ANÁLISE DA INDÚSTRIA DE BENS DE CAPITAL AGRÍCOLA NO BRASIL:
ESTUDO DE CASO DO GRUPO JACTO S. A.
Vânia Érica Herrera1
Andréia de Abreu2
Lucas Oliveira Lopes3
Danilo Hisano Barbosa4
Dalila Zanguetin Fantin5
RESUMO
O presente trabalho visa a compreensão da rápida expansão do Setor de Bens de Capital
Agrícola no Brasil, viabilizada pela política econômica governamental e o sucesso
empresarial do Grupo Jacto S/A, indústria desse setor localizada no interior do estado de
São Paulo. Verifica-se pelo estudo teórico sobre o setor de bens de capital agrícola, que a
evolução do Grupo Jacto S/A, ocorreu no mesmo período evolutivo. Desta forma, o presente
artigo está estruturado de forma a compreender o processo evolutivo desse setor no Brasil,
acompanhado por um estudo de caso de um Grupo localizado no interior do estado de São
Paulo, que hoje se destaca nacional e internacionalmente.
Palavras-chave: Bens de Capital, Bens de Capital Agrícola, Crescimento Industrial,
Desenvolvimento e Expansão.
1
Docente do Centro Universitário Eurípides de Marília – UNIVEM/ Fundação Eurípides Soares da Rocha. E-mail:
<[email protected]>.
2
Graduanda em Administração com ênfase em Comércio Exterior - Centro Universitário Eurípides de Marília UNIVEM/ Fundação Eurípides Soares da Rocha. E-mail: <[email protected]>.
3
Aluno do Curso de Administração com ênfase em Marketing - Centro Universitário Eurípides de Marília UNIVEM/ Fundação Eurípides Soares da Rocha. E-mail: <[email protected]>.
4
Aluno do Curso de Administração com ênfase em Marketing - Centro Universitário Eurípides de Marília UNIVEM/ Fundação Eurípides Soares da Rocha. E-mail: <[email protected]>.
5
Aluna do Curso de Administração - Centro Universitário Eurípides de Marília - UNIVEM/ Fundação Eurípides
Soares da Rocha. E-mail: <[email protected]>.
2
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, com o novo cenário econômico, altamente complexo e globalizado
constata-se a dependência de qualquer país dos demais para o seu sucesso. Fica difícil
distinguir suas atuações econômicas, vez que a chamada globalização extrapola todas as
fronteiras territoriais na tentativa de buscar o tão chamado superávit em seu saldo na
balança comercial. O setor de Bens de Capital Agrícola, fundamentalmente no Brasil, é um
setor em grande expansão. Sendo isso possível, graças às várias políticas econômicas
governamentais.
No estado de São Paulo, mais especificamente em Pompéia, uma empresa
atualmente de grande porte, o Grupo Jacto S/A, merece destaque no setor de bens de
capital agrícola, graças aos momentos econômicos brasileiros, bem como pelo pioneirismo
de seu criador.
Desta forma, o presente trabalho objetiva apresentar o papel relevante da
indústria de bens de capital agrícola para o crescimento sustentável do Brasil, a atuação do
estado para seu desenvolvimento, bem como, o pioneirismo e dinamismo de seu criador.
Para tal, faz-se necessário o resgate de alguns conceitos relevantes para o
entendimento do setor de bens de capital, o setor de bens de capital e seus antecedentes
históricos, atualidades do setor, os efeitos da globalização na modernização agrícola e,
finalmente, o estudo de caso do Grupo Jacto S/A.
2 CONCEITUAÇÃO
Bens de Capital (ou Produção) são os bens que servem para a produção do
outros bens, tais como máquinas, equipamentos, material de transporte e construção.
De acordo com Vermulm e Erber (2002, p.2)
a caracterização de bens de capital é funcional: são aqueles produtos que
são utilizados para fabricar outros produtos, repetidamente. Distinguem-se,
pois, dos insumos produtivos, que são transformados ao longo do processo
produtivo e, convencionalmente, são identificados com máquinas e
equipamentos. Assim, a indústria de bens de capital (IBK) é a que fabrica as
máquinas e equipamentos utilizados pelos demais setores para produzir
bens e serviços.
