Eficiência Energética - Valores,
representações e práticas de consumo
A eficiência energética e os comportamentos sociais nas
economias do futuro
Estoril, 28 de Setembro de 2011
Luísa Schmidt
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
(ICS-UL)
ÍNDICE
1. Introdução – Objectivos e Metodologia
Cultura sobre Energia
2. Enquadramento Geral – Energia
Energia em casa
Significado
3. Eficiência Energética
Conforto
Informação e Comunicação
4. Certificação Energética
Propostas e Perspectivas
5. Interlocutores Institucionais
6. Conclusões e Recomendações
2
1. INTRODUÇÃO - OBJECTIVOS
•
Cultura sobre energia e valores associados à energia
•
Percepções associadas à eficiência energética
•
Percepções sobre os interlocutores institucionais
•
Obstáculos e potencial de mudança em matéria de eficiência
energética
Estabelecer as bases de um Plano de Comunicação para a
promoção da eficiência energética (CE e Poupança)
3
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
• Reuniões de focus group (6) (AML e AMP – com casa própria de diferentes tipologias)
TARGET
• 50% homens, 50% mulheres; entre os 28 e os 60 anos, em diferentes fases do ciclo de vida:
• “Jovens Individuais” – (28-40 anos, solteiros/as)
• “Famílias pequenas” – (30-60 anos, agregados com 2 ou 3 pessoas, com filhos)
• “Famílias grandes” – (30-60 anos, agregados com 4 ou + pessoas, com filhos)
• diferentes níveis de escolaridade e profissões (estrato social) agrupados em 3 targets distintos:
• “Suburbanos” - Sem curso superior, empregos pouco qualificados (ex. seguranças,
vendedores…), residentes em diferentes áreas suburbanas
• “Burguesia Conforme” - maioritariamente com curso superior; empregos medianamente
qualificados (bancários, administrativos, etc.)
• “Elite” - profissões prestigiantes do ponto de vista económico e/ou cultural (ex. professores
universitários, advogados, médicos, arquitectos…) ; residem nos centros (Lisboa / Porto) ou em
áreas circundantes qualificadas.
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2. ENQUADRAMENTO GERAL - CULTURA
“O que é a energia? ”
SOBRE ENERGIA
Surpresa; silêncio; perplexidade; embaraço…
Desconhecimento da sua definição científica, mesmo junto de
participantes com um nível socio-económico-cultural acima da
média
Conceito no qual só se pensa quando induzido
“Da Natureza”
Energia
Uma força invisível que
impele, transforma e
altera o estado das
pessoas e actividades
“Das pessoas”
“Produzida para
ser utilizada”
Diferença de género:
Homens
Mulheres
+ esforçados em produzir respostas; + apetência pelo tema
+ noção de energia pessoal; maior desinteresse pelo tema
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CULTURA SOBRE ENERGIA
“Que Fontes de Energia conhecem?”
A importância das ENERGIAS RENOVÁVEIS (ER) está bem assimilada
São encaradas como a solução para a sustentabilidade do país e do
mundo…
Mas :
- estado de desenvolvimento algo ‘imaturo’, cujo potencial (rentabilização e
tecnologias) ainda não está suficientemente explorado e pode ser falível.
- com elevados custos de investimento
Aspectos que refreiam um desenvolvimento / implementação mais acelerados
As FONTES ENERGÉTICAS RENOVÁVEIS mais assimiladas são as
visíveis na paisagem.
EÓLICA – em expansão e bem acolhida (embora considerada com fraco contributo
para a energia eléctrica doméstica)
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CULTURA SOBRE ENERGIA
SOLAR – Confusão entre solar térmica e solar foto voltaica (equívoco também nos
preços de instalação)
– Interesse pela Microgeração Solar associada à auto-suficiência e
poupança
ENTRAVES
•
•
•
•
elevados custos de instalação
redução de incentivos fiscais
período longo de amortização do investimento
constrangimentos práticos em prédios e condomínios
De referir ainda que:
O target ‘Burguesia’ vive com uma certa frustração a impossibilidade de investir na
energia solar por falta de capital económico.
O target ‘Suburbanos’, embora se debata com dificuldades económicas superiores,
tem maior distanciamento a este tipo de ambição.
