ORIENTAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE ENSINO MEDIADO
POR AMBIENTE VIRTUAL
Ilse Abegg ([email protected]), Fábio da Purificação de Bastos ([email protected])
Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação, Departamento de Metodologia
do Ensino, Programa Especial de Graduação - Formação de Professores para a Educação
Profissional, RS, Fapergs.
grupo temático: (GT 02 - Tecnologias e constituição de ambientes de aprendizagem)
Indicação da modalidade (artigo)
RESUMO:
Problematizamos nossa prática docente orientadora no escopo curricular do Estágio
Supervisionado de Ensino no curso de formação inicial de professores da Universidade
Federal de Santa Maria (Programa Especial de Graduação - Formação de Professores para
a Educação Profissional), quando as mesmas são mediadas por tecnologias educacionais em
rede. Ressaltamos que trata-se de ação educativa integradora entre níveis de ensino,
instituições e sujeitos diferentes. De um lado, educação profissional, escola de nível médio
da escolaridade, estudantes e professor supervisor do ensino técnico. De outro, ensino
superior que capacita professores, universidade, estudantes estagiários e professor
orientador. Neste contexto, a orientação em rede desta iniciação à docência é nossa
preocupação temática. A composição sujeitos, temática e contextos organiza a
problematização matricial do trabalho educacional. Temos como objetivos apresentar e
analisar resultados de pesquisa-ação com a ferramenta de atividade colaborativa de
ambiente virtual de ensino-aprendizagem, no âmbito da orientação de estágio de docência.
O referido estágio ocorre ao longo de todo o curso, em três disciplinas, totalizando
trezentas e quinze horas, das quais boa parte ocorre na escola técnica de nível médio.
Neste sentido, transitando pelas observação participante, colaboração e docência do
estagiário, os conhecimentos da área educacional são aproximados, apropriados,
transformados e implementados no processo de formação inicial docente produzindo os
saberes necessários à profissão. Assume-se que as disciplinas tematizadas por Tecnologias
Aplicadas a Educação e Sistemas de informação e Pesquisa em Educação Profissional e
Tecnológica são essenciais para inserção de componentes inovadores e contemporâneos nos
projetos de ensino dos estagiários. A meta é projetar, implementar e avaliar um desenho de
orientação de estágio supervisionado de ensino, mediado tecnologicamente. Nosso
referencial teórico esboça diagnósticos das situações-limites e inéditos-viáveis, tendo como
parâmetros a educação como prática para a liberdade, mediada por software livre
educacional. Sistematicamente, compartilhamos problemas sócio-educacionais e propomos
desafios para o estágio. Em termos de concepção educacional priorizamos o
diálogo-problematizador
nas
pautas
científico-tecnológicas
a
serem
descodificadas-codificadas dinamicamente. A perspectiva colaborativa é teoria guia
unificadora do par orientação-estágio. Assim como, a coautoria é a ideia-chave que
estratégica e processualmente desenvolvemos. A referência no movimento software livre
coloca a própria tecnologia educacional como prática cultural para liberdade. E
disponibilizando tecnologia hipermidiática, orientador e estagiário tem possibilidade de
interação em rede mediados por ferramenta de alta interatividade. É a visibilidade da
produção do estágio que mobiliza o estagiário, do campo individual para o
compartilhamento de problemas e soluções, com o orientador e seus colegas.
Metodologicamente explicitamos o movimento cíclico-espiralado característico da
pesquisa-ação, na interface teoria-prática. Assim, pesquisa e investigação ocupam espaços
diferenciados e integrados na produção escolar colaborativa em rede, com discentes
atuantes como estagiários na educação profissional. Locando atividades de estudo,
componentes dos projetos de ensino, contextualização escolar, relatos das aulas e análises,
o relatório de estágio de ensino vai sendo construindo pelo estagiário com orientação
constante e processual, sempre em rede. É nesta convivência produtiva que o estagiário
transita, ora pela investigação das aulas de estágio, ora pela pesquisa nos momentos de
orientação. Com as autorreflexões dos relatos práticos compõe o quadro teórico analítico,
compartilhado e orientado pelo professor orientador. Como conclusões propomos desenho
didático-metodológico para prática docente orientadora mediada por tecnologias
educacionais em rede. Apresentamos, também, rede conceitual elaborada para teorização
do par fragmento-totalidade da manifestação cultural objeto deste trabalho, com o intuito
de mapear seu potencial para otimizar a parametrização curricular da orientação do estágio
supervisionado de ensino na educação profissional. Ao final sinalizamos com questões
geradoras do próximo ciclo desenvolvimental de trabalhos futuros.
