CÁCIO SANTIAGO
“Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas haver decidido
dizê-la de determinado modo.” (Jean-Paul Sartre).
Nome:
Cácio Machado da Silva
Nascimento:
27/10/1964
Natural:
Santiago/RS
Morte:
20/02/2010
CÁCIO SANTIAGO
VIDA E OBRA
CÁCIO MACHADO DA SILVA
1964 – Em 27 de outubro nasce Cácio Machado da Silva, em Santiago/RS.
1966 – Nascimento da irmã “Nádia da Silva Neves”.
1968 – Nascimento da irmã “Viviani da Silva”
1979 – Na crise menino-homem, entre desejo e fantasia, rabiscava verbetes.
Deixando-os espalhados pela residência de
Iniciou a escrever pequenas
poesias, da qual o motivou a observador da arte poética.
1986 – Realiza: primeiro vestibular na cidade de Bagé/RS
No final deste ano vai residir em Porto Alegre/RS, ingressa curso
preparatório da Policia Civil.
1987 – Conclui ensino Médio e Fundamental, na Escola Nossa Senhora
Medianeira de Santiago/RS.
1989 – Ingressa como Policial Civil, da última turma de investigadores.
1990 – Em fevereiro terminou o curso “Secundário de Formação de
Investigador de Policia.” Em Porto Alegre/RS obtendo excelente média. Sendo
nomeado para assumir o cargo de investigador na delegacia de polícia do
Município de Planalto no Estado do Rio Grande do Sul.
1991 – Inicia romance com a jovem Izabel Caeran.
CÁCIO SANTIAGO
1993 – Retorna através de concurso publica para a “Academia de Policia Civil”,
curso de Nível Médio de Formação de Inspetor de Policia. Também com
excelente média. Exímio atirador.
No final de junho deste ano, retornou para a cidade de Planalto/RS.
1994 – Transferido para a Delegacia de Policias Civil de Palmeira das
Missões/RS. Onde foi bem recebido pelos amigos e colegas de profissão.
Também neste ano retornou seus estudos acadêmicos na “UNICRUZ”,
na cidade de Cruz Alta/RS. Estudos já começados em 1986 na Cidade de
Bagé/RS, região de Campanha.
1996 – Apaixonado pelo Mar e com apoio da namorada requereu, sua
transferência para Arroio do Sal situada no Litoral/RS. Continua os Estudo
Universitário na “ULBRA/RS”, Universidade situada na cidade de Torres
próxima do litoral. Em função do trabalho, e da família trancou o curso de
Direito nesta universidade.
1996 – Pintura a óleo uma experiência. Pintura em homenagem a esposa
grávida um cavalo marinho, tendo como cor de fundo o azul do mar.
Nascimento do primogênito “Luiz Antonio Caeran da Silva”
2000 – Família era prioridade, e a urgência pelo pedido de transferência para
Frederico Westphalen no Estado do Rio Grande do Sul. Junto de Izabel e seu
amado primogênito sentia-se seguro e feliz. Faz pedido de reingresso, Curso
de Bacharel em Direito - URI/FW/RS.
2000 – Projeto da sonhada casa realizada.
2004 – Formando de Direito na Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões. –julho.
2004 – Em outubro deste ano, oficializou o casamento com e namorada, e,
mãe do seu primogênito, Izabel Caeran na Igreja Nossa Senhora de Fátima na
cidade de Frederico Westphalen/RS.
CÁCIO SANTIAGO
2006 – Desencarna o querido e estima pai de Cácio.
2007 – Iniciou o curso de Especialização Segurança Publica (EAD) PUC/RS.
Não terminado. Dedica-se a expor no papel rascunhos poéticos.
2008 – Recebeu Menção Honrosa Lila Ripoll – AL. RS e seletiva nacional do
Livro de Ouro da Poesia Contemporânea – RJ. “Com a poesia ‘NORMÓTICO
COMO VAI” - Prêmio Nacional. Neste mesmo ano se submeteu a uma cirurgia
da Coluna Realizada no hospital são Vicente de Paula em Passo Fundo/RS.
