Cap. 1. Tensores cartesianos, cálculo tensorial 1. Quantidades físicas 1.1 Tipos das quantidades físicas 1.2 Descrição matemática dos tensores 1.3 Definição dos tensores 2. Álgebra tensorial 3. Tensores cartesianos em 2D simétricos 3.1 Derivação da lei de transformação para vectores 3.2 Lei de transformação para tensores de segunda ordem 3.3 Valores próprios 3.4 Circunferência de Mohr 3.4.1 Convenções e consequências 3.4.2 Determinação dos valores e das direcções principais 3.4.3 Determinação das componentes para uma rotação arbitrária 3.4.4 Determinação do referencial ligado a componentes especificadas 3.5 Verificações dos valores principais 3.6 Determinação das componentes sabendo valores em 3 direcções 4. Tensores cartesianos em 3D simétricos 4.1 Valores e vectores próprios ou valores e direcções principais 4.2 Determinação e propriedades 4.3 Casos particulares 4.4 Valores extremos fora da diagonal 4.5 O tensor de inércia 5. Análise tensorial 1 1. Quantidades físicas 1.1 Tipos das quantidades físicas Nas aplicações das disciplinas de mecânica é importante determinar o tipo de grandeza de cada quantidade física introduzida. Esta separação permite saber o número de dados necessários a uma descrição completa desta quantidade, e as regras de cálculo a que está sujeita. Todas as quantidades físicas classificam-se em grandezas escalares, vectoriais, tensoriais de segunda ordem, tensoriais de terceira ordem, etc. Para uniformizar esta designação, os escalares chamam-se também tensores de ordem zero e os vectores, tensores de primeira ordem. Uma grandeza escalar (um escalar) exige para a sua descrição apenas um único dado/número. Os exemplos das quantidades físicas de grandeza escalar são: massa, densidade, tempo, trabalho mecânico, energia, etc. Uma grandeza vectorial (um vector) é plenamente determinada pela sua direcção, sentido e intensidade, ou seja, pelos três dados, ligados à sua representação geométrica. Consequentemente, um vector costuma-se representar por uma seta. Os exemplos das quantidades físicas de grandeza vectorial são: força, binário, deslocamento, ângulo de rotação, velocidade, velocidade angular, aceleração, aceleração angular, etc. Na matemática, um vector considera-se como vector livre, ou seja, o seu ponto de aplicação não representa um dado necessário e assim a sua representação não é única. Na figura abaixo, todas as setas representam um único vector livre em várias representações geométricas, porque as setas têm a mesma direcção, sentido e intensidade. Por exemplo, a um binário pode-se associar um vector livre. No entanto, o significado físico de alguns vectores exige uma definição mais pormenorizada. Por exemplo, o vector da força considera-se idêntico, quando o seu efeito a um certo objecto é igual. Assim, classificam-se além dos vectores livres, vectores deslizantes e vectores fixos (ou aplicados). Uma força nas disciplinas de estática ou de mecânica dos corpos rígidos, corresponde a um vector deslizante, ou seja, a um vector cujo dado adicional é a linha de acção (ou a recta de suporte) sobre a qual o vector pode livremente deslizar. As duas representações na figura abaixo, correspondem ao mesmo vector deslizante (fixo à sua linha de acção). 2 O vector fixo está ligado ao seu ponto de aplicação, e por isso poderá ter apenas uma única representação geométrica. Torna-se óbvio que na mecânica dos corpos deformáveis as forças são vectores fixos, porque o efeito sobre um corpo deformável é diferente quando o ponto de aplicação é diferente. Na figura abaixo, a linha tracejada corresponde a uma representação simplificada do possível efeito da força aplicada na forma de deformação. Outros vectores mencionados, deslocamento, velocidade ou aceleração, representam uma quantidade física directamente ligada a um certo ponto de um corpo, e podem ser assim considerados como vectores aplicados (fixos). Mas os vectores associados aos ângulos de rotação, à velocidade angular ou à aceleração angular, na dinâmica do corpo rígido, correspondem aos vectores livres. Os tensores de segunda ordem serão abordados nesta disciplina pela primeira vez e os exemplos são: a tensão e a deformação. Existem naturalmente tensores de ordem maior que têm significado físico. Os que serão introduzidos nesta disciplina, são o tensor de rigidez e de flexibilidade, que são de quarta ordem. Os tensores de segunda ordem são generalizações de vectores, e para a sua determinação completa é preciso saber três vectores actuantes em três planos diferentes, não paralelos, que se intersectam no ponto de aplicação destes três vectores, ou seja nove dados. Dado que o nosso objectivo é transformar os problemas físicos em conceitos matemáticos para os podermos resolver, é preciso estabelecer as regras de descrição matemática dos tensores. 