Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras
Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo
Edição Especial
Intercom Sudeste 2008
7
7
“Assalto” interrompe
apresentação
sobre Meio
Ambiente
Mackenzie mostra
pioneirismo em
Second Life e TV
Digital
10
Professor
Zeca Marques
faz balanço do
Intercom
3
Abertura de
evento recebe
provedor da
televisão
portuguesa
RTP
11
Leia crônica
vencedora do
EXPOCOM escrita por aluno
do Mackenzie
Editorial
Os congressos regionais tiveram início em
1988 e desde então a Intercom vem promovendo
encontros de pesquisadores nas diversas regiões
brasileiras. No começo, eram chamados de
Simpósios Regionais, também conhecidos como
SIPEC. A denominação foi alterada no ano de 2006,
“passando a influir decisivamente na formulação de
modelos de análise da Comunicação que a Intercom
julga consentâneos com a sociedade e a cultura
brasileiras”, como informa o próprio site do evento.
O
tema
central
abordado esse ano foi “Mídia,
Ecologia e Sociedade”, retomando e atualizando o tema do
encontro de 1992, que foi
“Comunicação e Meio Ambiente”.
O que é válido se for pensar
que o aquecimento global e
problemas ecológicos são pautas
recorrentes no momento. Vale a
pena lembrar também que em
1992 ocorreu a Eco-92, no Rio
de Janeiro. Também pudemos
encontrar os mais variados
trabalhos, com temas que iam
das teorias da comunicação
até o goleiro do São Paulo,
Rogério Ceni.
No próximo ano a
etapa sudeste do Intercom
será realizada no Rio de
Janeiro, com data e local ainda não definidos. O
tema central será “Comunicação, Educação e Cultura
na Era Digital”, e a sede do congresso nacional será
Curitiba.
Em nome da equipe do Acontece, esperamos
que o leitor possa apreciar a cobertura e que ela traga
as explicações necessárias para entender o que rolou
nos quatros dias desse importante evento sobre
comunicação.
Como estudantes de jornalismo, apesar das
dificudades, acreditamos que cumprimos nosso
objetivo de retratar os fatos da forma mais verdadeira
possível.
Os Editores
Diagramação: Guilherme Meireles e
Luis Fernando Saninana
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Centro de Comunicação e Letras
Editores de imagem: Luiz Felipe
Fernandes, Caio Saviolo e Letícia Afonso
Diretora: Esmeralda Rizzo
Foto de Capa: Peterson Munhoz
Coordenador: Vanderlei Dias de Souza
Projeto Gráfico: Renato Santana
Acontece
Editores: Diego Benine e Peterson
Munhoz
Repórteres
Ana Pereira, Bruna de Araújo, Cecília
Leite, Daniel Falzoni, Davi Correa, Derick
Almeida, Diego Benine, Fernando Oliveira,
Flávio Junqueira, Gabriela Araújo, Gabriel-
Acontece • Página 2
Foto: Marcos Garcia
C
omo é de praxe, a equipe do Acontece
sempre está cobrindo os mais importantes
eventos de comunicação realizados em nossa
universidade. Ano passado estivemos presentes no
II Encontro de Comunicação e Letras, e agora você
irá encontrar a cobertura feita por nossos repórteres
dos principais acontecimentos da Intercom Sudeste,
evento sediado pelo Centro de Comunicação e Letras
(CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie entre
os dias 7 e 10 de maio desse ano. As matérias que
compõe esse jornal buscam levar
ao leitor um pouco das principais
discussões que aconteceram nos
dias do congresso.
O Intercom Sudeste é uma
das etapas do Congresso Nacional,
que reunirá os vencedores de
todas as etapas regionais e
acontecerá em setembro na
cidade de Natal, no Rio Grande
do Norte. É a primeira vez que o
CCL recepciona um evento desse
porte, e um dos seus principais
organizadores, o professor José
Carlos Marques, faz um balanço
especial exclusivamente para
o Acontece. Nossa equipe de
repórteres também acompanhou
as apresentações de trabalhos e
mesas redondas que preencheram
o calendário do evento.
Algo que chamou a atenção de nossos jovens
jornalistas foi a escassa platéia que compareceu às
apresentações dos trabalhos, algo que, em nossa
opinião, é preocupante, pois os alunos deveriam estar
interessados em acompanhar os projetos dos colegas
de profissão. O próprio Mackenzie oferece o chamado
“Programa Institucional de Iniciação Científica”, mais
conhecido como PIBIC. Nele o aluno pode elaborar
seu projeto de pesquisa e concorrer a uma bolsa para
desenvolvê-la. Mas não precisamos ir muito longe para
perceber a importância de um trabalho científico, pois
todos os alunos, para obter o diploma de Jornalismo,
Publicidade e Propaganda ou Letras, precisam fazer
um Trabalho de Graduação Interdisciplinar, o famoso
TGI, que é uma pesquisa acadêmica.
le Amorim, Juliana Maia, Maísa Tomaz,
Marcela Mannocci, Marília Medrado,
Marina Galeano, Mayara Monteiro, Paulo
Geroldo e Renan Lamarck
Jornal Laboratório dos alunos do segundo
semestre do curso de Jornalismo do Centro
de Comunicação e Letras da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo
professor Lucas Pires, jornalista, MTB n°
31.990.
Impressão: Gráfica Mackenzie
Tiragem: 300 exemplares
CCL recebe Intercom Sudeste
Evento realizado no Mackenzie em maio é o congresso regional do Intercom e etapa
importante no cenário da comunicação nacional
Foto: Daniel Falzoni
Davi Correa e
Daniel Falzoni
N
o último dia 7 de maio foi
realizada a abertura do XIII
Congresso de Ciências da
Comunicação da região Sudeste,
o Intercom Sudeste, no teatro
Ruy Barbosa da Universidade
Presbiteriana
Mackenzie.
O
encontro é uma iniciativa da
Intercom (Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação), em parceria com
o Centro de Comunicação e Letras
(CCL) da Universidade Mackenzie.
Realizado entre 7 e 10 de maio, o
evento priorizou os temas mídia,
ecologia e sociedade.
No evento de abertura
estiveram presentes cercas de
100 pessoas, entre professores e
participantes. O Reitor Manassés
Claudino
Fonteles
esteve
representado pela professora
Sandra Stump, Decano de Pesquisa
e Pós-graduação do Mackenzie,
que leu para a ocasião um texto
escrito pelo reitor.
Após a apresentação de
todos que compuseram a mesa,
houve a execução do hino nacional
de Portugal e, em seguida, do
hino nacional brasileiro. O hino
lusitano se deveu à presença do
Provedor (ombudsman) da Rádio
e Televisão de Portugal (RTP),
Professor Doutor José Manuel
Paquete de Oliveira, que fez uma
conferência de 50 minutos acerca
do tema central do evento.
Além
da
conferência
do professor Paquete, houve a
entrega dos prêmios do Intercom
Nacional 2007. Alguns vencedores
não compareceram, uma vez que
não fazem parte da região Sudeste.
