Universidade Presbiteriana Mackenzie - Centro de Comunicação e Letras Publicação feita pelos alunos do 2º semestre de Jornalismo Edição Especial Intercom Sudeste 2008 7 7 “Assalto” interrompe apresentação sobre Meio Ambiente Mackenzie mostra pioneirismo em Second Life e TV Digital 10 Professor Zeca Marques faz balanço do Intercom 3 Abertura de evento recebe provedor da televisão portuguesa RTP 11 Leia crônica vencedora do EXPOCOM escrita por aluno do Mackenzie Editorial Os congressos regionais tiveram início em 1988 e desde então a Intercom vem promovendo encontros de pesquisadores nas diversas regiões brasileiras. No começo, eram chamados de Simpósios Regionais, também conhecidos como SIPEC. A denominação foi alterada no ano de 2006, “passando a influir decisivamente na formulação de modelos de análise da Comunicação que a Intercom julga consentâneos com a sociedade e a cultura brasileiras”, como informa o próprio site do evento. O tema central abordado esse ano foi “Mídia, Ecologia e Sociedade”, retomando e atualizando o tema do encontro de 1992, que foi “Comunicação e Meio Ambiente”. O que é válido se for pensar que o aquecimento global e problemas ecológicos são pautas recorrentes no momento. Vale a pena lembrar também que em 1992 ocorreu a Eco-92, no Rio de Janeiro. Também pudemos encontrar os mais variados trabalhos, com temas que iam das teorias da comunicação até o goleiro do São Paulo, Rogério Ceni. No próximo ano a etapa sudeste do Intercom será realizada no Rio de Janeiro, com data e local ainda não definidos. O tema central será “Comunicação, Educação e Cultura na Era Digital”, e a sede do congresso nacional será Curitiba. Em nome da equipe do Acontece, esperamos que o leitor possa apreciar a cobertura e que ela traga as explicações necessárias para entender o que rolou nos quatros dias desse importante evento sobre comunicação. Como estudantes de jornalismo, apesar das dificudades, acreditamos que cumprimos nosso objetivo de retratar os fatos da forma mais verdadeira possível. Os Editores Diagramação: Guilherme Meireles e Luis Fernando Saninana Universidade Presbiteriana Mackenzie Centro de Comunicação e Letras Editores de imagem: Luiz Felipe Fernandes, Caio Saviolo e Letícia Afonso Diretora: Esmeralda Rizzo Foto de Capa: Peterson Munhoz Coordenador: Vanderlei Dias de Souza Projeto Gráfico: Renato Santana Acontece Editores: Diego Benine e Peterson Munhoz Repórteres Ana Pereira, Bruna de Araújo, Cecília Leite, Daniel Falzoni, Davi Correa, Derick Almeida, Diego Benine, Fernando Oliveira, Flávio Junqueira, Gabriela Araújo, Gabriel- Acontece • Página 2 Foto: Marcos Garcia C omo é de praxe, a equipe do Acontece sempre está cobrindo os mais importantes eventos de comunicação realizados em nossa universidade. Ano passado estivemos presentes no II Encontro de Comunicação e Letras, e agora você irá encontrar a cobertura feita por nossos repórteres dos principais acontecimentos da Intercom Sudeste, evento sediado pelo Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie entre os dias 7 e 10 de maio desse ano. As matérias que compõe esse jornal buscam levar ao leitor um pouco das principais discussões que aconteceram nos dias do congresso. O Intercom Sudeste é uma das etapas do Congresso Nacional, que reunirá os vencedores de todas as etapas regionais e acontecerá em setembro na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. É a primeira vez que o CCL recepciona um evento desse porte, e um dos seus principais organizadores, o professor José Carlos Marques, faz um balanço especial exclusivamente para o Acontece. Nossa equipe de repórteres também acompanhou as apresentações de trabalhos e mesas redondas que preencheram o calendário do evento. Algo que chamou a atenção de nossos jovens jornalistas foi a escassa platéia que compareceu às apresentações dos trabalhos, algo que, em nossa opinião, é preocupante, pois os alunos deveriam estar interessados em acompanhar os projetos dos colegas de profissão. O próprio Mackenzie oferece o chamado “Programa Institucional de Iniciação Científica”, mais conhecido como PIBIC. Nele o aluno pode elaborar seu projeto de pesquisa e concorrer a uma bolsa para desenvolvê-la. Mas não precisamos ir muito longe para perceber a importância de um trabalho científico, pois todos os alunos, para obter o diploma de Jornalismo, Publicidade e Propaganda ou Letras, precisam fazer um Trabalho de Graduação Interdisciplinar, o famoso TGI, que é uma pesquisa acadêmica. le Amorim, Juliana Maia, Maísa Tomaz, Marcela Mannocci, Marília Medrado, Marina Galeano, Mayara Monteiro, Paulo Geroldo e Renan Lamarck Jornal Laboratório dos alunos do segundo semestre do curso de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, orientados pelo professor Lucas Pires, jornalista, MTB n° 31.990. Impressão: Gráfica Mackenzie Tiragem: 300 exemplares CCL recebe Intercom Sudeste Evento realizado no Mackenzie em maio é o congresso regional do Intercom e etapa importante no cenário da comunicação nacional Foto: Daniel Falzoni Davi Correa e Daniel Falzoni N o último dia 7 de maio foi realizada a abertura do XIII Congresso de Ciências da Comunicação da região Sudeste, o Intercom Sudeste, no teatro Ruy Barbosa da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O encontro é uma iniciativa da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), em parceria com o Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Mackenzie. Realizado entre 7 e 10 de maio, o evento priorizou os temas mídia, ecologia e sociedade. No evento de abertura estiveram presentes cercas de 100 pessoas, entre professores e participantes. O Reitor Manassés Claudino Fonteles esteve representado pela professora Sandra Stump, Decano de Pesquisa e Pós-graduação do Mackenzie, que leu para a ocasião um texto escrito pelo reitor. Após a apresentação de todos que compuseram a mesa, houve a execução do hino nacional de Portugal e, em seguida, do hino nacional brasileiro. O hino lusitano se deveu à presença do Provedor (ombudsman) da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), Professor Doutor José Manuel Paquete de Oliveira, que fez uma conferência de 50 minutos acerca do tema central do evento. Além da conferência do professor Paquete, houve a entrega dos prêmios do Intercom Nacional 2007. Alguns vencedores não compareceram, uma vez que não fazem