1.2 Descrição matemática dos tensores A descrição matemática dos tensores baseia-se em componentes. Para poder definir as componentes é preciso primeiro introduzir o espaço e o referencial. Nesta disciplina vamos trabalhar apenas no espaço de Euclides, também chamado espaço cartesiano. A palavra “cartesiano” já está ligada ao referencial introduzido. Vamos distinguir o espaço unidimensional (1D), que corresponde à recta de números reais, plano cartesiano ou espaço bidimensional (2D), que corresponde à lista ordenada (enupla) de 2 números reais, e espaço 3 tridimensional (3D), que corresponde à lista ordenada de 3 números reais. É possível estender esta definição no sentido matemático para a lista ordenada de m números reais, designada m . Uma fórmula simples e válida para definir o número de componentes necessárias para a descrição completa de tensores é: m n em que m corresponde a “ordem” do espaço e n a ordem do tensor. Por exemplo: um vector em 3 dimensões, tem 31 =3 componentes, etc. O já mencionado referencial cartesiano, será o único referencial utilizado nesta disciplina. O referencial cartesiano é definido pelos eixos coordenados, mutuamente perpendiculares. Cada eixo poderá ser definido pelo seu vector base unitário. No espaço cartesiano (de Euclides), a “unidade” tem o mesmo “comprimento” em todas as direcções dos eixos cartesianos. Nas aplicações convém uniformizar a utilização do referencial. Nesta disciplina será somente utilizado o referencial directo. O referencial directo é possível verificar pela regra da mão direita (regra de Fleming). Para esta verificação em 3D, basta rodar os dedos na direcção de x para y e o polegar indica o sentido positivo do eixo z. Em alternativa, é possível rodar os dedos de y para z , ou de z para x e o polegar indica o sentido positivo de x ou de y , respectivamente. A ordem dos eixos x , y e z nesta verificação tem sempre que corresponder a uma permutação positiva, que poderá ser obtida pela mudança cíclica de índices. Em 2D costumam-se introduzir eixos x e y de tal maneira que o eixo fictício z aponta contra o observador. Representações matemáticas e geométricas As componentes além da descrição matemática, ajudam igualmente na representação geométrica dos tensores. No caso de uma grandeza escalar, não faz sentido falar sobre representação geométrica. A descrição matemática exige apenas este único dado, que corresponde a um número real, ou seja, pertence ao conjunto . Grandeza escalar não se altera quando é medida por observadores em referenciais diferentes. A representação geométrica dos vectores mostra-se na figura abaixo: 4 A representação matemática dos vectores usa as componentes e a sua forma poderá ser vectorial ou matricial. Na forma vectorial pode-se usar a soma vectorial: F Fx Fy Fz Fx i Fy j Fz k Fx e1 Fy e2 Fz e3 Fx ex Fy e y Fz ez ou a forma em componentes: F Fx , Fy , Fz A descrição matricial usa por definição as componentes na forma de uma coluna Fx T F Fy Fx , Fy , Fz F z A representação matemática dos tensores de segunda ordem coloca as componentes na forma matricial, em duas dimensões, por exemplo: T T Txx yx Txy Tx Txy T11 T12 Tyy Tyx Ty T21 T22 e analogamente em 3D: Txx T Tyx Tzx Txy Tyy Tzy Txz Tx Txy Tyz Tyx Ty Tzz Tzx Tzy Txz T11 T12 T13 Tyz T21 T22 T23 Tz T31 T32 T33 A forma utilizada nesta cadeira corresponde à matriz no meio (na segunda posição). As componentes na diagonal principail chamam-se diagonais e as outras “fora da diagonal”. Igualmente irá ser utilizado o termo “componente normal” em vez de diagonal, e “componente tangencial” em vez de “fora da diagonal”. Estas designações já se referem ao significado físico, mas é possível implementá-las na parte de cálculo tensorial. A representação geométrica dos tensores de segunda ordem usa a definição mencionada na Secção 1.1: Cada tensor de segunda ordem é definido pelos 3 vectores referentes a (actuantes em) 3 planos distintos (não paralelos), que se intersectam no ponto de aplicação destes vectores, ou seja no ponto em que actua o tensor. Esta definição em 2D envolve 2 vectores e 2 planos. As componentes colocadas na forma matricial representam as componentes destes vectores quando os planos referidos correspondem aos planos coordenados. Assim, em 2D, as componentes Tx , Txy correspondem às componentes de um vector actuante no plano coordenado cuja normal corresponde ao eixo x e as componentes Ty , Tyx correspondem às componentes de um vector actuante no plano coordenado cuja normal corresponde ao eixo y . 5 Torna-se útil introduzir termo faceta e a normal à faceta. A faceta corresponde a uma recta (“um corte”, uma superfície) e a normal é um vector perpendicular à faceta. Vamos usar a designação seguinte: a faceta de x será a faceta cuja normal corresponde ao eixo coordenado x , e analogamente para as outras direcções. Por convenção a normal à faceta é exterior, o que significa que o lado em que se representa a actuação das componentes chamase exterior e o outro interior. Estes termos serão mais claros nos capítulos seguintes, onde se vai considerar um corpo e a faceta vai representar um corte neste corpo que o separa. O “exterior” depois representa o vazio, e o “interior” a parte de corpo após do corte. A cada corte correspondem duas facetas com normais exteriores opostas. Quando as facetas correspondem aos planos coordenados e as normais às facetas aos eixos coordenados, definem-se ainda as facetas positivas e negativas. As normais exteriores às facetas positivas têm o mesmo sentido como o eixo coordenado. As normais exteriores às facetas negativas têm o sentido oposto ao eixo coordenado. Mostra-se a visualização em 2D A representação das componentes nas facetas positivas obedece às regras de visualização de componentes de vectores. Nas facetas negativas as componentes positivas actuam nos sentidos opostos dos eixos coordenados. Nota-se que nas componentes com 2 índices, o primeiro corresponde à normal, o segundo à direcção. A regra de visualização pode-se simplificar usando os significados físicos conhecidos da cadeira de estática, nomeadamente, as componentes normais positivas actuam no sentido que induz tracção às facetas, as componentes normais negativas induzem a