Os prêmios foram entregues para
os 1º, 2º e 3º lugares que estavam
na solenidade.
O coordenador e professor
do curso de Jornalismo do
Mackenzie, Vanderlei Dias de
Souza, deixou claro que o desejo
do CCL é realizar eventos em
nível nacional, mas não para
já. Ele acredita que a unidade
Professor Paquete, da RTP, fez conferência na abertura do evento
pôde aprender muito com esse
congresso e que em um futuro
próximo o CCL estará recebendo
eventos de abrangência nacional. “A organização do Intercom
Sudeste foi um aprendizado
muito construtivo ao Centro de
Comunicação e Letras, mas eu
esperaria mais uns anos para tornar
o evento maior. Sediar um evento
de comunicação de âmbito nacional
no CCL está fora dos nossos planos
no momento”, salientou. Vanderlei
ainda falou da dificuldade de
conseguir que o evento fosse
realizado no Mackenzie. “Isso dá
muito trabalho. O mérito disso aqui
tudo é do professor José Carlos
Marques. Ele conseguiu organizar
tudo”, finalizou, dando créditos ao
colega de curso.
De Rogério Ceni a filósofos
Palestras chamam a atenção por seu modo dinâmico e
descontraído de serem apresentados, passando pelo goleiro do
São Paulo Ceni até o pensador Adorno
juliana maia e
stefanie duarte
A
primeira
palestra
da
quinta-feira do INOVCOM
foi apresentada pela pósdoutoranda da FABESP Marlene
Fortuna,
também
escritora,
professora e atriz. Ela apresentou
seu trabalho sobre arte, televisão
e livros na sociedade da cultura
audiovisual e seus aspectos críticos.
Em entrevista, ela afirmou: “Aquela
essencialidade, aquela fecundidade
que tínhamos, de pegar um livro,
Acontece • Página 3
sentar e ler foi perdida”.
Em seguida, foi a vez da
pós-graduanda pela Cásper Líbero
Mônica Zebral, e o picadeiro
simbólico do Jornal da Globo
mostrar os “bastidores” do
telejornal. Após entrevista com o
âncora do jornal, William Waack,
Mônica mostrou a linguagem
do programa e como o famoso e
intelecto telejornal nos manipula
sem ao menos percebermos.
Primeiro professor de
Radiojornalismo do Mackenzie e
atual professor da USP, Luciano
Victor Barros Maluly começou sua
palestra colocando em questão
a falta de repórteres pelas ruas,
vício crescente com o advento da
Internet, e levantou a pergunta
aos presentes: “Por que os
repórteres, ao invés de estarem lá
cobrindo o caso Isabella, não estão
aqui, cobrindo o maior evento de
Jornalismo?”.
Maluly também comentou
a falta de espaço que as pessoas
têm perante o rádio, que não
podem sequer manifestar suas
opiniões.
Alexandre
Huady, professor de Fotografia do CCL, e
Pedro Rizzo, aluno de Jornalismo
do Mackenzie, foram os oradores
da vez para falar sobre a
representação do herói tricolor,
Rogério Ceni. Em quinze minutos
repletos de fotos do goleiro, os
palestrantes deram uma aula
sobre fotojornalismo esportivo
ressaltando as qualidades do atleta.
Frederico
Belcavello,
da
Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF), falou sobre a TV
comunitária em Juiz de Fora e sobre
a Seara Espírita, um programa
exibido na cidade em que as pessoas
não têm muito espaço.
Também formada pela
UFJF, Lívia Bergo trouxe à tona
um assunto muito discutido
ultimamente, a TV digital.
Colocan- do em questão os prós e
os contras, reforçou que jamais a
TV analógica será substituída pela
digital.
Raquel
Marques,
da
Universidade de Nova Lisboa,
apresentou seu trabalho em
minutos repletos de citações de
filósofos da escola Frankfurtiana,
respondendo perguntas do público
e contando como é seu estudo fora
do país sobre o ibope.
Novas tecnologias a favor dos comunicadores
Videoreportagens, blogs e jogos digitais foram debatidos em GT sobre Cibercultura
N
o dia 8 de maio, segundo
dia do evento, doutores,
mestres e mestrandos
apresentaram projetos científicos
cujo tema central foi “Cibercultura
e Tecnologias da Comunicação”,
que contou com a mediação do
professor Edson Capoano. Os
trabalhos foram apresentados no
prédio do Centro de Comunicação
e Letras, das 14h às 18h, e contou
com a presença de 20 pessoas,
entre visitantes e alunos. As
discussões se mantiveram em
torno de três assuntos centrais:
TV Digital, novas formas de mídia
e a Internet como acúmulo de
impressões pessoais.
Alguns
pesquisadores
relacionaram as novas tecnologias
com a prática do jornalismo,
a interatividade e o receptor
ativo, como no estudo sobre
vídeoreportagens, dos professores
Patrícia Thomaz e Francisco
Machado Filho, que retrataram
a convergências digital e o que
esperar da audiência que irá
escolher notícias e decidir o que
lhe interessa por meio da Internet.
“Quando a gente vê aquele
jovem que já é o produtor do seu
conteúdo, que ele já não aceita
mais aquele jornal pronto. O que
ele quer? Ele quer pesquisar na
internet, quer baixar suas músicas
preferidas, ele só quer assistir às
matérias que interessam
a ele. Esse jovem
representa essa mudança
de audiência. E o que
nós,
comunicadores,
produtores de conteúdo,
podemos oferecer diante
dessa nova realidade?”,
questionou Patrícia.
O
mestrando
Carlos Eduardo Silva
falou sobre jogos digitais
e sua importância como
meio educativo, dinâmico Os estudos de Malini foram destaque do GT
e cultural. “Opiniões
muito freqüentes sobre os jogos é começaram a ter um antagonismo
de que incentivam a violência ou com o jornalismo. “Foi a partir
que não são coisa séria. Mas por que desse período que surgiu o conflito
não usar o fascínio que ele produz com o jornalismo, pois o blogueiro
para resgatar uma possibilidade começa a denunciar esse espaço
de participação que não existe, do jornalismo incondicional como
hoje, fora do mundo digital, como de homogeneização, de redução
no engajamento político, por do contraditório e espaço crítico,
exemplo?”, propôs Carlos, que algo que inversamente estaria
acredita no jogo como forma de presente em muitos blogs, embora
ensinar o jovem a tomar decisões e os blogs estejam pautados por esse
de ajudá-lo a compreender melhor jornalismo”, explica Fábio.
Durante toda a tarde foram
o funcionamento da sociedade e
não apenas como incentivador expostos 9 trabalhos científicos.
de violência e agressividade, Entre os temas abordados, estavam
como muitos estudos tentam “A Identidade Criada Pelo Uso dos
Celulares”, “O Questionamento
comprovar.
