A Internet em Portugal
(2003-2007)
Dados: CIES–ISCTE
SR 2003 – SR 2006
Análise: Obercom
OberCom
Investigação e Saber em Comunicação
Apoios: Fundação PT
Fundação
Portugal Telecom
Ficha Técnica
Título
A Internet em Portugal (2003-2007)
Coordenador Científico
Gustavo Cardoso, Rita Espanha
Investigadores
Gustavo Cardoso, Rita Espanha, Ana Sofia Gonçalves
Inquérito Sociedade em Rede em
Portugal 2003
Gustavo Cardoso, António Firmino da Costa, Maria do Carmo
Gomes, Cristina Palma Conceição
Inquérito Sociedade em Rede em
Gustavo Cardoso, Rita Espanha, Maria do Carmo Gomes
Portugal 2006
Apoio à Investigação
Fundação Portugal Telecom
Este trabalho está licenciado para Creative
Commons Attribution-NonCommercial 2.5 License.
A Internet em Portugal (2003-2007)
Índice
Metodologia
Introdução
I. Utilizadores da Internet .................................................................................................................................. 9
Adesão à Internet .................................................................................................................................................. 9
Níveis e modos de acesso à Internet ................................................................................................................ 11
Equipamentos e serviços tecnológicos em casa ............................................................................................ 13
Experiência: proximidade à Internet ................................................................................................................. 16
II. Funcionalidades da Internet .................................................................................................................... 19
Utilizações da Internet ........................................................................................................................................ 19
III. Impactos da Internet ................................................................................................................................ 23
Os jornais e a Internet ......................................................................................................................................... 23
Internet e interacção social .............................................................................................................................. 27
Usos do tempo .................................................................................................................................................... 29
Experiências negativas e preocupações ........................................................................................................ 31
IV. Info-exclusão .............................................................................................................................................. 37
Não utilização da Internet ................................................................................................................................. 37
Caracterização sócio demográfica dos utilizadores da Internet ................................................................. 42
Anexo: Portugal e Reino Unido em análise
A Sociedade em Rede em Portugal e o The Oxford Internet Survey:
uma breve análise comparativa dos resultados ........................................................................................ 45
A Internet em Portugal (2003-2007)
A Internet em Portugal (2003-2007)
Metodologia
Os inquéritos de 2003 e de 2006 do projecto A Sociedade em Rede em Portugal, cujos resultados são em
parte referidos ao longo deste relatório, consistem em inquéritos extensivos por questionário, realizados
mediante uma entrevista directa, os quais foram aplicados a uma amostra representativa da população
portuguesa.
Na selecção da amostra foi utilizado o método de estratificação por quotas, através do cruzamento de
variáveis como o sexo, idade, instrução, região e habitat/dimensão dos agregados populacionais. Foi
construída uma matriz inicial de região e habitat, a partir da qual foram seleccionadas aleatoriamente
as zonas de amostragem, e onde posteriormente foram realizadas as entrevistas. Como já se referiu
inicialmente, o estudo de 2003 foi aplicado no terreno entre 19 de Março e 13 de Julho a uma amostra
total de 2450 indivíduos residentes em Portugal continental com idades iguais ou superiores a 15 anos,
sendo que, de entre estes, 711 eram utilizadores efectivos da Internet e 1739 não o eram.
Tabela 1
Nº de inquéritos por região (2003)
Frequências
Percentagens
Norte
894
36,5%
Centro
587
24%
Lisboa
669
27,3%
Alentejo
194
7,9%
Algarve
106
4,3%
Total
2450
100%
Por seu lado, o projecto de 2006 contou com uma amostra de 2000 indivíduos também eles residentes
em Portugal continental mas neste caso com idades iguais ou superiores a 8 anos, os quais foram alvo
de entrevistas directas no espaço de tempo de Abril a Junho de 2006.
A Internet em Portugal (2003-2007)
Tabela 2
Nº de inquéritos por região (2006)
Frequências
Percentagens
Norte Litoral
395
19,8%
Grande Porto
256
12,8%
Interior
304
15,2%
Centro Litoral
317
15,9%
Grande Lisboa
537
26,8%
Alentejo
110
5,5%
Algarve
80
4%
Total
2000
100%
Na fase posterior a todo o trabalho no terreno, e tal como é procedimento nas Ciências Sociais, passou-se à fase de tratamento dos dados propriamente dita, mediante a utilização do SPSS. Deste modo, foi
possível analisar as respostas de todos os inquiridos pertencentes à amostra, e através da identificação de
regularidades ou divergências, tirar algumas ilações de relevância para a produção de conhecimento
sobre o tema, como as que foram referidas ao longo deste relatório.
A Internet em Portugal (2003-2007)
Introdução
Vivemos numa Sociedade Informacional, caracterizada por uma nova estrutura social dominante
– a sociedade em rede – onde a Internet assume um papel primordial, e onde se dissolvem as nossas
concepções tradicionais de espaço e de tempo. É hoje reconhecido o leque de possibilidades que o
advento dessa nova tecnologia, que é a Internet, veio facultar à condição humana e, por conseguinte,
a crescente importância que aquela vem assumindo nas nossas vidas. Esse interesse tem motivado e
suscitado diferentes estudos e investigações, tanto no universo académico como empresarial. Enquanto
tecnologia da informação e tecnologia social, a Internet possibilita o armazenamento e distribuição, a
uma escala global, de uma vasta gama de informação e de uma comunicação em rede. É por isso que
esta análise se inicia com a afirmação de estarmos perante uma nova tecnologia propiciadora quer de
autonomia quer de controlo.
A Internet é o que fazemos dela e o facto de ela ser usada por portugueses, em Portugal e noutros
países, torna a nossa sociedade em rede diferente de outras sociedades. A nossa sociedade em rede é
aquela que se abre ao vosso escrutínio nas próximas páginas.
Gustavo Cardoso
A publicação aqui apresentada pelo Obercom baseia-se nos dados produzidos pelo inquérito do
projecto A Sociedade em Rede em Portugal, o qual teve já duas edições, uma em 2003 e outra no ano
de 2006. São também aqui utilizados os dados produzidos pelo Oxford Internet Institute no âmbito do seu
estudo The Oxford Internet Survey de 2003 e 2005.
Este “Executive Summary” tem como objectivo apresentar uma síntese dos resultados portugueses, com
o intuito de complementar os saberes já existentes sobre o quadro da Internet no nosso país, abrindo
espaço numa segunda fase deste relatório, a uma análise comparativa com o quadro britânico, tendo
em consideração as variáveis comummente utilizadas ou as variáveis próximas em termos analíticos, em
ambos os estudos.
Da consulta de informação académica ao download de música, da leitura de jornais à busca
de pornografia, ou de informação de saúde à compra de livros o mundo em mudança da Internet
acompanha-nos ao longo de quatro capítulos. O nosso convite redobrado é o de que possamos
oferecer-lhe em 2008 um novo ponto da situação para a Internet em Portugal, o que é o mesmo que
dizer o que é Portugal e o que fazem, ou não, os portugueses.
Rita Espanha
A Internet em Portugal (2003-2007)
Objecto de análise
A análise tem como objecto de estudo as amostras compreendidas no projecto português em 2003 e
2006, cujas dimensões e constituição se expõe seguidamente:
Tabela 3
2003
2006
Trabalho no terreno
Março – Julho
Abril – Junho
Número de inquiridos
2450
2000
Amostra
Uma amostra representativa
da população residente em
Portugal continental com 15 ou
mais anos
Uma amostra representativa
da população residente em
Portugal continental com 8 ou
mais anos
Estrutura do relatório
Na primeira parte deste relatório, e a partir dos gráficos que serão apresentados, apresentam-se algumas
breves conclusões estatísticas que revelarão, por conseguinte, o quadro português no que respeita à
Internet, mais especificamente no que toca à utilização desta tecnologia, ao perfil dos seus respectivos
utilizadores, aos seus efeitos na sociedade a diversos níveis, entre outros aspectos de relevância.
A segunda parte contempla, por seu lado, a análise comparativa propriamente dita, isto tendo em conta
as variáveis trabalhadas em ambos os estudos, procurando-se assim discriminar similitudes, diferenças e
evoluções entre os seus resultados.
A Internet em Portugal (2003-2007)
I. Utilizadores da
Internet
Adesão à Internet
Gráfico 1 - Há quanto tempo tem Internet em sua casa?
%
100
90
80
70
60
50
40
30
22,8
20
10
3,1
0
Há menos
de 1
ano/Desde
2003
0,4
2,1
7,1
20,9
13,4
14,6
12,4
3,3
Há 1
Há 2
Há 3
Há 4
Há 5
Há 6
Há 7
Há mais de
ano/Desde anos/Desde anos/Desde anos/Desde anos/Desde anos/Desde anos/Desde 7 anos/antes
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
de 1996
Ns/Nr
Analisando o tempo de utilização da
Internet entre os cibernautas, nas suas
respectivas residências, constata-se
que grande parte desses já usufruía da
mesma desde há mais de cinco anos
em 2003. Os valores mais significativos
correspondem à resposta “cinco anos”
(22,8%) bem como aos seis anos de
utilização da Internet (20,9%). Em 2003,
menos de 4% dos utilizadores usavam a
Internet há menos de um ano.
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Gráfico 2 - Há quanto tempo tem Internet em sua casa?
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
5,1
Há menos
de 1
ano/Desde
2006
13,4
Há 1
ano/Desde
2005
18,6
Há 2
anos/Desde
2004
10,1
Há 3
anos/Desde
2003
8,0
8,7
9,3
Há 4
anos/Desde
2002
Há 5
anos/Desde
2001
Há 6
anos/Desde
2000
16,6
5,6
4,5
Há 7
anos/Desde
1999
Há mais de
7
anos/Antes
de 1999
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
NS/NR
Os dados produzidos pelo questionário
de 2006 do projecto A Sociedade em
Rede em Portugal, levam-nos a concluir
que de entre os indivíduos pertencentes à
amostra, uma percentagem significativa
destes usufruía da Internet em casa
desde 2004 (18,6%), o que é seguido
por aqueles que afirmam ter há um ano
(13,4%), ou os que referem usufruir das
potencialidades da nova tecnologia
desde há três anos (10,1%). Trata-se
portanto de uma evolução positiva na
adesão à Internet em casa, dado que
A Internet em Portugal (2003-2007)
subiu para valores próximos dos 18%
o número de pessoas que utilizam a
Internet há menos de um ano (2003 – 4%;
2006 – 18,5%).
De realçar que o número de não
respostas teve um aumento considerável
de 2003 para 2006, o que pode indiciar o
facto de a Internet se ter tornado de tal
forma parte da vida diária dos inquiridos
que a sua noção de novidade associada
a uma dimensão temporal tem deixado
de fazer sentido para os próprios.
A utilização da Internet tem vindo a
crescer, dado o aumento relativo de
utilizadores ocorrido entre os anos de
2003 e 2006, mais especificamente de
29% para 35,7%, representando uma
taxa de crescimento de 23%.
Gráfico 3 - Utilização da Internet
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
71,0
64,3
Sim
35,7
29,0
2003
Não
2006
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003 e 2006
Verifica-se que de entre o total de
inquiridos que não tinham Internet
em 2006 na ordem dos 64,3%, mais de
metade do total considerava que não
iria de qualquer modo usufruir desta
plataforma (55,7%). Contudo, se os 33%
de não utilizadores que responderam
considerar vir a usufruir dessa plataforma,
vierem efectivamente a fazê-lo, então
poderemos continuar a assistir a um
potencial de crescimento sustentado do
número de utilizadores, de 35,7% para
um valor que se estima poder vir a ser
superior a 50%.
Gráfico 4 - Possibilidades de vir a utilizar a Internet
%
100
90
80
70
55,7
60
50
40
24,0
30
20
10
11,2
9,0
0
SIM, SEM DÚVIDA
SIM, TALVEZ
NÃO
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
10
NS/NR
A Internet em Portugal (2003-2007)
Níveis e modos de acesso
à Internet
Gráfico 5 - Tipo de ligação à Internet em casa
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
42,5
32,4
0,4
POR
CABO
POR
ADSL
POR
SATÉLITE
3,9
POR
PLACA 3G
8,1
2,0
POR
POR
TELEFONE
MODEM
MÓVEL
(LINHA
(WAP)
TELEFÓNICA)
1,3
OUTRA
9,4
NS/NR
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Entre os inquiridos que têm Internet em
casa, as principais formas de ligação
à Internet são o cabo (42,5%), bem
como o ADSL (32,4%), valores bastante
significativos se compararmos com os
restantes tipos de ligação considerados,
os quais apresentam valores inferiores a
10%.
De facto, o acesso à Internet por linha
telefónica, sem recurso à ADSL, apresenta
hoje um valor residual de 8,1%. Quanto
às novas ligações à Internet, embora
recentes, pareçam estar a crescer
rapidamente: 3,9% dos portugueses têm
ligação por placa 3G, 2% por telefone
móvel e 1,3% usufrui de outras ligações
não especificadas.
Gráfico 6 - Onde começou a utilizar a Internet?
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
37,1
7,4
EM CASA
18,5
29,3
3,7
2,1
NA CASA
NUM
NUMA
NO
NA ESCOLA/
DE OUTRAS TRABALHO UNIVERSIDADE CYBERCAFÉ BIBLIOTECA
PESSOAS
PÚBLICA
1,5
0,3
NS/NR
OUTROS
LOCAIS
Através da análise do gráfico 6 verificase que uma grande parte dos inquiridos
começou por utilizar a Internet nas
suas respectivas casas (37.1%), o que
é seguido pelos cibernautas que
afirmam tê-la utilizado primeiramente
na universidade ou na escola (29.3%) e
os que afirmam tê-lo feito no trabalho
(18.5%).
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
11
A Internet em Portugal (2003-2007)
A escola, ou a universidade, foram os
locais onde a maioria dos estudantes
começou por utilizar a Internet (53,8%),
seguindo-se a sua própria residência
(36,6%). No que toca ao grupo dos
sujeitos activos, 37,2% destes alega ter
começado a utilizar a Internet a partir
de casa, a par dos 29% que apontaram
ainda o seu local de trabalho. Por seu
lado, uma percentagem bastante
significativa de reformados refere ter sido
a residência o primeiro local de acesso
à Internet (76,9%), o que é seguido de
longe pela segunda opção de resposta
dada por estes – o trabalho (23,1%).
O local mais utilizado pelos indivíduos,
tanto em 2003 como em 2006, para
se conectarem à rede é a própria
residência (56,6% e 59,7%). No ano
de 2003, verifica-se que os locais mais
privilegiados para esta prática não se
distanciam percentualmente dos valores
de residência, mais concretamente a
escola (54,5%) e o trabalho (49,6%). No
que respeita ao ano de 2006, deparamonos com a mesma sequência a nível dos
locais de eleição para usufruir da Internet,
contudo, regista-se aqui uma maior
discrepância em relação à residência,
dado que 29% dos indivíduos afirmam
aceder a partir da escola e 25,7% a
partir do trabalho. Ou seja, ocorreu uma
transferência de práticas dos locais de
actividade para as suas residenciais.
Contudo, um número ainda significativo
na ordem dos 29,7% em 2003 e de 22,9%
em 2006, refere que utiliza a Internet em
outros locais que não os mencionados,
o que poderá dizer respeito a locais
como os designados cybercafés, as
bibliotecas ou outros locais públicos, ou
ainda hot-spots das diferentes redes de
acesso wireless.
Portugal afirma-se assim uma sociedade
em rede mais de matriz familiar, ou seja,
baseada no acesso através do agregado
familiar, do que uma sociedade em
rede de matriz organizacional, assente
12
Gráfico 7 - local onde começou a utilizar a Internet segundo a fase da vida
%
100
90
80
76,9
70
60
Estudantes
Activos
Reformados
53,8
50
40
36,6
37,2
29
30
23,1
20
16,9
10
5,9
8,7
0,8
0
0
Em casa
Em casa de outras
pessoas
0
No trabalho
Na
escola/universidade
1,7
4,8
1,3
0
Num cybercafé
2,9
0
Numa biblioteca
pública
0
0,5
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Gráfico 8 - Locais de acesso à Internet
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2003
2006
56,6 59,7
54,5
49,6
25,7
29,0
29,7
22,9
0,4
Em Casa
No
trabalho
Na
escola
Noutros
locais
0
Outros locais
NS/NR
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003 e 2006
A Internet em Portugal (2003-2007)
no acesso através de pertença a uma
organização.
Gráfico 9 - Locais de acesso à Internet segundo a fase da
vida
%
100
Estudantes
90
Activos
68,8
70
60
