Pets
Comportamento e
adestramento de cães
Andréa de Paula
C A P Í T U L O
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Problemas de comportamento
5.1 De onde surgem os problemas de comportamento?
Todo comportamento que um animal apresenta é um comportamento natural
instintivo, porém em condições não favoráveis para que este animal expresse
seus comportamentos naturais e suas necessidades básicas fisiológicas, físicas e
mentais, esses comportamentos podem se tornar um problema. A maioria das
pessoas compram ou adotam um animal de estimação por impulso, sem conhecer o comportamento da espécie, para que a raça foi desenvolvida, humaniza e
trata o animal como uma criança, e ainda quer que este se mantenha limpo, em
silencio, e que aprenda tudo por “telepatia”. Porém um animal não é uma criança,
e não está preparado para se tornar uma, assim, acaba sendo recompensado sem
querer pelo seu “mau” comportamento.
Os próprios problemas de comportamento de um cão dizem muito sobre as necessidades do cão. Deve-se observar com cuidado para entender seu verdadeiro
motivo.
Comportamento e adestramento de cães
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Muitos comportamentos indesejáveis refletem reais necessidades da espécie e
devem ser respeitados. No entanto, outros problemas precisam ser eliminados,
independente de serem naturais ou não. Às vezes algum comportamento lhe
incomoda, mas é natural para o cão. Assim avalie com cuidado suas restrições.
A maioria dos comportamentos possui uma finalidade. Às vezes ela é obvia,
outras não. Quanto melhor sua percepção, maiores as chances de recuperação
do animal.
Muitos problemas podem ser resolvidos simplesmente através de atividades que
substituam o comportamento indesejado e que suprem as mesmas necessidades
que geram o problema.
Embora a herança genética dos animais seja o fator mais importante para determinar o seu comportamento, observamos que, no caso de animais que recebem um exagerado tratamento humanizado desde a fase de filhote, com pouco
contato com outros de sua espécie, o ambiente passa a determinar seu modo
de reagir. Esses cães sofrem com essa perda de identidade, pois não se julgam
cães para conviver com os de sua espécie e não podem participar de todas as
atividades da vida de seu dono, afinal, eles não são “humanos”. A causa do
problema é idealizar a relação e projetar no animal um comportamento que não
é de sua natureza.
As mesmas contingências da vida contemporânea que levam as pessoas a buscar
uma proximidade maior com os animais também agravam os problemas da convivência. A rotina de hoje faz com que muitos donos não consigam lhes devotar
o devido tempo e atenção. Em casos extremos, os cães se tornam agressivos
ou depressivos. Os mais angustiados pela ausência do dono partem até para a
automutilação.
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IEPEC
Capítulo 5
Problemas de comportamento
À medida que os animais crescem e se desenvolvem, os comportamentos inatos
e específicos começam a surgir e a serem afetados pela experiência (positiva,
negativa ou ausente). Os problemas comportamentais que surgem à medida em
que os cães crescem e se tornam adultos podem ser comportamentos normais
que os proprietários não conseguem controlar ou aceitar em razão de expectativas inapropriadas, seu estilo de vida ou o ambiente do animal, podem surgir
como resultado de aprendizado ou condicionamento, ou podem ser causados por
situações de estresses, conflitos ou causadoras de frustação. Problemas comportamentais que surgem em animais adultos não causados por problemas médicos
em geral se relacionam com alterações no ambiente do animal que levam à
ansiedade, conflito, frustação e novas consequências.
Alguns exemplos de comportamentos normais, porém inaceitáveis, podem incluir proteção de objetos e alimentos, agressão protetora em direção a visitantes
no ambiente domestico, escavação, mastigação e agressão intra-específica. Os
comportamentos anormais são os considerados disfuncionais. Estes podem se
associar com ansiedade extrema, estar fora de contexto ou inapropriados com
relação aos estímulos ou podem ser excessivos, desinibidos ou impulsivos. Esses
tipos de problemas podem ser causados por fatores herdados, efeito dos fatores
endógenos e exógenos. Distúrbios compulsivos, medo excessivo, pânico e fobias,
agressão oriunda de descontrole ou perda de inibição e déficits de aprendizado
associados com hiperatividade podem todos cair na categoria de comportamentos anormais.