compressão. As componentes tangenciais positivas apontam para quadrantes positivos. Designam-se por quadrantes positivos os quadrantes em que a multiplicação das coordenadas dos pontos dá número positivo, ou seja os quadrantes positivos são os quadrantes I. e III. em que as coordenadas dos pontos são ambas positivas ou ambas negativas. A visualização em 3D obedece às mesmas regras e será dada no capítulo de tensões. Dependência da posição As componentes dos tensores são habitualmente números e assim estão relacionados a uma dada posição. Quando as componentes dependem da posição, designamos os tensores, campos tensoriais. Usa-se assim: Campo escalar 6 Campo vectorial Campo tensorial. Em resumo, a diferença entre um tensor e um campo tensorial, é que as componentes do tensor são números e as componentes do campo tensorial são funções de posição, ou seja, funções de x, y, z de um dado referencial. Assim, por exemplo, um campo vectorial F x, y, z tem as componentes Fx x, y, z , Fy x, y, z , Fz x, y, z . 1.3 Definição dos tensores A quantidade física chama-se tensor, quando as suas componentes obedecem à lei de transformação. Esta lei descreve o cálculo das componentes no referencial após a transformação. Tensores cartesianos Os tensores cartesianos são tensores cujas componentes são definidas no referencial cartesiano, consequentemente, a lei de transformação é especificada apenas para os referenciais cartesianos e por isso representa apenas a rotação do referencial. 2. Álgebra tensorial A álgebra tensorial obedece às mesmas regras como o cálculo matricial. Serão revistas apenas as propriedades que serão utilizadas nesta cadeira. Tensores cartesianos de segunda ordem classificam-se em tensores simétricos, anti-simétricos e assimétricos. As componentes de um tensor simétrico verificam Tij Tji As componentes de um tensor anti-simétrico verificam Tij Tji o que implica que os termos diagonais são nulos, porque apenas o número 0 é igual ao seu oposto. As componentes de um tensor assimétrico não verificam nenhuma regra especial, no entanto é possível separá-lo na sua parte simétrica e anti-simétrica. T S A O cálculo das componentes efectua-se de acordo com as regras seguintes: S T T T 2 , ou seja Sij Tij T ji 2 7 A T T T 2 , ou seja Aij Aij Aji 2 Será de utilidade futura uma outra separação, que devido ao significado físico vamos aplicar apenas aos tensores simétricos. S V D Em que V Tm I designa-se a parte volúmica e D a parte desviatórica. A parte volúmica tem na diagonal principal, valores de média Tm Tx Ty Tz 3 ou Tm Tx Ty 2 conforme o tensor seja definido em três ou duas dimensões e fora da diagonal zeros. A parte desviatórica calcula-se pela diferença D S V , ou seja, de cada termo na diagonal principal subtrai-se o valor médio. Consequentemente, o traço do desviador é nulo, como se mostra em seguida: Tx Tx Ty Tz 3 Ty Tx Ty Tz 3 Tz Tx Ty Tz 3 0 Em duas dimensões isso implica que na diagonal do desviador há números opostos. 3. Tensores cartesianos em 2D simétricos 3.1 Derivação da lei de transformação para vectores Já foi definido que a transformação de referencial corresponderá a uma rotação. Uma rotação de referencial em duas dimensões está plenamente determinada por um único ângulo, cujo sentido positivo considera-se anti-horário. Com a alteração do referencial, alteram-se as componentes do tensor. Este facto já é conhecido da disciplina de Estática, e poderá ser facilmente visualizado no caso de um vector. Veja a animação no slide número 11. É fácil de deduzir o valor das componentes no referencial rodado: Fx cos Fy sin sin Fx , F R F cos Fy Designa-se a matriz de rotação cos R sin sin cos A matriz de rotação é uma matriz ortogonal, ou seja: O determinante equivale a 1 8 Os produtos internos de colunas/ linhas equivalem a 1 no caso de colunas/linhas iguais, e 0 se forem diferentes A matriz inversa corresponde à sua transposta, ou seja R R 1 T Pode-se ainda verificar, que as linhas de matriz de rotação são formadas pelos vectores base do referencial rodado (com as componentes relacionadas ao referencial original). Vale a pena destacar que o determinante da matriz de rotação vale 1, quando o referencial após a rotação é também directo. Esta condição torna-se óbvia em duas dimensões, no entanto, em três dimensões o valor de determinante pode-se usar para confirmar que o referencial resultante é directo. No caso de obter valor -1, basta alterar o sentido de um dos vectores base ao contrário. 3.2 Lei de transformação para tensores de segunda ordem A matriz de rotação usa-se também para calcular as componentes dos tensores de segunda ordem no referencial rodado. T R T R T Em duas dimensões é possível apresentar as fórmulas completas Tx Tx cos2 Ty sin 2 2Txy sin cos Ty Tx sin 2 Ty cos2 2Txy sin cos Txy Tx Ty sin cos Txy cos2 sin 2 ou, em alternativa, usando os ângulos duplos Tx Ty Tx Ty 2 Tx Ty 2 Txy Tx Ty 2 Tx Ty 2 Tx Ty cos 2 Txy sin 2 cos 2 Txy sin 2 sin 2 Txy cos 2 2 A igualdade de fórmulas é fácil de comprovar, mostra-se apenas a primeira: Tx Tx Ty 2 Tx Ty 2 cos Tx Ty 2 2 cos 2 Txy sin 2 Tx Ty 2 sin 2 cos 2 sin 2 2Txy sin cos Tx cos2 Ty sin 2 2Txy sin cos 9 3.3 Valores próprios Verifica-se que existe uma rotação do referencial original (inicial), tal que neste novo referencial (rodado), as componentes diagonais (normais) correspondem ao máximo e ao mínimo de todos os possíveis valores diagonais, e a componente fora da diagonal (tangencial) anula-se. Nesta rotação os valores diagonais designam-se valores principais (próprios) (em conformidade designados por Tmax e Tmin ) e o referencial correspondente, referencial principal. Tomando em conta a importância dos valores e direcções principais, usa-se para este ângulo de rotação designação diferente, P . O ângulo de rotação P define dois eixos do referencial rodado, ou seja, duas direcções principais que são ortogonais. Por isso, as direcções principais formam os eixos do referencial principal. Em resumo, as componentes do tensor no referencial principal podem ser escritas da seguinte maneira (forma canónica): Tmax 0 T princ 0 Tmin Por convecção costuma-se colocar o valor máximo na posição (1,1) ou (x,x) na matriz de componentes, ou seja não se costuma escrever Tmin 0 T princ 0 Tmax apesar de não estar errado. Trata-se puramente de uma convenção que também se vai referir em três dimensões. De acordo com esta convenção, o primeiro eixo do referencial designa-se por max, ou seja, há uma correspondência de índices e eixos. Repare: componente Tx está na posição (1,1) da matriz de componentes no referencial cujo primeiro eixo designa-se por x; em conformidade Tmax está na posição (1,1) da matriz de componentes no referencial cujo primeiro eixo designa-se por max. Prova: 1. Usando a nulidade da componente fora da diagonal (tangencial): Assume-se, que a componente tangencial no referencial rodado usando o ângulo de rotação P , equivale a zero: Txy Tx Ty 2 sin 2 P Txy cos 2 P 0 tan 2 P 2Txy Tx Ty Desta condição pode-se calcular o ângulo P como se mostra acima. 2. Usando a extremidade das componentes diagonais (normais): Assume-se que existe valor extremo da componente normal no referencial rodado. Para determinar este extremo é necessário considerar que a componente no referencial rodado é 10 uma função de ângulo de rotação e que as componentes no referencial original (inicial) representam parâmetros. Para encontrar o ponto estacionário de uma função, é preciso igualar a zero a primeira derivada em ordem da variável : Tx Ty Tx Ty Tx cos 2 Txy sin 2 / 0 2 2 Tx Ty 2 2sin 2 Txy 2 cos 2 0 tan 2 tan 2 P 2Txy Tx Ty Resolvendo a equação acima, verifica-se que o ângulo obtido é o mesmo como determinado da propriedade 1. Analogamente, pode-se comprovar que o extremo na componente Ty ocorre para o mesmo ângulo de rotação P . Voltando às fórmulas das componentes no referencial rodado, designado o valor médio Tm Tx Ty x e usando sin arctan x 2 1 x2 introduzir mais um valor conforme: 2Txy 1 Tx Ty 2 2 Tx Ty Tx Ty 2 2 R Txy Tx Ty 2 2 ou seja, introduziu-se Tx Ty 2 R Txy 2 2 depois Tx Tm Tx Ty Tx Ty 2 2R Txy Tx Ty 2Txy 2R Tx Ty para poder continuar com os cálculos, é preciso assumir dois casos: 2 1 Tx Ty 2 T Tx Ty ou seja Tx Tm xy Tm R R 2 2 1 Tx Ty 2 T Tx Ty ou seja Tx Tm xy Tm R R 2 11 , cos arctan x 1 1 x2 , pode-se Analogamente para Ty . Isso significa que apenas tomando em conta as grandezas de valores, pode-se decidir se a rotação pelo P rodará o eixo coordenado x para o eixo do máximo ou do mínimo. Nomeadamente mostrou-se que para Tx Ty a rotação pelo P indica o eixo do máximo e vice-versa. O sinal da subtracção Tx Ty pode combinar-se directamente com o sinal da componente tangencial, porque isso influencia o sinal do ângulo P calculado usando a fórmula tan 2 P 2Txy Tx Ty . A fórmula indica que 2 P 90º ,90º ou seja P 45º , 45º . Existem assim quatro casos: 1. Tx Ty 0 , Txy 0 P 0 & P roda para o eixo do máximo, ou seja, o eixo do máximo corta quadrantes positivos 2. Tx Ty 0 , Txy 0 P 0 & P roda para o eixo do máximo, ou seja, o eixo do máximo corta quadrantes negativos 3. Tx Ty 0 , Txy 0 P 0 & P roda para o eixo do mínimo, ou seja, o eixo do máximo corta quadrantes positivos 4. Tx Ty 0 , Txy 0 P 0 & P roda para o eixo do mínimo, ou seja, o eixo do máximo corta quadrantes negativos Pode-se assim concluir, que é fácil determinar directamente os valores extremos usando as fórmulas deduzidas acima Tmax Tm R , Tmin Tm R Calcular ângulo P usando a fórmula tg 2 P 2Txy Tx Ty e usar uma regra simples desenhada na figura abaixo. para Txy 0 ou seja, para Txy 0 o eixo do máximo corta os quadrantes positivos e vice-versa. A regra explicada na figura acima não está de maneira nenhuma afectada pelo sinal do ângulo P . 12 Em quatro casos definidos em cima não se consideraram igualdades. Quando Tx Ty , P equivale a 45º e Tm Tx Ty , R Txy e a regra designada na figura acima mantem-se válida. Quando Txy 0 , as componentes no referencial original já correspondem aos valores principais, neste caso P 0º quando Tx Ty , ou seja, quando o valor máximo já esta correctamente na posição (1,1) da matriz de componentes, ou P 90º quando Tx Ty e torna-se necessário (por convenção) trocar a posição de máximo e mínimo na matriz de componentes. 