parte da região Sudeste. Os prêmios foram entregues para os 1º, 2º e 3º lugares que estavam na solenidade. O coordenador e professor do curso de Jornalismo do Mackenzie, Vanderlei Dias de Souza, deixou claro que o desejo do CCL é realizar eventos em nível nacional, mas não para já. Ele acredita que a unidade Professor Paquete, da RTP, fez conferência na abertura do evento pôde aprender muito com esse congresso e que em um futuro próximo o CCL estará recebendo eventos de abrangência nacional. “A organização do Intercom Sudeste foi um aprendizado muito construtivo ao Centro de Comunicação e Letras, mas eu esperaria mais uns anos para tornar o evento maior. Sediar um evento de comunicação de âmbito nacional no CCL está fora dos nossos planos no momento”, salientou. Vanderlei ainda falou da dificuldade de conseguir que o evento fosse realizado no Mackenzie. “Isso dá muito trabalho. O mérito disso aqui tudo é do professor José Carlos Marques. Ele conseguiu organizar tudo”, finalizou, dando créditos ao colega de curso. De Rogério Ceni a filósofos Palestras chamam a atenção por seu modo dinâmico e descontraído de serem apresentados, passando pelo goleiro do São Paulo Ceni até o pensador Adorno juliana maia e stefanie duarte A primeira palestra da quinta-feira do INOVCOM foi apresentada pela pósdoutoranda da FABESP Marlene Fortuna, também escritora, professora e atriz. Ela apresentou seu trabalho sobre arte, televisão e livros na sociedade da cultura audiovisual e seus aspectos críticos. Em entrevista, ela afirmou: “Aquela essencialidade, aquela fecundidade que tínhamos, de pegar um livro, Acontece • Página 3 sentar e ler foi perdida”. Em seguida, foi a vez da pós-graduanda pela Cásper Líbero Mônica Zebral, e o picadeiro simbólico do Jornal da Globo mostrar os “bastidores” do telejornal. Após entrevista com o âncora do jornal, William Waack, Mônica mostrou a linguagem do programa e como o famoso e intelecto telejornal nos manipula sem ao menos percebermos. Primeiro professor de Radiojornalismo do Mackenzie e atual professor da USP, Luciano Victor Barros Maluly começou sua palestra colocando em questão a falta de repórteres pelas ruas, vício crescente com o advento da Internet, e levantou a pergunta aos presentes: “Por que os repórteres, ao invés de estarem lá cobrindo o caso Isabella, não estão aqui, cobrindo o maior evento de Jornalismo?”. Maluly também comentou a falta de espaço que as pessoas têm perante o rádio, que não podem sequer manifestar suas opiniões. Alexandre Huady, professor de Fotografia do CCL, e Pedro Rizzo, aluno de Jornalismo do Mackenzie, foram os oradores da vez para falar sobre a representação do herói tricolor, Rogério Ceni. Em quinze minutos repletos de fotos do goleiro, os palestrantes deram uma aula sobre fotojornalismo esportivo ressaltando as qualidades do atleta. Frederico Belcavello, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), falou sobre a TV comunitária em Juiz de Fora e sobre a Seara Espírita, um programa exibido na cidade em que as pessoas não têm muito espaço. Também formada pela UFJF, Lívia Bergo trouxe à tona um assunto muito discutido ultimamente, a TV digital. Colocan- do em questão os prós e os contras, reforçou que jamais a TV analógica será substituída pela digital. Raquel Marques, da Universidade de Nova Lisboa, apresentou seu trabalho em minutos repletos de citações de filósofos da escola Frankfurtiana, respondendo perguntas do público e contando como é seu estudo fora do país sobre o ibope. Novas tecnologias a favor dos comunicadores Videoreportagens, blogs e jogos digitais foram debatidos em GT sobre Cibercultura N o dia 8 de maio, segundo dia do evento, doutores, mestres e mestrandos apresentaram projetos científicos cujo tema central foi “Cibercultura e Tecnologias da Comunicação”, que contou com a mediação do professor Edson Capoano. Os trabalhos foram apresentados no prédio do Centro de Comunicação e Letras, das 14h às 18h, e contou com a presença de 20 pessoas, entre visitantes e alunos. As discussões se mantiveram em torno de três assuntos centrais: TV Digital, novas formas de mídia e a Internet como acúmulo de impressões pessoais. Alguns pesquisadores relacionaram as novas tecnologias com a prática do jornalismo, a interatividade e o receptor ativo, como no estudo sobre vídeoreportagens, dos professores Patrícia Thomaz e Francisco Machado Filho, que retrataram a convergências digital e o que esperar da audiência que irá escolher notícias e decidir o que lhe interessa por meio da Internet. “Quando a gente vê aquele jovem que já é o produtor do seu conteúdo, que ele já não aceita mais aquele jornal pronto. O que ele quer? Ele quer pesquisar na internet, quer baixar suas músicas preferidas, ele só quer assistir às matérias que interessam a ele. Esse jovem representa essa mudança de audiência. E o que nós, comunicadores, produtores de conteúdo, podemos oferecer diante dessa nova realidade?”, questionou Patrícia. O mestrando Carlos Eduardo Silva falou sobre jogos digitais e sua importância como meio educativo, dinâmico Os estudos de Malini foram destaque do GT e cultural. “Opiniões muito freqüentes sobre os jogos é começaram a ter um antagonismo de que incentivam a violência ou com o jornalismo. “Foi a partir que não são coisa séria. Mas por que desse período que surgiu o conflito não usar o fascínio que ele produz com o jornalismo, pois o blogueiro para resgatar uma possibilidade começa a denunciar esse espaço de participação que não existe, do jornalismo incondicional como hoje, fora do mundo digital, como de homogeneização, de redução no engajamento político, por do contraditório e espaço crítico, exemplo?”, propôs Carlos, que algo que inversamente estaria acredita no jogo como forma de presente em muitos blogs, embora ensinar o jovem a tomar decisões e os blogs estejam pautados por esse de ajudá-lo a compreender melhor jornalismo”, explica Fábio. Durante toda a tarde foram o funcionamento da sociedade e não apenas como incentivador expostos 9 trabalhos científicos. de violência e agressividade, Entre os temas abordados, estavam como muitos estudos tentam “A Identidade Criada Pelo Uso dos Celulares”, “O Questionamento comprovar. Outro destaque foi a Sobre a Interatividade da TV pesquisa sobre genealogia Digital, Valorização da Web 2.0” da blogosfera do professor e “O Impacto da