III Colóquio
DINÂMICAS HISTÓRICAS NO CINEMA – MOISÉS. HISTÓRIA
E TRADIÇÃO.
Enquadramento
Por ocasião da estreia em Portugal do filme Exodus: Gods and Kings, uma adaptação da
história bíblica da libertação do povo de Israel do Egipto, sob o comando de Moisés,
realizado por Ridley Scott para a Twentieth Century Fox, tendo nos principais papéis
Aaron Paul, Christian Bale, Joel Edgerton e Sigourney Weaver, a Universidade Aberta,
o Instituto Prometheus e o Museu da Farmácia, com o patrocínio da Jade Travel,
organizam o Colóquio «Moisés –História e Tradição», com o objectivo de fomentar a
articulação entre a Universidade, a investigação, o Museu e a sociedade.
2014 é, em termos cinematográficos, «o ano das narrativas bíblicas», com a estreia de 5
produções: Son of God (20th Century Fox - Fevereiro 2014), com o português Diogo
Morgado no principal papel, Heaven is For Real (Sony Pictures - Abril 2014), Noah
(Regency Enterprises - Novembro 2014), Mary, Mother of Christ (Lionsgate Films Dezembro 2014) e Exodus: Gods and Kings (20th Century Fox - Dezembro 2014).
Centrado na figura de Moisés, Exodus coloca-nos perante uma figura de memória. Não
podemos ter certeza de que Moisés realmente existiu, uma vez que não existem
vestígios de sua existência terrestre para lá da tradição. No entanto, todos conhecemos
numerosos episódios da sua vida, remetida para meados do II milénio a.C.,
presumivelmente para o século XIII a.C: o bebé israelita de três meses que, para escapar
ao édito faraónico, foi escondido pela mãe, Jocabed, num cesto de junco betumado e
deixado num canavial do rio Nilo, enquanto a sua irmã Miriam o vigiava, para ser
encontrado pela «filha do faraó» (episódio-base para explicação quer do seu nome em
egípcio - «Filho» - quer em hebraico - «Retirado das águas»); o menino que foi criado
na corte egípcia com príncipe, «instruído em toda a ciência dos egípcios» (Actos 7, 22),
transformando-se de filho de escravos em neto de faraó, mas que, já homem feito,
acabou por assumir que era israelita, depois de matar um egípcio que maltratava o seu
povo que vivia em sujeição nas terras do Delta oriental do Nilo; o pastor que, fugido do
Egipto, durante 40 anos, apascentou ovelhas em Midian, aí casando com Séfora, filha de
Jetro, de quem teve dois filhos, e que, no Monte Horeb, diante de uma sarça-ardente,
falou directamente com Deus e corajosamente enfrentou, com o irmão Aarão, o faraó do
Egipto para libertar o seu povo, cumprindo, assim, a missão que lhe fora conferida; o
líder que, sob orientação divina, anunciou ao faraó as dez pragas, que orientou a saída
do Egipto, que miraculosamente abriu o mar Vermelho para a passagem do povo a «pé
enxuto», que transmitiu os Dez Mandamentos aos Israelitas morrendo, porém, no Monte
Nebo, sem ter o privilégio entrar na Terra Prometida…
De acordo com a tradição judaico-cristã, Moisés foi o autor dos 5 primeiros livros do
Antigo Testamento, o núcleo mais sagrado da Bíblia, conhecidos como Pentateuco ou
Tora (Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio), de alguns salmos e do livro
de Job. Para os judeus é o seu principal legislador e um de seus principais líderes
religiosos.
Para os muçulmanos, segundo o Corão, tal como no Antigo Testamento, Moisés (em
árabe Musa) nasceu no seio de uma família israelita, mas é criado pela própria esposa
do faraó. O Corão alude a ele frequentemente e descreve-o como um grande profeta,
como o primeiro que previu a chegada de Maomé.
Da mesma forma, para os cristãos, ele é considerado o precursor do Messias,
estabelecendo-se até muitos paralelismos entre as suas vidas, sendo a de Cristo, narrada
nos Evangelhos, uma reactualização da história de Moisés. Profundamente respeitado
por cristãos, judeus e muçulmanos, portanto, Moisés é comummente visto como o
Libertador, o Líder, o Legislador dos Israelitas e o responsável pela ideia de
«monoteísmo ético».