Despertou em Cácio o desejo de dar continuidade em suas obras poéticas,
alinhava uma renda púrpura para o segundo livro.
Em 24/10/2008 registra e Criar e organiza a Associação de Escritores
em Frederico Westphalen/RS, com o apoio de amigos e familiares.
Período de recomeço projeto de novo livro.
Também em 2008, Procura “Maria de Fátima Obelar Hernandes”,
competente bibliotecária. Para então, incluir dados biográficos do primeiro
manuscrito “ISBN – 978-85-98253-05-3”.
“Obra – Dias de Sol e Vento: prosa e verso” - lançada em Santiago/RS
(Cidade dos Poetas)
Hoje faz por merecer um lugar entre os nossos poetas do Rio Grande do
Sul. À semelhança de alguns poetas, descreve com graça e genialidade sua
“silabada” no em seu livro de estréia: DIAS DE SOL E VENTO.
- ISPRÍTU: publicado pela Fundação Cultural Blumenal – SC, no Dia da
Consciência Negra/2008.
- NOITE PERFUMADA: Painel Literário de setembro/2008 –
- PONTO FINAL: Painel Literário de agosto/2008 – Fundação Cultural
de Blumenau – SC.
- OBTUÁRIO VERDE: Publicado no Livro Sua Majestade, o Itajaí –Açu –
Memórias, Histórias e Heranças de um Rio. HB editora.
.VAGANDO: publicado pela Diretoria Regional de Ensino – Gurupi Tocantins.
– Diplomado como Membro fundador Vitalício à cadeira nº.012/ALB/RS da
Academia de Letras do Brasil/RS.
CÁCIO SANTIAGO
- Fundador da Associação: “CEAU/FW/RS – Câmara dos Escritores de
Frederico Westphalen”, juntamente com amigos e escritores frederiquenses.
Câmara dos Escritores de Frederico Westphalen e Alto Uruguai – RS
CNPJ – 10.659.828 – 0001
2009 – Torna público, teceu de mais uma obra. Para o próximo ano.
2010 - Em dezembro de 2009, foi agraciado por vinte anos de serviço prestado
para a Secretaria de Segurança pública do estado do Rio Grande do Sul –
Policia Civil. “MEDALHA DE SERVIÇO POLICIAL DELEGADO PLÍNIO BRASIL
MILANO’”.
2010 – Em fevereiro deste ano, deixou a vida física para rascunhar junto aos
“Anjos do Universo” grandes obras poéticas. Sepultado em Frederico
Westphalen/RS. Deixando para os herdeiros os manuscritos da terceira obra
literária já pronta.
CÁCIO SANTIAGO
PERFIL E FRAGMENTOS DA “VIDA E OBRA” DO POETA CACIO
MACHADO DA SILVA
Poeta rigoroso que procurava com exatidão expressar em suas poesia a
realidade vivida da experiência de vida cotidiana.
A real classificação “prosa e verso” (subscrita no título), com luxuria
descreve-a com perfeição a modernidade. Inexistindo, portanto rodeios e
fantasias no uso do verbo, que contém expressa linguagem diversificada. No
jogo de palavras, montadas a enaltecer contradição do homem urbano ao
homem das lidas campesinas.
Em sua primeira obra, Cácio destaca seu perfil de poeta. Manejando
vocabulário tradicionalista, assim com tal esculpido na obra: galpão, coxilha,
saleiro, xucro e charco. Os temas mais recorrentes do mundo sem fronteiras,
dos pampas gaúchos adjetivando um lirismo enxuto. Por vezes, até com
aparência de agressivo glossário gauchesco. Porém, aos habitantes da região
bem a par dos significados. Possui Cácio técnicas das silabadas bem
distribuídas em perfeito mosaico em cores.
