SEMENTES DO REINO
texto Darci Vilarinho foto Ana Paula
o segundo domingo de Novembro, o Evangelho apresenta-nos o episódio da viúva
pobre. Na sua oferta para o
Templo, deitou na caixa duas pequenas moedas. Sobre ela declarou Jesus:
“Em verdade vos digo: esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os
outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver”. É uma
atitude que interpela sempre o nosso
coração. Ela deu da sua indigência em
contraposição com os ricos que deram
do seu poder e dos seus privilégios com
a ostentação da própria glória. O gesto
humilde da viúva pobre é um gesto de
oração, de fé e de amor. A quantia é insignificante, mas o dom é total.
A cultura do dar
É curioso notar quantas vezes, no
Evangelho, Jesus nos convida a dar:
Dar aos pobres, dar a quem nos pedir
emprestado, dar de comer a quem tem
fome, dar o manto a quem pede a túnica, dar de beber um simples copo de
água, dar gratuitamente... Ele próprio
nos deu o exemplo. Toda a sua vida se
resume num dar: dar saúde aos enfermos, dar o perdão aos pecadores, dar a
vista aos cegos, dar de comer às multidões, dar a vida por todos nós. A cultura do dar tem, verdadeiramente, toda
a importância para Jesus. Não importa
se podemos dar muito ou pouco, contanto que o façamos por amor. Basta
um simples copo de água fresca para
receber a recompensa do Senhor. Pode
parecer um gesto banal, mas é enorme
aos olhos de Deus, se for feito em seu
nome, isto é, por amor.
Quantos “copos de água” podemos
distribuir ao longo do nosso dia e ao
longo da nossa vida! Quantas acções,
aparentemente insignificantes, nos podem abeirar do nosso próximo numa
atitude de serviço, de escuta, de disponibilidade! São o caminho melhor
para entrar no seu coração. O amor
dá-nos olhos novos para intuir o que
os outros precisam e ir ao seu encontro
com criatividade e generosidade.
Temos muito para oferecer
O gesto da viúva pobre alerta-nos para
a necessidade de multiplicar os nossos
pequenos actos, deitando-os no cofre
de Deus. Nada ficará sem recompensa. Por mais pobres que sejamos, temos muito para dar. Temos afecto
para oferecer, cordialidade para ex-
24 FÁTIMA MISSIONÁRIA NOVEMBRO 2009
Nada ficará sem
recompensa!
Por mais pobres
que sejamos,
temos muito para dar
teriorizar, alegria para comunicar,
tempo para disponibilizar, orações ou
riquezas interiores para repartir.
Recordo sempre o que dizia a este
respeito a Madre Teresa de Calcutá: o
pouco que damos pode parecer uma
gota no imenso oceano da vida. Mas o
mar é feito de uma infinidade de gotas. Falta-lhe alguma coisa se lhe faltar a gota que eu posso depositar. O
amor é feito de pequenos nadas que
podem transformar uma vida. Basta
um sorriso para fazer brilhar a noite
de alguém.
Disse-o Gandhi num poema memorável: “Pega num sorriso e ofere­ce-o a
quem nunca o teve. Pega num raio de
sol e fá-lo voar até onde reina a noite...
Pega numa lágrima e coloca-a no rosto
de quem jamais chorou... Pega na coragem e põe-na no ânimo de quem não
sabe lutar... Descobre a vida e narra-a
a quem não a sabe entender... Pega na
esperança e vive na sua luz... Pega na
bondade e oferece-a a quem não sabe
doar... Descobre o amor e dá-o a conhecer ao mundo...”.
SEMENTES DO REINO
A palavra faz-se missão
Intenção Missionária
NOVEMBRO
NOVEMBRO
01 Novembro | Festa de Todos os Santos | Ap 7, 2-14; 1 Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12
Felizes seremos
Nascemos para ser santos. Inseridos na Igreja, corpo de Cristo, circula em nós a
corrente da graça, que nos santifica e a Ele nos conforma. Os santos são pessoas de
uma profunda humanidade. Homens e mulheres de todos os tempos que se deixam
transformar pela graça do Senhor, colocando a própria sensibilidade e inteligência
ao serviço do Evangelho. Deixam que Deus opere nas suas vidas.