Presente na cadeia produtiva da maior parte dos setores industriais, a IBK se
constitui em fundamental alavanca da economia, através da difusão de tecnologia e qualidade,
essenciais para a produção competitiva de bens de consumo e serviços em um país.
A IBK, por ser muito abrangente, faz-se necessário seu desdobramento para
facilitar seu entendimento. Os bens de capital mecânico são de duas espécies: bens
3
seriados e bens sob encomenda. Os bens de capital por encomenda, ou customizados, são
projetos dedicados a determinada organização, fazendo sob medida, exigem flexibilidade de
equipamentos, de mão-de-obra e das rotinas produtivas, onde o progresso técnico e
cientifico é determinístico para sua sobrevivência.
Portanto Bens de Capital Agrícola, por definição, fazem parte de bens de capital
mecânico, escopo deste estudo.
3 O SETOR DE BENS DE CAPITAL: ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Segundo Vermulm (1993), desde a década de 30 há no Brasil incentivos na
tentativa de se criar uma indústria de bens de capital competitiva. Contudo, somente após a
década de 50 que estes esforços tomaram grande vulto, no intuito de diminuir a
necessidade das importações destes mesmos bens.
Na década de 70, auge da crise do petróleo, o governo federal investiu
maciçamente em algumas linhas de crédito, funcionando como mola propulsora para o
desenvolvimento das indústrias de bens de capital.
Uma dessas linhas foi o Finame, criado em 1964 para fomentar o país. Porém,
somente com a crise econômica que o governo passou a enfrentar na década de 70,
decorrente das já mencionadas “crises internacionais do petróleo”, foi que o mesmo
realmente passou a atuar forma incisiva para o progresso da nação. “Outro fomentador foi o
Banco do Brasil atuando diretamente na agricultura, em especial na concessão subsidiada
para aquisição de máquinas e implementos agrícolas.” (VERMULM,1993, p. 6).
Ainda na década de 70, o governo não só investiu em linhas de crédito, como
também adquiriu grandes volumes dos bens de capital sob encomenda. De acordo com
Vermulm (1993), como a indústria de bens de capital não possuía corpo técnico qualificado
e nem tecnologia suficiente, foi necessário reproduzir os padrões internacionais, copiando e
licenciando produtos e processos produtivos no exterior para atender esta demanda.
Entretanto o governo era altamente antagônico: a medida que investia em
financiamento, comprava os produtos da IBK e protegia o parque industrial como tentativa de
crescimento, descuidava de coibir as importações. O resultado conseqüente foi um grande
saldo negativo na balança comercial, onde a saída encontrada pelo governo para tal situação
foi restringir a concessão de incentivos em todos os setores, coibir as importações crescentes
e captar recursos no exterior, fato que gerou o princípio da crise financeira da década de 80.
Tal medida não só foi contra a política vigente de incentivo ao desenvolvimento da IBK como
também gerou a necessidade de se captar fontes de recursos a longo prazo, transferindo
recursos do PIS/PASEP, destinando-os aos projetos de máxima prioridade definidos no II
Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) (VERMULM, 1993).
4
O que era para ser um ciclo virtuoso passa a se tornar um ciclo vicioso. As IBK
tentam competir no ambiente externo, porém não conseguem se impor face a grande
diferença tecnológica do mercado mundial. O máximo que conseguem é exportar bens com
baixa sofisticação para a América Latina, cuja economia era similar à brasileira. Conforme
Vermulm (1993), o licenciamento de tecnologia, ou ainda a engenharia reversa, foram as
ferramentas mais utilizadas para os bens seriados. Entretanto para o lançamento de novos
produtos, o Brasil não conseguia se sobressair. Os bens sob encomenda foram comumente
desenvolvidos em empresas de origem estrangeira. Tal saída estratégica funcionou muito
bem, porém como a IBK não era competitiva externamente a solução foi aumentar os preços
para se obter uma razoável margem de lucro. O mercado interno não era capaz de absorver
a produção, o que por sua vez acaba por culminar em grandes índices de capacidade
ociosa fabril.
