Hormônios Esteróides Reprodutivos
e Atividade Ovariana em Felídeos do
Gênero Leopardus
Capítulo 2 da Tese de Nei Moreira
Reprodução e Estresse em Fêmeas de Felídeos do
Gênero Leopardus
Objetivos
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Jardins zoológicos e outras instituições que fazem reprodução ex situ
compartilham a grande responsabilidade de ajudar a prevenir a rápida
extinção de espécies silvestres do Planeta Terra.
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Todos os felídeos (com exceção do gato doméstico, Felis catus) estão
no momento, ameaçados em algum grau e várias espécies são vistas
como criticamente em perigo (Nowell & Jackson, 1996).
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Espera-se que a compreensão da fisiologia reprodutiva e do
comportamento dessas espécies possa conduzir a melhores
estratégias de manejo, que resultem em diminuição do estresse e
aumento do sucesso reprodutivo.

Para a criação e manutenção de um banco de dados de reserva
genético em cativeiro devemos, urgentemente, aumentar a eficiência
reprodutiva e diminuir a taxa de mortalidade neonatal.
Revisando a Reprodução em Fêmeas
(Gata doméstica)
Resumo
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Padrões endócrinos reprodutivos foram caracterizados em 3 fêmeas
de jaguatirica (J), 2 de gato-do-mato-pequeno (GMP) e 2 de gatomaracajá (GMj) alojadas em cativeiro na Região Sul do Brasil
Mantidas em recintos individuais e expostas às flutuações naturais do
fotoperíodo
Ambiente:
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(1)
Foz do Iguaçu: subtropical úmido, verões quentes e aumento de
chuvas, não há estação seca, UR em 80-90%, Tº média de 21oC;
Curitiba: subtropical úmido mesotérmico, mais frio do que em Foz do
Iguaçu, verões quentes, maior frequência de chuvas nos meses de
verão, não há estação seca definida, Tº média nos meses mais
quentes > 22ºC, e nos meses mais frios < 18ºC.
Fêmeas mantidas sob fotoperíodo natural e com dieta constituída por
carne bovina crua, suplemento mineral e vitamínico e água à vontade
Todos os animais foram alimentados uma vez por dia, sem dia de
jejum.
Resumo
(2)
Métodos
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Extração de esteróides e Radioimunoensaio: amostras
fecais analisadas a cada 5 dias durante 14 a 18 meses
(análise hormonal);
Registros: Comportamentos de estro (correlacionar com os
exames);
Laparoscopia: realizadas 2 em cada fêmea, em setembro e
abril (número e tamanho de folículos ovarianos, corpo lúteo
[CL] e diâmetro uterino);
Citologia vaginal: realizadas 2 em cada fêmea, no mesmo
dia da laparoscopia (morfologia das células epiteliais).
Características Reprodutivas Gerais
Tabela 1 – Dados reprodutivos de felídeos neotropicais
Espécie
Nome científico
Peso (kg)
Duração do
estro (dias)
Duração do ciclo
estral (dias)
Gestação (dias)
Número de
filhotes
Gato-do-matopequeno
Leopardus tigrinus
1,5 – 3,0
3–9
16,4 ± 1,2
55 – 60
62 – 74
73 - 78
1-2
1–3
Gato-maracajá
Leopardus wiedii
3,5
4 – 10
32 – 36
17,6 ± 1,5
76 – 84
1–2
Gato-do-matogrande
Leopardus geoffroyi
2,0 – 6,0
1 – 12
20
23 – 29
62 – 78 (maioria em
71 – 78)
1–3
2,31 ± 0,13
Gato-palheiro
Leopardus colocolo
3,0 – 4,0
80 – 85
1–3
19,9 ± 1,8
25,11 ± 4,33
42
70 – 85
79 - 85
1-2
1-3
53,63 ± 2,41
63 - 70
70 – 75
1–4
Jaguatirica
Leopardus pardalis
7,0 – 15,0
4,63 ± 0,63
7 – 10
Jaguarundi
Puma yagouaroundi
3,0 – 7,0
3,17 ± 0,75
Suçuarana
Puma concolor
35,0 – 70,0
91 – 95
1–4
Onça-pintada
Panthera onca
135,0 – 158,0
93 – 105
1–4
Discussão
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(1)
Fêmeas ciclaram dentro da variação
previamente relatada para outras espécies de
felídeos.
Nem J nem GMP ovularam espontaneamente
Já na GMj observou-se frequentemente a
presença de CLs, não induzidos por coito
(ovulação espontânea)
GMjs apresentaram atividade ovariana durante
todo o ano, com ovulações espontâneas, e
maior nível de progestágenos principalmente de
setembro a abril
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Logo, os mecanismos ovulatórios dentro da
Família Felidae talvez sejam regulados em
maior ou menor grau pela espécie e mesmo
por respostas individuais específicas a
estímulos ainda não identificados
Com base no estrógeno fecal sazonalidade
ovariana não foi aparente
Registros indicaram nascimentos em todos os
meses do ano, exceto junho

Fotoperíodo é, no mínimo,
parcialmente responsável pela
modulação da ativ. ovariana em
alguns felídeos silvestres
Conclusões
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(1)
1. As análises de estrógeno fecal indicaram que
fêmeas de J, GMP e GMj, em condições de cativeiro
na Região Sul do Brasil, foram poliéstricas e não
exibiram evidência de reprodução sazonal; portanto,
tentativas de reprodução podem ser conduzidas
durante o ano todo.
2. Ovulações espontâneas não foram observadas
em fêmeas de J e GMP, sugerindo que, caso
ocorram, são raras nessas espécies.
3. Ao contrário, as observações regulares de
atividade luteal não induzida por cópula em fêmeas
de GMj sugerem que essa resposta ovulatória possa
ser comum nessa espécie.
Conclusões

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(2)
Compreender a(s) causa(s) desses períodos de
inatividade ovariana é importante para
determinar porque essas espécies reproduzem
tão pouco em cativeiro, apesar dos intensivos
esforços reprodutivos pelos zoológicos
brasileiros e por outras instituições espalhadas
pelo mundo.
Uma vez que as causas de baixo desempenho
reprodutivo sejam compreendidas, o próximo
objetivo será identificar soluções mitigadoras.
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Felídeos Final