Mestrado em
Engenharia Ambiental
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental
DISSERTAÇÃO
REMOÇÃO DE ÍONS ZINCO (II) DE EFLUENTES
DERIVADOS DE PROCESSOS DE GALVANOPLASTIA
UTILIZANDO REJEITOS DE FIBRAS VEGETAIS
MODIFICADAS QUIMICAMENTE
Autora: Flaviane Vilela Pereira
Ouro Preto, MG.
2008
Universidade Federal de Ouro Preto
Programa de Pós-Graduação Engenharia Ambiental
Mestrado em Engenharia Ambiental
Flaviane Vilela Pereira
“REMOÇÃO DE ÍONS ZINCO (II) DE EFLUENTES DERIVADOS DE
PROCESSOS DE GALVANOPLASTIA UTILIZANDO REJEITOS DE
FIBRAS VEGETAIS MODIFICADAS QUIMICAMENTE”
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Ambiental, Universidade
Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título: “Mestre em
Engenharia Ambiental – Área de Concentração:
Saneamento Ambiental”
Orientador: Prof. Dr. Laurent Frédéric Gil
Co-orientador: Prof. Dr. Sérgio F. de Aquino
Ouro Preto, MG
2008
P436r
Pereira, Flaviane Vilela
Remoção de íons zinco (II) de efluentes derivados de processos de
galvanoplastia utilizando rejeitos de fibras vegetais modificadas
quimicamente [manuscrito] / Flaviane Vilela Pereira. - 2008.
xvi, 113f. : il., color; graf.; tabs.
Orientador: Prof. Dr. Laurent Frédéric Gil.
Co-orientador: Prof. Dr. Sérgio Francisco de Aquino.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.
Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Mestrado em Engenharia
Ambiental.
Catalogação: [email protected]
II
III
Aos meus queridos e admiráveis pais eu
dedico pelo incentivo e pelo exemplo de
vida, ao meu amável orientador Laurent
pela
oportunidade,
aprendizagem,
sincera amizade e pelo carinho.
IV
pela
Agradecimentos
Primeiramente a Deus eu rendo graças e louvores por mais uma etapa de vida
concluída e pelas grandes vitórias alcançadas no decorrer deste período.
Aos meus pais, Evandro e Alba, agradeço pelo amor incondicional, pelo apoio e
força que me deram enquanto estive longe, sempre me incentivando e ensinando-me a
tomar decisões sábias com objetivos e propósitos visando sempre um caminho honesto a
seguir. Aos meus irmãos, Flavio e Jônatas, que sempre me incentivaram demonstrado todo
carinho por mim.
Ao meu namorado, Alexandre, que me ajudou a superar os obstáculos com suas
palavras singelas de conforto e carinho e pelo seu amor que me deu forças para continuar a
lutar e alcançar meus ideais. Obrigada, querido, pelo amor!
Ao meu orientador, Laurent, que me ofereceu a oportunidade e confiou a mim a
realização deste trabalho, crendo sempre na minha capacidade em desenvolvê-lo. Agradeço
pela sua amizade, por todo incentivo e compreensão, por todos os ensinamentos
concedidos a mim durante esta etapa da minha vida.
A Prof.ª Tânia, sempre presente e prestativa, que me auxiliou na conclusão deste
trabalho. Obrigada pela dedicação e amizade!
Ao Leandro sempre prestativo, pelo apoio dedicado para o desenvolvimento deste
trabalho. Agradeço por sua dedicação e amizade!
Aos alunos de iniciação científica Dalila, Bruno, Fernando, Graciele, Sílvia e aos
demais pela colaboração. Obrigada pelo apoio e a amizade.
V
A todos vocês que me ajudaram a adaptar ao meu novo ambiente de trabalho, pela
recepção afetiva da Graziela, aos ensinamentos do Leandro e Osvaldo na etapa inicial deste
trabalho.
Vocês foram embora e deixaram saudades e também aprendizado na vida.
Àqueles ainda presentes, Marcela, querida e companheira, pela amizade. A Juliana pelos
momentos de descontração.
Aos amigos do mestrado Aniel, Davi, Fernanda, Gustavo que me apoiaram e me
acompanharam nesta jornada. Obrigada pela amizade!
Ao Prof. Sérgio, sempre disponível para discutir os resultados, compartilhar seu
conhecimento e também disponibilizar seu laboratório. Obrigado pelos ensinamentos.
Ao Prof. Cornélio, Robson, Maurício, Versiane, José Fernando e Prof.ª Cláudia
Guedes e Kátia que me auxiliaram no desenvolvimento das análises deste trabalho.
Obrigado pela amizade e ensinamentos.
Aos laboratórios de geoquímica e de biologia molecular e celular, que forneceram
os equipamentos necessários para qualificação e quantificação dos resultados.
À indústria de galvanoplastia fornecedora da matéria de desenvolvimento dos
estudos realizados.
Aos técnicos dos laboratórios de ensino, Geraldino, João, Cirico, Chicão, Pacheco e
a todos que de espontânea vontade me ajudaram.
À Universidade Federal de Ouro Preto, em especial ao Programa de Pós-graduação
em Engenharia Ambiental, pela oportunidade de realizar este trabalho e pela bolsa
conncedida.
VI
Sumário
Lista de Figuras .................................................................................................................. X
Lista de Tabelas ................................................................................................................. XI
Lista de Esquemas ..........................................................................................................XIII
Lista de Abreviações e Símbolos ................................................................................... XIV
Resumo ............................................................................................................................ XVI
Abstract ........................................................................................................................ XVIII
Capítulo 1 ............................................................................................................................. 1
1. Introdução ..................................................................................................................... 1
1.1. Poluição dos Sistemas Hídricos................................................................................ 1
1.2. As indústrias como fonte poluidora de metais pesados............................................ 2
1.3. Remoção de metais pesados de efluentes líquidos ................................................... 3
1.4. Objetivos................................................................................................................... 5
1.5.1. Objetivo geral ..................................................................................................... 5
1.5.2. Objetivos específicos.......................................................................................... 5
Capítulo 2 ............................................................................................................................. 7
2. Revisão Bibliográfica.................................................................................................... 7
2.1. Indústria de galvanoplastia ....................................................................................... 7
2.1.1. Descrição do Processo Industrial e Geração de Poluentes ................................ 7
2.1.2. Impacto ambiental e desafios ........................................................................... 13
2.2. Zinco....................................................................................................................... 15
2.3. Adsorção................................................................................................................. 19
2.3.1. Termodinâmica da Adsorção............................................................................ 19
2.3.2. Isoterma de adsorção em batelada para íons metálicos .................................... 22
2.3.3. Adsorção em Leito Fixo de íon metálico.......................................................... 26
2.4. Adsorventes a base de fibras vegetais .................................................................... 30
2.4.1. Celulose, Hemicelulose e Lignina .................................................................... 31
2.4.2. Bagaço da Cana-de-Açúcar .............................................................................. 35
2.4.3. Madeira............................................................................................................. 37
2.4.4. Modificação química da fibra lignocelulósica.................................................. 39
2.5. Remoção de íons zinco (II) por adsorção ............................................................... 44
Capítulo 3 ........................................................................................................................... 46
3. Materiais e métodos.................................................................................................... 46
3.1. Materiais ................................................................................................................. 46
3.1.1. Reagentes.......................................................................................................... 46
3.1.2. Matéria-prima para os adsorventes................................................................... 47
3.1.3. Solução aquosa e efluente contendo íon Zn2+ .................................................. 47
3.2. Metodologia Experimental ..................................................................................... 48
3.2.1. Preparação do bagaço e serragem..................................................................... 48
3.2.2. Caracterização dos adsorventes ....................................................................... 50
3.2.3. Análises físico-químicas do efluente industrial................................................ 51
3.2.4. Ensaios de adsorção em batelada...................................................................... 54
3.2.5. Ensaio de adsorção em coluna ......................................................................... 56
VII
3.2.6. Ensaio de dessorção.......................................................................................... 56
3.2.7. Projeto de coluna em escala industrial ............................................................. 57
Capítulo 4 ........................................................................................................................... 58
4. Resultados e Discussão ............................................................................................... 58
4.1. Síntese e caracterização dos materiais BMAs1, BMAs2, SMAs1 e SMAs2 ......... 58
4.2. Síntese e caracterização dos materiais BMDe, SMDe ........................................... 60
4.3. Análise Térmica...................................................................................................... 62
4.4. Adsorção em batelada para o íon Zn2+ pelo BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe .... 64
4.4.1. Estudos em solução aquosa .............................................................................. 64
4.4.2. Estudos com efluente........................................................................................ 70
4.4.3. Interferência de outros íons .............................................................................. 77
4.5. Adsorção em coluna para o íon Zn2+ pelo BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ...... 81
4.5.1. Curvas de trespasse de Zn2+ para BMAs2 e SMAs2 ........................................ 83
4.5.2. Desorção da coluna .......................................................................................... 88
4.5.3. Projeto em escala industrial.............................................................................. 90
4.5.4. Estimativa econômica para o projeto................................................................ 93
Capítulo 5 ........................................................................................................................... 96
Conclusão ........................................................................................................................ 96
Capítulo 6 ........................................................................................................................... 98
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 98
VIII
Lista de Figuras
Figura 2.1 - Pontos de geração de poluentes em processo típico de galvanoplastia ............. 9
Figura 2.2 - Ilustração do princípio de um processo de eletrodeposição ............................ 11
Figura 2.3 - Fluxograma do processo de zincagem típico e geração dos poluentes............ 18
Figura 2.4 - Tipos de isotermas ........................................................................................... 21
Figura 2.5 - Curva de trespasse típica mostrando o movimento da zona de transferência de
massa (Zs) com o volume tratado ........................................................................................ 27
Figura 2.6 - Estrutura química da celulose .......................................................................... 31
Figura 2.7 - Estruturas dos principais componentes das polioses ....................................... 33
Figura 2.8 – Monômeros precursores da lignina ................................................................. 34
Figura 2.9 - Estrutura da lignina proposta por Nimz (1974) ............................................... 35
Figura 2.10 - Fórmula molecular do ácido etilenodiminotetraacético (EDTA) .................. 42
Figura 4.1 - Espectro na região do infravermelho do B e BMAs2(a) e do S e SMAs2(b).. 59
Figura 4.2 - Espectro na região do infravermelho do B e BMDe(a) e do S e SMDe(b) ..... 62
Figura 4.3 - TGA dos materiais (a) BMAs2; (b)BMDe; (c) SMAs2 e (d) SMDe .............. 63
Figura 4.4 - Adsorção do íon Zn2+ em solução aquosa em função do tempo...................... 65
Figura 4.5 - Adsorção do íon Zn2+ em solução aquosa em função do pH........................... 66
Figura 4.6 – Estabilização do íon Zn2+ adsorvido por SMDe e BMDe ............................... 67
Figura 4.7 – Isotermas de adsorção q em função de c para íons Zn2+ em solução aquosa
pelos materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe .............................................................. 68
Figura 4.8 - Isotermas de Langmuir linearizada c/q em função de c para íons Zn2+ pelos
materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ....................................................................... 69
Figura 4.9 - Eficiência de remoção de Zn2+ em função do tempo....................................... 72
Figura 4.10 - Eficiência de remoção de Zn2+em função do pH........................................... 73
Figura 4.11 - Eficiência de remoção de Zn2+em função da concentração ........................... 74
Figura 4.12 - Isoterma de adsorção de Langmuir de íons Zn2+ no efluente......................... 76
Figura 4.13 – Representação do ensaio de adsorção em escala laboratorial. (1) Solução de
alimentação (efluente contendo Zn2+), (2) Bomba peristáltica, (3) Algodão, (4) Coluna de
leito fixo preenchida com material adsorvente (BMAs2 ou SMAs2), (5) Efluente à coluna
(efluente tratado).................................................................................................................. 81
Figura 4.14 – Ilustração da coluna preenchida com (a) BMAs2 e (b) SMAs2 ................... 82
Figura 4.15 – Ilustração do ensaio de adsorção em coluna em escala laboratorial ............. 82
Figura 4.16 – Curva de trespasse para BMAs2 e SMAs2 ................................................... 84
Figura 4.17 - Microscopia eletrônica de varredura para os materiais sem prévia adsorção (a)
BMAs2 e (a’) SMAs2 e após ensaio de adsorção em coluna para os materiais (b) BMAs2 e
(b’) SMAs2 .......................................................................................................................... 86
Figura 4.18 – Curva de dessorção para BMAs2 e SMAs2 em função da concentração do
metal no efluente a coluna versus volume eluido................................................................ 89
Figura 4.19 – Curva de ln [(co /c) -1] versus V(mL) do modelo de Thomas para adsorção de
íons Zn2+ no efluente pelo BMAs2 e SMAs2 ...................................................................... 91
IX
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Etapas de um processo de galvanoplastia típico ............................................... 8
Tabela 2.2 - Principais poluentes encontrados nas atividades de galvanoplastia.................. 9
Tabela 2.3 - Soluções típicas de deposição de zinco........................................................... 18
Tabela 2.4 - Relação entre o fator RL e o tipo de Isoterma ................................................. 25
Tabela 2.5 - Composição média do bagaço de cana ........................................................... 36
Tabela 2.6 - Composição química aproximada do bagaço de cana integral de várias regiões
do mundo em % (calculado considerando a base seca) ...................................................... 37
Tabela 2.7 - Composição química elementar da madeira percentual em relação ao peso
seco ...................................................................................................................................... 38
Tabela 2.8 - Composição média de macromoleculares e extrativos de madeiras de coníferas
e folhosas ............................................................................................................................. 38
Tabela 2.9 - Resumo de algumas modificações químicas de resíduos vegetais como uso de
adsorventes para remoção de íons de metais pesados em soluções aquosas ....................... 40
Tabela 2.10 - Resumo de algumas modificações químicas de resíduos vegetais como uso
de adsorventes para remoção de íons de metais pesados em soluções aquosas .................. 42
Tabela 2.11 - Capacidade de adsorção máxima de íons Zn2+ por diversos adsorventes ..... 45
Tabela 4.1 - Ganho de massa e a concentração de funções ácidas de BMAs1 e SMAs1 ... 58
Tabela 4.2 - Ganho de massa e análise elementar de BMDe e SMDe ................................ 61
Tabela 4.3 - Resultados das análises termogravimétricas dos materiais ............................. 63
Tabela 4.4 - Quantidade adsorvida de íons Zn2+ em solução aquosa por tempo para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe...................................................................................................... 64
Tabela 4.5 - Quantidade adsorvida de íons Zn2+ em relação ao pH da solução aquosa para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ....................................................................................... 66
Tabela 4.6 - Resultados da isoterma de adsorção de íons Zn2+ em solução aquosa para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ....................................................................................... 68
Tabela 4.7 - Parâmetros de Langmuir para a adsorção de Zn2+ em BMAs2, SMAs2, BMDe
e SMDe ................................................................................................................................ 69
Tabela 4.8 - Valores de RL e (∆G) para a adsorção de Zn2+ na solução aquosa para os
materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ....................................................................... 70
Tabela 4.9 - Porcentagem adsorvida de íons Zn2+ no efluente por tempo para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe...................................................................................................... 71
Tabela 4.10 - Porcentagem adsorvida de íons Zn2+ em relação ao pH do efluente para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ....................................................................................... 73
Tabela 4.11 - Porcentagem adsorvida de íons Zn2+ em relação à concentração dos
adsorventes BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe ................................................................... 74
Tabela 4.12 - Resultados da isoterma de adsorção de íons Zn2+ no efluente para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe...................................................................................................... 75
Tabela 4.13 - Parâmetros de Langmuir para a adsorção de Zn2+ no efluente em BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe...................................................................................................... 76