Assim sendo, no ilógico da poesia, Cácio emerge entre os escritores
num momento ímpar, para se tornar imortal, frente a sua laboriosa poesia.
Competente na arte de emparelhar palavras que poetizam a vida do homem e
suas diversidades cotidianas. No entanto, o poeta admite a contradição que
existe entre sua vontade e a vida real. É o dom dos poetas, saber o momento
do hiato existencial, isto é, separar a vontade íntima e a realidade fática dos
acontecimentos. A preferência de imagens, metáforas e cenários gauchescos,
onde o homem desprovido de mascaras se revela como elemento chave. Pode
ser filho de Santiaguense – Terra de Poetas, mas a aguçada sensibilidade, a
sagacidade transformou o homem, “Poeta”, num ser melancólico e por vezes
rude. Mas, este poeta por muitos desconhecidos, “Cácio Santiago”, ou “Cácio
Machado da Silva”, desabrochou como as pétalas aveludadas de uma flor na
primavera.
Um escritor demonstrando a poesia nos fatos reais da vida corriqueira,
com termos inovadores. A cidade de “Santiago/RS” considerada a “Terra dos
CÁCIO SANTIAGO
Poetas”, deixou, na alma do Poeta Cácio Santiago ás asas da libélula, Para
enfim pousar em Frederico Westphalen/RS. Cidade que o acolheu, amparou e
deu-lhe o que tinha de mais sagrado - “o amor” - deste amor surge o
“primogênito”. Acolhido como filho do povo frederiquense, quisera as peraltices
da vida, deixar seu corpo repousar definitivamente nas terras vermelhas de
Frederico Westphalen seu último solo sagrado.
Nesta cidade do Rio Grande do Sul realizou seus sonhos e desejos.
Deixando marcas por onde passava, muito o amavam, outros tantos o amavam
muito menos. Quando, em estado meditativo de criação saia caminhar com
sua adorada Nina (cão da raça Pit bull), causando certo desconforto no
coração de Luna ( cão da raça Pit bull). Distraindo a mente conflitada, para
receber do universo as glorias da criação, da inspiração. A vida cotidiana o
trabalho por vezes violento lhe assolava a alma. Buscado na própria vida a
inspiração para os temas de suas poesias: de certo modo a família, a morte, a
infância mo Pampa Gaúcho; por outro lado a ironia por vezes amarga, a
tristeza e a alegria, a idealização de um mundo melhor.
Cácio que no devaneio criativo tornava-se um homem introspectivo e
silencioso encontrou apoio de “PILHO”, (em seu único primogênito a mais bela
criação), sim eterno e fiel admirador.
A reunião familiar em torno da lareira, na grande sala de estar, o ritual
começou com a chegada de “Luiz”. O grande colchão em cima do tapete,
almofadas, pipoca. Izabel providenciava um bom vinho, dividia seu amor com o
filho. Juntos planejavam, sonhavam, sempre existia cumplicidade, eternizada
nas poesias de Cácio Santiago.
Em invernos mais rigorosos, a família Caeran e Silva, olhava filmes, a
leitura imprescindível. Mas, “por vezes apenas assim ficavam, a aquecer-se,
amarem-se e rirem. Ciclo invernal cria um aconchego. Uma da situação
‘friorenta”, e de quem iria sair primeiro do calor dos cobertores para alimentar o
criptar das salamandras na lareira.
Assim, as decisões eram tomadas. Claro que a ultima palavra era da
amada Izabel. Cácio e Luiz cúmplices no amor pela mesma mulher, fingiam
uma rendição amorosa, que entre brincadeira e pequenas discussões firmavase o forte elo de união e amor familiar. Os sonhos se formavam num papiro de
CÁCIO SANTIAGO
emoções e palavras se formavam numa mistura ritualística de português
clássico e dialeto gaúcho.
