASSON BOSCHINI
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM AGRONOMIA
BRASÍLIA/DF
ABRIL/2010
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE GRÃOS DE TRIGO INFLUENCIADOS POR
NITROGÊNIO E LÂMINAS DE ÁGUA NO DISTRITO FEDERAL
ANA PAULA MASSON BOSCHINI
ORIENTADOR: CÍCERO LOPES DA SILVA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM AGRONOMIA
PUBLICAÇÃO: 017/2010
BRASÍLIA/DF
ABRIL/2010
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE GRÃOS DE TRIGO INFLUENCIADOS POR
NITROGÊNIO E LÂMINAS DE ÁGUA NO DISTRITO FEDERAL
ANA PAULA MASSON BOSCHINI
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO
EM
AGRONOMIA,
COMO
PARTE
DOS
REQUISITOS
NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM AGRONOMIA.
APROVADA POR:
___________________________________________
CÍCERO LOPES DA SILVA, Dr. (UnB)
ORIENTADOR
CPF: 261.510.306-72
___________________________________________
CARLOS ALBERTO DA SILVA OLIVERIA, Ph.D (UnB)
EXAMINADOR INTERNO
CPF: 244.516.067-72
___________________________________________
MARTHA ZAVARIZ DE MIRANDA, Dra. (Embrapa Trigo)
EXAMINADOR EXTERNO
CPF: 556.170.690-04
BRASÍLIA/DF, 08 de ABRIL de 2010.
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Boschini, Ana Paula Masson
Produtividade e qualidade de grãos de trigo influenciados por nitrogênio e lâminas
de água no Distrito Federal / Ana Paula Masson Boschini; orientação de Dr. Cícero Lopes
da Silva – Brasília, 2010.
44 p. : il.
Dissertação de Mestrado (M) – Universidade de Brasília/Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária, 2010.
1.Trigo. 2. Adubação Nitrogenada. 3. Irrigação. 4. Produtividade. I. Silva,
C.L. da II. Dr.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BOSCHINI, A.P.M. Produtividade e qualidade de grãos de trigo influenciados por
nitrogênio e lâminas de água no Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2010, 55 p. Dissertação de Mestrado.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Ana Paula Masson Boschini
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Produtividade e qualidade de grãos de
influenciados por nitrogênio e lâminas de água no Distrito Federal.
GRAU: Mestre
ANO: 2010
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de
mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e nenhuma parte desta
dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.
___________________________________
Ana Paula Masson Boschini
CPF 011396831-01
QI 14 conjunto L casa 26, Guará I
71015-120 - Brasília/DF - Brasil
(61) 3568-0023/9158-1755 [email protected]
iii
Dedico à minha família e ao meu noivo,
que sempre estiveram ao meu lado em
todos os momentos. Em especial, à
minha mãe, meu exemplo de vida.
iv
AGRADECIMENTOS
À Deus, por ter me dado saúde, perseverança e oportunidade de aprendizagem diária.
Ao meu orientador Cícero Lopes da Silva, pela disposição e orientação.
Ao professor Carlos Alberto da Silva Oliveira, pelo apoio nas análises estatísticas.
Ao professor Marcelo Fagioli pela revisão final da dissertação.
Ao Engenheiro Agrônomo Manuel Pereira de Oliveira Júnior, pelo apoio fundamental
durante a execução do experimento.
Aos funcionários da FAL, pela colaboração e dedicação, tornando possível a
realização desse projeto.
Ao amigo Márcio, pelo apoio nas análises de laboratório, pela paciência e pela
amizade.
À EMBRAPA TRIGO, pela realização das análises de qualidade do trigo, em especial
à pesquisadora Martha Zavariz de Miranda, pela ajuda e cordialidade.
Às minhas grandes amigas Fabiana, Karuliny e Lídia, pelo apoio, pela ajuda, pelo
companheirismo e, principalmente, pelos momentos agradáveis.
Aos meus pais, pela educação, apoio e compreensão. Por me impulsionarem a buscar
sempre mais e me esforçar para isso. Por todo amor que dedicam a mim.
Aos meus irmãos Túlio e Fabiano, pelo companherismo, pela ajuda e pelo conforto
diante do medo e da ansiedade.
Ao meu noivo Luciano, pelos conselhos, pela ajuda, pelas cobranças, pelo carinho e,
principalmente, pela segurança que me transmitia nos momentos mais difíceis.
A todos vocês a minha sincera gratidão.
v
SUMÁRIO
RESUMO
Ix
ABSTRACT
X
1- INTRODUÇÃO GERAL
1
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3
2.1- Aspectos históricos e panorama do cultivo do trigo no Brasil
3
2.2- Qualidade do trigo
5
2.3- Produtividade de grãos e seus componentes
7
2.4- Nitrogênio e sua importância para o cultivo do trigo
7
2.5- Disponibilidade hídrica e o cultivo do trigo
10
2.6- Adubação nitrogenada, irrigação e o cultivo do trigo
11
3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13
CAPÍTULO ÚNICO
19
RESUMO
20
ABSTRACT
21
1- INTRODUÇÃO
22
2- MATERIAL E MÉTODOS
23
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
28
4- CONCLUSÕES
35
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
36
ANEXOS
39
vi
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES
Al – alumínio
Ca – Cálcio
cmolc – centimol carga
CTC – capacidade de troca catiônica
dm3 – decímetro cúbico
F – teste F
g – grama
GL – graus de liberdade
H + Al – acidez potencial
ha – hectare
K – potássio
kg – quilograma
kPa – quilopascal
L – lâmina de água
LVAd – latossolo vermelho-amarelo distrófico
m – metro
Mg – magnésio
MH – massa do hectolitro
ml – mililitro
mm – milímetro
MMG – massa de mil grãos
MO – matéria orgânica
N – nitrogênio
Na – sódio
NEE – número de espiguetas por espiga
NG – número de grãos por metro quadrado
NGE – número de grãos por espiga
NGe – número de grãos por espigueta
NQ – número de queda
NS – não significativo
NV – não válido
P – fósforo
PB – proteína bruta
pH – potencial hidrogeniônico
PROD – produtividade
SQM – soma de quadrados médios
t – tonelada
V – saturação por bases
W – energia de deformação da massa
vii
PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE GRÃOS DE TRIGO INFLUENCIADOS POR
NITROGÊNIO E LÂMINAS DE ÁGUA NO DISTRITO FEDERAL
Ana Paula Masson Boschini 1, Cícero Lopes da Silva1, Carlos Alberto da Silva Oliveira1,
Manuel Pereira de Oliveira Júnior 1, Martha Zavariz de Miranda2 Marcelo Fagioli1
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes lâminas de água e doses de nitrogênio e a
interação dos dois fatores sobre a produtividade e qualidade de grãos do trigo BRS 254, um
experimento de campo foi instalado em Latossolo Vermelho-Amarelo, no ano de 2009. O
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com parcelas subdivididas e quatro
repetições. Nas parcelas foram estabelecidas cinco doses de nitrogênio: 20, 50, 100, 200 e 400
kg ha-1 e, nas subparcelas, as lâminas de água: 120 264, 342 e 392 mm. Variações na
produtividade de grãos ocorreram em função das doses de nitrogênio em diferentes lâminas
de água. Houve efeito significativo das lâminas de água e das doses de nitrogênio sobre o
número de grãos por espiga, número de grãos por espigueta, número de grãos por m2 e massa
de mil grãos, ao passo que o teor de proteína bruta foi influenciado significativamente pela
interação dos dois fatores. O número de espiguetas por espiga, a massa do hectolitro, a
energia de deformação da massa e o número de queda foram influenciados significativamente
apenas pelas lâminas de água. A aplicação de lâminas de água menores do que 365 mm
proporcionaram valores da massa do hectolitro abaixo de 78 kg hl-1. A aplicação de lâminas
de água inferiores a 340 mm proporcionaram valores de número de queda abaixo de 250 s.
Palavras-chave: Triticum aestivum, adubação nitrogenada, irrigação
viii
YIELD AND QUALITY OF THE WHEAT GRAINS INFLUENCED BY NITROGEN
AND WATER DEPTHS IN THE FEDERAL DISTRICT
A field experiment was introduced in a Red-Yellow Latossol in 2009 in order to assess the
different effects of nitrogen fertilization and water depths, and their interaction over the grains yield
and quality of wheat BRS 254. The experimental design was randomized block with subdivided
plots and four replications. In the plots, the nitrogen doses were: 20, 50, 100, 200, and 400 kg
ha-1; at the subplots the water depths were: 120, 264, 342 and 392 mm. Yield discrepancies
resulted from nitrogen fertilization within different water depths. There was significant
influence from the nitrogen fertilization and the water depths on the number of grains per
spike, number of grains per spikelet, number of grains per m2 and the mass of a thousand
grains. The crude protein content was significantly influenced by the interaction of both
factors. The number of spikelets per spike, the hectoliter weight, the strength of gluten and the
falling number were exclusively influenced by water depth. The applying of water depths
lower than 365 mm entailed hectoliter weight under 78 kg hl-1. The administration of water
depths above 340 mm entailed falling numbers under 250 s.
Key Words: Triticum aestivum, nitrogen fertilization, irrigation
ix
1- INTRODUÇÃO GERAL
Em todo o mundo, a planta de trigo é apontada como a segunda planta cultivada em
produção de grãos, sendo superada apenas pelo milho. Com produção mundial de
689.945.712 toneladas, colhidas em 223.564.097 hectares em 2008 (FAO, 2009), o grão de
trigo é produzido prioritariamente visando a alimentação humana, e o seu beneficiamento gera
subprodutos, como o farelo de trigo, utilizados na alimentação animal.
Os grãos de trigo são de grande importância para o Brasil devido à crescente demanda
da população brasileira por seus derivados. Na safra de 2008/2009 a área brasileira cultivada
com trigo foi de 2.423.300 hectares, com produção de 6.015.600 toneladas de grãos e
produtividade de 2482 kg ha-1. O Brasil teve consumo de 10.813.000 toneladas de grãos,
importando 6.160.000 toneladas, ou seja, 57% do total do consumo (CONAB, 2009).