Tabela 4.14 - Valores de RL e (∆G) para a adsorção de Zn2+ no efluente em BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe...................................................................................................... 77
Tabela 4.15 - Comparação dos parâmetros obtidos para a adsorção de íons Zn2+ pela
isoterma de Langmuir em solução aquosa e no efluente ..................................................... 77
X
Tabela 4.16 - Caracterização do efluente em termos de concentração e porcentagem de
adsorção de alguns cátions antes e após tratamento ............................................................ 78
Tabela 4.17 - Efeito da interação iônica na adsorção do íon Zn2+....................................... 80
Tabela 4.18 - Quantidade de íons cloretos e surfactantes no efluente................................. 80
Tabela 4.19 - Resultados do ensaio em coluna da concentração efluente a coluna CZn2+
(mg/L) para cada volume eluido na coluna Veluido (mL)...................................................... 83
Tabela 4.20 - Quantidade total do íon Zn2+ adsorvido na coluna para os materiais
adsorventes .......................................................................................................................... 84
Tabela 4.21 - Características dos materiais adsorventes ..................................................... 85
Tabela 4.22 - Caracterização do afluente e efluente a coluna preenchida com BMAs2 e
SMAs2................................................................................................................................. 86
Tabela 4.23 - Mapeamento superficial de elementos nos materiais adsorventes ................ 87
Tabela 4.24 - Resultados do ensaio de dessorção em coluna em função da concentração de
Zn2+ do efluente a coluna, CZn2+ (mg/L), para cada volume eluido, Veluido (mL)................. 88
Tabela 4.25 - Eficiência de recuperação na coluna para os materiais adsorventes ............. 89
Tabela 4.26 - Concentração das funções ácidas (CCOOH) dos materiais adsorventes .......... 90
Tabela 4.27 - Resultados dos valores de ln [(co /c) -1] versus V(mL) do modelo de Thomas
para adsorção de íons Zn2+ no efluente pelo BMAs2 e SMAs2 .......................................... 90
Tabela 4.28 - Resultados dos valores de KTH (mL/min g) e qmax (mg/g) pelo modelo de
Thomas para adsorção de íons Zn2+ no efluente para BMAs2 e SMAs2 ............................ 91
Tabela 4.29 - Massa de adsorvente (M) necessária para projeto em função da concentração
inicial de Zn2+ no efluente ................................................................................................... 92
Tabela 4.30 - Altura de projeto (H) necessária em função do volume ocupado pelos
materiais adsorventes........................................................................................................... 93
Tabela 4.31 - Custos dos materiais adsorventes de projeto para remoção de íons Zn2+ ..... 94
Tabela 4.32 - Custos da resina catiônica Amberlite IRA 120 ............................................. 95
Tabela 5.1 - Comparação entre os parâmetros de adsorção para todos materiais adsorventes
obtidos ................................................................................................................................. 97
XI
Lista de Esquemas
Esquema 1.1 – Rota sintética da modificação do bagaço da cana-de-açúcar e da serragem
de parajú com (a) anidrido succínico e com (b) dianidrido do EDTA .................................. 6
Esquema 2.1 – Rotas sintéticas de introdução de grupo carboxilato em celulose, lignina e
hemicelulose via esterificação a partir do anidrido succínico ............................................. 41
Esquema 2.2 - Rota sintética de introdução de grupos quelantes a partir do anidrido do
EDTA .................................................................................................................................. 43
Esquema 2.3 - Esquema de introdução de EDTA na polialilamina e na quitosana ............ 43
Esquema 3.1 – Esquema do procedimento experimental .................................................... 48
Esquema 4.1 – Rota sintética dos materiais BMAs1, SMAs1, BMAs2 e SMAs2.............. 59
Esquema 4.2 – Rota sintética dos materiais BMDe, SMDe ................................................ 60
Esquema 4.3 – Síntese possível de dupla esterificação a partir do dianidrido do EDTA ... 61
XII
Lista de Abreviações e Símbolos
%GM - Porcentagem de ganho de massa
A - Área da superfície da coluna (m2)
B - Bagaço de cana-de-açúcar
b - Constante de Langmuir (L/mg)
BMAs1 - Bagaço de cana-de-açúcar modificado com anidrido succínico contendo funções
ácido carboxílico
BMAs2 - Bagaço de cana-de-açúcar modificado com anidrido succínico e tratado com
NaHCO3 contendo funções carboxilato
BMDe - Bagaço de cana-de-açúcar modificado com dianidrido de EDTA contendo
funções ácido carboxílico e amina
c - Concentração de soluto em solução no equilíbrio (mg/L)
C - Concentração do metal no afluente (mg/L)
CCOOH - Concentração de funções ácido carboxílico (mmol/g)
CETESB - Companhia Estadual de Saneamento Ambiental
ci - Concentrações de soluto inicial em solução (mg/L)
Co - Concentração do metal no afluente a coluna (mg/L)
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DMF - N,N-dimetilformamida
DQO - Demanda química de oxigênio (mg/L)
EDTA - Ácido etilenodiaminotetraacético
FTIR - Espectroscopia na região do infravermelho com transformada de Fourier
H - Altura da coluna de projeto (m)
ICP-OES - Espectrofotômetro de emissão atômica com fonte plasma
kTH - Constante de Thomas (mL/min mg)
M - Massa de adsorvente (g)
mad - Máxima quantidade de soluto adsorvido (mg)
md - Massa dessorvida do metal (mg)
MEV - Microscopia eletrônica de varredura
PE - Ponto de exaustão
PT - Ponto de trespasse
q - Quantidade de soluto adsorvido por grama do material adsorvente (mg/g)
Q - Vazão volumétrica (mL min-1)
Qlab - Vazão volumétrica do experimento em escala laboratorial (mL min-1)
Qmáx - Quantidade máxima adsorvida (mg/g)
qo - Concentração do soluto na fase sólida (mg/g)
R2 - Coeficiente de correlação
RL - Fator de separação adimensional
S - Serragem de madeira parajú
SDF - Sólidos dissolvidos fixos (g/L)
SMAs1 - Serragem de madeira parajú modificado com anidrido succínico contendo
funções ácido carboxílico
SMAs2 - Serragem de madeira parajú modificado com anidrido succínico e tratado com
NaHCO3 contendo funções carboxilato
XIII
SMDe - Serragem de madeira parajú modificado com dianidrido de EDTA contendo
funções ácido carboxílico e amina
SSF - Sólidos em suspensão fixos (g/L)
SSV - Sólidos dissolvidos voláteis (g/L)
SSV - Sólidos em suspensão voláteis (g/L)
STD - Sólidos totais dissolvidos (g/L)
STD - Sólidos totais dissolvidos (g/L)
STS - Sólidos totais em suspensão (g/L)
TAS - Taxa de aplicação superficial (m3/m2 dia)
TGA - Análise termogravimétrica
v - volume de material adsorvente (m3)
VE - Volume de exaustão (L)
Veluido - Volume eluido na coluna (mL)
VT - Volume de trespasse (L)
Zs - Zonas de sorção (zona de transferência de massa)
∆ - Calor
∆Gº - Energia livre padrão de Gibbs
XIV
Resumo
Inúmeras atividades industriais contribuem para um aumento significativo nas
concentrações de íons metálicos em águas naturais por não tratarem seus rejeitos
adequadamente conforme os padrões estabelecidos pela legislação. A aplicabilidade de
novas metodologias de baixo custo-benefício desenvolvidas tem o intuito de viabilizar um
sistema de tratamento para remoção dos contaminantes oriundos do processo industrial.
Dentre as inúmeras indústrias responsáveis por gerar efluentes líquidos contento íons
metálicos de alta toxicidade ao ser vivo, a galvanoplastia destaca-se.
Neste trabalho novos materiais foram preparados, a partir de resíduos de fibras
vegetais agroindustriais, o bagaço de cana-de-açúcar e a serragem da madeira parajú
(Manilkara sp.), para adsorver íons Zn2+ em solução aquosa e em efluente real da
galvanoplastia. Primeiramente foram obtidos os materiais adsorventes por meio de
modificações químicas do bagaço e da serragem com o anidrido succínico e com o
dianidrido do EDTA. Estes materiais foram caracterizados seguindo o critério de cada
nova função orgânica introduzida e posteriormente foram aplicados em sistemas de
batelada para avaliar a capacidade de adsorção em relação aos íons Zn2+ em solução
aquosa e em efluente da galvanoplastia oriundo da linha de eletrodeposição de zinco,
analisado físico-quimicamente antes e após o tratamento.
Os materiais adsorventes
modificados com o anidrido succínico mostraram um melhor desempenho obtido nos
ensaios em batelada em vista de uma capacidade de adsorção de íon Zn2+ maior em relação
aos modificados com o dianidrido do EDTA, tanto em solução aquosa quanto no efluente.
A capacidade máxima de adsorção do íon Zn2+ em solução aquosa foi de 125,00mg/g,
144,93mg/g, 80,00mg/g e 105,26mg/g para BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe,
respectivamente. Visto que, no efluente existem outros interferentes além do íon metálico
Zn2+ a ser adsorvido, estes valores de adsorção máxima caem para 54,64mg/g, 60,98mg/g,
45,45 mg/g e 47,39mg/g para BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe, respectivamente.
Mediante os resultados mais satisfatórios realizaram-se ensaios de aplicação à remoção de
Zn2+ no efluente em colunas de leito fixo, em escala laboratorial. Por meio destes
resultados e baseando-se na real geração de efluentes de uma indústria de galvanoplastia
XV
localizada em Contagem – MG, um projeto em escala industrial foi traçado obtendo
suportes e dimensões reais necessárias para aplicabilidade destes novos materiais quelantes.
Palavras-chave: bagaço de cana modificado, serragem de madeira parajú modificada,
anidrido succínico, dianidrido do EDTA, adsorção, zinco, efluente (água residuária) da
galvanoplastia, batelada e coluna de leito fixo.
XVI
Abstract
Many industrial activities contribute to a significant increase in the concentrations
of metal ions in natural waters by not adhering to an appropriate treatment in accordance
with the standards established by the legislation. The applicability of new methods of costbenefit has been developed in order to facilitate a system of treatment for removal of
contaminants from the industrial process. The electroplating is one of the industries
responsible for generating wastewater containing metal ions of high toxicity.
In this study new materials are prepared from residues of vegetable fibres,
sugarcane bagasse and wood sawdust (Manilkara sp.), to remove Zn2+ ions in aqueous
solution and in the electroplating wastwater. First the materials adsorbents were obtained
through chemical modification of bagasse and sawdust with succinic anhydride and EDTA
dianhydride. These materials were characterized according to of each new organic function
introduced and later were applied in batch systems to evaluate the ability of adsorption in
relation to Zn2+ ions in aqueous solution and in the electroplating from the zinc
eletrodeposition line. The materials adsorbents modified with succinic anhydride showed
better performance in view of higher capacity for adsorption of Zn2+ cations in relation to
modified with EDTA dianhydride. The maximum capacity of adsorption for the Zn2+ ion in
aqueous solution was 125.00mg/g, 144.93mg/g, 80.00mg/g and 105.26mg/g for materials
modified BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe, respectively. Since, in the wastewater there
are other ions interfering in the metal to be adsorbed, these values of adsorption maximum
decrease to 54.64mg/g, 60.98mg/g, 45,45mg/g and 47,39mg/g for materials modified
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe, respectively. Upon the results more satisfactory tests
were carried out implementing the removal of Zn2+ in the wastewater using fixed-bed
columns, in laboratory scale. For these results and based on the actual wastewater
generation from an electroplating industry located at Contagem - MG, a project on an
industrial scale was realized to find the dimensions required for real applicability of these
new chelating materials.
Keywords: modified sugarcane bagasse, modified wood sawdust, succinic anhydride,
EDTA dianhydride, adsorption, zinc, electroplating wastewater, batch, fixed-bed column.
XVII
Capítulo 1
1. Introdução
As sociedades tecnicamente mais evoluídas tendem a fazer utilização mais
intensiva dos recursos naturais em nosso planeta. A exploração irracional destes tem
levado cada dia mais a sua escassez, podendo gerar conseqüências graves e duradouras.
Grande parte das indústrias são as maiores responsáveis por contaminar e reduzir os
recursos naturais ainda existentes, devido à introdução de seus poluentes gerados no meio
ambiente. Diante deste cenário é necessária a conscientização e a tomada de iniciativas que
minimizem este desequilíbrio ecológico causado. Em virtude disto, novas metodologias de
baixo custo-benefício desenvolvem-se.
1.1. Poluição dos Sistemas Hídricos
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (Art.
225. da Constituição Federal do Brasil)
O Meio ambiente é definido como a totalidade das circunstâncias que envolvem um
organismo ou um grupo de organismos específicos e a combinação das condições físicas
externas que afetam e influenciam o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência dos
organismos. Consiste de flora, fauna e meio abiótico. Incluem os habitats aquáticos,
terrestres e atmosféricos (Duruibe et al., 2007).
A água, que através do ciclo hidrológico poderia ser considerado um recurso
mineral abundante e renovável, hoje começa a desafiar o homem no que tange à sua
disponibilidade com qualidade.
Todas as formas de vida existentes na terra dependem da água. Cada ser humano
necessita consumir diariamente 3 litros de água doce para manter-se vivo. Contudo, cerca
de 97% da água está nos oceanos, indisponível para consumo humano e para maioria dos
usos agrícolas. Somente uma média de 3% da água do mundo é doce, sendo que dentre este,
três quartos estão contidos nas geleiras e calotas polares. Lagos e rios são as principais
1
fontes de água potável, mesmo constituindo, em seu conjunto, menos de 0,01% do
suprimento total de água (Baird, 2002).
Um dos graves problemas da sociedade brasileira é decorrente das diferentes fontes
de poluição, que atuam sobre a qualidade da água utilizada pela população, bem como
sobre a qualidade das águas necessárias à conservação ambiental dos sistemas hídricos
brasileiros (Santos, 2005).
Segundo a Lei nº 6.938/81 da Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 3º,
inciso III, a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a
biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
Atualmente, um dos problemas mais sérios que afetam o meio ambiente é a poluição
química de natureza orgânica ou inorgânica, decorrente dos despejos residenciais e
industriais (Aguiar et al., 2002). Vários são os poluentes descartados nos rios, incluindo
metais pesados, óleos, pesticidas, corantes, tensoativos, entre outros (Schneider e Rubio,
2003).
1.2. As indústrias como fonte poluidora de metais pesados
A expressão “metal pesado” refere-se a alguns elementos metálicos que tem
densidade relativamente alta sendo tóxico ou nocivo até mesmo em baixa concentração.
“Metal pesado” é um termo generalizado, utilizado para o grupo de metais e semimetais
(metalóides) com densidade atômica maior que 4g/cm3 (Duruibe, 2007). No entanto, há
divergências quanto à definição de metais pesados com base na densidade, pois alguns
autores definem outros valores de densidade. Bjerrum (1936 apud Duffus, 2002) define
esta densidade como sendo acima de 7 g/cm3; Parker (1989), Lozet e Mathieu (1991), e
Morris (1992) definem como maior que 5 g/cm3; Streit considerou a densidade de 4,5
g/cm3; e Thornton escolheu 6 g/cm3 (Duffus, 2002). Porém, conforme Duffus (2002) o uso
deste termo, em geral, está associado à contaminação e toxicidade do elemento, sendo que
cada espécie metálica e composto devem ser tratados separadamente em concordância com
as suas propriedades químicas, biológicas e toxicológicas. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (1984), os metais que mais preocupam são: mercúrio, cádmio, o chumbo,
2
cromo, zinco, cobre, alumínio, manganês, ferro, cobalto e níquel. Para estes, de acordo
com a Portaria 1.469 do Ministério da Saúde, foi estabelecido padrões de potabilidade.
Devido aos prejuízos que, por alguns serem substâncias altamente tóxicas, os metais
pesados podem causar aos ecossistemas aquáticos naturais. A legislação também vigora
quanto aos padrões de classificação das águas naturais e de emissão de águas residuárias.
Inúmeras atividades industriais têm contribuído muito para um aumento significativo
nas concentrações de íons metálicos em águas naturais, devido ao lançamento de seus
efluentes (Jimenez et a.l, 2004). As indústrias de galvanoplastia, por exemplo, apresentam
um elevado potencial poluidor, pois geram grande quantidade de efluentes líquidos e
resíduos sólidos contendo metais pesados. O fato de estas indústrias serem de grande
importância ambiental é porque em seu processo de tratamento envolve técnicas de
deposição metálica nas superfícies das peças com diversas finalidades, desde a proteção até
o embelezamento. Portanto, todos os metais utilizados no processo de tratamento
superficial estarão também presentes em seus rejeitos. Com isso, as galvanoplastias devem
utilizar técnicas adequadas para a remoção destes metais de seus efluentes gerados antes de
descartarem em um corpo d’água ou até mesmo reutilizar esta água tratada em seu
processo.
Considerando a extrema relevância do assunto, que diz respeito à qualidade da água
em nosso país, tão ameaçada pela degradação ambiental e por pressões oriundas de
interesses das mais variadas origens, foi promulgada a resolução 357/05 do Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) que também estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes pela indústria geradora.
1.3. Remoção de metais pesados de efluentes líquidos
Os critérios de seleção do tipo e grau de tratamento estão também relacionados às
exigências da Legislação Ambiental, cuja peça fundamental, no âmbito federal, no Brasil, é
a Lei 6938, de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA).
Convencionalmente, a remoção de grande parte do conteúdo de metais dissolvidos se
dá pela precipitação química de carbonatos, sulfetos, óxidos e de hidróxidos metálicos.
Sendo este último o mais observado, onde, através da adição de um agente alcalino o pH
do meio é ajustado em uma faixa de valor normalmente de 8,0 a 9,0 (Pasqualini, 2004), e a
3
temperatura rigidamente controlada também nos quais formam-se hidróxidos metálicos ou
óxidos que apresentam reduzida solubilidade. Processos subseqüentes de sedimentação e
filtração são então realizados. Entretanto, embora este método seja relativamente simples e
econômico, gera um grande volume de lodo e, dependendo do metal e das características
químicas dos efluentes, após a filtração final o efluente pode apresentar concentrações
residuais de metais na faixa de alguns miligramas por litro acima das normas de
lançamento vigentes, sendo necessária a aplicação de um processo complementar para o
polimento final do efluente (Francischetti, 2004 ; Jimenez et al., 2004).
Alternativas, tais como a extração com solventes, a flotação, redução, e técnicas mais
avançadas como troca iônica, processos com membranas (osmose reversa, ultrafiltração e
eletrodiálise) são empregadas (Sonune e Gathe, 2004), porém problemas técnicos, custos
de operação ou dos materiais utilizados inviabilizam economicamente o processo de
tratamento dos efluentes. Desta forma, muitas pesquisas têm sido dirigidas na busca de
processos e materiais alternativos, de baixo custo e de boa eficiência, que removam os
elementos metálicos do meio aquoso e a adsorção tem sido considerada como um dos mais
efetivos e largamente utilizados (Ngah et al., 2002; Han et al., 2006).