3.4 Circunferência de Mohr Considera-se um referencial original 0xy e as componentes de um tensor neste referencial. Considera-se como variável ângulo de rotação . Começa-se por simplificação da expressão seguinte (usando as fórmulas de rotação com os ângulos duplos): Tx Tm Tx Ty Tx Ty T cos 2 Txy sin 2 sin 2 Txy cos 2 2 2 2 2 2 2 xy Tx Ty 2 Tx Ty cos 2 Txy sin 2 2 cos 2 Txy sin 2 2 2 2 Tx Ty 2 Tx Ty sin 2 Txy cos 2 2 cos 2 Txy sin 2 2 2 2 Tx Ty 2 2 Txy R 2 2 analogamente T T y m 2 Txy2 R 2 Nota-se que nas equações acima o ângulo de rotação foi eliminado e que as equações correspondem à equação de uma circunferência de centro Tm , 0 e raio R , chamada a circunferência de Mohr. Pode-se assim concluir que as componentes de um tensor de segunda ordem simétrico em duas dimensões, relacionadas a todas as possíveis rotações do referencial original, formam uma circunferência. Cada ponto da circunferência corresponde à componente normal e tangencial actuantes na mesma faceta. De acordo com as equações deduzidas, as componentes normais Tx mas também Ty desenham-se no eixo horizontal, que se pode chamar o eixo das componentes normais. Este eixo envolve o diâmetro principal da circunferência e é formado pelo eixo dos números reais com o sentido habitual. As componentes tangenciais representam-se no eixo vertical. Visto que a componente tangencial Txy corresponde à componente tangencial na faceta de (x) ou seja, está relacionada com a componente normal Tx , mas também corresponde à 13 componente tangencial na faceta de (y) ou seja, está relacionada com a componente normal Ty , é necessário estabelecer as regras para a representação dos pontos. Os valores principais visualizam-se no diâmetro principal, dado que neste caso a componente fora da diagonal (tangencial) é nula, e as componentes normais atingem o máximo e o mínimo; este facto não está influenciado pelo referencial original. Tmin R Tmax Tm 3.4.1 Convenções e consequências Caso particular Assume-se que o referencial original (inicial) corresponde ao referencial principal, ou seja Tmax 0 T princ 0 Tmin Considera-se uma rotação deste referencial pelo ângulo . Admitindo que Tm R Tmax Tmin , 2 Tmax Tmin , as componentes no referencial rodado são 2 Tx Tm R cos 2 Ty Tm R cos 2 Txy R sin 2 ou seja, a componente tangencial é negativa Nota-se que a rotação na circunferência de Mohr efectua-se pelo dobro do ângulo que foi aplicado à rotação dos eixos coordenados. 14 Para manter a rotação do referencial no mesmo sentido, como a rotação dos pontos na circunferência, tem que se adoptar a convenção seguinte: o ponto na faceta que corresponde ao primeiro eixo coordenado representa-se com a componente tangencial oposta. Para evitar a confusão dos sinais, os pontos na circunferência representam-se com a designação da faceta, assim x corresponde ao ponto formado pelas componentes na faceta de x , ou seja, a componente normal (coordenada horizontal do ponto na circunferência) corresponde a Tx , e a componente tangencial (coordenada vertical do ponto na circunferência) corresponde a Txy . Analogamente para o ponto y . Relativamente à visualização dos pontos acima ou abaixo do diâmetro principal, aplica-se a convenção seguinte Tx T xy Txy x Ty y Devido à simetria para melhor visualização ou seja, para a componente tangencial positiva Txy > 0 , ponto x desenha-se abaixo e o ponto y acima do diâmetro principal e vice-versa. Ainda é possível encontrar na circunferência uma recta paralela com o eixo rodado. Para isso usa-se a propriedade da circunferência conhecida do ensino secundário, que vamos chamar a regra dos ângulos da circunferência. Para o mesmo segmento da circunferência o ângulo com vértice no centro (ângulo central) é o dobro do qualquer um que tenha vértice na circunferência (ângulo inscrito). Veja a figura abaixo e os eixos paralelos na figura anterior. Visto que as rotações na circunferência efectuam-se pelo dobro dos ângulos, os pontos x e y tem que estar sempre no lado oposto de um diâmetro, ou seja, a rotação entre os eixos do referencial que é de 90º , corresponde à rotação na circunferência de 180º . Também se pode concluir que o sentido dos eixos é indiferente, visto que para virar o sentido de um eixo é preciso uma rotação de 180º que corresponde à volta completa na circunferência, ou seja, a 360º . Nota: A convenção de visualização não é única, existem autores que preferem a conversão oposta, o que implica que depois os pontos na circunferência rodam no sentido oposto dos eixos do referencial. 15 Representam-se de seguida alguns casos concretos. Na construção, primeiro introduzem-se os eixos horizontal e vertical com uma escala conveniente e usando a convecção, marcam-se os dois pontos x e y . A recta que liga x e y intersecta o eixo horizontal no centro da circunferência, o que finalmente permite completar a circunferência. T 0 xy 6 2 6 4 2 6 4 T 0 xy 6 4 6 2 T 0 xy 6 16 4 6 2 T 0 xy 6 Existe outra regra de visualização de pontos na circunferência de Mohr que tem a vantagem de não precisar de um referencial, porque o sentido das componentes tangenciais determina a posição dos pontos na circunferência de Mohr indiferentemente do referencial. A regra é: quando a componente tangencial numa dada faceta roda no sentido horário - negativo (antihorário - positivo), o ponto correspondente na circunferência de Mohr está posicionado acima (abaixo) do diâmetro principal. Esta regra pode-se justificar de maneira seguinte: Na figura acima representa-se actuação real da componente tangencial para um dado caso, por isso, o sentido das setas é igual nos quatro esboços. No entanto, o referencial é da nossa escolha. Mostram-se os quatro possíveis referenciais para este caso. Com a escolha de referencial muda o sinal da componente tangencial, no entanto, aplicando a regra utilizada nas construções anteriores, verifica-se que os pontos correspondentes às componentes nas facetas designadas com um ponto vermelho estão sempre acima do diâmetro, e os designados com o ponto verde, abaixo, como era de esperar. No entanto, verifica-se que nas facetas designadas com o ponto vermelho a componente tangencial roda no sentido horário (ou seja negativo) e nas com o ponto verde, no sentido anti-horário (ou seja positivo), o que finaliza a justificação. 