21 de maio de 2013
Comercialização de orgânicos pode ganhar escala com compras públicas e ampla assistência
técnica
Criar um programa permanente de apoio à agricultura orgânica, ampliar as feiras em parques e
praças de São Paulo, transformar a Supervisão de Abastecimento (Abast) em Coordenadoria de
Agricultura e Abastecimento, ou garantir o fornecimento de sementes orgânicas em articulação
com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral do Estado (CATI). São alguns dos pleitos da
Plataforma de Agricultura Orgânica apresentados na mesa “Apoio à produção e
comercialização”, em 21 de maio, na Câmara Municipal de São Paulo.
O evento foi também a ocasião para buscar encaminhamentos para os pleitos de ampliação
dos investimentos e compras públicas e de melhoria da infraestrutura para a produção e
comercialização de orgânicos no Município de São Paulo.
Nesse sentido, o potencial das compras públicas para a alimentação nas escolas foi reforçado
pela representante do Departamento de Merenda Escolar, a nutricionista Mariângela Pinheiro
Oliveira. São mais de 1,8 milhões de refeições dia nas escolas e creches por dia, revelando a
importância de alimentos como os não-perecíveis, perecíveis, pães e bolos e frutas, verduras,
legumes e ovos, frente à saúde de tantas crianças e jovens.
“Desde 2010 buscamos inserir o alimento da agricultura familiar na escola, o primeiro edital só
foi lançado em 2012, viabilizando a compra de arroz, mas para 2013 haverá duas chamadas,
envolvendo, por exemplo, 3 milhões de sachês de suco de laranja ou 70 toneladas de
macarrão, o que não atende mais de 3 meses”, revelou Mariângela.
A coordenadora de produção do Movimento Sem-Terra (MST), Neusa Paviato, também
mostrou que a mudança para sistemas agroecológicos é possível nos assentamentos, e que a
venda em escala para prefeituras é um grande incentivo para a conversão da produção do
sistema convencional para o orgânico. Uma das cooperativas de agricultores do Rio Grande do
Sul, vendeu sozinha até 20 milhões de toneladas de arroz orgânico para prefeituras como
Diadema ou Guarulhos, em São Paulo. “Mas as prefeituras ainda resistem aos orgânicos, nosso
papel é inverter essa lógica, com consequências positivas no rendimento no campo”, declarou.
O MST possui diversos produtos em transição, como geleias, manteigas, sucos e até vinhos
orgânicos.
Onde está e onde precisa chegar a assistência técnica no município de São Paulo foi o tema
discutido por Jair Medeiro da Supervisão de Abastecimento (Abast), que expôs mais sobre a
realidade dos 443 agricultores urbanos cadastrados no órgão. “Vão de micro produtores na
Zona Leste, com área de menos de 250 m2 até propriedades maiores na Zona Sul, que
precisam se adequar para vendas públicas e a transição agroecológica”, colocou.
Entre as metas da Abast para esse público, estão: atingir até 50% de conversão aos orgânicos
entre os agricultores cadastrados, estimular a formação de mais uma cooperativa, e chegar a
11 feiras de agricultura orgânica e em conversão, com até 140 agricultores representados. Hoje
são 5 feiras desse tipo, com 22 agricultores vendendo diretamente.
Raquel Soraggi, da Associação Biodinâmica, mostrou que apesar de já existirem avanços nos
pontos de comercialização e venda direta – a exemplo do espaço conquistado na Rua São
Benedito, Zona Sul, por onde passam até 500 consumidores em 12 barracas de produtos
orgânicos – os esforços são tímidos. “O delivery ou entrega em casa é uma opção, mas com
mercado exigente e alto custo, por isso muitos fecharam as portas no último ano”, afirmou.
Como existem demandas por esses produtos, mas não há horizonte para a criação de feiras por
bairro, próximas de todos os consumidores, a especialista lembrou que a cidade ainda compra
muitos produtos do entorno, como de Campinas e Ibiúna, e que “o caminho das pedras está
em fazer com que o poder público compre esses alimentos, pois a comercialização de
orgânicos não pode ser igual a de convencionais”.
Ana Flavia Badue, do Instituto Kairós, também reafirmou que o desafio está em democratizar o
acesso aos orgânicos, cuja venda hoje é realizada em grande parte em médios e grandes
supermercados a valores bem mais altos dos que os praticados nas feiras de orgânicos,
conforme comprovou pesquisa realizada pelo IDEC.
Veja o evento na integra pelo site:
http://www.camara.sp.gov.br/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=197
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