Reformados
77,5
80
61,8
55,2
50
41
40
30
20,9
20
10
0,4
0
Em casa
0
No trabalho
2,6
24,2
18,8
0
Na escola
Noutros locais
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Antes de mais, constata-se que a casa
e os outros locais apontados pelos
inquiridos são opções de acesso à
Internet a que recorrem os três grupos
em análise, havendo uma proximidade
entre os seus valores percentuais, embora
no primeiro local sejam maioritariamente
os reformados a usufruírem da Internet
(68,8%), o que é seguido pelos activos
(61,8%) e pelos estudantes (55,2%).
No trabalho, são sobretudo os activos
(41%) os utilizadores. A escola é o local
onde acedem maioritariamente os
estudantes (77,5%) e não os professores
ou outros funcionários, revelando tal
facto, porventura, estruturas físicas e
organizacionais que não promovem
esse uso entre os profissionais.
Equipamentos e serviços
tecnológicos em casa
No inquérito A Sociedade em Rede em
Portugal foram igualmente tomados
em consideração a posse e uso de
equipamentos tecnológicos por parte
dos indivíduos pertencentes à amostra
em estudo.
13
A Internet em Portugal (2003-2007)
É claramente perceptível em 2003,
e em forte contraste com o elevado
índice de não utilização de muitos dos
equipamentos citados, a percentagem
significativa de inquiridos que usufrui
da televisão (99,5%). No entanto,
assumem também valores expressivos a
utilização de outros bens comuns como
o telemóvel pessoal (71,9%) ou de outros
telemóveis no agregado familiar em
questão (65,3%), ou mesmo do telefone
fixo que é usado por 61,7% do total da
amostra. Já com valores percentuais
afastados mas de qualquer forma
relevantes, encontra-se a utilização do
serviço de televisão por cabo (36,5%),
do computador (35,3%), bem como da
Internet, que era utilizada em 2003 por
21,2% dos inquiridos em casa.
No que toca ao ano de 2006, a televisão
mantém a sua prioridade e importância
entre
todos
os
equipamentos
tecnológicos utilizados em casa (99,4%).
Um segmento significativo de inquiridos
usufrui também do telemóvel (74,4%),
revelando um crescimento positivo
em relação aos 71,9% de 2003. Deve
ser igualmente realçado em casa o
peso de equipamentos como a rádio/
leitor de CD (55,7%), a televisão sem
nenhum serviço (54,8%) e o telefone fixo
(49,3%), este último manifestando uma
acentuada descida em relação aos
61,7% de 2003. Verifica-se, ainda entre
2003 e 2006, uma evolução positiva
e bastante significativa do número
de inquiridos com computador, mais
especificamente de 35,3% para 37,5%
em 2006, entre os quais 15% possuem
simultaneamente computador pessoal
fixo e computador pessoal portátil.
14
Gráfico 10 - Equipamentos e serviços existentes no lar
0,0
Telefone fixo
38,3
0,0
Telemóvel para uso pessoal
6,2
Telemóvel com ligação à Internet
28,1
49,4
34,4
65,3
0,0
0,5
0,3
Televisão
99,5
0,5
Televisão por cabo
0,5
0,2
62,7
36,5
0,2
Televisão por satélite não paga
N.A.
Não
Sim
71,9
16,4
0,3
Outros telemóveis no agregado
Ns/Nr
61,7
28,1
93,1
6,2
0,5
Televisão por satélite paga
96,4
2,9
0,4
0,5
Televisão interactiva
98,6
0,5
0,1
Computador
78,6
21,2
0,6
Web cam
64,6
35,3
0,2
Ligação à Internet
95,7
3,7
1,5
PDA
97,4
1,1
0,8
Consolas de videojogos
com acesso à Internet
88,7
10,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 %
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Gráfico 11 - Equipamentos e serviços existentes no lar
SIM
NÃO
Telefone fixo
Telemóvel
Televisão
0,6
96,5
97,0
3,4
Televisão por satélite não paga
96,6
Televisão sem nenhum serviço
0,1
2,6
1,7
Câmara web
1,0
2,6
1,1
Agenda electrónica (PALM PILOT)
Consola de jogos
37,5
45,2
62,4
95,7
89,9
96,3
16,4
83,1
18,2
81,3
0,6
0,2
55,7
88,2
12,0
0,5
Pendrive para transporte de dados
44,1
11,0
0,8
Auriculares para a televisão/computador
54,8
9,0
0,4
Câmara digital
Home cinema
65,2
3,0
Televisão por satélite paga
Rádio/leitor de CD
99,4
34,8
3,5
Televisão por cabo não paga
Possui PDA
74,4
25,6
Televisão por cabo paga
Computador
NS/NR
49,3
50,7
87,6
11,5
86,9
1,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
90
100
%
A Internet em Portugal (2003-2007)
Gráfico 12 - Serviços de TV utilizados
%
60
54,8
50
40
34,8
30
20
10
3,5
3,0
3,4
SERVIÇO
NÃO PAGO
DE TV POR
CABO
SERVIÇO
PAGO DE TV
POR
SATÉLITE
SERVIÇO
NÃO PAGO
DE TV POR
SATÉLITE
0,6
0
SERVIÇO
PAGO DE TV
POR CABO
NENHUM
SERVIÇO
NÃO TEM
TELEVISÃO
(NÃO LER)
0,0
NS/NR
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Gráfico 13 - Número de televisões em casa
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2003
2006
40,5
31,7
39,6
18,2
13,0
1
25,0
5,3
2
3
10,6
4
2,0
6,2
5 ou mais
2,3
5,6
NS/NR
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003 e 2006
O quadro português reflecte uma
resistência da amostra quanto à adesão
aos serviços televisivos pagos, dado que
mais de metade dos inquiridos afirmam
não ter qualquer serviço activo (54,8%).
Contudo, uma percentagem ainda
considerável de inquiridos está subscrita
ao serviço pago de TV por cabo (34,8%),
e uma minoria tem o serviço não pago
de TV por cabo (3,5%), ou seja, aufere
ilegalmente ou através de entidades
terceiras de acesso ao serviço. Igual
situação ocorre com o serviço o serviço
não pago de TV por satélite (3,4%), ao
que se junta o serviço pago de TV por
satélite (3%).
Quanto ao número de aparelhos
televisivos existentes em casa, as
respostas
dos
inquiridos
revelam
tendências distintas entre o ano de
2003 e o ano de 2006. No ano de 2003
uma percentagem considerável de
inquiridos manifestava ter somente uma
televisão em casa (31,7%), a par dos
expressivos 40,5% dos inquiridos que
assumiam ter duas televisões. Nos dados
de 2006 sobressai, no entanto, uma
acentuada diminuição dos indivíduos
com apenas uma televisão (13%), e
um ligeiro aumento daqueles que
usufruem de mais de três televisões, daí
podendo concluir sobre a tendência dos
portugueses usufruírem de um número
cada vez maior de televisões nas suas
casas, bem como da generalização
da televisão como objecto essencial
de presença nas assoalhadas das
habitações. Os valores mais elevados
registam-se entre os indivíduos com duas
ou três televisões, com valores de 39,6%
e 25%, respectivamente.
15
A Internet em Portugal (2003-2007)
No que respeita à utilização de
telemóvel, são maioritariamente os
cibernautas os principais usufruidores do
telemóvel (94,1%), a par dos 63,5% dos
inquiridos não utilizadores de Internet
que dizem usufruir deste equipamento
tecnológico móvel.
Gráfico 14 - Utilização do telemóvel por utilizadores e não
utilizadores da Internet
%
94,1
100
90
80
63,5
70
60
50
40
30
20
10
0
Utilizadores da Internet
Não utilizadores da Internet
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Experiência: Proximidade
à Internet
Neste momento procura-se analisar o
tempo de utilização da Internet, não
contemplando apenas o acesso através
de casa, mas sim a globalidade dos
pontos de acesso usados.
Uma maioria dos inquiridos (41,2%)
afirmou utilizar a Internet entre 2 a 5
anos, apenas 19,4% responderam utilizar
desde há um ano ou dois, e 15,5% entre
5 a 8 anos. O valor menos significativo
reflecte-se na resposta de utilização
da Internet desde há mais de 10 anos,
em que apenas 1,3% dos inquiridos
alegaram tal facto.
Daí se pode concluir que 62,7% dos
utilizadores da Internet o fazem há mais
de 2 anos. Analisando os últimos dois
anos verifica-se que, caso façamos
uma equivalência idêntica de acesso
por semestre, os valores de chegada
de novos utilizadores parecem vir a
decrescer o que nos pode levar a
16
Gráfico 15 - Há quanto tempo utiliza a Internet?
%
100
90
80
70
60
50
41,2
40
30
20
10
5,3
12,6
19,4
15,5
4,7
1,3
0
6 meses ou
menos
Entre 6
meses e 1
ano
Entre 1 e 2
anos
Entre 2 e 5
anos
Entre 5 e 8
anos
Entre 8 a 10
anos
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Mais de 10
anos
A Internet em Portugal (2003-2007)
sustentar a hipótese de que iremos
assistir a um maior crescimento do
tipo de acesso (Cabo/ADSL; wi-fi; 3G)
entre utilizadores já existentes, do que
ao crescimento sustentado de novos
utilizadores.
Os cibernautas quando questionados
sobre a sua capacidade para utilizar
a Internet, revelam que uma maioria
responde que é razoável (49.2%),
seguido pelos indivíduos que alegam ter
uma boa capacidade para utilizar esta
plataforma (32%) e dos que a entendem
como excelente (10.5%).
Gráfico 16 - Capacidade para utilizar a Internet
%
100
90
80
70
60
49,2
50
40
32,0
30
20
10
0
1,7
MUITO MÁ
10,5
5,3
1,4
MÁ
RAZOÁVEL
BOA
EXCELENTE
NS/NR
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Gráfico 17 - Capacidade para utilizar a Internet segundo a
fase da vida
%
Estudantes
100
Activos
90
78,6
80
70
60
53,1
50
42,1
40
30
20
10
0
Reformados
1,3 2,1 0
Muito má
38,2
30
14,3 13,7
7,1
4,7 5,5
Má
Razoável
Boa
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
9,3
Excelente
0
São os estudantes quem manifesta
uma maior capacidade de utilização
da Internet, dado que a classificam
como sendo boa (38,2%) ou mesmo
excelente (13,7%), o que é seguido
pelo grupo dos activos. Por sua vez,
os reformados são os que manifestam
menor aptidão e competências para
utilizar esta tecnologia, tendo em conta
que são os que menos alegam ter uma
boa capacidade (14,3%) a par do valor
nulo que revelam no nível excelente. No
entanto, são os reformados os que maior
peso percentual apresentam no grau
intermédio (78,6%) quando comparados
com os estudantes e activos, os quais
revelam nesse nível um valor na ordem
dos 42,1% e 53,1%, respectivamente. Estes
dados quantitativos permitem avançar
a hipótese de que são efectivamente
os estudantes e activos a manifestarem
um maior conhecimento e prática em
relação à utilização da Internet, estão
mais envolvidos e adaptados à nova
cultura informacional, ao passo que
17
A Internet em Portugal (2003-2007)
os reformados tendem a estar mais
aquém das potencialidades desta nova
tecnologia, estando mais propensos à
info-exclusão.
São os indivíduos com maior capacidade
de utilização da Internet que estão online
durante mais horas semanais. Verifica-se
serem precisamente os inquiridos que
afirmaram ter uma boa e excelente
capacidade que afirmam utilizar em
média a Internet para além das 20 horas
semanais, valores que, pelo contrário, se
manifestam nulos entre os inquiridos com
uma péssima ou má aptidão.
Gráfico 18 - Número de horas semanais passadas em média
na Internet segundo a capacidade de utilização
%
100
90,9
90
90,3
84,5
80
66
70
60
47,8
50
40
30
20
9,1
10
0
0
0
9,7
0 0
Muito má
9,2
0
0
0
0
Má
17
4,7
0,9 0,6 0
18,8
7,8
Razoável
4,4 2,9
1,9
Boa
7,2
11,6 10,1
4,3
Excelente
até 10 horas
de 10,1 a 20 horas
de 20,1 a 30 horas
30,1 a 40 horas
De 40,1 a 50 horas
50,1 a + horas
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Entre os vários escalões etários parece
haver uma tendência para os inquiridos
afirmarem que usufruem da Internet
até 10 horas semanais, com a única
excepção de todos aqueles que têm
75 e mais anos que responderam
unanimemente utilizar entre 10 a 20 horas
semanais (100%). Neste aspecto é ainda
de salientar a totalidade dos inquiridos
com idades compreendidas entre os 65
e os 74 anos que, de forma homogénea,
se posicionaram na resposta até 10 horas
(100%).
Por outro lado, mas percentualmente
menos significativo, constata-se que
4,2% dos indivíduos entre os 15 e os 24
anos estão online em média para alem
das 40 horas semanais, bem como 2,6%
dos que têm idades entre os 25 e os
34 anos, sendo de referir ainda que 3%
daqueles que se encontram entre os
35-44 anos manifestam estar em média
para além das 40 horas mas menos que
50, ou seja, parece haver uma inclinação
entre os inquiridos mais jovens para se
conectarem à rede durante mais horas
semanais .
18
Gráfico 19 - Número de horas semanais passadas em média
na Internet segundo a idade dos inquiridos
%
100
100
100
90
80 74,1
74
72,4
70
71,4
68,4
60
50
40
30
20
10
0
15,7
12,8
10 10
7,15,1
3,2
3 3 0
2,81,92,3
1,31,3
15-24
25-34
35-44
18,4
6,1
4,1 0 0
15,8
10,5
5,3
0 0
45-54
55-64
0 0 0 0 0 0
65-74
0 0 0 0
75 e mais
anos
até 10 horas
de 10,1 a 20 horas
de 20,1 a 30 horas
30,1 a 40 horas
De 40,1 a 50 horas
50,1 a + horas
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
A Internet em Portugal (2003-2007)
II. Funcionalidades
da Internet
Utilizações da Internet
As
potencialidades
da
Internet
reflectem-se em parte nas inúmeras
funções e actividades que esta permite,
dentro do seu contexto enquanto
tecnologia de informação e tecnologia
social. A Internet potencia uma série de
actividades, algumas delas já realizadas
em quadros sem mediação electrónica
e que agora virtualmente assumem
contornos diferentes, outras cuja prática
surgiu, ou foi fortemente impulsionada,
pela adesão ao uso da WWW, chats ou
redes P2P.
19
A Internet em Portugal (2003-2007)
As actividades online mais realizadas
pelos inquiridos no ano de 2003 são o
envio ou recepção de mensagens de
correio electrónico (73,3%), a navegação
sem objectivos pela Internet (64,9%) e a
consulta de bibliotecas, enciclopédias,
dicionários e atlas (47,9%). Para além
disso, também se revelam expressivos
os valores apresentados em actividades
como a participação em programas de
mensagens instantâneas como chats
ou newsgroups (39,8%), a pesquisa
de notícias na imprensa geral (39,3%),
o download de musicas na Internet
(34,6%), a pesquisa de informação sobre
espectáculos programados (30,7%), o
download de software da rede (28,8%),
estar atento às noticias desportivas
(28,5%),
a pesquisa de informação
sobre viagens (28,4%), a pesquisa de
informação sobre serviços públicos
(28,2%) bem como a pesquisa de
informação sobre a respectiva cidade
(28%).
Os resultados de 2006, por seu
lado,
evidenciam
também
uma
clara valorização das três principais
actividades
citadas
anteriormente,
embora com valores menores, mais
especificamente: a transmissão ou
recepção de mensagens de correio
electrónico (70,7%); a navegação sem
objectivos concretos (53,9%), a qual
manifesta um decréscimo em relação
a 2003, o que permite argumentar a
favor de uma maior especialização da
informação procurada; e a consulta
de sites de bibliotecas, enciclopédias,
dicionários e atlas (41,2%).
De forma inversa ao que sucede em
2003, entre as outras actividades mais
realizadas pelos cibernautas surge
primeiro a pesquisa de notícias na
imprensa geral (35,4%) e só depois a
utilização de chats ou newsgroups
(34,8%), seguido de actividades como
combinar ou marcar saídas com amigos
(30,5%), jogar videojogos pela Internet
(28,4%) e contactar com amigos
quando se está desanimado (28%), estes
três últimos com valores percentuais
superiores aos apurados no âmbito do
20
Gráfico 20 - Utilizações da Internet e do correio electrónico
Contactar com amigos quando está desanimado
23,5
Pesquisar receitas de cozinha
10,1
Organizar as actividades das crianças
2,6
Combinar ou marcar saídas com amigos
23,3
Telefonar através da Internet
4,4
Consultar bibliotecas, enciclopédias, dicionários atlas
47,9
Fazer download de software da rede
28,8
Pesquisar informação sobre homossexualidade
1,5
Pesquisar informação sobre serviços públicos
Pesquisar informação sobre a sua saúde ou de
pessoas próximas
Pesquisar informação sobre a sua associação profissional
28,2
18,3
16,8
Pesquisar informação política ou sindical
10,1
Pesquisar informação sobre cursos de formação
24,7
Pesquisar informação sobre espectáculos programados
30,7
Pesquisar informação sobre a sua cidade
28,0
Pesquisar informação sobre viagens
28,4
Ver sites pornográficos de adultos
10,0
Descarregar músicas da Internet
34,06
Transmitir fotografias suas ou da sua família
14,6
Transmitir cartões electrónicos de felicitações
18,8
Jogar videojogos pela Internet
21,2
Navegar pela Internet sem objectivos concretos
64,9
Inteirar-se de notícias na imprensa geral
39,3
Inteirar-se de notícias desportivas
28,5
Participar em cursos "on line"
3,1
Procurar casa/apartamento
7,0
Procurar emprego
12,0
Trabalhar a partir de casa
8,7
Realizar operações com o seu banco
24,3
Fazer reservas de viagens/alojamento/alugar um carro
9,5
Comprar outras coisas
9,1
Comprar ou reservar entradas para espectáculos
10,4
Comprar produtos informáticos
8,4
Comprar livros ou cd's
11,5
Comprar produtos alimentícios ou de limpeza
1,6
Participar ou comprar num leilão
3,4
Participar em chats ou "newsgroups"
39,8
Enviar ou receber mensagens de correio electrónico
73,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100 %
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Gráfico 21 - Utilizações da Internet e do correio electrónico
Enviar mensagens de correio electrónico para programas de rádio
4,2
Enviar mensagens de correio electrónico para programas de televisão
4,3
8,7
Produzir conteúdos para blogues
23,9
Consultar blogues
28,0
Contactar com amigos quando está desanimado
13,2
Pesquisar receitas de cozinha
4,2
Organizar as actividades das crianças
30,5
Combinar ou marcar saídas com amigos
9,8
Telefonar através da Internet
41,2
Consultar bibliotecas/enciclopédias/dicionários/atlas
12,8
Descarregar software da rede
2,9
Pesquisar informação sobre gays e lésbicas