Diversos são os materiais adsorventes utilizados em técnicas de adsorção para a
remoção dos resíduos metálicos gerados, sejam eles orgânicos (carvão ativado, biomassas,
etc) ou inorgânicos (zeólitas, argilas, etc), sendo estes naturais ou sintéticos (Aklil et al.,
2004). Materiais alternativos tais como subprodutos e resíduos de processos industriais têm
sido avaliados devido a suas alta disponibilidade e acessibilidade, eficiência e a suas alta
competitividade em relação às resinas de troca iônica e carvão ativado (Valdman et al.,
2001), pois podem ser usados como adsorventes que promovem a retenção seletiva e
reversível de cátions metálicos presentes nos efluentes industriais. Dentre estes incluem
serragem da madeira (Sciban et al., 2007), bagaço da cana-de-açúcar (Sciban et al., 2007;
Albertini et al., 2007), fibras de coco (Suksabye et al., 2007), etc. Estes materiais podem
ser modificados quimicamente devido à presença de grupos funcionais reativos, as
hidroxilas, presentes na estrutura de suas fibras e com isto aumentar significativamente a
capacidade de adsorção dos metais devido à introdução de grupos mais ricos em elétrons
adquirindo maiores habilidades de complexação. Estas modificações já têm sido realizadas
por muitos pesquisadores e dependendo do metal a ser adsorvido e do tratamento utilizado,
a capacidade de adsorção do material é equivalente, ou melhor, do que a adsorção de
determinadas resinas comerciais (Rodrigues et al., 2006). Karnitz e colaboradores (2007)
4
modificaram o bagaço da cana-de-açúcar com anidrido succínico, introduzindo funções
ácidos carboxílicos, e posteriormente com poliaminas, introduzindo funções aminas e
obtiveram sucesso para adsorção dos metais Cu2+, Cd2+ e Pb2+ em ambos os materiais
modificados obtidos.
1.4. Objetivos
1.4.1. Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é a aplicação de materiais quelantes na remoção dos
íons zinco presentes em solução aquosa e no efluente proveniente de uma indústria típica
de eletrodeposição.
1.4.2. Objetivos específicos
•
Preparar os materiais adsorventes através da modificação do bagaço da cana e da
serragem da madeira parajú com anidrido succínico e com anidrido do EDTA (Esquema
1.1);
•
Avaliar a capacidade de adsorção de Zn2+ em solução aquosa e no efluente do
processo de galvanoplastia por meio de estudos em batelada;
•
Remover íons Zn2+ do efluente em colunas de leito fixo utilizando os materiais de
melhor desempenho obtido nos ensaios em batelada;
•
Avaliar um projeto em escala industrial utilizando o modelo cinético proposto por
Thomas por meio de estudos em coluna;
•
Avaliar a recuperação dos íons Zn2+ adsorvidos pelo estudo em coluna;
•
Fazer análise econômica dos materiais adsorventes obitidos.
5
O
(b)
O
O
N
N
O
O
O
N
O
1)
O
O
DMF, ∆
OH
O
O Na
Bagaço de cana (B)
ou
Serragem (S)
O
O
O Na
O
N
O
2) NaHCO3
(a)
O Na
BMDe
ou
SMDe
Piridina, ∆
O
O
OH
O
O
O
O
OH
O
O Na
O
NaHCO3
O Na
O
O
O
BMAs1
ou
SMAs1
O
BMAs2
ou
SMAs2
Esquema 1.1 – Rota sintética da modificação do bagaço da cana-de-açúcar e da serragem
de parajú com (a) anidrido succínico e com (b) dianidrido do EDTA
6
Capítulo 2
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Indústria de galvanoplastia
A galvanoplastia é um ramo da indústria metal-mecânica relacionada à proteção
superficial de determinadas peças metálicas, poliméricas ou cerâmicas por meio de
processos químicos ou eletroquímicos. Este processo consiste na deposição de uma fina
camada metálica na superfície do material. O emprego da deposição metálica tem como
finalidade aumentar a durabilidade, proteger contra a corrosão, embelezamento, melhorar
as propriedades superficiais quanto à resistência, espessura, condutividade, lubrificação,
capacidade de estampar, etc (Bosco et al., 2003; Pasqualini, 2004; Tocchetto et al., 2006).
A galvanoplastia tem aplicação nos seguintes ramos de atividades: indústria
automotiva, indústria de bijuterias, construção civil, indústria de utensílios domésticos,
indústria de informática, indústria de telefonia e recuperação de objetos decorativos (SESI
et al, 2007).
2.1.1. Descrição do Processo Industrial e Geração de Poluentes
Como um fato isolado, as indústrias de galvanoplastia utilizam grandes volumes de
água em seus processos, pois para cada tipo de acabamento existe uma seqüência de
tratamento, que necessita de águas de lavagem após a imersão das peças nos banhos,
produzindo efluentes líquidos com características diversas (Bresaola Jr., 2005). Segundo
Sankararamakrishnan et al. (2007) em comparação com outras indústrias esta quantidade
de água utilizada no processo é menor, o que caracteriza um efluente gerado altamente
tóxico devido à alta concentração de metais pesados, utilizados no processo.
A seqüência de banhos do processo de galvanoplastia consiste de três etapas
(Tabela 2.1): pré-tratamento, tratamento (revestimento ou deposição metálica) e póstratamento. Os pontos de geração de poluentes, tais como, emissões gasosas, resíduos
sólidos e efluentes líquidos estão apresentados no fluxograma genérico (Figura 2.1) e os
7
principais poluentes que apresentam considerável grau de toxicidade para os seres vivos
estão apresentados na Tabela 2.2.
Tabela 2.1 - Etapas de um processo de galvanoplastia típico
Tipo
Produtos
Finalidade
Pré-tratamento
Escovação, lixamento, polimento e
Remover excesso de material, camadas
jateamento
defeituosas, conferindo, ao substrato uma
melhor superfície
Tratamento
Desengraxantes químicos e
Remover da superfície metálica óleos, graxas e
eletrolíticos, decapantes
óxidos
Sais e aditivos para
Deposição de uma película metálica sobre o
eletrodeposição de metais (zinco e
substrato, conferindo-lhe resistência à corrosão,
ligas, níquel, cobre, cromo e
soldabilidade ou aparência visual.
estanho)
Pós-tratamento
Fosfatização para pintura,
Formação de uma película de conversão que
oleamento e deformação a frio
confere aderência ao substrato ou ancoragem de
óleos e sabões
Cromatizantes (passivadores)
Anticorrosão e melhora do aspecto visual
Oxidantes para ferro, cobre, latão e
Aspecto visual
zinco
Selantes organo-minerais,
Aumentar resistência à corrosão dos
orgânicos solúveis em água e
cromatizantes
Inorgânicos
Óleos desaguantes e vernizes
Aumentar resistência à corrosão
orgânicos
Fonte: Adaptado e modificado de Azevedo (2004)
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Peças metálicas
Emissões gasosas
Preparação mecânica
Desengraxe
Lavagem
Decapagem
Lavagem
Processo de tratamento
Processo de finalização
Lavagem final
Produto acabado
Efluentes líquidos
Efluente líquido
tratado
Resíduos sólidos
Figura 2.1 - Pontos de geração de poluentes em processo típico de galvanoplastia
Fonte: Adaptado e modificado de Pernambuco (2001)
Tabela 2.2 – Principais poluentes encontrados nas atividades de galvanoplastia
Atividades Geradoras
Poluentes
Processo de origem
Processos galvânicos
Crômicos
Cromatizantes; Passivadores; Cromagem
Cianídricos
Desengraxante com cianeto; Deposição de
ouro e prata, e de cobre e zinco alcalinos;
Usinagem de metais
Quelatizados
Deposição química de cobre e níquel;
Passivadores para Fe e Al
Óleos
Usinagem de metais; Retífica de metais
Tratamento térmico,
Gerais
Deposição de cobre e zinco ácidos, zinco
siderúrgicas e metalúrgicas
inorgânicos
sem cianeto alcalino, níquel, estanho e
primárias em geral
chumbo; Anodização; Decapagem ácida;
Desengraxante sem cianeto; Soluções
ácidas e alcalinas
Fonte: Adaptado e modificado de Pernambuco (2001)
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Pré-tratamento
Antes das peças passarem pelo tratamento galvânico, geralmente elas sofrem um
tratamento mecânico e/ou tratamento químico, a fim de retirar o excesso de material que
possa haver nelas para que o revestimento tenha boa aderência, uniformidade e aparência.
(Pasqualini, 2004; SESI et al., 2007). Esta operação é normalmente classificada como prétratamento, em virtude de não incorporar elementos às peças (São Paulo, 2005).
O pré-tratamento mecânico é feito através da escovação, lixamento, polimento e
jateamento, utilizando escovas de aço ou latão, rolos de esmeril ou de lixas, e outros
materiais abrasivos, para a remoção de rebarbas, sulcos, irregularidades, camadas de
óxidos e resíduos de tintas e de solda (SESI et al., 2007). Depois, durante o pré-tratamento
químico, as peças passam por um banho desengraxante, para remoção de óleos e graxas,
parafinas, resinas, cera e similares; seguido de um banho decapante, para remoção de
camada de óxidos, hidróxidos ou outras impurezas sólidas que se formam na superfície, e
uma série de outros banhos químicos que visam limpar a peça para receber a deposição
metálica (Tocchetto et al., 2006).
Há vários métodos de desengraxe: (a) desengraxe por solventes clorados, tais como
o tri e tetracloroetileno (o protocolo de Montreal, instituído em 1987, indicou a eliminação
da produção e o uso destes solventes orgânicos, devido à alta toxicidade e aos impactos
ambientais causados, comprovados agressivos à camada de ozônio); (b) desengraxe aquoso
com solução alcalina, feito com carbonato de sódio, hidróxido de sódio, fosfato, silicato,
detergentes sintéticos, cianeto e complexantes tipo EDTA, glutamato e citrato de sódio; (c)
desengraxe por processos avançados, tal como, o desengraxe eletrolítico, no qual a peça é
polarizada, catodicamente, anodicamente ou alternadamente, em meio alcalino.
Geralmente são utilizadas as soluções alcalinas no processo de desengraxe, podendo ser
leve ou fortemente alcalina. Esta última provoca efeito decapante na superfície, portanto
quando é aplicada normalmente não é realizada um banho decapante posterior. Este
processo é seguido de enxágüe para remover a solução desengraxante da superfície da peça
e evitar contaminação dos banhos seguintes. Já a decapagem é realizada numa solução
ácida, geralmente ácido sulfúrico, clorídrico, fluorídrico, fosfórico ou nítrico, sendo o mais
comum o primeiro (SESI et al., 2007; São Paulo, 2005). Logo após a decapagem, a peça
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deve ser lavada, abundantemente, com água. Essa água pode conter agentes umectantes,
como lauril sulfato de sódio (Pernambuco, 2001).
Tratamento
Esta etapa refere-se à deposição eletrolítica, também chamada de deposição
metálica. Utiliza-se uma célula eletrolítica contendo um banho eletrolítico de sais iônicos
do metal a ser depositado na peça ligada ao pólo negativo (cátodo) da fonte de corrente
contínua (Pasqualini, 2004), conforme ilustrado na Figura 2.2. Os processos mais comuns
são aqueles que utilizam banhos eletrolíticos contendo o cromo, cobre, estanho, níquel ou
zinco, banhos de metais nobres, como ouro, prata, ródio, platina, etc., e banhos do tipo
zinco-liga como Zinco/Ferro, Zinco/Níquel ou Zinco/Cobalto (Choi, 2007).
Peça a ser revestida
Figura 2.2 - Ilustração do princípio de um processo de eletrodeposição
Fonte: Choi (2007)
O tratamento pode se desenvolver numa seqüência de banhos inorgânicos, onde
alguns ocorrem em meio ácido, outros em meio alcalino. A deposição em meio ácido
apresenta maior brilho porque favorece a formação de uma camada mais lisa, porém,
apresenta um inconveniente: na interface entre o metal recoberto e o metal depositado
podem ocorrer reações paralelas de oxi-redução durante o processo, o que dificulta a
aderência adequada. A deposição em solução alcalina não apresenta este inconveniente,
mas tende a formar camadas mais opacas devido ao fato dessas camadas serem compostas
por cristais maiores (Bosco et al., 2003; Pernambuco, 2001).
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Para a cobreação (deposição de cobre), por exemplo, a peça é inicialmente cobreada,
usando-se soluções ácidas que contêm sulfato, fluorborato ou sulfamato de cobre; ou
soluções alcalinas que contêm cianeto de cobre ou pirofosfatos. A seguir faz-se a
niquelação (deposição de níquel) que tem a função de nivelar as imperfeições da peça e, ao
final, recebe ou não uma camada de cromo (cromação), o que confere um visual com um
brilho duradouro à peça que sofreu o depósito e também proporciona um acabamento
durável (Pernambuco, 2001; SESI et al., 2007).
Outro exemplo de processo eletrolítico é a anodização, que promove a formação de
uma película decorativa e protetora superficial, uniforme e controlada, de um óxido do
próprio metal. Um processo de anodização bastante conhecido é o caso do alumínio. Este
metal é oxidado, formando uma camada protetora de óxido de alumínio (alumina) na
superfície do alumínio (Stevenson Jr., 1994).
Alguns aditivos são utilizados no processo de deposição tais como os
abrilhantadores que ajudam a diminuir o tamanho dos cristais durante a deposição da
camada, portanto, são adicionados aos banhos para conferir um maior brilho. Alguns
exemplos destes são: o carbonato de potássio, xantonato de sódio, 1,4 – butindiol e o álcool
propargílico. Uma outra substância amplamente empregada é o íon cianeto (CN-),
adicionado na solução sob a forma de um sal básico, apesar de potencialmente tóxico ele é
o mais eficiente complexante de metais conhecido, sendo este o fator determinante para o
seu massivo emprego (Bosco et al., 2003).
Pós-tratamento
Com objetivo de melhorar as características dos revestimentos para dar um
acabamento à peça, foram desenvolvidos pós-tratamentos superficiais. As peças podem
passar pelos processos de lavagem com água fria ou quente; secagem em centrífuga, estufa
ou jatos de ar; banho de óleo para embalagem e proteção; e com o intuito de conferir uma
maior resistência à corrosão, utilizam-se substâncias químicas, que atuam como vernizes;
selantes e passivadores (oxidantes para ferro, cobre, latão, zinco, etc) (SESI et al., 2007).
Os processos de passivação mais aplicados são os processos de cromatização (uso
de cromatos) e fosfatização (uso de fosfatos).
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Para aumentar a resistência à corrosão e à abrasão da camada de metal depositada
na etapa de revestimento e melhorar o seu aspecto visual, realiza-se a cromatização, que
confere diferentes colorações, dependendo da espessura da mesma (Adhoum et al., 2004).
As camadas cromatizadas, por meio de tratamento químico, são formadas pela reação
química de oxi-redução entre a superfície do metal (ferro, zinco, alumínio, etc.) e um
banho de cromatização, composto basicamente por íons de cromo hexavalente (Bertorelle,
1977). Durante esta reação ocorre a oxidação do metal a sua valência (bivalente ou
trivalente) e o cromo hexavalente é reduzido ao estado trivalente. A película de cromato
resultante adere ao metal e confere uma barreira auto-protetiva contra fatores atmosféricos.
É nescesário eliminar o uso do cromo hexavalente, pois é uma substância cancirogênica
(Hagans e Hass, 1994). Atualmente estão sendo propostas diversas alternativas, entre elas
tratamentos de passivação a base de cromo trivalente, de molibdênio, de terras raras e o
emprego de resinas (Santos e Freire, 2002).
O processo de fosfatização tem como principal finalidade preparar a superfície
metálica para reter tintas e outros revestimentos, adquirindo uma boa aderência destes e,
contudo, impedir o desenvolvimento de processos corrosivos (SEBRAE - MG, 2005). A
fosfatização ocorre por processo químico, a partir do qual é obtida uma camada de fosfato
de pequena espessura, cristalizada sobre superfícies metálicas (Choi, 2007).
Para conferir características adicionais à proteção dessas camadas passivadoras
formadas, utiliza-se filmes protetores (selantes) e vernizes.
2.1.2. Impacto ambiental e desafios
A galvanização está entre os inúmeros processos classificados como de elevado
potencial poluidor pela norma NBR 10004/2004. A questão ambiental relacionada ao
tratamento de superfícies se refere ao consumo de energia, de água, de matérias-primas, de
emissões gasosas (Tocchetto et al., 2006), de gerar grande quantidade de efluentes líquidos
e resíduos sólidos contendo metais pesados (Cavaco et al., 2007). Por estes apresentam
forte tendência a bioacumulação, irão afetar de forma drástica o meio ambiente, podendo
causar sérios problemas de saúde na população humana, seres vivos e sistemas ecológicos
(Sankararamakrishnan et al., 2007). Alguns efeitos podem ser observados rapidamente;
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outros levam alguns anos até se manifestarem em sua forma mais agressiva (Bosco et al.,
2003; Bresaola Jr., 2005).
