BASE DE DADOS DA OCDE/OMC SOBRE O COMÉRCIO INTERNACIONAL NA
AGREGAÇÃO DE VALOR (TiVA): O BRASIL
Uma nova análise introduzida pela OCDE e pela OMC rompe com o sistema de avaliação convencional dos
fluxos de comércio internacional, com vista a refletir a maneira como as empresas vêm cada vez mais
dispersando as cadeias de produção em vários países. Através de um exame das importações e exportações
em termos de valor agregado, é possível obter-se um quadro mais completo dos intercâmbios e das relações
comerciais entre países.
Brasil: Principais constatações da base de dados TiVA
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O superavit comercial do Brasil com a China é mais baixo em termos de valor acrescentado do que em
termos brutos, dado que exporta produtos usados pelos exportadores chineses. Este superavit com os EUA
é, porém, mais alto.
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O conteúdo estrangeiro nas exportações e a parcela de produtos intermediários importados que são
usados na exportação são mais baixos no Brasil do que nos países da OCDE.
•
Os serviços representam uma parcela significativa nas indústrias de setores primários e de transformação,
bem como mais de 40% da exportação total de valor agregado.
Gráfico1. Exportações e importações em termos brutos e de valor agregado, por país parceiro (percentagem
sobre o total), 2009
Exports = Exportações // Imports = Importações // Share of gross exports = Parcela de exportação bruta
// Share of VA exports (final demand approach) = Parcela de exportação em valor agregado (abordagem da
procura final)
Share of gross imports = Parcela de importação bruta // Share of VA imports (final demand approach) =
Parcela de importação em valor agregado (abordagem da procura final)
United States = Estados Unidos (EUA) // China = China // Germany = Alemanha // Mexico = México //
Japan = Japão // France = França // Netherlands = Países Baixos // Korea = Coreia // United Kingdom =
Reino Unido // Canada = Canadá // Italy = Itália // India = Índia // Spain = Espanha // Russian Fed. = Fed.
Russa //
Os EUA são o principal parceiro comercial do Brasil, consumindo 17% das suas exportações em termos
de valor agregado, ao passo que a China representa uma percentagem adicional de 10% das exportações de
valor agregado (ver o topo do Gráfico 1). As exportações brutas para os EUA (15%) incluem uma parcela
mais baixa no total das exportações do que o indicado na base sobre o valor agregado, ao passo que ocorre o
oposto na China, que apresenta uma parcela mais elevada no total das exportações em termos brutos (14%).
Esta inversão de papéis é devida ao fato de que 60% das exportações do Brasil para a China são de produtos
primários, uma boa parte dos quais termina como produtos finais consumidos nos EUA e na Europa. No
plano da importação, a Alemanha tem-se tornado uma fonte de maior importância do que a China em termos
de valor agregado (Alemanha 8% x China 7%), parcialmente em virtude do valor agregado estrangeiro
relativamente elevado nas exportações desta última (ver o rodapé do Gráfico 1). O superavit comercial com a
China em termos de valor agregado é reduzido em 45% (passando de 12,1 bilhões de USD para 4,9 bilhões
de USD), quando comparado com os fluxos de comércio bruto (Gráfico 2), mas o Brasil também tem
evoluído de superavit com os EUA (5.6 bilhões de USD em termos brutos e 6,6 bilhões de USD em valor
agregado) e para deficits menores com economias europeias e com a Índia.
Gráfico 2. Diferenças em balanças comerciais bilaterais, em milhões de USD, 2009
China = China // Mexico = México // Japan = Japão // Rest of the World = Resto do Mundo // Argentina
= Argentina // France = França // Germany = Alemanha // United Kingdom = Reino Unido // Italy = Itália //
United States = Estados Unidos // India = Índia
Gráfico 3. Conteúdo em valor agregado da exportação bruta, por setor industrial, 2009
Foreign value added content = Conteúdo em valor agregado estrangeiro // Domestic content = Conteúdo
nacional
France = France // Distribution, etc. = Distribuição, etc. // Business services = Serviços empresariais //
Other services = Outros serviços // Transport & comms = Transporte e comunicações (comunic.) (ou bien
Transp. e comunic.) // Construction = Construção // Utilities = Serviços // Agriculture = Agricultura // Food
etc. = Alimentação, etc. (Aliment., etc.) // Other manufacturing = Outros manufaturados (Outros manufat.) //
Wood, paper = Madeira, papel // Textiles = Têxteis // Mining = Mineração // Machinery nec = Maquinaria
n.c.a // Metals = Metais // Transport vehicles = Veículos de transporte // Mineral products = Produtos
minerais // Electronics = Eletrônica // Total = Total
Em média, o conteúdo em valor agregado estrangeiro das exportações brutas brasileiras (10%) e a
parcela dos seus insumos importados que são usados na exportação (14%) são inferiores aos níveis
registrados em todos os países da OCDE. O alto conteúdo nacional (Gráfico 3) reflete a envergadura do país
e a sua especialização em produtos de base e nas etapas iniciais das cadeias de abastecimento. As parcelas
mais elevadas de importações intermediárias usadas nas exportações encontram-se nas importações dos
setores agrícola e de mineração (Gráfico 4), refletindo o fato de que materiais de base são usados pelos
setores brasileiros majoritariamente a jusante nas cadeias de valores globais.
Gráfico 4. Parcela de insumos intermediários importados que são exportados, por categoria de importação,
2009
Agriculture = Agricultura // Mining = Mineração // Machinery nec = Maquinaria n.c.a. // Finance =
Finanças // Other services = Outros serviços //
Os serviços representam uma parcela significativa do valor das exportações nos setores primários e nas
indústrias de transformação, salientando o papel desempenhado pelos serviços na competitividade na
exportação e no aumento da contribuição dos serviços para o comércio internacional, quando se analisam os
fluxos de valor agregado (Gráfico 5). O amplo conteúdo de serviços nos produtos de alimentação, nos
veículos de transporte e nos produtos minerais é uma das razões pelas quais esses setores industriais
contribuem com uma parcela menos elevada para o total de exportações brasileiras com valor agregado do
que para as suas exportações brutas. De maneira global, os serviços representam 15% das exportações brutas
diretas, mas 40% do respectivo conteúdo em valor agregado, inclusive serviços incorporados em exportações
brutas de bens e produtos manufaturados.
Gráfico 5. Conteúdo de serviços das exportações brutas, por setor industrial, 2009
Agriculture = Agricultura // Mining = Mineração // Food products = Gêneros alimentícios // Textiles & apparel = Têxtil e
vestuário // Wood & paper = Madeira e papel // Chemicals & minerals = Produtos químicos e minerais // Basic metals =
Metais básicos // Machinery = Maquinaria // Electrical equipment = Equipamento elétrico // Transport equipment =
Equipamento de transporte // Other manufactures = Outros produtos manufaturados (or manufat.)
As informações apresentadas no texto acima baseiam-se numa versão preliminar da base de dados sobre o
"Trade in Value-Added (Comércio Internacional no Valor Agregado) lançada em 16 de janeiro de 2012. Os dados
podem ser acessados em stats.oecd.org. Para maiores informações, queira contactar-nos em
([email protected]) ou consulte o nosso website (www.oecd.org/trade/valueadded).
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