O target ‘Elite’ avalia positivamente a microgeração solar (embora temam
deterioração de equipamentos); e sobre a água quente solar - sensação de limitação
e maior esforço de uso regrado da água quente.
CULTURA SOBRE ENERGIA
HÍDRICA
• percepcionada como a principal fonte de produção de energia eléctrica
• não encarada como energia renovável
ENERGIA DAS ONDAS / DAS MARÉS
• tecnologia ainda globalmente imatura, mas desejo manifesto de
desenvolvimento tecnológico e aproveitamento do Mar
Outras FONTES DE ENERGIA
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
• PETRÓLEO – caro, poluente, gerador de dependência, culpada de travar ER
• GÁS – menos negativo devido ao pequeno impacto no orçamento familiar
• CARVÃO – baixa ou nenhuma relevância na produção eléctrica (‘pertence ao
passado’)
ENERGIA NUCLEAR
• Fortes resistências. Medos ‘reacendidos’ pela tragédia do Japão
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2. ENQUADRAMENTO GERAL - ENERGIA
EM CASA
Contador
− em geral não conferem o contador a não ser quando ‘estranham’ o
montante a pagar
Contrato
− não conhecem nem questionam a Potência Contratada (estabelecida no
início), a não ser quando ‘o quadro dispara’…
− a decisão de aumentar a potência contratada é ponderada pois implica um
aumento de custos
− a decisão de diminuir a potência contratada é menos frequente desconhecem até que o podem fazer e que poupam se o fizerem
− o Bi-horário é do conhecimento geral, e despoletado pela necessidade de
poupar, prende-se com a mudança no ciclo de vida (ter filhos, por exemplo)
ENERGIA EM CASA
Factura
• Leitura regular apenas do total facturado
Surpresa com as parcelas
Potência Contratada
Taxas (contribuição audiovisual, taxa de exploração, REN,
outros custos)
Fontes de energia
Os participantes (independentemente do perfil) não lêem o gráfico das fontes
de energia, logo, não têm
noção da diversidade de fontes energéticas
subjacentes à energia eléctrica consumida em Portugal, nem dos pesos
relativos de cada uma (surpreende a elevada % de electricidade proveniente
da eólica; em contraste com a baixa % da hídrica).
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ENERGIA EM CASA
Consumidores “adormecidos”: INÉRCIA na procura de informação e
na adopção de parâmetros contratuais mais adequados às
necessidades específicas do agregado:
não verificam contador - pequenos aumentos “não dolorosos”
(por enquanto!)
não analisam o contrato - não questionam potência contratada
não lêem a factura - documento críptico e pouco ‘amigável’
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ENERGIA EM CASA
Fornecedor da Electricidade?
Percepcionada como o ÚNICO fornecedor de electricidade em
Portugal
Não se avalia a importância das redes para receber electricidade em
casa.
A REN = nunca dissociada da EDP (como entidade de distribuição).
Motivos para não mudar de operador:
Não reconhecimento de alternativas relevantes; falta de informação sobre outros
operadores
• receio de falhas no serviço
• expectativa de uma redução pouco expressiva na factura; que não justifica o
esforço e o risco
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3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – O SIGNIFICADO
O que é Eficiência Energética? O significado mais imediato é o de poupança
MOTIVAÇÃO SUBJACENTE
‘eficiência energética’
‘poupar na factura
doméstica’
‘poupar energia’
escolha das características dos aparelhos
&
práticas do consumidor
Medidas racionais já adoptadas por uma parte da amostra,
embora de forma pouco consistente (nem sempre, nem todas):
Compras
• utilização de lâmpadas
economizadoras
• selecção de electrodomésticos com
classificação energética A / A+
• opção por esquentador ‘inteligente’
• TV de led em vez de LCD normal ou
plasma
Práticas
•
•
•
•
•
•
•
reduzir nº excessivo de lâmpadas em casa
desligar luz/aparelhos quando sai da divisão
não deixar aparelhos em stand-by, inclusive PC
abrir menos vezes /tempo porta do frigorífico
adopção de tomadas múltiplas c/ interruptor,
desligar da corrente o carregador do telemóvel
máquina de lavar roupa/louça com carga
completa
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Pensa-se pouco em soluções inovadoras relacionadas com a casa
Grupos mais sensibilizados:
Medidas adoptadas:
• valorizam muito o conforto e
compraram casas(< 5 anos)
“segundo elevados padrões de
construção”; construíram casa, ou
fizeram remodelação recentemente;
• janelas de vidros duplos - factor de
conforto e eficiência térmica (mais no
Porto)
• estores térmicos automáticos
• calafetagem de portas e janelas
• paredes, soalho e telhas com materiais
de ‘nova geração’, mais isolantes (mais
raro)
• exercem actividade profissional
relacionada com energias
(engenharia, arquitectura, técnico de
máquinas…)
• têm interesse pessoal por temas
tecnológicos em geral, pela
eficiência energética na economia
doméstica, e seu impacto ambiental
Medidas mencionadas mas menos
praticadas:
• energias renováveis: água quente solar;
painéis foto voltaicos
• fogão de placas de indução
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Preocupação crescente com a subida dos preços (electricidade e gás)
poupança .