O estabelecimento de estratégias, como a minimização de consumo de matériasprimas, energia e água; minimização de emissões, resíduos e controle da poluição;
aumento da segurança no manuseio de substâncias químicas e redução dos acidentes
ambientais deve ser o alvo atingido pelas indústrias. (Tocchetto et al., 2006)
A minimização na geração de efluentes líquidos e o reuso das águas é amplamente
estudada como forma de reduzir o impacto ambiental e pode conduzir a uma economia
significativa dentro do contexto global da empresa. Em muitas indústrias, já é comum o
reuso das águas em sistemas de refrigeração, alimentação de caldeiras, lavagens de gases e
em lavagens de pisos e equipamentos (Bresaola Jr., 2005). No Brasil existem muitas
empresas que utilizam esta tecnologia de deposição metálica e algumas fazem parcerias
com o órgão ambiental de sua região para a elaboração de alternativas de redução de seus
efluentes. (Pasqualini, 2004)
Além dos metais pesados presente nos efluentes líquidos da galvanoplastia, outra
preocupação são os cianetos e o cromo hexavalente, que estão entre os principais alvos da
CETESB e causam graves danos à saúde.
As empresas de tratamento de superfícies buscam diferenciais econômicos e
tecnológicos visando o uso de produtos menos danosos ao ambiente. Nos dizeres de
Hjeresen et al. (2002), a eliminação do uso de substâncias químicas perigosas melhora o
processo, aumenta a produtividade e a competitividade, enquanto ataca a questão
ambiental e o consumo de recursos naturais.
Algumas destas empresas, que adotam este lema, são relatadas por Azevedo (2004).
É o caso da empresa Tecnorevest de Barueri-SP, uma das representantes da indústria
nacional, a qual vende produtos de toda a linha de tratamento de superfícies metálicas. Esta
já oferece ao mercado brasileiro algumas novidades, como banhos isentos de cianetos, tais
como, banhos de cobre alcalino e zinco sem cianetos; deposição eletrolítica de cromo sem
a necessidade usual de uma pré-camada metálica de deposição química; formulações à
base de cromos trivalentes; produtos que removem camadas de pintura para reuso da peça
sem cloreto de metileno e sem fenol; vernizes eletroforéticos. A multinacional Atotech,
instalada em Taboão da Serra-SP, também investe alto nos produtos menos poluentes, tais
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como os desengraxantes biológicos, tensoativos biodegradáveis, introduzidos no Brasil em
1998. A Labrits Química, de São Paulo, oferece produtos de passivação isentos de cromo
hexa ou trivalente. A multinacional alemã, Surtec, de São Bernardo do Campo-SP, é a
dona da patente mundial dos produtos de passivação à base de cromatos trivalentes,
aplicados geralmente em superfícies zincadas, com resultados de resistência à corrosão
melhores que os dos produtos à base de cromo hexavalente disponíveis no mercado. Ao
lado dos cromatos trivalentes, a empresa tem mais duas linhas de produtos para atender a
requisitos ambientais mais estreitos. Mais que um simples banho de zinco isento de
cianetos, a Surtec oferece um processo completo, em que são utilizados eletrodos inertes
catalisados dissolvidos em uma câmara (o operador é responsável por alimentar o banho
com zincato de sódio), combinados a um gerador automático de zinco no banho e um
controle rigoroso das grandezas voltométricas do processo, de modo a manter a operação
no ponto ótimo, com as flutuações totalmente atenuadas. Este conceito integrado já foi
instalado em duas grandes empresas no Brasil, e pode possibilitar à Surtec tornar-se
fornecedora também da matriz de uma dessas empresas.
2.2. Zinco
A presença de zinco é comum em águas naturais e pode ser encontrado em diversas
formas químicas, desde como íons hidratados e complexos com compostos inorgânicos ou
com compostos orgânicos (USEPA, 2005). O óxido de zinco e o carbonato de zinco são
praticamente insolúveis em água, porém, o cloreto de zinco é bastante hidrossolúvel.
Encontra-se geralmente na forma bivalente em suas combinações. Quando em solução
apresenta-se em diferentes espécies. Conforme relata Mohan e Singh (2002), a hidrólise do
zinco é despresível até pH menor que 7, porém forma diferentes espécies a pH maiores.
Para pH na faixa de 4,0 a 10,0 estará na forma de Zn (OH)2, e em pH de 10,0 a 14,0 estará
na forma de Zn (OH)3- e/ou Zn(OH)23- (Francischetti, 2004).
O zinco é um elemento-traço essencial para a saúde humana. De acordo com Parey
(1999) ele é componente de mais de 70 enzimas do organismo humano, participando da
expressão do DNA e do crescimento (Atkins e Jones, 2006). Segundo o mesmo autor, o
15
zinco tem efeito positivo na cura de ferimentos e a sua deficiência provoca atrasos de
desenvolvimento e crescimento, anemia, entre outras coisas.
O zinco em concentrações acima de 5,0mg/L confere sabor à água e certa
opalescência às águas alcalinas. Sob estas condições o zinco é considerado tóxico
(Deliyanni et al., 2007) e, segundo a Organização Mundial de Saúde (1984), é um dos
metais que mais preocupam, dentre outros, pois doses altas de sais de zinco quando
ingeridos podem ser prejudiciais para a saúde humana, provocando perturbações do tratointestinal. Porém a toxicidade do zinco para o sistema aquático é muito maior do que para
os organismos de sangue quente (Parey, 1999).
O metal zinco é um nutriente essencial para o metabolismo dos animais, por
participar de várias funções específicas, tendo importância estrutural e/ou funcional em
mais de 300 enzimas e outras proteínas. Porém, Vallee e Falchuk (1993) relatam que os
seres vivos também apresentam fragilidade quanto à exposição excessiva a este metal.
Níveis de zinco superiores ao exigido pelo animal implicam em gastos de energia,
consumo protéico e síntese de enzimas, a metalotioneína, para a excreção deste metal que
além de reduzirem o desempenho do animal, provocarão distúrbios metabólicos e
fisiológicos (Sá et al., 2005). A metalotioneína é uma proteína que contém 60 a 68
aminoácidos, dos quais 20 são cisteínas (Mafra e Cozzolino, 2004) ricas em enxofre. A
função da metalotioneína é regular o metabolismo do zinco, pois possui muitos grupos
sulfidrila, os quais são responsáveis em complexar o íon Zn2+ ingerido, sendo o complexo
eliminado mais tarde pela urina. Este metal acumula em organismos aquáticos e os valores
do fator de bioconcentração (FBC) para peixes de água doce e peixes marinhos foram
relatados da ordem de 1.000 e 2.000, respectivamente, para algas aquáticas de 1.000 e de
10.000 para invertebrados aquáticos (Fishbein, 1981).
O zinco acumula-se no sedimento, onde cerca de 45 a 60% esta no sedimento de
forma residual e, portanto, não é acessível para organismos aquáticos, porém, ele pode ser
re-solubilizado do sedimento através da formação de complexos (Francischetti, 2004).
São escassos estudos com outros organismos aquáticos, portanto, sendo o zinco um
elemento mineral essencial em doses adequadas, é necessário observar os padrões para
águas reservadas ao abastecimento público que indicam 5,0mg/L como o valor máximo
permissível, conforme a portaria 518/2004 do Ministério da Saúde.
16
Os íons Zn2+ também estão presentes no solo, fortemente adsorvidos em pH 5 ou
maior, em concentrações variáveis entre 10 e 3000 mg/kg e com baixa mobilidade na
maioria dos solos, embora seja mais móvel que outros metais (Prasad, 2004). A mobilidade
do zinco em solo é determinada pelos mesmos fatores que influenciam seu transporte em
ambientes aquáticos, ou seja, a solubilidade de seus compostos, pH e salinidade. Os íons
Zn2+ são assimilados pelas plantas e vegetais e normalmente estão presentes na faixa de
concentração de 15 a 100mg/kg (Parey, 1999; USEPA, 2005).
O zinco é um dos metais pesados bastante utilizado em galvanização (Senthilkumar
et al., 2006), seja na produção de chapas galvanizadas pelas empresas siderúrgicas, seja em
galvanoplastia para acabamento e proteção anticorrosiva de peças metálicas. Este uso
equivale à metade do consumo mundial do metal (Paula, 2007). De fato, as técnicas de
galvanização são consideradas uma das principais indústrias geradoras de efluentes
industriais contaminados com o zinco (Mohan e Singh, 2002). De acordo com Zhao et al.
(1999) apenas 30% a 40% de todo metal usado no processo são efetivamente consumidos,
portanto, os demais são introduzidos ao meio ambiente.
A zincagem é muito empregada por ser de fácil aplicação, resultando em produtos
mais baratos que os obtidos por outros tipos de revestimentos similares (Adhoum et al.,
2004). A aplicação da camada de zinco pode ser feita eletroliticamente ou quimicamente
(zincagem a fogo em temperaturas entre 430 e 460°C). Portanto, quando a peça em
aquecimento sofre deformações é feita a zincagem eletrolítica (Sato, 1994).
O emprego do zinco está disposto de diversas formas em seus variados banhos de
deposição podendo classificados como eletrólitos alcalinos cianídricos, banhos neutros,
eletrólitos alcalinos sem cianeto, banhos de sulfato de baixa acidez, banhos de sulfato de
alta acidez, banhos de fluorborato de zinco e banhos de cloreto de zinco (Pernambuco,
2001). As soluções típicas de zinco podem ser vistas na Tabela 2.3 e o fluxograma de um
processo típico de zincagem está representado na Figura 2.3.
Até o início da década de 90, a maioria dos processos de obtenção galvânica dos
revestimentos de zinco fazia uso de banhos alcalinos contendo cianetos. Devido às
restrições ambientais, necessitou-se um controle rigoroso com relação à utilização dos
banhos com cianeto, e desde então se tem procurado substituir estes banhos por
alternativas capazes de minimizar os impactos ambientais (Barceló et al.,1998).
17
Tabela 2.3 – Soluções típicas de deposição de zinco
Soluções
Composição da solução
2+
Zn
Alto cianeto
Concentrações
20 a 49g/L
NaCN
40 a 140g/L
NaOH
60 a 120g/L
2+
Baixo cianeto
Zn
5 a 15g/L
NaCN
5 a 15g/L
NaOH
70 a 100g/L
2+
Cloreto
Zn
20 a 35g/L
Cloreto
120 a 40g/L
2+
Cloreto de potássio
Zn
30 a 40g/L
Cloreto total
120 a 160g/L
Ácido bórico
25 a 30g/L
pH
5 a 5,5
Fonte: Pernambuco (2001)
Peça
Emissões gasosas
Desengraxe
Lavagem
Decapagem
Lavagem
Deposição de zinco
Lavagem
Cromatização
Efluentes líquidos
concentrados
Produto acabado
Lavagem final
Efluente líquido
tratado
Sistema de
tratamento de
efluentes
Efluentes líquidos
diluídos
Resíduos sólidos
Figura 2.3 - Fluxograma do processo de zincagem típico e geração dos poluentes
Fonte: Modificado de Pernambuco (2001)
18
2.3. Adsorção
A adsorção é um processo espontâneo de transferência que ocorre sempre que uma
superfície de um sólido é exposta a um gás ou um líquido. Este material sólido apresenta a
propriedade de reter uma ou mais espécies de moléculas ou íons presentes (Xu et al., 2002).
A substância que é adsorvida, o soluto, denomina-se adsorbato e, adsorvente a substância
que adsorve.
Os adsorventes foram descobertos no século XVIII, quando se observaram gases
sendo adsorvidos em carbono ativado (Ortiz, 2000) e desde então o emprego da adsorção
tem sido de fundamental importância industrial. A finalidade para uso industrial de
adsorventes geralmente é para separar e/ou purificar uma determinada espécie química,
mas também encontram aplicação em procedimentos de pré-concentração. A maioria dos
adsorventes são materiais altamente porosos e a adsorção ocorre primeiramente nas
paredes dos poros ou nos sítios específicos dentro da partícula. A retenção seletiva ocorre
devido a diferenças no peso molecular, forma, ou polaridade, que fazem com que um
determinado soluto seja mantido fortemente o suficiente permitindo a remoção do mesmo
de um fluido. A regeneração do adsorvente pode ser efetuada para obter o adsorbato na
forma concentrada ou pura. Os adsorventes mais comuns utilizados são: o carvão ativado,
a sílica-gel, a alumina ativada e as zeólitas (peneiras moleculares) e as resinas de troca
iônica (McCabe et al., 2005).
A quantidade de soluto adsorvido em determinada massa de adsorvente depende de
várias condições e fatores de superfície incluindo temperatura, concentração do soluto na
fase fluida, distribuição da energia superficial e a área superficial do sólido (Webb e Orr,
1997).
2.3.1. Termodinâmica da Adsorção
A explicação termodinâmica do fenômeno de adsorção é a existência de forças
atrativas não compensadas na superfície do adsorvente. Quando as forças moleculares de
atração entre o soluto e o adsorvente são maiores que as forças de atração entre o soluto e o
solvente, o soluto será adsorvido na interface superficial do adsorvente. De acordo com a
19
força que o soluto está sendo adsorvido, pode-se classificar a adsorção em física (fisisorção)
ou química (quimisorção). A adsorção física é resultado principalmente por forças de
interação fracas de Van der Waals (dipolo-dipolo e dipolo induzido) entre a superfície do
sólido e o adsorbato, sendo esta facilmente reversível (Reynolds e Richards, 1995), pois o
calor de adsorção (de 1 a 5KJ mol-1) é pequeno e da mesma ordem de grandeza dos calores
de condensação (Mezzari, 2002). Este tipo de adsorção não apresenta nenhuma alteração
das espécies envolvidas, portanto é uma adsorção de caráter não-específico (Ortiz, 2000).
Dependendo do soluto e do sólido, o fenômeno de adsorção pode resultar em
compartilhamento de elétrons entre o adsorbato e a superfície sólida, ocorrendo uma
adsorção química em que, diferentemente da físisorção, é usualmente irreverssível, pois o
calor de adsorção (maiores que 20 KJ mol-1) é da ordem de grandeza de uma ligação
química. Nesta, uma significante quantidade de energia é requerida para remover solutos
quimicamente adsorvidos por complexação. A quimisorção ocorre apenas entre certos
adsorventes e espécies adsorvíveis e se a superfície estiver livre de solutos previamente
adsorvidos, ou seja, este tipo de adsorção depende da natureza das espécies envolvidas.
(Webb, 1997).
O motivo para a adsorção ser limitada deve-se a um dos vários mecanismos de
transporte de massas envolvidos. Estes são: (1) o movimento do adsorbato ao redor da
superfície do adsorvente sólido, formando um filme, (2) a difusão do adsorbato no filme,
(3) a difusão do adsorbato dentro dos capilares ou poros internos do adsorvente sólido,
também nomeadas como difusão nos poros, e (4) a adsorção do soluto nas paredes dos
capilares ou da superfície interna do adsorvente. As etapas 2 e 3 são as que geralmente
limitam um processo operacional de adsorção, seja em batelada ou, em operações de fluxo
contínuo (Reynolds e Richards, 1995).
Tipos de isotermas de adsorção
A base para cálculos termodinâmicos é a isoterma de adsorção, dada por uma
função, uma curva relacionando a quantidade de soluto adsorvido por unidade de
adsorvente e a concentração do soluto na fase fluida a temperatura constante. Lembrandose que a termodinâmica aplica-se apenas no equilíbrio de adsorção que é atingido por
20
ambos os sentidos, tanto para o aumento da adsorção quanto para a diminuição da desorção
(Letcher, 2004).
As isotermas de adsorção indicam como o adsorvente efetivamente adsorverá o
soluto e se é possível a purificação requerida; a quantidade máxima de soluto que o
adsorvente adsorverá; informações que determinam se o adsorvente é economicamente
viável para a purificação do fluido (Mezzari, 2002).
A forma das isotermas é uma das primeiras ferramentas experimentais para
conhecer o tipo de interação entre o adsorbato e o adsorvente (Roostaei e Tezel, 2004).
Algumas formas típicas de isotermas descritas por McCabe et al. (2005) são apresentadas
na Figura 2.4.
Figura 2.4 - Tipos de isotermas
Fonte: Modificado e adaptado de McCabe et al. (2005)
A Isoterma linear corresponde a uma partição constante do soluto entre a solução e
o adsorvente. São favorecidas por substratos porosos flexíveis e regiões de diferentes graus
de solubilidade para o soluto.
Isotermas que possuem inclinação não linear e côncava em relação à abscissa são
chamadas favoráveis. É observada uma diminuição da disponibilidade dos sítios de
adsorção quando a concentração da solução aumenta, pois uma força de atração
relativamente alta na superfície do adsorvente é obtida a uma baixa concentração. Em
alguns casos, estas podem ser chamadas como extremamente favorável e um caso limite
21
das isotermas extremamente favoráveis é a adsorção irreversível, na qual a quantidade
adsorvida é independente da concentração. É observado quando a superfície do adsorvente
possui alta afinidade pelo soluto, o qual requer temperaturas muito mais elevadas para ser
removido do que quando as isotermas são lineares.
Isotermas que apresentam inclinação linear e convexa em relação à abcissa são
chamadas de não favoráveis. Inicialmente a adsorção é baixa e eleva com o aumento de
solutos adsorvidos, pois é facilitada porque a interação do adsorbato com a camada
adsorvida é maior do que a adsorção com a superfície do adsorvente.