24,6
Pesquisar informação sobre serviços públicos
13,4
Pesquisar informação sobre a sua saúde ou de pessoas próximas
10,7
Pesquisar informação sobre a sua associação profissional
9,9
Pesquisar informação política ou sindical
21,3
Pesquisar informação sobre cursos de formação
27,4
Pesquisar informação sobre espectáculos programados
Pesquisar informação sobre a sua cidade
25,3
Pesquisar informação sobre viagens
25,4
5,7
Pornografia (consultar, descarregar)
20,8
Descarregar músicas da rede
22,5
Transmitir fotografias suas ou da sua familia
18,9
Transmitir cartões de felicitações electrónicos
28,4
Jogar videojogos pela Internet
53,9
Navegar pela Internet sem objectivos concretos
27,6
Inteirar-se de noticias desportivas
35,4
Inteirar-se de notícias na imprensa geral
5,0
Participar em cursos on line
6,5
Procurar apartamento
16,3
Procurar trabalho
9,6
Trabalhar a partir de casa
14,6
Realizar operações com o seu banco
8,0
Fazer reservas de viagens ou alojamento ou alugar um carro
6,9
Comprar outras coisas
6,2
Comprar ou reservar entradas para espectáculos
Comprar produtos informáticos
5,3
Comprar livros ou músicas
5,4
0,7
Comprar produtos alimentícios e de limpeza
2,3
Participar ou comprar num leilão
34,8
Participar em chats ou newsgroups
70,7
Transmitir e receber mensagens de correio electrónico
0
10
20
30
40
50
60
70
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
80
90
100 %
A Internet em Portugal (2003-2007)
estudo de 2003.
Uma percentagem considerável dos
inquiridos em 2006, embora menor
quando
comparada
com
2003,
manifesta igualmente estar atenta às
notícias desportivas (27,6%), pesquisar
informação
sobre
espectáculos
programados (27,4%), sobre viagens
(25,4%), sobre a respectiva cidade
(25,3%) e informação referente a serviços
públicos (24,6%).
Revela-se de igual forma pertinente
salientar o decréscimo no consumo de
pornografia de 10% para 5,7%, embora
seja aqui de referir que no ano de 2003
contemplava-se apenas o acto de ver
sites desse âmbito e em 2006 o acto
de consultar e descarregar este tipo
de conteúdos. Verifica-se ainda uma
acentuada diminuição do número de
utilizadores que realizam operações
online com os seus respectivos bancos
(de 24,3% para 14,6%), mas também
dos indivíduos que fazem downloads de
músicas na Internet (de 34% para 20,8%),
pelo que podemos sustentar a hipótese
de haver uma maior consciencialização
dos inquiridos quanto à ilegalidade da
prática de “pirataria” musical.
Regista-se, também, um aumento na
pesquisa de matéria relacionada com a
homossexualidade (de 1,5% para 2,9%),
bem como da troca de fotografias
(14,6% para 22,5%), e um ligeiro ou
quase nulo decréscimo da pesquisa de
informação politica ou sindical (de 10,1%
para 9,9%).
No que respeita às diversas áreas de
compras tradicionais, nomeadamente
fazer reservas de viagens/alojamentos/
alugar um carro, comprar ou reservar
entradas para espectáculos, comprar
produtos informáticos, comprar livros ou
cd’s, comprar produtos alimentícios ou
de limpeza e participar ou comprar num
leilão, regista-se um elevado decréscimo
entre 2003 e 2006, mais concretamente
de 44,8% para 27,9%.
No que respeita aos outros tipos de
compras, há também uma diminuição
de 9,1% para 6,9%, o que nos pode levar
a afirmar a possibilidade de existência
21
A Internet em Portugal (2003-2007)
de novas áreas de transacção que
não as mais tradicionais, mas também
sobre o enfraquecimento e insucesso
do alargamento do e-commerce a um
maior numero de utilizadores.
Por sua vez, a consulta de blogues
não parece estar entre as prioridades
dos inquiridos (23,9%), e a prática de
“telefonar através da Internet” tem
manifestado uma forte tendência para
ser cada vez mais valorizada, dado que
em 2003 4,4% dos indivíduos afirmavam
faze-lo comparado com os 15,6% de
2006, de referir no que respeita a esta
questão que utilizam serviços VOIP,
como por exemplo o Skype, o IOL Talk
ou o VOIP Howto.
Por último, e no que concerne à
pesquisa de informação sobre saúde há
a tendência para esta diminuir, de 2003
para 2006 regista-se uma decrescimo
de 18,3% para 13,4%, respectivamente,
o que pode estar correlacionado com
a deficiente oferta de conteúdos em
saúde em português continental.
22
A Internet em Portugal (2003-2007)
III. Impactos da
Internet
Os jornais e a Internet
Gráfico 22 - Leitura de jornais através da Internet
3,1
21,8
Sim
Não
Ns/Nr
75,1
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Entre o total da amostra, uma maioria de
75,1% dos inquiridos não lê jornais através
da Internet, enquanto que 21,8% assume
fazê-lo. Mais especificamente, 39,3% dos
inquiridos afirmavam no ano de 2003
consultar notícias da imprensa geral e
28,5% jornais desportivos online, valores
que sofrem uma descida no ano de
2006, período este em que 35,4% afirma
pesquisar noticias da imprensa geral
e 27,6% pesquisar noticias desportivas.
No entanto, comparando estes valores
com os 23,9% inerentes à consulta de
blogues, constata-se que os inquiridos
dão maior valor e recorrem sobretudo à
informação patente nos sites de jornais e
menos há que é publicada em blogues.
23
A Internet em Portugal (2003-2007)
Verifica-se que 26,4% dos inquiridos do
sexo masculino lêem jornais online, uma
percentagem mais significativa do que
a manifestada pelas mulheres, já que
apenas 15,4% destas confirmam realizar
esse tipo de leitura.
Gráfico 23 - Leitura de jornais através da Internet segundo o
sexo dos inquiridos
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
26,4
15,4
Masculino
Feminino
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Verifica-se que os activos lêem mais
jornais online (22,9), do que os reformados
(21,4%), bem como em maior peso do
que os estudantes (19,6%). Esta análise
pode indiciar que a Internet, embora
não se possa afirmar que traz novos
leitores para os jornais, garante uma
estrutura mais equilibrada de leitores do
que a existente na leitura em papel.
Gráfico 24 - Leitura de jornais através da Internet segundo a
fase da vida
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
22,9
19,6
Estudantes
Activos
21,4
Reformados
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Ao contrário do que se verifica com os
jornais online, os inquiridos manifestam
uma forte propensão para ler jornais
pagos (57,1%), em detrimento dos 42,9%
que afirmam não ler este tipo de jornais.
Gráfico 25 - Tem o hábito de ler jornais
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
57,1
42,9
Sim
Não
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
24
A Internet em Portugal (2003-2007)
Gráfico 26 - Leitura de jornais segundo o sexo dos inquiridos
%
100
90
80
69
70
60
46,1
50
Se analisarmos os leitores de jornais
pagos segundo o sexo, verificamos que
esta prática é mais recorrente entre os
elementos do sexo masculino (69%) do
que entre as mulheres (46,1%), de forma
semelhante ao que verificamos aquando
a análise dos leitores dos jornais online.
40
30
20
10
0
Masculino
Feminino
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Gráfico 27 - Leitura de jornais segundo a idade dos
inquiridos
%
100
90
74,7
80
70
60
70,4
70,1
58,4
54,9
50
45,7
40
24,3
30
20
10
Existe uma forte tendência para a leitura
de jornais pagos ser mais valorizada
e praticada entre as faixas etárias
intermédias, ou seja, entre os indivíduos
com idades compreendidas entre os
25-34 anos (74,7%), mas também entre
os 35-44 anos (70,4%) e os 45-54 anos
(70,1%). Por outro lado, a menor taxa de
leitura destes jornais encontra-se entre os
inquiridos com 75 e mais anos (24,3%).
0
15-24 anos
25-34 anos
35-44 anos
45-54 anos
55-64 anos
65-74 anos
75 e mais
anos
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Gráfico 28 - Leitura de jornais segundo a fase da vida
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
67,6
42,5
37,5
Estudantes
Activos
Reformados
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Verifica-se que são sobretudo os
inquiridos que se encontram na vida
activa que mais lêem habitualmente
os jornais pagos (67,6%), o que vem
reforçar e sustentar as considerações já
desenvolvidas aquando a análise das
idades dos respectivos leitores. Refira-se
ainda, pelos seus valores significativos,
os 42,5% dos reformados que lêem estes
jornais e os 37,5% dos estudantes que
também têm o hábito de o fazer, o
que nos permite constatar que estamos
perante uma tendência semelhante à
apresentada no caso dos jornais online,
embora a relação entre leitura de jornais
pagos e a fase da vida em que se
encontram os indivíduos seja aqui mais
forte e relevante.
25
A Internet em Portugal (2003-2007)
A maioria dos inquiridos refere em 2006
não ter o hábito de ler jornais gratuitos,
o que corresponde a 54,8% do total
da amostra, em relação aos 45,2% que
afirmam de facto faze-lo.
Gráfico 29 - Costuma ler jornais gratuitos
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
54,8
45,2
Sim
Não
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
No que respeita à leitura de jornais
gratuitos entre os dois sexos, conclui-se
que é entre as mulheres que reside a
maior taxa de leitura de jornais gratuitos
(50,9%) em detrimento dos 41,1% dos
homens. Trata-se de uma tendência
inversa ao que acontece com os
jornais online e com os jornais pagos,
que tal como se apurou, são lidos
maioritariamente pelo sexo masculino.
Gráfico 30 - Leitura de jornais gratuitos segundo o sexo dos
inquiridos
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
50,9
41,1
MASCULINO
FEMININO
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Quanto à leitura de jornais gratuitos
pelas diferentes faixas etárias, parece
não existirem grandes disparidades
entre estas, exceptuando o caso dos
indivíduos com 75 ou mais anos (35,1%),
cuja percentagem se encontra abaixo
dos 40%. Pelo contrário, os restantes
escalões apresentam percentagens
superiores a este valor, entre os quais
sobressai o dos 25-34 anos (50%), o
dos 35-44 anos (47,1%) bem como o
dos 15-24 anos (46,4%). Embora não se
verifique uma heterogeneidade forte
ou acentuada da leitura de jornais
gratuitos entre as diferentes idades,
pode-se contudo afirmar que a adesão
aos jornais gratuitos é mais forte entre os
jovens e os jovens adultos.
26
Gráfico 31 - Leitura de jornais gratuitos segundo a idade dos
inquiridos
%
100
90
80
70
60
50
46,4
50
47,1
40
40,5
45
41,7
35,1
30
20
10
0
15-24 anos
25-34 anos
35-44 anos
45-54 anos
55-64 anos
65-74 anos
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
75 e mais
anos
A Internet em Portugal (2003-2007)
Gráfico 32 - Leitura de jornais gratuitos segundo a fase da
vida
%
100
90
80
70
60
52,9
50
40
30
44,8
41,5
20
10
0
Estudantes
Activos
Reformados
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Reforçando as conclusões já apuradas,
aquando a análise da leitura de jornais
gratuitos por idades, são principalmente
os estudantes a aderirem a este tipo de
relação com os jornais (52,9%), seguidos
pelos activos (44,8%) e reformados
(41,5%).
Apercebemo-nos
assim
que os estudantes tendem a aderir
mais facilmente aos jornais gratuitos,
enquanto que os activos e reformados
tendem a valorizar principalmente a
leitura de jornais online bem como
a leitura dos jornais pagos, dados os
diferentes hábitos de leitura praticados
nas diferentes fases da vida.
Internet e interacção
social
Embora
seja
reconhecível
as
potencialidades abertas e suscitadas
pela utilização da Internet, enquanto
tecnologia social, fomentando novas
relações sociais e novas sociabilidades,
o contacto presencial tende a manterse entre os inquiridos.
O mundo mediado vem alargar as
possibilidades de contacto que surgem
e se desenvolvem na nossa sociedade,
reforçando as relações sociais já
existentes.
27
A Internet em Portugal (2003-2007)
Uma
elevada
percentagem
dos
cibernautas mantém o nível de
contacto e relacionamento com grupos
de pessoas que partilham dos mesmos
interesses políticos, que partilham da
mesma religião, com a sua família
e amigos, e também com pessoas
enquadradas na mesma profissão ou
até mesmo com interesses totalmente
diferentes dos seus. Isto com a grande
excepção do grupo de pessoas com
quem partilham hobbies e outras
actividades recreativas, onde apenas
17,2% dos indivíduos manifestam manter
o contacto com essas mesmas pessoas,
a par dos expressivos 72,4% que afirmam
ter diminuído a convivência com estes.
Salienta-se nessa categoria que nenhum
dos inquiridos respondeu no sentido de
Gráfico 33 - Influência da Internet no contacto com os
grupos de pessoas
%
Diminuiu
100
Manteve
90
Aumentou
80 72,4
70
NS/NR
60
56,9
52,6
51,4
50
56,7
40
30
10
0
0
23,2
18,1
24,4
17,2
20
10,4
Pessoas com
quem partilha
hobbies e
outras
actividades
recreativas
19,1
5,1
6,1
Pessoas com
quem partilha
interesses
políticos
53,6
47,1
37,9
Pessoas com
quem partilha
a mesma
religião
24,0
10,1
9,0
17,3
9,1
6,0
Familiares
Amigos
13,5
12,5
9,6
Pessoas com
interesses
totalmente
diferentes
dos seus
19,5
17,2
Pessoas da
sua profissão
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
esse contacto estar a aumentar com a
utilização da Internet. No que respeita
ao aumento nos contactos, a utilização
da Internet veio valorizar e tornar mais
próximo o relacionamento dos inquiridos
com os seus respectivos amigos (37,9%),
mas também com os familiares (24%)
ou pessoas incluídas no seu universo
profissional (19,5%).
Analisando a evolução média desses
contactos segundo a fase da vida em
que os inquiridos se inserem, numa
leitura geral constata-se que entre os
estudantes, os activos e os reformados o
contacto com os vários grupos referidos
tende em média a manter-se ou mesmo
a aumentar. O valor mais significativo,
em termos de influência da Internet,
encontra-se entre os estudantes, dado
o forte aumento no contacto que
estabelecem com as pessoas da sua
profissão (4,58), embora sejam também
esses mesmos quem tendencialmente
revela um maior incremento na
proximidade que detêm com os vários
grupos em análise.
28
Gráfico 34 - Influência média da Internet no contacto com
os grupos de pesssoas segundo a fase da vida
Estudantes
Activos
Reformados
Aumentou
Fortemente
Aumentou
Manteve
5
4,58
4
3,83
4,03
3,40 3,31
3 2,66
2,52 2,71
3,403,26
3,553,53
3,68
4,05
3,713,70 3,52
3,46 3,38
3,61
3,7
2
Diminuiu
Diminuiu
Fortemente
1
0
Pessoas
com quem
partilha
hobbies e
outras
actividades
recreativas
Pessoas
com quem
partilha
interesses
politicos
Pessoas
com quem
partilha a
mesma
religião
Familiares
Amigos
Pessoas
com
interesses
totalmente
diferentes
dos seus
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Pessoas da
sua
profissão
A Internet em Portugal (2003-2007)
Usos do tempo
Gráfico 35 - Evolução da dedicação às actividades desde
que utiliza Internet
Menos
Mesmo
Mais
19,2
Ver TV
2,5
Ver vídeos ou DVD
1,8
Passear
2,6
Ouvir rádio
78,3
15,6
82,6
9,0
88,3
7,6
89,8
2,6
6,2
Ouvir música
4,9
Ler jornais ou revistas
88,9
10,2
2,2
Ler livros
13,3
2,1
Não fazer nada
Ir ao cinema
2,6
81,8
10,6
1,5
Ir ao teatro, ópera ou concertos
84,5
15,8
2,4
Ir a bares, restaurantes, discotecas
87,6
87,9
10,2
87,2
7,1
81,4
11,5
7,4
Ir a museus, exposições ou conferências
88,0
4,5
6,2
Encontrar-se com familiares ou amigos
4,1
Jogar com o computador ou consola
89,7
9,4
81,2
9,5
7,0
Falar com as pessoas da casa, brincar com as
crianças, etc.
4,4
Assistir a espectáculos ou competições desportivas
88,6
11,4
83,8
4,8
4,7
Praticar algum desporto ou actividade física
90,6
4,7
6,6
Assistir a manifestações ou reuniões de sindicatos,
partidos políticos ou associações
93,4
2,1
Ir à igreja ou lugar de culto religioso
5,2
Assistir a acontecimentos populares, festas ou feiras
92,7
17,3
77,5
5,2
4,5
Praticar algum hobby
84,2
11,3
8,3
Actividades em casa relacionadas com o
trabalho profissional
73,5
18,2
0
10
20
30
40
50
60
70
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
80
90
100
%
No que respeita ao nível de dedicação a
outras actividades a partir do momento
em que os inquiridos começaram a
utilizar a plataforma Internet, verifica-se
que as práticas mencionadas não foram
desvalorizadas, dado que uma grande
maioria dos indivíduos (sempre acima
dos 70%) continua a realizar e a dedicarse a estas com a mesma intensidade.
As práticas que menos sofreram
alterações nos hábitos diários dos
inquiridos, foram mais concretamente: a
assistência a manifestações ou reuniões
de sindicatos, partidos políticos ou
associações (93,4%), a ida à igreja ou
a um local de culto religioso (92,4%), a
prática de algum desporto ou actividade
física (90,6%), a prática de ouvir rádio
(89,8%) e o encontro com familiares ou
amigos (89,7%).
As práticas a que os indivíduos passaram
a dedicar mais do seu tempo, são as
actividades realizadas em casa que
estão relacionadas com o trabalho
profissional (18,2%), seguido pelas idas
ao teatro, ópera ou concertos (11,5%),
prática de algum hobby (11,3%), jogar
no computador ou consola (9,5%), ir à
igreja ou lugar de culto religioso (5,2%)
bem como assistir a espectáculos ou
competições desportivas (4,8%).
Por outro lado, a utilização da Internet
veio desencadear a diminuição da