esforço de
Mas… grande desconhecimento sobre as soluções inovadoras - em todos os perfis há
participantes surpreendidos pelas medidas adoptadas por alguns dos outros
Barreiras à adopção de medidas de eficiência energética:
• Falta de informação (até mesmo sobre o stand-by)
• Receio de avaria de aparelhos (Box Tv, Router)
• Desvalorização dos pequenos contributos de cada gesto… falta de
perspectiva do somatório de acções
• Convicção que, para obter diferenças relevantes, só com grande investimento,
obras de fundo, incómodas e sobretudo muito dispendiosas (ex: vidros duplos)
• Inércia para passar à acção - não se fazem contas à substituição de um
aparelho por motivos de eficiência energética! (análises custo-benefício)
A excepção…
Lâmpadas economizadoras – alavancado
por campanhas, do tipo “troca gratuita”
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
As diferentes áreas de consumo de energia
• Os que se deslocam todos os dias de automóvel para o
emprego apontam o combustível como ‘maior despesa’
com energia (os outros acham que é nos usos domésticos
que gastam mais).
• Os participantes não se identificam como responsáveis
pelo consumo de energia noutras áreas da sua vida fora
da sua casa ou do seu automóvel... Muito menos pensam
adoptar medidas de utilização mais eficiente da energia em
locais públicos (incluindo empresas e serviços públicos –
AP)
Oportunidade da
explorar: “condução
eficiente”
Oportunidade a
explorar: ‘ECO-AP’ –
cadeia de comando
(directores-gerais e
hierarquia) possibilidades das
experiências no emprego
transitarem para o
espaço doméstico e viceversa )
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Os equipamentos e percepção do seu consumo energético
Equipamentos consumidores de energia - Recordação espontânea –
sem lista
O que fica de fora…
Base: 43 participantes (total da amostra)
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Equipamentos domésticos que tem em casa e que consomem
energia
- Recordação induzida comparada com a espontânea – com lista
Quando pensam no consumo de energia, tendem a esquecer-se
sobretudo de:
• pequenos e médios electrodomésticos de cozinha e limpeza (varinha mágica,
aspirador, ferro de engomar).