Para adequar um modelo a um sistema de adsorção é importante estabelecer a
correlação mais apropriada para uma curva de equilíbrio. Várias equações de isoterma têm
sido utilizadas para descrever as características de equilíbrio de adsorção (Srivastava et al.,
2006) tais como Freundlich (1915); Langmuir (1918); Combinação Langmuir- Freundlich
por Sips (1948), Redlich–Peterson (R–P) por Jossens et al.(1978); adsorção em
multicamada de Brunauer, Emmett e Teller (BET) em 1938, Radke e Prausnitz (1972) e
Dubin e Radushkevich (1974), revisados por Volesky (2001). Cada um destes modelos
tem suas limitações ao aplicar e adequar a um sistema de adsorção.
2.3.2. Isoterma de adsorção em batelada para íons metálicos
Espécies metálicas raramente existem isoladamente em águas naturais ou efluentes,
porém elas são em maior parte avaliadas isoladas por um modelo de adsorção,
provavelmente devido a um melhor entendimento do fenômeno de adsorção. Alguns
pesquisadores aprofundam em investigar a adsorção de sistemas binários (Apiratikul e
Pavasant, 2006; Yu et al., 2008) ou multimetálicos (Stachowicza et al., 2008). Deve-se
enfatizar que, além do metal de interesse ser usualmente encontrado juntamente com
outros íons metálicos, os efluentes industriais também possuem outros compostos como,
outros cátions (cálcio, sódio ou magnésio); agentes quelantes; ânions que apresentam
afinidade
com
o
metal,
podendo
formar
complexos
solúveis
ou
insolúveis
(Sankararamakrishnan, 2007); e outros materiais orgânicos. Todos estes podem modificar
o comportamento do metal em relação ao material adsorvente utilizado, podendo causar
fenômenos de sinergismo, antagonism, devido a interação ou a competição pelos sítios de
22
adsorção. O mecanismo de sorção do adsorvente, por esta razão, pode variar dependendo
do íon em solução. Portanto alguns estudos de características de adsorção de adsorventes
em soluções de metais isolados devem apenas ser considerados como estudo preliminar
(Sciban et al., 2007).
A literatura ainda é insuficiente para retratar problemas de adsorção para efluentes
reais, pois depende de certas condições e não apresentam regras gerais. Alguns estudos
relacionados com adsorção por materiais adsorventes com caráter complexante de cátions
metálicos em matrizes complexas, segundo estudo realizado por (Wong et al., 2003) na
remoção de Cu2+ e Pb2+ de efluentes da galvanoplastia, mostram-se eficientes quando
adequados ao modelo de Langmuir. Este modelo é amplamente adotado apesar de todas
suas limitações, pois se ajusta razoavelmente bem aos dados experimentais de muitos
sistemas.
Outros já insistem em recorrer a outros modelos como o de Freundlich (Noeline et
al., 2005) e BET (Sciban et al., 2007) que representa uma extensão do modelo de
Langmuir para uma adsorção em multicamada. Este último autor e colaboradores
retrataram muito bem quanto à comparação de vários outros modelos como o de
Freundlich, de Langmuir competitivo e não competitivo. Eles avaliaram a adsorção de íons
zinco, cádmio e cobre em serragem de madeira. Cada íon apresentou um comportamento
distinto, a adsorção do cobre e do zinco foi melhor adaptada ao modelo de multicamada e o
cádmio aparenta ser melhor adaptado ao modelo de monocamada.
Para a realização deste trabalho foram testados alguns modelos de adsorção e o
modelo de Langmuir ajustou-se melhor.
Isoterma de Langmuir
Irving Langmuir em 1916 foi o primeiro a propor uma teoria de adsorção coerente
para descrever a dependência do recobrimento de uma superfície plana baseado no ponto
de vista cinético, que é um processo contínuo no quais moléculas ou átomos de adsorvato
estão continuamente colidindo com a superfície. Assim, o equilíbrio dinâmico existe, pois
de forma mútua ocorre a adsorção na superfície e a dessorção destas da superfície até o
equilíbrio. O modelo de Langmuir assume que:
23
•
A superfície é homogênea, na qual a energia de adsorção é constante sobre
todos os sítios;
•
A adsorção na superfície é localizada, na qual os solutos são adsorvidos em
sítios definidos e localizados, não havendo mobilidade sobre a superfície;
•
Cada sítio de adsorção pode acomodar apenas uma molécula ou átomo,
portanto a isoterma de Langmuir está restrita a apenas uma monocamada de
espessura (Do, 1998). A isoterma de Langmuir é dada pela relação da
equação 2.1.
 bc 
q = Qmax 

 (1 + b c ) 
(2.1)
Onde q (mg/g) é a quantidade de soluto adsorvido por grama do material
adsorvente, c (mg/L) é a concentração do soluto em solução no equilíbrio, Qmax (mg/g) e b
(L/mmol) são parâmetros da equação de Langmuir, indicativos da capacidade máxima de
adsorção requerida para formar uma monocamada e da energia de adsorção,
respectivamente (Özcan et al., 2005; Álvarez-Ayuso et al., 2007; Cavaco et al., 2007).
Os parâmetros podem ser obtidos através da linearização da equação 2.1 como
expressa (Ho et al., 2005) na equação 2.2.
c
c
1
=
+
q Qmax Qmax b
(2.2)
Ao plotar o gráfico de c/q versus c o coeficiente angular da reta obtida é indicado
por Qmax-1 e o coeficiente linear corresponde a (Qmax b)-1.
Outra possível linearização sugerida também pelo mesmo autor e outros (Özcan et
al., 2005; Lyubchik et al., 2004) pode ser representada pela equação 2.3.
1  1  1
1
 +
= 
q  Qmax b  c Qmax
(2.3)
A qual terá um coeficiente angular de (Qmax b)-1 e um coeficiente linear de Qmax-1 ao
plotar o gráfico de 1/q versus 1/c. Quando b é grande e o fator (b.c) é muito maior que a
unidade, a isoterma é muito favorável e quando (b.c) é menor que a unidade, a isoterma é
quase linear (McCabe et al., 2005).
Outra forma de avaliar a principal característica da isoterma de Langmuir, a partir
do parâmetro b obtido, é em termos do parâmetro RL (equação 2.4), também chamado de
24
fator de separação adimensional, para avaliar mais detalhadamente a natureza favorável da
adsorção, ou seja, a afinidade entre o adsorbato e o adsorvente, sugerida por Hall et al.
(1966) apud (Mezzari, 2002).
 1 

RL = 
(2.4)
 1 + b ci 
Onde, ci é a concentração inicial do soluto em solução (mgL−1). Conforme o valor
de RL é possível classificar a isoterma (Tabela 2.4).
Tabela 2.4 – Relação entre o fator RL e o tipo de Isoterma
RL
Tipo de isoterma
RL > 1
Desfavorável
RL = 1
Linear
0 < RL < 1
Favorável
RL = 0
Irreversível
Fonte: Malkoc et al. (2006)
Segundo vários autores (Sakkayawong et al., 2005; Mouflih, et al., 2005; Liu,
2006), o parâmetro b também pode ser usado para calcular a energia livre de Gibbs (∆G)
conforme a equação 2.5.
∆G o = − RT ln b
(2.5)
Onde R é a constante dos gases (8.314 J mol−1 K−1), T é a temperatura em Kelvin e
b em L/mol.
A energia livre de Gibbs indica a espontaneidade do processo de adsorção, onde
valores altamente negativos refletem uma adsorção mais energeticamente favorável (Sarin
e Pant, 2006).
Na adsorção em batelada, o volume da solução é finito e o adsorbato é colocado em
contato com um fluido por um processo descontínuo em tempo fixo. A concentração do
soluto no fluido diminui com o progresso da adsorção. Neste caso, a quantidade de
adsorbato adsorvida no sólido (q) é calculada através do balanço de massa na equação 2.6 e
a porcentagem de adsorção (%) é calculada usando a equação 2.7 (Donat et al., 2005).
q=
V (ci − c )
M
(2.6)
25
Onde V é o volume em litro, M é a massa de adsorvente em gramas.
Adsorção (% ) =
(c
i
− c)
ci
×100
(2.7)
2.3.3. Adsorção em Leito Fixo de íon metálico
Dados obtidos a partir de estudos de equilíbrio em batelada são úteis para adquirir
informações que relacione a natureza do adsorvente com o metal. Entretanto, eles não
geram dados em escala industrial com exatidão, pois normalmente é empregado um
sistema de fluxo contínuo. Também, estudos relacionados com regeneração não podem ser
significativamente avaliados por meio de experimentos em batelada. Por esta razão, há
uma necessidade de realizar estudos em coluna, como sistemas em leito fixo, para estimar
previamente o potencial de um sistema em escala industrial (Wong, 2003).
A adsorção em leito fixo é uma técnica de separação altamente seletiva que pode
remover até traços de componentes iônicos de grandes volumes de soluções diluídas
(Ravagnani et al., 2001). Os sistemas mais empregados são o de fluxo por pressão
descendente ou ascendente, embora também existam por ação da gravidade (Reynolds e
Richards, 1995).
A compreensão dos efeitos de transferência de massa e da dinâmica destes
processos é de fundamental importância, principalmente, em aplicações em grande escala,
quando é necessário manter níveis muito baixos de metais poluidores em efluentes
industriais (Ravagnani et al., 2001). Porém os modelos completos que demonstram
condições de não-equilíbrio, devido a complexidade matemática e/ou a necessidade de
conhecer multiparâmetros a partir de experimentos separadamente através destes modelos
fazem deles inconvenientes para o uso prático (Juang et al., 2006). É necessário, portanto,
compreender os dados de equilíbrio para que possa complementar os dados dinâmicos
(Ravagnani et al., 2001).
Descrição da adsorção em Leito fixo
O comportamento de adsorção em um leito fixo baseia-se nas zonas de sorção (Zs),
também chamada de zona de transferência de massa. A Zs é a porção do leito na qual o
26
processo de adsorção entre o soluto presente na solução de alimentação é retido na fase
sólida do sistema, ou seja, quando ocorre a transferência de massa. Observando-se a Figura
2.5 é possível explicar como ocorre esta transferência ao longo da coluna. Acima da zona
de sorção o soluto na fase líquida está em equilíbrio com o adsorvente na fase sólida, em
que a concentração do soluto na fase líquida é Co (mg/L) e a concentração do soluto na
fase sólida é qo (mg/g). À medida que a solução de alimentação de concentração Co
atravessa o leito, a zona de adsorção move-se para o sentido oposto ao da alimentação. O
soluto sai no efluente a uma concentração C que aumenta à medida que a zona de adsorção
se move na coluna e assim a curva de trespasse (ruptura ou de efluência) é traçada. Quando
a concentração do efluente à coluna atinge 95% de Co, considera-se que houve a exaustão
da coluna (ou saturação), que é referenciada pelo ponto de exaustão (PE). (Reynolds e
Richards, 1995)
C = Co
Figura 2.5 - Curva de trespasse típica mostrando o movimento da zona de transferência de
massa (Zs) com o volume tratado
Fonte: Tchobanoglous e Burton (1991), p. 321.
A curva de trepasse pode ser expressa em termos da concentração do metal no
efluente (C) em função do tempo (t) ou em função do volume efluente à coluna (V), sendo
este último calculado por base na vazão volumétrica (Q) com que passa na coluna
conforme equação 2.8 (Malkoc e Nuhoglu, 2006).
V = Qt
(2.8)
Onde t é o tempo em minutos e a vazão volumétrica é Q (mL min-1).
27
Quando a concentração do soluto no efluente atinge de 5 a 10% da concentração Co
do afluente, o processo é interrompido. Este ponto refere-se geralmente, na literatura, como
o ponto de trespasse (PT) e é fixado de acordo com a necessidade da operação (Stylianou et
al., 2007).
O comportamento curvilíneo da curva de trespasse delineia a região Zs do leito na
qual está ocorrendo a troca ou adsorção. A zona de sorção é a extensão do leito no qual a
concentração passa de PT a PE (ponto de exaustão). Quando a taxa de alimentação da carga
é constante, a Zs se move de maneira e velocidade constantes. Quanto menor for o
comprimento da Zs, mais próximo da idealidade o sistema se encontra, indicando uma
maior eficiência de troca. A Zs depende da isoterma, da vazão e das taxas de transferência
de massa intra e interpartícula (Ravagnani et al., 2001).
Por meio da curva de trespasse é possível então, avaliar o desempenho de leitos
empacotados com vista ao dimensionamento de colunas de adsorção. Importantes
características para determinar a operação e a dinâmica da coluna de adsorção podem ser
indicadas pelo tempo de trespasse ou volume de trespasse, bem como perfil da curva
delineada ao longo do processo, a qual depende da capacidade específica de adsorção do
adsorvente na coluna, da concentração inicial de soluto no afluente à coluna e da vazão de
operação (Aksu e Gönen, 2004).
A curva de C versus V permite calcular a quantidade de soluto adsorvido (mad) pela
coluna por meio do cálculo da área acima da curva de trespasse (equação 2.9).
V
m = ∫ (Co − C ) dV
0
(2.9)
Onde, se V é o volume até o trespasse (VT), m é a massa de soluto adsorvida pela
coluna até o trespasse, mas se V é o volume até a completa exaustão (C = Co), m é a
máxima quantidade de soluto adsorvido (mad). A capacidade de adsorção máxima do
adsorvente (Qmax) é dada pela equação 2.10.
Qmax = mad / M
(2.10)
Pode-se calcular a quantidade total do metal passado pela coluna pela equação 2.11
(Senthilkumar, 2006).
mtotal =
Co Q t e
1000
(2.11)
28
Onde Co é a concentração do metal no afluente à coluna, Q é a vazão volumétrica e
te é o tempo de exaustão.
A percentagem do metal total removido (%) em relação ao volume eluido é
calculada pela razão da massa do metal adsorvido (mad) pela quantidade total de íons do
metal passados pela coluna (equação 2.12).
metal total removido (% ) =
mad
×100
mtotal
(2.12)
Projeto de um sistema de adsorção em Leito fixo
Não é possível projetar uma coluna com exatidão sem que realize uma curva de
trespasse em coluna de escala laboratorial ou escala piloto com a solução e o adsorvente
em interesse, pois a partir destes experimentos são obtidas as principais informações e
ajustadas a um modelo cinético (Reynolds e Richards, 1995; McCabe et al., 2005).
Vários modelos matemáticos podem ser usados para descrever a adsorção em leito
fixo. Dentre estes, o modelo de Thomas é um dos mais simples e mais utilizados para
aplicar em um projeto de adsorção em leito fixo. Este modelo cinético é a extensão da
equação de Bohart e Adams (Reynolds e Richards, 1995) e assume a cinética de Langmuir
de processos de adsorção-desorção e não dispersão axial e é deduzido pela adsorção que
rege o princípio de reações cinéticas reversíveis de segunda ordem (Juang, 2006; Malkoc e
Gönen, 2006).
A expressão do modelo de Thomas para uma coluna de adsorção está representada
na equação 2.13 (Han et al., 2006).
C
=
Co
1
1+ e
KTH
(Qmax M − Co V )
Q
(2.13)
Onde, kTH é a constante de Thomas (mL/min mg), Qmax a capacidade máxima de
soluto adsorvido pelo sólido adsorvente (mg/g), V o volume efluente (mL), M a massa de
adsorvente (g) e Q a vazão (mL/min).
Rearranjando e tomando o logarítimo em ambos os lados, a linearização da equação
2.13 é dada pela equação 2.14.
29
K C V
C
 K Q M
ln o − 1 = TH max
− TH o
Q
Q
C

(2.14)
A partir desta equação é possível plotar o gráfico de ln [(Co /C) -1] versus V, o qual
terá um coeficiente angular de (kTH Co)/Q e um coeficiente linear de (kTH Qmax M)/Q.
2.4. Adsorventes a base de fibras vegetais
Materiais à base de fibras vegetais apresentam baixo custo de produção devido à
sua abundância e podem ser reaproveitados. Segundo Young (1997, apud Annunciado,
2005), as fibras vegetais são agrupadas em cinco tipos: (1) Fibras de gramíneas: retiradas
das hastes das plantas monocotiledôneas, tendo como exemplo os cereais (trigo, aveia,
cevada, arroz e outros), junco, bambu e bagaço-de-cana; (2) Fibras de folhas: retiradas ao
longo do comprimento das folhas, exemplos típicos incluem a abacá, sisal e henequém; (3)
Fibras de caule: são de maços retirados do interior da casca (caule) de hastes de plantas,
tendo como exemplos, linho, juta, cânhamo e kenaf; (4) Fibras de sementes e frutos: os
exemplos mais comuns são o algodão, a paina e a esponja de Luffa cylindrica; (5) Fibras
de madeiras: são fibras provenientes do xilema de vegetais (angiospermas e
gimnospermas). Exemplos incluem os eucaliptus, abetuos, pinus, parajú.
Os resíduos agroindustriais, compostos por fibras vegetais, são constituídos
basicamente por celulose, hemicelulose, lignina e outros constituintes em menor
quantidade. Em suas estruturas apresentam grupos funcionais tais como grupos
carboxílicos (poucos), carbonilas e hidroxilas, susceptíveis em possuir afinidade por íons
metálicos (Kurniawan et al., 2006). Isto desperta o interesse de muitos estudiosos em
aplicá-los como adsorventes.
