Saúde
Lazer
ABNEL ALVES
Por mais
hábitos saudáveis
Pesquisa fornece perfil do trabalhador
em relação ao programa Lazer Ativo
etade dos trabalhadores da indústria não pratica atividade física, especialmente as mulheres, e muitos admitem ingerir bebida alcoólica em quantidade não recomendável. Há ainda grande número de trabalhadores que
come pouca quantidade de frutas e verduras e apresenta aumento crescente de peso. Nesse caso, o maior grupo de risco está entre homens com
mais de 40 anos de idade e renda familiar elevada.
As informações fazem parte da pesquisa Estilo de Vida e Hábitos de Lazer dos Trabalhadores da Indústria, desenvolvida pelo SESI para avaliar o comportamento do trabalhador do setor
industrial em relação aos hábitos de saúde e lazer. A boa notícia fica por conta da redução do
fumo. “Há uma baixa prevalência de tabagistas na indústria, confirmando uma tendência mundial”, afirma o pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Markus Nahas,
coordenador da pesquisa.
A pesquisa ouviu 15.946 trabalhadores do Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão,
Minas Gerais, Pernambuco, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins. Os dados ainda são preliminares. A equipe da UFSC pesquisou indicadores sobre a saúde geral do trabalhador, condições
de sono, estresse, tabagismo e consumo de álcool, proteção solar, religiosidade, morbidade (situações que podem conduzir à hipertensão, colesterol elevado e diabetes) e percepção de bemestar. Também foram verificados aspectos relacionados à realização de atividades físicas e de
lazer, como caminhada, tarefas domésticas, horas em frente à TV, preferências de lazer, controle
de peso e hábitos alimentares, entre outros itens.
Além de conhecer a realidade do trabalhador, Nahas, do Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde da UFSC, destaca que a pesquisa busca identificar práticas positivas
e orientar o planejamento de ações das áreas de lazer, saúde e educação do SESI voltadas
à melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Afinal, de acordo com dados de 2005
Integrantes da
área de lazer do
SESI praticam
enduro a pé,
no Morro
do Moreno, em
Vila Velha, no
Espírito Santo
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SESI-SC
Lazer
Saúde
Crianças
participam de
atividades do
Lazer Ativo
organizado
pelo SESI-SC na
empresa Amanco
da Organização Mundial da Saúde (OMS),
inatividade física, alimentação inadequada e
tabagismo estão relacionados com dois terços das mortes provocadas por doenças que
podem ser prevenidas.
Neste ano, outros 14 estados irão iniciar
a coleta de dados. “O resultado formará um
conjunto de informações representativas da
população industriária brasileira sobre seu estilo de vida, indicadores de saúde e bem-estar,
preferências de lazer e hábitos alimentares”,
afirma o pesquisador da UFSC.
ENCONTRO NACIONAL
Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados em fevereiro, em Vitória, no
Espírito Santo, durante encontro nacional do
programa Lazer Ativo, evento que reuniu profissionais da área de lazer e saúde do SESI de
todo o País, envolvidos na implantação e avalia-
ção do programa. Na opinião da coordenadora
do programa no SESI-ES, Cristina Albuquerque
de Oliveira, o encontro foi fundamental para a
troca de experiências entre os gestores. Os participantes vivenciaram atividades que serão divulgadas às empresas e trabalhadores. Cristina
conta que os gestores praticaram enduro, assistiram a palestras e oficinas como, por exemplo,
de automassagem. Para a coordenadora, também foi importante o intercâmbio entre agentes
da área de lazer com profissionais de teatro,
saúde e educação física.
Segundo Cristina, no Espírito Santo, o SESI
está implantando o mesmo modelo de pesquisa nas empresas. A primeira experiência será
feita com a indústria Rimo, do município de
Linhares. “A pesquisa fornecerá o perfil do trabalhador em relação a cada pilar do programa.
Com isso, poderemos focar melhor as ações
do SESI regionalmente”, declara.
O gerente da área de lazer do SESI-ES,
Francisco Pereira, esclarece que o maior interesse dos profissionais de recursos humanos
das indústrias é a promoção de ações que
favoreçam a qualidade de vida dos funcionários e colaboradores. “Eles vêem o Lazer Ativo
como a ‘argamassa’, que vai fazer com que
outros programas possam dar certo, tanto os
que são realizados com o apoio do SESI como
aqueles desenvolvidos pelas empresas.”
Exemplo catarinense
Santa Catarina é o estado pioneiro na implantação do programa Lazer Ativo em 1999 e também na pesquisa
sobre hábitos do trabalhador da indústria. A experiência bem-sucedida inspirou o Departamento Nacional a expandir o programa e a pesquisa para os demais estados.
O pesquisador da UFSC Markus Nahas informa que o levantamento do SESI mostra que entre os industriários
catarinenses aumentou o interesse pela prática de atividades físicas. “Em 1999, havia inatividade física em 50%
dos entrevistados. Na última pesquisa, esse índice baixou para 30%. Essa mudança pode estar associada ao maior
tempo de implantação do programa Lazer Ativo no Estado”, afirma.
Em 2005, por exemplo, uma empresa constatou que, além da prática reduzida de atividades físicas nos momentos de lazer, seis de cada dez trabalhadores homens apresentavam excesso de peso. Diante disso, no ano passado, a
academia da empresa foi reestruturada com base na metodologia do SESI Fitness. E mais: duas unidades da corporação passaram a receber, pelo programa SESI Ginástica na Empresa, estímulo para mudanças de comportamento,
com ênfase na atividade física. “Essa experiência mostra a necessidade da fundamentação por meio de pesquisas
válidas cientificamente, que possam subsidiar os líderes em suas tomadas de decisão”, diz o consultor da área de
Lazer do SESI-SC, Evanely Júnior.
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