Comunicação em Fábio Malini, que, por meio do rede nas relações de trabalho”. estudo dos blogs, demonstrou a Após cada apresentação foram importância desse formato como feitas discussões e tiradas algumas meio de informação e interação dúvidas, e todos os pesquisadores dos receptores, pois a partir receberam um certificado de de 2001 os blogs evoluíram e participação. Foto: Maísa Tomaz Maísa Tomaz e Gabriela Araújo Acontece • Página 4 Urbanização e responsabilidade A reorganização da cidade marca presença no GT de mediação Fernando Oliveira e Flávio Junqueira R eorganização. Essa foi a palavra-chave que uniu todas as palestras da sessão de apresentação do GT “Mediações e interfaces comunicacionais” na quintafeira 8 de maio. Katarini Miguel, aluna do Programa de Mestrado em Comunicação Midiática da Unesp/Bauru, apresentou em sua pesquisa “Os procedimentos do discurso jornalístico na cobertura das notícias ambientais” as formas de abordagem do jornal O Estado de S. Paulo em relação à questão ambiental, assunto cada vez mais presente na mídia. Nela, Miguel revela as diferentes abordagens em relação ao meio ambiente e o apelo usado pela mídia para atrair os leitores. Em seguida, Heloísa Cruz, mestranda pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), usando como objeto de estudo a favela Parque Candelária no Complexo da Mangueira, expôs suas idéias sobre a Sociabilidade Comunitária, frisando a consolidação e integração da favela com a cidade do Rio de Janeiro. Segundo a pesquisadora, a proximidade e a dinâmica entre as casas e a favela são cada vez maiores, já que esta já faz parte da paisagem da “Cidade Maravilhosa”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Aline Novaes, formada em Letras também pela UERJ e mestranda na PUC-RJ, apontou como o cinema provoca outros sentidos em locais já banalizados pelos indivíduos. Ela explicou também como a visão de um estrangeiro se diferencia da visão daqueles que já estão habituados com o cenário ao seu redor, captando perspectivas que passam despercebidas dentro da rotina dos nativos. Com isso, ela propõe uma ‘visão estrangeira’ às situações e locais corriqueiros a partir do olhar cinematográfico. Mônica C. P. Sousa, outra da UERJ, falou sobre os refúgios que são formados nas grandes cidades, tomando como exemplos o bairro da Barra da Tijuca, que se afirma como um bairro fora da realidade do Rio de Janeiro, condomínios fechados e outros bairros nobres que fogem da característica real da cidade. Ainda relacionado ao estado do Rio de Janeiro, Vânia Oliveira Fortuna (UERJ) apresentou os resultados de sua pesquisa acerca da violência urbana feita pelo jornal O Globo, durante os Jogos PanAmericanos. Em sua apresentação, ainda coube uma reflexão sobre a herança deixada pelos jogos, como o grande investimento em segurança, que até o momento não surtiu efeito na cidade. Formada na PUC-RJ, Rosane Feijão apresentou sua pesquisa sobre a versatilidade, velocidade e visibilidade proporcionadas pela evolução da moda e da cidade do Rio de Janeiro a partir da reforma Pereira Passos, que mudou a estrutura da cidade em 1905. Rosane mesclou moda e urbanismo na Belle Époque carioca, frisando a influência da modernidade sobre o comportamento das pessoas. Após o término de todas as apresentações, um espaço para a discussão dos assuntos propostos foi aberto aos que estavam presentes, conseqüentemente propiciando uma troca de idéias e opiniões a respeito dos trabalhos. Muito foi dito sobre responsabilidade e reorganização do espaço social, tendo em vista uma compreensão acerca de assuntos tão importantes e influentes no mundo atual. Renovando conhecimentos No INOVCOM, professores, profissionais graduados e alunos da pós-graduação apresentaram projetos experimentais de pesquisa. Quem participou pôde entrar em contato com os mais novos olhares da comunicação no Brasil marina galeano e renan lamarck O INOVCOM reuniu professores, profissionais graduados e estudantes de pós-graduação, que apresentaram seus projetos de pesquisas em diversos Grupos Temáticos (GTs). No dia 8 de maio, na sala 51 do prédio da Piauí, o tema foi “Comunicação Audiovisual - Cinema, Rádio e Televisão”. O GT contou com a exposição de sete trabalhos e teve participação intensa dos cerca de 50 espectadores que, ao final de cada projeto, perguntavam, comentavam e faziam sugestões aos palestrantes. Essa interação enriqueceu a troca de conhecimentos e o debate na sessão, fazendo jus ao nome do evento. Em “Do texto ao audiovisual - um processo de tradução e Acontece • Página 5 transcriação”, as professoras Maria Cristina Brandão de Faria e Danubia de Andrade Fernandes, da Universidade Federal de Juiz de Fora, analisaram uma adaptação para o teleteatro da peça O Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com objetivo de discutir a transposição de mídias. “A mensagem e a cultura de massa: jingle, a voz que vende”, o segundo trabalho apresentado, do professor Marcos Júlio acadêmica, é importante estar em contato com os professores. Em segundo lugar, é um bom exercício para a fala e para a escrita e, em terceiro, é o momento da troca de conhecimentos. Você tem contato com o que há de mais novo na André Nóbrega: professor da casa marcou área”. presença no INOVCOM com “A Fada Ignorante” Os alunos do Mackenzie podem considerar- bem organizado, os encontros se privilegiados. Além da chance aconteceram no horário, as de adquirir tanto conteúdo “sem apresentações tiveram bastante sair de casa”, o fato de sediar um conteúdo, as pessoas participaram evento tão grande e relevante bastante e a infra-estrutura quanto o Intercom trouxe ainda disponibilizada foi ótima. O mais visibilidade e credibilidade Mackenzie está de parabéns”, à Universidade no âmbito da afirmou Roberta Giannini ao comunicação. “O evento foi Acontece. Foto: Marina Galeano Sergl, da Unisa e Unesp, tratou da importância dos jingles na publicidade. Na seqüência, Maria Elisa Albuquerque, professora do Mackenzie, expôs a pesquisa “Reality Show e a publicidade”. Suas idéias sugeriram que esse tipo de programa se tornou um novo lugar do merchandising no Brasil, o cenário ideal para a divulgação de marcas e produtos. Julia Stateri, mestranda em Comunicação pelo Mackenzie, apresentou parte de sua dissertação de mestrado – “Cinema e videogame: diferenças e possibilidades” – sobre