5.2 Filhotes
A influencia do ambiente no comportamento pode, na verdade, entrar em ação
mesmo antes do nascimento. Com base em estudos com roedores, tem-se descoberto que, se um animal prenhe é sujeito a estímulos que mantém um estado
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de medo constante, seus descendentes serão mais reativos ou emotivos. A redução no aprendizado dos descendentes também tem sido associadas a distúrbios
durante o ultimo período de prenhez.
Estudos também mostram que pode haver relação entre a posição fetal e o comportamento do animal adulto, onde a exposição do feto à testosterona privilegia o
sistema nervoso central, de forma que comportamentos masculinos como levantamento da pata, começam a surgir com a maturação, independentemente dos
níveis de testosterona, no início do comportamento. Também se tem descrito que
a agressividade por dominância é mais provável de ser observadas em fêmeas
nascidas de ninhadas predominantemente masculinas e que fêmeas expostas
à testosterona intra-uterinamente obtiveram mais sucesso quando competiram
por um osso com fêmeas provenientes de uma ninhada predominantemente
feminina.
A fase de filhote a fase de vida mais importante e mais critica do cão. Nos 5
períodos de desenvolvimento do cão, o período de socialização primaria (3ª – 12ª
semana de vida) é muito importante no desenvolvimento comportamental. Este
é o processo no qual o cão aprende o comportamento social apropriado ao meio
social em que vive. Através de interações com os seres vivos o filhote aprende
as habilidades necessárias para um convívio social adequado. É também chamado de “período crítico”, pois há uma grande facilidade do animal estabelecer
relações sociais. Evidencias mostram que animais bem socializados tem mais
chances de se manterem com seus proprietários depois de 1 ano de idade, nesta
idade é comum os cães serem abandonados ou mortos por apresentarem problemas de comportamento que poderiam ser evitados com um boa socialização.
O aprendizado social passa por estágios de socialização, desenvolvimentos de
relações de dominador e subordinado, maturação comportamental e interações
de grupo. A hierarquia social se estabelece por volta das 15 semanas de vida e
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IEPEC
Capítulo 5
Problemas de comportamento
permanece por vários anos com algumas oscilações dependendo da raça ou ciclo
reprodutivo. Assim, qualquer ação que se vise modificar a hierarquia social, deve
ser feita antes das 15 semanas de vida.
Cada posição hierárquica e cada atitude têm significado para todos os cães. Essa
comunicação é importante, de maneira que se o filhote for separado da mãe e
dos irmãos antes das sete semanas de vidas, está comunicação não se tornará
natural, criando problemas para o convívio social.
Para o cão a família humana se torna sua matilha, nela ele tentará descobrir qual
sua posição hierárquica. Sem a consciência de que somos diferentes, entramos
em uma disputa por liderança com os cães e acabamos ficando nervosos ou
frustrados com suas reações. Para evitar essa antropomorfização, precisamos
entender o desenvolvimento comportamental canino.
5.2.1 Períodos do Desenvolvimento Canino
Determinados eventos importantes para o desenvolvimento comportamental
têm que acontecer em períodos específicos, ou a oportunidade de aprendizado
será perdida ou muito prejudicada. Um desses períodos estabelece facilmente
novas relações sociais.
O desenvolvimento do comportamento social dos cães pode ser dividido em
4 períodos: 1- Neonatal (comportamentos restritos); 2- Período de transição
(quando olhos e ouvidos se abrem e possuem capacidade maior de locomoção);
3- Período de socialização primária (capaz de procurar interação social não materna); 4-Período Juvenil (comportamentos adquiridos na socialização primaria
precisam ser reforçados
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Comportamento e adestramento de cães
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Cães que na fase de socialização não tiveram contato com outros cães ou pessoas
tendem a ficar com comportamentos sociais inadequados, agredindo-os ou os
evitando. O mesmo ocorre com cães que não foram expostos a locais diferentes.
O aprendizado estável se dá por volta das 8 semanas de idade, sendo que episódios traumáticos podem levar uma perda na socialização do filhote.
A manipulação precoce por seres humanos não é só benéfica para a melhora
das relações sociais entre ambos como também leva a um acelerado desenvolvimento físico e do sistema nervoso central. Filhotes que são pegos e levemente
tocados todos os dias nas primeiras semanas de vida, abrem seus olhos mais
cedo, começam a explorar mais cedo e tem menos medo de seres humanos.