• equipamentos que não consumam grande quantidade perceptiva de
electricidade ou gás – ex. pilhas, transformadores
• dispositivos que não são considerados electrodomésticos – ex. box TV
• aspectos que fazem parte da ‘infra-estrutura’ da casa – ex. caldeira de
aquecimento, exaustor,
• e, espantosamente… básicos como a iluminação e grandes electrodomésticos
(aquecedor portátil, máquina de louça, arca frigorífica)
• televisão e computador – ninguém se esqueceu…
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Novos equipamentos
Os participantes estão familiarizados com a escala de classificação; valorizam os
aparelhos de classificação mais elevada (A++) e consideram que todos os
equipamentos deveriam ter classificação
Equipamentos antigos
• Usar até “estoirar” - não se faz qualquer ligação entre a antiguidade dos aparelhos e a
sua perda de eficiência; os aparelhos tendem a ser utilizados até se avariarem sem
possibildade de reparação, ou caso a reparação seja mais cara que a compra de um
aparelho novo
• tanto os grandes electrodomésticos (de “longa duração”), como os pequenos
(utilização menos intensiva vista com menor desgaste)
Equipamentos caducos e perenes
Efeito “Kleenex” – Usam e deitam fora (computadores, telemóveis, aquecedores, …)
Efeito “Bulímico” – Acumulam (Tv’s; máquinas de café, …)
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Os 5 equipamentos que gastam mais energia - OS “GASTADORES”
principais referências
Grandes “gastadores” aparelhos com as seguintes
características:
• produzam elevadas mudanças
de temperatura – especialmente
aquecimento (ex. forno,
aquecedor, micro-ondas, ferro de
engomar)
• grandes dimensões, associadas
a intensidade de movimento e
ruído (ex. máquinas de lavar)
Base: 40 participantes
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Os equipamentos que gastam menos energia
• destaca-se o telemóvel - como equipamento menos gastador; seguido do
telefone fixo, da varinha mágica e da batedeira
Equívocos na avaliação do consumo de energia:
•Iluminação – não têm noção do seu peso percentual na factura de electricidade
•Frigorífico – julgam que a manutenção da temperatura constante, reduz consumo
Áreas de actividade com maior gasto de energia
eléctrica em casa
• Cozinha onde o gasto de electricidade ganha maior visibilidade
• Lavagem e tratamento da roupa - assume preponderância nas famílias grandes
• Entretenimento - participantes com filhos adolescentes tendem a atribuir-lhe maior peso
(TVs e Jogos continuamente ligados)
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Outros “Gastadores”
Os filhos adolescentes e jovens são apontados como os principais
‘gastadores’ de electricidade
Bebés implicam mais aquecimento e conforto mas não são vistos com
‘gastadores’
Mas… nunca pensam nos idosos a cargo como “consumidores” de energia
A cozinha e a sala tendem a ser consideradas as divisões que mais tempo
seguido têm a luz acesa
na cozinha, a opção por lâmpada fluorescente é ponto assente como forma de
economia
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Na situação hipotética de um racionamento grave de electricidade…
Verifica-se grande unanimidade de prioridades, são considerados imprescindíveis:
• o frigorífico – para preservação dos alimentos
• microondas - os mais jovens do sexo masculino e que vivem
sozinhos
• a máquina de lavar roupa – sobretudo mulheres…
• o esquentador / cilindro / caldeira – para o banho
NECESSIDADE
BÁSICA DE
ALIMENTAÇÃO
GRAU DE ESFORÇO
DEMASIADO
ELEVADO
NECESSIDADE DE
HIGIENE PESSOAL
COM CONFORTO
• Antecipam que os filhos tenham outras prioridades, especialmente uma enorme
dificuldade em abdicar equipamentos na área de entretenimento – TV, playstation, jogos
vídeo e PC
• As pessoas, sobretudo as mais velhas, dizem não abdicar da TV
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4. CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
O que é a Certificação Energética dos Edifícios? – Percepções actuais
• Em geral desconhece-se o termo e o conceito; ou então revelam-se noções
confusas acerca do processo e intervenientes CE.
• Os participantes que já ouviram falar e/ou apresentam conhecimentos sobre
a CE (tendencialmente ‘Elite’ em Lisboa), têm ligação profissional às áreas de
arquitectura, engenharia civil, banca… ou tiveram que pedir CE para alguma casa
por motivo de venda
“Já ouvi falar sim, agora é obrigatório, mais uma burocracia… e uma chatice
quando é para vender casas antigas” (Burguesia Lisboa)
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CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
Quem faz a Certificação Energética?
• Não há certezas, sabe-se vagamente que são empresas certificadas que provavelmente
reportam a algum órgão / entidade do Estado
“_ Devem ser técnicos especializados, que reportam ao Ministério da Energia eles têm um cartão com
um número para ligar em caso de dúvidas.”
_ tem que ver com energia…. Deve haver um Instituto qualquer…” (Elite Porto)
• Prevalece uma perspectiva negativa, como mais uma “taxa” – uma despesa acrescida
– aplicada por um novo nicho de negócios (empresas certificadoras)
Problemas da CE?
• Desconfiança no processo
• Incompreensão das vantagens efectivas
• Despesa acrescida
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CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
Valorização pessoal que fazem da CE da sua casa?
