A JUSTIÇA DE DEUS
Romanos 3:24-26
Um dos muitos atributos de Deus é a Sua justiça. Nós freqüentemente falamos da
justiça de Deus, porém quantos de nós já se empenhou em pesquisar sobre este aspecto
da personalidade de Deus, para compreender plenamente a profundidade deste atributo
perfeito? O apóstolo Paulo fala da justiça de Deus em Romanos 3:24-26. Ele mostra
nesta epístola, a justiça de Deus através da morte de Seu Filho na Cruz do Calvário.
Você já considerou como a justiça de Deus poderia ser demonstrada na morte de Cristo?
Examinemos este texto de Romanos 3 e vamos ver se podemos compreender um pouco
mais claramente a perfeita justiça de Deus.
Paulo diz aos santos de Roma que Deus justifica gratuitamente os pecadores
incrédulos através de Jesus Cristo (Rm.3:24). Deus pode fazer isto, porque Ele enviou
Jesus Cristo para ser "UMA PROPICIAÇÃO". Antes de prosseguirmos em nosso
estudo, devemos compreender o porquê da vinda de Cristo. Se nós não entendermos o
que é "PROPICIAÇÃO", não entenderemos completamente o que Cristo fez para
demonstrar a justiça de Deus.
A palavra grega que foi traduzida, propiciação, significa um sacrifício de expiação,
pelo qual Deus fica satisfeito. No contexto de Romanos 3:25, Paulo está dizendo que a
justiça de Deus foi satisfeita por Jesus Cristo, que pagou a pena do pecado. Não
devemos confundir EXPIAÇÃO com RECONCILIAÇÃO. Quando alguém aceita o
sacrifício de expiação de Jesus Cristo e confia na morte Dele como o pagamento pleno
de sua dívida do pecado, este alguém é reconciliado com Deus; mas a base desta
reconciliação é que Jesus Cristo sofreu a pena de morte no lugar do homem. Jesus
Cristo satisfez a justiça de Deus pelo homem, padecendo a pena daquela justiça pelo
pecado a favor do homem. Portanto, Deus foi reconciliado com o homem caído. Agora
que Deus está reconciliado, a inimizade existe apenas da parte do homem. É o homem
então, que precisa ser reconciliado com Deus, não Deus com o homem. Deus é sempre o
mesmo, e imutável. Sua atitude muda em relação àqueles que mudam para com a Ele.
Deus pode agir diferencialmente com relação àqueles que vêm a Ele por fé, somente
com base no sacrifício propiciatório de Cristo, não porque Ele muda, mas porque está
sempre agindo de acordo com a Sua justiça imutável.
Nesta afirmação em que Jesus Cristo se tornou uma propiciação, Paulo mostra que a
justiça de Deus é demonstrada e satisfeita. Em Sua paciência, Deus esperou que 4000
anos se passassem, preenchidos com o pecado humano, antes de enviar o Seu próprio
Filho à nossa raça, para ser o segundo Adão. José não era o Seu pai; Deus Espírito
Santo o era. Por uma mulher, Deus veio até à raça humana pelo nascimento comum.
Maria deu-Lhe Seu corpo humano, Deus deu-Lhe a Sua natureza perfeita. Portanto,
Jesus Cristo era verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus; o Deus-Homem
habitando entre os filhos pecadores de Adão.
Adão havia pecado, tendo portanto envolvido toda a raça humana em condenação e
morte. Ele era o cabeça "federal" (I Co.15:45) e homem representativo de toda a raça e
tendo o seu pecado passado a todos nós. Em Adão portanto, toda a raça caiu. (Devemos
nos lembrar que, embora Jesus Cristo fosse identificado com a raça humana, Ele foi
"SEPARADO DOS PECADORES" e que Ele "NUNCA COMETEU PECADO". Foi
somente na Cruz do Calvário que Cristo foi identificado com o pecado da nossa raça.)
Deus enviou Seu Filho para a raça humana para ser o segundo cabeça "federal" ou
homem representativo. Adão pecou e colocou toda a raça humana no pecado,
ocasionando a separação de Deus. Ele veio para salvar o que estava perdido e para
restaurar à comunhão o que tinha sido separado pelo pecado.
Deus declara que o salário do pecado é a morte (Rm. 6:23). Por todo pecado, alguma
vida teria que ser sacrificada. Por 4000 anos, Deus havia examinado a família de Adão,
procurando pelo homem perfeito que poderia ser aquele que iria redimir a raça humana
caída, mas não havia "NENHUM JUSTO, NENHUM SEQUER" (Rm.3:10). Cristo veio
para ser este homem perfeito. Três vezes Deus falou do céu durante a vida terrena de
Cristo para declarar que Ele O comprazia, isto é, que não encontrava nenhum pecado
Nele, o Seu Filho, enquanto homem. Mesmo os inimigos do nosso Senhor admitiam a
Sua inocência perfeita. Ele viveu uma vida absolutamente sem pecado. Ele era de fato o
"Cordeiro Imaculado e Incontaminado" (I Pe. 1:19).