2.4.1. Celulose, Hemicelulose e Lignina
A celulose, principal componente da parede celular da fibra, é um polissacarídeo
linear de alto peso molecular constituído por um único tipo de unidade de monossacarídeo.
A hemicelulose é também um polissacarídeo, mas é ramificada, de baixo peso molecular,
30
composto de vários tipos de monossacarídeos (pentoses e hexoses), e está associada como
ligante das fibras celulósicas das membranas vegetais. A lignina é um polímero amorfo
tridimensional com estrutura não esclarecida por completo e confere firmeza e solidez às
fibras de celulose (Miller, 1999).
Celulose
É um dos polímeros naturais mais abundantes. É um homopolissacarídio linear cuja
unidade repetitiva, derivada da condensação da D-glicose (um açúcar simples monossacarídeo hexose C6H12O6), é a celobiose ou anidroglicose sindiotática, formada por
anéis de β-D-glicopiranose unidas por ligações glicosídicas β(1-4) (Machado, 2000),
representada na Figura 2.6 .
HO
H
O
O
HO
HO
H
H
H
HO
H
HO
H
H
O
HO
O
O
H
H
OH
OH
H
H
H
H
O
H
HO
Celobiose
OH
OH
OH
H
H
HO
H
H
n
H
H
O
HO
Figura 2.6 - Estrutura química da celulose. Em destaque a unidade repetitiva (celobiose)
A estrutura molecular concede a celulose algumas propriedades características, tais
como a sua hidrofilicidade, quiralidade, degradabilidade e vasta variabilidade química
devido à alta reatividade de seus grupos hidroxila. Estes grupos funcionais estão presentes
em abundancia na cadeia polimérica da celulose, sendo que cada unidade de glicose
contém uma hidroxila primária e duas secundárias. As extensas ligações de hidrogênio
intramolecular e intermolecular existentes garantem à estrutura e morfologia da fibras
celulósicas um arranjo cristalino altamente regular (Klemm et al., 2005).
Feixes de moléculas de celulose se agregam na forma de microfibrilas na qual
regiões altamente ordenadas (cristalinas) se alternam com regiões menos ordenadas
(amorfas). As microfibrilas constroem fibrilas e estas constroem as fibras celulósicas.
Como consequência dessa estrutura fibrosa a celulose possui alta resistência à tração e é
insolúvel na maioria dos solventes (Klock et al., 2005).
31
O comprimento da cadeia é expresso em termos de grau de polimerização (GP) e é
indicado pelo número de unidade glicosídica de cada cadeia polimérica. Como a fibra de
celulose consiste em uma mistura de moléculas de celulose de tamanhos diferentes, o grau
de polimerização para certa amostra refere-se ao valor médio. Valores de GP para a
celulose variam na ordem de 1000 até 25000 unidades de glicose. Devido ao alto grau de
polimerização, bem como a intensa força de ligação entre as cadeias, fazem da celulose um
polímero não termoplástico, ou seja, após sua fusão, ao ser solidificado ele não apresenta
forma definida, decompõe-se antes de chegar ao seu ponto de fusão (Karnitz Jr., 2007).
Hemicelulose (Polioses)
O termo polioses refere-se a uma mistura de polímeros polissacarídeos de baixa
massa molecular. Os principais constituintes das polioses são as hexoses D-manose, Dgalactose, D-glicose e as pentoses D-xilose e L-arabinose. Algumas polioses contêm
adicionalmente ácidos urônicos (ácido D-galactourônico, ácido D-glucourônico e ácido 4O-metil-D-glucourônico) e em menores quantidades o L-ramose, L-fucose e vários outros
açúcares orto-metilados neutros (Sun et al., 2003). As estruturas dos principais açúcares
componentes das polioses são apresentadas na Figura 2.7. O teor e a proporção dos
diferentes componentes encontrados nas polioses dos vegetais fibrosos variam
grandemente com a espécie.
As cadeias moleculares são muito mais curtas que a de celulose, podendo existir
grupos laterais e ramificações em alguns casos, o que diminui as energias de ligações e
também a cristalinidade, tornando-a mais facilmente hidrolisada que a celulose (Canettieri,
2004). A hemicelulose apresenta baixo peso molecular com GP muito mais baixo que da
celulose, em poucas centenas apenas (Carvalho et al., 2005), na faixa entre 80 e 200 (Sun,
2003). A hemicelulose é o componente responsável pela biodegradação, absorção de
umidade e degradação térmica da fibra vegetal (Annunciado, 2005).
32
H
OH
OH
H
H
OH OH
OH O
O
H
HO
HO
HO
H
H
HO
H
H
OH
H
O
H
OH
D -g licose
OH
H
D -m anose
OH
H
H
H
OH
HO
H
OH
D -g alacto se
H
COOH
H
H
O
H
OH O
HO
HO
H
H
H
OH
H
O
OH
H
OH
H
H
OH
OH
OH
Á cido D -glu courô nico
H
H
HO
D -xilose
H
OH
L -arabiose
H
COOH
H
COOH
O
HO
H
HO
H
H
OH
H
O
H 3 CO
H
HO
H
OH
OH
H
Ácido D-galactourônico
OH
Ácido 4-O-metil-D-glucourônico
Figura 2.7 - Estruturas dos principais componentes das polioses
Lignina
Diferentemente da celulose, a lignina é um polímero tridimensional, um poliéter
aromático reticulado, constituído de um sistema heterogêneo e ramificado, formado por
diversas unidades de fenilpropano unidas por ligações éteres. A lignina atua como uma liga
para as fibras celulósicas e contribui basicamente para reforçar a estrutura da fibra do
vegetal (Khezami et al., 2005). O sistema é totalmente amorfo e ligado quimicamente às
polioses. A lignina é um componente estrutural que dá ao vegetal, propriedades de
elasticidade e resistência bastante únicas. O peso molecular das ligninas naturais são
supostamente muito alto, talvez na faixa de 1.000 a 1.200, mas é impossível determinar
com exatidão, pois depende da intensidade da degradação química que ocorre com o
isolamento (Stevens, 1999).
A lignina ocorre na maioria das plantas vasculares que desenvolvem tecidos
especializados em funções tais como transporte de soluções aquosas e suporte mecânico,
mas sua composição não é idêntica em todas elas. A lignina não é uma substância química
definida, mas sim uma classe de compostos correlatos. Assim, sua macromolécula não
pode ser descrita como uma combinação simples de algumas unidades monoméricas
ligadas por alguns tipos de ligações, como no caso das celuloses e hemiceluloses
(Annunciado, 2005). É bem aceito o fato da lignina originar da polimerização
33
dehidrogenativa (iniciada por enzimas) dos seguintes precursores primários: álcool transconiferílico (núcleos aromáticos do tipo guaiacila), álcool trans-sinapílico (núcleos
aromáticos do tipo siringila) e, mais raramente, álcool para-trans-cumárico (núcleos
aromáticos do tipo p-hidroxifenila) (Figura 2.8), numa percentagem variável, segundo a
espécie vegetal (Klock et al., 2005).
Os principais tipos de lignina conhecidos são agrupados em duas classes: as
guaiacila e as guaiacila-siringila. A maioria das ligninas de madeiras moles (gimnospermas
ou coníferas) faz parte da primeira. Já as ligninas de madeiras duras (angiospermas ou
folhosas e dicotiledôneas) e das gramíneas (monocotiledôneas e angiospermas) pertencem
a segunda classe (Gurgel, 2007).
CHCH2OH
CHCH2OH
CHCH2OH
CH
CH
CH
H3CO
H3CO
OH
Álcool trans-coniferílico
(Grupo guaiacil)
OCH3
OH
Álcool trans-sinapílico
(Grupo siringil)
OH
Álcool para-trans-cumárico
(Grupo para hidroxifenil)
Figura 2.8 – Monômeros precursores da lignina
As posições reativas onde pode ocorrer a polimerização são indicadas pelos átomos
ligados aos hidrogênios onde formam radicais estáveis, o que dá 5 posições reativas para o
álcool coniferílico (os dois oxigênios, os dois carbonos α e β da cadeia lateral e o carbono
em orto do grupo fenólico), e uma posição a menos para o álcool sinápico (Kilpeläinen et
al., 1994). A estrutura proposta por Nimz está representada na Figura 2.9.
Quando a lignina é tratada com soluções alcalinas a temperaturas elevadas podem
ocorrer rupturas nas ligações de éter entre as unidades de fenilpropano, formando grupos
fenólicos, responsáveis por sua solubilização (Klock et al., 2005).
34
Figura 2.9 - Estrutura da lignina proposta por Nimz (1974)
2.4.2. Bagaço da Cana-de-Açúcar
O Brasil, maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e o país com maior potencial
de expansão em área plantada, segundo o levantamento oficial pela Companhia Nacional
de Abastecimento (CONAB) da safra nacional 2006/2007, produziu cerca de 474 mil
toneladas em aproximadamente 6,1 milhões de hectares cultivados. O aumento das áreas
plantadas no Brasil e no mundo faz com que se eleve a quantidade de subprodutos e
resíduos oriundos da agroindústria. O bagaço ocupa lugar de destaque nos resíduos
produzidos quando do processamento e industrialização da cana-de-açúcar. Em média, 280
35
kg de bagaço de cana-de-açúcar, que contém 50% de umidade, são produzidos por
tonelada de cana-de-açúcar, o que equivale a 2,1 gigajoules de energia por tonelada; 90% é
queimado para produzir vapor que, por sua vez pode ser utilizado para co-gerar
eletricidade e potência mecânica para os motores da usina, o que gera um grande impacto
ambiental (Goldemberg, 2000).
Estima-se que, além da quantidade de bagaço processado e utilizado para alimentar
caldeiras, haja um excedente de bagaço de cana-de-açúcar correspondente a 8% nas
destilarias anexas e 12% nas autônomas, que poderia ter outros destinos, inclusive ser
empregado de forma a melhorar a qualidade do meio ambiente (Aguiar e Menezes, 2002).
Composição química do bagaço da cana-de-açúcar
O bagaço de cana é o resíduo da cana após a moagem. É um material fibroso obtido
após a extração do caldo nas moendas. Ao sair da moenda, o bagaço tem aproximadamente
30% da massa da cana e uma umidade em torno de 50% (Silva et al., 2007). Quimicamente,
constitui-se de celulose, hemicelulose e lignina, que varia de acordo com diversos fatores,
dentre eles, o tipo de cana, o tipo de solo, as técnicas de colheita e até o manuseio. A
Tabela 2.5 mostra a composição elementar média característica e algumas propriedades
físico-químicas do bagaço de cana, em que a fibra é a matéria seca e insolúvel em água e o
brix representa os sólidos solúveis em água. A Tabela 2.6 fornece a composição típica do
bagaço de cana proveniente de várias regiões do mundo.
Tabela 2.5 – Composição média do bagaço de cana
Composição química média
Carbono
39,7 – 49%
Oxigênio
40 – 46%
Hidrogênio
5,5 – 7,4%
Nitrogênio
0 – 0,3%
Propriedades físico-químicas
Umidade
50%
Fibra
45 - 46%
Brix
2 - 3%
Impurezas minerais
2 - 3%
Fonte: Adaptada e modificada de Silva et al. (2007) e Teixeira et al.(2007)
36
Tabela 2.6 – Composição química aproximada do bagaço de cana integral de várias
regiões do mundo em % (calculado considerando a base seca)
Origem
EUA (Lousiana)
Filipinas
Porto Rico
África do sul
Cuba
Brasil (São Paulo)
Tipo Celulose Lignina Polioses Cinzas
Integral
58,4
21,3
29,4
2,9
Integral
56,8
22,3
31,8
2,3
Integral
50,9
18,1
29,6
3,9
Integral
45,3
22,1
24,1
1,6
Integral
46,6
20,7
25,2
2,6
Integral
49,1
20,3
27,8
1,6
Fonte: Machado (2000)
2.4.3. Madeira
Com uma produção de 22,5 milhões de toneladas/ano de madeira serrada e uma
eficiência de produção em torno de 50%, as indústrias brasileiras no total geram nada
menos que outros 22,5 milhões de toneladas de resíduos, os quais não representam apenas
um problema econômico pelo desperdício, mas também um sério problema ambiental.
Além da falta de eficiência, ainda as indústrias madeireiras não sabem o que fazer com
seus resíduos. Estas estão sendo forçadas a resolver o problema de resíduo que não poderá
ser simplesmente queimado ou dispensado em locais inadequados. Em várias regiões, onde
a exploração da madeira se apresenta como atividade de relevante valor econômico,
observa-se um acúmulo significativo destes resíduos (Albertini, 2007).
A serragem da madeira é um resíduo obtido por mecanismos de processamento da
madeira. Pode ser usado como um adsorvente de íons metálicos a baixo custo, basicamente
devido a sua composição lignocelulósica. Compostos principalmente por celulose e lignina,
ambos susceptíceis para ligar-se com cátions metálicos, devido à presença de grupos
hidroxilas reativos. Além disso, a madeira é muito disponível e possui uma boa
estabilidade mecânica tanto quanto algumas outras vantagens (Sciban et al., 2007).
Composição química da Madeira
A madeira é um material heterogêneo, sendo sua variabilidade estrutural e química
refletida numa ampla gama de propriedades físicas, tais como: densidade; permeabilidade;
capilaridade; condutividade térmica; difusão da água de impregnação, entre outras. O
arranjo de seus componentes físicos (macroscópicos, microscópicos, ultramicroscópicos) e
37
químicos define a estrutura lenhosa como uma engenhosa organização arquitetônica da
madeira.
Quanto à composição química elementar da madeira não há diferenças
consideráveis ao considerar diversas espécies de madeira. A análise da composição
química elementar percentual da madeira de diversas espécies, coníferas e folhosas, está
apresentada na Tabela 2.7.
Tabela 2.7 - Composição química elementar da madeira percentual em relação ao
peso seco
Elemento
Percentagem
C
49 - 50
H
O
N
6
44 - 45
0,1 - 1
Fonte: Klock et al. (2005)
Os componentes macromoleculares (celulose, hemiceluloses, e lignina) estão
presentes em todas as madeiras, mas os componentes minoritários de baixo peso molecular,
extrativos e substâncias minerais, são geralmente relacionados à madeira de certas espécies,
no tipo e quantidade. As proporções e composição química da lignina e polioses diferem
em coníferas e folhosas, enquanto que a celulose é um componente uniforme da madeira.
Klock et al. (2005) também apresentam a composição média de madeiras de coníferas e
folhosas quanto aos componentes macromoleculares e extrativos, expressos na Tabela 2.8.
Tabela 2.8 - Composição média de macromoleculares e extrativos de madeiras de
coníferas e folhosas
Constituinte
Coníferas
Folhosas
Celulose
42 ± 2%
45 ± 2%
Hemicelulose
27 ± 2%
30 ± 5%
Lignina
28 ± 2%
20 ± 4%
Extrativos
5 ± 3%
3 ± 2%
Fonte: Klock et al. (2005)
38
De fato, as ligninas de madeiras de fibras longas (coníferas), madeiras de fibras
curtas (folhosas) e gramineas possuem estruturas básicas muito diferentes entre elas. As de
fibras longas são comparativamente mais uniformes de espécie para espécie e têm sido
estudadas mais exaustivamente.
Os extrativos da madeira não fazem parte da parede celular lignocelulósica. São
chamados de extrativos devido à sua facilidade de serem extraídos com água, solventes
orgânicos neutros (como os terpenóides, ácidos graxos, flavonóides, esteróides e outros
compostos aromáticos), ou volatilizados a vapor. Na sua maioria, esses materiais podem
ser separados da porção lignocelulósica por extração com solventes orgânicos, em água, ou
ainda em ambos (Annunciado, 2005).
2.4.4. Modificação química da fibra lignocelulósica
Pelo fato das fibras lignocelulósicas possuírem alto teor de celulose, este é o foco
principal para muitos estudiosos em manipular e desvendar novas propriedades a partir de
modificações na sua estrutura e então, aplicá-la aos mais diversos fins. A modificação
química da celulose é feita normalmente por esterificação ou eterificação introduzindo ou
acrescentando, a partir de grupos funcionais já existentes, novos grupos funcionais reativos
na cadeia molecular do suporte sólido e conseqüentemente, adquire várias novas
propriedades à fibra (Ghosh e Gangopadhyay, 2000).
As fibras, principalmente devido à celulose, são facilmente modificadas a partir de
baixos custos por processos químicos, resultando em consideráveis capacidades de
retenção de íons. O grupo hidroxila no átomo de carbono C5 presente no monômero da
celulose é capaz de reagir com grupos apropriados, covalentemente. O principal êxito de
suportes sólidos modificados com grupos organofuncionais é a imobilização de grupos
atômicos reativos desejados, os quais retribuem a superfície altamente versátil em
desenvolver várias funções. As maiorias dos grupos funcionais ancorados contêm
nitrogênio ou oxigênio ou a combinação dos dois, os quais podem complexar íons
metálicos de forma mono ou polidentada, facilitando a extração dos mesmos de meios
aquosos ou não aquosos (Castro et al., 2004).