Segundo Mundstock (1999), a falta de incentivo à produção, a pequena área cultivada
e as baixas produtividades são fatores decisivos para o déficit anual na produção brasileira de
trigo. O grande desafio para a triticultura nacional é tirar o país da posição de grande
importador e levá-lo à auto-suficiência no abastecimento desse cereal, sendo importante
observar também o enfoque qualitativo.
A região do Brasil Central constitui comprovadamente uma alternativa para a
expansão da área tritícola brasileira e, consequentemente, da produção brasileira. Segundo
Roman (1994), a intensificação do plantio de trigo no Cerrado em sistemas de rotação de
culturas poderá abrir espaço para o Brasil tornar-se um grande abastecedor do mercado
internacional e também conquistar sustentabilidade técnica, ambiental e econômica na
produção desse cereal.
Na região do Cerrado, o bom desempenho do cultivo de trigo vem sendo garantido
pela adoção de modernas técnicas agropecuárias. Destacam-se, entre elas, o emprego da
irrigação por aspersão, colheita mecanizada, novos genótipos de trigo com porte baixo, colmo
forte, resistentes ao acamamento, e responsivos às adubações, principalmente à adubação
nitrogenada (Mistro & Camargo, 2002).
Entre os nutrientes que influenciam o rendimento e a qualidade dos grãos de trigo, o
nitrogênio é um dos mais absorvidos durante todo o ciclo de desenvolvimento das plantas. Por
ser o nutriente responsável pelo crescimento vegetativo, o suprimento de nitrogênio reflete no
índice de área foliar, na produção de gemas vegetativas, no perfilhamento e no teor de
proteína dos grãos (Malavolta, 2006).
1
Vários estudos sobre o comportamento das cultivares de trigo em função da adubação
nitrogenada foram conduzidos ao longo do tempo. Embora existam variações nas respostas às
doses de nitrogênio de acordo com a cultivar, clima, solo e outros, a maioria dos resultados
demonstraram que a aplicação do nitrogênio, mesmo em baixas doses, é sempre mais
vantajosa em relação à produtividade do que sem a aplicação do nutriente (Vieira et al.,
1995).
Aliada à adubação nitrogenada, a produtividade e a qualidade dos grãos se prendem à
disponibilidade de água para a cultura. O déficit hídrico frequentemente limita o crescimento,
o desenvolvimento e a reprodução, principalmente na região do Brasil-Central. Nesse caso, a
irrigação torna-se prática indispensável para permitir o cultivo em época seca (Scalco et al.,
2002).
Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes lâminas de
água e doses de nitrogênio e a interação desses dois fatores sobre a produtividade e a
qualidade de grãos do trigo BRS 254.
2
2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1- Aspectos históricos e panorama do cultivo do trigo no Brasil
O planta de trigo, como é conhecida hoje, originou-se do cruzamento de espécies
silvestres de gramíneas que existiam nas proximidades dos rios Tigre e Eufrates, na Ásia, por
volta de 15.000 a 10.000 a.C, sendo uma das primeiras plantas cultivadas (Silva et al., 1996).
Desde os primórdios da agricultura no Sudoeste da Ásia, numa região montanhosa, árida, com
elevada amplitude térmica e pouca precipitação, a história da humanidade e do cultivo de
trigo estão interligadas (Castro & Kluge, 1999).
Os trigos primitivos tinham espigas muito frágeis, que quebravam com facilidade
quando maduras e apresentavam sementes aderidas às pontas florais (IAPAR, 1999).
Processos e mecanismos de hibridação e mutação naturais, além de seleções involuntárias ou
não das civilizações primitivas, produziram variedades com inflorescências menos
desagregáveis e aristas caducas, tendo sido essas mais fáceis de colher e disseminar tanto na
natureza como, posteriormente, para cultivo (Fernandes, 1985).
No Brasil, a história do trigo teve início em 1534, quando as naus de Martim Afonso
de Sousa trouxeram as primeiras sementes de trigo às terras da Capitania de São Vicente, de
onde foram difundidas para outras capitanias (ABITRIGO, 2009). A cultura, todavia, somente
adquiriu importância econômica em meados do século XVIII.
No século XIX, a abertura dos portos às nações amigas, a entrada de farinha de trigo
americana no país, as epidemias de ferrugem, a falta de pagamento da farinha destinada às
tropas imperiais e a falta de mão-de-obra foram alguns dos fatores que fizeram o plantio do
trigo praticamente desaparecer do país (Queiroz, 2001). No século XX, ações governamentais
reduziram a dependência pelo produto importado ao elevar a produção interna a níveis que
garantiam o abastecimento de boa parte do mercado.
A retrospectiva da intervenção estatal no mercado de trigo tem como marco
importante o ano de 1967, quando foi publicado o Decreto-Lei 210, em vigor até novembro
de 1990, que regulamentou toda a política de produção, comercialização e industrialização do
trigo no país. Em 1990, esse Decreto-Lei foi revogado e o Estado se afastou da normatização
da produção e comercialização do trigo (Saab, 2005). O fim do controle estatal e a queda das
barreiras tarifárias provocaram a reestruturação da indústria e a redução da produção, que
durante décadas esteve calcada em programas de auto-suficiência, subsídio ao consumo,
tabelamento de preços e monopólio governamental na comercialização (Café, 2003).
3
Na safra de 1994/1995, a produção foi capaz de suprir apenas 18,5% do total de trigo
consumido no Brasil (Rossi & Neves, 2004), enquanto que em 1988 as importações de trigo
chegaram a ser inferiores a 15% do consumo total (Queiroz, 2001), evidenciando, dessa
forma, a instabilidade da produção de trigo no Brasil. A Tabela 1 apresenta o balanço entre
produção e demanda de trigo entre as safras de 2003/2004 e 2008/2009 (CONAB, 2009).
Entre 2003 e 2008, todas as safras evidenciaram percentual entre 48 e 76% de importação em
relação à demanda, o que torna o Brasil dependente de países como Argentina, Canadá e
EUA.
Tabela 1. Balanço entre produção, consumo e importação de trigo no Brasil (mil toneladas)
Safra
Produção
Consumo
Importação
2003/2004
2004/2005
2005/2006
2006/2007
2007/2008
2008/2009
6073,5
5845,9
4873,1
2233,1
4097,1
6015,6
9947,0
10196,0
10683,7
10260,7
10381,0
10813,0
5707,5
5311,0
6266,1
7809,9
6895,7
6160,3
Importação ( % do
Consumo)
57,4
47,9
58,6
76,1
66,4
57,0
Fonte: Elaborado a partir de CONAB (2009)
A falta de incentivo à produção, a pequena área cultivada e os baixos tetos de
produtividade são fatores que contribuem para o déficit anual na produção brasileira de trigo
(Mundstock, 1999). Entretanto, a cultura do trigo no Brasil vem alcançando, a cada dia, maior
importância frente aos países produtores e exportadores, alicerçada nos ganhos de
produtividade, na rentabilidade e na melhoria da qualidade industrial (EMBRAPA, 2001).
Segundo Silva et al. (1996), a área tritícola no Brasil é dividida em três regiões,
conforme características climáticas, cultivares e sistemas de produção: Sul, Centro Sul e
Brasil Central. Os Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul são responsáveis por cerca de
90% da produção brasileira de grãos de trigo. Embora a produção em outros estados ainda
seja discreta quando comparada com os outros dois grandes produtores, observa-se acentuado
crescimento da produção no Cerrado.
A expansão do cultivo de trigo para a região do Brasil Central foi possível,
principalmente, devido à implantação de lavouras irrigadas e ao desenvolvimento de
cultivares adaptadas às condições edafoclimáticas da região, com porte mais baixo e mais
tolerantes às doenças. Reconhece-se todo o trabalho de pesquisa e hoje se produz trigo no
Cerrado com qualidade comparável ao canadense e produtividade similar ao cereal francês
(AGRIANUAL, 2005).
4
2.2- Qualidade dos grãos de trigo
A qualidade do grão de trigo pode ser definida como resultado da interação que a
planta sofre no campo, pelo efeito das condições de solo, de clima, da incidência de pragas e
moléstias, manejo da cultura, da cultivar, bem como das operações de colheita, secagem,
armazenamento, moagem e, por fim, do uso industrial a ser dado à farinha (Pomeranz, 1987).
No Brasil, a Instrução Normativa n° 7 de 2001, legislação em vigor em abril de 2010,
(Brasil, 2001) estabelece as características de identidade e qualidade do trigo, estabelecendo o
seu enquadramento em classes e tipos. As classes são as seguintes: Trigo Brando, Trigo Pão,
Trigo Melhorador, Trigo para outros usos e Trigo Durum, definidas em função das
determinações analíticas de Alveografia (Energia de Deformação da Massa) e Número de
Queda ou Falling Number, conforme a Tabela 2. Os tipos 1, 2 e 3 são definidos em função do
limite mínimo da massa do hectolitro e dos limites máximos do teor de água e dos percentuais
de matérias estranhas, impurezas e grãos avariados (Tabela 3).
