CADEIRA N° 12
PATRONO:
GONÇALO SOARES DA FRANÇA
Teria nascido em Vitória, ES, em 1632, sendo que, para diversos historiadores, era
natural da Bahia, o que parece mais certo, visto pesquisas recentes levadas a efeito pelo
escritor conterrâneo Oscar Gama, que divulgou, inclusive, trabalhos inéditos do poeta. Foi
sacerdote, vereador e “vulto dos mais notáveis da Academia Brasílica dos Esquecidos”.
Sabe-se, também, ter pertencido à Academia de História Portuguesa. Publicou: Brasílica
ou Descobrimento do Brasil, poema épico, em oitavas, e deixou inédita, entre outras
produções, a História Eclesiástica do Brasil. Alguns de seus originais se encontram no
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Seu falecimento, segundo Afonso Cláudio, teria
ocorrido em 1718, informação contestada por aquele outro citado pesquisador.
1º. OCUPANTE:
ELPÍDIO PIMENTEL
Nasceu na Serra, ES, em 14 de setembro de 1894. Advogado, jornalista e professor.
Representou o Espírito Santo, como delegado único, no 4º Congresso Nacional de
Instrução Superior e Secundária, realizado no Rio de Janeiro, em 1922. Dirigiu, em Vitória,
o Diário da Manhã, órgão oficial do Estado, e a revista Vida Capichaba. Foi professor de
Português e Literatura na Escola Normal Pedro II. De 1934 a 1936 serviu, gratuitamente,
ao Governo Federal, como membro da Junta de Conciliação do Espírito Santo, órgão
auxiliar da Inspetoria Regional do Trabalho. Em 1939, já residindo no Rio de Janeiro,
passou a fazer parte, mediante concurso, do corpo docente do Colégio Pedro II, como
professor de Português. Em 1954 foi nomeado Diretor de Administração do DASP, sendo,
no mesmo ano, eleito membro vitálicio da Federação das Academias de Letras do Brasil.
Membro fundador da Academia Espírito-santense de Letras e de outras entidades
congêneres. O Instituto Cultural do Museu Naval da Guanabara a ciou-o com a Ordem
Albatroz, no grau de Comendador. Publicou: Um punhado de galicismo, tese, 1917;
Origem e evolução da linguagem, tese, 1922; Noções de Literatura, 1922; Postilas
pedagógicas, 1923; Catálogo florestal e álbum do Espírito Santo, 1922, e Quando o
Penedo falava..., história dialogada do Estado do Espírito Santo, 1927. Faleceu no Rio de
Janeiro, em 19 de outubro de 1971.
Discurso de Posse (frag.)
Senhores, não obstante os máximos obstáculos, superando todas as provações, a
Academia Espírito Santense não é mais uma simples esperança ou incontestável é mais
uma prova superior, completa, do quanto alcançam vontades pertinazes e esclarecidas,
quando se predispõem a realizar, dando-lhes corpo, alma e entusiasmo, os seus
desígnios, mais delicados e espirituais.
(In. Arquivo da Academia Espirito-santense de Letras. Página 1. 28-09-1954.).
2º. OCUPANTE:
CLÓVIS RABELLO
Nasceu em Vitória, em 25 de agosto de 1914. Diplomou-se pela Faculdade Nacional
de Direito do Rio de Janeiro. Foi professor de Português, em sua cidade, na Academia do
Comércio, na Escola Técnica de Vitória, no Ginásio São Vicente de Paulo, no Colégio
Salesiano e no Colégio Estadual do Espírito Santo. Lecionou, também, na Faculdade de
Filosofia e na de Direito de Cachoeiro de Itapemirim. Em 1967 foi nomeado Juiz do
Trabalho, para servir na 1º Região, compreendendo os Estados do Espírito Santo e Rio de
Janeiro. Ocupou a presidência da 2º Junta de Conciliação e Julgamento, tendo servido, de
1978 a 1980, no Tribunal Regional do Trabalho da Ia. Região, “onde fez sentir seu descortínio jurídico, o dinamismo em se ir à causa pública no setor da justiça”. Publicou:
Influências do povo nas flexões verbais defectivas, 1948, e Comentários em torno da
ortografia, 1943. Faleceu em Vitória, em 11 de dezembro de 1980.
Das Reformas Ortográficas (frag.)
