Eficiência Energética - Valores, representações e práticas de consumo A eficiência energética e os comportamentos sociais nas economias do futuro Estoril, 28 de Setembro de 2011 Luísa Schmidt Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL) ÍNDICE 1. Introdução – Objectivos e Metodologia Cultura sobre Energia 2. Enquadramento Geral – Energia Energia em casa Significado 3. Eficiência Energética Conforto Informação e Comunicação 4. Certificação Energética Propostas e Perspectivas 5. Interlocutores Institucionais 6. Conclusões e Recomendações 2 1. INTRODUÇÃO - OBJECTIVOS • Cultura sobre energia e valores associados à energia • Percepções associadas à eficiência energética • Percepções sobre os interlocutores institucionais • Obstáculos e potencial de mudança em matéria de eficiência energética Estabelecer as bases de um Plano de Comunicação para a promoção da eficiência energética (CE e Poupança) 3 INTRODUÇÃO METODOLOGIA • Reuniões de focus group (6) (AML e AMP – com casa própria de diferentes tipologias) TARGET • 50% homens, 50% mulheres; entre os 28 e os 60 anos, em diferentes fases do ciclo de vida: • “Jovens Individuais” – (28-40 anos, solteiros/as) • “Famílias pequenas” – (30-60 anos, agregados com 2 ou 3 pessoas, com filhos) • “Famílias grandes” – (30-60 anos, agregados com 4 ou + pessoas, com filhos) • diferentes níveis de escolaridade e profissões (estrato social) agrupados em 3 targets distintos: • “Suburbanos” - Sem curso superior, empregos pouco qualificados (ex. seguranças, vendedores…), residentes em diferentes áreas suburbanas • “Burguesia Conforme” - maioritariamente com curso superior; empregos medianamente qualificados (bancários, administrativos, etc.) • “Elite” - profissões prestigiantes do ponto de vista económico e/ou cultural (ex. professores universitários, advogados, médicos, arquitectos…) ; residem nos centros (Lisboa / Porto) ou em áreas circundantes qualificadas. 4 2. ENQUADRAMENTO GERAL - CULTURA “O que é a energia? ” SOBRE ENERGIA Surpresa; silêncio; perplexidade; embaraço… Desconhecimento da sua definição científica, mesmo junto de participantes com um nível socio-económico-cultural acima da média Conceito no qual só se pensa quando induzido “Da Natureza” Energia Uma força invisível que impele, transforma e altera o estado das pessoas e actividades “Das pessoas” “Produzida para ser utilizada” Diferença de género: Homens Mulheres + esforçados em produzir respostas; + apetência pelo tema + noção de energia pessoal; maior desinteresse pelo tema 5 CULTURA SOBRE ENERGIA “Que Fontes de Energia conhecem?” A importância das ENERGIAS RENOVÁVEIS (ER) está bem assimilada São encaradas como a solução para a sustentabilidade do país e do mundo… Mas : - estado de desenvolvimento algo ‘imaturo’, cujo potencial (rentabilização e tecnologias) ainda não está suficientemente explorado e pode ser falível. - com elevados custos de investimento Aspectos que refreiam um desenvolvimento / implementação mais acelerados As FONTES ENERGÉTICAS RENOVÁVEIS mais assimiladas são as visíveis na paisagem. EÓLICA – em expansão e bem acolhida (embora considerada com fraco contributo para a energia eléctrica doméstica) 6 CULTURA SOBRE ENERGIA SOLAR – Confusão entre solar térmica e solar foto voltaica (equívoco também nos preços de instalação) – Interesse pela Microgeração Solar associada à auto-suficiência e poupança ENTRAVES • • • • elevados custos de instalação redução de incentivos fiscais período longo de amortização do investimento constrangimentos práticos em prédios e condomínios De referir ainda que: O target ‘Burguesia’ vive com uma certa frustração a impossibilidade de investir na energia solar por falta de capital económico. O target ‘Suburbanos’, embora se debata com dificuldades económicas superiores, tem maior distanciamento a este tipo de ambição. O target ‘Elite’ avalia positivamente a microgeração solar (embora temam deterioração de equipamentos); e sobre a água quente solar - sensação de limitação e maior esforço de uso regrado da água quente. CULTURA SOBRE ENERGIA HÍDRICA • percepcionada como a