Além disto, as IBK seguem na contramão dos países desenvolvidos. Enquanto
eles horizontalizam a produção, o Brasil verticaliza ao máximo, inibindo o desenvolvimento
tecnológico, a terceirização e até mesmo os fornecedores sistemistas, tão vitais nos dias
atuais. Deve-se lembrar que esta atitude foi baseada na falta de confiança, qualidade,
responsabilidade, cumprimento de prazos e preços da cadeia de suprimentos como um
todo, onde a verticalização surge como estratégia para evitar tais procedimentos, além de
ter sido uma das alternativas mais utilizadas contra a inflação (VERMULM, 1993).
Na década de 80, na tentativa de conter o dragão inflacionário, o governo criou os
seguintes Planos Econômicos:
•
Cruzado (1986): congelamento da moeda, gerando grande consumo agravado
por taxas negativas. O plano incentivou as IBK, pois houve grande demanda
por bens, dando a sensação de estabilidade monetária. Contudo, a
desvalorização cambial se mostrou mais forte. Ainda assim a balança comercial
foi positiva, porém inferior a 1985.
•
Bresser (1987-88): com o retorno da desvalorização cambial e com a
decretação de moratória dos juros da dívida externa, o Banco Central atuou de
forma positiva na desvalorização da moeda, contendo os gastos da população
e diminuindo os déficits públicos.
•
Verão (1989): com o “seqüestro” das poupanças, o governo teve condições de
disponibilizar recursos ao Finame, entre outros.
Mesmo com os planos vigentes até então, a capacidade produtiva ociosa foi
gigantesca, com sensível perda na escala produtiva. Consequentemente, amplia-se o hiato
tecnológico existente entre a industria brasileira e a mundial na produção de bens de capital.
Contudo, graças a desvalorização cambial, as empresas conseguiram minorar os efeitos da
retração do mercado interno com a expansão das exportações (VERMULM, 1993).
5
4 ATUALIDADE
Segundo Vermulm (1993), a produção de bens de capital é extremamente
dependente das taxas de investimentos da economia. As aquisições raramente são
realizadas com pagamentos à vista, portanto, para o desenvolvimento das IBK é necessário
linhas de financiamento, lembrando que as variáveis inter-relacionadas do ambiente
macroeconômico afetam sobremaneira a demanda dos mesmos.
Na década de 90, após várias tentativas de insucesso dos planos econômicos, o
governo concebeu a “abertura da economia brasileira”, incentivando a concorrência na
busca de melhorias para o país. A zona de conforto (economia fechada) é desfeita. A
tecnologia atrasada pode ser rapidamente substituída por meio de importações, de modo a
criar valor para os produtos nacionais. Aquelas empresas que não foram capazes de se
adaptarem à nova realidade do mercado, que passou a exigir produtos com maior diferencial
e valor agregado, faliram.
O setor agrário foi o mais beneficiado com o novo cenário. Houve grandes
prioridades orçamentárias por parte do governo para o setor, além de novas tecnologias
disponíveis para que o país se tornasse um dos mais significativos do mercado mundial.
O crescimento proporcionado pela abertura comercial viria por meio de três
círculos virtuosos, de acordo com o mesmo autor (1993):
•
O primeiro articularia estabilidade dos preços, aumentando a renda da
população pela eliminação do imposto inflacionário e investimentos privados;
•
O segundo enlaçaria os três âmbitos da abertura com o aumento de
investimentos externos, importações, importações de bens de capital e insumos
que aumentassem a produtividade e ampliação exportadora, viabilizada pelo
investimento externo e pelo aumento de produtividade e que, circularmente,
ampliaria o mercado e o investimento;
•
O último círculo virtuoso era constituído pela integração regional, que deveria
alargar as fronteiras do Mercosul;
As tendências positivas conseguidas nesta década foram: maiores investimentos
em Pesquisa & Desenvolvimento; transferência de tecnologia (licença de fabricação,
assistência técnica qualificada, serviços especiais de engenharia); incorporação de
modernos componentes eletrônicos e de informática importados (VERMULM, 1993).