17 O termo mais correcto a utilizar é o Círculo de Mohr. Isso porque a representação dos pontos é possível fazer para tensores em 3D e os pontos que representam as componentes nas facetas preenchem espaço entre círculos nos três planos principais. Esta construção não faz parte da matéria desta cadeira. Como no caso de 2D os pontos na realidade formam apenas uma circunferência, é possível usar o termo Circunferência de Mohr. A circunferência de Mohr tem diversas aplicações, na determinação dos valores e direcções principais, na determinação dos valores para uma rotação arbitrária, na determinação do referencial ligado a componentes especificadas de diversas maneiras, etc. 3.4.2 Determinação dos valores e das direcções principais Admite-se por exemplo referencial original em que as componentes do tensor são positivas e Tx Tx Ty 0 , Txy 0 ; T 0 xy Txy Txy Ty A circunferência de Mohr mostra-se na figura seguinte. Como explicado anteriormente, desenha-se a circunferência, ou seja, introduzem-se os eixos horizontal e vertical com uma escala conveniente e marcam-se os dois pontos x e y . Junta-se a recta que liga x e y . Esta recta intersecta o eixo horizontal no valor Tm , ou seja no centro da circunferência, o que permite completar a circunferência. Em seguida as intersecções com o diâmetro principal definem os valores principais, Tmax e Tmin . 18 Confirmam-se assim as fórmulas já deduzidas: Tmax Tm R , Tmin Tm R . Para obter o referencial principal, verifica-se que é preciso rodar o eixo original x pelo ângulo 2 p na circunferência. Retirando o triângulo correspondente, confirmam-se as outras fórmulas já deduzidas: Tx Ty 2 e R tg 2 P Txy Tx Ty 2 2Txy 2 Finalmente, para se obter paralelas com os eixos principais no esboço dos eixos originais, usa-se a propriedade dos ângulos da circunferência explicada anteriormente. A recta vermelha é paralela ao eixo do máximo e a azul ao eixo do mínimo. Complementa com a animação no slide 23. 19 Pode-se assim concluir que existe um ponto na circunferência que corresponde à origem do referencial e pode-se assim em conformidade designar 0. O esboço do referencial pode ser “colado” directamente à circunferência, o que permitirá uma ligação directa entre as componentes na faceta de x com o eixo x (ligação 0 x é paralela ao eixo x , ligação 0 y é paralela ao eixo y , ligação 0 max é paralela ao eixo max , etc.). Este ponto é também chamado o Pólo irradiante das direcções (das normais às facetas) ao contrário do Pólo irradiante das facetas P, que está no lado oposto da circunferência, numa recta que passa pelo centro da circunferência. Em resumo, cada ponto da circunferência de Mohr representa de maneira inequívoca componentes intrínsecas numa faceta. A inclinação da faceta e da normal à faceta podem ser determinadas usando um dos pólos irradiantes. A posição dos pólos depende do referencial original/inicial (que até podia ser o principal) em que foram definidas as componentes do tensor utilizado para a construção inicial da circunferência. A componente normal corresponde à abcissa do ponto. Quando este valor é positivo a actuação da componente corresponde à tracção, e quando negativo à compressão. A componente tangencial corresponde à ordenada do ponto. Esta ordenada determina-se no valor absoluto e a actuação real define-se usando a regra acima, ou seja, se o ponto for posicionado acima do diâmetro, a componente tangencial roda no sentido negativo, e se for abaixo do diâmetro, a componente tangencial roda no sentido positivo. Complementando o pólo irradiante das facetas, pode-se verificar que os pontos x , 0 , y , P formam um rectângulo. Este rectângulo tem lados paralelos com o rectângulo elementar no referencial 0xy . Os pólos irradiantes podem coincidir com os pontos x e y usados para a construção da circunferência, neste caso: x 0 , ou seja y P , implica x y / / y 20 y 0 , ou seja x P , implica x y / / x 3.4.3 Determinação dos valores para uma rotação arbitrária Veja a animação no slide 26. Admite-se novamente referencial original em que as componentes do tensor são positivas e Tx Tx Ty 0 , Txy 0 ; T 0 xy Txy Txy Ty Tx Txy , definido Ty Pretende se determinar componentes no referencial rodado, T 0 xy Txy pelo ângulo de rotação . Em primeiro lugar desenha-se a circunferência de Mohr usando as componentes no referencial original e determina-se o ponto correspondente à origem do referencial. O eixo rodado x pode-se desenhar no esboço dos eixos e também directamente na circunferência. A intersecção com a circunferência define as componentes na faceta de x ou seja o ponto x . Verifica-se que o ângulo de rotação (com o vértice no centro da circunferência) entre os pontos x e x equivale a 2 . O ponto y tem que ser posicionado no lado oposto do diâmetro. Na figura seguinte mostra-se a utilização da regra dos ângulos para definir a recta paralela com o eixo x . 21 Como último passo, determinam-se as componentes no referencial rodados identificando as coordenadas dos pontos x e y . As coordenadas horizontais dos pontos definem as componentes normais Tx e Ty . O valor tem que ser “medido” começando do zero e será assim determinado inclusive o sinal. A coordenada vertical corresponderá a Txy . O valor tem que ser “medido” a partir do diâmetro principal no valor absoluto. O sinal determina-se usando a regra de visualização dos pontos, no caso representado na figura Txy 0 . Nota: Esta construção será somente utilizada para confirmação dos valores calculados, ou para estimativa de valores. 