prática de ver televisão (19,2%) bem
como o decréscimo do visionamento
de vídeos ou DVD (15,6%), a assistência
a acontecimentos populares, festas ou
feiras (17,3%) e a situação de não fazer
nada (15,8%).
29
A Internet em Portugal (2003-2007)
Quanto ao multitasking, ou seja, às
tarefas simultaneamente realizadas pelos
cibernautas aquando da utilização da
Internet, ocorre uma clara preferência
pela prática de ouvir música enquanto
usufruem daquela, o que se estende a
mais de metade da amostra (55,1%).
Muito afastada encontra-se a prática de
falar ao telefone/telemóvel, apontada
apenas por 20,1% dos inquiridos; bem
como a prática de falar em chats ou
programas de mensagens instantâneas,
pelo qual optam 19,7% dos indivíduos.
Ou seja, enquanto se navega na web
realizam-se essencialmente actividades
que requerem pouca interactividade
(como ouvir musica). As actividades
que apelam a um uso mais intenso dos
sentidos, como ver televisão, ou que
Gráfico 36 - Práticas frequentes enquanto se utiliza a
Internet
18,6
Ns/nr
7,7
Nenhuma destas
20,1
Falar ao telefone/telemóvel
10,5
Ver televisão
Utilizar chats ou programas
de mensagens instantâneas (Ex: Msn)
19,7
12,5
Ouvir rádio
55,1
Ouvir música
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
requerem capacidade de resposta,
como utilizar chats e falar ao telefone,
são menos utilizadas.
A realização de outras actividades
aquando da utilização da Internet
encontra mais adeptos entre o sexo
masculino, principalmente no que
toca à prática de ouvir música (57,4%),
à utilização dos chats ou mensagens
instantâneas (23,7%), ou a falar ao
telefone/telemóvel
(21,4%).
Nas
mulheres, a taxa de realização de outras
actividades enquanto utilizam a Internet
revela-se mais reduzida, o que acontece
em todas as actividades mencionadas,
com a particular excepção para a
resposta “nenhuma destas” onde se
posicionaram 8,6% do total das mulheres,
contra os 7% dos homens.
30
Gráfico 37 - Práticas frequentes enquanto se utiliza a Internet
segundo o sexo
%
100
Masculino
90
Feminino
80
70
60
57,4
52,1
50
40
30
23,7
20
14,2
10
10,2
21,4
14,8
12,6
18,4
7,9
7
8,6
0
Ouvir música O
uvir rádio
Utilizar chats ou
programas de
mensagens
instantâneas
Ver televisão
Falar ao
telefone/telemóvel
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Nenhuma destas
A Internet em Portugal (2003-2007)
Gráfico 38 - Práticas frequentes enquanto se utiliza a Internet segundo a fase da vida
Analisando neste momento as práticas
frequentemente
realizadas,
mas
distinguindo segundo a fase da vida
dos inquiridos, verifica-se que são
principalmente os estudantes que
efectuam múltiplas tarefas enquanto
utilizam a Internet, seguidos pelos
activos e depois pelos reformados, com
a única excepção da prática de falar
ao telefone/telemóvel, onde os activos
apresentam um peso percentual mais
elevado de 21,3%, em comparação
com os 18,4% dos estudantes e os 13,3%
dos reformados. Daqui se pode concluir
que a prática de multitasking não se
encontra directamente associada a
uma dada idade ou fase da vida, mas
sim à prática e familiaridade com a
tecnologia.
%
100
Estudantes
90
Activos
80
Reformados
70
60
57,1
54,5
50
40
37,5
30
23,8
20
18,4
17,8
13,4 12,3
11,7 10
6,7
10
21,3
13,3
8,4 7,3
6,7
6,7
0
0
Ouvir música O
uvir rádio
Utilizar chats ou
programas de
mensagens
instantâneas
Ver televisão
Falar ao
telefone/telemóvel
Nenhuma destas
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Experiências negativas e
preocupações
Gráfico 39 - Confiança e fiabilidade nos diversos tipos de
informação disponíveis na Internet
14,4
16,5
Informação proveniente
de motores de pesquisa
1,6
23,0
8,2
21,5
10,2
Sites de informação do
governo na internet
20,8
20,1
14,6
12,8
19,7
3,4
Páginas de informação
13,4
publicadas por pessoas
13,2
16,1
10,1
Páginas de notícias
publicadas por
empresas/agências
7,6
0
36,3
10
16,6
22,9
27,5
25,2
24,5
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Nenhuma
A maior parte
Uma pequena parte
Toda
Cerca de metade
Ns/nr
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Conclui-se que os inquiridos manifestam
maiores índices de confiança na
informação proveniente de motores
de pesquisa, com mais de metade da
amostra a afirmar que a maior parte da
informação ou toda a informação deste
género é fiável, dados os valores de
36,3% e 16,5%, respectivamente.
Por outro lado, o maior cepticismo
dos inquiridos recai sobre as páginas
de informação publicadas por outras
pessoas, com 27,5% a afirmar que só
uma pequena parte dessa informação
é segura e 13,2% a se posicionar na
inexistência de informação fiável, o que
se justifica pelo facto de tendencialmente
não se dar tanta credibilidade às
opiniões expressas por cidadãos comuns.
31
A Internet em Portugal (2003-2007)
Os dados apresentados levantam duas
hipóteses de interpretação. Por um lado,
podemos estar perante a constatação
do fraco conhecimento dos utilizadores
quanto à forma como os motores
indexam a informação, talvez sugerindo
a percepção de que a mesma é
validada previamente. Por outro lado,
pode-se argumentar que poderá
ocorrer uma grande confiança nas
escolhas prévias de outros utilizadores,
nomeadamente no caso do motor
Google, que hierarquiza as respostas em
função das escolhas de outras pessoas.
No que respeita à informação disponível
nos sites de informação do governo,
e à informação presente nas páginas
de notícias publicadas por empresas/
agências, os inquiridos tendem a afirmar
que a maior parte ou cerca de metade
dos dados aí presentes são de confiança,
contudo, é de salientar que no primeiro
caso as respostas não se revelam tão
dispares, os inquiridos posicionam-se pois
de forma mais equitativa pelos vários
níveis de confiança.
O gráfico 40 permite verificar que uma
grande maioria dos inquiridos não é
perturbada com as mensagens SPAM
(44,1%) ou recebem mesmo uma
quantidade pouco significativa destas
(19,7%). A percentagem de inquiridos
que
recebe
frequentemente
ou
mesmo muitas vezes estas mensagens
é mais reduzida, o que corresponde
a 12,8% e 3,9% do total da amostra,
respectivamente.
Verifica-se assim que ou os filtros utilizados
no software de email conseguem reduzir
o SPAM recebido ou que, em alternativa,
os utilizadores têm tendência a não dar
o seu email em sites pouco seguros.
Qualquer uma destas práticas poderá
ter em conta a possível literacia dos
utilizadores. Uma outra hipótese poderá
passar pelo facto de os utilizadores
realizarem interacções de navegação
essencialmente em torno de sites
32
Gráfico 40 - Atitude acerca da recepção de correio
electrónico não solicitado
%
100
90
80
70
60
50
44,1
40
30
19,7
20
19,5
12,8
10
3,9
0
eu não recebo
mensagens spam
de correio
electrónico
eu recebo
mensagems spam
mas o número
que reçebo não
me incomoda
eu recebo
frequentemente
muitas
mensagens spam
eu recebo mesmo
muitas
mensagens spam
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
ns/nr
A Internet em Portugal (2003-2007)
rotineiramente visitados, não se expondo
ao desconhecido e logo sendo menos
sujeitos a registos de email.
Gráfico 41 - Atitude acerca da recepção de correio
electrónico não solicitado segundo o sexo dos inquiridos
%
100
90
MASCULINO
80
FEMININO
70
60
56,2
53,5
50
40
30
23,4
20
25,7
13,7
10
0
eu não recebo
mensagens spam de
correio electrónico
eu recebo
mensagems spam mas
o número que
reçebo não me
incomodam
18,4
eu recebo
frequentemente
muitas mensagens
spam
6,7
2,4
É entre o sexo masculino que existe uma
maior tendência para a não recepção
de mensagens SPAM (56,2%) e, por sua
vez, entre o sexo feminino que se regista
uma maior taxa de recepção, dado
que 46,5% das mulheres afirma receber
algumas mensagens deste tipo, embora
esse facto não as afecte, mas também
receber com frequência ou muitas
vezes.
eu recebo mesmo
muitas mensagens
spam
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
Gráfico 42 - Atitude acerca da recepção de correio
electrónico não solicitado segundo a idade dos inquiridos
%
100
15-24
90
25-34
80
35-44
70
70
60,5
45-54
60 52,7 51,8
55-64
47,8
50
65-74
40
26,9 29,724,7
75 e mais anos
30
19,6
18,6 20
17,6 16,3
15,9
20
4,4 2,9 5,9 4,7 5
5
10
0 0
0 0
0 0
0 0
0
eu não recebo
mensagens spam
de correio
electrónico
eu recebo
mensagems spam
mas o número que
reçebo não me
incomodam
eu recebo
frequentemente
muitas mensagens
spam
eu recebo mesmo
muitas mensagens
spam
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
É entre as camadas mais jovens
como a dos 15-24 anos, ou a dos
25-34 anos e a dos 35-44 anos que
se regista uma maior percentagem
de recepção de mensagens SPAM,
dado que 47,2%, 52,2% e 48,2% destes,
respectivamente,
alegam
receber
por vezes, frequentemente ou mesmo
muitas vezes este género de mensagens
indesejadas. Por outro lado, os inquiridos
com idades compreendidas entre os
65-74 anos ou com 75 ou mais anos não
se pronunciaram quanto ao facto de
receberem ou não essas mensagens.
Contudo, verifica-se que existe uma
forte tendência entre os indivíduos
inseridos na faixa etária dos 45-54 e dos
55-64 anos para não passarem por esta
situação específica, pelos valores de
60,5% e 70%, respectivamente.
33
A Internet em Portugal (2003-2007)
É visível que uma grande maioria dos
inquiridos reformados não recebe
mensagens consideradas indesejadas
(69,2%), mas também uma percentagem
significativa de estudantes (55,1%) e de
activos (54%). Verifica-se, porém, uma
ligeira tendência entre estes dois últimos
grupos para receberem mensagens
SPAM, dado que 44,9% dos jovens e
45,9% dos activos alegam passar por
vezes, frequentemente ou muitas vezes
por tal situação. Podemos apontar
como explicação o facto de serem estes
indivíduos que mais utilizam a Internet
e exploram os seus serviços e, por
conseguinte, estarem mais propensos a
esta recepção.
No gráfico anterior referíamo-nos a uma
situação mais específica de recepção
Gráfico 43 - Atitude acerca da recepção de correio
electrónico não solicitado segundo a fase da vida
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Estudantes
Activos
69,2
Reformados
55,1 54
21,1
eu não recebo
mensagens spam
de correio
electrónico
26,3
23,1
eu recebo
mensagems spam
mas o número que
reçebo não me
incomodam
17,3 15,6
7,7
6,5
eu recebo
frequentemente
muitas mensagens
spam
4
0
eu recebo mesmo
muitas mensagens
spam
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
de mensagens não solicitadas e a sua
percepção por parte dos inquiridos, no
quadro seguinte procede-se à análise
em geral das experiências negativas
que podem surgir no uso da Internet.
Os inquiridos, na sua maioria, não
experimentam as experiências negativas
no gráfico mencionadas. As respostas
afirmativas concentram-se sobretudo
em situações de recepção de vírus
(31,3%), mas também, embora com um
valor percentual menos significativo, na
recepção de mensagens de correio
electrónico conotadas como abusivas
ou obscenas (13,5%), ou ainda, numa
situação de contacto por parte de
alguém de um país estrangeiro longínquo
através da Internet (7,8%). As restantes
possíveis
experiências
incómodas
que são mencionadas, manifestam
fraca presença entre os cibernautas,
apresentando valores que se situam
abaixo dos 3%.
No que respeita às duas primeiras
situações de maior peso entre as
experiências negativas, as percentagens
apuradas correspondem principalmente
a elementos do sexo masculino, inseridos
34
Gráfico 44 - Más experiências com a Internet
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
95,9
96,5
84,2
90,2
96,0
66,5
31,3
13,5
2,3
receber
mensagens
de correio
electrónico
abusivas ou
obscenas
2,2
receber
vírus no seu
computador
1,8
2,2
comprar
algo que
estava mal
apresentado
num sítio da
internet
SIM
NÃO
0,9
2,6
roubarem-lhes
as informações
do seu
cartão de
crédito por
tê-lo usado
na internet
7,8
2,1
ter sido
contactado
por alguém
de um país
estrangeiro
longínquo
através da
internet
NS/NR
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
2,3
1,7
ter sido
contactado
por alguém
através da
internet
pedindo-lhe
informações
sobre a sua
conta
bancária
A Internet em Portugal (2003-2007)
na fase dos activos. Contudo, a recepção
de mensagens de correio electrónico
abusivas parece ser predominante entre
os escalões mais jovens como o dos 1524, 25-34 ou 35-44 anos, enquanto que
a recepção de vírus no computador
tende a estar presente sobretudo entre
as idades mais avançadas como o
dos 45-54 anos ou dos 55-64 anos. No
primeiro caso, a explicação poderá
estar relacionada com o facto de serem
estas faixas etárias quem maior atenção
dá ao correio electrónico, o que
nomeadamente no caso dos activos,
será em parte com o intuito de estar em
contacto e interagir com pessoas do seu
universo profissional. Quanto à segunda
situação, parece sustentável afirmarmos
que há uma maior percepção e
consciência da ameaça de vírus e, por
conseguinte, uma preocupação com
a protecção do computador, entre os
jovens do que entre as os inquiridos com
maior idade, daí que estas experiências
negativa ocorram precisamente entre
estes últimos
35
A Internet em Portugal (2003-2007)
A Internet em Portugal (2003-2007)
IV. Info-exclusão
Não utilização da Internet
Este inquérito sobre A Sociedade em
Rede em Portugal, não se limitou única e
exclusivamente aos utilizadores efectivos
da Internet, pelo contrário, foca também
o seu olhar sobre aqueles que não se
encontram conectados, evidenciando,
por
conseguinte,
as
diferenças
entre utilizadores e não utilizadores,
procurando simultaneamente perceber
as razões dessa não adesão à Internet.
Gráfico 45 - Solicitação ou recepção de informação/
documentação retirados da Internet por um familiar, amigo
ou conhecido
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
2003
82,5 81,3
10,0
7,0
Sim, mais que uma
vez
2,7
4,7
4,1
Sim, apenas uma
vez
2006
Não
7,6
Ns/Nr
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003 e 2006
A variável que se apresenta remete
para os indivíduos que não usufruindo
da Internet, obtiveram informações
provenientes
da
Internet
através
do recurso a amigos, familiares ou
conhecidos. Como se pode constatar,
em ambos os anos contemplados, uma
percentagem considerável do total de
inquiridos assume nunca ter solicitado
ou recebido essa informação, mais
concretamente 82,5% e 81,3% em 2003
e 2006, respectivamente. Contudo, a
par desses valores, 10% dos inquiridos
portugueses no ano de 2003 assumiam
ter pedido ou recebido mais do que
uma vez informação ou documentação
e 2,7% apenas uma vez, sendo que
37
A Internet em Portugal (2003-2007)
os valores em 2006 apontam para
uma diminuição para a ordem dos 7%
daqueles que o solicitaram várias vezes,
e uma ligeira subida daqueles que
alegam ter recebido uma vez.
Da leitura do gráfico ressalta, por um
lado, o facto de serem maioritariamente
os indivíduos pertencentes à categoria
reformados, que afirmam nunca ter
recebido ou solicitado a outras pessoas
algum tipo de informação proveniente
da Internet (94%). Em contraste, são os
estudantes que mais alegam ter recebido
ou solicitado essas informações mais do
que uma vez (37%). Essa maior tendência
dos estudantes em recorrerem aos dados
retirados por terceiros da Internet, pode
justificar-se pelo facto de estes valores
corresponderem maioritariamente aos
indivíduos que, em algumas situações,
podem não ter autonomia de uso,
ou mesmo autorização ou condições
financeiras que lhes permitam um uso
regular da Internet.
No que concerne ao ano de 2006, mais
uma vez verificamos que os três grupos
de indivíduos alegam em grande peso
nunca ter passado por essa situação,
embora seja mais vincado entre os
reformados (93,2%), e depois entre os
activos (85,1%) e estudantes (83,9%).
Mais uma vez, são sobretudo os estudantes
que pedem ou recebem mais do que
uma vez informação proveniente da
Internet, o que podemos relacionar com
o motivo já apontado da ausência de
condições para uma efectiva utilização.
Por outro lado, o facto de estarmos a
assistir a um crescimento tendencial do
número de utilizadores tal como já se
constatou nesta publicação, permitenos compreender o forte decréscimo
registado em 2006 daqueles que pedem
ou recebem uma ou mais do que uma
vez informações de outras pessoas,
nomeadamente entre os estudantes
38
Gráfico 46 - Solicitação ou recepção de informação/
documentação retirados da Internet por um familiar, amigo
ou conhecido segundo a fase da vida
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
85
94
56,5
37
11,7
4,7
Sim,mais que uma vez
6,5
3,4
1,2
Sim,apenas uma vez
Nunca
Estudantes
Activos
Reformados
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003.
Gráfico 47 - Solicitação ou recepção de informação/documentação retirados da Internet por um familiar, amigo ou
conhecido segundo a fase da vida
%
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
83,9 85,1
12,5 8,9
4,6
Sim,mais que uma vez
3,6
6
2,2
Sim,apenas uma vez
Nunca
Estudantes
Activos
Reformados
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006.
93,2
A Internet em Portugal (2003-2007)
(para 3,6% e 12,5%, respectivamente).
O forte aumento das respostas dos