Outro destaque foi a Sobre a Interatividade da TV
pesquisa
sobre
genealogia Digital, Valorização da Web 2.0”
da blogosfera do professor e “O Impacto da Comunicação em
Fábio Malini, que, por meio do rede nas relações de trabalho”.
estudo dos blogs, demonstrou a Após cada apresentação foram
importância desse formato como feitas discussões e tiradas algumas
meio de informação e interação dúvidas, e todos os pesquisadores
dos receptores, pois a partir receberam um certificado de
de 2001 os blogs evoluíram e participação.
Foto: Maísa Tomaz
Maísa Tomaz e
Gabriela Araújo
Acontece • Página 4
Urbanização e responsabilidade
A reorganização da cidade marca presença no GT de mediação
Fernando Oliveira e
Flávio Junqueira
R
eorganização. Essa foi
a
palavra-chave
que
uniu todas as palestras
da sessão de apresentação do
GT “Mediações e interfaces
comunicacionais” na quintafeira 8 de maio. Katarini Miguel,
aluna do Programa de Mestrado
em Comunicação Midiática da
Unesp/Bauru, apresentou em sua
pesquisa “Os procedimentos do
discurso jornalístico na cobertura
das notícias ambientais” as formas
de abordagem do jornal O Estado
de S. Paulo em relação à questão
ambiental, assunto cada vez mais
presente na mídia. Nela, Miguel
revela as diferentes abordagens
em relação ao meio ambiente e o
apelo usado pela mídia para atrair
os leitores.
Em
seguida,
Heloísa
Cruz, mestranda pela UERJ
(Universidade do Estado do Rio de
Janeiro), usando como objeto de
estudo a favela Parque Candelária
no Complexo da Mangueira, expôs
suas idéias sobre a Sociabilidade
Comunitária,
frisando
a
consolidação e integração da
favela com a cidade do Rio de
Janeiro. Segundo a pesquisadora, a
proximidade e a dinâmica entre as
casas e a favela são cada vez maiores,
já que esta já faz parte da paisagem
da “Cidade Maravilhosa”. Seguindo
a mesma linha de raciocínio,
Aline Novaes, formada em Letras
também pela UERJ e mestranda na
PUC-RJ, apontou como o cinema
provoca outros sentidos em locais
já banalizados pelos indivíduos.
Ela explicou também como a visão
de um estrangeiro se diferencia
da visão daqueles que já estão
habituados com o cenário ao seu
redor, captando perspectivas que
passam despercebidas dentro da
rotina dos nativos. Com isso, ela
propõe uma ‘visão estrangeira’ às
situações e locais corriqueiros a
partir do olhar cinematográfico.
Mônica C. P. Sousa, outra da
UERJ, falou sobre os refúgios que
são formados nas grandes cidades,
tomando como exemplos o bairro
da Barra da Tijuca, que se afirma
como um bairro fora da realidade
do Rio de Janeiro, condomínios
fechados e outros bairros nobres
que fogem da característica real da
cidade.
Ainda relacionado ao estado
do Rio de Janeiro, Vânia Oliveira
Fortuna (UERJ) apresentou os
resultados de sua pesquisa acerca
da violência urbana feita pelo jornal
O Globo, durante os Jogos PanAmericanos. Em sua apresentação,
ainda coube uma reflexão sobre
a herança deixada pelos jogos,
como o grande investimento em
segurança, que até o momento não
surtiu efeito na cidade.
Formada
na
PUC-RJ,
Rosane Feijão apresentou sua
pesquisa sobre a versatilidade,
velocidade
e
visibilidade
proporcionadas pela evolução
da moda e da cidade do Rio de
Janeiro a partir da reforma Pereira
Passos, que mudou a estrutura
da cidade em 1905. Rosane
mesclou moda e urbanismo na
Belle Époque carioca, frisando a
influência da modernidade sobre o
comportamento das pessoas.
Após o término de todas as
apresentações, um espaço para a
discussão dos assuntos propostos
foi aberto aos que estavam
presentes,
conseqüentemente
propiciando uma troca de idéias e
opiniões a respeito dos trabalhos.
Muito foi dito sobre
responsabilidade e reorganização
do espaço social, tendo em vista uma
compreensão acerca de assuntos
tão importantes e influentes no
mundo atual.
Renovando conhecimentos
No INOVCOM, professores, profissionais graduados e alunos da pós-graduação apresentaram
projetos experimentais de pesquisa. Quem participou pôde entrar em contato com os mais
novos olhares da comunicação no Brasil
marina galeano e
renan lamarck
O
INOVCOM
reuniu
professores, profissionais
graduados e estudantes de
pós-graduação, que apresentaram
seus projetos de pesquisas em
diversos
Grupos
Temáticos
(GTs). No dia 8 de maio, na sala
51 do prédio da Piauí, o tema
foi “Comunicação Audiovisual
- Cinema, Rádio e Televisão”. O
GT contou com a exposição de
sete trabalhos e teve participação
intensa dos cerca de 50 espectadores
que, ao final de cada projeto,
perguntavam, comentavam e
faziam sugestões aos palestrantes.
Essa interação enriqueceu a troca
de conhecimentos e o debate na
sessão, fazendo jus ao nome do
evento.
Em “Do texto ao audiovisual
- um processo de tradução e
Acontece • Página 5
transcriação”, as professoras
Maria Cristina Brandão de Faria
e Danubia de Andrade Fernandes,
da Universidade Federal de Juiz de
Fora, analisaram uma adaptação
para o teleteatro da peça O Vestido
de Noiva, de Nelson Rodrigues,
com objetivo de discutir a
transposição de mídias.
“A mensagem e a cultura
de massa: jingle, a voz que vende”,
o segundo trabalho apresentado,
do professor Marcos Júlio
acadêmica,
é
importante estar
em contato com os
professores. Em
segundo lugar, é
um bom exercício
para a fala e
para a escrita
e, em terceiro,
é o momento
da
troca
de
conhecimentos.
Você tem contato
com o que há de
mais novo na
André Nóbrega: professor da casa marcou
área”.
presença no INOVCOM com “A Fada Ignorante”
Os alunos
do Mackenzie podem considerar- bem organizado, os encontros
se privilegiados. Além da chance aconteceram no horário, as
de adquirir tanto conteúdo “sem apresentações tiveram bastante
sair de casa”, o fato de sediar um conteúdo, as pessoas participaram
evento tão grande e relevante bastante e a infra-estrutura
quanto o Intercom trouxe ainda disponibilizada foi ótima. O
mais visibilidade e credibilidade Mackenzie está de parabéns”,
à Universidade no âmbito da afirmou Roberta Giannini ao
comunicação. “O evento foi Acontece.
Foto: Marina Galeano
Sergl, da Unisa e Unesp, tratou
da importância dos jingles na
publicidade.
Na
seqüência,
Maria
Elisa Albuquerque, professora
do Mackenzie, expôs a pesquisa
“Reality Show e a publicidade”.
Suas idéias sugeriram que esse tipo
de programa se tornou um novo
lugar do merchandising no Brasil,
o cenário ideal para a divulgação
de marcas e produtos.