3.4.4 Determinação do referencial ligado a componentes especificadas Admite-se novamente o referencial original em que as componentes do tensor são positivas e Tx Tx Ty 0 , Txy 0 ; T 0 xy Txy Txy Ty 22 Pretende-se, por exemplo, determinar o referencial em que a componente tangencial é positiva e correspondem à metade da componentes tangencial no referencial original. Primeiro traçam-se duas rectas que dividem o valor Txy em metade. Visto que no referencial novo o valor tangencial devem ser positivo, existem duas soluções relacionadas aos pontos x e x abaixo do diâmetro principal. Em seguida encontram-se pontos y e y no lado oposto dos diâmetros. Finalmente os eixos coordenados definem-se usando a origem na circunferência. Ao traçar os eixos no esboço dos eixos originais, é preciso ter o cuidado de definir referenciais direitos. 23 Veja a animação no slide 27. 3.4.5 Rotações de 45º a partir do referencial principal Verifica-se que existem mais dois pontos da circunferência que têm uma posição especial. Na figura acima são designados x e x . Nota-se que estes pontos são os mais afastados na direcção vertical, e por isso fornecem máximos ao valor tangencial. Deduz-se facilmente da circunferência que este valor máximo corresponde ao raio da circunferência Txy ,max R e que pode ser positivo ou negativo. No entanto, em ambos os casos o valor diagonal equivale a Tm . As regras de visualização dos pontos definem o sinal da componente tangencial de acordo com o referencial escolhido. Note-se que estes referenciais estão desviados a 45º do referencial principal. Pode se verificar que no caso da componente tangencial positiva (referencial 0xy ), o eixo do máximo corta os quadrantes positivos, e no caso da componente negativa (referencial 0xy ), o eixo do mínimo corta os quadrantes positivos, como era de esperar. A representação da actuação 24 real das componentes tangenciais cujo valor equivale a R não depende do referencial e nota-se que as setas apontam para o eixo do máximo. 3.5 Verificações dos valores principais Para a verificação dos valores principais utilizam-se os invariantes. Os invariantes são números escalares cujo cálculo efectua-se usando as componentes num dado referencial. A propriedade “invariante” indica que este número é igual em todos os referenciais. Em duas dimensões existem dois invariantes fundamentais. Todos os outros são depois definidos usando os fundamentais. 1º invariante fundamental: traço, ou seja I1 Tx Ty 2º invariante fundamental: determinante, ou seja I 2 TxTy Txy2 Outros invariantes: Tm R 1 2 1 I1 4 I 2 2 2 I1 , 2 T x Ty 4 TxTy Txy2 2 1 1 Tx2 Ty2 2TxTy 4Txy2 2 2 T x Ty 1 Tx2 Ty2 2TxTy 4TxTy 4Txy2 2 Tx Ty 2 4T Txy 2 2 2 2 xy Tmax , Tmin A verificação de cálculo dos valores principais faz-se da seguinte forma: I1 Tx Ty Tmax Tmin I 2 TxTy Txy2 TmaxTmin 3.6 Determinação das componentes sabendo valores em 3 direcções Cada tensor de segunda ordem em duas dimensões simétrico tem 3 componentes distintas, e por isso cada 3 valores mesmo de referenciais diferentes permitem sempre determinar as componentes num único referencial. O caso abaixo tem uma aplicação útil nas medições de deformações, e além disso permite uma resolução gráfica simples 25 Assume-se que são conhecidos os valores normais nas três direcções diferentes e pretendemse calcular as componentes que pertencem a um único referencial, e em seguida por exemplo valores principais. Neste caso, não é vantajoso escolher o eixo x horizontal. Uma vantagem no cálculo apresenta escolha do eixo x com uma das direcções definidas. Na realidade, podem-se introduzir 3 referenciais, 0xy , 0xy e 0xy . Em cada um destes referenciais é conhecido o valor na direcção do eixo correspondente, ou seja, o primeiro valor normal, assim: T T 0 xy ?a ? Tb ? Tc , T 0 xy e T 0 xy ? ? ? ? ? ? Um destes referenciais pode ser escolhido como referencial base, por exemplo 0xy . Depois: Ta Tx e falta encontrar as restantes componentes Ty e Txy . Para isso utilizam-se os restantes dados do problema, ou seja, o valor Tb que corresponde a Tx podia ser obtido pela rotação do referencial 0xy pelo ângulo no sentido positivo: Tx Tb Ta cos2 Ty sin 2 2Txy sin cos A segunda equação cria-se de forma análoga. Tx Tc Ta cos2 Ty sin 2 2Txy sin cos Acima estão duas equações para duas incógnitas Ty e Txy , que é possível resolver e completar assim as componentes no referencial 0xy . Em seguida, pode-se proceder ao cálculo dos valores principais, que sendo invariantes, não serão afectadas pela escolha efectuada acima. A resolução gráfica mostra-se na animação no slide 31. A resolução gráfica será utilizada apenas para confirmação dos valores calculados ou para estimativas. Em primeiro lugar traçam-se as três rectas verticais na escala de valores numéricos, porque os 3 valores dados representam componentes normais em referenciais diferentes. Sabe-se que a componente normal corresponde à componente horizontal dos pontos da circunferência de Mohr e por isso os pontos que representam as componentes nas facetas de x , x e x serão posicionados algures nestas rectas verticais. 