A oferta de conselhos comportamentais oportunos a novos proprietários de filhotes pode ajudar a prevenir comportamentos indesejáveis, assimcomo ajuda
a corrigir problemas inexistentes antes dos animais se tornarem resistentes a
mudanças.
Ao contrário de que muitos pensam, um filhotinho recém chegado em nossa
casa está sim apto a receber treinamento. Ele está apto a um aprendizado constante e é a melhor fase para se iniciar o treinamento, pois o animal ainda não
desenvolveu “vícios e manias” onde podemos fazer um treino preventivo contra
problemas de comportamento e não de correção desses, e ainda é a fase onde
podemos moldar com maior facilidade os comandos e obter a obediência básica
de uma forma divertida e sem traumas.
5.2.2 Principais reclamações
Os principais problemas de comportamento do filhote são bem simples e rápidas,
pois são coisas passageiras como o choro nas primeiras noites por causa da
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Capítulo 5
Problemas de comportamento
separação da mãe e dos irmãos e ainda por estar em um ambiente totalmente
desconhecido e sozinho. O ideal é não deixar o animal tão sozinho nessas primeiras noites e ir separando na hora de dormir aos poucos. Se possível, colocar
um pano ou pelúcia com o cheiro da mãe e dos irmãos, algo que ele possa se
aquecer e ainda um som para não se sentir tão sozinho podendo em alguns casos
até ter algum trauma por conta disso.
As mordidas e destruições são devido ao nascimento e troca dos dentes e vai até
cerca dos 7 meses de vida, essa troca de dentes incomoda bastante o animal por
causa da dor e coceira na gengiva, e dessa forma o cãozinho precisa se aliviar. Se
o animal não tem opções para roer, este vai procurar objetos dos donos ou ainda
o próprio dono para morder.
O ideal é que este filhote tenha pelo menos 1 brinquedo de cada textura, tamanho, forma e material diferente, e ainda que o dono estimule esse filhote a pegar
o brinquedo e não outros objetos e dar muita atenção quando o filhote estiver
com os brinquedos na boca.
O principal é aprender a fazer as necessidades fisiológicas no local correto.O
cachorrinho não tem controle do esfíncter, assim não consegue segurar o xixi e
o cocô por muito tempo, assim o dono quando for ensinar, deve levar o animal
várias vezes durante o dia até o banheirinho, e quando estiver sem supervisão,
confinar o animal ou deixar vários banheiros pela casa.
O local e o tipo do banheiro são fundamentais para que o cão aprenda mais
rápido e fácil, este deve estar localizado longe da água, comida e cama, e ainda
longe da visão do cão de passagem de pessoas, pois assim ele irá deitar no
banheiro. É interessante o proprietário retirar todos os tapetes da casa até que o
cão aprenda a superfície correta do banheirinho para que não confunda o animal
e nem gere frustração ao dono.
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Importante também é não dar bronca no cão quando ele fizer errado e dar o
mínimo de atenção possível, o filhote que leva bronca por necessidades do local
errado pode se tornar medroso, vir a fazer escondido ou comer o cocô por medo,
pois aprende que não pode fazer na frente das pessoas e não que alí não é certo.
O ideal é recompensar o animal toda vez que fizer no banheiro dele, assim, logo
ele irá fazer sempre alí para ganhar a recompensa.
5.3 Problemas alimentares
A maioria dos proprietários acham que seus cães estão morrendo de fome por
sempre estarem querendo comida. Assim a obesidade nos animais é um problema cada vez mais freqüente e que causam conseqüências serias.
É compreensível que o animal obeso apresente diversos problemas de saúde. Os
mais comuns são os problemas ósseos e cardíacos, sendo que uma das regiões
mais afetadas é a coluna vertebral que fica sobrecarregada com o excesso de
peso. Problemas nas articulações também são comuns e se a obesidade ocorrer
no filhote, principalmente os de raças grandes, pode causar displasia coxofemural,
entre outros problemas como hérnias e prejudicar o desenvolvimento do filhote.
Além disso os cães obesos têm mais dificuldade para andar, tornam-se mais
sonolentos, perdem o fôlego mais facilmente e podem desenvolver diabetes.
O mais difícil é convencer os donos de que a situação é séria e requer tratamento.