Julia Stateri, mestranda
em
Comunicação
pelo
Mackenzie, apresentou parte de
sua dissertação de mestrado –
“Cinema e videogame: diferenças
e
possibilidades”
–
sobre
semelhanças e diferenças entre
duas mídias distintas que se
cruzam com certa freqüência.
O quinto projeto exposto
foi o de Roberta Giannini, da
Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, intitulado Uma
análise das representações da
cidade do Rio de Janeiro a partir
do filme O Primeiro Dia. Em
seu artigo, a autora estabeleceu
um paralelismo entre o filme e a
realidade; entre os personagens
da ficção e os personagens da vida
real.
Ananda
Carvalho,
da
Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, e Ricardo Matsuzawa, da
Universidade Anhembi Morumbi,
apresentaram “Experimentações
sobre o cinema e o vídeo em Notas
Sobre Roupas e Cidades”, que
refletiu algumas características do
trabalho do cineasta alemão Wim
Wenders.
No sétimo e último
projeto, intitulado “A Fada
Ignorante”,
André
Nóbrega,
professor do Mackenzie, realizou
uma interessante leitura da obra
do diretor David Lynch a partir da
análise do filme Twin Peaks - Os
Últimos Dias de Laura Palmer.
Nos quatro dias do evento,
alunos e participantes em geral,
tiveram excelente oportunidade
de entrar em contato com os mais
recentes estudos em comunicação,
além de trocar conhecimento
com renomados pesquisadores. A
carioca Roberta Giannini, autora do
quinto trabalho exposto, destacou
três razões para a participação em
congressos do porte do Intercom.
“Primeiramente,
para
quem
tem interesse em seguir carreira
Sorria, isso é um assalto!
O Grupo Assalto quebrou a formalidade do encontro invadindo
mesa redonda com susto, poesias e críticas bem-humoradas
Ana CAROLINA Pereira
e Cecília Leite
A
apresentação do professor
Mohammed Elhajii, no dia
9 de maio, que abordava o
meio ambiente e a comunicação
científica, foi interrompida por um
grito que puxava a canção “Ah! Ah!
Ah! Hoje é meu dia!”.
Milton
Petrella,
39
anos, graduado e Mestre em
Comunicação Social pela USP,
e Ana Paula Lobo, 27, sua
esposa, invadiram cantando bem
alto o auditório do Centro de
Comunicação e Letras (CCL) da
UPM. Com a cara pintada de pasta
d’água, a dupla assustou a platéia
concentrada por alguns segundos
e depois explicou que ambos eram
do Grupo Assalto e que estavam ali
para colocar todos em contato com
um mundo de poesia e crítica bemhumorada ao país e aos costumes.
Milton é o responsável
pelas criativas poesias declamadas
Acontece • Página 6
ao longo das curtas apresentações.
Afirma que a cada apresentação
surge inspiração para novos
textos.
O Grupo Assalto, após
surpreender
também
alguns
docentes na sala dos professores
com suas divertidas apresentações,
foi “perseguido” pelos seguranças,
avisados que alguma coisa estranha
estava acontecendo pelos andares
do prédio da Piauí. A dupla entrou
no prédio do CCL fingindo que
iriam participar do evento e pegou
a todos de surpresa.
Apesar da boa reação dos
alunos, nem todos gostaram da
idéia de ter a palestra interrompida
pelo grupo. Na opinião do
palestrante Mohammed ElHajii,
doutor em comunicação, apesar
da situação fazer parte do mundo
universitário, aquele não foi
o momento mais oportuno e
Foto: Cecília Leite
coerente para o “assalto”. “Se
tivesse que autorizar ou não,
provavelmente não autorizaria.
Mas, diante do fato, acho que
faz parte de nossa experiência e
capacidade de lidar com o diferente,
o improvável, o imponderável”,
afirmou Mohammed.
Não é a primeira vez que
o grupo “assalta” a Universidade.
Da última vez que apareceram,
duas semanas antes do Intercom,
invadiram as aulas de Direito com
o consentimento da faculdade.
Criador e incentivador
do grupo que existe há 15 anos,
Milton Petrella conta que a idéia
surgiu quando ele iniciou uma
campanha para se eleger reitor da
Universidade de São Paulo (USP),
onde estudava Publicidade e
Propaganda. Criou o personagem
Comíssil, que se vestia como
presidiário, e assim fez sucesso.
“Depois de nos apresentarmos em
uma palestra de Marilena Chauí,
todos pensaram que era um
assalto. Surgiu então a idéia do
nome do grupo”, explica Milton.
O grupo é formado também por
sua esposa Ana Paula e estudantes
voluntários.
Quando ainda estudava
na USP, ele morou com atores
de reconhecimento nacional,
como Luiz Miranda e Alessandra
Negrini. “Nós três saíamos para
‘assaltar’ em bares, restaurantes
e escolas da cidade pensando
em ganhar dinheiro. E, por mais
incrível que pareça, fomos melhor
recebidos nos bairros mais nobres
e em lugares mais ricos, onde
encontramos
celebridades
e
pessoas importantes”, revela.
O reconhecimento pelo trabalho
rendeu ao grupo entrevista no
programa do Jô Soares e um link
ao vivo no Fantástico. Até Maurício
Kubrusly “assaltou” junto com
eles. A repercussão do grupo é
tão grande que existem outros
que clonaram a idéia do assalto.
“Quando estou viajando para
fora de São Paulo, alguns grupos
chegam até a usar o mesmo nome
e ai quando volto, dizem que isso
não aconteceu”, afirma Milton,
que por essas e outras razões é
totalmente contra a pirataria.
Em 15 anos “assaltaram”
mais de 90% das universidades
públicas do país, fazendo críticas
às poucas opções de atividades
Integrantes do Grupo Assalto interrompem palestra com bom humor
culturais
nas
instituições
superiores de ensino, assim como
às pessoas que não praticam
atividade cultural, pois se
preocupam mais com a roupa que
irão vestir do que com um livro.
Na invasão ao Intercom,
deixaram transparecer que são
contra a violência cafona e musical,
que o funk financia o crime e o forró
lucra em cima do apelo sexual.
Milton garante que a proposta de
levar cultura aos alunos está acima
de qualquer ambição.
Mais informações pelo site
www.grupoassalto.com.br.
Pioneirismo mackenzista
A vanguarda da Universidade no Second Life e nos estudos
sobre TV digital foi tema de estudo de caso
GABRIELLE AMORIM E
MARÍLIA MEDRADO
N
o terceiro dia da Intercom
Sudeste 2008, na tarde de
sexta-feira, ocorreu uma
apresentação especial - um estudo
de caso, conforme definiu a programação da Intercom - para discutir as relações entre o Second
Life e a TV digital tendo em vistas as experiências realizadas no
Mackenzie.
Para a ocasião, participaram José Augusto Pereira de Brito,
gerente de informática da Universidade, Agenor Braga Nascimento, gerente do Centro de Rádio e
TV (CRT), e Daniel de Thomaz,
coordenador geral da TV Mackenzie.