Na visão do mesmo autor (1993) a crise econômica e a abertura do mercado
interno estimulou ainda outras mudanças na estrutura de bens de capital no Brasil. A
primeira concerne a desverticalização e até mesmo a desnacionalização que por vezes foi
preciso para se desenvolver toda a cadeia de valor e de suprimentos como estratégia
competitiva. A outra estratégia utilizada foi a de maior especialização da linha de produtos,
ou seja, um número mais reduzido de famílias de produtos.
6
4.1 OS EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO NA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
Segundo Santos (1985, 1988, 1994) apud Elias (1996), “a terra, o trabalho e o
capital foram, durante séculos, os principais fatores da produção agrícola, mas a
incorporação de ciência, tecnologia e informação ao seu processo produtivo tem conduzido
a horizontes jamais imaginados antes do Período Técnico-Científico”.
Pode-se dizer que a tecnologia e o capital passaram a subordinar a natureza.
Segundo Elias (1996), essa tecnologia reproduz artificialmente algumas das condições
necessárias à produção agrícola, que se torna cada vez mais dependente dos insumos
gerados pela indústria.
Desta forma, a extensão da área cultivada deixou de ser o fator exclusivo de
crescimento da produção agrícola.
Segundo Graziano da Silva (1981, p. 44) apud Elias (1996), “a produção
agropecuária deixou de ser uma esperança ao sabor das forças da natureza para se
converter numa certeza sob o comando do capital, perdendo a autonomia que manteve em
relação aos outros setores da economia durante séculos”. Diante desta afirmativa, é notável
o desenvolvimento do campo, que além de utilizar tecnologia e capital, utiliza também a
informação, a mão-de-obra especializada e os insumos industrializados diversos, o que
acabou por desenvolver inúmeros ramos da indústria para suprir as novas demandas da
atividade agrícola e pecuária, assim como as IBK.
A reestruturação produtiva das IBK no Brasil diminuiu os custos de produção
provocando queda nos preços desses bens. Dessa forma, nosso parque industrial de bens
de capitais agrícola passou a ser competitivo tanto interno quanto externamente.
No que diz respeito à IBK de máquinas e implementos agrícolas, pode-se dizer
que este segmento é bastante heterogêneo. É composto por três agrupamentos de
produtos: colheitadeiras e grandes máquinas, cujo mercado interno é relevante e o custo de
transporte elevado; tratores, cuja diferença de escala de produção com os concorrentes
norte-americanos e europeus é suficiente para lhes conceder melhor competitividade; e
produtos diversificados com destinações diferentes, produzidos por empresas nacionais, de
pequeno porte e estrutura familiar.
De acordo com Vermulm e Erber (2002), “os nossos principais parceiros
comerciais nas exportações de máquinas e implementos agrícolas são a Argentina (19%), o
Paraguai (16%),os Estados Unidos (9%), o Chile, o México e a Venezuela (com cerca de 5%
das exportações para cada país).
5 ESTUDO DE CASO DO GRUPO JACTO S/A.
Através de pesquisa de campo realizada no Grupo Jacto, foi possível coletar
informações pertinentes para compreender seu processo de crescimento, coadunado com o
processo de inversões no setor de bens de capital agrícola no Brasil.
7
O Grupo Jacto S/A, surgiu do pioneirismo de Shunji Nishimura, um imigrante
japonês que em 1938, com apenas vinte anos de idade veio a se instalar em Pompéia/SP,
20 Km de Marília e 470 Km da capital do estado de São Paulo.
A região de Marília, naquela época, vivia basicamente das culturas de algodão e
café, sendo que a estrada de ferro para escoar a produção de café para o Porto de Santos,
acabava naquela época justamente em Pompéia.
Desta forma, Nishimura detectou que aquela localidade seria um bom lugar para
abrir uma oficina de consertos gerais, já que o mesmo possuía conhecimentos para tal,
obtidos no curso de técnico em mecânica realizado em seu país de origem. Em frente à sua
pequena casa, Shunji colocou uma pequena placa com os dizeres: “conserta-se tudo”.