PALAVRAS-CHAVE: estágio supervisionado de ensino, ambiente virtual e prática docente
orientadora.
1 – Introdução
O presente artigo problematiza nossa prática docente orientadora na instância
curricular do Estágio Supervisionado de Ensino, do curso de formação inicial de professores
da Universidade Federal de Santa Maria (Programa Especial de Graduação - Formação de
Professores para a Educação Profissional). Destacamos que, em virtude das disciplinas de
Estágio Supervisionado de Ensino I, II e III serem ofertadas na modalidade educacional
semipresencial, pois dos sete créditos que compõem cada uma das disciplinas, dois são
considerados teóricos e cinco práticos. Destes a maior parte é desenvolvida na escola. Por
isso, as mesmas são mediadas por tecnologias educacionais em rede (ambiente virtual de
ensino-aprendizagem).
Ressaltamos que, trata-se de ação educativa integradora entre diferentes níveis de
ensino, instituições e sujeitos. De um lado, educação profissional, escola de nível médio da
escolaridade, estudantes e professor supervisor do ensino técnico. De outro, ensino
superior que capacita professores, universidade, estudantes estagiários e professor
orientador.
Ao longo do texto, apresentamos e analisamos resultados de pesquisa-ação
produzidos nas referidas disciplinas de estágio. Destacamos também, como as ferramentas
de atividades colaborativas do ambiente virtual de ensino-aprendizagem potencializam a
orientação em rede do estágio de docência na educação profissional.
Concluímos propondo um desenho didático-metodológico para prática docente
orientadora mediada por tecnologias educacionais em rede. Com o intuito de mapear o
potencial de otimização da parametrização curricular da orientação do estágio
supervisionado de ensino, na educação profissional, apresentamos uma rede conceitual
elaborada para teorização do par fragmento-totalidade da manifestação cultural objeto
deste trabalho. Ao final, como desafio mais amplo, sinalizamos questões geradoras do
próximo ciclo desenvolvimental de trabalhos futuros tematizados por Estágio
Supervisionado de Ensino.
2 - Referencial Teórico
Nosso referencial teórico tem potencial para esboçar diagnósticos das
situações-limites e inéditos-viáveis, tendo como parâmetros a educação como prática para
a liberdade (Freire, 1996) mediada por software livre educacional (Stallman, 2003). Dito de
oura forma, guiados pelos conceitos-chave das referidas teorias-guia, problematizamos
situações-problemas identificando seus contornos obstaculizadores e projetando soluções
viáveis e possíveis na nossa realidade concreta do estágio supervisionado de ensino (Da
Silva, 2007; Pimenta e Lima, 2010).
Em trabalho anterior (Abegg, De Bastos e Müller, 2005) mostramos como o modo de
produção colaborativo (bazar) do movimento software livre se aproxima da educação como
prática da liberdade, principalmente, quando a escolaridade for mediada pelas tecnologias
da informação e comunicação livres. Nosso argumento central para a transposição destas
ideias para a instância do estágio supervisionado de ensino é que a participação produtiva
do conhecimento potencializa a comunicação e colaboração (Lima e Aroeira, 2011),
tornando as práticas escolares em rede mais participativas, viável-possível e necessária
para a inclusão socioeducacional e melhoria na qualidade de vida dos envolvidos (Gomes,
2011).