Em muitos casos, o animal corre risco de vida. Estes são os principais culpados
pelo excesso de peso e maus hábitos alimentares de seu animal. Muitos desconhecem que a ração atende às necessidades nutricionais e exageram nos
petiscos e nos alimentos de gente, ou ainda tem dó porque o animal fica olhando
ou ainda aprendeu a pedir, e acaba dando até alimentos que são perigosos para
a saúde do animal, podendo ser tóxico e leva-lo a morte.
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Problemas de comportamento
Petiscos e refeições desbalanceadas estão entre os problemas mais apontados
pelos veterinários como causa da obesidade, sobretudo a canina. Se for dar
petiscos especialmente fabricados para cachorros, o ideal é de um a dois por dia,
no máximo para cães de porte médio a grande. Ao contrário da embalagem das
rações, a maioria dos petiscos não informam as calorias de cada unidade. Um
biscoito médio em forma de ossinho, por exemplo, tem cerca de 90 calorias. Isso
corresponde a quase um terço das necessidades diárias de um poodle médio.
Cada vez mais confinados, os animais acompanham o estilo de vida do dono.
Mal saem de casa – se o fazem, é só no momento das necessidades – e passam
praticamente o dia todo deitados ou dormindo. Quanto mais eles engordam,
mais sedentários ficam, já que a dificuldade de se locomover aumenta. Entre os
gatos, o sedentarismo é o principal fator de risco para a obesidade. Se o dono
não tem tempo de passear com o animal, deve contratar alguém que o faça ao
menos duas vezes ao dia. E não conta como passeio aquela andadinha breve até
o poste mais próximo.
No caso dos cães, existem serviços que oferecem trilhas ecológicas e aulas de
natação e esteira de uma a duas vezes por semana. Exercitar o gato doméstico
é um pouco mais difícil – ele dorme em média dezesseis horas por dia. O dono
deve criar situações que o estimulem a se deslocar, como espalhar bolinhas,
arranhadores e novelos de lã pela casa. Para que ele se movimente em busca
de comida, vale esconder a ração dentro de um rolo de papel toalha, em caixas
de papelão suspensas ou embaixo do cesto de roupa.
Cães de algumas raças, como labrador, goldenretriever, collie, cockerspaniel, beagle e dachshund, têm predisposição a engordar. Há alterações nos hormônios
que controlam a saciedade, como a leptina, produzida pelas células adiposas.
Cães e gatos obesos têm resistência à substância. A maioria dos gatos obesos
pertence às raças domésticas – especialmente aqueles que têm pelo curto. A
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alimentação correta deve começar desde cedo. O filhote que come muito mais
do que precisa acaba produzindo mais células adiposas, e isso é um facilitador
da obesidade na fase adulta.
Segundo um estudo feito pela purina, segue abaixo as tabelas de peso ideal para
cães e gatos.
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Capítulo 5
Problemas de comportamento
Quando o animal esta no seu peso ideal é mais difícil ocorrer problemas alimentares, principalmente não querer comer.
Os problemas comportamentais de origem alimentare mais comuns em cães são
a coprofagia, PICA, apetite restrito e comer muito rápido.
5.3.1 Coprofagia
A coprofagia é um comportamento igestivo que compreende o consumo de fezes.
Cães podem ingerir seletivamente sua fezes, fezes de outros cães, gatos, cavalos,
coelhos, humanos, etc.
Embora cadelas adultas ingiram as fezes de seus filhotes, todas as outras formas de coprofagia devem ser consideradas anormais. O problema tende a ser
visto com mais frequência em filhotes, mas a maior parte deles posteriormente
o supera. Cães podem se viciar em coprofagia como comportamento inócuo
investigativo ou lúdico e os proprietários devem ter cuidado para não reforçar o
comportamento, de maneira inadivertida, ao dar mais atenção aos cães quando
comem fezes.
Animais que são subalimentados ou colocados em um dieta muito restrita podem
apresentar um apetite voraz, o qual também podem incluir coprofagia. Animais
que foram superalimentados e os que apresentam afecçõesgastrointestinais podem apresentar quantidades mais altas de ingredientes eliminados nas fezes,
que podem ficar mais palatáveis.
Se não for possível determinar a causa da coprofagia, as modificações ambientais
são a melhor chance de sucesso terapêutico. Negar acesso as fezes constitui o
primeiro passo. O quintal deve ser limpo constantemente de modo que não haja
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fezes disponíveis ao animal. Para cães que comem a própria fezes o ideal é condicionar o animal a após defecar, ir até o proprietário receber a recompensa longe
das fezes, assim associando que a recompensa é melhor que comer as fezes.