semelhanças e diferenças entre duas mídias distintas que se cruzam com certa freqüência. O quinto projeto exposto foi o de Roberta Giannini, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, intitulado Uma análise das representações da cidade do Rio de Janeiro a partir do filme O Primeiro Dia. Em seu artigo, a autora estabeleceu um paralelismo entre o filme e a realidade; entre os personagens da ficção e os personagens da vida real. Ananda Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e Ricardo Matsuzawa, da Universidade Anhembi Morumbi, apresentaram “Experimentações sobre o cinema e o vídeo em Notas Sobre Roupas e Cidades”, que refletiu algumas características do trabalho do cineasta alemão Wim Wenders. No sétimo e último projeto, intitulado “A Fada Ignorante”, André Nóbrega, professor do Mackenzie, realizou uma interessante leitura da obra do diretor David Lynch a partir da análise do filme Twin Peaks - Os Últimos Dias de Laura Palmer. Nos quatro dias do evento, alunos e participantes em geral, tiveram excelente oportunidade de entrar em contato com os mais recentes estudos em comunicação, além de trocar conhecimento com renomados pesquisadores. A carioca Roberta Giannini, autora do quinto trabalho exposto, destacou três razões para a participação em congressos do porte do Intercom. “Primeiramente, para quem tem interesse em seguir carreira Sorria, isso é um assalto! O Grupo Assalto quebrou a formalidade do encontro invadindo mesa redonda com susto, poesias e críticas bem-humoradas Ana CAROLINA Pereira e Cecília Leite A apresentação do professor Mohammed Elhajii, no dia 9 de maio, que abordava o meio ambiente e a comunicação científica, foi interrompida por um grito que puxava a canção “Ah! Ah! Ah! Hoje é meu dia!”. Milton Petrella, 39 anos, graduado e Mestre em Comunicação Social pela USP, e Ana Paula Lobo, 27, sua esposa, invadiram cantando bem alto o auditório do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da UPM. Com a cara pintada de pasta d’água, a dupla assustou a platéia concentrada por alguns segundos e depois explicou que ambos eram do Grupo Assalto e que estavam ali para colocar todos em contato com um mundo de poesia e crítica bemhumorada ao país e aos costumes. Milton é o responsável pelas criativas poesias declamadas Acontece • Página 6 ao longo das curtas apresentações. Afirma que a cada apresentação surge inspiração para novos textos. O Grupo Assalto, após surpreender também alguns docentes na sala dos professores com suas divertidas apresentações, foi “perseguido” pelos seguranças, avisados que alguma coisa estranha estava acontecendo pelos andares do prédio da Piauí. A dupla entrou no prédio do CCL fingindo que iriam participar do evento e pegou a todos de surpresa. Apesar da boa reação dos alunos, nem todos gostaram da idéia de ter a palestra interrompida pelo grupo. Na opinião do palestrante Mohammed ElHajii, doutor em comunicação, apesar da situação fazer parte do mundo universitário, aquele não foi o momento mais oportuno e Foto: Cecília Leite coerente para o “assalto”. “Se tivesse que autorizar ou não, provavelmente não autorizaria. Mas, diante do fato, acho que faz parte de nossa experiência e capacidade de lidar com o diferente, o improvável, o imponderável”, afirmou Mohammed. Não é a primeira vez que o grupo “assalta” a Universidade. Da última vez que apareceram, duas semanas antes do Intercom, invadiram as aulas de Direito com o consentimento da faculdade. Criador e incentivador do grupo que existe há 15 anos, Milton Petrella conta que a idéia surgiu quando ele iniciou uma campanha para se eleger reitor da Universidade de São Paulo (USP), onde estudava Publicidade e Propaganda. Criou o personagem Comíssil, que se vestia como presidiário, e assim fez sucesso. “Depois de nos apresentarmos em uma palestra de Marilena Chauí, todos pensaram que era um assalto. Surgiu então a idéia do nome do grupo”, explica Milton. O grupo é formado também por sua esposa Ana Paula e estudantes voluntários. Quando ainda estudava na USP, ele morou com atores de reconhecimento nacional, como Luiz Miranda e Alessandra Negrini. “Nós três saíamos para ‘assaltar’ em bares, restaurantes e escolas da cidade pensando em ganhar dinheiro. E, por mais incrível que pareça, fomos melhor recebidos nos bairros mais nobres e em lugares mais ricos, onde encontramos celebridades e pessoas importantes”, revela. O reconhecimento pelo trabalho rendeu ao grupo entrevista no programa do Jô Soares e um link ao vivo no Fantástico. Até Maurício Kubrusly “assaltou” junto com eles. A repercussão do grupo é tão grande que existem outros que clonaram a idéia do assalto. “Quando estou viajando para fora de São Paulo, alguns grupos chegam até a usar o mesmo nome e ai quando volto, dizem que isso não aconteceu”, afirma Milton, que por essas e outras razões é totalmente contra a pirataria. Em 15 anos “assaltaram” mais de 90% das universidades públicas do país, fazendo críticas às poucas opções de atividades Integrantes do Grupo Assalto interrompem palestra com bom humor culturais nas instituições superiores de ensino, assim como às pessoas que não praticam atividade cultural, pois se preocupam mais com a roupa que irão vestir do que com um livro. Na invasão ao Intercom, deixaram transparecer que são contra a violência cafona e musical, que o funk financia o crime e o forró lucra em cima do apelo sexual. Milton garante que a proposta de levar cultura aos alunos está acima de qualquer ambição. Mais informações pelo site www.grupoassalto.com.br. Pioneirismo mackenzista A vanguarda da Universidade no Second Life e nos estudos sobre TV digital foi tema de estudo de caso GABRIELLE AMORIM E MARÍLIA MEDRADO N o terceiro dia da Intercom Sudeste 2008, na tarde de sexta-feira, ocorreu uma apresentação especial - um estudo de caso, conforme definiu a programação da Intercom - para discutir as relações entre o Second Life e a TV digital tendo em vistas as experiências realizadas no Mackenzie. Para a ocasião, participaram José Augusto Pereira de Brito, gerente de informática da Universidade, Agenor Braga Nascimento, gerente do Centro de Rádio e TV (CRT), e Daniel de Thomaz, coordenador geral da TV Mackenzie. O Second Life integra a 3º geração da Internet, a da comunicação colaborativa, também chamada de web 2.0. O Mackenzie foi uma das primeiras instituições