No cotidiano escolar da orientação de estágio, sistematicamente compartilhamos
problemas socioeducacionais e propomos desafios para os estudantes estagiários. Em
termos de concepção educacional priorizamos o diálogo-problematizador nas pautas
científico-tecnológicas a serem descodificadas-codificadas dinamicamente (Abegg e outros,
2013). Na prática isso requer atuar na perspectiva da simetria invertida, ou seja, partir de
situações-problemas e em seguida problematizar conceitos e princípios, conforme nos
coloca Menezes (1980 Apud, Nardin, 2011):
parte da problematização da realidade para o ensino-aprendizagem de conceitos,
leis, teorias e fenômenos que precisam ser aprendidos de forma crítica. A simetria
invertida destaca que o início do processo de aprendizado deve contemplar a
análise de situações reais (situações-problemas) de forma a preceder qualquer
generalização teórica. A significância de tal abordagem advém do fato dos
educandos já possuírem conhecimentos sobre as situações que vivenciam e destas
se constituírem como parte do seu interesse imediato (MENEZES, 1980 Apud,
Nardin, 2011, P.53)
Portanto, isso está de acordo com o conceito de diálogo-problematizador, pois ao
trabalhar com situações-problemas, pode-se evidenciar o quotidiano do estudante, pois,
segundo Freire (1983), este:
é a problematização do próprio conhecimento em sua indiscutível relação com a
realidade concreta, na qual se gera e sobre a qual incide, para melhor
compreendê-la, explica-la, transformá-la (FREIRE, 1983, P.34)
Neste contexto, por coerência teórico-prática, a perspectiva colaborativa é a teoria
guia unificadora do par orientação-estágio. Assim como, a coautoria é a ideia-chave que,
estratégica e processualmente desenvolvemos na instância universitária da orientação do
estágio. Tanto o conceito de colaboração, como o de coautoria, são centrais na teoria da
educação como prática da liberdade freireana.
A referência ao movimento software livre coloca a própria tecnologia educacional em
rede como prática cultural para liberdade. Ou seja, não é suficiente apenas a conduta de
usuário tecnológico no escopo educacional, mas daquilo que esta sendo chamado no âmbito
da tecnologia da produtor-consumidor (prosumer em inglês). Afinal, professores e
estudantes tem participado cada vez mais, agora muito mais intensamente em rede, do
diálogo codesenvolvedor de materiais didáticos, denominados também de recursos e
tecnologias educacionais.
Com a institucionalização universitária do ambiente virtual de ensino-aprendizagem
livre (Moodle), disponibilizando tecnologia hipermidiática na forma de ferramentas de
recursos educacionais e atividades de estudo, orientador e estagiário têm possibilidade de
interação em rede com alta interatividade. O que é essencial para aquilo que denominamos
de fluência tecnológica e flexibilidade cognitiva, fundamental para as atividades de estudo
de elaboração de projetos de ensino, plano de ensino, planejamentos de aulas, relatos das
aulas, análise crítica e elaboração do relatório final de estágio. Esse conjunto de atividades
consolida a interação dialógico-problematizadora em rede nos estágios supervisionados de
ensino.
Como quintessência teórico-prática da produção do estágio, destacamos a
visibilidade do quefazer do estagiário que o mobiliza pela via da colaboração e coautoria na
perspectiva da educação como prática da liberdade. Na prática estudantil de estagiário, a
mobilidade é do campo individual para o compartilhamento de problemas e soluções com o
orientador e seus colegas.
3 – Objetivos
Conforme afirmamos anteriormente, temos como objetivos principais apresentar e
analisar resultados de pesquisa-ação no âmbito do estágio supervisionado de ensino. Mais
especificamente, o ensino investigativo de orientação de estágio mediado por ferramentas
de atividades colaborativas de ambiente virtual de ensino-aprendizagem. Lembramos que,
no âmbito da orientação de estágio de docência, grande parte da carga horária, o estagiário
se encontra na unidade escolar.
No contexto produtivo deste artigo, a meta é projetar, implementar e avaliar um
desenho de orientação de estágio supervisionado de ensino mediado tecnologicamente. Dito
de outra forma, o objetivo maior é a teorização da prática de uma estratégia
didático-metodológica em rede implementada na orientação de estágio docente.
Conforme já ressaltamos anteriormente, o estágio supervisionado de ensino é ação
educativa integradora entre níveis diferentes de ensino, instituições e sujeitos. Em nosso
caso, de um lado educação profissional, escola de nível médio da escolaridade, estudantes e
professor supervisor do ensino técnico. De outro, ensino superior que capacita professores,
universidade, estudantes estagiários e professor orientador. Contudo, nosso objetivo é
pesquisar ativamente apenas esse último, ou seja, a orientação de estágio no escopo
universitário.
