ALTO DA BOA VISTA
A LINHA DE BONDE
MAIS BONITA
DO MUNDO.
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Rio de Janeiro, Brasil
A Linha de Bonde Alto da Boa Vista
poderia ser mesmo a mais bonita, caso ainda estivesse em
funcionamento. O mundo é abundante em lindas linhas de
bonde, incluindo a Linha de Sta. Teresa e a Linha do
Corcovado, as quais ainda funcionam no Rio hoje.
A linha do Alto da Boa Vista desapareceu,
mas ainda é lembrada por sua beleza e
importância histórica. Foi o primeiro trilho
elétrico construído na América Latina e
um dos últimos a fechar.
Desde os anos sessenta do século XIX, tentativas foram feitas
de subir as montanhas e morros ao redor do Rio de Janeiro,
através linhas de bondes, teleféricos e outros transportes do
gênero. Em 1870 uma linha de trem a vapor foi proposta, a
partir do encerramento de uma linha de bonde puxado por
cavalos na Tijuca (a qual foi a primeira linha de bonde do Brasil,
inaugurada em 1859) para um parque chamado Alto da Boa
Vista, a 385 metros de altitude.
Ela não foi construída, mas em 1890, outra companhia
assegurou o direito de construir uma linha elétrica ao longo da
mesma trilha e construiu sua usina sobre um pequeno rio no
final da Rua Conde de Bonfim. Hoje a usina não existe mais,
mas essa parte do Rio ainda é chamada de Usina. A foto abaixo
mostra a "usina" por volta de 1892. Note o bonde. (col. AM)
A Companhia Estrada de Ferro da Tijuca instalou os trilhos e cabos elétricos ao longo da
sinuosa rota da Usina até o Alto da Boa Vista e encomendou 12 bondes da John Stephenson
Company em Nova Iorque, os quais chegaram no Rio em 1891. Mas o dinheiro começou a
faltar para a CEFT, que encontrou problemas de engenharia nos níveis íngremes, e parou a
construção por sete anos. A fotografia acima foi tirada quando a linha finalmente começou a
operar em 1898. (col. A.Spinelli)
Fotografia de outro bonde Stephenson, similar ao modelo que os novaiorquinos
construíram, ao mesmo tempo, para a companhia de bondes do Jardim Botânico do
Rio, que começou a construção mais tarde, mas inaugurou em 1892. Foi a primeira,
no continente, a operar uma linha elétrica. Note a inscrição "COMPANHIA E. DE F.
DA TIJUCA" no painel traseiro. (col. A. Spinelli)
Uma rara visão do bonde Stephenson no topo da montanha, junto ao terminal do
Alto da Boa Vista, em torno de 1905. Hoje, esse ponto é chamado de Praça Afonso
Viseu. Em 1903, a CEFT foi vendida para a companhia de bondes São Cristóvão,
que pintou os carros de amarelo. (cartão postal, col. AM)
Subir a montanha de bonde aberto para o clima mais ameno do Alto da Boa Vista
foi um dos passatempos prediletos dos cariocas e turistas que visitaram o Rio de
Janeiro nos sessenta anos seguintes. Um bonde de oito rodas aguarda em um trilho
secundário em 1957. Bonde 1794 opera hoje na linha Main Street Trolley em
Memphis, Tennessee. (W.C. Janssen)
Por volta de 1960, a maioria das linhas de bonde do Rio havia acabado. Para celebrar o 400º
aniversário da cidade, em 1965, a Companhia de Transportes Coletivos, um novo
departamento estadual, remodelou dez bondes abertos, transformando-os em modelos
aerodinâmicos fechados, numerados de 01-10, para serviço especial na linha do Alto da Boa
Vista, esperando com isso atrair mais turistas. Os veículos possuíam uma frente apenas e só
podiam ser conduzidos em uma direção, tornando necessário a construção de pontos de
retorno. Carro 06 aproxima-se da Usina, em junho de 1965.
(Essa e as próximas cinco fotos coloridas foram tiradas entre 13 e 17 de junho de 1965,
pelo fã de bondes Foster M. Palmer, de Massachusetts.)
Da Usina a linha de bonde iniciava sua espetacular subida ao longo da Avenida
Edison Passos (antiga Avenida Tijuca) e a Estrada Velha da Tijuca (a rota original).
Os 5 km de linha eram formados inteiramente por uma linha principal com
secundárias. Um Fusca ultrapassa o 01 numa curva. (Foster M. Palmer)
Cada vez mais alto, os trilhos alcançam as Montanhas Cariocas.
Havia muitos trechos íngremes e várias curvas em sinuosas. O Carro 05 já estava
se afastando da câmera. (Foster M. Palmer)
Porque todas as
rodovias de montanha
não podem ser assim?
Bonde 03.
(Foster M. Palmer)
Mais ou menos na metade do
caminho de subida, a Estrada
Velha da Tijuca se
transformava em Rua Muçu.
Provavelmente o caminho
inteiro se parecia com esse,
quando primeiramente
foi construído.
Carro 05.
(Foster M. Palmer)
O terminal do Alto da
Boa Vista em 1965. O
novo retorno da linha de
bonde era na Rua Boa
Vista, na altura da
Estrada do Açude, vários
quarteirões além do
terminal original de
1891. (Foster M. Palmer)
A linha de bonde do Alto da Boa Vista foi
danificada por uma tempestade em
janeiro de 1966 e fechada por quatro
meses. Devido a outras garagens de
bondes na cidade terem sido fechadas,
uma nova garagem para os carros do ABV
foi construída atrás do retorno mostrado
na última foto e a linha foi reaberta na
sua forma final no dia de Natal de 1966.
Os bondes percorriam somente o trecho da
Usina, subindo até o Alto da Boa Vista - uma
linha de bonde isolada e independente na
zona norte - exatamente o que a E. de F. da
Tijuca havia estabelecido em 1891!
Uma outra tempestade em janeiro de 1967,
fechou a linha de novo. Foi reaberta em março,
se manteve a duros custos com apenas dois
carros por vários meses, fechou, reabriu,
funcionou intermitentemente e, finalmente, foi
declarada permanentemente abandonada em
21 de dezembro de 1967.
Os ônibus faziam a mesma rota e para
outros bairros; os turistas resistiam à longa
viagem de ônibus para a Usina para desfrutar
do prazer de um bonde, que podia não estar
funcionando. Além do mais, queriam fazer
uma viagem em um bonde aberto e não
em um fechado.
Em janeiro de 1968, os trilhos ao longo da rota
foram removidos e os bondes destruídos. Esta
foi a última linha de bonde padrão no Rio de
Janeiro. A linha estreita (1100 mm) da Linha
Santa Teresa funciona até hoje na cidade do
Rio de Janeiro.
Criação e Formatação:
Ana Maria Antoun
Texto: Allen Morrison
(ilustrações de sua coleção)
Tradução: Alexandre Prates
Música: WINDMILLS OF YOUR MIND
(de Michel Legrand) Henry Mancini
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Bonde Alto da Boa Vista