De personalidade forte, típica de gaúcho da campanha. Rendia-se ao
amor incondicional pelo primogênito Luiz, homenageia a amada Izabel com a
sinceridade de gaúcho, expressando seu amor no poema “GURIA”.
GURIA
Linda Prenda
sempre quis falar
do meu amor,
do meu querer sincero,
que me contamina
mas preferi calar.
Te miro de longe.
Os meus sentidos
vão na tua direção
e se aguçam tanto!..
Que por vezes
ouço suaves batidas
de teu coração.
Sinto o teu perfume
Igual ao das árvores das matas
com nuances de cor,,,
e temperatura.
De todas que conheci
nas minhas andanças,
foste a única criatura
que pelo meu gostar
me fez ter medo,
de te contar
do meu querer por ti.
Mas quando aprender a lidar
CÁCIO SANTIAGO
com meu coração xucro
e
espero que não seja tarde,
a ti vou me declarar.
DIAS DE SOL E VENTO
Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008.
Após uma gestação rápida entre família, editor, amigo nasceu à obra
citada abaixo:
Lançou seu primeiro livro Dias de Sol e Vento - Prosa e Verso, no qual
reúne 64 trabalhos, em 2008. Tem trabalhos publicados em diversos
periódicos.
CÁCIO SANTIAGO
DIAS DE SOL E VENTO
Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008.
Também em 2008, recebe Menção Honrosa no Prêmio Lilá Ripoll de
Poesia conferida pela Assembléia Legislativa/RS.
Com a poesia abaixo:
NORMÓTICO COMO VAI?
Cinco e trinta
CÁCIO SANTIAGO
Acorda, senta,
Caminha, metrô.
Cartão-ponto, trabalha
Sirene- Almoça- Sirene
Trabalha, cartão-ponto.
Metrô, caminha.
Casa, banho,
Come, cama.
Cinco e trinta
Acorda, senta,
Caminha, metrô.
Cácio Machado da Silva
O tricotar dos trabalhos de Cácio seguem a peculiaridade do texto
literário, está em uma oscilação singular entre o mundo real e a experiência
passada ao leitor. As injustiças, amores, saudades, questionamentos vertem e
brotam
nos
rascunhos
da
nova
obra.
Encantada,
estudada,
tecida
delicadamente.
Enfatiza uma linguagem desposa.
Formando em suas poesias a teia entrelaçadas das palavras. Num
complexo rendado de fios nos galhos de pequenos ciprestes. Fica a rascunhar,
após as madrugadas, com sol despontando no horizonte.
Cácio mero observador de si mesmo, já sonolento. Vê sob os vidros da
janela, orvalho da madrugada a definir seus traços, numa teia da aranha
noturna. Onde gotas de orvalho após longo percurso languidamente deixam-se
envolver desfalecidas para o solo. Momento mágico, determinação incomum,
despede-se silenciosamente. Antecipando a noite seguinte para recomeçar a
vigília da criação.
Entretanto, o poeta Cácio distraidamente a contemporizar a perfeição da
“gota de Orvalho”. Rabisca a poesia, com perfeição, conteúdos das coisas e
dos homens expressos em palavras soltas.
mundanas.
Por vezes cruéis realidades
CÁCIO SANTIAGO
Enfim, olho sonolento mente distante visualiza nova obra: “FOLHAS DE
OUTONO”. Defindo um contexto voltado aos analfabetos. Aos que vivem
transformando sofrimento e dor em poesias, nas ruas, nos hospitais, na
juventude descontrolada pelo vicio.
Seu maior desafio...
Em fase de projeto deixa registrado no livro de poesias Folhas de
Outono.
Poesias experimentais, que buscam inovar o gênero literário
explorando o trabalhando junto aos dependentes químicos. Cria camisas-deforça dentro das quais os textos poéticos se classificam.
Desejoso de mudanças planta a realidade em forma de poesia. Para o
novo manuscrito – de tudo um pouco, com lançamento previsto para o primeiro
trimestre de 2009, torna público mais uma Obra de valor inestimável, “Folhas
de Outono”.