5.3.2 PICA
A pica é um desejo ou apetite anormal por ingestão de substâncias não alimentares. Embora animais jovens mastiguem uma ampla variedade de substancias,
esses itens raramente são ingeridos. O comportamento pode ser aprendido, por
disputa ou como forma de chamar atenção, podendo ser até compulsivo.
Existem muitas causas para esse problema, como genética, desmame precoce,
estresse, mau funcionamento do controle neural do comportamento relacionado
ao apetite, ansiedade de separação, compulsão.
Pode-se corrigir o problema mantendo os objetos ingeridos longe do animal, proporcionando brinquedos mastigáveis apropriados ou alterando a dieta para um
alimento seco, volumoso e nutricionalmente balanceado. Dependendo do nível
de motivação do animal para mastigar, podem-se usar sabores aversivos nesses
objetos. Devem- se corrigir os problemas subjacentes que podem incentivar o
comportamento (como estresse ou ansiedade de separação).
5.3.3 Animal exigente
Cães podem ser exigentes quando se trata de preferências dietéticas. Na maior
parte dos casos, o problema provém de experiências alimentares anteriores ou
de respostas herdáveis a situações alimentares, embora problemas médicos subjacentes possam contribuir. Ocasionalmente o animal ficará relutante em comer
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Capítulo 5
Problemas de comportamento
ração, pois aprendeu que se esperar pelo tempo suficiente, receberá um alimento
mais palatável.
Para animais que estão no seu peso ideal ou acima do peso, pular refeições pode
ser um mecanismo natural para manutenção do peso. No caso de animais abaixo
do peso é necessário uma avaliação do médico veterinário para descartar possíveis processos patológicos como pancreatite, odontopatias, gastrenteropatias,
nefropatias e hepatopatias.
Regular o apetite, manter o cão no peso ideal e regular a quantidade de petiscos
e outros alimentos fora das refeições são importantes para o tratamento.
5.4 Agressividade
A agressão é o problema mais comume mais perigoso, não só para os humanos
como para os outros animais.
Em geral, agressão se refere a comportamento ameaçador ou perigoso, direcionado a outro indivíduo ou grupo. Abrange uma variedade de comportamentos,
desde posturas corporais sutis e expressões faciais até ataques explosivos.
A melhor maneira de garantir um diagnóstico preciso é combinar um exame físico
e comportamental, e ainda, observar o cão durante uma exibição agressiva típica,
tanto de forma direta quanto por meio de observação em vídeos.
Há muitos critérios que são usados para diferenciar um tipo de agressão do outro,
incluindo as características e o comportamento do agressor, as características do
alvo e as condições durante as quais a agressão ocorre.
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Embora as formas de agressão sejam descritas individualmente, na maioria dos
casos ela é multifatorial ou tem causas múltiplas.
5.5 Agressividade por dominância
A existência de uma hierarquia em uma matilha e também o correto aprendizado da linguagem corporal entre os cães proporciona determinadas vantagens
para um grupo social. Usando sinais característicos e expressões dominantes e
submissas para se comunicar, o grupo pode reduzir sérios encontros agressivos
entre os membros.
Os determinantes de dominação dentro da hierarquia incluem tamanho, peso,
sexo, status hormonal e experiências anteriores.
É mais comum ocorrer em machos não castrados, entre 1 e 3 anos, cães de raça
e cães que foram tirados muito cedo da mãe.
Para se obter um diagnóstico exato seguem os seguintes critérios por parte do
cão:
»» Temperamento agressivo;
»» Sinalização dominante;
»» Resistência a sinalização e a comportamentos dominantes por
membros da família;
»» Agressão usada para controlar situações sociais com membros da
família;
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Capítulo 5
Problemas de comportamento
»» Agressão usada para competir por recursos com membros da família;
Devemos observar muito bem a situação onde ocorreu a agressão e também
os sinais e posturas corporais apresentadas pelo cão para não confundir o tipo
de agressividade. O cão sempre demonstra um sinal, mesmo que seja quase
imperceptível.
O proprietário deve sempre evitar confronto com o animal e também evitar as
situações que sabe que a agressividade sempre ocorre. Estabelecer limites de
comida, brincadeira, ansiedade e outras situações no convívio diário é muito
importante para evitar novas agressões.