O Second Life integra a 3º
geração da Internet, a da comunicação colaborativa, também chamada de web 2.0. O Mackenzie
foi uma das primeiras instituições
educacionais a fazer desse ambiente virtual um espaço de comu-
Acontece • Página 7
nicação e aprendizado. No nível
institucional, a universidade é
pioneira quanto ao novo modo de
fazer marketing e de comunicação
com os públicos. No nível educacional, o Second Life é um ambiente multidisciplinar, no qual as
áreas de engenharia, arquitetura
e de comunicação se encontram.
Além disso, o Moodle, um sistema híbrido que usa o princípio de
código aberto, já faz parte do cotidiano da Universidade. “Esse é
o futuro da educação à distância”,
afirmou Brito. O uso da ferramenta Moodle passa a ser obrigatório
para todos os professores do Mackenzie a partir de agosto de 2008,
ferramenta está que irá auxiliar no
aprendizado, aproximando alunos
e professores e completando a formação.
As possibilidades nesse
novo mundo da colaboração em
tempo real são infinitas. A in-
terface interativa permite simulações, modelagens e ainda a possibilidade de teletransporte para
qualquer outro lugar. Por meio do
Second Life, é possível que o avatar, forma virtual em três dimensões do usuário (uma espécie de
representação no mundo virtual
da pessoa que joga/utiliza o programa), inscreva-se no vestibular
da Universidade e consulte o guia
profissional da instituição. Ou
seja, o candidato pode fazer sua
inscrição no vestibular do Mackenzie sem sair de casa.
Outro assunto também
tratado no encontro foi a TV digital. A nova tecnologia livra a imagem em alta definição de ruídos e
interferências e a acessibilidade
também é maior. A questão chave,
no entanto, é a interatividade, que
ainda hoje não pode ser experimentada tal qual num computador ou outras mídias digitais marcadas pela interatividade.
O Mackenzie, por meio de
seus pesquisadores, ajudou o governo brasileiro a optar pelo padrão
japonês de TV digital, chamado
ISTB. O trabalho desenvolvido
pela instituição saiu em campo
para estudar o modo de transmissão entre sinais americano, europeu e japonês.
O novo modo de transmissão depois de cinco meses de
vigência é para poucos. Até hoje
só foram vendidos 50 mil setupboxes, aparelho que converte o
sinal analógico para digital. A
necessidade de investimentos na
aquisição do dispositivo e de novos televisores desestimula os consumidores a aderirem à nova tecnologia. Do lado de quem vende,
a alta carga tributária e os royalties comprometem a difusão dessa tecnologia. Segundo Thomaz,
“a produção em high definition
equivale ao parque tecnológico de
um cinema”. Com o desconhecimento da TV digital, cogita-se a
possibilidade de relançar o sistema.
No final, os professores
traçaram um paralelo entre o Second Life e a TV digital. A ausência
de infra-estrutura para suportar
essas tecnologias, como computadores potentes e televisores de alta
definição, prejudicam a expansão
desses novos meios.
Comunicação audiovisual rende bom debate
Discussão sobre rádios comunitárias e a transmissão dos Jogos Pan-americanos
porweb-rádio foram os destaques de GT
Bruna de Araújo E
Paulo Geroldo
N
o último dia 9 de maio
foram
apresentados
trabalhos
sobre
comunicação audiovisual em
uma das mesas do evento.
Estudantes de jornalismo, juntos
a seus orientadores, divulgaram
suas pesquisas em quatro áreas
diferentes da comunicação: rádios
comunitárias, TV Brasil, cobertura
esportiva através de web-rádio e
o projeto Grindhouse, de Quentin
Tarantino e Robert Rodriguez,
cineastas independentes norteamericanos.
A primeira apresentação
ficou por conta da estudante
de Jornalismo da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Mariana Zibordi e sua orientadora,
a professora Claudia Regina Lahni.
O foco principal do trabalho era a
atuação das rádios comunitárias
de Juiz de Fora. Mariana avaliou
três rádios comunitárias da zona
leste da cidade e constatou que
uma delas, a Rádio Life FM, não
cumpria os requisitos exigidos
para ser comunitária. Na verdade,
trata-se de uma rádio estritamente
evangélica.
“A
maior
parte
da
programação é música gospel. Há
apenas um programa ao meio-dia,
destinado à pregação religiosa
e um programa ao vivo nos
sábados, destinado aos jovens.
E a comunidade só participa
quando há eventos e doação de
brindes”, falou Mariana. “Além
disso, ela ocupa o espaço de
outra rádio, a Mega FM, que
representa uma autêntica rádio
comunitária e hoje está impedida
de exercer suas atividades pelas
limitações de freqüência, pois
duas emissoras comunitárias não
podem cobrir a mesma região da
cidade”, conclui.
A concessão para a Rádio
Life FM se deu por questões
políticas, conforme relatou a
estudante. “O diretor da rádio,
André Mariano, é filho do pastor
Mariano, vereador em Juiz de Fora
pelo PSDB, e a concessão foi feita
no final do governo de Fernando
Henrique Cardoso, que era do
mesmo partido”.
O segundo trabalho da
tarde foi defendido pela estudante
Acontece • Página 8
da Universidade Federal do Rio
de Janeiro Thaís de Paiva. Seu
tema era a TV Brasil, recéminaugurada no Rio de Janeiro e já
vivendo uma crise de identidade.
Ela levantou algumas diferenças
entre o conceito de TV pública
e TV estatal, como formas de
financiamento e participação
popular na programação, e citou
como exemplo de TV pública a
BBC de Londres. Analisando esses
conceitos, a estudante estabeleceu
certos requisitos básicos para
uma TV pública: “Uma TV pública
deve ser um lugar para diálogo,
de acesso universal, pois todos
têm direito à informação. A TV
deveria ter programação com foco
cultural e não apenas comercial
e, o mais importante, deve ser
autônoma em relação ao governo
e ao mercado”, explicou. “Eu
vejo a TV Brasil ainda como um
adolescente, cuja mãe quer que
seja médico e o pai quer que seja
advogado, há forças conflitantes
e a TV ainda não assumiu sua
identidade. Mas isso, repito, é
apenas na minha concepção”,
concluiu.
Na terceira discussão da
E sua aceitação pela crítica ainda
não pode ser avaliada, mas uma
coisa pode-se ter certeza: não são
filmes menores.
“Pelo orçamento, com
certeza não é um filme B. Agora
cult, ainda não dá para saber, às
vezes a crítica demora a definir
se um filme é cult ou não”, afirma
Renato.
Tão desnecessário assim?
Poucos alunos e congressistas estiveram presentes em GT sobre as
Teorias de Comunicação no Intercom
derick ribeiro e
diego benine
R
eferente a uma disciplina
tão importante na formação
crítica do jornalista e
fundamental para a pesquisa
acadêmica na área de comunicação,
o GT (Grupo Temático) sobre
Teorias
da
Comunicação,
integrante do bloco de palestras do
INOVCOM, não recebeu a merecida
atenção por parte de participantes
e alunos do Mackenzie: pouco
mais de meia dúzia de interessados
compareceram e participaram das
fervorosas discussões realizadas
pelos professores a respeito dos
trabalhos expostos.