Mas Jesus Cristo foi ao Calvário e por que? Ele deveria MORRER lá no Calvário.
Mas porque morrer, sendo que jamais cometera pecado? Ele foi enviado lá por Deus
para ser "UMA PROPICIAÇÃO" (uma satisfação) pelos pecados do homem, e para
demonstrar a justiça de Deus. Tudo isto para que Ele mesmo pudesse ser JUSTO e
JUSTIFICADOR daquele que crê (Rm. 3:26).
Deus, em amor infinito, ia salvar os pecadores. Ele justificaria e perdoaria os
ofensores. Mas, como poderia Ele perdoar o pecado do homem, quando a Sua justiça
exigia que o pecado do homem fosse pago com a morte? Deus deve ser JUSTO e Ele
deve ser SANTO. O Seu caráter, a Sua lei e Seu governo, todos exigem a punição do
pecado PELA MORTE. A lei de Deus deve ser satisfeita: Deus deve ser JUSTO.
Portanto, se Deus ia justificar os pecadores, Ele deveria encontrar um meio de punir os
pecados dos pecadores pela MORTE, primeiramente.
Foi com este propósito que Deus enviou Seu Filho para morrer. Deus tornou isto
conhecido através de analogias (figuras) e da Palavra que: "SEM DERRAMAMENTO
DE SANGUE, NÃO HÁ REMISSÃO" (Hb. 9:22). A pena absoluta pronunciada por
Deus contra o pecado é a MORTE. Cristo Jesus, o Filho de Deus, veio até à raça
humana para se tornar um homem representativo, para sofrer a punição do pecado do
homem no lugar do homem, e assim satisfazer a lei de Deus. Cristo, portanto, satisfez a
santidade, a justiça e a verdade de Deus com relação ao pecado. Deus odiava o pecado e
tinha que puni-lo, por esta razão divina enviou Seu Filho para se tornar um homem, para
suportar a punição do pecado no lugar do homem. Tudo isto Deus fez a fim de que,
tendo punido o pecado do homem, pudesse perdoar em justiça, justificar e salvar o
homem.
Quão maravilhosa então foi a justiça de Deus declarada na Cruz! Punindo com a
morte a Jesus Cristo, Deus declarou a Sua justiça eterna e Ele não poderia ter feito isto
de outra forma. Se, quando a raça de Adão pecou, Deus tivesse executado
imediatamente o julgamento sobre ela, ou se Ele tivesse permitido que ela continuasse
no pecado por algum tempo, e então, num terrível dia de julgamento a lançasse no
Inferno, ainda assim Ele teria demonstrado publicamente a Sua justiça. Mas, o universo
nunca teria conhecido o quão infinitamente profunda e eternamente absoluta fora a
justiça de Deus, como agora revelada na Cruz. Agradou a Deus que o Seu Filho entrasse
na raça humana e que assumisse no Calvário o pecado do mundo. Quando Jesus, como
Filho do homem, tomou sobre Si mesmo o pecado do mundo no Calvário, Deus
imediatamente demonstrou o que Ele pensava sobre o pecado. Quando o pecado da
nossa raça foi posta sobre Jesus na Cruz, Deus escureceu o sol e lançou o mundo todo
na horrível escuridão do julgamento. Deus escondeu a Sua face de Jesus Cristo, e o
desamparou. Jesus Cristo, e o desamparou.
Quando Adão pecou no Jardim, Deus não lançou sobre ele a escuridão de seu
julgamento, antes agiu com Graça com Adão e sua família. Ele fez isto porque sabia que
havia um SEGUNDO ADÃO para quem Ele podia voltar Seus olhos. Este segundo
Adão suportaria o pecado do primeiro Adão e de sua descendência. Mas, quando o Seu
filho amado, o segundo Adão veio, e na Cruz suportou sobre Si a culpa do pecado do
homem, não havia nenhum terceiro Adão para quem Deus podia voltar Seus olhos.
Portanto, Deus escureceu o sol e a luz de Seu semblante para Seu Filho, e daquela raça
cujo pecado Jesus agora suportava. Daquela horrível escuridão, nosso Senhor clamou:
"DEUS MEU, DEUS MEU, POR QUE ME DESAMPARASTE?" Mas não houve nenhuma resposta. Deus estava agindo com justiça com o pecado humano. Ele não poderia
poupar Seu próprio Filho e não o faria, uma vez que via o pecado sobre Ele. Nisto, podemos ver como Deus considera o pecado.