5.6 Agressividade por posse
Este tipo de agressão pode ser direcionada a pessoas ou a outros animais que
se aproximam do cão quando ele está próximo ou em posse de algo que ele
valoriza. Pode ser associada a agressividade por dominância, mas nem sempre
é o caso.
Existem vários níveis nesse tipo de agressividade, desde o cão que apresenta
posse esporadicamente por um objeto específico até cão que tem posse por
tudo e todos a todo momento. É importante identificar todas as situações que
a agressão pode ocorrer e assim evita-las e impedir com que ocorram, até que
tenham melhor controle da situação e do cão.
Exercícios de liderança, ensinando o animal a soltar o objeto sob comando, exercícios de exibição para diminuir a agressão quando é abordado enquanto está
próximo a um objeto que ele protege são importantes.
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A prevenção é fundamental para que o cão não tenha esse tipo de comportamento.
5.7 Agressividade por medo
É provocada por um estímulo que parece ser ameaçador ao cão. Pode ser exibida
quando o cão é o receptor de posturas ou expressões faciais agressivas, ou é abordado por outro cão ou pessoa que não é familiar, não é amigável, ou de alguma
forma, representa ameaça ao cão. Em geral ocorre quando o cão é incapaz de
evitar o estímulo que produz uma resposta agressiva por medo.
Socialização inadequada, experiências traumáticas, punições e genética podem
contribuir para o desenvolvimento desse tipo de agressividade. Um cão que
possui baixo limiar para ficar amedrontado e que se encontra com estímulos
indutores de medo múltiplos e fortes, com pouca chance de fugir, tem alta probabilidade de morder, em especial se a mordida fez o medo se afastar em
encontros anteriores.
A dessensibilização e o contracondicionamento, assim como uma ótima socialização como método preventivo são fundamentais para esse tipo de comportamento.
5.8 Agressividade territorial
É direcionada a uma pessoa ou outro animal que não é membro do grupo ou da
matilha, ou que não é familiar ao cão. A agressividade pode ser manifestada em
direção a pessoas e animais que se aproximam de mebros da família ou de seu
território, embora o mesmo cão possa não apresentar esse comportamento em
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Capítulo 5
Problemas de comportamento
outro ambiente.
O proprietário deve ter um bom controle do cão para a correção do comportamento, assim como o controle do ambiente no qual o animal está inserido. Na
maioria das vezes o cão auto reforça esse comportamento quando não há o
controle do ambiente, um exemplo clássico é quando o cachorro tem acesso a
uma janela, grade ou portão onde passam outros cães e pessoas, começa com
um latido, e a pessoa ou o cão vai embora simplesmente porque precisa ir, só
estava passando por ali, mas para o cão, foi ele quem espantou um “intruso”e
foi recompensado por sua retirada do local. Outra coisa que o proprietário deve
tomar cuidado é com reforços e recompensas no momento incorreto, ou seja,
quando o cão manifestar o comportamento agressivo, o dono oferecer petisco
ou pegá-lo no colo na tentativa de acalmar, está reforçando o comportamento
agressivo.
O ideal seria o contracondicionamento do animal e uma socialização eficaz.
5.9 Medo
A resposta ao medo é uma resposta fisiológica mais complexa, envolvendo várias
áreas do cérebro. Quando se percebe uma situação ameaçadora ou que provoca
medo, um animal deve reagir instintivamente para sobreviver: ele se prepara
para o confronto ou foge.
Problemas de medo excessivo pode ser causado por tendências comportamentais herdadas, experiências ambientais e socialização precoce e inadequada,
aversão aprendida por uma experiência desagradável, patologia clínica, ou a
junção de mais de um fator.
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Quando os animais são colocados a novos estímulos, o resultado dependerá
da sociabilidade, da experiência anterior com estímulos semelhantes e de sua
condição emocional ou clínica no momento da exposição. Animais que sofrem
uma experiência desagradável ou percebem que o estimulo pode ser perigoso,
podem evitar ou se tornar mais cautelosos ou medrosos com relação a esse estímulo. Um evento muito desagradável pode levar a uma memoria extremamente
amedrontada e duradoura em relação a esse estímulo. Embora o cão possa ter
medo apenas a um estímulo, alguns animais podem generalizar estímulos semelhantes que lembrem o inicial. Além disso, pode ficar com medo de eventos
que precedam aquela situação, como por exemplo começar a ter medo do carro
porque sabe que vai à clínica veterinária toda vez que entra.