As apresentações foram
bastante dinâmicas e concisas
quanto à argumentação. Os temas,
além de se inter-relacionarem,
foram todos muito originais. Um
exemplo é o trabalho “Percepções
e desconstruções na cidade do
Robocop”, de Eduardo Milani,
Nora Rosa Rabinovich e Sílvia
Cristina Martins – todos da
Universidade
Presbiteriana
Mackenzie –, que basicamente
sinalizou a desconfiguração da
identidade por conta das alterações
da paisagem urbana.
A mediadora e professora
do Mackzenzie Cláudia Bredarioli
ressaltouaqualidadedasexposições,
mas fez uma crítica quanto à
temática de algumas delas. “A
maioria das apresentações foi boa.
Entretanto, algumas não tinham
a ver com a proposta previamente
estabelecida”, salientou.
Dentre as pesquisas
apresentadas, o maior destaque
foi “O ponto de vista semiótico dos
meios”, apresentada pela doutora
Regiane Nakagawa, da PUC-SP.
Regiane revisitou os estudos do
intelectual Marshall McLuhan e
defendeu uma interpretação mais
aprofundada dos mesmos.
Os poucos estudantes
que compareceram apreciaram
o conteúdo das palestras.
A
estudante de jornalismo Thalita
Soares Dionísio, 20 anos, veio
de Votuporanga (interior de São
Paulo) para prestigiar o evento.
Para ela, o bloco de Teorias
da Comunicação foi bastante
construtivo. “A nossa realidade é
muito diferente. Todos os assuntos
foram muito interessantes e nos
acrescentaram muito”, comentou.
Foto: Derick Almeida
tarde, o jornalista recém-formado
pela
Universidade
Estadual
Paulista (Unesp) Daniel Gomes,
com a ajuda de seu colega Willian
Douglas de Almeida, mostrou
como é possível realizar uma
transmissão de eventos esportivos
por meio de uma web-rádio. O
evento em questão foram os Jogos
Pan-americanos de 2007 no Rio
de Janeiro. Para fazer tal trabalho,
a pesquisa se iniciou em junho de
2006, com todas as modalidades
do Pan, os principais atletas de
cada país, regras e curiosidades
de cada esporte. Além disso,
montaram boletins explicativos
sobre esportes pouco populares
para dar aos ouvintes maiores
informações, e fazer com que se
interessassem pela modalidade
em questão.
Outro ponto de destaque foi
a emoção dada pelos locutores na
transmissão dos esportes, sendo
que alguns deles não permitem
uma narração mais acalorada,
devido à concentração dos atletas.
Ao colocar o áudio da final do
Tênis de Mesa, os presentes na sala
vibraram como se o jogo estivesse
ocorrendo naquele momento.
O trabalho final foi tão
elogiado que seu orientador,
o professor Dino Magnoni,
comentou: “A banca de TGI que
avaliou os meninos disse que eles
fizeram em dois aquilo que a rádio
da faculdade faz com uma equipe
imensa”.
Fechando a apresentação,
o estudante Renato Bressan, da
UFJF, debateu sobre o cinema
chamado cult e os chamados
filmes B. Considera o orçamento
dessas produções como fator
principal dessa classificação e traz
novamente essa discussão a partir
do projeto lançado por Quentin
Tarantino e Robert Rodriguez,
intitulado Grindhouse.
Tarantino e Rodriguez
tentaram retomar o clima vivido
no cinema da década de 60,
quando eram exibidas sessões
duplas com superproduções e
filmes menores, produzidos com
orçamento mais baixo. O público
americano não se empolgou a
princípio com o projeto, de dois
filmes diferentes apresentados
numa mesma sessão (no Brasil,
os filmes foram lançados de forma
separada), de acordo com Renato.
GT teve uma das menores audiências do evento
Acontece • Página 9
Mackenzie deixa boa imagem com organização
mayara monteiro
A
Foto: Divulgação
Segundo o professor Zeca Marques, responsável pela organização do Intercom no Mackenzie,
evento deixou boa impressão em termos de organização, mas ficou a desejar quanto
ao interesse geral de alunos e professores
participantes. Ao chegar ao
prédio da rua Piauí, congressistas
e ouvintes eram recebidos por
uma equipe de voluntários,
formada majoritariamente por
alunas do curso de Jornalismo
da universidade. Segundo Zeca, a
receptividade era uma das metas.
“A grande preocupação era que
congressistas e visitantes tivessem
uma boa imagem do Mackenzie.
Acho que isso conseguimos
alcançar”, adianta ele. “Somente em
uma das palestras um convidado
não pôde participar, mas não
houve prejuízo aos congressistas”,
ressaltou.
A partir da ementa de cada
modalidade e do regulamento
da Expocom, a função dos
professores que se apresentaram
Foto: Marcos Garcia
pós 3 dias de atividades
entre
discussões,
apresentações de pesquisas
e debates, a Sociedade de
Estudos Interdisciplinares da
Comunicação, Intercom, encerrou
Zeca: “Cumprimos nosso dever”
mais um congresso. O evento
Os cursos que participaram do
tratou de um tema bastante
concurso foram: Audiovisual,
urgente na mídia atualmente – a
Jornalismo,
Publicidade
e
relação da comunicação com a
Propaganda, Relações Públicas
ecologia, foco das mesas redondas
e áreas emergentes. No total,
e conferências. Enquanto isso, a
houve 328 trabalhos inscritos de
comunicação em geral foi o foco
52 instituições de ensino superior
de pesquisas do INICIACOM,
diferentes em 47 modalidades.
Jornada de Iniciação Científica na
Zeca acredita que o
Comunicação, e do INOVCOM,
Mackenzie cumpriu com seu dever
destinada ao potencial inovativo ou
e apresentou aos alunos um
alternativas comunicacionais
pouco da responsabilidade
de pesquisadores que já
do ser jornalista nos dias de
obtivessem algum título de
hoje, que cresce a cada dia
graduação,
mestrado
ou
junto com a importância do
doutorado. Além disso, como
debate público de questões
sede do evento, o CCL, através
cruciais que assolam o
de seus professores, ofereceu
planeta. “Nosso papel é fazer
oficinas em diversas áreas aos
o que temos feito. Colocar
interessados.
em discussão os assuntos que
Foi a primeira vez que
são polêmicos e flagrantes.
o CCL recebeu um congresso
O aluno não deve se omitir
desse porte e formato. O
diante dessas questões que
evento proporcionou interesse
dos alunos e do corpo docente, Receptividade e organização marcaram evento envolvem interesse público, e
o jornalista especialmente, pois
porém não de acordo com as
faz parte da profissão”, afirmou.
expectativas, informa o professor
A responsabilidade traz
do CCL José Carlos Marques, mais como jurados nas palestras era conhecido como Zeca, responsável analisar os trabalhos inscritos em impresso em si um dever ético, e a
pela organização e realização do cada modalidade e escolher os área da comunicação, hoje, é foco
evento dentro da unidade. No melhores. Os trabalhos vencedores de debates quando se pensa na idéia
entanto, em termos de organização, representarão a região Sudeste de interesses privados tolhendo o
no Congresso Nacional 2008, a interesse público. “Está no genoma
foi muito bem realizado.