principal fonte de produção de energia eléctrica • não encarada como energia renovável ENERGIA DAS ONDAS / DAS MARÉS • tecnologia ainda globalmente imatura, mas desejo manifesto de desenvolvimento tecnológico e aproveitamento do Mar Outras FONTES DE ENERGIA COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS • PETRÓLEO – caro, poluente, gerador de dependência, culpada de travar ER • GÁS – menos negativo devido ao pequeno impacto no orçamento familiar • CARVÃO – baixa ou nenhuma relevância na produção eléctrica (‘pertence ao passado’) ENERGIA NUCLEAR • Fortes resistências. Medos ‘reacendidos’ pela tragédia do Japão 8 2. ENQUADRAMENTO GERAL - ENERGIA EM CASA Contador − em geral não conferem o contador a não ser quando ‘estranham’ o montante a pagar Contrato − não conhecem nem questionam a Potência Contratada (estabelecida no início), a não ser quando ‘o quadro dispara’… − a decisão de aumentar a potência contratada é ponderada pois implica um aumento de custos − a decisão de diminuir a potência contratada é menos frequente desconhecem até que o podem fazer e que poupam se o fizerem − o Bi-horário é do conhecimento geral, e despoletado pela necessidade de poupar, prende-se com a mudança no ciclo de vida (ter filhos, por exemplo) ENERGIA EM CASA Factura • Leitura regular apenas do total facturado Surpresa com as parcelas Potência Contratada Taxas (contribuição audiovisual, taxa de exploração, REN, outros custos) Fontes de energia Os participantes (independentemente do perfil) não lêem o gráfico das fontes de energia, logo, não têm noção da diversidade de fontes energéticas subjacentes à energia eléctrica consumida em Portugal, nem dos pesos relativos de cada uma (surpreende a elevada % de electricidade proveniente da eólica; em contraste com a baixa % da hídrica). 10 ENERGIA EM CASA Consumidores “adormecidos”: INÉRCIA na procura de informação e na adopção de parâmetros contratuais mais adequados às necessidades específicas do agregado: não verificam contador - pequenos aumentos “não dolorosos” (por enquanto!) não analisam o contrato - não questionam potência contratada não lêem a factura - documento críptico e pouco ‘amigável’ 11 ENERGIA EM CASA Fornecedor da Electricidade? Percepcionada como o ÚNICO fornecedor de electricidade em Portugal Não se avalia a importância das redes para receber electricidade em casa. A REN = nunca dissociada da EDP (como entidade de distribuição). Motivos para não mudar de operador: Não reconhecimento de alternativas relevantes; falta de informação sobre outros operadores • receio de falhas no serviço • expectativa de uma redução pouco expressiva na factura; que não justifica o esforço e o risco 12 3. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – O SIGNIFICADO O que é Eficiência Energética? O significado mais imediato é o de poupança MOTIVAÇÃO SUBJACENTE ‘eficiência energética’ ‘poupar na factura doméstica’ ‘poupar energia’ escolha das características dos aparelhos & práticas do consumidor Medidas racionais já adoptadas por uma parte da amostra, embora de forma pouco consistente (nem sempre, nem todas): Compras • utilização de lâmpadas economizadoras • selecção de electrodomésticos com classificação energética A / A+ • opção por esquentador ‘inteligente’ • TV de led em vez de LCD normal ou plasma Práticas • • • • • • • reduzir nº excessivo de lâmpadas em casa desligar luz/aparelhos quando sai da divisão não deixar aparelhos em stand-by, inclusive PC abrir menos vezes /tempo porta do frigorífico adopção de tomadas múltiplas c/ interruptor, desligar da corrente o carregador do telemóvel máquina de lavar roupa/louça com carga completa 13 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Pensa-se pouco em soluções inovadoras relacionadas com a casa Grupos mais sensibilizados: Medidas adoptadas: • valorizam muito o conforto e compraram casas(< 5 anos) “segundo elevados padrões de construção”; construíram casa, ou fizeram remodelação recentemente; • janelas de vidros duplos - factor de conforto e eficiência térmica (mais no Porto) • estores térmicos automáticos • calafetagem de