Logo após a instalação de sua pequena oficina mecânica em Pompéia, eclodiu a
Segunda Guerra Mundial. Naquela época, o Brasil ainda estava em estado embrionário de
industrialização, dado que seus esforços produtivos eram notadamente voltados para a
agricultura, mais especificadamente para o café.
Assim, devido ao problema da guerra, o Brasil teve que reduzir as importações de
bens industrializados inclusive os voltados para a agricultura, o que comprometeria várias
atividades econômicas, incluindo-se a do café.
A escassez de máquinas e equipamentos agrícolas decorrentes da já referida
retração nas importações, fez com que aumentasse consideravelmente a demanda pelos
serviços da oficina de Shunji Nishimura, pois o mesmo possuía grande habilidade na
detecção de defeitos de máquinas e habilidade para recuperá-las.
Como Nishimura vivia num ambiente notadamente agrícola e verificando as mais
variáveis dificuldades enfrentadas pelos agricultores da época, ele iniciou um processo de
criação de pequenos projetos na área mecânica para resolver, ou pelo menos, minimizar
tais dificuldades.
Assim, inventou uma polvilhadeira, tendo um grande sucesso de vendas aos
agricultores regionais e assim, começou a buscar novas tecnologias, aperfeiçoando seus
inventos e criando novas máquinas agrícolas.
A demanda pelos seus produtos aumentava dia-a-dia e em 1956, justamente na
época em que, conforme o item três discorre, a produção de bens de capital tomou grande
vulto no Brasil, surgia legalmente em Pompéia/SP a “Máquinas Agrícolas Jacto S/A”, sendo
o nome inspirado nos aviões a Jato que surgiram também naquela época, pois Shunji
assemelhou os rastros brancos das polvilhadeiras com os deixados por tais aviões no ar.
A empresa de Nishimura cresceu e atualmente constitui o chamado Grupo Jacto
S/A, sendo constituído pelas seguintes empresas:
•
Máquinas Agrícolas Jacto S/A: produz pulverizadores (costais, motorizados e
tratorizados), além de colheitadeiras, lavadoras de alta pressão, carrinhos
elétricos e tanques para tratamento de esgoto residencial e industrial. De
8
acordo
com
informações
obtidas
com
o
Gerente
de
Planejamento,
Programação e Controle da Produção da “Máquinas Agrícolas Jacto”, só essa
empresa do Grupo, possui atualmente 1.506 funcionários, área construída de
70.000 m2, com um faturamento anual de US$ 100 milhões. Segundo o
mesmo, a empresa atende a uma agricultura diversificada, possuindo uma linha
de máquinas e implementos que atende do pequeno ao grande agricultor. Só
na área de pulverizadores, tal empresa fabrica cerca de 100 diferentes
modelos, liderando o mercado desse segmento na América Latina e está entre
os três primeiros no ranking mundial na atualidade;
•
Unipac Indústria e Comércio Ltda: constituída em 1976 e fabrica embalagens
plásticas, tanques de combustíveis, garrafas e caixas térmicas, cochos de
alimentação de gado, peças plásticas para a indústria automobilística,
aquecedor solar e caixas d’água; contando com cerca de 25.000 m2,
atualmente com 700 funcionários e estagiários, possuindo filiais em São José
dos Campos, Regente Feijó e Resende/RJ;
•
Empresas de Transportes Rodojacto Ltda: segundo o gerente da Rodojacto,
trata-se de uma empresa de transportes rodoviários criada para atender o mais
rápido possível os pedidos dos clientes com qualidade e segurança, sendo que
80% de seus serviços atendem apenas a Jacto e os 20% restantes atendem a
serviços externos;
•
Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia: escola técnica agrícola com
cursos de duração de quatro anos; e
•
Brudden Equipamentos Ltda: surgiu há 23 anos no município de Pompéia,
interior de São Paulo. Fundada pelo Sr Takashi Nishimura, filho de Shunji
Nishimura, iniciou suas atividades produzindo equipamentos para jardinagem –
pulverizadores manuais e cortadores de grama.