Tabela 2. Classes de trigo definidas em função dos valores mínimos de energia de
deformação da massa e de número de queda, segundo Instrução Normativa n° 7 de 2001 do
MAPA
Classe
Valor Mínimo da Energia de
Deformação da Massa (10-4 J)*
Valor Mínimo do Número de
Queda (segundos)
Trigo Brando
Trigo Pão
Trigo Melhorador
Trigo para outros usos
Trigo Durum
50
180
300
Qualquer
Não determinado
200
200
250
˂ 200
250
* Força de glúten é a denominação que consta na referida legislação
Tabela 3. Tipos de trigo definidos em função do limite mínimo da massa do hectolitro (MH)
e dos limites máximos do teor de água e dos percentuais de matérias estranhas, impurezas e
grãos variados, segundo Instrução Normativa n° 7 de 2001 do MAPA
Tipos
MH*
(kg/hl)
Teor de
Água (%)**
1
2
3
78
75
70
13
14
13
Matérias
Estranhas e
Impurezas
(%)
1,00
1,50
2,00
Grãos Avariados (%)
Danificados pelo
Chochos,
Danificados
calor, mofados e
Triguilho e
por insetos
ardidos
Quebrados
0,50
0,50
1,50
1,00
1,00
2,50
1,50
2,00
5,00
* Peso do hectolitro é a denominação que consta na referida legislação
** Umidade é a denominação utilizada que consta na referida legislação
A alveografia é um teste reológico para a determinação de características físicas da
farinha. Nesse teste é preparada uma massa com farinha de trigo e solução de cloreto de
5
sódio, seguindo procedimento padronizado de mistura e preparo. Com a massa é feito um
pequeno disco de espessura e circunferência uniforme e, posteriormente, é inflada, sob
pressão constante, uma quantidade de ar suficiente para a extensão total e ruptura da bolha de
massa formada (Faridi, 1985).
As características viscoelásticas da farinha de trigo podem ser avaliadas por diferentes
parâmetros da alveografia. A energia de deformação da massa (W) corresponde ao trabalho
mecânico necessário para expandir a bolha até a ruptura, expressa em 10–4 J. A tenacidade (P)
mede a sobrepressão máxima exercida na expansão da massa, expressa em mm, e corresponde
a uma medida da capacidade de absorção de água da farinha. A extensibilidade da massa (L),
também expressa em mm, representa a capacidade de extensão da massa, sem que ela se
rompa e é usada para predizer o volume do pão (Modenes et al., 2009). Deve existir uma
proporcionalidade dos valores P e L (relação P/L) para, associados ao valor de W,
expressarem um bom potencial de panificação (Chen & D’Appolonia, 1985).
O teste de número de queda (Falling Number) tem por finalidade verificar a atividade
da enzima α-amilase no grão de trigo, sendo o resultado expresso em segundos. Altos valores
indicam baixa atividade dessa enzima, enquanto que baixos valores indicam alta atividade,
situação que comumente resulta do processo de germinação da espiga (Modenes et al., 2009).
Nessa situação, a alta atividade da enzima α-amilase provoca a sacarização das moléculas de
amido durante o processo de fabricação do pão, resultando em pães com textura interna
pegajosa e úmida.
A massa do hectolitro é o massa de 100 litros de grãos, expresso em kg hl-1. O fato de
um trigo apresentar maior valor da massa do hectolitro não indica que apresente melhor
qualidade. A comparação só será significativa quando se compara a mesma variedade com
valores de massa do hectolitro bem diferenciados. Valores muito baixos de PH podem indicar
problemas na lavoura que podem ter afetado o enchimento dos grãos e sua qualidade
(Guarienti, 1996).
Além dos parâmetros de qualidade já relacionados, a massa de mil grãos merece
destaque por estar relacionada ao tamanho dos grãos. Grãos de tamanho excessivo não são
desejados pela indústria, pois podem provocar perdas devido às dificuldades de regulagem
dos equipamentos de limpeza e de moagem, enquanto grãos pequenos podem passar pelas
peneiras de limpeza e causar perdas na produção de farinha pela diminuição da quantidade de
trigo moído (Guarienti, 1996). A diferença de tamanho também influencia a quantidade de
água absorvida, pois os grãos pequenos absorvem maior quantidade de água em relação aos
grãos grandes durante a etapa de condicionamento do trigo (Posner & Hibbs, 1999).
6
2.3- Produtividade de grãos e seus componentes
Entende-se por potencial produtivo do trigo, a produção de grãos obtida quando a
cultura não foi sujeita a limitações ao nível de água ou de nutrientes e sem outras condições
como pragas, doenças, plantas daninhas e do próprio local de plantio (Fisher, 2001).
A produção de grãos de trigo tem um caráter complexo, com diferentes componentes e
condicionada por vários fatores de origem genética e ambiental. É, portanto, resultante da
interação de um conjunto de fatores, entre os quais se destacam o potencial genético da
cultivar, o manejo fitotécnico, o nível tecnológico adotado e as condições ambientais, que
podem restringir ou expandir o potencial de produção (Trindade et al., 2006).
Correlações entre a produtividade de grãos e seus componentes têm sido objeto de
numerosas pesquisas com diversas culturas. Em cereais com população de plantas constante, a
produtividade de grãos pode ser obtida pelo produto de três componentes principais: número
de espigas por unidade de área, número de grãos por espiga e massa média do grão, e esses
componentes, até certo limite, variam independentemente um do outro (Gondim et al., 2008).
Rodrigues et al. (2003) avaliaram o potencial de produção do trigo e observaram que o
número de grãos por metro quadrado foi o componente que esteve mais associado ao avanço
da produtividade de grãos de trigo nos últimos anos e que a interpretação da produtividade de
grãos de trigo por meio de seus componentes é difícil, principalmente devido a existência de
compensação entre seus componentes.
Fenômenos compensatórios fazem com que, frequentemente, os componentes
relacionem-se de forma negativa, tendendo a propiciar o incremento de uns componentes e o
decréscimo de outros. Dessa forma, a mesma produtividade pode ser obtida por diferentes
caminhos, sendo difícil estabelecer uma combinação ótima dos componentes (Lamothe,
1998).
2.4- Nitrogênio e sua importância para o cultivo do trigo
O nitrogênio é essencial para as plantas, pois possui função estrutural em moléculas de
aminoácidos, proteínas, enzimas, coenzimas, vitaminas e pigmentos, faz parte de processos
como absorção iônica, fotossíntese e respiração, e também estimula o crescimento de raízes
(Malavolta, 1980). Por ser o nutriente responsável pela vegetação, o suprimento de nitrogênio
reflete no índice de área foliar, na produção de gemas vegetativas, no perfilhamento e no teor
de proteínas do grão (Malavolta, 2006).
7
O nitrogênio é considerado um dos nutrientes que causam maior impacto no
desenvolvimento e na produtividade e, consequentemente, no aumento dos índices de
qualidade dos produtos agrícolas (Magalhães, 1979). O fornecimento adequado do nitrogênio
pelo solo ou pela adição de adubos, como regra, melhora a qualidade dos produtos agrícolas,
o excesso, porém, pode ser prejudicial (Malavolta, 2006), principalmente devido ao
desequilíbrio nutricional que aumenta a suscetibilidade das plantas às doenças, ao
acamamento das plantas e à alteração na proporção das proteínas formadoras de glúten.
O nitrogênio tem grande importância para a cultura do trigo. A sua disponibilidade,
entre outros fatores, é fundamental para a determinação dos seguintes componentes:
rendimento de grãos, número de espigas por área, número de grãos por espiga, teor de
proteínas no grão e massa de grãos (Pottker & Roman, 1998). No período compreendido entre
a fase de emergência das plântulas até a diferenciação do primórdio floral, a falta de
nitrogênio reduz o número de espigas por área, a formação de espiguetas por espiga e a massa
de 1000 grãos de trigo (Frank & Bauer, 1996). Além disso, a deficiência de nitrogênio pode
comprometer os processos de crescimento e de reprodução das plantas (Pottker & Roman,
1998).
Segundo Zagonel et al. (2002), todos os componentes de produção do trigo podem
beneficiar-se em maior ou menor grau do nitrogênio, exceto a população de plantas. Embora
se possa incrementar cada um dos componentes, individualmente, fenômenos compensatórios
fazem com que, frequentemente, os componentes relacionem-se de forma negativa, tendendo
a propiciar o incremento de uns e o decréscimo de outros. Assim, a mesma produtividade
pode ser obtida por caminhos diferentes, sendo difícil estabelecer uma combinação ótima dos
componentes de produção (Lamothe, 1998).
Vários estudos sobre o comportamento das cultivares de trigo em função da adubação
nitrogenada foram conduzidos ao longo do tempo. Embora existam variações nas respostas às
doses de nitrogênio de acordo com cultivar, clima, solo e outros, a maioria dos resultados
mostraram que a aplicação do nitrogênio, mesmo em baixas doses, é sempre vantajosa em
relação à produtividade do que sem a aplicação do nutriente (Vieira et al., 1995).
Avaliando a resposta de quatro genótipos de trigo irrigado na região do Cerrado a
diferentes doses de nitrogênio (0, 30, 90 e 120 kg ha-1), Teixeira Filho et al. (2007)
verificaram que as doses de nitrogênio aumentaram significativamente e de forma quadrática
o comprimento de espigas, o número de espiguetas por espiga, o teor de N foliar, o número de
espigas por metro, a massa de 100 grãos e a produtividade de grãos, sendo os máximos
ajustados obtidos com as doses de 69, 60, 77, 74, 68 e 69 kg N ha-1, respectivamente.
8
Freitas et al. (1994), estudando a resposta da produção de grãos e de outras
características agronômicas de diferentes cultivares de trigo irrigado a três níveis de
nitrogênio (0, 60 e 120 kg ha-1), verificaram que para cada cultivar é necessária determinada
quantidade de adubo nitrogenado, existindo cultivares que responderam até 60 kg ha-1 de
nitrogênio e outras que responderam até 120 kg ha-1. Observaram também que as doses de
nitrogênio apresentaram efeito significativo sobre as características agronômicas número de
espiguetas por espiga e número de grãos por espigueta.
Avaliando a resposta de uma cultivar de trigo de sequeiro à diferentes doses de
nitrogênio (0, 30, 60, 90 e 120 kg ha-1) na região de Cascavél- PR, Acorssi & Ferreira (2009)
verificaram que a adubação nitrogenada aplicada em cobertura interfere no número de grãos
por espigas e também no rendimento de grãos, e que a melhor produtividade foi obtida na
dose de 60 kg ha-1.