educacionais a fazer desse ambiente virtual um espaço de comu- Acontece • Página 7 nicação e aprendizado. No nível institucional, a universidade é pioneira quanto ao novo modo de fazer marketing e de comunicação com os públicos. No nível educacional, o Second Life é um ambiente multidisciplinar, no qual as áreas de engenharia, arquitetura e de comunicação se encontram. Além disso, o Moodle, um sistema híbrido que usa o princípio de código aberto, já faz parte do cotidiano da Universidade. “Esse é o futuro da educação à distância”, afirmou Brito. O uso da ferramenta Moodle passa a ser obrigatório para todos os professores do Mackenzie a partir de agosto de 2008, ferramenta está que irá auxiliar no aprendizado, aproximando alunos e professores e completando a formação. As possibilidades nesse novo mundo da colaboração em tempo real são infinitas. A in- terface interativa permite simulações, modelagens e ainda a possibilidade de teletransporte para qualquer outro lugar. Por meio do Second Life, é possível que o avatar, forma virtual em três dimensões do usuário (uma espécie de representação no mundo virtual da pessoa que joga/utiliza o programa), inscreva-se no vestibular da Universidade e consulte o guia profissional da instituição. Ou seja, o candidato pode fazer sua inscrição no vestibular do Mackenzie sem sair de casa. Outro assunto também tratado no encontro foi a TV digital. A nova tecnologia livra a imagem em alta definição de ruídos e interferências e a acessibilidade também é maior. A questão chave, no entanto, é a interatividade, que ainda hoje não pode ser experimentada tal qual num computador ou outras mídias digitais marcadas pela interatividade. O Mackenzie, por meio de seus pesquisadores, ajudou o governo brasileiro a optar pelo padrão japonês de TV digital, chamado ISTB. O trabalho desenvolvido pela instituição saiu em campo para estudar o modo de transmissão entre sinais americano, europeu e japonês. O novo modo de transmissão depois de cinco meses de vigência é para poucos. Até hoje só foram vendidos 50 mil setupboxes, aparelho que converte o sinal analógico para digital. A necessidade de investimentos na aquisição do dispositivo e de novos televisores desestimula os consumidores a aderirem à nova tecnologia. Do lado de quem vende, a alta carga tributária e os royalties comprometem a difusão dessa tecnologia. Segundo Thomaz, “a produção em high definition equivale ao parque tecnológico de um cinema”. Com o desconhecimento da TV digital, cogita-se a possibilidade de relançar o sistema. No final, os professores traçaram um paralelo entre o Second Life e a TV digital. A ausência de infra-estrutura para suportar essas tecnologias, como computadores potentes e televisores de alta definição, prejudicam a expansão desses novos meios. Comunicação audiovisual rende bom debate Discussão sobre rádios comunitárias e a transmissão dos Jogos Pan-americanos porweb-rádio foram os destaques de GT Bruna de Araújo E Paulo Geroldo N o último dia 9 de maio foram apresentados trabalhos sobre comunicação audiovisual em uma das mesas do evento. Estudantes de jornalismo, juntos a seus orientadores, divulgaram suas pesquisas em quatro áreas diferentes da comunicação: rádios comunitárias, TV Brasil, cobertura esportiva através de web-rádio e o projeto Grindhouse, de Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, cineastas independentes norteamericanos. A primeira apresentação ficou por conta da estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Mariana Zibordi e sua orientadora, a professora Claudia Regina Lahni. O foco principal do trabalho era a atuação das rádios comunitárias de Juiz de Fora. Mariana avaliou três rádios comunitárias da zona leste da cidade e constatou que uma delas, a Rádio Life FM, não cumpria os requisitos exigidos para ser comunitária. Na verdade, trata-se de uma rádio estritamente evangélica. “A maior parte da programação é música gospel. Há apenas um programa ao meio-dia, destinado à pregação religiosa e um programa ao vivo nos sábados, destinado aos jovens. E a comunidade só participa quando há eventos e doação de brindes”, falou Mariana. “Além disso, ela ocupa o espaço de outra rádio, a Mega FM, que representa uma autêntica rádio comunitária e hoje está impedida de exercer suas atividades pelas limitações de freqüência, pois duas emissoras comunitárias não podem cobrir a mesma região da cidade”, conclui. A concessão para a Rádio Life FM se deu por questões políticas, conforme relatou a estudante. “O diretor da rádio, André Mariano, é filho do pastor Mariano, vereador em Juiz de Fora pelo PSDB, e a concessão foi feita no final do governo de Fernando Henrique Cardoso, que era do mesmo partido”. O segundo trabalho da tarde foi defendido pela estudante Acontece • Página 8 da Universidade Federal do Rio de Janeiro Thaís de Paiva. Seu tema era a TV Brasil, recéminaugurada no Rio de Janeiro e já vivendo uma crise de identidade. Ela levantou algumas diferenças entre o conceito de TV pública e TV estatal, como formas de financiamento e participação popular na programação, e citou como exemplo de TV pública a BBC de Londres. Analisando esses conceitos, a estudante estabeleceu certos requisitos básicos para uma TV pública: “Uma TV pública deve ser um lugar para diálogo, de acesso universal, pois todos têm direito à informação. A TV deveria ter programação com foco cultural e não apenas comercial e, o mais importante, deve ser autônoma em relação ao governo e ao mercado”, explicou. “Eu vejo a TV Brasil ainda como um adolescente, cuja mãe quer que seja médico e o pai quer que seja advogado, há forças conflitantes e a TV ainda não assumiu sua identidade. Mas isso, repito, é apenas na minha concepção”, concluiu. Na terceira discussão da E sua aceitação pela crítica ainda não pode ser avaliada, mas uma coisa pode-se ter certeza: não são filmes menores. “Pelo orçamento, com certeza não é um filme B. Agora cult, ainda não dá para saber, às vezes a crítica demora a definir se um filme é cult ou não”, afirma Renato. Tão desnecessário assim? Poucos alunos e congressistas estiveram presentes em GT sobre as Teorias de Comunicação no Intercom derick ribeiro e diego benine R eferente a uma disciplina tão importante na formação crítica do jornalista e fundamental para a pesquisa acadêmica na área de comunicação, o GT (Grupo Temático) sobre Teorias da Comunicação, integrante do bloco de palestras do INOVCOM, não recebeu a merecida atenção por parte de participantes e alunos do Mackenzie: pouco mais de meia dúzia de interessados compareceram e participaram das fervorosas discussões realizadas pelos professores a respeito dos trabalhos expostos. As apresentações foram bastante dinâmicas e concisas quanto à argumentação. Os temas, além de se inter-relacionarem, foram todos muito originais. Um exemplo é o trabalho “Percepções e desconstruções na cidade do Robocop”, de Eduardo Milani, Nora Rosa Rabinovich e Sílvia Cristina Martins – todos da Universidade Presbiteriana Mackenzie –, que basicamente sinalizou a desconfiguração da identidade por conta das alterações da paisagem urbana. A mediadora e professora do Mackzenzie Cláudia Bredarioli ressaltouaqualidadedasexposições, mas fez uma crítica quanto à temática de algumas delas. “A maioria das apresentações foi boa. Entretanto, algumas não tinham a ver com a proposta previamente estabelecida”, salientou. Dentre as pesquisas apresentadas, o maior destaque foi “O ponto de vista semiótico dos meios”, apresentada pela doutora Regiane Nakagawa, da PUC-SP. Regiane revisitou os estudos do intelectual Marshall McLuhan e defendeu uma interpretação mais aprofundada dos mesmos. Os poucos estudantes que compareceram apreciaram o conteúdo das palestras. A estudante de jornalismo Thalita Soares Dionísio, 20 anos, veio de Votuporanga (interior de São Paulo) para prestigiar o evento. Para ela, o bloco de Teorias da Comunicação foi bastante construtivo. “A nossa realidade é muito diferente. Todos os assuntos foram muito interessantes e nos acrescentaram muito”, comentou. Foto: Derick Almeida tarde, o jornalista recém-formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) Daniel Gomes, com a ajuda de seu colega Willian Douglas de Almeida, mostrou como é possível realizar uma transmissão de eventos esportivos por meio de uma web-rádio. O evento em questão foram os Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro. Para fazer tal trabalho, a pesquisa se iniciou em junho de 2006, com todas as modalidades do Pan, os principais atletas de cada país, regras e curiosidades de cada esporte. Além disso, montaram boletins explicativos sobre esportes pouco populares para dar aos ouvintes maiores informações, e fazer com que se interessassem pela modalidade em questão. Outro ponto de destaque foi a emoção dada pelos locutores na transmissão dos esportes, sendo que alguns deles não permitem uma narração mais acalorada, devido à concentração dos atletas. Ao colocar o áudio da final do Tênis de Mesa, os presentes na sala vibraram como se o jogo estivesse ocorrendo naquele momento. O trabalho final foi tão elogiado que seu orientador, o professor Dino Magnoni, comentou: “A banca de TGI que avaliou os meninos disse que eles fizeram em dois aquilo que a rádio da faculdade faz com uma equipe imensa”. Fechando a apresentação, o estudante Renato Bressan, da UFJF, debateu sobre o cinema chamado cult e os chamados filmes B. Considera o orçamento dessas produções como fator principal dessa classificação e traz novamente essa discussão a partir do projeto lançado por Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, intitulado Grindhouse. Tarantino e Rodriguez tentaram retomar o clima vivido no cinema da década de 60, quando eram exibidas sessões duplas com superproduções e filmes menores, produzidos com orçamento mais baixo. O público americano não se empolgou a princípio com o projeto, de dois filmes diferentes apresentados numa mesma sessão (no Brasil, os filmes foram lançados de forma separada), de acordo com Renato. GT teve uma das menores audiências do evento Acontece • Página 9 Mackenzie deixa boa imagem com organização mayara monteiro A Foto: Divulgação Segundo o professor Zeca Marques, responsável pela organização do Intercom no Mackenzie, evento deixou boa impressão em termos de organização, mas ficou a desejar quanto ao interesse geral de alunos e professores participantes. Ao chegar ao prédio da rua Piauí, congressistas e ouvintes eram recebidos por uma equipe de voluntários, formada majoritariamente por alunas do curso de Jornalismo da universidade. Segundo Zeca, a receptividade era uma das metas. “A grande preocupação era que congressistas e visitantes tivessem uma boa imagem do Mackenzie. Acho que isso conseguimos alcançar”, adianta ele. “Somente em uma das palestras um convidado não pôde participar, mas não houve prejuízo aos congressistas”, ressaltou. A partir da ementa de cada modalidade e do regulamento da Expocom, a função dos professores que se apresentaram Foto: Marcos Garcia pós 3 dias de atividades entre discussões, apresentações de pesquisas e debates, a Sociedade de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Intercom, encerrou Zeca: “Cumprimos nosso dever” mais um congresso. O evento Os cursos que participaram do tratou de um tema bastante concurso foram: Audiovisual, urgente na mídia atualmente – a Jornalismo, Publicidade e relação da comunicação com a Propaganda, Relações Públicas ecologia, foco das mesas redondas e áreas emergentes. No total, e conferências. Enquanto isso, a houve 328 trabalhos inscritos de comunicação em geral foi o foco 52 instituições de ensino superior de pesquisas do INICIACOM, diferentes em 47 modalidades. Jornada de Iniciação Científica na Zeca acredita que o Comunicação, e do INOVCOM, Mackenzie cumpriu com seu dever destinada ao potencial inovativo ou e apresentou aos alunos um alternativas comunicacionais pouco da responsabilidade de pesquisadores que já do ser jornalista nos dias de obtivessem algum título de hoje, que cresce a cada dia graduação, mestrado ou junto com a importância do doutorado. Além disso, como debate público de questões sede do evento, o CCL, através cruciais que assolam o de seus professores, ofereceu planeta. “Nosso papel é fazer oficinas em diversas áreas aos o que temos feito. Colocar interessados. em discussão os assuntos que Foi a primeira vez que são polêmicos e flagrantes. o CCL recebeu um congresso O aluno não deve se omitir desse porte e formato. O diante dessas questões que evento proporcionou interesse dos alunos e do corpo docente, Receptividade e organização marcaram evento envolvem interesse público, e o jornalista especialmente, pois