estudantes que apontam no sentido
da não solicitação ou recepção dessa
informação vem reforçar a consideração
de que serão futuramente tendenciais
utilizadores activos.
Entre o ano de 2003 e o ano de 2006 a
evolução mais significativa corresponde
aos estudantes. Dá-se uma quebra
de quase 2/3 entre os estudantes que
realizaram pedidos a terceiros para obter
acesso à Internet, uma situação que
pode indicar, precisamente, terem sido
esses os que mais têm vindo a empossar
o número de utilizadores de Internet nos
últimos três anos.
Gráfico 48 - Principal motivo de não utilização da Internet
2,6
Ns/Nr
0,4
Por outro motivo
1,5
Não tem interesse
O pai não quer / está à espera que o pai ligue
0,1
Não tem telefone
0,3
2,1
Não gosta
0,9
Já não tem idade
6,3
Não precisa/Não necessita/Nunca precisou
Porque se podem introduzir vírus perigosos
0,2
Porque tem a sensação que pode ser vigiado
0,3
2,7
Porque não tem o equipamento informático necessário
Porque é muito lento
0,1
9,1
Porque não tem tido tempo para se dedicar
12,9
Porque é muito caro
24,3
Porque não tem computador
13,3
Porque não sabe para que serve
23,1
Porque não sabe como funciona
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Gráfico 49 - Principal motivo de não utilização da Internet
4,4
NS/NR
1,3
Por outro motivo
Porque se podem introduzir vírus perigosos
0,2
Porque é muito lento
0,1
Porque não tem tempo para se dedicar/é demasiado
ocupado
1,9
5,5
Porque é muito caro
3,0
Porque não tem nenhuma ligação de acesso à Internet
16,5
Porque nao tem computador
7,6
Porque se sente confuso perante as tecnologias
Porque nao sabe como funciona/nao sabe como usar
11,4
Porque nao tem utilidade/nao sabe para que serve
10,7
43,1
Porque nao tem interesse
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
100
%
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
90
100
%
O principal motivo que no ano de 2003
condicionava os indivíduos no uso da
Internet era o facto de estes não terem
um computador (24,3%). Contudo, são
igualmente preponderantes situações
como a falta de informações sobre
como utilizar a Internet (23,1%), o
desconhecimento sobre a sua utilidade
(13,3%), o seu valor dispendioso (12,9%),
ou a falta de tempo dos inquiridos para
se dedicarem a esta (9,1%).
No que respeita ao ano de 2006, verificase que é o desinteresse dos inquiridos em
relação à Internet o motivo principal pelo
qual estes não a utilizam (43,1%), sendo
seguido muito de longe pela inexistência
de um computador (16,5%), o que em
2003 era a principal causa de resistência
dos indivíduos à nova tecnologia.
Por outro lado, salienta-se que a
falta de interesse apontada aqui
primordialmente manifestava-se em
2003, pelo contrário, como um dos
motivos menos referidos. Para além
destas questões, surge em terceiro lugar
o facto dos inquiridos não saberem como
funciona a Internet (11,4%), o que era a
segunda opção em 2003, assim como
o facto de desconhecerem a utilidade
desta (10,7%) ou o facto de se sentirem
confusos perante as tecnologias (7,6%).
Ou seja, enquanto que os motivos
39
A Internet em Portugal (2003-2007)
apontados no ano de 2003 parecem
relacionar-se principalmente com a
falta de condições, quer a nível de
equipamentos quer a nível monetário;
em 2006 os motivos tendem a reflectir
sobretudo um fraco conhecimento e
consciência sobre as potencialidades
da Internet e sobre a sua utilização.
Analisando neste momento as razões
que condicionam a utilização da
Internet no ano de 2003, mas fazendo
contudo, uma distinção com base na
etapa da vida em que os inquiridos se
inserem, verifica-se que são sobretudo
os reformados a apontar como principal
motivo não saberem como funciona
o computador (31,7%), e também por
desconhecerem para que serve o
mesmo (25,5%). As situações apontadas
reflectem uma situação de carência
face a uma cultura tecnológica, bem
como das competências necessárias à
utilização das mesmas. Por sua vez, os
estudantes centram principalmente as
suas respostas no facto do computador
ser muito caro (30%) e igualmente por
não possuírem um que lhes permita
aceder à Internet (28%). Pode-se assim
sugerir como justificação o facto de
tendencialmente os jovens estudantes
não possuírem condições financeiras
que lhes garantam o acesso regular. Por
seu lado, o grupo dos activos aponta
como principal motivo o facto de não
terem computador (27,3%), afastando
as justificações financeiras.
Distinguindo os principais motivos de não
utilização da Internet apontados pelos
inquiridos em 2006, segundo a fase da
vida em que estes se inserem, mais uma
vez regista-se uma variação entre os
estudantes, activos e reformados. Desde
logo, salienta-se a grande percentagem
de estudantes que alegam não ter um
computador que lhes possibilite aceder
à Internet (53,5%), mas também o forte
peso que o desinteresse para com a
nova tecnologia tem na decisão dos
reformados (51,9%), e dos activos (41%).
40
Gráfico 50 - Principal motivo de não utilização da Internet
segundo a fase da vida
Por outro motivo
Não tem interesse
O pai não quer/está à espera que o pai ligue
Não tem telefone
Não gosta
Já não tem idade
Não precisa/Não necessita/Nunca precisou
Porque se podem introduzir vírus perigosos
Porque tem a sensação que pode ser vigiado
Porque não tem o equipamento informático necessário
Porque é muito lento
Porque não tem tido tempo para se dedicar
Porque é muito caro
0
0,5
2
1,2
1,7
2
0
0,1
2
0
0,3
2
2,4
1,9
4
2,9
0,2
0
6,9
6,2
6
0,0
0,3
0
0,2
0,3
0
2,4
2,7
6
0
0,1
2
1,2
12
6
6,7
14,3
14,3
Porque não tem computador
Porque não sabe para que serve
9,4
2
Porque não sabe como funciona
Activos
Estudantes
30
27,3
28
25,5
31,7
20,8
6
0
Reformados
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Gráfico 51 - Principal motivo de não utilização da Internet
segundo a fase da vida
Por outro motivo
0,9
1,6
0
Porque se podem introduzir vírus perigosos
0
0,3
0
Porque é muito lento
Porque não tem tempo para se dedicar/É demasiado
ocupado
Porque é muito caro
Reformados
Activos
Estudantes
0,2
0
0
0
3
2,8
1,4
6,8
16,9
1,6
3,3
8,5
Porque não tem nenhuma ligação de acesso à Internet
6,8
Porque não tem computador
Porque se sente confuso perante as tecnologias
1,4
Porque não sabe como funciona/Não sabe como usar
Porque não tem utilidade/Não sabe para que serve
1,4
Porque não tem interesse
18,6
53,5
8,2
7,9
10
12,5
8,5
8,2
16,4
0
10
51,9
41
9,9
20
30
40
50
60
70
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2006
80
90
100
%
A Internet em Portugal (2003-2007)
É ainda relevante os 18,6% dos activos
que alegam não ter computador e daí
que não usufruam da Internet, bem
como os 16,9% dos estudantes que
consideram esta tecnologia muito cara.
Numa leitura geral dos dados, verifica-se
que os principais motivos apontados em
2003 se mantêm passados três anos.
Gráfico 52 - Pessoa a quem recorre em caso de necessidade
de ajuda
Ns/Nr
1,4
Namorado(a)
1,2
Funcionário da escola
0,4
Um técnico da empresa que instalou a Internet
3,2
Um professor da sua escola
2,5
facto de nunca precisarem de ajuda
(16,2%) ou de recorrerem ainda a um
companheiro de trabalho ou de estudos
(10,4%).
10,4
Um companheiro de trabalho ou de estudos
30,9
Um amigo
Outro familiar
8,0
Uma ou várias pessoas de sua casa
8,0
18,0
Resolve os problemas sozinho
As pessoas a quem mais os inquiridos
recorrem quando necessitam de ajuda
em relação à Internet são os amigos
(30,9%). A segunda resposta mais
referida pelos indivíduos é a de que estes
próprios resolvem sozinhos os problemas
relacionados com a Internet (18%),
mas muitos deles salientam também o
16,2
Nunca necessita de ajuda
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
Gráfico 53 - Pessoa a quem recorre em caso de necessidade
de ajuda segundo o sexo
10,5
Nunca necessita de ajuda
Feminino
20,8
Masculino
15,6
20,3
Resolve os problemas sozinho
Uma ou várias pessoas de sua casa
16
2,3
Outro familiar
11,6
5,3
26,9
Um amigo
34,8
11,6
9,9
Um companheiro de trabalho ou de estudos
2,7
2,3
Um professor da sua escola
2,7
3,6
Um técnico da empresa que instalou a Internet
2,4
0,8
Outra pessoa
0
10
20
30
40
50
60
70
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
80
90
100
%
Distinguindo a mesma variável segundo
o género, os resultados apurados em
2003 reflectem quer uma tendência por
parte dos inquiridos do sexo masculino
em não solicitarem a ajuda de outras
pessoas, resolvendo pessoalmente os
problemas que surjam na utilização da
Internet (20,3%) ou não necessitando
mesmo de qualquer apoio (20,8%). Os
amigos são também as pessoas a quem
as mulheres recorrem mais, embora com
valores percentuais menos significativos
que no caso do sexo oposto (26,9%),
contudo, estas recorrem ainda, e com
maior peso que os homens, a pessoas
da sua própria casa (16%).
41
A Internet em Portugal (2003-2007)
Da leitura dos dados, podemos constatar
que uma grande maioria dos estudantes
recorre à ajuda de amigos (40,7%) com
vista a resolver situações suscitadas pela
utilização da Internet, o que se reflecte
também no caso dos reformados e dos
activos, dados os valores de 28,6% e
27,4%, respectivamente. Ainda no que
toca aos reformados, verifica-se que
estes são de todos os grupos quem mais
recorre às pessoas das suas respectivas
casas (28,6%), mas também quem
mais declara resolver pessoalmente
as situações (21,4%) ou recorrer aos
familiares (21,4%). Por ultimo, os activos,
para alem dos amigos, manifestam
também
resolverem
sozinhos
as
situações (18,9%) sendo ainda, de entre
todos os grupos, quem mais afirma não
Gráfico 54 - Pessoa a quem recorre em caso de necessidade
de ajuda segundo a fase da vida
Nunca necessita de ajuda
0
Resolve os problemas sozinho
Uma ou várias pessoas de sua casa
Outro familiar
Um amigo
Um companheiro de trabalho ou de estudos
Um professor da sua escola
Um técnico da empresa que instalou a Internet
Outra pessoa
17,7
14,7
21,4
18,9
16,4
28,6
8,9
4,5
21,4
9,6
3,4
28,6
27,4
0
0
0,4
0
Reformados
Activos
Estudantes
40,7
12
7,9
7,9
4,3
0,6
00,8
4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90 100
%
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal, 2003
necessitar de qualquer ajuda (17,7%) ou
recorrer a um companheiro de trabalho
ou de estudos (12%).
Caracterização sócio
demográfica dos
utilizadores da Internet
Entre os elementos da amostra em
estudo, podemos concluir que são os
homens que mais utilizam a Internet,
tanto no que respeita ao ano de
2003 como ao de 2006. Os valores de
34,4% no primeiro ano a par dos 24%
apresentados pelas mulheres, e os
40,9% no ano de 2006 contra os 30,9%
manifestados pelas mulheres, permitem
chegar a tal conclusão. Assim sendo,
regista-se também uma evolução no
número de utilizadores da Internet em
ambos os sexos, no espaço de tempo
em análise.
O crescimento sustentado entre 2003 e
42
Gráfico 55 - Utilização da Internet segundo o sexo dos
inquiridos
%
Masculino
100
Feminino
90
80
70
60
50
40
40,9
34,4
30,9
24,0
30
20
10
0
2003
2006
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
A Internet em Portugal (2003-2007)
2006 representou aumentos similares de
utilizadores do sexo masculino e feminino,
não diminuindo assim a diferença entre
sexos, onde predominam os utilizadores
masculinos.
Gráfico 56 - Utilização da Internet segundo a idade dos
inquiridos
%
100
2003
90
2006
76,1
80
70 59,7
60
44,8
50
50,6
40
30,4
35,1
22,2
30
15
20
5,4
10
0
15-24
anos
25-34
anos
35-44
anos
45-54
anos
9,8
1,1 1
55-64
anos
65-74
anos
0
2
75 e mais
anos
É entre os mais jovens que os índices de
utilização da Internet são mais elevados,
diminuindo esta utilização à medida
que avançamos pelos diversos escalões
etários, ou seja, há uma forte relação
linear entre a idade dos inquiridos e
a utilização que estes fazem da nova
tecnologia. Tal acontece nos dois anos
em questão sendo que, o ano de 2006 é
o que apresenta valores mais expressivos
em todas as faixas etárias, à excepção
da faixa 65-74 anos onde se regista
uma muito ligeira e quase nula inversão
(dado os valores de 1,1% em 2003 e 1%
em 2006).
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
Gráfico 57 - Utilização da Internet segundo o nível de
instrução
%
100
88,9
2003
90
80,8
2006
80
75,1
64,8
70
60
50
40
27,2
30
17,7
20
10
0
0
0,5
Sem qualificações
Ensino básico
Ensino secundário
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
Ensino superior
Há também uma forte relação entre
a utilização da Internet e o nível de
escolaridade
apresentado
pelos
inquiridos tanto no que toca ao ano
de 2003 como ao de 2006, dado que
quanto maior o grau de formação e de
qualificação destes, maior tendência
manifestam para usufruir dessa nova
tecnologia. Conclui-se que uma maioria
dos que detêm de recursos escolares
mais elevados utiliza a Internet, o que
no caso do ano de 2006 corresponde
a 80,8% dos sujeitos com ensino
secundário e a 88,9% com o ensino
superior. Por outro lado, os inquiridos
com qualificações inferiores ao ensino
secundário apresentam uma tendência
contrária. É de realçar, também, o
crescimento no número de utilizadores
pelos diversos níveis de instrução do ano
de 2003 para o de 2006.
43
A Internet em Portugal (2003-2007)
São
os
indivíduos
com
idades
compreendidas entre os 15-24 anos e
que possuem o ensino básico que mais
usufruem da Internet (52,2%), seguidos
daqueles cujas idades se encontram
entre os 25-34 anos e que possuem
níveis de escolaridade elevados, mais
concretamente o superior (43,2%).
Numa leitura geral do gráfico podemos
concluir que é de facto entre as camadas
mais jovens (nascidas no período pós
25 de Abril) e com uma escolaridade
que tende a ser mais elevada, onde
podemos encontrar maiores índices de
utilização.
Gráfico 58 - Utilização da Internet segundo a idade e nível
de escolaridade dos inquiridos
No ano de 2003 e no de 2006, as maiores
taxas de utilização da Internet encontramse entre o grupo dos estudantes, são
estes quem mais explora e usufrui das
potencialidades da mesma. Seguemse, mas com valores percentuais mais
baixos, o grupo dos activos e por último
o grupo dos reformados, onde uma
pequena minoria utiliza a Internet, o que
corresponde a 2,9% em 2003 e a 4,1% em
2006. Uma outra análise ressalta à vista
mediante a leitura do gráfico, a qual se
prende com o facto de, face ao total
de utilizadores, tanto os activos como
os reformados manifestarem um ligeiro
aumento de 2003 para 2006 na utilização
que fazem da Internet, um crescimento
realizado à custa da diminuição do
número relativo de estudantes.
Gráfico 59 - Utilização da Internet segundo a fase da vida
dos inquiridos
44
%
100
Sem qualificações
90
Ensino básico
80
Ensino secundário
70
Ensino superior
60
50
52,2
30
22,9
20
10
0
43,2
42,7
40
10,5
0
20,1
9,7
0
0
15-24
anos
30
28
25-34
anos
35-44
anos
11,1
6,4 7,1
5,3
1,3
2,2
0 0
0
0 0 0 0 0
0
0,8
45-54
anos
55-64
anos
65-74
anos
75 e mais
anos
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
%
2003
100
90
80
79
2006
77,5
70
60
50
40
29,7
36,9
30
20
2,9
10
0
Estudantes
Activos
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
4,1
Reformados
A Internet em Portugal (2003-2007)
Gráfico 60 - Utilização da Internet segundo o rendimento
líquido do agregado familiar
%
2003
100
2006
90
80
70,5
70
60,6
60
50
30
22,7
28,6
16,4
20
0
53,8
37,9
40
10
55,9
45,4 43,4
1,9
6,6 7,3
Apurou-se para os dois anos em análise,
que são os indivíduos com rendimentos
mais elevados os que mais utilizam e
usufruem da Internet. Visualiza-se uma
relação mais linear em 2003 dado que a
utilização da Internet aumenta à medida
que subimos pelos vários escalões de
rendimento, enquanto que no ano
de 2006 esta linearidade está patente
apenas até ao penúltimo escalão (dos
1751 aos 2500 euros), entre os inquiridos
que têm um rendimento liquido mensal
superior a 2500 euros.
0
Até 350
euros
De 351 a
500 euros
De 501 a
850 euros
De 851 a
1250 euros
De 1251 a
1750 euros
De 1751 a
Mais de
2500 euros 2500 euros
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
A Sociedade em Rede
em Portugal e o The
Oxford Internet Survey:
uma breve análise
comparativa dos
resultados
Tendo em consideração os dados
produzidos e divulgados em ambos os
estudos, torna-se pertinente uma análise
comparativa que permita conhecer
mais de perto ambos os contextos no
que respeita à Internet, bem como
apurar aspectos similares ou diferenciais
entre os respectivos resultados.
No seio das referidas amostras, e
mediante o estudo tanto das suas
características
sócio
demográficas
como da utilização que estas fazem da
William H. Dutton, Corinna di Gennaro, Andrea Millwood
Hargrave, The Internet in Britain OII, The Oxford Internet
Survey, 2004
45
A Internet em Portugal (2003-2007)
Internet, é desde logo possível delinear
dois subgrupos distintos e opostos entre si:
Por um lado, um grupo que possui
computador e usufrui de Internet em
casa, cujos elementos apresentam
níveis de escolaridade tendencialmente
elevados, sobretudo o ensino secundário,
e com idades que se estendem ate
aos 50 anos. Tendencialmente estes
usufruem de telemóvel e vivem tanto
em pequenas como em grandes
localidades.
Portugal
0,2