4 – Metodologia
Como temos três disciplinas de estágio supervisionado de ensino (UFSM, 2009),
transitamos com os estagiários pelas estratégias metodológicas de (pesquisa) observação
participante, colaboração escolar e docência investigativa, respectivamente, no espaço
escolar da unidade de ensino profissional. Inicialmente no estágio I observação participante,
não apenas das aulas do futuro e provável professor supervisor , mas do espaço escolar
como um todo e dos documentos que compõem o projeto pedagógico institucional e de
curso.
Na segunda disciplina orientamos o estagiário a participar ativamente (como agente
de colaboração do professor supervisor e seus estudantes), ainda que apenas como auxiliar
do professor supervisor, nas atividades extraclasse ou de grupos, inaugurando sua primeira
interação com os estudantes dos cursos técnicos. Contudo, destacamos que a tarefa central
do estagiário nesta etapa é a produção do projeto de ensino. No estágio propriamente dito
(disciplina de estágio supervisionado de ensino III), o estagiário atua como docente
responsável por uma turma, sob supervisão do professor da mesma, na perspectiva da
docência investigativa.
Nestas três instâncias, conhecimentos da área educacional (em especial das
disciplinas de pesquisa educacional e tecnologias da informação e comunicação) são
aproximados, apropriados, transformados e implementados no processo de formação inicial
docente, potencializando a produção dos saberes necessários à profissão docente.
Assumimos e explicitamos para os mesmos que, as disciplinas tematizadas por Tecnologias
Aplicadas a Educação e Sistemas de informação e Pesquisa em Educação Profissional e
Tecnológica são essenciais para inserção de componentes inovadores e contemporâneos nos
projetos de ensino dos estagiários. Em outras palavras, transformamos os conceitos e
princípios das teorias e tecnologias educacionais aprendidas ao longo do curso em
teorias-guia para os projetos de ensino dos estagiários.
Neste contexto, a orientação em rede do estágio supervisionado de ensino desta
iniciação à docência torna-se nossa preocupação temática. A composição sujeitos (professor
orientador, estagiários, estudantes do ensino técnico e professor supervisor), temática
(orientação em rede do estágio supervisionado de ensino) e contextos (curso de formação
de professores para a educação profissional e curso técnico no ensino médio) organiza a
problematização matricial do trabalho educacional. No escopo da pesquisa-ação
emancipatória na perspectiva da prática educacional dialógico-problematizadora, no
guiamos por esta matriz para elaborar nossas questões de pesquisa dentro da área temática.
Metodologicamente, explicitamos que as três disciplinas se movimentam num
cíclico-espiralado, característico da pesquisa-ação (FELDMAN A. & CAPOBIANCO B. ,
2000), na interface teoria-prática, no movimento restrospecção-prospecção, gerador de
inovações e mudanças educacionais viáveis-possíveis. Teorias são resgatadas e guiam os
projetos de ensino de estágio e, práticas são guiadas pelos conceitos e princípios
aprendidos e reinterpretados em cada realidade escolar.
Assim, pesquisa e investigação ocupam espaços diferenciados e integrados na
produção escolar colaborativa em rede, com discentes atuantes como estagiários na
educação profissional. Dito de outra forma, os relatórios de estágios expressam sínteses
culturais de natureza teórica, como contribuição à pesquisa, enquanto a investigação
realizada no estágio inaugura a docência, responsável pela geração dos resultados
produzidos com o professor supervisor. Objetos de autorreflexão e reflexão com o professor
orientador, professor supervisor e colegas, na maioria da vezes em rede, a docência no
estágio produz inéditos-viáveis essenciais para a profissionalização docente.
5 – Desenvolvimento
Já explicitamos acima que o estágio supervisionado de ensino ocorre ao longo de
todo o curso, em três disciplinas, totalizando trezentas e quinze horas, das quais boa parte
ocorre na escola técnica de nível médio. Em outras palavras, estas três disciplinas de
estágio potencializam a iniciação à docência do estudante desde o início do curso. Só por
isso, o estágio docente já merece ser objeto de estudo dos docentes universitários atuantes
no referido curso.
Já dissemos também, mas optamos por voltar a ressaltar, que transitamos pelas
observação participante, colaboração e docência investigativa nos três estágios. Isso por um
lado, auxilia no resgate dos conhecimentos da área educacional que foram aproximados,
apropriados, transformados e implementados no processo de formação inicial docente e, por
outro, produz a construção dos saberes necessários à profissão docentes.
