Recuperação de
Pastagens Degradadas
O Brasil tem aproximadamente 180 milhões de hectares
de pastagens, dos quais mais da metade está em algum
estágio de degradação, sendo uma boa parte já em
estágio avançado. A recuperação é fundamental para a
sustentabilidade da pecuária bovina e pode ser feita por
recuperação direta ou por meio de integração com lavoura
(iLP) e integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Esses
sistemas têm se mostrado altamente eficazes no aumento
da produtividade de bovinos, grãos, fibras e bioenergia, sem
necessidade de abertura de novas áreas. Ou seja, fazendas
que tinham pastagens degradadas, de baixa produção,
quando adotaram esses sistemas, passaram a produzir
mais, com diversificação de atividades e produtos. Além
disso, contribuem substancialmente para a redução do
aquecimento global.
Recuperar
pastagens
degradadas é
fundamental para
a sustentabilidade
da pecuária.
No Brasil, em cerca de 18 milhões de hectares de pastagens
são adotados sistemas com manejo e recuperação das
pastagens. A adoção dessas tecnologias tem aumentado e
o Brasil assumiu o compromisso internacional de recuperar
15 milhões de hectares de pastagens degradadas até
2020, e com isso reduzir entre 83 milhões e 104 milhões
de toneladas de CO2 equivalente*. A meta faz parte do
Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), que tem como objetivo ampliar a produção de
alimentos e bioenergia com a redução dos gases de efeito
estufa.
Existem diferentes estratégias para a recuperação de
pastagens degradadas. O primeiro passo é um diagnóstico
da fazenda, identificando a situação atual e as áreas mais
críticas. A partir de então, são definidas as estratégias de
recuperação. Os casos mais simples muitas vezes podem ser
resolvidos com um manejo correto do pastejo e uma lotação
animal adequada. Em casos de o estágio de degradação
estar mais avançado, deve ser feito o preparo do solo, a
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correção e adubação, o uso de leguminosas e o controle de
pragas, doenças e plantas daninhas.
As soluções disponíveis são adequadas a pequenas,
médias e grandes propriedades rurais, porém a escolha e
implantação de diferentes sistemas, como tipos de lavouras,
espécies animais, de forrageiras e de árvores, deve ser feita
cuidadosamente, analisando-se as condições da região e do
produtor.
Nos sistemas recuperados, especialmente em integração,
o produtor conduz diferentes culturas na mesma área,
simultaneamente ou em sequência. Além do aumento na
produção animal, há o adicional da produção de grãos,
fibra e biocombustíveis com redução de emissões de gases
de efeito estufa (GEE) pela redução na idade de abate dos
animais, fixação de carbono via fotossíntese e matéria
orgânica no solo. Esses processos melhoram o rendimento
total da terra e ainda ajudam na conservação do solo
e água, pois na implantação e manutenção do sistema
são necessárias várias ações de manejo benéficas para o
sistema, como adubação, sombreamento, manutenção de
matéria orgânica e biodiversidade no solo.
Recuperar pastagens
degradadas melhora o
rendimento da terra e
ajuda na conservação
do solo e água.
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As vantagens da recuperação de áreas degradadas são
muitas. Entre as principais estão a redução de custos e
de riscos de pragas, o melhor uso da terra, o aumento
da eficiência no uso da mão de obra e dos recursos de
produção e de energia, além da redução de emissões de
gases de efeito estufa por unidade de produto obtido.
Atualmente, a produtividade média brasileira é em torno de
45 quilos de carne em equivalente carcaça por hectare. Com
sistemas recuperados e melhorados, essa produtividade
salta facilmente para 120 kg por hectare, em sistemas de
cria-recria e engorda (ciclo completo).
Os benefícios para o meio ambiente também são evidentes.
A recuperação das pastagens tem potencial para reduzir
em um ano a idade de abate dos animais. Um bovino adulto
é responsável pela emissão de aproximadamente 1,5
tonelada de equivalente CO2 por ano. No Brasil são abatidos
em torno de 40 milhões de cabeças por ano. Se metade
desse rebanho for criado em sistemas mais eficientes,
pode-se estimar a redução da emissão de 30 milhões
de toneladas de equivalente CO2 por ano, apenas com a
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redução da idade de abate, sem considerar-se, por exemplo,
a fixação de carbono no solo pelo sistema.
Além disso, o manejo mais adequado das pastagens ajuda a
preservar melhor os recursos de solo, água e biodiversidade.
A adoção desses sistemas pode ainda gerar mais empregos
e formação de pessoal, uma vez que eles exigem mão de
obra mais qualificada.
O treinamento de técnicos e produtores e a adoção de
novas práticas e tecnologias ainda são desafios a serem
vencidos. Em sistemas ainda não degradados, os custos
iniciais do sistema melhorado podem ser insignificantes,
como apenas ajustes na lotação animal e reposição de
nutrientes. Porém, se a área já estiver com avançado estágio
de degradação, sendo necessária uma intervenção drástica,
os custos serão mais altos, com risco de a recuperação
não atingir o potencial anterior de uso da terra. Daí a
importância do manejo adequado e da tomada de decisão
de recuperação em estágios iniciais de degradação. Além
disso, nas propriedades onde os sistemas de integração
foram adotados, os resultados têm sido muito melhores que
os obtidos no sistema tradicional. Muitas dessas tecnologias
têm sido utilizadas por mais de duas décadas, o que
comprova sua efetividade.
O primeiro passo
para recuperar
pastagens é o
diagnóstico da
fazenda, para
verificar a situação.
Em regiões com maior vocação agrícola, os sistemas
melhorados, que utilizam recuperação de pastagens,
usualmente agregam também outras melhorias, como
gestão e controle sistematizados, melhoria da genética
animal, suplementação mineral correta e terminação mais
rápida dos animais, bem como educação e treinamento
da mão de obra. No aspecto de sistemas agrícolas, os
sistemas melhorados, que têm a produção animal como
um componente, utilizam plantio direto com consequente
melhor conservação de água e solo, com maior tolerância
a variações climáticas e menor incidência de plantas
daninhas, pragas e doenças. Finalmente, o que se busca
com a recuperação de pastagens degradadas e sistemas
de integração é um uso muito mais eficiente dos recursos
produtivos, com menor gasto de insumos e energia,
melhorando a sustentabilidade do sistema como um todo.
(*) CO2 equivalente – As emissões de gases do efeito estufa (GEEs) são expressas
em toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), a medida padronizada pela ONU para
quantificar as emissões globais, usando como parâmetro o CO2. Os seis gases
considerados causadores do efeito estufa possuem potenciais de poluição
diferentes. O cálculo do CO2 leva em conta essa diferença e é resultado da
multiplicação das emissões de um determinado GEE pelo seu potencial de
aquecimento global.
Fotos: Arquivo Embrapa
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