No ano de 1988 começou a produzir equipamentos de ginástica para uso
residencial e profissional (academias), era então lançada a marca Moviment, sinônimo de
qualidade, tecnologia, performance e design. Em 1991, passou a comercializar, com
exclusividade no Brasil, as roçadeiras Shindaiwa, marca conhecida mundialmente por sua
ampla variedade de produtos para jardinagem. Possui atualmente um moderno parque
industrial com mais de 12.000 m2 instalados em uma ares total de 50.000 m2, onde
trabalham 310 pessoas. A Brudden investe em pesquisa e desenvolvimento de soluções
para seus dois principais segmentos, agrícolas e esporte/lazer. Seus produtos estão
presentes em todo o Brasil, através de revendedores e uma ampla rede de assistências
técnicas, sendo todas certificadas através de um processo de seleção e treinamento.
No ano de 1999, foi implantado no Grupo Jacto S/A, o sistema enxuto de
produção. Tal sistema veio a fim de reduzir o nível do valor em estoque e para proporcionar
9
maior controle da demanda. Por volta do ano 2000, os serviços de segurança patrimonial,
organizações de materiais, limpeza e alimentação, foram sendo aos poucos terceirizados,
para não perder o foco, uma vez que a verticalização permite.
A administração da Jacto S/A é totalmente voltada ao sistema industrial, que é
baseado no sistema japonês de administração. Esse sistema tem com base o método JIT –
“Just in Time” (expressão que significa “no tempo exato”, no momento certo ou na hora
certa). Segundo Martins (2000, p.100) just in time “ é o método de produção que tem como
objetivo a disponibilização de materiais requeridos pela manufatura apenas quando forem
necessários para que o custo do estoque seja menor.” Esse sistema requer a participação
de todos, visto que exige a produção do item certo, na hora certa e da maneira correta, a fim
de satisfazer as necessidades dos clientes, sejam eles internos ou externos.
O grande esforço da Jacto S/A se baseia em atender as mais exigentes
solicitações dos agricultores, para utilizar a flexibilidade como uma ferramenta para ser
competitiva no mercado. Dentro da cadeia de valor estudada, a empresa busca agregar
qualidade, durabilidade e confiança em seu produto. Assim, a organização consegue reter
boa “fatia” no mercado, conquistando sempre inovações e sendo capaz de gerar ainda mais
vantagens e diferenciais competitivos.
6 CONCLUSÕES
Através do presente trabalho, foi possível analisar a evolução do setor de bens de
capital agrícola no Brasil, que foi viabilizado através de políticas governamentais. Foi
possível verificar também que o Grupo Jacto S/A, uma empresa desse setor de importância
nacional e internacional desenvolveu-se no mesmo período.
É claro que, se não fosse o espírito empreendedor de seu fundador, o Grupo
Jacto S/A não seria hoje uma das maiores e mais importantes indústrias do setor metal
mecânico agrícola, tanto nacionalmente, quanto internacionalmente.
No contexto nacional, as indústrias de bens de capital agrícola têm se destacado
e investido em novas tecnologias de produção, informação e mão-de-obra qualificada, face
ao grande salto da agroindústria nacional. O Grupo Jacto S/A é uma dessas indústrias que
trabalha com dinamismo para atender essa demanda.
10
REFERÊNCIAS
ELIAS, Denise. Globalização e modernização agrícola. Associação dos Geógrafos Brasileiros –
AGB Curitiba. Revista Paranaense de Geografia, nº 01, ISNN 1413 - 6155, 1996.
GRAZIANO DA SILVA, José. Progresso técnico e relações de trabalho na agricultura. São Paulo:
Hucitec, 1981.
SANTOS, Milton. O espaço dividido. Os dois circuitos da economia urbano dos países
subdesenvolvidos. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1979.
VERMULM, Roberto; ERBER, Fábio. Estudo da competitividade de cadeias integradas no Brasil:
impactos das zonas de livre comércio. Cadeias: bens de capital. Universidade Estadual de Campinas.
Campinas: dezembro, 2002.
VERMULM, Roberto. O setor de bens de capital. Departamento de Economia da FEA/USP. Abril, 1993.
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análise da indústria de bens de capital agrícola