Como orientação-chave de estágio, localizamos as teorias-guia nas instâncias
curriculares das disciplinas tematizadas por Tecnologias Aplicadas a Educação e Sistemas
de informação e Pesquisa em Educação Profissional e Tecnológica. Ressaltamos para os
estagiários que os conceitos e princípios abordados nas mesmas, são essenciais para
inserção de componentes inovadores e contemporâneos nos projetos de ensino dos
estagiários.
Enfatizamos que, como se trata de estágio supervisionado de ensino no escopo
profissional-tecnológico, incentivamos os estagiários no desenvolvimento de ações
inovadoras supervisionadas pelo professor da turma. Se isso, por um lado, cria uma tensão
no momento da elaboração do projeto de ensino (estágio II), por outro, credencia e qualifica
a prática docente do estagiário (estágio III) frente aos estudantes e professor supervisor.
Para que isso efetivamente ocorra, pesquisa e investigação que ocupam espaços
diferenciados e integrados na produção escolar colaborativa em rede, com discentes
atuantes como estagiários na educação profissional, precisam ser identificadas em sua
produção, em especial, nas ferramentas de atividade do ambiente virtual. Logo, o trabalho
de estágio mediado pelas ferramentas colaborativas é um bom indicador de êxito do
estagiário.
Para tanto, locamos todas as atividades de estudo (projetos de ensino,
planejamentos das aulas, relatos das aulas, análises críticas e o relatório de estágio
supervisionado de ensino) na ferramenta de atividade colaborativa Wiki do Moodle (Abegg e
Outros, 2009) (conforme figura 1). Num único wiki com áreas hipermidiáticas para cada
estagiário, orientamos para que criem subáreas, também hipermidiáticas para as respectivas
atividades de estudo.
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Planejamentos e Relatos das Aulas de Estágio Supervisionado de Ensino III
Na prática, ao longo dos estágios o estagiário vai construindo, com orientação
constante e processual, sempre em rede, sua aprendizagem em observação participante,
colaboração escolar e docência investigativa. O fundamental é que a orientação do estágio
supervisionado de ensino, por um lado é em rede (o que potencializa a sincronia das ações
na universidade e na escola) e, por outro, é mediado por ferramenta colaborativa, onde
pode-se acessar para ver e editar nas áreas da wiki em qualquer momento e local, sem a
necessidade de esperar até o dia e horário da aula da disciplina de Estágio Supervisionado
de Ensino que ocorre de forma presencial na universidade (figura 2, a seguir). Nesta áreas
da ferramenta de atividade wiki é que se produz
Figura 2 – Áreas dos estagiários e professor orientador no wiki do Moodle
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de Estudo colaborativas do estágio III na wiki do Moodle
É nesta convivência produtiva que o estagiário transita, ora pela investigação-ação
das aulas de estágio (observação participante, colaboração escolar e docência
investigativa), ora pela pesquisa-ação nos momentos de orientação (elaboração do projeto
de ensino, análise críticas das aulas e elaboração do relatório de estágio). Com as
autorreflexões dos relatos da prática escolar, as reflexões nos momentos de orientação
(majoritariamente em rede mediado pelo ambiente virtual), compomos colaborativamente o
quadro teórico analítico, compartilhado e orientado pelo professor orientador, gerador do
relatório final de estágio.
Sinteticamente, podemos resumir o desenvolvimento da seguinte forma: a)
disponibilização da Atividade wiki, pelo professor-orientador; b) definição do campo de
atuação pelo estudante-estagiário; c) produção colaborativa e em rede dos planos de
ensino e planejamentos das aulas pelos estudantes estagiários, com orientação do professor
orientador e aprovação do professor supervisor; d) elaboração dos relatos da implementação
por cada estudante-estagiário (autorreflexão); e) diálogo-problematizador com o professor
orientador em torno do relatos (reflexões); f) investigação e sistematização das
regularidades e transformações didáticas das atividades de orientações de estágio
supervisionado de ensino (análise crítica); g) realização de avaliações tipo survey para
estimar, problematizar e investigar a produção escolar colaborativa, organizada como
atividades de estudo e h) produção do relatório final estágio.
Ressaltamos que, todas as etapas são realizadas em rede e, apenas em caso extrema
necessidade realizamos orientações de estágio individualizadas e presenciais. Os poucos
momentos presenciais são previamente agendados e destinados, a apresentação de
seminários temáticos pelo professor orientador e defesa do relatório de estágio (considerado
como avaliação presencial obrigatória).