“Acho que esse tenha sido ser realizado na Universidade do jornalista ser ético e responsável
o primeiro grande estímulo para Federal do Rio Grande do Norte, com o que está relacionado ao
que as pessoas acordassem para em Natal. Da UPM, tivemos dez serviço público. Por mais que seja
a importância de participar dos trabalhos inscritos, mas somente difícil, desde a primeira vez que
eventos. Esperamos que no próximo um vencedor: Carlos Alberto se pisa numa redação ou empresa
ano, quando o congresso regional Santos Araújo Filho, formando em de comunicação, o jornalista tem
será realizado no Rio de Janeiro, Jornalismo, inscrito na modalidade que ter esse compromisso. Os
possamos ter uma participação Produto Opinativo com a crônica alunos devem desde já adquirir a
maior no Expocom e mesmo Inversão Térmica (leia texto nas ética como princípio básico, não
só na área da comunicação mas
nos outros eventos, Inovcom e páginas seguintes).
De
acordo
com
as em qualquer e toda área”, ratificou
Iniciacom, que só concorrem à universidades finalistas, oito delas Zeca, trazendo à tona um dever
etapa nacional”, afirmou Zeca.
O Mackenzie fez de receberam três ou mais premiações. profissional que anda esquecido na
tudo para bem receber os As outras treze, um ou dois prêmios. grande mídia ultimamente.
Acontece • Página 10
Unesp e Metodista polarizam premiações
Na sessão de encerramento, foram divulgados os premiados do Expocom. Unesp e Metodista
saíram como as grandes vencedoras; Mackenzie levou apenas um
marcela manNocci
N
a manhã do sábado 10
de maio, foi oficialmente
encerrado
o
Intercom
Sudeste. Com quase uma hora de
atraso, a cerimônia foi marcada
pela divulgação dos melhores
trabalhos de pesquisa inscritos por
alunos de graduação. Eles serão
expostos no Expocom durante o
Congresso da Intercom Nacional,
que será realizado em Natal, no
Rio Grande do Norte, no próximo
mês de setembro.
O evento, que aconteceu
na Escola Americana, dentro
do campus, premiou mais de
cinqüenta trabalhos, divididos em
cinco modalidades: Audiovisual,
Jornalismo,
Publicidade
e
Propaganda, Relações Públicas
e Áreas Emergentes. A sessão
contou com as participações do
presidente da Intercom, Prof.
Dr. José Marques de Melo, e do
coordenador geral de pesquisa
experimental
do
Mackenzie,
Prof. José Carlos Marques. Além
deles, uma participação especial
de Ivana Bentes, professora da
Universidade Federal do Rio
de Janeiro, que apresentou
slides mostrando a estrutura
da universidade nos cursos de
Comunicação e Audiovisual.
Dos quatro estados do
Sudeste, o que teve maior número
de participantes na Expocom
foi Minas Gerais. Entre as
faculdades premiadas, destaque
para a Universidade Estadual
Paulista (Unesp), cujo campus
de Comunicação fica em Bauru,
e a Universidade Metodista de
São Paulo. Dentre os trabalhos
apresentados, estiveram presentes
alunos do próprio Mackenzie, que
levou um prêmio, Cásper Líbero,
PUC/Campinas e ESPM, entre
outras.
A cerimônia não contou com
a presença de muitos concorrentes,
mas teve a distribuição de “valesdiplomas”, pois, como confessou
o professor do CCL Marcelo Lopes
na ocasião, que distribuiu os vales
ao lado do coordenador do curso
de Jornalismo do Mackenzie,
professor Vanderlei Dias de Souza,
por conta de um problema de
impressão os diplomas originais
não ficaram prontos e, assim,
não podiam ser entregues. Todos
ficaram avisados que receberiam
em breve pelo correio o devido
certificado.
E se começou atrasada a
cerimônia, ela acabou antes do
previsto, que era 13h. Ao meio-dia
todos já deixavam o recinto para
almoçar e voltar para suas casas.
Para 2009, a Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação já definiu a próxima
sede: o Rio de Janeiro. Porém, a
universidade e a data do evento
ainda não foram divulgadas. Os
assuntos a serem debatidos serão:
“Comunicação, Educação e Cultura
na era Digital”.
Inversão térmica
Abaixo você lerá a crônica vencedora do Expocom escrita pelo então aluno
Carlos Roberto Santos Araújo Filho, formado em Jornalismo no primeiro
semestre de 2008 na Universidade Presbiteriana Mackenzie
carlos roberto
santos araújo filho
O
retorno não tinha me feito
bem. Logo quando estava
me acostumando com a
língua espanhola e com o frio
(ao contrário do paulista, sem
inversões térmicas prejudiciais).
Mas a verdade era que eu não podia
me dar ao luxo de ficar reclamando
da minha volta. O mundo não tinha
parado em razão da viagem, muito
menos as aulas. Elas me levaram
para lá (devido à disciplina de
Jornalismo Internacional) e elas
me traziam de volta (certo, a falta
do dinheiro também).
Sabia que ao regressar eu
seria bombardeado pelo inevitável
interrogatório sobre tudo acerca
dessa
pequena
temporada
fora: a ida, o avião na partida,
a hospedagem, quem tinha
conhecido, las chicas, os lugares,
como tinha sido cada um dos cinco
dias, a temperatura, a rivalidade,
o que eu tinha trazido, comido e
bebido, como tinha dormido, as
festas, o avião na volta, as fotos e os
vídeos etc. Mas não estava a fim de
papo nem de sentimentalismo. Por
sinal, não comprara lembranças
da Argentina. Apenas uns livros,
só que para eu ler e praticar o
espanhol. Bem, na verdade, para
aprendê-lo.
Eis que, ao tirar as roupas
da mala, encontro uma nota de
dois pesos no bolso de uma calça.
Mas como? Logo eu, tão atencioso
com as minhas coisas, a não perder
Acontece • Página 11
objeto algum e a nunca me esquecer
de nada.
Eu me lembro do dia
em que fui trocar o dinheiro na
casa de câmbio. Fiz até o cretino
comentário: “Sinto-me jogando
Banco Imobiliário”. Mas, nesse
dia, eles só me distribuíram notas
grandes, por isso sei que viestes
de Buenos Aires; porém, mesmo
que tivesses vindo daqui, isso
não representa que estivesses
em paz; muito pelo contrário, a
escuridão da máquina registradora
e o amontoado de notas de dois
pesos em cima de ti estão longe
de representar o sossego agora
conquistado, no calor brasileiro.