Na punição de Jesus no Calvário nós descobrimos a infinita santidade e justiça de
Deus. Por um lado, o caráter da santidade de Deus é visto como sendo tão absoluto, que
embora ele seja amor não considerou nem mesmo o Seu Filho amado, pois o pecado foi
encontrado Nele. Por outro lado, a justiça de Deus é vista como sendo tão infinita, que
quando estava encontrando uma saída para as criaturas pecaminosas, as quais Ele ama,
para torná-las justas perante Si em Sua própria justiça, não diminuiu a pena de seus
pecados; então, a única alternativa era castigar (punir) até a morte o Seu Filho, pelos
pecados deles. Esta justiça, portanto, que Deus, com base no sacrifício de Cristo na
Cruz do Calvário atribui ao homem, é de Si mesmo. Deus é absolutamente justo, enquanto justifica aqueles pecadores que crêem Nele.
Nós lemos em II Coríntios 5:21 que Cristo, que não conheceu o pecado, foi feito
pecado por nós. Isto tinha que acontecer, porque Deus devia punir o pecado. O nosso
pecado tinha que ser tratado completa e absolutamente, e Jesus Cristo foi feito pecado
por nós.
Nós também lemos em Gálatas 3:13, que "CRISTO NOS RESGATOU DA
MALDIÇÃO DA LEI, FAZENDO-SE MALDIÇÃO POR NÓS". Cristo se tornou aquilo que Deus mais odiava: Ele se tornou pecado.
Aqui está portanto, a essência da expiação: Cristo tomou o nosso lugar e assumiu as
nossas obrigações. O nosso pecado foi lançado sobre Ele. Ele se tornou, à vista de Deus,
responsável por isto e foi tratado como Se Ele mesmo o tivesse cometido. A lei de Deus
fê-lo culpado, o julgamento de morte caiu sobre Ele, em lugar de cair sobre nós.
Devemos sempre nos lembrar de que o primeiro e mais importante objetivo da morte
de Jesus Cristo, era demonstrar a justiça de Deus para sempre. Se Deus, quando o
pecado foi posto sobre Seu Filho Jesus na Cruz, o qual Ele amava e não poupou, mas O
julgou, tomando-O como maldição, antes O desamparou e O puniu com a morte, então
Deus realmente odeia o pecado. Deus é infinitamente justo. O Deus que não afrouxou a
Sua justiça a fim de poupar o Seu Filho amado da morte, não daria trégua à iniqüidade.
Deus já tinha demonstrado uma vez o fato de que Ele é absolutamente justo. Ele fez isto
na Cruz, onde puniu Seu próprio Filho quando achou o nosso pecado sobre Ele.
Devemos sempre estudar a Cruz desse modo. Ela é o fundamento para tudo o que
Deus fez ao lidar com os filhos de Adão (e aceitá-los), os quais nasceram mortos em
ofensas e pecados (Ef.2:1). Não devemos nunca nos esquecer de que Deus enviou Jesus
Cristo para ser uma PROPICIAÇÃO e para demonstrar a SUA JUSTIÇA, por "passar
por cima" dos pecados não julgados outrora. Na Cruz, vemos o que Deus pensa sobre o
pecado. A Cruz é o maior lugar para se estudar a justiça de Deus.
A glória de Deus é de importância infinitamente maior do que a nossa salvação, tão
grande e abençoada como é, e nós devemos, quando estudamos o plano de salvação,
sempre nos lembrar de que o primeiro maior e final objetivo da morte de nosso Senhor
era o de demonstrar a infinita glória e excelência do Deus abençoado e santo. Este é o
fundamento e o fim de tudo, tanto na criação como na redenção: REVELAR A
GLÓRIA DE DEUS.
A Paciência De Deus
Outra grande expressão de Deus é encontrada na última parte de Romanos 3:25. É a
"PACIÊNCIA DE DEUS". Depois que Adão pecou, Deus deixou que a raça humana
continuasse o seu caminho por 4000 anos, sem chamá-los para prestar contas de seus
pecados. Ele adiou o Dia do Julgamento. Ele agiu com os homens com longanimidade e
paciência. Ele "PASSOU POR CIMA" dos seus pecados. Se Ele tivesse agido com justiça imediata, teria encerrado a oportunidade do acerto de contas com a raça humana no
momento em que ela pecou. Mas, Ele esperou. Ele permitiu que o homem prosseguisse,
ano após ano, sempre chamando-o para o arrependimento. Algumas vezes Ele enviou
alguns castigos sobre grandes pecadores, de modo que eles não pudessem mais pecar,
mas Ele não chamou a raça humana para o julgamento final. O Dia do Julgamento foi
adiado, e adiado e adiado... esta era a "PACIÊNCIA DE DEUS". Deus é
MISERICORDIOSO, por isso Ele esperava. Ele estava Se preparando para "DEMONSTRAR A SUA JUSTIÇA" de um modo maravilhoso. Quando a falha do homem foi
completamente manifesta, Deus enviou o Seu Filho, de modo que pudesse demonstrar
abertamente a Sua justiça, feita no Calvário.
por Pastor Marvin Duncan, editado
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