“FOLHAS DE OUTONO”
CÁCIO SANTIAGO
FOLHAS DE OUTONO
Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008.
Por conviver com todas as classes sociais, Cácio se tornou complexo,
questionador e por vezes irônico.
Bastante ativo, espirituoso, boêmio e
apaixonado. Conservador em muitos aspectos, liberais em outros, era homem
crente em Deus, em um único ser criador de tudo. Assume uma característica
fragmentaria como resultado de todo esse processo de questionamento por
que passam os seres humanos.
Entretanto, Cácio no auge do “boom tecnológico”, com o surgimento da
internet no meio social e familiar. Pode-se dizer que somente uma expressão
poderia ser escolhida como símbolo de sua poesia: informação.
Com o surgimento da rede mundial de computadores – o acesso à
informação tornou-se mais rápido.
Diante desta realidade o “poeta Cácio
Santiago” compõe suas poesias, com a clareza e subjetividade apresentando
uma realidade feita de pedaços. De experiências individuais, que compõem um
grande e singelo mosaico. Cujos limites do entendimento ficam obscuros. O
efeito, não raro, será o de questionamento e encanto, expressão verbal para
representar o que somos. Cria seres e expressões típicas de uma linguagem
gaúcha. Obrigando-nos a reflexão e o questionamento das entrelinhas de sua
obra, a melancolia, a necessidade e o desejo de recriar, modificar um mundo
conflituoso e cheio de significados. Como demonstra na poesia abaixo,
CÁCIO SANTIAGO
publicada na primeira edição do livro intitulado: “FOLHAS DE OUTONO”,
Frederico Westphalen, RS: Impresso pela Gráfica Boscardin Ltda, em 2008.
CACO DE VÍCIO
Sôfrego
trémulo
ansioso
respirando mal
Seus passos norteados
pelo vício
na direção do bolicho
O escoro no balcão
o olhar pidão
para o bolicheiro
que Já conhece
o cachaceiro!
O martelo
Enchido
até engordar
a boca do copo
por prevalecido.
Só para ver
o coitado
tentar
controlar
o tremor
e o pavor
de derramar!
Que
Num "upa" seco
seca
E
se desfaz
o mal estar
de entranha
Sente com manha
de olhos fechados
aquele bálsamo
que lhe amansa
os pecados
O segundo martelo
CÁCIO SANTIAGO
já é
mais tranquilo
Não precisa
tudo aquilo
de controle
A precisão da mão
é um relógio
Assusta
Frena, três
quatro vezes
no meio do caminho
conversando
gesticulando
O braço
está regulado
Naquele momento
o tremulento
que chegou
já era!
Agora já incorporou
outro senhor
Pelo menos
até amanhã
de manhã
na hora do café
Quando tudo se repete
E a canha
apetece.
Diacho!
Que sina macabra
essa
do borracho.
Cácio Machado da Silva
FOLHAS DE OUTONO
Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008.
Para Cácio a beleza dos versos poéticos é muito mais do que
decoração, de múltiplos significados. Indiferente ao significado obscuro e
pobre. Sua obra literária permite-nos identificar, nossa percepção das coisas
que não podem ser expressas de outras formas. A informatização nos traz um
período literário de resgate. Religar a dura realidade da vida ao sonho já
abandonado. O poeta gaúcho trouxe em suas poesias algumas realidades
CÁCIO SANTIAGO
vivenciadas, tendo características literárias baseadas: nacionalismo, temas do
cotidiano, linguagem com humor, liberdade no manuseio de silabadas. O uso
informal de palavras e textos. O poeta decolou com suas poesias num
momento ímpar da literatura brasileira onde a cultura e a informatização atinge
o ápice.
Neste período, muitos escritores retomam as críticas, a referência de
grandes problemas sociais, o jovem e a dependência química, destacando-os
de forma poetizada. Os assuntos místicos, religiosos e o corriqueiro cotidiano
também ficaram registrados em suas poesias, sendo seus textos breves e
concisos.