portas e janelas • paredes, soalho e telhas com materiais de ‘nova geração’, mais isolantes (mais raro) • exercem actividade profissional relacionada com energias (engenharia, arquitectura, técnico de máquinas…) • têm interesse pessoal por temas tecnológicos em geral, pela eficiência energética na economia doméstica, e seu impacto ambiental Medidas mencionadas mas menos praticadas: • energias renováveis: água quente solar; painéis foto voltaicos • fogão de placas de indução 14 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Preocupação crescente com a subida dos preços (electricidade e gás) poupança . esforço de Mas… grande desconhecimento sobre as soluções inovadoras - em todos os perfis há participantes surpreendidos pelas medidas adoptadas por alguns dos outros Barreiras à adopção de medidas de eficiência energética: • Falta de informação (até mesmo sobre o stand-by) • Receio de avaria de aparelhos (Box Tv, Router) • Desvalorização dos pequenos contributos de cada gesto… falta de perspectiva do somatório de acções • Convicção que, para obter diferenças relevantes, só com grande investimento, obras de fundo, incómodas e sobretudo muito dispendiosas (ex: vidros duplos) • Inércia para passar à acção - não se fazem contas à substituição de um aparelho por motivos de eficiência energética! (análises custo-benefício) A excepção… Lâmpadas economizadoras – alavancado por campanhas, do tipo “troca gratuita” 15 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA As diferentes áreas de consumo de energia • Os que se deslocam todos os dias de automóvel para o emprego apontam o combustível como ‘maior despesa’ com energia (os outros acham que é nos usos domésticos que gastam mais). • Os participantes não se identificam como responsáveis pelo consumo de energia noutras áreas da sua vida fora da sua casa ou do seu automóvel... Muito menos pensam adoptar medidas de utilização mais eficiente da energia em locais públicos (incluindo empresas e serviços públicos – AP) Oportunidade da explorar: “condução eficiente” Oportunidade a explorar: ‘ECO-AP’ – cadeia de comando (directores-gerais e hierarquia) possibilidades das experiências no emprego transitarem para o espaço doméstico e viceversa ) 16 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Os equipamentos e percepção do seu consumo energético Equipamentos consumidores de energia - Recordação espontânea – sem lista O que fica de fora… Base: 43 participantes (total da amostra) 17 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Equipamentos domésticos que tem em casa e que consomem energia - Recordação induzida comparada com a espontânea – com lista Quando pensam no consumo de energia, tendem a esquecer-se sobretudo de: • pequenos e médios electrodomésticos de cozinha e limpeza (varinha mágica, aspirador, ferro de engomar). • equipamentos que não consumam grande quantidade perceptiva de electricidade ou gás – ex. pilhas, transformadores • dispositivos que não são considerados electrodomésticos – ex. box TV • aspectos que fazem parte da ‘infra-estrutura’ da casa – ex. caldeira de aquecimento, exaustor, • e, espantosamente… básicos como a iluminação e grandes electrodomésticos (aquecedor portátil, máquina de louça, arca frigorífica) • televisão e computador – ninguém se esqueceu… 18 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Novos equipamentos Os participantes estão familiarizados com a escala de classificação; valorizam os aparelhos de classificação mais elevada (A++) e consideram que todos os equipamentos deveriam ter classificação Equipamentos antigos • Usar até “estoirar” - não se faz qualquer ligação entre a antiguidade dos aparelhos e a sua perda de eficiência; os aparelhos tendem a ser utilizados até se avariarem sem possibildade de reparação, ou caso a reparação seja mais cara que a compra de um aparelho novo • tanto os grandes electrodomésticos (de “longa duração”), como os pequenos (utilização menos intensiva vista com menor desgaste) Equipamentos caducos e perenes Efeito “Kleenex” – Usam e deitam fora (computadores, telemóveis, aquecedores, …) Efeito “Bulímico” – Acumulam (Tv’s; máquinas de café, …) 19 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Os 5 equipamentos que gastam mais energia - OS “GASTADORES” principais referências Grandes “gastadores” aparelhos com as seguintes características: • produzam elevadas mudanças de temperatura – especialmente aquecimento (ex. forno, aquecedor, micro-ondas, ferro de engomar) • grandes dimensões, associadas a intensidade de movimento e ruído (ex. máquinas de lavar) Base: 40 participantes 20 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Os equipamentos que gastam menos energia • destaca-se o telemóvel - como equipamento menos gastador; seguido do telefone fixo, da varinha mágica e da batedeira Equívocos na avaliação do consumo de energia: •Iluminação – não têm noção do seu peso percentual na factura de electricidade •Frigorífico – julgam que a manutenção da temperatura constante, reduz consumo Áreas de actividade com maior gasto de energia eléctrica em casa • Cozinha onde o gasto de electricidade ganha maior visibilidade • Lavagem e tratamento da roupa - assume preponderância nas famílias grandes • Entretenimento - participantes com filhos adolescentes tendem a atribuir-lhe maior peso (TVs e Jogos continuamente ligados) 21 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Outros “Gastadores” Os filhos adolescentes e jovens são apontados como os principais ‘gastadores’ de electricidade Bebés implicam mais aquecimento e conforto mas não são vistos com ‘gastadores’ Mas… nunca pensam nos idosos a cargo como “consumidores” de energia A cozinha e a sala tendem a ser consideradas as divisões que mais tempo seguido têm a luz acesa na cozinha, a opção por lâmpada fluorescente é ponto assente como forma de economia 22 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Na situação hipotética de um racionamento grave de electricidade… Verifica-se grande unanimidade de prioridades, são considerados imprescindíveis: • o frigorífico – para preservação dos alimentos • microondas - os mais jovens do sexo masculino e que vivem sozinhos • a máquina de lavar roupa – sobretudo mulheres… • o esquentador / cilindro / caldeira – para o banho NECESSIDADE BÁSICA DE ALIMENTAÇÃO GRAU DE ESFORÇO DEMASIADO ELEVADO NECESSIDADE DE HIGIENE PESSOAL COM CONFORTO • Antecipam que os filhos tenham outras prioridades, especialmente uma enorme dificuldade em abdicar equipamentos na área de entretenimento – TV, playstation, jogos vídeo e PC • As pessoas, sobretudo as mais velhas, dizem não abdicar da TV 23 4. CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA O que é a Certificação Energética dos Edifícios? – Percepções actuais • Em geral desconhece-se o termo e o conceito; ou então revelam-se noções confusas acerca do processo e intervenientes CE. • Os participantes que já ouviram falar e/ou apresentam conhecimentos sobre a CE (tendencialmente ‘Elite’ em Lisboa), têm ligação profissional às áreas de arquitectura, engenharia civil, banca… ou tiveram que pedir CE para alguma casa por motivo de venda “Já ouvi falar sim, agora é obrigatório, mais uma burocracia… e uma chatice quando é para vender casas antigas” (Burguesia Lisboa) 24 CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA Quem faz a Certificação Energética? • Não há certezas, sabe-se vagamente que são empresas certificadas que provavelmente reportam a algum órgão / entidade do Estado “_ Devem ser técnicos especializados, que reportam ao Ministério da Energia eles têm um cartão com um número para ligar em caso de dúvidas.” _ tem que ver com energia…. Deve haver um Instituto qualquer…” (Elite Porto) • Prevalece uma perspectiva negativa, como mais uma “taxa” – uma despesa acrescida – aplicada por um novo nicho de negócios (empresas certificadoras) Problemas da CE? • Desconfiança no processo • Incompreensão das vantagens efectivas • Despesa acrescida 25 CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA Valorização pessoal que fazem da CE da sua casa? Entre os poucos participantes que têm CE, verificam-se diferentes atitudes… • Uns não lhe dão valor - Certificado