39
Ngha e Hanafiah (2007) fizeram uma revisão com base na modificação química de
alguns resíduos vegetais para aplicá-los como adsorventes na remoção de metais pesados
de águas residuais. Estes autores citam algumas modificações químicas e também a
remoção de alguns íons metálicos por estes adsorventes que podem ser vistas na Tabela 2.9.
Tabela 2.9 – Resumo de algumas modificações químicas de resíduos vegetais como uso de
adsorventes para remoção de íons de metais pesados em soluções aquosas
Adsorvente
Casca de arroz
Agente(s) modificante
Metal pesado
Qmax (mg g-1)
Hidróxido de sódio
Cd (II)
20,2
Bicarbonato de sódio
Ácido tartárico
Espiga de milho
Ácido nítrico
16,2
Cu (II)
31,9
Pb (II)
120,5
Cd (II)
19,3
Ácido cítrico
55,2
Serragem da madeira:
Hidróxido de sódio
Cd (II)
73,6
Ácido sulfúrico
Cu (II)
14,0
Dalbergia sissoo
Hidróxido de sódio
Ni (II)
10,5
Pinus sylvestris
Formaldedeído em
Pb (II)
9,8
ácido sulfúrico
Cd (II)
9,29
Ácido tioglicólico
Cd (II)
26,3
Cu (II)
90,9
Zn (II)
83,3
Cedrus deodar
Poplar tree
Rejeito
de
casca
da
mandioca
Caule de Bananeira
Formaldeido
Pb (II)
91,7
Azolla filiculoides
Peróxido de hidrogênio e
Pb (II)
228,0
cloreto de magnésio
Cd (II)
86,0
Cu (II)
62,0
Zn (II)
48,0
Ácido sulfúrico e
Hg (II)
154,0
persulfato de amônio
Cu (II)
39,7
Ni (II)
62,5
Fibra de coco
Fonte: Ngha e Hanafiah (2007)
40
Modificações com anidridos cíclicos, tal como anidrido succínico, anidrido maléico,
ftálico, ocorrem não apenas nas fibras celulósicas (Gurgel et al, 2007; Liu et al., 2007; Liu
et al, 2008), mas também nas ligninas (Xiao et al., 2001) e hemiceluloses (Sun et al., 2003)
conforme apresenta o Esquema 2.1. Este procedimento visa uma rota de introdução de
função ácido carboxílico (-COOH) a partir da esterificação ou então formação de ligações
de hidrogênio. A modificação da serragem de madeira (Mallon e Hill, 2002) e do bagaço
da cana-de-açúcar com anidrido succínico (Karnitz Jr. et al, 2007) foi estudada
recentemente. Karnitz Jr. e colaboradores (2007) estudaram a adsorção de alguns metais
pesados por bagaço de cana modificado por vários agentes como podem ser vistas na
Tabela 2.10, também relatado por Ngha e Hanafiah (2007). Verificou-se uma excelente
capacidade de adsorção para os íons Cu (II), Pb (II) e Cd (II), melhores que as
mencionadas na Tabela 2.9.
O
H2C
OH
HC
O
HC
R
O
O
O
H2C
O
HC
O
HC
R
CH 2 CH 2 COOH
C
(Anidrido succícico)
H 3 CO
OCH 3
H 3 CO
OCH 3
OR'
OR'
(Lignina succinilada)
(Unidade C9 da lignina)
(R= OH ou H, R' = H ou unidade C9)
O
CH 2 CH 2 COOH
C
H
OH
O
O
O
H
O
H O
H O
O
O
HO
H
OH
H
H
O
(Anidrido succícico)
O
HO
H
n
OH
H
H
(Unidade Beta-D-glicopiranose da celulose)
n
(Celulose parcialmente succinilada)
O
O
H
H
O
H
O O
H
O
(Anidrido succícico)
H
O
O
H
H
H
OH
CH 2 CH 2 COOH
C
O
HO O
H
H
O
H
H
n
(Unidade D-xilose da hemicelulose)
OH
n
(Hemicelulose parcialmente succinilada)
Esquema 2.1 – Rotas sintéticas de introdução de grupo carboxilato em celulose, lignina e
hemicelulose via esterificação a partir do anidrido succínico.
41
Tabela 2.10 – Resumo de algumas modificações químicas de resíduos vegetais como uso
de adsorventes para remoção de íons de metais pesados em soluções aquosas
Adsorvente
Metal pesado
Qmax (mg g-1)
Cu(II)
139
Pb(II)
164
Cd(II)
189
Cu(II)
139
Pb(II)
164
Cd(II)
189
Anidrido succínico e
Cu(II)
133
Trietileno tetramina
Pb(II)
313
Cd(II)
313
Agente(s) modificante
Bagaço de cana-de-
Anidrido
açúcar
bicarbonato de sódio
Anidrido
succínico
e
succínico
e
etilenodiamina
Fonte: Karnitz Jr. et al (2007)
Uma classe de substâncias de ácidos aminopolicarboxílico tornou-se reconhecidos
como excelentes agentes quelantes e a substância mais importante dessa classe é
denominada de ácido etilenodiaminotetraacético – EDTA (Figura 2.10). O efeito quelato
propiciado por este ligante polidentado é reconhecidamente um fator que aumenta a
estabilidade dos complexos em relação a um complexo correspondentes formados com
ligantes monodentados (Jones, 2002).
O
O
O
HO
N
H
H
N
OH
O
O
O
Figura 2.10 - Fórmula molecular do ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA)
Os dois grupos de anidridos na estrutura molecular do dianidrido do EDTA (EDTAD)
podem reagir com os grupos hidroxilas presentes na fibra e então os grupos quelantes são
disponibilizados para complexar os cátions metálicos (Figura 2.12). Estes grupos
complexantes são os ácidos carboxílicos e aminas. Ambos os grupos funcionais possuem
42
alta afinidade para formar complexos e são frequentemente usados para remover ou
concentrar íons metálicos (Yu et al., 2008).
O
OH
O
O
N
O
OH
N
O
O
OH
N
O
O
N
O O
O
OH
OH
OH
Fibra lignocelulósica
Fibra lignocelulósica Modificada
Esquema 2.2 - Rota sintética de introdução de grupos quelantes a partir do anidrido do
EDTA.
A introdução do EDTA em suporte sólido é relatado por Inoue et al. (1999) que
tinham como objetivo a modificação química da quitosana e da polialilamina com o
dianidrido do EDTA utilizando os novos materiais para separar cátions metálicos por
diferença de afinidade na adsorção. As reações são apresentadas no Esquema 2.3.
n
O
O
+
n
NH3
O
N
N
O
O
H3CO
O
NH
NaOH
Dietileter
O
O
N
OH
OH
N
O
O
OH
E DTA-polialilamina
CH2OH
H
OH
H
H
H
NH2
O
O
H
+
O
n
O
O
N
N
O
CH2OH
Dietileter
H
H
H
OH
H
O
H
HN
O
O
O
n
N
OH
OH
N
O
O
OH
E DTA-quitosa na
Esquema 2.3 - Esquema de introdução de EDTA na polialilamina e na quitosana.
43
Mais recentemente Yu et al. (2008) modificou a biomassa de levedura com o
dianidrido do EDTA para utilizá-la na otimização seletividade da adsorção de alguns
cátions metálicos. O mecanismo de introdução do EDTA na levedura ocorre como citado
no Esquema 2.2.
2.5. Remoção de íons Zn2+ por adsorção
Os processos usuais empregados para a remoção de íons Zn2+ envolvem a
precipitação química e/ou a recuperação (polimento com resina de troca iônica). A
precipitação química muitas vezes não é suficiente para remover até padrões permissíveis.
Daí a necessidade de um polimento final. Os processos de troca iônica são, no entanto,
amplamente
utilizados
industrialmente
para
remoção
destes
íons
indesejáveis
remanescentes. Recentemente, Dabrowski et al. (2004) avaliaram o comportamento das
possíveis resinas trocadoras de íons comercialmente disponíveis capazes de remover, e às
vezes, seletivamente, o íon Zn2+. Dentre estas estão as resinas polivinilpiridina
funcionalizada com grupos ditizona, Lewatit OC-1026 e Amberlite IREM-120. O fato de
serem de elevado custo de operação, principalmente quanto à regeneração das resinas,
despertou o interesse aos pesquisadores em avaliar a possibilidade de, a baixos custos,
removerem estes e outros íons metálicos com a mesma eficiência de remoção ou até maior
que as resinas.
Os resíduos agroindustriais, tais como o bagaço da cana e a serragem, são uma
opção atrativa e promissora com duplo benefício para o meio ambiente: reduz os resíduos e
os converte em adsorventes baratos (Srivastava et al., 2006). A utilização de vários
adsorventes com este propósito tem sido recentemente empregada por alguns
pesquisadores para remover o zinco de soluções aquosas e também de efluentes industriais.
A Tabela 2.11 resume a capacidade de adsorção de íons Zn2+ por diversos adsorventes.
44
Tabela 2.11 - Capacidade de adsorção máxima de íons Zn2+ por diversos adsorventes
Adsorvente
Azolla filiculoides (modificada)
Ulva reticulata (alga verde)
Qmáx (mg/g)
48,0
135,5
Referência
Ganji et al. (2005)
Senthilkumar (2006)
Resíduo da cenoura (modificado)
29,6
Nasernejad et al. (2005)
Casca de amendoim (modificada)
9,6
Shukla e Pai (2005b)
Bagaço de cana ativado
31,1
Mohan (2002)
Zeólita natural
9,1
Erdem et al. (2004)
Alumina ativada
13,7
Bhattacharya et al. (2006)
Carvão ativado
20,0
Babel and Kurniawan (2004)
Serragem
11,0
Shukla and Pai (2005b)
Nanoadsonvente (Akaganeita)
27,6
Deliyanni (2007)
42,5
Shah and Devi (1998)
58,2
Leinonen et al. (1994)
Resina trocadora de cátion:
Resina polivinilpiridina (grupo functional
ditizona)
Resina aminofosfonato (Duolite ES-467)
45
Capítulo 3
3. Materiais e métodos
3.1. Materiais
3.1.1. Reagentes
Foram utilizados os seguintes reagentes de pureza analítica: anidrido succínico,
hidróxido de sódio, etilenodiaminotetracetato diácido dissódico (EDTA), bicarbonato de
sódio, sulfato de zinco (II) (ZnSO4.7H2O), éter etílico, ácido clorídrico, ácido nítrico,
carbonato de sódio, acetona, anidrido acético, piridina, cloreto de amônio, etanol (95%),
hidróxido de amônio, diclorometano, N,N’-dimetilformamida.
A piridina e a N,N’-dimetilformamida foram previamente purificadas antes de
serem utilizadas. O dianidrido do EDTA foi sintetizado para posterior uso.
Purificação da piridina
A piridina foi purificada por destilação. Primeiramente, deixou-a sobre refluxo, em
balão de fundo redondo, por uma noite na presença de hidróxido de sódio (NaOH). Depois
a piridina foi destilada e guardada em balões de fundo chato contendo NaOH e bem
lacrados para impedir o contato com a umidade.
Purificação da N,N’-dimetilformamida (DMF)
A DMF foi purificada por destilação. Colocou-se a DMF em um balão de fundo
redondo na presença da peneira molecular e deixou-se por uma noite. Depois a DMF foi
destilada a pressão reduzida e guardada juntamente com peneira molecular em frasco
âmbar bem lacrados para impedir o contato com a umidade.
Preparação do dianidrido do EDTA
Tomou-se por base o trabalho realizado por Capretta et al. (1995, apud Karnitz Jr,
2007). Primeiramente, foi necessário obter o anidrido do EDTA tetrácido a partir do EDTA
46
dissódico. O EDTA dissódico foi dissolvido em água destilada na proporção de 1g para
100mL, respectivamente. Gotejou-se HCl concentrado na solução até precipitar o EDTA
tetrácido. Depois filtrou-se a vácuo e o EDTA retido e lavou-se com etanol 95% e com
éter etílico. Seco-se em estufa durante 2h a 105ºC e depois foi levado ao dessecador até o
resfriamento.
A síntese do dianidrido do EDTA realizou-se sob refluxo em banho de óleo
aquecido a 65ºC. Em balão de fundo redondo colocou-se 18,0g de EDTA tetrácido seco,
31mL de piridina anidra e 24mL de anidrido acético. Deixou-se o sistema no banho
durante 24h. Após este tempo filtrou-se a vácuo e o dianidrido do EDTA foi lavado com
anidrido acético e éter etílico. Secou a vácuo e guardou-o em balão de fundo redondo, bem
lacrado, dentro do dessecador.
3.1.2. Matéria-prima para os adsorventes
O bagaço de cana-de-açúcar, um resíduo da indústria sucroalcooleira foi coletado
em um alambique de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
A serragem de madeira parajú (Manilkara sp.) foi coletada de madereira localizada
no bairro Venda Nova em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
3.1.3. Solução aquosa e efluente contendo íon Zn2+
Uma solução estoque de zinco (1000mg/L) foi preparada com ZnSO4.7H2O em
água destilada. Todas as soluções para os estudos foram preparadas pela diluição desta
solução estoque com água destilada. As concentrações de íons Zn2+ dos estudos realizados
foram determinadas por titulação complexiométrica com EDTA (3mmol/L), em pH 10,
utilizando-se negro de eriocromo T como indicador.
O efluente foi coletado de uma indústria de galvanoplastia (Contagem/MG) dos
banhos de lavagens provenientes da linha da eletrodeposição de zinco alcalino. A
determinação da concentração de íons metálicos dos estudos com o efluente foi realizada
usando um espectrofotômetro de emissão atômica com fonte plasma (ICP-OES) Spectro,
modelo Ciros CCD com visão radial para os estudos em batelada e por espectrofotometria
de absorção atômica (Varian modelo SpectrAA 200) para os estudos realizados em coluna.
47
3.2. Metodologia Experimental
A seqüência do procedimento experimental desde a preparação dos materiais até a
sua aplicação como adsorventes está esquematizada no Esquema 3.1.
Bagaço de cana-de-açúcar ou
serragem da madeira (Brutos)
Bagaço
pulverizado
Lavagem em água a 65ºC
Lavagem em Soxhlet
(etanol/hexano)
Modificação química:
anidrido succínico ou
dianidrido do EDTA
Separação granulométrica
Caracterização dos materiais
adsorventes obtidos
Ensaios de adsorção
em coluna
Cálculos para
escala industrial
Ensaios de adsorção
em batelada
Esquema 3.1 – Esquema do procedimento experimental.
3.2.1. Preparação do bagaço e serragem
Pré-tratamento
O bagaço de cana “in natura” foi primeiramente picotado em pedaços menores e
secado em estufa por 24h. Depois de secos foram triturados em processador semi-industrial.
O pó obtido foi peneirado em sistema de peneiras de 20, 32, 65 e 100 Mesh.
A fração 32-65 Mesh (50g) foi lavada em 2,5L de água destilada, mantida sob
agitação à temperatura de 65ºC durante uma hora. Esta lavagem teve como objetivo
remover todas as substâncias solúveis principalmente os açúcares de cadeias menores
remanescentes e minerais. Posteriormente, o bagaço foi filtrado à vácuo lavando com
etanol 95% e secado na estufa a 100ºC. Depois de seco colocou-se em dessecador até o
resfriamento. Para finalizar o processo de lavagem, o bagaço foi submetido a um processo
de extração com solvente orgânico hexano:etanol de 1:1 em volume, utilizando um
aparelho de Sohxlet durante 4h (total desaparecimento de coloração). Esta teve como
finalidade de remover as substâncias orgânicas solúveis, tais como ácidos graxos e
48
compostos aromáticos de pequena cadeia. O bagaço retirado do sistema foi secado na
estufa a 90ºC e deixado esfriar em dessecador.
A serragem “in natura” foi primeiramente secada a 100ºC e depois triturada. Os
demais procedimentos foram o mesmo que o citado para o bagaço.
Modificação química com anidrido succínico (succinilação)
Esta modificação baseou-se no trabalho realizado por Karnitz Jr. et al. (2007) em
que, os materiais (bagaço ou serragem) pré-tratados são modificados com anidrido
succínico sob refluxo com piridina. Em um balão de fundo redondo foram colocados o
material, o anidrido e piridina na proporção de 1g para 3g e 10mL, respectivamente.
Levou-o ao banho de óleo já estabilizado à temperatura de 120ºC e deixou-se em refluxo
durante 24h. Logo após a reação, foram filtrados em funil sinterizado e lavados, em
sequência, com solução 1 molar de ácido acético em diclorometano, etanol 95%, solução
de 0,01mol/L de ácido clorídrico, água destilada e por fim com etanol 95%. Os materiais
foram secos a 80ºC por aproximadamente 30 min, após resfriados em dessecador foi obtido
o ganho de massa do bagaço modificado BMAs1 e serragem modificada SMAs1 conforme
equação 3.1.
%GM =
M f − Mi
× 100
Mi
(3.1)
Onde Mi é a massa do material (bagaço ou serragem) antes da reação e Mf é a
massa após a succinilação.
Os materiais BMAs2 e SMAs2 foram obtidos pelo tratamento de BMAs1 e SMAs1,
respectivamente, com solução de bicarbonato de sódio (NaHCO3). Foram filtrados em
funil sinterizado, lavados abundantemente com água destilada e após com etanol, e secos à
80ºC. Depois de secos, colocou-os em dessecador para resfriar. A rota sintética de
formação dos materiais BMAs1, SMAs1, BMAs2 e SMAs2 pode ser vista no Esquema
1.1(a) na página 6.