Por outro lado, perfila-se um grupo
que não utiliza a Internet, e que na maior
parte das vezes não possui computador.
Os indivíduos que o compõe têm uma
idade igual ou superior a 51 anos e
tendem a possuir recursos escolares
baixos, inferiores ao ensino secundário.

No caso do estudo português, este grupo
tem tendência para habitar em zonas
rurais, o que já não é uma característica
importante para a definição do grupo
de não utilizadores no estudo britânico.
Numa tentativa de reforçar os aspectos
caracterizadores dos inquiridos que
utilizam ou não a Internet em ambos os
estudos em análise, e tendo em conta
as relações já testadas entre a utilização
desta tecnologia e as variáveis de
categorização como o sexo, a idade e a
fase da vida, vejamos então os seguintes
gráficos que sintetizam os resultados
apurados.
Em ambos os contextos de análise, o
sexo masculino é o que maior peso
detém na utilização da Internet.
up to 20
University
No Mobile phone
0,1
Use computer
Big city + suburban
Home Internet
-2
51+
Secondary
Female
-1
Mobile phone
21-30
Village + farm
Male Bellow secondary
0
Small city
0
No home Internet
1
Do not use computer
2
31-50
-0,1
-0,2
Fonte: CIES, Inquérito Sociedade em Rede em Portugal
Grã-Bretanha
0.15
No Mobile phone
0.1
University education
51+
Village + Farm
Over £50,000
0.05 Male
£37,500 to £50,000
Secondary education
Home Internet
PC
£25,000 to £37,500
Big city + Suburban
Up to £12,500
0
-1
-0.5
0 Small city
up to 20
Mobile phone
0.5
1
1.5
2
2.5
No PC
31-50
Female
-0.05
No Home Internet
Lower education
£12,500 to £25,000
21-30
-0.1
Fonte: OII, The Oxford Internet Survey, 2004
Gráfico 61 - Utilização da Internet segundo o sexo (Portugal
e Grã-Bretanha)
%
Homens
100
Mulheres
90
80
70
64
60
50
40
30
55
63
70
57
40,9
34,4
30,9
24
20
10
0
2003
2006
Portugal
46
2003
2005
Grã-Bretanha
2007
65
A Internet em Portugal (2003-2007)
Gráfico 62 - Utilização da Internet segundo a idade dos
inquiridos (Portugal e Grã-Bretanha)
%
100
Portugal 2003
94
90
Portugal 2006
90
86
76,1
80
70
Grã-Bretanha 2005
78
78
69
69
78
77
Grã-Bretanha 2007
65
59,7
60
53
50,6
50
44,8
58
35,1
40
31
30,4
30
37
22,2
15
20
24
20
9,8
5,4
10
1,1 1
0 2
0
Menos
de 18
anos
15-24
anos
18-24
anos
25-34
anos
35-44
anos
45-54
anos
55-64
anos
65-74
anos
75 e
mais
anos
Gráfico 63 - Utilização da Internet segundo a fase da vida
(Portugal e Grã-Bretanha)
%
98
100
90
80
79
97
97
81
77,5
68
67
70
60
50
40
29,7
36,9
20
0
4,1
2,9
10
2003
2006
Portugal
31
30
22
30
2003
2005
2007
Em ambos os países a utilização
da Internet diminui à medida que
avançamos nos escalões etários, sendo
até aos 50 anos que se situam os maiores
índices de utilização da mesma. Outra
interpretação dos dados remete para
o tendencial incremento da utilização
da Internet pelos diversos escalões
entre os anos contemplados pelos dois
estudos, exceptuando os indivíduos com
menos de 18 anos no estudo britânico,
cujo contributo relativo para o total de
utilizadores da Internet diminuiu de 94%
em 2005 para 90% em 2007.
Tanto
no
que
concerne
ao
caso
português como ao caso britânico, o
grupo dos estudantes é o que maior uso
faz da Internet, com valores percentuais
que se revelam muito afastados do grupo
dos activos. Por outro lado, um número
pouco significativo de reformados usufrui
das potencialidades da nova tecnologia.
É de realçar ainda a tendência para o
aumento na utilização da Internet entre
os activos e os reformados em ambos os
projectos.
Grã-Bretanha
Estudantes
Activos
Reformados
Ainda no campo de comparações
entre este relatório e as apuradas pelo
The Oxford Internet Survey, alguns
aspectos merecem especial atenção,
nomeadamente:
De forma semelhante aos resultados
portugueses, os inquiridos do estudo
britânico quando questionados sobre a
possibilidade de virem a utilizar a Internet,
afirmam maioritariamente que não virão
a adquirir este serviço nos próximos anos,
o que corresponde a 54% dos inquiridos.