26 De seguida, escolha-se um ponto auxiliar arbitrário em qualquer das rectas. Muitas vezes é vantajoso escolher este ponto na recta no meio, mas não é regra. Pelo ponto arbitrário é necessário passar rectas desviadas pelos ângulos relativos entre as direcções definidas, e estas rectas inclinadas têm que se prolongar até intersectar as rectas verticais correspondentes. Nomeadamente para encontrar ponto de intersecção na recta c tem que se fazer pelo ponto arbitrário uma recta desviada pelo ângulo relativo entre as direcções a e c . Este ângulo começa-se a medir a partir da recta vertical no mesmo sentido como na realidade. Analogamente para a outra intersecção. A construção das rectas inclinadas, podia ser facilitada pelo esboço auxiliar em que a recta com o ponto auxiliar está na posição vertical. Neste caso, as rectas inclinadas podem fazer-se paralelamente com as direcções correspondentes neste esboço, ou seja o ponto auxiliar (arbitrário) directamente coincide com o pólo das direcções (normais) relacionado com o desenho auxiliar. 27 As intersecções assim definidas, b e c , correspondem já às componentes nas facetas correspondentes b x e c x . Estes 2 pontos, mais o ponto auxiliar, fazem parte da circunferência de Mohr. Neste momento pode aplicar-se a construção da circunferência de 3 pontos. Sabese que 3 pontos formam 3 segmentos e as mediatrizes destes segmentos intersectam-se no centro da circunferência. A construção por isso continua pela utilização de 2 segmentos, já formados pelas rectas inclinadas, traçando mediatrizes e encontrando o centro da circunferência pelo qual se pode traçar o diâmetro principal. Depois de completar a circunferência é necessário passar o ponto auxiliar na sua recta vertical para o outro lado da circunferência. Este ponto depois corresponderá às componentes na faceta de a x . É possível ainda representar os valores principais. 28 A prova desta construção consiste na verificação que na circunferência construída os ângulos entre os raios correspondem ao dobro do ângulo que rodam os eixos, ou seja, que os ângulos correspondem aos valores representados na figura acima. A figura mais pequena no lado esquerdo, mostra a verificação referente ao ângulo , outras verificações fazem-se de forma semelhante. Na figura acima, mostra-se ainda a construção do pólo irradiante das normais (ponto correspondente à origem). Verifica-se que o esboço dos eixos na sua posição original podia ser 29 directamente colado neste ponto, cada eixo (vermelho, verde e azul) é formado na circunferência pela recta da mesma cor (não tracejada) que liga o pólo das normais (direcções) 0 com o ponto que representa as componentes na faceta (a), (b) e (c), respectivamente. Na figura acima mostra-se a justificação da construção mais uma vez. Representam-se três triângulos com lados amarelos, cada um composto pelos dois raios e um segmento da circunferência. Começando do ponto auxiliar, nota-se que a recta verde foi traçada usando o ângulo relativo entre as direcções [a] e [b] com o intuito de encontrar pontos da circunferência (a) e (b) cujos raios C a e C b rodam na circunferência pelo ângulo 2 no mesmo sentido, tal como dita a definição da circunferência de Mohr e a regra dos ângulos. Igualmente, nota-se que a recta azul foi traçada usando ângulo relativo 180º entre as direcções [a] e [c] com o intuito de encontrar pontos da circunferência (a) e (c) cujos raios C a e C c rodam na circunferência pelo ângulo 360º 2 , tal como dita a definição da circunferência de Mohr e a regra dos ângulos. Finalmente, nota-se que o ângulo de rotação dos raios C b e C c , 2 , verifica a regra dos ângulos. Problema Sabendo que as componentes normais nas direcções definidas pelos eixos que fazem 20º , 80º e 120º com o eixo horizontal, são -29, 31 e -5, calcule os valores e as direcções principais e verifique a solução graficamente. Marque na circunferência de Mohr o ponto correspondente à origem e as direcções principais. 30 Resolução: 29 ? ? ? Arbitrando como o referencial base 0xy : T 0 xy Tx 31 29cos 2 60º Ty sin 2 60º 2Txy sin 60º cos 60º Tx 5 29cos 2 100º Ty sin 2 100º 2Txy sin 100º cos 100º 29 T 0 xy 36,66 x x Resolvendo 36,66 8,67 120º 80º x 20º 29 8, 67 29 8,67 Tm 10,16 , R 36,66 2 41, 21 2 2 x 2 max x Tmax 10,16 41, 21 31, 05 , Tmin 10,16 41, 21 51,38 1 2 36, 66 p arctan 31, 4º (corresponde ao mínimo) 2 29 8, 67 120º 80º x 20º 31, 4º min 40º 100º 31 Em seguida verifica-se que a solução dos valores e direcções principais não foi afectada pela escolha do referencial base e que a solução gráfica não está afectada pela escolha do ponto auxiliar. 31 ? ? ? Arbitrando como o referencial base 0xy : T 0 xy Tx 29 31cos 2 60º Ty sin 2 60º 2Txy sin 60º cos 60º x x Tx 5 31cos2 40º Ty sin 2 40º 2Txy sin 40º cos 40º 120º 80º x Resolvendo T 0 xy 20º 2,02 31 2,02 51,33 x Os valores seguintes têm que ser iguais como na resolução anterior x 31 51,33 31 51,33 2 10,16 , R 2,02 41, 21 2 2 1, 4º 2 Tm max 120º x 80º 20º Tmax 10,16 41, 21 31, 05 , Tmin 10,16 41, 21 51,38 2 2, 02 1 p arctan 1, 4º (corresponde ao máximo) 2 31 51,33 min 5 ? ? ? Finalmente, arbitrando como o referencial base 0xy : T 0 xy Tx 29 5cos2 100º Tysin 2 100º 2Txy sin 100º cos 100º Tx 31 5cos 2 40º Tysin 2 40º 2Txy sin 40º cos 40º 5 T 0 xy 40,89 x x Resolvendo 40,89 15,33 120º Os valores seguintes têm que ser iguais como na resolução anterior 5 15,33 5 15,33 2 Tm 10,16 , R 40,89 41, 21 2 2 2 Tmax 10,16 41, 21 31, 05 , Tmin 10,16 41, 21 51,38 32 80º x 20º 1 2 p arctan 2 40,89 5 15,33 41, 4º (corresponde ao máximo) x max x 41, 4º 120º 80º x 20º min 40º 60º º aux 33 60º 100º º aux Verde: rectas verticais traçadas no início da resolução e a ligação x y Vermelho: rectas que passam pelo ponto auxiliar, desviadas pelos ângulos relativos entre as direcções Azul: circunferência, diâmetro principal, paralelas com os eixos x e y Azul claro: mediatrizes dos segmentos para determinação do centro da circunferência 34