Entre os poucos participantes que têm CE, verificam-se diferentes atitudes…
• Uns não lhe dão valor - Certificado Energético fez parte da
documentação no acto da compra, mas não constituiu critério de selecção da casa,
nem se lhe atribui qualquer utilidade
• Outros - os que compraram no último ano - valorizam-no mas, mais pelo que
ele significa em termos de grau de conforto, do que pelo seu (significado concreto
em termos de) consumo de energia - ex. “vidros duplos tornam a casa mais quente no Inverno” ;
“não deixa entrar ruídos do exterior…”
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CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
Depois de explicado e de uma troca de impressões intra-grupo, os
participantes, expressam a sua percepção quanto às potenciais vantagens da
CE:
“Qualidade”
É um certificado de qualidade da
casa, ficha descritiva que atesta
as características dos materiais e
técnicas de construção seguidas
“Conforto e Eficiência energética”
É uma avaliação do edifício em
termos do nível de conforto e
da redução do consumo de
energia
“_ É uma defesa, evita que os
compradores sejam enganados, uma
defesa em caso de problemas posteriores
e conflito com o construtor ou vendedor.”
“_ É uma escala que mede determinados
requisitos de poupança energética de cada
edifício. Vai dos A’s até ao E, como a
classificação dos electrodomésticos (…).”
“_ Evita surpresas desagradáveis. Quantas
pessoas compram casa numa cooperativa
lindíssima, e depois aquilo é humidade por
todos os lados… É uma defesa”
“_ Pode ser o BI do edifício em
termos energéticos” (Elite Lisboa)”
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CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
Incentivos à obtenção da CE
Informação continuada: uma explicação clara dos objectivos da CE e
do que está na base da sua obrigatoriedade - base de referência para
empenhar o consumidor na redução do consumo energético doméstico
Apoios e incentivos:
• pré-avaliação e aconselhamento de optimização gratuitos, com previsão da
classificação a atingir - ficando o proprietário livre de fazer as beneficiações e de pedir
posterior CE definitiva
• cálculo gratuito estimativo das obras/melhoramentos a fazer, e do benefício
económico em termos de poupança na factura doméstica mensal/anual de energia…
• empréstimo bonificado para fazer melhorias na casa; e/ou benefícios fiscais
relevantes e acessíveis a todos (e não apenas redução do IMI para os que vivem em
edifícios A ou A+, ou seja, com condições económicas elevadas)
• Atenção especial aos prédios antigos
Credibilização do processo e confiança na instituições que o regulam
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5. INTERLOCUTORES INSTITUCIONAIS – Informação/Comunicação
Fontes de informação acerca da condição de consumidor de energia
PREVALECE O SENTIMENTO DE FALTA DE INFORMAÇÃO...
A principal fonte de informação sobre medidas de EE tende a ser informal,
fragmentada e assente na informação bouche à oreille, através de pessoas próximas.
EDP
•‘A campanha “das lâmpadas economizadoras”. Entidade percepcionada como mais
proactiva na comunicação
•
O simulador online da EDP (ainda que de difícil utilização)
Televisão
• ‘Minuto Verde’ – muito recordado
• ‘Desafio Verde’ - programa documental RTP
• Notícias e entrevistas sobre consumo de energia, energias renováveis… (mas é irregular)
Comércio
Importância do papel do vendedor.
•
Referências pontuais à revista e do site da DECO
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5. INTERLOCUTORES INSTITUCIONAIS – Propostas e Perspectivas
Papel e funções propostas para interlocutores institucionais
Um papel credibilizador e protector do cidadão no recurso à
Certificação Energética.
Um papel mais próximo e interventivo na educação dos cidadãos - no
sentido de informar, motivar, mobilizar e consolidar hábitos de
eficiência energética nos lares portugueses.
Comunicação - informação clara e transmitida de forma directa nos locais
de consumo ; e nos media (diferenciar da publicidade)
Apoio – protecção face a eventuais embustes (mesmo que seja preciso
pagar)
Pedagogia – informação e prática demonstrativa
Incentivos – progressivos e para todos (não apenas para quem alcance os
níveis máximos de EE)
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INTERLOCUTORES INSTITUCIONAIS
Comunicação, apoio, pedagogia, incentivo
Contexto = Janela de oportunidade: o impacto do aumento dos custos da
energia no orçamento familiar irão estimular maior consciencialização e
maior necessidade de racionalizar a forma como as energias, em particular a
eléctrica, são utilizadas.