Integra com maturidade o uso do verso livre e da linguagem coloquial e
termos gauchescos.
CEDITO
Mateando solo
não tem jeito
quando olho
a quina em zero
do encontro
da erva
com o porongo
Me perco
regorgitando
recuerdos
pialo de lombo
dói no peito
Pensar que
os dias eram
tão longos
os velhos
sempre velhos
Já se foram....
CÁCIO SANTIAGO
-Ainda fraquejo
cedo
chimarreando
No calor do amargo
do meio pro fim
a alma vibra igual
desde o ventre
sou assim
Nasço
cresço
e morro
em Santiago.
Cácio Machado da Silva
FOLHAS DE OUTONO
Frederico Westphalen, RS: Gráfica Boscardin Ltda, 2008.
Poesias de cunho realista, pela sua organização é o próprio centro de
interesse da comunicação. Ao elaborar sua arte poética, Cácio utiliza os
recursos vivenciados no cotidiano, de forma e de conteúdo que chamam nossa
atenção para a própria mensagem. Causando-nos surpresa, estranhamento e
prazer estético. A mistura de silabada que desperta a sensação de uma
linguagem que foge do convencional e se impõe por um arranjo único de
formas e significados. Gaúcho por excelência, procura no escrever estes
versos. Os fatos ocorridos de sua juventude, sentimentos contraditórios: a dor
e a alegria, sofrimento e o prazer. E escreve como que absorto nos próprios
devaneios, o criador-homem-poeta contemporiza a sua arte e compraz-se dela.
(TIVE ELABORA isso TEXTO....foi MMalala)
Homenageando gaúchos que possuem hábitos de dividir uma gostosa
bebida amarga o “chimarrão”. O eterno amor pela cidade de Santiago no Rio
Grande do Sul, inspirava-o a dar continuidade a herança deixada pelos poetas
que lá viveram e nasceram. Santiago – cidade de poetas. Tradicionalista da
cultura gaúcha, alimentos como o carreteiro de charque, churrasco, chimarrão,
CÁCIO SANTIAGO
uso de traje característico bombachas – caboclo da terra.
Demonstra na
poesia “MATEANDO” o respeito e o carinho pela cultura gaúcha.
MATEANDO
Absorto,
sorvendo um amargo
e...
num repente
tenho os galpões
de minha mente
invadidos por saudades.
Saudades do porvir,
lembranças
que saem para dentro,
por que ainda não as vivi.
Como um filme
do fim para o começo,
o que seria um tropeço
de desordem,
torna-se agradável
e confortante
como um avião distante
de que vou envelhecer
junto dos meus.
Cácio Machado da Silva
Publicado na obra: DIAS DE SOL E VENTO
Prosa e Verso
Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008.
Com a maturidade Cácio revelou-se em suas poesias. O pai, Sr.
Hermeto sentiu-se orgulhoso e envaidecido do único filho homem. Atritos e
discussões eram complementos de cumplicidade e amor. Cácio demonstrava-
CÁCIO SANTIAGO
se um gaúcho guerreiro, lutava por suas “idéias”. Mas, quando a inspiração
surgia rascunhava, devaneava, numa linear irrealidade. Cácio de personalidade
muitas vezes extremamente melancólico, outras forte, corajoso e quando
possível boêmio. Era demasiado intolerante com a crueldade humana, com
certos vícios e radicalismos.
Quando por fim decidiu expor seus talentos literários. Dedicara seus
versos e poesia para homenagear ao “Pai” e o primogênito “Luiz”. Usando
suas aptidões poéticas com maestria.
Convivendo desde tenra idade, com os jogos de truco do pai com os
amigos, encontros no “Clube Operário Santiaguense”. Eram gritos e silabadas
indecifráveis, para um garoto fascinado pela tática do jogo. Mas, o jogo entre
os amigos no final da tarde domingo, era rotineiro.