Logo em seguida me
recordo da Argentina, de como esse
dinheiro saía fácil para uma garrafa
de Coca-Cola aqui, para uma festa
ali, para um táxi acolá. Porém,
logo me lembro dos últimos dias,
talvez o último, em que comecei a
pensar seriamente no dinheiro, nas
despesas do albergue, do táxi etc.
Recordo-me do aeroporto, em que
eu tentava me livrar desse dinheiro,
que não adiantava mais para nada,
afinal voltaria para o Brasil. O fato
é que apenas a sensação de estar
em um país estrangeiro te dá uma
liberdade e, por outro lado, uma
obrigação de usufruir qualquer
quantia com as mais simples
frivolidades.
Por fim, a minha memória se
preenche com as imagens slapsticks
dos meus colegas, no Free Shop,
comprando, em cima da hora e
com as consciências relativamente
pesadas, as lembranças para suas
namoradas, amigas e pais (nessa
ordem). Mas eu, não.
Tu tivestes o “insight”
em uma noite em que eu me
embebedava. Então, te escondestes
na minha calça, provavelmente te
amassastes para que eu não me
livrasse de ti. Porque lá não tens
personalidade. Lá, não tens lar,
passas de mão em mão, mas estás
sempre sozinha. Aqui tu serás
especial; tão quanto um livro de
Julio Cortázar ou Adolfo Bioy
Casares. Poderás descansar. Aqui
tu não tens outro valor, mas é isso
o que desejas.
Se eu conhecesse alguém
que fosse para a Argentina, eu
poderia te dar ou te trocar. Lá tu
voltarias a exercer tua função. Mas
quisestes vir para o Brasil, descansar
um pouco, ou definitivamente.
Tu não sabes o quão triste
eu fico em te ver: talvez reflitas a
minha sensibilidade em descenso
(às vezes profundo, às vezes
“controlado”), que temo estar se
transformando em cinismo.
Poderias ser uma foto
do Carlos Gardel, um broche do
Maradona, um chaveiro do Che.
A lembrança que eu não comprei
para alguém, nem para mim
mesmo. Embora eu tenha levado
uma quantia consideravelmente
boa para a Argentina, a culpa agora
cai toda em cima de ti.
Estou com fome, tu poderias
ser o croissant da padaria aqui do
lado. Um mendigo toca a campainha,
poderias ser a esmola dele. Mas
não és nada disso, te escondestes
na minha calça querendo fugir das
tuas obrigações, ser um bon vivant.
Porque aqui ninguém te enche, não
tens afazeres.
Eu não quero me ater a
lembranças, mas tu sabes que eu
não vou te rasgar, nem te doar.
Desde criança, meus pais me
falam algo que eu levo a sério: não
desprezar nenhum centavo, não
jogar fora nenhum dinheiro (podese até gastar com porcarias, mas
jogar fora ou rasgar, nem pensar!).
Embora transfigurada aqui, ainda
continuas pertencente à tua espécie
de origem.
Eu ainda pretendo voltar
para a Argentina dentro de alguns
anos, mas talvez quando eu voltar
a moeda não seja mais a mesma.
Deixo a janela do meu quarto aberta, com a leve esperança
de que a tarde te sugue. Mas os
ventos são modorrentos, fracos
e contrários. No máximo eles te
derrubariam no chão. Sim! Tu cais
no chão e a empregada, quando vier
arrumar o meu quarto, te varrerá,
pois ela nunca presta atenção no
que limpa; se está no chão, é lixo
(inclusive os boletos, anotações
etc.). Claro que eu fingiria raiva
(e talvez chegasse a senti-la no
momento), ou preocupação quanto
ao teu futuro, mas logo ficaria
aliviado. Mas tu te equilibras
bem. Como não estarias tão bem
fisicamente, já que planejastes a tua
vinda para cá, soube se esconder
bem, passou pela alfândega e só
pôde se libertar quando não ouviu
mais ninguém falando espanhol
e quando ouviu o piloto anunciar
“preparar para o pouso” (nesse
momento, devestes ter te prendido
ao cinto da minha calça), dando
assim a certezado sucesso da tua
aventura? Visto isso, é lógico que
não te importarias em passear na
minha carteira, conhecer a cidade,
como algumas notas de dólar
que vagam na carteira de outras
pessoas.
Mas eu te deixo em casa,
não te coloco em uma moldura,
evito te dar tamanho moral. Deixote ali, em cima da mesa do meu
quarto, e pronto. Tu sabes que
quando minha mãe te conhecer, ela
te tratará muito bem, com carinho,
para toda a vida; sim, minha mãe
é dessas mulheres com o dom
de transformar simples gestos e
objetos em relíquias preciosas.
Serás apresentada a outras partes
Acontece • Página 12
e fases da minha vida, como meu
dente, mechas do meu cabelo
(quando eu ainda era loiro), roupas,
talvez até as fotos. Tu, que não tens
nada de humano, consegues te
intrometer e te introduzir no meu
passado. Tu, que fugistes pelo bolso
da minha calça. Tu, que poderias
ter sido o meu complemento em
uma entrada de cinema.
Talvez tu estejas te
perguntando onde estarias agora
(se não estiveres, eu questiono por
ti). Na caixa de um supermercado?
No bolso de alguma senhora? Sendo
trocada neste exato instante? Tu
nunca saberás. Hoje tu estás em
cima da minha mesa e é apenas
isso que importa. Dependendo
da situação, tu te camuflas como
te convém. Se eu fosse criança,
não te importarias em te fazer
de brinquedo. Eu desenharia um
bigode no teu rosto carrancudo
e os teus lábios esbanjariam
um sorriso; tu és o verdadeiro
reverso da Mona Lisa. Como estou
precisando de um marcador para
o livro, percebo que tu te ofereces
de maneira desajeitada (nesse
momento, confesso sentir um
pouco de compaixão), mas eu finjo
não te notar.
Eu me pergunto: “Será que
vale a pena tanto risco e sacrifício?
Se esconder no meu bolso como
alguém que se esconde no fundo de
um navio”. Tinhas a ilusão de que
aqui conseguirias te tornar real?
(passei o texto todo evitando fazer
esse trocadilho, mas acabo de me
notar em um culde-sac).
Já que conviveremos,
mesmo que indiretamente, talvez
eu pudesse te infernizar, ser sádico
contigo, para que te arrependas.
O sossego que imaginavas se
mostraria uma quimera. Levar-te-ia
para uma casa de câmbio, fingiria ir
te trocar. Trocar-te-ia por quanto?
Três reais? Menos, provavelmente.
Dois e alguns quebrados? Com
certeza a mulher que me atendesse
riria de mim, e eu ficaria sem graça.
O meu jogo chegaria ao fim.
Percebo a razão do meu
descaso, ou desprezo, para contigo:
não queria ter voltado tão cedo
da Argentina e tu representas
justamente o oposto. Tenho raiva
de ti por teres quebrado o meu
encanto, o único, ou o mais belo
e, com certeza, o mais concreto
depois de algum tempo.
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Acontece – Edição Especial Intercom Sudeste 2008.2