• Energia nas famílias - tónica colocada na poupança (alertar para comportamentos
hábitos geradores de desperdício - equipamentos gastadores); divulgar os sistemas/
tecnologias e opções que reduzam o consumo doméstico de energia; facilitar o
acesso do cidadão médio a equipamentos e obras de melhoria baixar o preço dos
equipamentos / estimular a concorrência das empresas fabricantes/ instaladoras
• Energia nas Escolas - jovens como “correias de transmissão”
• Energia nos media – Programas informativos e rubricas curtas mas incisivas
• Energia na industria - Incentivar os fabricantes a desenvolver equipamentos que
promovam a poupança (ex. desligar automaticamente) e estimular um design
informativo
• Energia no Trabalho – incentivar conhecimentos e práticas nos locais de trabalho
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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
1) EXISTÊNCIA DE CARÊNCIAS E DISTORÇÕES DE CONHECIMENTO
a) Carências - Descontinuidade entre conhecimentos escolares e a prática
da “vida quotidiana” (doméstica e profissional)
b) Distorções - Conhecimentos confusos desde as fontes às redes
(térmico/fotovoltaico; peso das fontes nos consumos domésticos)
PROPOSTA:
PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA – PROMOVER UMA
CULTURA PÚBLICA ENERGÉTICA (MONITORIZAÇÃO; CAMPANHAS
DE COMUNICAÇÃO E REPLICAÇÃO DE CASOS PILOTO)
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
2) OBSTÁCULOS À PERCEPÇÃO DO CONSUMO
a) Percepção de “como” e “onde” se dão os gastos no contexto doméstico
b) Controle sobre os consumos:
- Contador – consulta regular
- Contrato - conhecer, questionar
- Sistema de medição diferenciados
- Multiplicação dos “gastadores” – noção cumulativa dos gastos
- Factura – apresentação gráfica legível e ‘amigável’
PROPOSTA:
REMOÇÃO DE OBSTÁCULOS À COMUNICAÇÃO
33
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
3) TRAVÕES À MUDANÇA DE COMPORTAMENTOS
a) -- Económicos: ambiguidade entre investir e despender; ambiguidade entre
redução e eficiência; valoração negativa das obrigações / acções restritivas  rácio custo
beneficio
b) -- Comunicacionais: desconfiança comunicativa (sublinhar a competência e
profissionalismo dos agentes certificadores CE),cadeia de mediação; conselho –
acompanhamento – garantia
c)--Institucionais: facultar um interlocutor/entidade credível e
independente (mediador)
PROPOSTA:
PROMOVER A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA INTELIGENTE E ACTIVA
desempenho energético = qualidade de vida + melhoria gradual da
classificação energética + aumento do valor comercial das casas
Inscrever novas rotinas e maneiras de agir
- CONSTRUÇÃO DO “BI ENERGÉTICO” (espécie de CE pedagógica e prévia –
antecedentes da futura CE)
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Considerar diferentes perfis
Contrastes de género:
- Homens em atitude de domínio tecnológico = mais aptos; decisão de equipamentos
sofisticados
- Mulheres em atitude de defesa da casa = poupança (mas mais distantes do
conhecimento sobre energia; decidem o uso dos equipamentos domésticos)
Contrastes de grupos social:
- Elites – atitude desafiante relativamente ao(s) poder(es) públicos e de desobediência
activa
- Classes populares – atitude de desconfiança e resistência como ‘estratégia de salvação’
financeira
Contrastes entre função académica e situação profissional:
- Formação académica sem influência decisiva na formação das atitudes face à energia
- Prática profissional determinante para a consciência da complexidade do tema da
energia
Contrastes entre escalões etários:
- Jovens estão mais próximos da experiência escolar e com maior cultura científica geral
»» mais advertidos face às questões energéticas, mas sem tanto empenho em poupar
(não pagam e têm necessidade afirmativa de gastar energia.
- Grupos mais velhos estão mais distanciados da experiência escolar e mais esquecidos
das questões energéticas (excepto se a vida profissional os ligar ao tema); mais
empenhados em poupa-la
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Eficiência Energética? Valores, representações e práticas de