Felizmente muitas reformas foram feitas para a simplificação. Sim, felizmente, porque
de qualquer modo todas elas concorreram para que chegássemos ao estado atual.
Referir-nos-emos somente aos dois grandes movimentos reformistas que precederam
a reforma atual: A Reforma Portuguesa e a da Academia Brasileira de Letras.
(In. Comentários em torno da ortografia de 1943. Capítulo II, página 13. Vitória: Vida Capichaba, 1948)
3º. OCUPANTE:
JUDITH LEÃO CASTELLO RIBEIRO
Nasceu na Serra, ES, em 1898. Professora diplomada pelo Colégio do Carmo,
lecionou, por mais de quarenta anos, no Ginásio de São Vicente de Paulo, e, durante
dezoito anos, como catedrática, na Escola Normal Pedro II, em Vitória. Ingressando na
Política, foi eleita para a Assembleia Legislativa do Espírito Santo, em 1947. Reeleita
sucessivamente, exerceu o mandato público durante dezesseis anos, através de quatro
legislaturas. Colaborou intensamente em jornais, revistas e emissoras de rádio do Espírito
Santo, publicando crônicas, palestras, discursos, comentários históricos e relatos sobre a
vida social do município da Serra. O governo do Estado do Espírito Santo agraciou-a com
a Ordem do Mérito Jerônimo Monteiro, no grau de Comendador. Foi a primeira mulher
capixaba a ter ingresso na Academia Espírito-santense de Letras. Publicou: A Educação e
o ensino interessante, tese, Vitória, Tipografia Gentil, 1932, Presença, crônicas e
discursos, com prefácio de Elmo Elton, Vitória, Artgraf, 1980, e Recompensa, discurso de
posse na AEL. Faleceu no Rio de Janeiro, em 23 de março de 1982, sendo sepultada em
Vitória, saindo o féretro da Assembleia Legislativa do Estado, que, na ocasião, lhe prestou
grandes homenagens.
Velas Cansadas à Espera de Monções
Na madrugada da vida, aos quinze anos, as velas brancas da crença de um coração
ingênuo abriram-se ao sopro da esperança.
Aos poucos, de manso, de ilusão, seu coração se afez ao jornadear no mar de um
grande amor.
De velas pandas, sulcou, célere, as ondulações verdes franjadas de rendas
espumosas.
Teve crispações de alegria no encontro de uns olhos castanhos e profundos.
No doce arfar do seio Glauco, sorveu o perfume de vida das águas quentes do mar.
Inebriou-se ao contato da mão querida, ardente, avidamente estendida num
cumprimento.
O barquinho do seu coração cortou, em zigue-zague traiçoeiro, os vagalhões de
águas revoltas em noites de tempestade.
Lutou, sorrindo, contra a perfídia humana, aferrada ao convencionalismo social,
defendeu, sempre, o seu grande amor, única razão do seu viver.
E, pouco a pouco, em mar revolto, afastou-se ao largo. Confiante, de velas pandas de
esperança, jornadeou no mar das ilusões.
Um dia, correntes profundas arrastaram-no para longe, afastaram-no, para sempre,
da luz daquele olhar castanho.
Hoje, sem norte, sem a cruz da fé, quebrado o mastro do barquinho, no remanso
nostálgico de águas mortas, chora, o coração, a dor de um amor perdido. – O barquinho
de velas cansadas à espera de monções.
(In: RIBEIRO, Judith Leão Castello. Presença. 1980, p. 36/37).