O principal tipo de ligação à Internet
utilizado pelos britânicos nas suas casas
é a Internet por linha telefónica, a qual
atinge os 92% em 2003 e os 87% em 2005.

47
A Internet em Portugal (2003-2007)
Tal como no caso português visualizamos
aqui, e de forma mais vincada, o
crescimento das novas ligações como o
Wireless e a Internet por telemóvel.
A residência é também o local
onde os inquiridos começaram por
utilizar a Internet, apresentando valores
que se manifestam muito afastados dos
restantes locais que, inversamente aos
resultados portugueses são, em primeiro
lugar, o trabalho, e só depois a escola,
embora seja muito ligeira essa diferença
a nível percentual. O cybercafé é o local
com menor percentagem no estudo
britânico, enquanto que no projecto
nacional este surge como o quinto local
mais referido.

A maioria dos britânicos acede
também à Internet através da sua
própria residência, opção que é seguida
pelo local de trabalho e, de forma
diferente à sequência encontrada entre
os portugueses, acedem através da
casa de outra pessoa, sendo só depois
elegido o contexto escolar.

No que toca a outros equipamentos
e serviços existentes no lar, estes
apresentam
elevados
índices
de
utilização por parte dos inquiridos,
mais especificamente o telemóvel, a
televisão de multicanais, o computador,
o acesso à Internet e ainda a câmara
digital. A Web-cam, o i-Pod e o PDA
surgem posicionados no fim da tabela,
estando pouco disponíveis entre os
indivíduos considerados na análise, tal
como acontece no caso português.