Aceita, Senhor, a santidade de milhões de pessoas que neste mundo cumprem
a tua vontade. Santifica a tua Igreja missionária e cada um dos seus membros.
08 Novembro | 32º Domingo Comum | 1 Re 17, 10-16; Hebr 9, 24-28; Mc 12, 38-44
Um dom total
Que lição sublime a da viúva que nada reservou para si! Deus pede aos pobres e
pequenos, porque os grandes deste mundo nada têm para dar. Tudo o que dermos
a Deus vem de retorno convertido em graça. É esta a sua divina economia. Quando
eu me der todo, Deus fará sair da minha arca tesouros de valor incalculável. É a arte
divina que o missionário aprende em contacto com os mais pobres do mundo.
Que eu saiba, Senhor, partilhar com os outros tudo o que de Ti vou recebendo.
Porque nada é meu, que eu o saiba fazer circular.
15 Novembro | 33º Domingo Comum | Dan 12, 1-3; Hebr 10, 11-18; Mc 13, 24-32
O céu e a terra passarão
Somos todos testemunhas de que tudo passa. Passa tudo o que neste mundo se
constrói, porque tem a marca da nossa fragilidade. Só não passa o bem que fazemos uns aos outros e tudo aquilo que deixamos construir por Deus dentro de nós.
Deixar-nos guiar pela sua Palavra é construir no meio de nós um Reino que não
passará.
Senhor, que a minha vida se alicerce sobre a tua Palavra, que é sinal da tua
fidelidade e do teu amor que nunca hão-de passar.
22 Novembro | Festa de Cristo Rei | Dan 7, 13-14; Ap 1, 5-8; Jo 18, 33-37
Reina quem serve
Disse Jesus: “Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores,
e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Mas,
quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós
quiser ser o primeiro, faça-se o último. Como o Filho do Homem que não veio para
ser servido mas para servir”. Eis o sentido da realeza de Cristo. Não há maior digni­
dade do que pôr a nossa vida ao serviço da humanidade.
Ajuda-me, Senhor, a colaborar contigo na construção do teu Reino, feito de
justiça, de paz e de fraternidade.
29 Novembro | 1º Domingo do Advento | Jer 33, 14-16; 1Tes 3, 12-42; Lc 21, 25-28.34-36
O mundo precisa
Cada vez mais nos apercebemos que o mundo precisa do Emanuel, do Deus connosco, que nos ajude a trilhar caminhos diferentes. Precisamos de invocá-lo e preparar o coração para que Ele possa descer até nós. É isto o Advento. É gritar com a
força da súplica e do amor para que Ele venha e restabeleça no mundo a sua ordem
divina: VEM, SENHOR JESUS! É nossa missão colaborar com Ele para que a sua
vinda revolucione a terra inteira.
Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia e dai-nos a vossa salvação.
DV
Para que os crentes das várias
religiões ofereçam, através
das suas vidas e mediante
o diálogo fraterno, uma
demonstração clara de que o
nome de Deus é sinal de paz
Democracia
religiosa
Se qualquer guerra é a pior coisa que
o homem pode ter inventado, a guerra religiosa, essa então é um autêntico absurdo. Para mencionar apenas
o que, ao longo dos séculos, aconteceu com as perseguições aos cristãos
por motivos religiosos e se contarmos o número de mártires elencados
nos anais da igreja, somos levados a
constatar que a guerra entre religiões
é mesmo uma aberração.
Tanto que se tem lutado para implantar a democracia política em
todas as nações e – diga-se – bastantes sucessos se têm conseguido, é
uma vergonha que, a nível religioso,
os povos não tenham conseguido os
mesmos resultados.
O proselitismo – leia-se o fanatismo religioso – cega os adeptos de
qualquer religião e não os deixa ver
que o Deus de todos, o autêntico, o
verdadeiro, não aceita holocaustos
humanos nem qualquer imolação
que ofenda a liberdade do homem. A
própria Igreja católica não está isenta desse grande pecado que foi obrigar povos de outras religiões a serem
católicos. Neste sentido, até mesmo
o conceito missionário de conversão
em troca de religião tem de ser, e já
tem sido alterado. Hoje fala-se mais
em propor a fé do que em impô-la.
NOVEMBRO 2009 FÁTIMA MISSIONÁRIA
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Por mais pobres que sejamos, temos muito para dar