Silva & Goto (1991), avaliando a resposta de três cultivares de trigo de sequeiro ao
nitrogênio após soja precoce, verificaram que a adubação com nitrogênio promoveu aumento
significativo no número de espiguetas por espiga e no rendimento de grãos e pequeno
incremento no acamamento. Da mesma forma, Camargo et al. (1988) obtiveram correlações
positivas entre doses de nitrogênio (0, 60 e 120 kg ha-1) e rendimento de grãos, altura de
plantas, comprimento de espigas, número de espiguetas por espiga, número de grãos por
espiga e teores protéicos nos grãos e efeitos negativos entre doses de N com massa
hectolítrica e massa de 1.000 grãos.
Avaliando o efeito de cinco doses de nitrogênio (0, 28, 56, 84 e 112 kg ha-1) na rotação
trigo-milho e trigo-sorgo, Halvorson et al. (2004) verificaram que a resposta da biomassa do
trigo e do rendimento à adubação nitrogenada variou de ano para ano, mas não variou com a
rotação de culturas, obtendo o máximo rendimento de grãos com a dose de nitrogênio de 84
kg ha-1.
Em condições mediterrânicas, López-Bellido et al. (2000) avaliaram o efeito do
sistema de plantio, da rotação de culturas e da adubação nitrogenada (0, 50, 100 e 150 kg ha-1)
sobre o rendimento e o crescimento do trigo de sequeiro durante quatro anos. Fortes chuvas
durante o experimento impactaram negativamente o crescimento vegetativo e a produtividade
de grãos de trigo. O trigo respondeu à adubação nitrogenada até a dose de 100 kg ha-1 nos
anos úmidos, mas não apresentou resposta nos anos secos.
Por outro lado, Freitas et al. (1995), avaliando a respostas de oito cultivares de trigo de
sequeiro à diferentes doses de nitrogênio, verificaram que o aumento das doses de nitrogênio
não influenciou os componentes número de grãos por espiga e número de grãos por espigueta,
9
indicando que o potencial genético dos genótipos avaliados não foi limitado pela ausência da
aplicação de nitrogênio.
Estudando o efeito de diferentes doses de nitrogênio (0, 60 e 120 kg ha -1) sobre o
rendimento de trigo irrigado, cultivado após diversas sucessões de soja, Silva (1992) não
observou efeito significativo das doses de nitrogênio no rendimento de grãos e no número de
grãos por espiga.
Na determinação da resposta do trigo à adubação nitrogenada verifica-se a importância
em considerar o comportamento diferencial entre cultivares e linhagens em relação à
eficiência de absorção e utilização do nitrogênio. Provavelmente, a falta de resposta do trigo a
esse elemento, constatada em alguns trabalhos, tenha sido decorrente do uso de cultivares de
baixo potencial produtivo (Mielniczuk, 1982; Freitas et al., 1995).
Em virtude de seu alto custo, facilidade de perdas e constante deficiência nos solos, o
nitrogênio é um dos principais fatores de sucesso e/ou insucesso dos agricultores (Mello et al.,
1983). No manejo de nitrogênio em sistemas agrícolas deve-se considerar também os riscos
ao ambiente, uma vez que esse nutriente está sujeito a elevadas perdas por erosão, lixiviação,
desnitrificação e volatilização (Fernandes, 2006).
2.5- Disponibilidade hídrica e o cultivo do trigo
O conteúdo de água no solo influencia diretamente a quantidade de água disponível
para as culturas, que por sua vez influencia a maioria dos processos físicos e fisiológicos no
sistema solo-planta-atmosfera (Eitzinger et al., 2003). Dessa forma, pode-se afirmar que a
quantidade de água disponível para as plantas é um importante fator para o crescimento e
rendimento das culturas na maior parte das áreas agrícolas do Planeta (Boyer, 1982; Streck,
2004).
A planta de trigo apresenta relativa tolerância à deficiência hídrica devido a sua maior
eficiência no uso da água e por ser originária de uma região semi-árida (Schlehuber & Tucker,
1967). Embora se trate de uma cultura mais resistente ao déficit hídrico que muitas outras,
alguns estádios de desenvolvimento são bastante afetados pelo estresse hídrico (Acevedo et
al., 2002). Frizzone & Olitta (1990) demonstraram que o trigo é bastante sensível ao déficit de
água, obtendo-se as maiores reduções no rendimento de grãos quando este ocorria entre o
início do florescimento e a fase de grãos leitosos.
O excesso de água é também prejudicial para a maioria dos cultivos. A redução da
taxa de crescimento radicular é a primeira resposta ao estresse por excesso de água no solo. O
metabolismo das raízes é rapidamente restringido quando a concentração de O2 no solo
10
diminui a níveis críticos (Jackson & Drew, 1984). Em plantas de trigo, o crescimento
radicular foi interrompido após 24 horas de inundação do solo devido à baixa concentração de
O2 e interferiu substancialmente na produtividade de grãos (Meyer et al., 1985).
A irrigação é o principal fator que determina a produção agrícola no Cerrado durante o
período de maio a setembro. Nesse período, além da alta incidência de radiação solar aliada à
baixa umidade relativa do ar, ocorre precipitação insignificante e insuficiente para suprir as
necessidades hídricas das culturas (Guerra et al., 1994).
Frequentemente, a relação entre produção e lâmina de irrigação é uma função
curvilínea (Frizzone, 1991). Após atingir valor máximo, a produtividade diminui com o
aumento da quantidade de água aplicada, em consequência da redução na aeração do solo, da
lixiviação de fertilizantes, de doenças associadas e do acamamento de plantas (Bucks &
Hunsaker, 1987).
O cultivo de trigo sob condições controladas de irrigação e manejo adequado apresenta
grande potencial de produção, com alto rendimento de grãos e estabilidade da produção. A
possibilidade de alta rentabilidade tem levado os agricultores a optar pelo cultivo do trigo
irrigado. Dessa forma, pode-se afirmar que o trigo plantado no inverno, no Cerrado, constitui
excelente opção de cultivo em sucessão às culturas tradicionalmente semeadas no verão.
2.6- Adubação nitrogenada, irrigação e o cultivo do trigo
Dentre os fatores de produção do trigo, a água e o nitrogênio merecem destaque não só
pelo custo que representam, mas, sobretudo, devido à necessidade de se utilizar esses recursos
de modo eficiente, garantindo, assim, a sustentabilidade da região.
Vários fatores referentes ao solo, à planta e à atmosfera interagem entre si,
determinando a produtividade das culturas agrícolas. A resposta das culturas à irrigação e aos
nutrientes pode variar em diferentes solos, climas e também em decorrência da lâmina e
frequência de irrigação e doses de adubo (Frizzone, 1998). O emprego de funções de
produção na análise da resposta da produtividade aos fatores de produção é algo bastante
difundido e que apresenta grande utilidade.
Níveis adequados de irrigação e de adubação nitrogenada que proporcionem
sinergismo desses dois fatores sobre a produção de trigo ainda necessitam de estudos mais
refinados, a fim de fornecer ao agricultor práticas de manejo adequadas para otimizar o uso
dos recursos e obter produção rentável (Frizzone et al., 1996).
A resposta de cultivares de trigo à irrigação e à adubação nitrogenada é normalmente
caracterizada por interação positiva entre esses fatores. Frizzone et al. (1996), avaliando a
11
resposta do trigo irrigado a diferentes níveis de irrigação e adubação nitrogenada, em Sete
Lagoas, MG, verificaram que a produtividade máxima de grãos foi obtida com 274 mm de
água e 80 kg N ha-1. Constataram ainda que o número de grãos por espiga aumentou com a
aplicação de nitrogênio e água, atingindo o máximo de 40,7 com 157 mm de água e 160 kg N
ha-1.
Avaliando, em Lavras, MG, o efeito de quatro lâminas de irrigação, de quatro doses de
nitrogênio (0, 60, 120, 180 kg ha-1) e a interação desses fatores sobre a produtividade e
componentes de qualidade industrial de duas cultivares de trigo, Scalco et al. (2002)
constataram que as maiores produtividades das duas cultivares foram alcançadas com a
aplicação de 352,30 mm de água e doses de nitrogênio acima de 120 kg ha-1. Observaram
ainda que aplicações acima de 120 kg N ha1 afetaram negativamente energia de deformação
da massa.
Trindade et al. (2006) avaliaram, em Santo Antônio de Goiás, efeitos de doses de
nitrogênio em cobertura (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1), sob dois manejos de irrigação, na
produtividade de trigo irrigado e seus componentes, e constataram que a produtividade do
trigo foi afetada significativamente apenas pelas doses de nitrogênio, apresentando resposta
quadrática ao aumento das doses aplicadas em cobertura, devido ao efeito positivo desse
nutriente no número de grãos por m2. Observaram ainda que o teor de proteína bruta
aumentou linearmente com o incremento da dose de nitrogênio em cobertura e que o
incremento da frequência de irrigação e da dose de nitrogênio em cobertura diminuiu a massa
do hectolitro.
Em condições insatisfatórias de umidade do solo, a aplicação de nitrogênio é
prejudicial ou pouco eficiente (Ramos, 1981). Em experimentos a campo e em casa de
vegetação foi verificado que o estresse hídrico e a adubação nitrogenada tiveram interação
negativa sobre a produção de trigo (Camargo, 1976; Parameswaran et al., 1974), pois a
deficiência hídrica no solo retarda os principais processos envolvidos na nutrição mineral:
difusão, fluxo de massa e interceptação pelas raízes (Trindade et al., 2006).
Adubação nitrogenada e irrigação, quando bem manejadas, são práticas altamente
recomendadas, por influenciar direta e positivamente a produtividade e a qualidade dos grãos
de trigo. Porém, a falta de informação sobre os níveis adequados de fertilizante nitrogenado e
irrigação a serem aplicados em cada condição de plantio, tem impedido a obtenção de
produções mais sustentáveis.