A investigação especializada faz hoje, porém, alterar a nossa percepção desta figura e
quer a redacção da Tora quer a explicação de vários episódios nela contidos envolvendo
o fundador da religião dos Hebreus são vistos como um intrincado agregado de
elementos tomados às grandes culturas com as quais a civilização hebraica contactou,
da Babilónia ao Egipto.
Moisés é, de facto, uma figura central que na própria historiografia especializada
acumula identidades distintas: tanto é considerado como egípcio, num sentido étnico e
cultural, como hebreu ou mesmo como um assimilado ou aculturado, iniciado na
sabedoria e mistérios do antigo Egipto. Três mil anos de arte, teologia, política e
propaganda transformaram Moisés num ser excepcional, de contornos complexos e
difíceis de discernir, mas ainda assim suficientemente atractivo e susceptível, por
exemplo, de tratamento cinematográfico.
Neste Colóquio procura-se, justamente, reflectir sobre as várias facetas que lhe estão
associadas, no sentido de descortinar verdadeiramente quem foi e quanto da sua figura é
devedora da história e da tradição.
Objectivos:
a) Compreender a figura mosaica e destrinçar as suas representações no âmbito das
diferentes tradições onde esta se insere;
b) Conhecer os indícios da presença hebraica no território egípcio, e atestar o ponto
de situação relativo ao episódio exodal no contexto literário e arqueológico da
egiptologia;
c) Comparar a teologia atoniana, de feição henoteísta, com o monoteísmo hebraico,
conhecendo os seus pontos de convergência e divergência;
d) Analisar a construção da figura de Moisés na cinematografia ocidental, partindo
de dois casos paradigmáticos.
Entidades Promotoras
Instituto Prometheus (IPAEHI – Associação para Estudos Históricos Interdisciplinares);
Universidade Aberta;
Museu da Farmácia.
Entidade Patrocinadora
Jade Travel.
Organização
Mestre João Camacho (Universidade de Coimbra – Instituto PAEHI/ C.E.H.R.);
Professor Doutor José das Candeias Sales (Universidade Aberta – C.H.U.L.);
Professor Doutor Gerald Bär (Universidade Aberta - C.E.C.C.);
Dr. João Neto (Director do Museu da Farmácia).
Conferencistas Convidados:
Professor Doutor José das Candeias Sales (Universidade Aberta – C.H.U.L.);
Professor Doutor José Augusto Ramos (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
– C.H.U.L.);
Mestre João Camacho (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – C.E.H.R.);
Mestre Paulo Carreira (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – C.H.U.L.).
PROGRAMA
Horário
4 de Dezembro, quinta-feira
18:30
Sessão de Abertura (João Neto, João Camacho, Augusto Cardoso,
José das Candeias Sales)
18:45
José Augusto Ramos
«Moisés – no horizonte da Bíblia»
19:15
Debate
19:30
João Camacho
«A presença de populações israelitas no antigo Egipto – reflexão
histórica»
20:00-20:15
Debate
Horário
9 de Dezembro, terça-feira
18:30
Paulo Carreira
«Moisés e Akhenaton. Um paralelismo (im)possível?»
19:00
Debate
19:15
José das Candeias Sales
«Moisés no cinema. Os filmes Os Dez Mandamentos e O Príncipe
do Egipto.»
20:00-20:15
Debate
Horário
13 de Dezembro, Sábado
10:30-12:30
Exibição do filme O Príncipe do Egipto (1998, 99 minutos)
INSCRIÇÕES
As inscrições no Colóquio «Dinâmicas Históricas no Cinema III – Moisés. História e
Tradição.» são gratuitas. No entanto, para efeitos de controlo da lotação da sala, os
interessados deverão efectuar a sua inscrição, até 25 de Novembro, preenchendo o
formulário disponível em:
INSTITUTO-PROMETHEUS.ORG/
Em cada uma das sessões haverá lugar a um sorteio. No dia 4 de Dezembro serão
sorteados bilhetes duplos para a ante-estreia do filme Exodus: Gods and Kings. No dia 9
de Dezembro, as entidades organizadoras sortearão uma viagem ao Egipto, com o
patrocínio da Jade Travel, para um dos participantes no evento.
No dia 13 de Dezembro, os participantes poderão visitar a colecção egípcia do Museu
da Farmácia, de forma gratuita.
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enquadramento e programa