Energético fez parte da documentação no acto da compra, mas não constituiu critério de selecção da casa, nem se lhe atribui qualquer utilidade • Outros - os que compraram no último ano - valorizam-no mas, mais pelo que ele significa em termos de grau de conforto, do que pelo seu (significado concreto em termos de) consumo de energia - ex. “vidros duplos tornam a casa mais quente no Inverno” ; “não deixa entrar ruídos do exterior…” 26 CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA Depois de explicado e de uma troca de impressões intra-grupo, os participantes, expressam a sua percepção quanto às potenciais vantagens da CE: “Qualidade” É um certificado de qualidade da casa, ficha descritiva que atesta as características dos materiais e técnicas de construção seguidas “Conforto e Eficiência energética” É uma avaliação do edifício em termos do nível de conforto e da redução do consumo de energia “_ É uma defesa, evita que os compradores sejam enganados, uma defesa em caso de problemas posteriores e conflito com o construtor ou vendedor.” “_ É uma escala que mede determinados requisitos de poupança energética de cada edifício. Vai dos A’s até ao E, como a classificação dos electrodomésticos (…).” “_ Evita surpresas desagradáveis. Quantas pessoas compram casa numa cooperativa lindíssima, e depois aquilo é humidade por todos os lados… É uma defesa” “_ Pode ser o BI do edifício em termos energéticos” (Elite Lisboa)” 27 CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA Incentivos à obtenção da CE Informação continuada: uma explicação clara dos objectivos da CE e do que está na base da sua obrigatoriedade - base de referência para empenhar o consumidor na redução do consumo energético doméstico Apoios e incentivos: • pré-avaliação e aconselhamento de optimização gratuitos, com previsão da classificação a atingir - ficando o proprietário livre de fazer as beneficiações e de pedir posterior CE definitiva • cálculo gratuito estimativo das obras/melhoramentos a fazer, e do benefício económico em termos de poupança na factura doméstica mensal/anual de energia… • empréstimo bonificado para fazer melhorias na casa; e/ou benefícios fiscais relevantes e acessíveis a todos (e não apenas redução do IMI para os que vivem em edifícios A ou A+, ou seja, com condições económicas elevadas) • Atenção especial aos prédios antigos Credibilização do processo e confiança na instituições que o regulam 28 5. INTERLOCUTORES INSTITUCIONAIS – Informação/Comunicação Fontes de informação acerca da condição de consumidor de energia PREVALECE O SENTIMENTO DE FALTA DE INFORMAÇÃO... A principal fonte de informação sobre medidas de EE tende a ser informal, fragmentada e assente na informação bouche à oreille, através de pessoas próximas. EDP •‘A campanha “das lâmpadas economizadoras”. Entidade percepcionada como mais proactiva na comunicação • O simulador online da EDP (ainda que de difícil utilização) Televisão • ‘Minuto Verde’ – muito recordado • ‘Desafio Verde’ - programa documental RTP • Notícias e entrevistas sobre consumo de energia, energias renováveis… (mas é irregular) Comércio Importância do papel do vendedor. • Referências pontuais à revista e do site da DECO 29 5. INTERLOCUTORES INSTITUCIONAIS – Propostas e Perspectivas Papel e funções propostas para interlocutores institucionais Um papel credibilizador e protector do cidadão no recurso à Certificação Energética. Um papel mais próximo e interventivo na educação dos cidadãos - no sentido de informar, motivar, mobilizar e consolidar hábitos de eficiência energética nos lares portugueses. Comunicação - informação clara e transmitida de forma directa nos locais de consumo ; e nos media (diferenciar da publicidade) Apoio – protecção face a eventuais embustes (mesmo que seja preciso pagar) Pedagogia – informação e prática demonstrativa Incentivos – progressivos e para todos (não apenas para quem alcance os níveis máximos de EE) 30 INTERLOCUTORES INSTITUCIONAIS Comunicação, apoio, pedagogia, incentivo Contexto = Janela de oportunidade: o impacto do aumento dos custos da energia no orçamento