12
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18
CAPÍTULO ÚNICO
Aspectos quantitativos e qualitativos do grão de trigo influenciados por nitrogênio e
lâminas de água
Trabalho a ser encaminhado para a Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental
19
ASPECTOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS DO GRÃO DE TRIGO
INFLUENCIADOS POR NITROGÊNIO E LÂMINAS DE ÁGUA
Ana P. M. Boschini 1, Cícero L. da Silva1, Carlos A. da S. Oliveira1, Manuel P. de
Oliveira Júnior 1, Martha Z. de Miranda2 & Marcelo Fagioli1
RESUMO
Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes lâminas de água e doses de nitrogênio e a
interação dos dois fatores sobre a produtividade e qualidade de grãos do trigo BRS 254, um
experimento de campo foi instalado em Latossolo Vermelho-Amarelo, no ano de 2009. O
delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com parcelas subdivididas e quatro
repetições. Nas parcelas foram estabelecidas cinco doses de nitrogênio: 20, 50, 100, 200 e 400
kg ha-1 e, nas subparcelas, as lâminas de água: 120; 264; 342; 392 mm. Variações na
produtividade de grãos ocorreram em função das doses de nitrogênio em diferentes lâminas
de água. Houve efeito significativo das lâminas de água e das doses de nitrogênio sobre o
número de grãos por espiga, número de grãos por espigueta, número de grãos por m2 e massa
de mil grãos, ao passo que o teor de proteína bruta foi influenciado significativamente pela
interação dos dois fatores. O número de espiguetas por espiga, a massa do hectolitro, a
energia de deformação da massa e o número de queda foram influenciados significativamente
apenas pelas lâminas de água. A aplicação de lâminas de água menores do que 365 mm
proporcionaram valores da massa do hectolitro abaixo de 78 kg hl-1. A aplicação de lâminas
de água inferiores a 340 mm proporcionaram valores de número de queda abaixo de 250 s.
Palavras-chave: Triticum aestivum, adubação nitrogenada, irrigação
1
UnB, Campus Universitário Darcy Ribeiro, CEP 70910-900, Brasília, DF. Fone (61) 3307-2431. E-mail(s):
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].
2
Embrapa Trigo, Rodovia BR 285, km 294, CEP 990001-970, Passo Fundo, RS. Fone (54) 3316- 5800. E-mail:
[email protected]
20
QUANTITY AND QUALITY ASPECTS OF WHEAT GRAINS INFLUENCED BY
NITROGEN AND WATER DEPHTS
ABSTRACT
A field experiment was introduced in a Red-Yellow Latossol in 2009 in order to assess the
different effects of nitrogen fertilization and water depths, and their interaction over the grains yield
and quality of wheat BRS 254. The experimental design was randomized block with subdivided
plots and four replications. In the plots, the nitrogen doses were: 20, 50, 100, 200, and 400 kg
ha-1; at the subplots the water depths were: 120, 264, 342 and 392mm. Yield discrepancies
resulted from nitrogen fertilization within different water depths. In all of them, the highest
yields were achieved by nitrogen doses over 220 kg ha -1. There was significant influence
from the nitrogen fertilization and the water depths on the number of grains per spike, number
of grains per spikelet, number of grains per m2 and the mass of a thousand grains. The crude
protein content was significantly influenced by the interaction of both factors. The number of
spikelets per spike, the hectoliter weight, the strength of gluten and the falling number were
exclusively influenced by water depth. The applying of water depths lower than 365 mm
entailed hectoliter weight under 78 kg hl-1. The administration of water depths above 340 mm
entailed falling numbers under 250 s.
Key words: Triticum aestivum, nitrogen fertilization, irrigation
21
1- INTRODUÇÃO
No Cerrado brasileiro, a área cultivada com trigo aumentou consideravelmente nos
últimos anos, devido ao desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições
edafoclimáticas da região (Trindade et al., 2006). Nessa região, a ocorrência de temperaturas
médias não superiores a 25°C e temperaturas baixas durante a noite são favoráveis para o
crescimento e desenvolvimento das plantas. A cultivar BRS 254 é uma dessas cultivares
desenvolvidas para o plantio irrigado na região do Cerrado. Além da adaptabilidade, outros
fatores que motivam a utilização dessa cultivar pelos produtores são sua qualidade, sua
resistência, mesmo que moderada, ao acamamento e à germinação natural na espiga e,
principalmente, seu alto potencial em rendimento de grãos (EMBRAPA, 2008).
O rendimento de grãos é o produto final de uma série de interações que ocorrem
durante o ciclo da cultura e que envolvem não somente o potencial encerrado na carga
genética de uma dada semente, mas de outros fatores que interagem com essa semente. A
disponibilidade de temperatura, água e radiação, a nutrição, a ocorrência de pragas, doenças e
plantas daninhas, são todos fatores que influenciam o crescimento e desenvolvimento das
plantas e conseqüentemente o seu produto final de interesse econômico, os grãos
(EMBRAPA, 2004). Diante disso, pode-se afirmar que o potencial genético de uma cultivar
será expresso somente quando existirem condições climáticas e de manejo adequadas.
Na região do Cerrado, a boa performance do trigo vem sendo garantida pela adoção de
modernas técnicas de cultivo. Destacam-se, entre elas, o emprego da irrigação por aspersão,
colheita mecânica, genótipos de trigo com porte baixo, resistentes ao acamamento, com palha
forte e responsivos às adubações, principalmente à adubação nitrogenada (Mistro & Camargo,
2002). Nesse contexto, a irrigação e a adubação nitrogenada merecem destaque não só pelo
custo que representam, mas, sobretudo, devido à necessidade de se utilizar esses recursos de
modo eficiente, garantindo, assim, a sustentabilidade da região.
A otimização do uso dos fatores envolvidos na produção é permitida, muitas vezes,
pelo uso de funções de produção. A determinação dessas funções para o fator água tem sido
proporcionada pela utilização do sistema de irrigação por aspersão em linha (line source
sprinkler system). Hanks et al. (1976) afirmaram que o objetivo da utilização desse sistema é
viabilizar a obtenção de dados quantitativos para a determinação de funções de produção de
água, aliada ou não a outros fatores (fertilizantes e/ou cultivares, principalmente).
No Brasil, estudos sobre a resposta do trigo à irrigação e adubação nitrogenada foram
relatados por Frizzone et al. (1996), Scalco et al. (2002), Trindade et al. (2006), entre outros.
22
Frizzone et al. (1996) verificaram, em Sete Lagoas, MG, máxima produtividade da cultivar
BR 10-Formosa com 274 mm de água e 80 kg N ha-1 e constataram que o número de grãos
por espiga aumentou com a aplicação de nitrogênio e água, atingindo o máximo de 40,7 com
157 mm de água e 160 kg N ha-1.
Água e nitrogênio também afetam a qualidade do trigo. Segundo Guarienti et al.
(2003), a qualidade pode ser definida mediante testes físico-químicos (massa do hectolitro,
massa de mil grãos, número de queda) e reológicos (alveografia, farinografia). As
características definidas por esses testes assumem significados diferentes que dependem da
designação de uso ou tipo de produto (Rasper, 1991).
Schroeder (1987) apresenta conceitos relativos de qualidade e, portanto, dependentes
do segmento que avalia. Dessa forma, para o moageiro, a qualidade significa matéria-prima
uniforme em tamanho e forma, alto peso específico, alto rendimento em farinha e baixos
teores de cinzas, coloração desejável do produto final e baixo consumo de energia elétrica
durante o processamento industrial. Para o panificador, a farinha de boa qualidade deve
possuir alta capacidade de absorção de água, boa tolerância à mistura, glúten bem balanceado
e alta porcentagem de proteínas. Para o consumidor, o trigo de boa qualidade é aquele capaz
de produzir pães de grande volume, com texturas interna e externa adequadas, cor clara e alto
valor nutritivo.
Diante do exposto, percebe-se a necessidade de realizar pesquisas que visem a correta
utilização de água e nitrogênio na produção do trigo irrigado. Portanto, avaliar o efeito de
diferentes lâminas de água e doses de nitrogênio e a interação desses dois fatores sobre a
produtividade e a qualidade de grãos do trigo BRS 254, constitui o objetivo desse trabalho.
2- MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no período de maio a setembro de 2009, na Fazenda
Água Limpa da Universidade de Brasília, em uma área de coordenadas geográficas iguais a
15° 56’ S e 47° 56’ W e altitude de 1080 m. O solo da área experimental é classificado como
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico (LVAd), de textura franco-argilo-arenosa. Os
resultados da análise química do solo, obtidos antes do início do experimento, estão
apresentados na Tabela 1.
Utilizou-se a cultivar de trigo BRS 254, recomendada para cultivo sob regime de
irrigação, com ciclo médio, porte médio e moderadamente resistente ao acamamento e à
debulha natural (EMBRAPA, 2008). Após calagem e preparo adequado do solo, realizou-se a
23
semeadura mecanizada de 15 linhas por subparcela em 20/05/2009, no espaçamento de 0,20
cm, profundidade de 5 cm e densidade de 320 sementes por m2.
Tabela 1. Resultados da análise química do solo da área experimental, classificado como
Latossolo Vemelho-Amarelo distrótico
Camada
pH
P (ppm)
Ca
Mg
K
Na
Al
(cmolc/cm3)
0,01
0
H + Al
CTC
V (%)
M.O
6,1
1,8
2,2
0,3
0,19
3,7
6,4
42,19
48,85
0-20
Onde: pH = potencial hidrogeniônico; P = fósforo; Ca = Cálcio; Mg = magnésio; K = potássio; Na = sódio; Al = alumínio; H
+ Al = acidez potencial; CTC = capacidade de troca catiônica; V = saturação por bases; MO = matéria orgânica
Com base na análise química do solo, realizou-se a adubação de plantio, que consistiu
de 20, 120, 20 e 1 kg ha-1 de nitrogênio (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O) e boro (B),
respectivamente. Utilizou-se como fertilizantes, o sulfato de amônio, o superfosfato simples,
o cloreto de potássio e o bórax. O suplemento de boro foi fornecido para evitar a perda de
viabilidade dos grãos-de-pólen.
A adubação nitrogenada de cobertura foi realizada aplicando-se sulfato de amônio nas
linhas de plantio, no início do estádio de perfilhamento, 15 dias após a emergência do trigo.