porém não de acordo com as faz parte da profissão”, afirmou. expectativas, informa o professor A responsabilidade traz do CCL José Carlos Marques, mais como jurados nas palestras era conhecido como Zeca, responsável analisar os trabalhos inscritos em impresso em si um dever ético, e a pela organização e realização do cada modalidade e escolher os área da comunicação, hoje, é foco evento dentro da unidade. No melhores. Os trabalhos vencedores de debates quando se pensa na idéia entanto, em termos de organização, representarão a região Sudeste de interesses privados tolhendo o no Congresso Nacional 2008, a interesse público. “Está no genoma foi muito bem realizado. “Acho que esse tenha sido ser realizado na Universidade do jornalista ser ético e responsável o primeiro grande estímulo para Federal do Rio Grande do Norte, com o que está relacionado ao que as pessoas acordassem para em Natal. Da UPM, tivemos dez serviço público. Por mais que seja a importância de participar dos trabalhos inscritos, mas somente difícil, desde a primeira vez que eventos. Esperamos que no próximo um vencedor: Carlos Alberto se pisa numa redação ou empresa ano, quando o congresso regional Santos Araújo Filho, formando em de comunicação, o jornalista tem será realizado no Rio de Janeiro, Jornalismo, inscrito na modalidade que ter esse compromisso. Os possamos ter uma participação Produto Opinativo com a crônica alunos devem desde já adquirir a maior no Expocom e mesmo Inversão Térmica (leia texto nas ética como princípio básico, não só na área da comunicação mas nos outros eventos, Inovcom e páginas seguintes). De acordo com as em qualquer e toda área”, ratificou Iniciacom, que só concorrem à universidades finalistas, oito delas Zeca, trazendo à tona um dever etapa nacional”, afirmou Zeca. O Mackenzie fez de receberam três ou mais premiações. profissional que anda esquecido na tudo para bem receber os As outras treze, um ou dois prêmios. grande mídia ultimamente. Acontece • Página 10 Unesp e Metodista polarizam premiações Na sessão de encerramento, foram divulgados os premiados do Expocom. Unesp e Metodista saíram como as grandes vencedoras; Mackenzie levou apenas um marcela manNocci N a manhã do sábado 10 de maio, foi oficialmente encerrado o Intercom Sudeste. Com quase uma hora de atraso, a cerimônia foi marcada pela divulgação dos melhores trabalhos de pesquisa inscritos por alunos de graduação. Eles serão expostos no Expocom durante o Congresso da Intercom Nacional, que será realizado em Natal, no Rio Grande do Norte, no próximo mês de setembro. O evento, que aconteceu na Escola Americana, dentro do campus, premiou mais de cinqüenta trabalhos, divididos em cinco modalidades: Audiovisual, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Áreas Emergentes. A sessão contou com as participações do presidente da Intercom, Prof. Dr. José Marques de Melo, e do coordenador geral de pesquisa experimental do Mackenzie, Prof. José Carlos Marques. Além deles, uma participação especial de Ivana Bentes, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que apresentou slides mostrando a estrutura da universidade nos cursos de Comunicação e Audiovisual. Dos quatro estados do Sudeste, o que teve maior número de participantes na Expocom foi Minas Gerais. Entre as faculdades premiadas, destaque para a Universidade Estadual Paulista (Unesp), cujo campus de Comunicação fica em Bauru, e a Universidade Metodista de São Paulo. Dentre os trabalhos apresentados, estiveram presentes alunos do próprio Mackenzie, que levou um prêmio, Cásper Líbero, PUC/Campinas e ESPM, entre outras. A cerimônia não contou com a presença de muitos concorrentes, mas teve a distribuição de “valesdiplomas”, pois, como confessou o professor do CCL Marcelo Lopes na ocasião, que distribuiu os vales ao lado do coordenador do curso de Jornalismo do Mackenzie, professor Vanderlei Dias de Souza, por conta de um problema de impressão os diplomas originais não ficaram prontos e, assim, não podiam ser entregues. Todos ficaram avisados que receberiam em breve pelo correio o devido certificado. E se começou atrasada a cerimônia, ela acabou antes do previsto, que era 13h. Ao meio-dia todos já deixavam o recinto para almoçar e voltar para suas casas. Para 2009, a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação já definiu a próxima sede: o Rio de Janeiro. Porém, a universidade e a data do evento ainda não foram divulgadas. Os assuntos a serem debatidos serão: “Comunicação, Educação e Cultura na era Digital”. Inversão térmica Abaixo você lerá a crônica vencedora do Expocom escrita pelo então aluno Carlos Roberto Santos Araújo Filho, formado em Jornalismo no primeiro semestre de 2008 na Universidade Presbiteriana Mackenzie carlos roberto santos araújo filho O retorno não tinha me feito bem. Logo quando estava me acostumando com a língua espanhola e com o frio (ao contrário do paulista, sem inversões térmicas prejudiciais). Mas a verdade era que eu não podia me dar ao luxo de ficar reclamando da minha volta. O mundo não tinha parado em razão da viagem, muito menos as aulas. Elas me levaram para lá (devido à disciplina de Jornalismo Internacional) e elas me traziam de volta (certo, a falta do dinheiro também). Sabia que ao regressar eu seria bombardeado pelo inevitável interrogatório sobre tudo acerca dessa pequena temporada fora: a ida, o avião na partida, a hospedagem, quem tinha conhecido, las chicas, os lugares, como tinha sido cada um dos cinco dias, a temperatura, a rivalidade, o que eu tinha trazido, comido e bebido, como tinha dormido, as festas, o avião na volta, as fotos e os vídeos etc. Mas não estava a fim de papo nem de sentimentalismo. Por sinal, não comprara lembranças da Argentina. Apenas uns livros, só que para eu ler e praticar o espanhol. Bem, na verdade, para aprendê-lo. Eis que, ao tirar as roupas da mala, encontro uma nota de dois pesos no bolso de uma calça. Mas como? Logo eu, tão atencioso com as minhas coisas, a não perder Acontece • Página 11 objeto algum e a nunca me esquecer de nada. Eu me lembro do dia em que fui trocar o dinheiro na casa de câmbio. Fiz até o cretino comentário: “Sinto-me jogando Banco Imobiliário”. Mas, nesse dia, eles só me distribuíram notas grandes, por isso sei que viestes de Buenos Aires; porém, mesmo que tivesses vindo daqui, isso não representa que