Entre gritos, e, dedos
trocados com agilidade, Cácio aprendeu a valorizar o homem “Hermeto”.
Identificando-se com manias e hábitos do gaúcho tradicionalista. Como sugere
o poema “Truco cego pra quem joga (in memorian), publicado em 2008, na
obra “Dias de Sol e Vento” Prosa e Verso, pág. 101, Editora Grafimax”.
Cácio privilegia a linguagem clara e precisa, sua organização de código
nas mensagens poéticas coloca as próprias palavras em primeiro lugar,
tornando-as quase um fim em si mesmo e não mais um meio de significar outra
interpretação.
Sendo assim, um poeta que usa as silabadas valorizando o sentido
verbal, pelo que são e não pelo que representam.
A valorização de temas do trabalho cotidiano, da vida diária demonstra a
sensibilidade de percepção aguçada.
Expressa claramente no poema transcrito abaixo.
RETRATO DE JORNAL
Um cadáver
Purulento
fedorento
estático
estendido
podre
CÁCIO SANTIAGO
rendido
aos vermes que lhe comem.
Sinta o nojo
da própria espécie
vergonha de sentir nojo
do irmão.
do Adeus,
do fim.
É a morte que vomita
sua face
na vida que fica
e vira
retrato de jornal.
Faz ferida sem igual
Sem dó
Até virar pó.
Cácio Machado da Silva
Publicado na obra: DIAS DE SOL E VENTO
Prosa e Verso
Frederico Westphalen, RS: Grafimax, 2008.
Os poetas filhos de si mesmo. Sem receita, nem manual de instrução
pré-estipulado de como conceber um poeta. Assim, na medida em que o corpo
de um poema surgia na mente, somente após muito rascunhar, trocar palavras
e expressões lutar com a linguagem. Enfim, Cácio conseguia obter á primeira
tentativa satisfatória, mas o xeque mate final ficaria na gaveta ate outro dia.
Muitos textos tiveram um final trágico, num interessante arremeço
certeiro cesta do lixo - como um bom advogado diria – art. 6º. Quando o conflito
verbal se processava, somente uma sentença jogar as folhas rascunhadas ao
CÁCIO SANTIAGO
assoalho para no dia seguinte contemporizar sua arte, sua criação. Na obra de
Cácio os verbos distintos, compõem um comportamento especifico – observar,
sentir, transformar - o conceito do estado da alma, indica o recolhimento, em
um estado que só o homem moderno pode pressentir. Não mais participando
de sua criação, mas sim da experiência vivida, do sentimento, muitas vezes do
eu pessoal do artista. Transforma sua fantasia em um modo irreal de ver num
assunto qualquer, a poesia expressa.
IDA: publicado no
“Poesia Brasis”, seletiva nacional-publicado na
Antologia de Poetas Contemporâneos- vol.47- Câmara Brasileira de Jovens
Escritores - RJ.
IDA
Quando eu morrer
quero partir bem velhinho
e
se
me for permitido escolher,
que seja dormindo
num domingo de quermesse
em sono profundo e tranqüilo,
para não sentir
a dor da passagem.
Muitos estarão lá
me esperando
para meu auxílio.
E aqui,
além de saudades,
deixarei um corpo
bem vestido
com um terno de bom gosto,
cabelo bem penteado
e,
para lembrança dos outros
um leve sorriso no rosto.
Cácio Machado da Silva
CÁCIO SANTIAGO
BIBLIOGRAFIA PUBLICADA:
SILVA, Cácio Machado da. Dias de Sol e Vento, Frederico Westphalen, RS:
Grafimax, 2008.
SILVA, Cácio Machado da. Folhas de Outono, Frederico Westphalen, RS:
Gráfica Boscardin Ltda, 2008.
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“Ninguém é escritor por haver decidido dizer certas coisas, mas