Cães muito excitados podem não tomar decisões consistentes e reagirão com
luta ou fuga. Estados agudos de ansiedade colocarão o animal em estado de hipervigilância , em que as respostas de medo se tornam automáticas e impedem
qualquer possibilidade de resposta cognitiva ao estímulo, assim, somente se o
nível de ansiedade for suficientemente reduzido é que poderá tomar decisões
conscientes.
Independente da causa, um evento provocador de medo que não tem um resultado positivo, poderá agravar ainda mais o problema. Deve-se evitar punição
e outras técnicas aversivas de correção e os estímulos devem ser controlados e
não ameaçadores.
Se o animal escapar da situação ou se uma exibição ameaçadora levar a fuga
do estímulo, o comportamento foi reforçado de maneira negativa em razão do
estímulo ameaçador ter sido removido. As tentativas do proprietário de acalmar
o cão durante um episódio ameaçador também pode reforçar o comportamento.
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Capítulo 5
Problemas de comportamento
O mais importante para o tratamento consiste em identificar e controlar o estímulo provocador de medo, controlar o ambiente e também a resposta do cão para
depois mudar o comportamento do animal, reforçando positivamente a resposta
de aceitação e não a de medo.
5.10 Ansiedade de separação
Cães que exibem sinais exagerados de ansiedade quando não tem acesso a
membros da família ou de outro animal. O problema geralmente ocorre quando
o proprietário está fora de casa ou quando até está presente mas o animal não
tem acesso a ele ou o cão não consegue a atenção desejada.
Em situações em que os cães perde o contato com o “grupo”, a ansiedade resultante pode dar origem a comportamentos que atrairão os outros membros do
grupo, como por exemplo a vocalização, tentam remover barreiras (escavação,
destruição) ou a tentativa de restaurar contato (aumento de atividade). O problema subjacente envolve hiperfixação por um ou mais membros da família. O início
do problema geralmente ocorre com a alteração do tempo que o proprietário
passa com o cão. Estresse ambiental (mudança de casa ou evento traumático)
também pode contribuir para esse comportamento.
O comportamento destrutivo pode ser confundido pelo proprietário, que acha
que é por vingança pelo cão ter sido deixado sozinho. Acontece que geralmente
o cão pega os objetos que possuem o cheiro do dono, como roupas, o lugar do
sofá, livros, celular, que são destruídos para lembrar-se do dono.
O tratamento desse comportamento envolve o desenvolvimento da independência do cão. Isso é feito pela modificação do ambiente, modificação da interação
entre dono e cão, treino de independência.
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5.11 Compulsão
Pode ser dividido em duas categorias, fisiopatológica (problema físico ou médico)
e experimentais (exposição ou falta de exposição a interações ambientais e/ou
sociais).
Um comportamento compulsivo experimental pode surgir durante o desenvolvimento (socialização inadequada), ser reativo (resultante de fatores do ambiente
ou no manejo) ou condicionado por meio de reforço. Um comportamento anormal reativo em geral resulta de um conflito acarretado pelo nível de excitação
do animal e pela incapacidade de desempenhar um comportamento apropriado
para reduzir a excitação. Quando não há manifestação de comportamentos apropriados para obter desestimulação,como cavar, latir, marcação urinária, o animal
pode redirecionar seu comportamento para um alvo menos adequado, envolverse em atividades vazias, exibir atividades de deslocamento, ou redirecionar seu
comportamento para um alvo alternativo.
O tratamento é necessário apenas se o comportamento representar riscos á
saúde do animal ou se for irritante o suficiente ao proprietário, pois um comportamento compulsivo “indefeso” pode se tornar outro que poderá interferir na
integridade física do animal.
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O Instituto de Estudos Pecuários é um portal que busca
difundir o agroconhecimento, realizando cursos e palestras
tanto presenciais quanto online. Mas este não é nosso único
foco. Com o objetivo principal de levar conhecimento à
comunidade do agronegócio, disponibilizamos conteúdos
gratuitos, como notícias, artigos, entrevistas entre outras
informações e ferramentas para o setor.
Através dos cursos on-line, o IEPEC oferece a oportunidade
de atualização constante aos participantes, fazendo com
que atualizem e adquiram novos conhecimentos sem
ter que gastar com deslocamento ou interromper suas
atividades profissionais.
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