familiar irão estimular maior consciencialização e maior necessidade de racionalizar a forma como as energias, em particular a eléctrica, são utilizadas. • Energia nas famílias - tónica colocada na poupança (alertar para comportamentos hábitos geradores de desperdício - equipamentos gastadores); divulgar os sistemas/ tecnologias e opções que reduzam o consumo doméstico de energia; facilitar o acesso do cidadão médio a equipamentos e obras de melhoria baixar o preço dos equipamentos / estimular a concorrência das empresas fabricantes/ instaladoras • Energia nas Escolas - jovens como “correias de transmissão” • Energia nos media – Programas informativos e rubricas curtas mas incisivas • Energia na industria - Incentivar os fabricantes a desenvolver equipamentos que promovam a poupança (ex. desligar automaticamente) e estimular um design informativo • Energia no Trabalho – incentivar conhecimentos e práticas nos locais de trabalho 31 7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 1) EXISTÊNCIA DE CARÊNCIAS E DISTORÇÕES DE CONHECIMENTO a) Carências - Descontinuidade entre conhecimentos escolares e a prática da “vida quotidiana” (doméstica e profissional) b) Distorções - Conhecimentos confusos desde as fontes às redes (térmico/fotovoltaico; peso das fontes nos consumos domésticos) PROPOSTA: PROGRAMA DE REABILITAÇÃO COGNITIVA – PROMOVER UMA CULTURA PÚBLICA ENERGÉTICA (MONITORIZAÇÃO; CAMPANHAS DE COMUNICAÇÃO E REPLICAÇÃO DE CASOS PILOTO) 32 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 2) OBSTÁCULOS À PERCEPÇÃO DO CONSUMO a) Percepção de “como” e “onde” se dão os gastos no contexto doméstico b) Controle sobre os consumos: - Contador – consulta regular - Contrato - conhecer, questionar - Sistema de medição diferenciados - Multiplicação dos “gastadores” – noção cumulativa dos gastos - Factura – apresentação gráfica legível e ‘amigável’ PROPOSTA: REMOÇÃO DE OBSTÁCULOS À COMUNICAÇÃO 33 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 3) TRAVÕES À MUDANÇA DE COMPORTAMENTOS a) -- Económicos: ambiguidade entre investir e despender; ambiguidade entre redução e eficiência; valoração negativa das obrigações / acções restritivas rácio custo beneficio b) -- Comunicacionais: desconfiança comunicativa (sublinhar a competência e profissionalismo dos agentes certificadores CE),cadeia de mediação; conselho – acompanhamento – garantia c)--Institucionais: facultar um interlocutor/entidade credível e independente (mediador) PROPOSTA: PROMOVER A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA INTELIGENTE E ACTIVA desempenho energético = qualidade de vida + melhoria gradual da classificação energética + aumento do valor comercial das casas Inscrever novas rotinas e maneiras de agir - CONSTRUÇÃO DO “BI ENERGÉTICO” (espécie de CE pedagógica e prévia – antecedentes da futura CE) 34 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Considerar diferentes perfis Contrastes de género: - Homens em atitude de domínio tecnológico = mais aptos; decisão de equipamentos sofisticados - Mulheres em atitude de defesa da casa = poupança (mas mais distantes do conhecimento sobre energia; decidem o uso dos equipamentos domésticos) Contrastes de grupos social: - Elites – atitude desafiante relativamente ao(s) poder(es) públicos e de desobediência activa - Classes populares – atitude de desconfiança e resistência como ‘estratégia de salvação’ financeira Contrastes entre função académica e situação profissional: - Formação académica sem influência decisiva na formação das atitudes face à energia - Prática profissional determinante para a consciência da complexidade do tema da energia Contrastes entre escalões etários: - Jovens estão mais próximos da experiência escolar e com maior cultura científica geral »» mais advertidos face às questões energéticas, mas sem tanto empenho em poupar (não pagam e têm necessidade afirmativa de gastar energia. - Grupos mais velhos estão mais distanciados da experiência escolar e mais esquecidos das questões energéticas (excepto se a vida profissional os ligar ao tema); mais empenhados em poupa-la