Os serviços de televisão que este
estudo contempla passam também
pela televisão por cabo e pela televisão
por satélite, não sendo feita, contudo,
a diferenciação entre os seus serviços
pagos e não pagos tal como sucede
no projecto português. Para alem
desta peculiaridade, é introduzida uma
nova categoria – a televisão digital
– atendendo ao facto de que na Grã-

48
A Internet em Portugal (2003-2007)
Bretanha já se assiste ao processo de
conversão da televisão analógica
para este novo serviço, um fenómeno
que em Portugal ainda em início. Entre
os anos de 2003 e 2005 registou-se,
assim, na Grã-Bretanha, um notório
crescimento da televisão por satélite
bem como da televisão digital, a par da
estagnação da televisão por cabo que,
diferentemente do caso português, está
em último lugar entre as preferências
dos telespectadores. No que toca ao
número de televisões, deparamo-nos
com algumas similitudes com o quadro
português em 2006, já que também aqui
o valor mais expressivo encontra-se entre
aqueles que têm dois aparelhos (35%),
seguido dos que usufruem de três (24%).
As conclusões avançadas pela OII
relativamente ao ano de 2003 e de 2005,
reflectem tal como no caso português,
uma amostra com uma elevada
capacidade no que toca à utilização da
Internet, sendo que aproximadamente
66% dos inquiridos situam-se a eles
próprios no nível bom e excelente.

A Internet é utilizada maioritariamente
para enviar email, tal como se constatou
entre os portugueses. Contudo, de
forma diferencial, apresentam-se como
práticas mais realizadas através da
rede: a pesquisa de informação sobre
produtos, a navegação na Internet, o
planeamento de viagens, o envio de
correio electrónico e a pesquisa de
informação sobre eventos e notícias.
As menos valorizadas, que não revelam
espaço entre as funcões online
beneficiadas pelos inquiridos, são: a
prática dos designados jogos de azar
(exemplo: jogos do casino), a utilização
de espaços religiosos, o investimento
em stocks e fundos, a pesquisa em sites
conectados à sexualidade e ainda a
realização de chamadas.

O estudo britânico pronuncia-se
também em relação à influência da
Internet sobre o contacto social com

49
A Internet em Portugal (2003-2007)
determinados grupos, como: os grupos
que partilham interesses pessoais com
os inquiridos, os que partilham a mesma
religião, bem como interesses políticos.
Salienta-se a grande percentagem de
inquiridos que assumem que o contacto
com qualquer um destes grupos
permaneceu igual e, por outro lado, a
pequena minoria que respondeu que a
Internet influenciou tanto no sentido da
diminuição como do aumento desses
contactos.
A utilização da Internet também
não tem afectado significativamente
a realização de algumas actividades
por parte dos britânicos, principalmente
no que toca ao tempo passado em
contextos face a face com amigos.
Contudo, refira-se que a prática a que os
indivíduos confessam dedicar-se menos
desde que usufruem das vantagens da
Internet, e tal como constatámos no
estudo português, é a de ver televisão.
Uma proporção menor de indivíduos
salienta ainda que a Internet veio roubar
o tempo que estes dispensavam na
leitura de livros (17%), mas também na
leitura de jornais e revistas (13%). Por outro
lado, uma reduzida percentagem de
inquiridos afirma que a Internet aumentou
os seus contextos de interacção social;
o tempo dispendido com outros media,
ao contrário do que parece ser a
tendência no caso português; ou ainda
as actividades desportivas, de acordo
com o que também se apurou no
projecto nacional.

Como se verificou, no projecto
A Sociedade em Rede em Portugal
é analisado o grau de confiança na
informação disponível na Internet,
sendo este exposto segundo várias
categorias, por seu lado, o estudo da
OII refere-se ao total da informação
disponível na Internet, sem pormenorizar
qual o tipo de informação especifica
sobre o qual pretende a opinião dos
inquiridos. Neste estudo constata-se que
a maioria dos indivíduos pertencentes à
amostra, defendem que a maior parte

50
A Internet em Portugal (2003-2007)
da informação presente na Internet
é fiável (48%), o que é seguido por
aqueles que apontam para cerca de
metade (32%), sendo de realçar ainda o
valor nulo referente à não existência de
informação segura.
Tal como no projecto português
referente ao ano de 2006, também aqui
é contemplado na análise a questão das
experiências negativas ou indesejáveis
que podem surgir mediante a utilização
da Internet. Os resultados apresentados
vão de encontro aos já indicados
no âmbito do projecto português,
particularmente no que diz respeito aos
dados estatísticos de 2003 do projecto
britânico, onde as experiências mais
vividas pelos cibernautas passam
também, e numa primeira instância,
pela recepção de vírus (43%), seguido
pela recepção de mensagens de correio
electrónico abusivas ou obscenas (23%)
e do contacto feito por alguém de um
país estrangeiro (17%), a par do valor nulo
apresentado quanto a uma situação de
contacto através da Internet solicitando
informações sobre a conta bancária.
Os dados de 2005 revelam valores
percentuais mais reduzidos no que
toca à vivência deste tipo de situações
constrangedoras por parte dos inquiridos,
registando-se ainda uma diferença na
sequência das situações vividas. Por um
lado, a experiência mais sentida pelos
cibernautas passa a ser a de recepção
de mensagens electrónicas com um
conteúdo pejorativo (20%), relegando
para segundo lugar a recepção de vírus
(18%); e, por outro lado, a situação de
pedido dos dados inerentes à conta
bancária por parte de alguém passa de
0% para 12%.

Os principais motivos que influenciam
significativamente a decisão dos
britânicos no sentido de não utilizarem a
Internet são: a falta de um computador
e o facto de não saberem utilizar o
mesmo. São vincados também outros
aspectos como a preocupação com a
privacidade, o facto do serviço ser muito

51
A Internet em Portugal (2003-2007)
caro, o próprio desinteresse dos inquiridos
relativamente a esta plataforma ou de
esta não se adequar à idade destes, e
ainda, a perspectiva de que a Internet
não tem utilidade.
Os resultados britânicos permitiram
concluir que em caso de necessidade
de ajuda, há uma tendência para
os indivíduos resolverem sozinhos os
problemas suscitados pela utilização
da Internet (opção esta que no estudo
português surge antes em segundo lugar),
o que é seguido pela ajuda de familiares
e amigos, com valores que se revelam
igualmente significativos. No que toca a
esta ultima resposta os amigos são entre
os inquiridos portugueses, e tal como se
constatou anteriormente, as pessoas a
quem mais estes recorrem para resolver
situações relacionadas com a Internet.
Voltando aos estudo britânico, estas
conclusões mais expressivas foram
seguidas de longe pela constatação
de que os indivíduos optam pela ajuda
de pessoas pertencentes ao seu meio
escolar e ao seu contexto de trabalho,
pela utilização de cursos de ensinamento
sobre a Internet e, por fim, por pagar a
alguém.

52
Download

A Internet em Portugal (2003-2007)