4º. OCUPANTE:
GABRIEL AUGUSTO DE MELLO BITTENCOURT
Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES), em 21.12.1942, onde fez os primeiros
estudos, complementando-os no Rio de Janeiro, no Colégio estadual João Alfredo e no
Colégio Pedro II. Livre Docente em História do Brasil por Concurso Público de Títulos e
Provas e Defesa de Tese na Universidade Gama Filho-RJ, é Diplomado em Études
Approfondies-DEA, pelo IHEAL da Université de la Sorbonne Nouvelle-PARIS III e em
Altos Estudos de Política e Estratégia-CAEPE pela Escola Superior de Guerra (EMFAPresidência da República. Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais (UMSA-Buenos
Aires) e Mestre em Direito (UNESA), é Doutor (USP), Mestre e Especialista (UFF) em
História do Brasil. Títulos que complementam as graduações em Direito (BachareladoUNESC-FGA), História e em Técnicas Agrícolas de Nível Superior (UFES). Professoradjunto IV (apos.) e fundador da Escola de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro-UNI/RIO, é ex-Professor-assistente de Política da Universidade
Gama Filho, da UVV e do Departamento de História da Universidade Federal do Espírito
Santo, onde chegou à classe de adjunto. Lecionou também na União Nacional de
Escolas Superiores Tecnológicas do Trabalho-ES, como professor-titular, e em
inúmeros cursos pré-vestibulares de Vitória. Em 1975, obteve o 2° lugar no Concurso
Rondon de Estudos Regionais (Brasília-DF); em 1978, o 1º prêmio do concurso 250
Anos do Café no Brasil, do IBC; e, em 1988, o Prêmio Clio de História da Economia,
da Academia Paulistana da História (SP). Agraciado com a Ordem do Mérito Domingo
Martins, no Grau de Oficial e a medalha do Sesquicentenário do Poder Legislativo da
Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo e as medalhas Vasco Fernandes
Coutinho (IHGES/FINDES), Joanny Bouchardet (Visconde do Rio Branco-MG), e com o
título de Huesped de Honor de la Ciudad de Nuestra Señora de La Paz – (Bolívia). É
ex-bolsista do PREMEN, da Fundação Jones dos Santos Neves, do PICD/CAPES, e do
CNPq, no Brasil e na França (Paris). Como conferencista, participou de reuniões nacionais
da SBPC, da UNESP e da ANPUH. Sócio-Correspondente (Titular) do Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro, integra, também, as Academias Portuguesa da História,
Letras e Artes (Cascais-Portugal), Real Academia de la Historia (Espanha), Nacional
de la Historia (Argentina), Boliviana de La Historia (La Paz), ao Instituto Historico y
Geografico del Uruguay, e as nacionais: Luso-Brasileira de Letras, Academia de
Letras do Estado do Rio de Janeiro-ACLERJ, Academia Brasileira de Jornalismo-
ABJ; os Institutos Históricos e Geográficos do Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Paraíba e Rio Grande do Norte, Minas Gerais; a Federação das Academias de Letras
do Brasil (membro-delegado), o Colégio Brasileiro de Genealogia e é Ex-Presidente do
Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo, que representou por delegação oficial
em inúmeros estados brasileiros. Tem centenas de trabalhos publicados entre livros,
monografias, artigos, discursos, textos de conferências, inclusive a pesquisa histórica para
o documentário Energia: A Força do Espírito Santo (TV GAZETA-ES). Autor de vinte e
cinco livros (individuais e em colaboração) de estudos históricos e jurídicos, com destaque
para o capítulo XI da obra La préindustrialization du Brésil, sob a direção de Frédéric
MAURO, publicado em Paris, Editions du CRNS, em 1984 e para a monografia premiada
“O Café na Formação da Infra-estrutura Capixaba (1870/1889)”, p. 151-180 (O café no
Brasil. BRASIL Ministério da Indústria e do Comércio IBC). Rio de Janeiro: 1978. Editou: A
Constituição e o desenvolvimento e Palácio Anchieta: de colégio à casa da
governadoria (2000), Açúcar e legislação e Anchieta e a obra jesuítica no Espírito
Santo, em 1999; Historiografia capixaba & Imprensa no Espírito Santo, em 1998. Pela
Editora Cátedra, Rio de Janeiro, publicou: A formação econômica do Espírito Santo, em
co-edição com o Departamento Estadual de Cultura do Espírito Santo, em 1987; Café e
modernização (O Espírito Santo no século XIX), 1987, Notícias do Espírito Santo
(1989); que somaram-se às obras, já esgotadas: Espírito Santo: A industria de energia
elétrica. 2 ed. 1984, Espírito Santo: Alguns aspectos da Independência. 2 ed. 1985,
Literatura e História - Historiografia Capixaba, 1984 e Esforço industrial na república
do café, 1982 e Padre José de Anchieta (Vitória : Contexto, 2005). Em 2002 organizou a
publicação Espírito Santo – Um painel da nossa história, Secretaria de Estado da
Cultura e Esportes do Espírito Santo/Departamento de Imprensa Oficial do Estado e, ainda
Espírito Santo 1990 – 2002, Bandes/Abio (em parceria com Agnelo Neto). Em 2006,
publicou, pela Lei Rubem Braga/PMV, História Geral e Econômica do ES.
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