Nossos primeiros resultados sinalizam para os seguintes pares de Situações-Limites
[SL] (obstáculos) e Inéditos-Viáveis (avanços) [IV]:
 1º par → [SL1] a resistência dos estudantes em trabalharem em rede mediados por
ferramenta colaborativa – [IV1] a produção individual apresenta traços de
'colaboração não assumida', proporcionada pela ferramenta wiki do Moodle (trata-se
de consulta aos trabalhos dos colegas e utilização das ideias dos seus pares
estagiários, sem consentimento);
 2º par → [SL2] a falta de sincronia do trabalho dos estudantes estagiários ao longo
do semestre letivo (intervalo de 15 dias entre plano de aula e sua respectiva
implementação e 1 dia entre implementação e relato da aula) – [IV2] a visibilidade
eletrônica no ambiente virtual das datas de entregas das atividades de estudo
(tarefas acadêmicas) vai diminuindo a assincronia e sincronizando o par
docência-orientação;
 3º par → [SL3] estagiários que pouco e mal relatam suas aulas, tem muita
dificuldade na elaboração das análises críticas e do relatório de estágio – [IV3]
estagiários que relatam as aulas, sincronicamente com seu desenvolvimento no wiki,
potencializam este 'hábito investigativo' nos colegas;
 4º par → [SL4] a turma heterogênea de estagiários ainda apresenta aprendizagens
destacadas (explicita e agudamente individualistas) de alguns estudantes – [IV4] é
crescente o quantitativo de estagiários que apresentam aprendizagens conectadas
(colaborativas e solidárias) com seus colegas, transformando a performance média da
turma, numa manifestação majoritária nas turmas de estágio;
 5º par → [SL5] muitos estagiários concluem o estágio II sem elaborar um projeto
de ensino com viabilidade de implementação – [IV5] os estagiários que são
orientados em rede na elaboração do projeto de ensino, obtém êxito na docência
investigativa no estágio III, com boa sincronia na orientação em rede.
6 – Conclusões
Como conclusões propomos um desenho didático-metodológico para prática docente
orientadora de estágio supervisionado de ensino mediada por tecnologias educacionais em
rede. Para tanto, apresentamos a seguir, também, uma rede conceitual (Figura4) elaborada
para teorização do par fragmento-totalidade da manifestação cultural (orientação em rede
do estágio supervisionado no ensino profissional) objeto deste trabalho.
Nosso intuito com essa rede conceitual é mapear seu potencial para otimizar a
parametrização curricular da orientação do estágio supervisionado de ensino na educação
profissional. Isso porque, assumidamente, é o estágio supervisionado de ensino a instância
curricular considerada a quintessência da formação inicial de professores da educação
profissional e tecnológica.
Figura4- Rede Conceitual: Orientação em rede do estágio supervisionado no ensino profissional
Para finalizar sinalizamos com questões geradoras do próximo ciclo-espiralado
desenvolvimental de trabalhos futuros. Nossa intenção com isso é indicar possíveis
caminhos e gerar interações, com colegas universitários que compartilhem essa
preocupação temática da orientação do estágio supervisionado de ensino.
 Como dialogar, com o professores orientadores de estágio supervisionado no ensino
profissional, sobre o potencial inovador das ferramentas de atividades colaborativas
dos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem?
 Por que ainda persiste no espaço universitário a ideia que, a disciplina de estágio
supervisionado no ensino profissional é presencial, mesmo assumindo a interface
universidade-escola nesta instância curricular?



É preciso delinear a fluência tecnológica para a orientação em rede no estágio
supervisionado no ensino profissional?
No escopo dos cursos de formação de professores para a educação profissional e
tecnológica, o estágio supervisionado de ensino mediado por tecnologias
educacionais em rede, tem maior potencial para garantir a permanência e conclusão
dos estudantes?
Ferramentas de pesquisa-ação dos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem
potencializam a docência investigativa em rede nas escolas profissionais?
7 – Referências
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Prática da Liberdade e Movimento Software Livre: produção colaborativa mediada
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(disponível
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http://bibliotecadigital.sbc.org.br/?module=Public&action=SearchResult&author=2
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Download

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