estivesses em paz; muito pelo contrário, a escuridão da máquina registradora e o amontoado de notas de dois pesos em cima de ti estão longe de representar o sossego agora conquistado, no calor brasileiro. Logo em seguida me recordo da Argentina, de como esse dinheiro saía fácil para uma garrafa de Coca-Cola aqui, para uma festa ali, para um táxi acolá. Porém, logo me lembro dos últimos dias, talvez o último, em que comecei a pensar seriamente no dinheiro, nas despesas do albergue, do táxi etc. Recordo-me do aeroporto, em que eu tentava me livrar desse dinheiro, que não adiantava mais para nada, afinal voltaria para o Brasil. O fato é que apenas a sensação de estar em um país estrangeiro te dá uma liberdade e, por outro lado, uma obrigação de usufruir qualquer quantia com as mais simples frivolidades. Por fim, a minha memória se preenche com as imagens slapsticks dos meus colegas, no Free Shop, comprando, em cima da hora e com as consciências relativamente pesadas, as lembranças para suas namoradas, amigas e pais (nessa ordem). Mas eu, não. Tu tivestes o “insight” em uma noite em que eu me embebedava. Então, te escondestes na minha calça, provavelmente te amassastes para que eu não me livrasse de ti. Porque lá não tens personalidade. Lá, não tens lar, passas de mão em mão, mas estás sempre sozinha. Aqui tu serás especial; tão quanto um livro de Julio Cortázar ou Adolfo Bioy Casares. Poderás descansar. Aqui tu não tens outro valor, mas é isso o que desejas. Se eu conhecesse alguém que fosse para a Argentina, eu poderia te dar ou te trocar. Lá tu voltarias a exercer tua função. Mas quisestes vir para o Brasil, descansar um pouco, ou definitivamente. Tu não sabes o quão triste eu fico em te ver: talvez reflitas a minha sensibilidade em descenso (às vezes profundo, às vezes “controlado”), que temo estar se transformando em cinismo. Poderias ser uma foto do Carlos Gardel, um broche do Maradona, um chaveiro do Che. A lembrança que eu não comprei para alguém, nem para mim mesmo. Embora eu tenha levado uma quantia consideravelmente boa para a Argentina, a culpa agora cai toda em cima de ti. Estou com fome, tu poderias ser o croissant da padaria aqui do lado. Um mendigo toca a campainha, poderias ser a esmola dele. Mas não és nada disso, te escondestes na minha calça querendo fugir das tuas obrigações, ser um bon vivant. Porque aqui ninguém te enche, não tens afazeres. Eu não quero me ater a lembranças, mas tu sabes que eu não vou te rasgar, nem te doar. Desde criança, meus pais me falam algo que eu levo a sério: não desprezar nenhum centavo, não jogar fora nenhum dinheiro (podese até gastar com porcarias, mas jogar fora ou rasgar, nem pensar!). Embora transfigurada aqui, ainda continuas pertencente à tua espécie de origem. Eu ainda pretendo voltar para a Argentina dentro de alguns anos, mas talvez quando eu voltar a moeda não seja mais a mesma. Deixo a janela do meu quarto aberta, com a leve esperança de que a tarde te sugue. Mas os ventos são modorrentos, fracos e contrários. No máximo eles te derrubariam no chão. Sim! Tu cais no chão e a empregada, quando vier arrumar o meu quarto, te varrerá, pois ela nunca presta atenção no que limpa; se está no chão, é lixo (inclusive os boletos, anotações etc.). Claro que eu fingiria raiva (e talvez chegasse a senti-la no momento), ou preocupação quanto ao teu futuro, mas logo ficaria aliviado. Mas tu te equilibras bem. Como não estarias tão bem fisicamente, já que planejastes a tua vinda para cá, soube se esconder bem, passou pela alfândega e só pôde se libertar quando não ouviu mais ninguém falando espanhol e quando ouviu o piloto anunciar “preparar para o pouso” (nesse momento, devestes ter te prendido ao cinto da minha calça), dando assim a certezado sucesso da tua aventura? Visto isso, é lógico que não te importarias em passear na minha carteira, conhecer a cidade, como algumas notas de dólar que vagam na carteira de outras pessoas. Mas eu te deixo em casa, não te coloco em uma moldura, evito te dar tamanho moral. Deixote ali, em cima da mesa do meu quarto, e pronto. Tu sabes que quando minha mãe te conhecer, ela te tratará muito bem, com carinho, para toda a vida; sim, minha mãe é dessas mulheres com o dom de transformar simples gestos e objetos em relíquias preciosas. Serás apresentada a outras partes Acontece • Página 12 e fases da minha vida, como meu dente, mechas do meu cabelo (quando eu ainda era loiro), roupas, talvez até as fotos. Tu, que não tens nada de humano, consegues te intrometer e te introduzir no meu passado. Tu, que fugistes pelo bolso da minha calça. Tu, que poderias ter sido o meu complemento em uma entrada de cinema. Talvez tu estejas te perguntando onde estarias agora (se não estiveres, eu questiono por ti). Na caixa de um supermercado? No bolso de alguma senhora? Sendo trocada neste exato instante? Tu nunca saberás. Hoje tu estás em cima da minha mesa e é apenas isso que importa. Dependendo da situação, tu te camuflas como te convém. Se eu fosse criança, não te importarias em te fazer de brinquedo. Eu desenharia um bigode no teu rosto carrancudo e os teus lábios esbanjariam um sorriso; tu és o verdadeiro reverso da Mona Lisa. Como estou precisando de um marcador para o livro, percebo que tu te ofereces de maneira desajeitada (nesse momento, confesso sentir um pouco de compaixão), mas eu finjo não te notar. Eu me pergunto: “Será que vale a pena tanto risco e sacrifício? Se esconder no meu bolso como alguém que se esconde no fundo de um navio”. Tinhas a ilusão de que aqui conseguirias te tornar real? (passei o texto todo evitando fazer esse trocadilho, mas acabo de me notar em um culde-sac). Já que conviveremos, mesmo que indiretamente, talvez eu pudesse te infernizar, ser sádico contigo, para que te arrependas. O sossego que imaginavas se mostraria uma quimera. Levar-te-ia para uma casa de câmbio, fingiria ir te trocar. Trocar-te-ia por quanto? Três reais? Menos, provavelmente. Dois e alguns quebrados? Com certeza a mulher que me atendesse riria de mim, e eu ficaria sem graça. O meu jogo chegaria ao fim. Percebo a razão do meu descaso, ou desprezo, para contigo: não queria ter voltado tão cedo da Argentina e tu representas justamente o oposto. Tenho raiva de ti por teres quebrado o meu encanto, o único, ou o mais belo e, com certeza, o mais concreto depois de algum tempo.