As doses de sulfato de amônio aplicadas foram de 0, 150, 400, 900 e 1900 kg ha-1,
correspondentes à adubação nitrogenada de 0, 30, 80, 180 e 380 kg ha-1.
Para evitar o acamamento das plantas aplicou-se 125 g ha-1 de trinexapac-ethyl,
correspondente a 500 mL ha-1 de Moddus. Na época da aplicação, as plantas de trigo
apresentavam de 3 a 4 perfilhos, com o 1° e 2° nós visíveis, estatura entre 30 e 35 cm e
desenvolvimento normal.
Uma lâmina de irrigação de 32 mm foi aplicada em todo o experimento até a
emergência plena das plantas, quando, então, foram aplicados os tratamentos utilizando-se o
sistema de aspersão em linha (line source sprinkler system). As lâminas de irrigação foram
obtidas em função do gradiente decrescente de aspersão, resultante da linha central de
aspersores, instalada na metade da área experimental, com aspersores espaçados de 6 m entre
si (Figuras 1 e 2).
As distâncias da linha de aspersores ao centro de cada parcela foram: 2,5; 5,9; 9,3 e
12,7 m, de forma a proporcionar as lâminas de irrigação L4, L3, L2 e L1, respectivamente. A
aplicação de água foi controlada por três linhas de coletores e, em cada parcela, foram
utilizados dois coletores. As irrigações foram realizadas quando a tensão matricial do solo,
controlada por tensiômetros instalados nas parcelas L3 a 10 cm de profundidade, atingia 40
kPa. A lâmina de irrigação esperada para essa faixa foi calculada considerando-se a tensão no
24
solo nesse nível e uma camada de solo de 20 cm para todas as fases da cultura, resultando em
12 mm de irrigação.
O delineamento experimental usado foi blocos casualizados, com parcelas
subdivididas. Às parcelas foram aplicadas, aleatoriamente, as doses de nitrogênio em
cobertura. Às subparcelas foram aplicadas as lâminas de irrigação de forma não casualizada,
visto que o sistema de aspersão de linha única impossibilita, em termos práticos, a sua
utilização. Cada subparcela apresentou dimensões de 3 x 6 m (18 m2), e dessa área colheu-se
apenas a área útil de 1,8 x 5 m (9 m2), correspondente às linhas centrais das subparcelas.
Figura 1. Distribuição do experimento no campo
com linha central de aspersores ( ), três linhas
perpendiculares de coletores ( ), doses de
nitrogênio nas parcelas e lâminas de água (L1=120,
L2 = 254, L3 = 342 e L4 =392 mm) nas subparcelas
25
C
A
Figura 2. Sistema montado com linha central de aspersores (A) e três linhas perpendiculares
de coletores (C) na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília
A colheita do trigo foi realizada manualmente e individualmente por unidade
experimental, aos 111 dias após a emergência plena das plantas, quando cerca de 90 % das
espigas apresentavam grãos com coloração típica de maduro e umidade média de 12%. Parte
do material colhido foi submetido posteriormente à trilhagem mecânica.
Dez espigas de trigo foram colhidas ao acaso na área útil de cada subparcela. Em
seguida, foram acondicionadas em sacos de papel, devidamente identificadas e levadas ao
laboratório para as seguintes determinações: número de espiguetas por espiga, número de
grãos por espiga e número de grãos por espigueta. O número de espiguetas por espiga e o
número de grãos por espiga foram obtidos por meio do número médio de espiguetas e do
número médio de grãos das dez espigas, respectivamente. O número de grãos por espigueta
foi obtido por meio da divisão do número de grãos por espiga pelo número de espiguetas por
espiga, de cada unidade experimental.
A produtividade e o número de grãos por m2 foram determinados a partir da colheita
das plantas contidas em 2 m2 e 0,5 m2 da área útil de cada subparcela, respectivamente. Na
26
determinação da produtividade, os grãos foram trilhados e pesados, obtendo a seguir a
produtividade em kg ha-1 a 13 % de umidade (base úmida). Para a determinação do número de
grãos por m2, os grãos foram trilhados, contados e os dados transformados em número de
grãos por m2.
O teor de proteína bruta nos grãos foi determinado utilizando-se uma amostra de 50g
de grãos da área útil. Os grãos foram moídos em moinhos do tipo centrífuga, modelo TE-631,
da Tecnal e, para a determinação do nitrogênio total, empregou-se o método de Kjeldahl,
utilizando-se o fator de conversão de 6,25 para o cálculo da proteína bruta presente nos grãos.
A massa do hectolitro foi determinada segundo método descrito por Brasil (1992), em
balança Dalle Molle, e os resultados foram expressos em kg hl-1. A determinação da massa de
mil grãos foi realizada conforme método descrito por Brasil (1992), em que se realiza a
contagem manual de 100 grãos de trigo de cada subparcela, que a seguir são pesados em
balança semi-analítica. O resultado é multiplicado por 10 para que o resultado seja expresso
em mil grãos.
O número de queda da farinha de trigo foi determinado com correção de altitude (Passo
Fundo, RS - 687 m) em equipamento Falling Number, modelo FN 1900, da Perten
Instruments, de acordo com o Método 56-81B da AACC (AACC, 2000) e o Manual de
Operação do aparelho Falling Number, sendo o resultado expresso em segundos. A energia de
deformação da massa foi determinada no alveógrafo Chopin, modelo NG (Villeneuve-laGarenne Cedex, França) utilizando o método n° 54-30A, da AACC (AACC, 2000).
A análise estatística foi feita com o programa MSTATC da Universidade de Michigan.
Os dados foram submetidos à análise de variância preliminar para detectar as prováveis
interações. Os dados de produtividade de grãos foram submetidos à análise de regressão de
múltiplas variáveis, sendo a resposta da produtividade à aplicação de água e nitrogênio
representada pelo modelo Y= b0 + b1 L + b2 N + b11 L2 + b22 N2 + b12 LN + ξ, em que Y é a
produtividade de grãos (kg ha-1), b0, b1, b2, b11, b22 e b12 são os coeficientes de regressão, L é a
lâmina de água em mm, N é a dose de nitrogênio em kg ha-1 e ξ é o erro estatístico da
regressão (Oliveira Júnior et al., 2010).
As médias do número de grãos por espiga, do número de grãos por espigueta, do
número de grãos por m2 e da massa de mil grãos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade para o efeito das doses de nitrogênio. Dado que as lâminas de água não
foram aleatorizadas, existiu a impossibilidade de utilização do teste de médias para o efeito
delas. Dessa forma, foram ajustadas funções de resposta entre o número de espiguetas por
espiga, a massa do hectolítrico, a energia de deformação da massa, o número de queda e as
27
lâminas de irrigação por meio da análise de regressão simples, selecionando-se o modelo de
maior coeficiente de determinação e de melhor representatividade da relação de causa e efeito
esperada para cada variável dependente.
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período do experimento ocorreu precipitação total de 36 mm. Foi observada a
temperatura máxima de 30,9°C, a mínima de 6,3°C e a média de 19,2°C. A umidade relativa
média do ar correspondeu a 72,6%, conforme dados climatológicos extraídos da Estação
Agroclimatológica da Fazenda Água Limpa. As lâminas decorrentes das irrigações aplicadas
e das precipitações que ocorreram no período de realização do experimento totalizaram: 120,
264, 342 e 392 mm.
A análise de variância mostrou efeito significativo das lâminas de água e das doses de
nitrogênio sobre a produtividade, número de grãos por espiga, número de grãos por espigueta,
número de grãos por m2 e massa de mil grãos. O número de espiguetas por espiga, a massa do
hectolitro, a energia de deformação da massa e o número de queda foram influenciados
significativamente apenas pelas lâminas de água. Já para o teor de proteína bruta houve
influência significativa das lâminas de água, das doses de nitrogênio, bem como da interação
desses fatores (Tabela 2 e Anexo A). Apesar de o efeito significativo das lâminas de água ter
sido revelado pela análise de variância, é importante ressaltar que essa análise não é válida
para a fonte de variação em questão, uma vez que a aleatorização das lâminas de água foi
impossibilitada pela utilização do sistema de aspersão de linha única (line source sprinkler
system).
Tabela 2. Resumo da análise de variância para produtividade (PROD), número de grãos por
espiga (NGE), número de espiguetas por espiga (NEE), número de grãos por espigueta (NGe),
número de grãos por m2 (NG), massa de mil grãos (MMG), massa do hectolitro (MH), energia
de deformação da massa (W), número de queda (NQ) e teor de proteína bruta (PB). Cinco
doses de nitrogênio (N), quatro lâminas de água (L) e quatro blocos
Fonte de
Variação
Bloco
N
L1
NxL
PROD
NGE
NEE
NGe
NG
MMG
MH
W
NQ
PB
**
**
**
NS
NS
**
**
NS
NS
NS
**
NS
NS
**
**
NS
**
**
**
NS
NS
*
**
NS
NS
NS
**
NS
NS
NS
**
NS
NS
NS
**
NS
NS
**
**
**
1
Análise não válida para a fonte de variação em questão
NS = não significativo; * significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; ** significativo 1% de probabilidade pelo teste F
Utilizando-se a análise de regressão múltipla para verificar a influência das doses de
nitrogênio e das lâminas de água na produtividade de grãos, verificou-se que existe elevada
28
probabilidade de que as diferenças de produtividade sejam explicadas pelas diferenças nas
variáveis mencionadas (Tabela 3). Realizou-se a análise de regressão múltipla apenas para a
produtividade, uma vez que essa variável representa o comportamento das demais variáveis
(número de grãos por espiga, número de grãos por espigueta, número de grãos por m2 e massa
de mil grãos) quando se avalia a resposta delas à aplicação de diferentes lâminas de água e
doses de nitrogênio.
Tabela 3. Análise de variância da regressão múltipla
para a variável dependente produtividade em função
das variáveis: doses de nitrogênio e lâminas de água
Fonte de
Variação
GL
SQM
F
Probabilidade
Regressão
4
8744930,35
106,06
0,000 **
Resíduo
15
81914,94
Total
19
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F
Pela análise de regressão e considerando as variáveis independentes com significância
maior ou igual a 95%, foi possível estabelecer a equação abaixo cujo coeficiente de
determinação R2 foi igual a 0,97. Essa equação permite estimar a produtividade em função
das variáveis independentes lâmina de água e dose de nitrogênio nas condições experimentais
usadas e dentro dos intervalos avaliados. Outro motivo para apresentar a equação de regressão
somente para produtividade reside no fato dela ser a variável mais importante sob o ponto de
vista dos produtores.
Y= - 399,176 + 9,973 L + 7,853 N – 2,059 X 10-2 N2 + 1,275 X 10-2 LN (Equação 1)
em que:
Y= produtividade (kg ha-1)
N = dose de nitrogênio (kg ha-1)
L = lâmina de água (mm)
Considerando-se o efeito do nitrogênio em cada lâmina de água (Figura 3), pode-se
constatar que a produtividade apresentou resposta quadrática ao aumento das doses de
nitrogênio para todas as lâminas de água aplicadas (Tabela 4). Convém ressaltar que o
formato da Figura 3 deve-se ao fato de o modelo de regressão ter revelado a existência de
interação entre lâminas de água e doses de nitrogênio, com maximização possível somente
29
com relação à variável nitrogênio visto que a derivada segunda dessa equação é nula com
relação ao fator lâmina de água, razão pela qual os máximos com relação a esse fator não
foram verificados.
Figura 3. Representação gráfica para produtividade do trigo em
função de doses de nitrogênio em diferentes lâminas de água
As produtividades de trigo máximas ajustadas obtidas nas lâminas de água de 120,
264, 342 e 392 mm, com as doses de 228, 272, 297 e 312 kg N ha-1 foram 1867, 3762, 4823 e
5515 kg ha-1, respectivamente (Tabela 4). As médias de produtividade da região CentroOeste e do Brasil na safra de 2008/2009 foram iguais a 2449 e 2482 kg ha-1, respectivamente,
sendo superiores apenas à produtividade máxima estimada obtida na lâmina de 120 mm. Por
outro lado, a média de produtividade no Distrito Federal foi de 5246 kg ha-1 nessa mesma
safra, valor bem próximo, mas inferior ao máximo obtido na lâmina de 392 mm (CONAB,
2009).
Tabela 4. Equações de regressão da produtividade em função das
doses de nitrogênio nas diferentes lâminas de água, doses de
nitrogênio para as produtividades máximas ajustadas em cada lâmina
de água e produtividades máximas ajustadas obtidas em cada lâmina
de água
Lâmina de Água
(mm)
Equação de Regressão
Dose de N
Otimizada
(kg ha-1)
Produtividade
Máxima
Ajustada
120
Y= -0,0206 N2+ 9,383 N + 797,58
228
1867
2
264
Y= -0,0206 N + 11,219 N + 2233,7
272
3762
342
Y= -0,0206 N2+ 12,214 N + 3011,6
297
4823
312
5515
392
2
Y= -0,0206 N + 12,851 N + 3510,2
30
Vários trabalhos também possibilitaram verificar o efeito de doses de nitrogênio na
produtividade de grãos (Millner et al., 1994; Frizzone et al, 1996; Zagonel et al, 2002;
Trindade et al, 2006; Heinemann et al., 2006). Por outro lado, Silva (1991) não encontrou
efeito significativo do nitrogênio na produtividade de grãos, em virtude da contribuição do
nitrogênio residual da cultura da soja cultivada anteriormente na área.
Convém explicar que as equações apresentadas na Tabela 4 foram obtidas por meio da
substituição das lâminas de água nos termos da Equação 1 que envolviam esse fator. Dessa
forma, essas equações possuem o mesmo coeficiente de determinação da Equação 1.
Foram observadas produtividades inferiores a 1867 kg ha-1 para os tratamentos que
receberam 120 mm de lâmina de água (Tabela 5). A razão de se ter obtido menores
produtividades na condição de menor disponibilidade hídrica pode advir do fato de a absorção
de nitrogênio ocorrer principalmente por fluxo de massa, e esse processo é retardado nessa
condição.
Foram observadas produtividades crescentes quando se aumentou a lâmina de água
aplicada (Tabela 5). Reduções na produtividade de grãos são observadas quando a cultura é
submetida a altos teores de água no solo por períodos longos. Essa condição resulta em menor
troca gasosa, imposta pela redução da aeração, e tem como conseqüência a diminuição nos
níveis de oxigênio e na assimilação de nutrientes pelas raízes das plantas. Para que essa
situação fosse observada seria necessária a aplicação de lâmina maior do que 392 mm.
Tabela 5. Produtividades estimadas (E) e produtividades observadas (O) em kg ha-1 em
função das lâminas de água e das doses de nitrogênio (semeadura + cobertura)
Doses de Nitrogênio (kg ha-1)
Lâmina de água
(mm)
120
264
342
362
20
E
977
2450
3248
3759
50
O
1137
2818
2706
3652
E
1215
2743
3571
4101
100
O
1136
3076
3457
4066
E
1503
3150
4027
4589
200
O
1319
3404
3823
4847
E
1851
3654
4631
5257
400
O
1352
3890
4848
5209
E
1256
3427
4603
5356
O
1423
3499
4537
5201
As médias do número de grãos por espiga, do número de grãos por espigueta, do
número de grãos por m2 e da massa de mil grãos em função de diferentes doses de nitrogênio
estão apresentadas na Tabela 6. Analisando-se as médias do número de grãos por espiga foi
possível constatar que o maior valor do número de grãos por espiga foi 44,4, obtido com a
dose de 400 kg N ha-1. Esse valor, no entanto, não diferiu estatisticamente dos valores obtidos
com as doses de 200 e 100 kg N ha-1. O menor valor do número de grãos por espiga (37,5)
ocorreu com a dose de 20 kg N ha-1, não diferindo estatisticamente da dose de 50 e 100 kg N
31
ha-1. O incremento no número de grãos por espiga proporcionado pelo aumento das doses de
nitrogênio também foi observado por Cazetta et al. (2007) e Frederick & Camberato (1995).
Por outro lado, Freitas et al. (1995) não constataram resposta do aumento das doses de
nitrogênio sobre o número de grãos por espiga.
Tabela 6. Médias de número de grãos por espiga (NGE), número de grãos por espigueta
(NGe), número de grãos por m2 e massa de mil grãos em função das doses de nitrogênio
(semeadura + cobertura)
Variáveis
Número de grãos por espiga
Número de grãos por espigueta
Número de grãos por m2
Massa de mil grãos (g)
20
37,5 c
2,46 c
7846 b
35,87 a
Doses de Nitrogênio (kg ha-1)
50
100
200
400
39,9 bc 41,2 abc 43,5 ab
44,4 a
2,58 bc
2,64 ab 2,74 ab
2,79 a
8656 ab
9941 a
9983 a 10150 a
36,64 a
37,84 a 37,94 a 37,14 a
Equações de Regressão
y = -8E-05N2 + 0,0483N + 37,059
y = -3E-06N2 + 0,0022N + 2,4444
y = -0,0364N2 + 20,531N + 7703,5
y = -5E-05N2 + 0,0223N + 35,637
Em cada série de médias na horizontal, os valores seguidos pela mesma letra minúscula não diferem significativamente a 5%
de probabilidade pelo teste de Tukey
Com relação ao número de grãos por espigueta (Tabela 6), verificou-se que a dose de
400 kg N ha-1 propiciou o seu maior valor (2,79), não diferindo estatisticamente dos valores
obtidos com as doses de 200 e 100 kg N ha-1. O menor valor do número de grãos por
espigueta (2,46) ocorreu com a dose de 20 kg N ha-1, e esse não diferiu estatisticamente do
valor obtido com 50 kg N ha-1. A ausência de resposta dessa variável às doses crescentes de
nitrogênio são frequentemente encontradas na literatura. Freitas et al. (1995) e Teixeira Filho
et al. (2007) que não constataram efeito significativo das doses de nitrogênio sobre o número
de grãos por espigueta.
Avaliando-se as médias do número de grãos por m2 (Tabela 6), foi possível observar
que o maior número de grãos por m2 (10150) ocorreu com a dose de 400 kg N ha-1 e não
diferiu estatisticamente dos valores obtidos com as doses de 200, 100 e 50 kg N ha-1. A dose
de 20 kg N ha-1 propiciou o menor número de grãos por m2 (7846), e esse não diferiu do
número de grãos por m2 obtido com a dose de 50 kg N ha-1.
Analisando-se as médias da massa de mil grãos (Tabela 6), verificou-se que não houve
diferença estatística entre as médias para os tratamentos avaliados, demonstrando pouca
sensibilidade da variável às diferentes doses de nitrogênio. Os valores obtidos concordaram
com Zagonel et al. (2002) e indicam que a variação no rendimento de grãos, em função das
diferentes doses de nitrogênio, não foi devida à variação do peso dos grãos. No entanto, as
respostas da massa de mil grãos à adubação nitrogenada são muito variáveis na literatura.
Frizzone et al. (1996) verificaram que o suprimento de nitrogênio pouco contribuiu para o
32
aumento da massa de mil grãos. Por sua vez, Grundy et al. (1996) obtiveram aumento desse
componente com a utilização de doses mais elevadas de nitrogênio.
Comparando-se as médias do teor de proteína bruta pelo teste de Tukey a 5 % de
probabilidade (Tabela 7), verificou-se que, para todas as lâminas de água, os maiores teores
de proteína bruta ocorreram com a dose de 400 kg N ha-1, sendo esse comportamento
explicado pelo fato do nitrogênio ser elemento fundamental na constituição das proteínas. Nas
lâminas de 392, 342 e 264 mm, os teores de proteína bruta obtidos com a dose de 400 kg N
ha-1 não diferiram estatisticamente dos teores obtidos com a dose de 200 kg N ha-1. Na lâmina
de 120 mm, o teor de proteína bruta obtido com a dose de 400 kg N ha-1 não diferiu
estatisticamente dos obtidos com as doses de 200, 100 e 50 kg N ha-1.
Tabela 7. Médias do teor de proteína bruta (%) em função das lâminas de água (mm) e das
doses de nitrogênio (kg ha-1)
Lâmina de água (mm)
120
264
342
392
20
14,8 Ba
13,4 Cb
13,1 Cb
14,1 Cab
Doses de Nitrogênio (kg ha-1)
50
100
200
15,4 Aba
16,1 ABa
16,2 ABb
14,0 Cb
16,0 Bab
17,6 Aa
13,6 BCb
14,8 Bb
16,3 Aab
14,8 Cab
15,5 BCab
16,8 ABab
400
16,6 Ab
19,0 Aa
16,5 Ab
17,0 Ab
DMS para Lâmina de água dentro de cada dose de nitrogênio = 1,33
DMS para Dose de nitrogênio dentro de cada lâmina de água = 1,42
CV (%) = 4,57
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na horizontal e minúscula na vertical não diferem significativamente a 5% de
probabilidade pelo teste de Tukey
Para as doses de 200 e 400 kg N ha-1, os maiores teores de proteína bruta ocorreram
com a lâmina de 264 mm. Para a dose de 200 kg N ha-1, o maior teor de proteína bruta não
diferiu estatisticamente dos teores obtidos com as lâminas de 342 e 392 mm. Nessa dose de
nitrogênio, em todas as lâminas de água, os teores de proteína bruta não diferiram daqueles
obtidos com a dose de 400 kg N ha-1.
A função de resposta entre o número de espiguetas por espiga e as lâminas de água
aplicadas está apresentada na Figura 4A. Dentro do intervalo avaliado, o ajuste obtido pela
análise de regressão mostrou que o número de espiguetas por espiga apresentou resposta
quadrática ao aumento da lâmina de água. A maior lâmina de água aplicada não correspondeu
a uma lâmina acima da ideal para a cultura do trigo, sendo assim, no tratamento que envolveu
a maior lâmina de água, o número de espiguetas por espiga ainda foi superior (Figura 4A).
Dessa forma, o comportamento da curva não apresentou modificação significativa até o limite
superior da lâmina de água do intervalo avaliado.
33
A
B
C
D
Figura 4. Representação gráfica e equações de
regressão do número de espiguetas por espiga (A), da
massa do hectolitro (B), do número de queda (C) e da
energia de deformação da massa (D) em função de
lâminas de água
A partir do ajuste obtido pela análise de regressão, pode-se constatar que houve
comportamento linear crescente para a massa do hectolitro em função do aumento da lâmina
34
de água, com elevado coeficiente de determinação (Figura 4B). Esse comportamento pode ser
explicado pelo fato de o fornecimento de água favorecer o enchimento de grãos, aumentando
assim sua massa. Scalco et al. (2002) também observaram tendência de aumento da massa do
hectolitro com o aumento da lâmina de água.
A massa do hectolitro é um índice referente ao rendimento dos grãos em farinha ou
sêmola, sendo assim, espera-se que amostras com elevada massa do hectolitro apresentem
maiores rendimentos. Nos tratamentos que receberam lâminas de água menores do que 365
mm, os valores da massa do hectolitro situaram-se abaixo de 78 kg hl-1, valor mínimo exigido
para a classificação do trigo como tipo 1 (BRASIL, 2001). A venda da produção com valor
inferior a essa massa tem como consequência a sua desvalorização.
Pela análise de regressão, ficou evidenciado decréscimo nos valores do número de
queda com o aumento das lâminas de água (Figura 4C), sendo possível inferir que em
menores lâminas de água ocorre menor atividade da enzima α-amilase. A farinha pode ser
considerada ideal para a panificação quando o valor de número de queda encontra-se no
intervalo de 250 a 350 segundos. Nesse trabalho, valores situados dentro desse intervalo
foram obtidos quando foram aplicadas lâminas de água menores do que 340 mm.
É importante ressaltar que produtividades maiores poderiam ser alcançadas com a
aplicação de lâminas maiores do que 392 mm. No entanto, aplicações de lâminas de água
maiores afetariam negativamente o número de queda. Esse comportamento indica a
necessidade do estabelecimento de lâminas que atendam tanto ao critério de produtividade
quanto ao de qualidade.
Observou-se elevados coeficientes de determinação para todas as variáveis
apresentadas na Figura 4, exceto para a energia de deformação da massa (Figura 4D). Isso
demonstrou a discreta resposta dessa variável à variável independente lâmina de água. Esse
resultado discorda do encontrado por Scalco et al. (2002), os quais, estudando quatro lâminas
de irrigação e quatro doses de nitrogênio, constataram que os valores da energia de
deformação da massas reduziram-se à medida que aumentou-se a lâmina de irrigação nos
tratamentos que receberam 120 e 180 kg ha-1 de sulfato de amônio.
4- CONCLUSÕES
1. Variações na produtividade de grãos ocorreram em função das doses de nitrogênio
com diferentes pontos de ótimo conforme a lâmina de água aplicada.
35
2. O modelo de regressão proposto para a produtividade funcionou satisfatoriamente na
simulação dessa variável, principalmente para os maiores níveis de insumos aplicados.
3. Foi observada interação significativa entre os fatores lâmina de água e dose de
nitrogênio para o teor de proteína bruta, enquanto que a análise de regressão mostrou
também significância na mesma interação para a produtividade.
4. O comportamento da massa do hectolitro e do número de queda com relação à lâmina
de água aplicada indica a necessidade de um controle rígido da irrigação para essa
cultivar de trigo.
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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38
ANEXOS
39
ANEXO A - Análises de variância, significâncias e coeficientes de variação
Tabela 1. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes à produtividade
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
3
4
12
3
4782639.047
16988372.061
1717692.991
122236097.201
1594213.016
4247093.015
143141.083
40745365.734
11.1374
29.6707
0.0009**
0.0000**
157.3152
0.0000
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 15.56
12
45
5609126.638
11655205.396
467427.220
259004.564
1.8047
0.0764
nv
ns
Tabela 2. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes ao número de grãos
por espiga (NGE)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
3
4
12
3
99.407
492.609
231.717
2589.819
33.136
123.152
19.310
863.273
1.7160
6.3777
0.2167
0.0054**
48.7755
0.0000
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 10.19
12
45
228.235
796.451
19.020
17.699
1.0746
0.4031
ns
nv
ns
Tabela 3. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes ao número de
espiguetas por espiga (NEE)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
3
2.494
0.8831
2.0679
0.1581
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
4
12
3
4.857
4.825
11.617
1.214
0.402
37.206
3.0199
0.0614
82.9124
0.0000
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 4.32
12
45
5.762
20.193
0.480
0.449
1.0700
0.4067
ns
ns
nv
ns
Tabela 4. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes ao número de grãos
por espigueta (NGe)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 7.61
3
4
12
3
12
45
0.303
1.092
0.576
2.733
0.381
1.631
0.101
0.273
0.048
0.911
0.032
0.036
2.0998
5.6837
0.1537
0.0084**
25.1264
0.8764
0.0000
ns
nv
40
Tabela 5. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes ao número de grãos
por m2 (NG)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
3
4
12
3
78050832.200
66044174.500
35233738.300
779309647.000
26016944.067
16511043.625
2936144.858
259769882.333
8.8609
5.6234
0.0023**
0.0087**
89.3913
0.0000
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 18.31
12
45
35392333.500
130769373.500
2949361.125
2905986.078
1.0149
0.4518
nv
ns
Tabela 6. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes à massa de mil grãos
(MMG)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
3
15.141
5.047
1.3815
0.2957
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 6.30
4
12
3
12
45
47.787
43.839
830.935
49.450
246.002
11.947
3.653
276.978
4.121
5.467
3.2701
0.0495
50.6664
0.7538
0.0000
ns
*
nv
Tabela 7. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes à massa do hectolitro
(PH)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
3
4
12
3
4.167
9.359
10.260
92.276
1.389
2.340
0.855
30.759
1.6244
2.7365
0.2357
0.0790 ns
31.2199
0.0000
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 1.29
12
45
12.805
44.335
1.067
0.985
1.0831
0.3965
ns
nv
ns
Tabela 8. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes à energia de
deformação da massa (W)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
3
10478.550
3492.850
1.0867
0.3920
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
4
12
3
35433.925
38570.075
68866.050
8858.481
3214.173
22955.350
2.7561
0.0776
7.7240
0.003
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 13.08
12
45
62486.575
133738.375
5207.215
2971.964
1.7521
0.0870
ns
ns
nv
ns
41
Tabela 9. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes ao número de queda
(NQ)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
3
4
12
3
20828.150
9787.450
29807.350
58562.450
6942.717
2446.863
2483.946
19520.817
2.7950
0.9851
0.0857
5.3549
0.0031
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 22.85
12
45
84847.550
164045.000
7070.629
3645.444
1.9396
0.0546
ns
nv
ns
Tabela 10. Análise de variância, significância e coeficiente de variação referentes ao teor de proteína
bruta (PB)
Fonte de Variação
GL
SQ
SQM
F
Probabilidade
Bloco
Doses de Nitrogênio (N)
Erro
Lâmina de água (L)
NxL
Erro
Coeficiente de variação (%) = 4.34
3
4
12
3
12
45
1.993
129.684
8.375
14.697
32.157
20.624
0.664
32.421
0.698
4.899
2.680
0.458
0.9517
46.4535
0.0000**
10.6894
5.8469
0.0000
0.0000**
nv
42
ANEXO B – FOTOS DO EXPERIMENTO
Figura 1. Área experimental com a cultura do trigo no estádio inicial de
desenvolvimento
Figura 2. Unidades experimentais com a cultura do trigo, mostrando o
efeito dos diferentes tratamento
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Figura 3. Área experimental com a cultura do trigo em estádio de maturação
Figura 4. Colheita manual em cada unidade experimental
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produtividade e qualidade de grãos de trigo influenciados