A quantidade de funções ácidas introduzidas nas fibras do bagaço e da madeira pela
reação de succinilação foi determinada por retro titulação, conforme Karnitz et al. (2007).
Primeiramente, os materiais BMAs1 e SMAs1 (100,0mg) são colocados em erlenmeyer
49
sob agitação durante uma hora com excesso (100,0mL) de uma solução de NaOH
(0,01mol/L). Após a filtração, a solução é titulada em triplicata de 25,0mL com solução de
HCl (0,01mol/L). A concentração de funções ácido carboxílico (CCOOH) foi obtida por
meio da equação 3.2.
 (C
× VNaOH ) − 4 × (C HCl × VHCl )
CCOOH =  NaOH

M


(3.2)
Onde, CNaOH é a concentração da solução de NaOH (mmol/L), CHCl a concentração da
solução de HCl (mmol/L), VNaOH o volume de solução de NaOH (L), VHCl o volume de
solução de HCl (L) gasto em cada titulação e M a massa (g) do material adsorvente.
Modificação química com dianidrido do EDTA
Esta modificação baseou-se no trabalho realizado por Karnitz Jr. et al. (2007) sob
as melhores condições obtidas por este autor, em que, os materiais pré-tratados são
modificados com o dianidrido do EDTA sob refluxo com dimetilformamida (DMF). Em
um balão de fundo redondo adicionou-se o material, o dianidrido e a DMF na proporção de
1g para 3g e 42mL, respectivamente. Levou-o ao banho de óleo já estabilizado à
temperatura de 75ºC e deixou-se em refluxo durante 24h. Em seguida, foram filtrados em
funil sinterizado e lavados, em seqüência, com DMF, água, solução saturada de
bicarbonato de sódio (NaHCO3), água e por fim com etanol 95%. O bagaço modificado
BMDe e serragem modificada SMDe obtidos foram secos a 100ºC por aproximadamente
1h em uma estufa e esfriados em dessecador. A rota sintética da introdução do dianidrido
do EDTA em B e S para obter os materiais BMDe e SMDe pode ser vista no Esquema
1.1(b) na página 6.
3.2.2. Caracterização dos adsorventes
Espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR)
Os materiais adsorventes obtidos após a modificação foram submetidos a análise
em espectrômetro Nicolet modelo Impact 410. Em forma de pastilha, 1mg de amostra foi
50
prensada com 100mg de KBr. O espectro na região do infravermelho foi gerado entre 4000
e 400cm-1, com resolução de 4cm-1 e 32 varreduras por amostra.
Analise elementar
As analises dos elementos C, H, N e O foram realizadas em instrumento de análise
elementar CHNS/O da Perkin Elmer, modelo Analyzer 2400, Series II.
Analise térmica
Realizou-se analise termogravimétrica (TGA) através da TA instruments, modelo
SDT 2960, simultaneous DTA-TGA.
As curvas de TGA foram geradas em atmosfera de nitrogênio com vazão de
20mL/min entre 25 e 800ºC a uma taxa de variação de 10ºC/min.
Densidade e Área Superficial
A determinação da densidade foi realizada em um aparelho Multi Pycnometer
Quantachrome. Através da injeção de gás Hélio no sistema contendo uma quantidade
específica do material foi determinada a densidade de 10 replicatas e obteve-se a média
destes valores.
Os parâmetros relacionados à porosidade foram realizados em adsorptômetro
Quanthachrome Nova 1000. Os materiais foram previamente secos a 90ºC sob alto vácuo
para retirar toda umidade. A degaseificação foi realizada nesta temperatura durante 3horas.
Depois os materiais foram submetidos ao processo de adsorção do nitrogênio. Para melhor
penetramento nos poros utilizou-se, além de N2 gasoso, o N2 líquido. Através do
tratamento matemático dos dados de adsorção de N2 a 77K obtidos foi determinada a
superfície específica, volume total e diâmetro dos poros, o volume e área dos microporos.
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
A microscopia eletrônica de varredura foi realizada em um microscópio EDS
modelo JEOL JSM5510, espectrômetro de Dispersão de Energia, EDS Thermo, Noran
System Six. Realizou-se o mapeamento da composição elementar do material adsorvente
sem prévio uso e também após aplicação como adsorvente e também para avaliar se houve
51
alguma precipitação do metal na superfície do material. As amostras foram metalizadas por
vaporização a carbono (Evaporadora à vácuo, modelo JEE-4C da marca JEOL) a fim de
tornar a superfície condutora para efetivar a análise. Durante a varredura aplicou-se uma
ddp de 20kV para o filamento capilar de tungstênio.
3.2.3. Análises físico-químicas do efluente industrial
Determinação dos metais
Alguns metais presentes no efluente foram determinados por meio de um
espectrofotômetro de emissão atômica com fonte plasma (ICP-OES) Spectro, modelo
Ciros CCD com visão radial.
Determinação da DQO
O teste de demanda química de oxigênio (DQO) foi realizado por meio de um
agente oxidante forte (dicromato de potássio) em meio ácido, sendo o resultado final desta
oxidação o dióxido de carbono e água. A DQO é medida por meio da quantidade de O2
necessária para a oxidação química da matéria orgânica (Macêdo, 2003).
A DQO foi analisada antes e depois de aplicar os materiais adsorventes para avaliar
se estes materiais estariam aumentando a DQO da água residuária tratada. Fez-se a análise
após 4 tempos de operação da coluna de adsorção durante o ensaio e obteve-se para esta
análise os pontos de DQO 1, 2, 3 e 4.
A quantidade de 3mL da amostra foi transferida para o tubo do termoreator
Marconi Dry Block MA 4004, adicionou-se 1,5mL da solução de K2Cr2O7 (0,03M) e 3mL
de H2SO4 concentrado. Agitou-se e colocou para digerir no termoreator por 2 horas a
140ºC. A leitura da absorbância foi feita em espectrofotômetro Femto 600 Plus no visível a
um comprimento de onda de 585nm e por meio de uma curva de calibração determinou-se
a concentração (mg/L) de DQO. Os ensaios foram realizados em triplicata e tomou-se a
média deles como resultado.
52
Determinação dos sólidos suspensos e sólidos dissolvidos
Os sólidos totais em suspensão é a fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que
não são filtráveis (não dissolvidos). Sólidos em suspensão fixos são componentes minerais,
não incineráveis (inertes) e os sólidos voláteis são os orgânicos. Os sólidos dissolvidos é a
fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que são filtráveis. Neste estudo determinou-se
os sólidos em suspensão e dissolvidos totais, fixos e os voláteis.
Primeiramente, centrifugou-se 50mL da amostra do efluente da zincagem por 30
min para separar todos os sólidos suspensos dos dissolvidos. Retirou o sobrenadante e o
sedimento retido no fundo do tubo foi transferido para um cadinho de porcelana
previamente pesado (P1) em balança analítica. O cadinho foi levado para estufa a 110ºC
até completa secura. Resfriou em dessecador e pesou o cadinho (P2) em balança analítica.
Depois de pesar o cadinho, ele foi levado para uma mufla à 600ºC para calcinar os sólidos
totais suspensos por 90 minutos. Resfriou em dessecador e pesou o cadinho (P3) em
balança analítica. Os sólidos totais em suspensão (STS) são obtidos pela diferença (P2 P1). Os sólidos em suspensão fixos (SSF) são obtidos pela diferença (P3 – P1). Os sólidos
em suspensão voláteis (SSV) são obtidos pela diferença (STS – SSF).
Para a determinação dos sólidos dissolvidos centrifugou-se 50mL da amostra do
efluente da zincagem por 30 min para separar todos os sólidos suspensos dos dissolvidos.
O sobrenadante foi transferido para um cadinho de porcelana previamente pesado (P1’) em
balança analítica. O cadinho foi levado para estufa a 110ºC até completa secura. Resfriou
em dessecador e pesou o cadinho (P2’) em balança analítica. Depois de pesar o cadinho,
ele foi levado para uma mufla à 600ºC para calcinar os sólidos totais suspensos por 90
minutos. Resfriou em dessecador e pesou o cadinho (P3’) em balança analítica. Os sólidos
totais dissolvidos (STD) são obtidos pela diferença (P2’ - P1’). Os sólidos dissolvidos fixos
(SDF) são obtidos pela diferença (P3’ – P1’). Os sólidos dissolvidos voláteis (SSV) são
obtidos pela diferença (STD – SDF). Todos os ensaios foram realizados em triplicata e
tomou-se a média deles como resultado.
Determinação de íons cloreto
Os íons cloreto foram determinados pelo método de Mohr que baseia-se em titular
os íons cloreto com solução padronizada de nitrato de prata (AgNO3), usando solução de
53
cromato de potássio (K2CrO4) como indicador. O ponto final da titulação é identificado
quando todos os íons Ag+ tiverem se depositado sob a forma de AgCl, logo em seguida
haverá a precipitação de cromato de prata (Ag2CrO4) de coloração marrom-avermelhada,
pois, o cromato de prata é mais solúvel que o cloreto de prata.
Colocou-se 5 gotas de indicador K2CrO4 em 10mL da amostra de efluente e em
10mL de água deionizada para o branco e titulou-se com solução padronizada de AgNO3
(0,01M) e determinou a quantidade (mg) de íons Cl-.
Determinação de surfactante aniônico
O método da determinação de surfactante aniônico utilizado (Método MBAS)
depende da formação de um sal azul quando o azul de metileno reage com os surfactantes,
incluído não só os alquil aril sulfanatos (ABS e LAS), mas também os alquil sulfatos. O sal
é solúvel em clorofórmio e a intensidade da cor é proporcional à concentração e é medida
no comprimento de onda de 652nm (AWWA, 1998).
Foram colocados 100mL de água destilada para o branco, 100mL da amostra em
funis de separação e neutralizados com NaOH ou H2SO4 na presença de fenolftaleína como
indicador. A extração do surfactante foi realizada com 25mL de solução azul de metileno e
10mL de clorofórmio. Esta extração foi repetida por mais três vezes. Os extratos foram
combinados em outro funil de separação com adição de 50mL de solução de lavagem
(NaH2PO4.H2O) e após decantação, transferiu a fase orgânica de clorofórmio para um
balão (B1) de 100mL. Á água de lavagem retida no funil foi extraida três vezes com 10mL
de clorofórmio e transferiu as fases de clorofórmio para o balão B1 e depois completou-o
com clorofórmio. A leitura foi realizada em espectrofotômetro no comprimento de onda
652nm e pela curva de calibração determinou-se a quantidade (mg) de surfactante aniônico.
3.2.4. Ensaios de adsorção em batelada
Estudos cinéticos
Para a determinação do tempo de equilíbrio de adsorção de íons Zn2+ na solução
aquosa e no efluente foram colocados 50,0mg de BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe em
Erlenmeyers distintos para cada material contendo 50mL de solução de Zn2+ de 200mg/L e
54
em outros contendo 50mL do efluente. Foram mantidos sob agitação em tempos de 10, 20,
30, 45 e 60 minutos.
Os experimentos com a solução aquosa foram feitos em pH (sem algum ajuste
durante o ensaio) de 5,8 (variação ±0,1) para o BMAs2; de 5,9 (variação ±0,1) para o
SMAs2; de 3,9 (variação ± 0,2) para o BMDe e de 5,3 para o SMDe com variações de até
uma unidade a menos para tempos de contato maior. Já o efluente foi ajustado de pH 12
para pH 6,0 com HNO3 concentrado antes de entrar em contato com os materiais, sendo
mantidos sem mais nenhum ajuste durante o ensaio.
Depois, foram filtrados em funil sinterizado e a concentração dos íons Zn2+ na
solução aquosa foi determinada via titulação complexiométrica com EDTA e no efluente
via ICP-OES.
Estudos do pH
Para avaliar o efeito do pH na adsorção do íon de Zn2+ e determinação do pH ótimo
de adsorção deste íon na solução aquosa e no efluente foram colocados 50,0mg de BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe em Erlenmeyers distintos para cada material contendo 50mL de
solução de Zn2+ de 200mg/L e em outros contendo 50mL do efluente. Para os ensaios em
solução aquosa de Zn2+ o sistema foi mantido sob agitação durante 40 min e para os
ensaios no efluente o sistema foi mantido sob agitação durante 50 min. O pH foi ajustado
com soluções de HNO3 ou NaOH (0,01 a 1,00mol/L) mantendo o pH na faixa de 2,5 a 6,5.
Depois de filtrados, a concentração dos íons Zn2+ na solução aquosa foi
determinada via titulação complexiométrica com EDTA e no efluente via ICP-OES.
Isotermas de adsorção
Ensaios em batelada foram feitos em mesa agitadora, usando Erlenmeyers de
250mL. As soluções aquosa de Zn2+, variando de 180 a 300mg/L, foram ajustadas ao pH
ótimo de adsorção com soluções de HNO3 ou NaOH (0,01 a 1,00mol/L) logo após a adição
de 50,0mg dos materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe em erlenmeyers distintos. Para
o efluente, variou-se a concentração do adsorvente no meio (0,4 a 1,2g/L). A cada 10 min o
pH foi verificado e corrigido quando necessário. Após agitação de 40 min a mistura foi
filtrada e foi determinada a concentração dos íons Zn2+ na solução aquosa por titulação
55
complexiométrica com EDTA. No estudo com efluente, a mistura foi filtrada após agitação
de 50 min e a concentração dos íons Zn2+ foi analisada por ICP-OES.
3.2.5. Ensaio de adsorção em coluna
Os experimentos de adsorção em fluxo contínuo foram conduzidos em uma coluna
de vidro de 18mm de diâmetro interno e 110mm de altura. Foram inseridos na coluna 3,0g
do BMAs2 seco, retidos na coluna por algodão nas extremidades inferior e superior.
Depois o sistema foi lavado com água destilada. A dimensão da coluna empacotada foi de
5,0cm e o volume do leito de 12,7cm3.
O afluente à coluna, que é a água residuária oriunda de processo de galvanoplastia
do processo da zincagem, foi coletado em frascos de polietileno. Foram coletados 5L por
dia durante cinco dias da semana. O pH variou com dia de coleta na faixa de 9,3 a 12,2.
Ajustou-se o pH de cada frasco com HNO3 concentrado antes de juntá-los e então passálos pela coluna contendo os materiais adsorventes. A água residuária com concentração
70mg/L de íons Zn2+ foi bombeada em sistema de fluxo ascendente com vazão constante
de 15mL/min. por meio de uma bomba peristáltica (MOD. BP-600, Milan) pré-calibrada, a
25ºC. O eluido foi coletado em frações de 30mL em diferentes intervalos de tempo e a
concentração dos íons Zn2+ em cada fração foi determinada por espectrofotometria de
absorção atômica (Varian modelo SpectrAA 200). O experimento foi interrompido quando
o efluente a coluna atingiu valores de concentração superiores a 69,5mg/L. O mesmo
experimento foi feito para o SMAs2.
O ponto de trespasse foi definido como sendo o volume onde a concentração de
Zn2+ no efluente atinja o máximo permitido pela legislação (5mg/L).
3.2.6. Ensaio de dessorção
Após a coluna atingir a saturação, o metal adsorvido em BMAs2 e SMAs2 foi
dessorvido usando como eluente uma solução de HCl (0,1M) em fluxo ascendente ajustada
a vazão em 8mL/min. até a dessorção total de todo íon Zn2+. Foram coletadas alíquotas de
10mL em intervalos constantes, também determinadas por espectrofotometria de absorção
atômica.
56
Após a dessorção ácida, a coluna foi recondicionada com solução saturada de
NaHCO3 mantida em fluxo ascendente até a total reversão da acidez da coluna
(aproximadamente 10 minutos). Depois foi lavada com água destilada até manter estável o
pH próximo de 7,0.
Então, novamente a coluna é utilizada para adsorção do metal e após a saturação a
coluna é regenerada novamente. Estes ciclos de adsorção e dessorção se repetem 3 vezes
não havendo mudanças significativas nas características dos materiais adsorvente.
A massa dessorvida do metal (md) é calculada por meio da área abaixo da curva de
eluição (concentração do metal no efluente a coluna versus volume eluido). Pode ser
calculada a eficiência da eluição (equação 3.3).
E (% ) =
md
×100
mad
(3.3)
Onde mad é a massa total adsorvida pelo adsorvente.
3.2.7. Projeto de coluna em escala industrial
Com base nos dados fornecidos para o ensaio em coluna, nos resultados da curva de
trespasse, bem como por meio do método cinético de Thomas, que resulta na determinação
da constante de reação KTH de projeto e o termo Qmax através da equação de projeto, é
possível avaliar o comportamento dos materiais BMAs2 e SMAs2 em escala industrial. No
entanto, necessita-se conhecer a vazão do efluente real a ser tratado.
A indústria onde foram coletados os efluentes trata os efluentes com vazão de
10m3/dia na linha do banho de zinco. Por meio destes dados calculou-se a massa de
adsorvente requerida, a altura e o diâmetro da coluna de projeto.
57
Capítulo 4
4. Resultados e Discussão
A primeira parte deste tópico consta da síntese e caracterização dos materiais
adsorventes obtidos a partir da introdução de novos grupos funcionais pela modificação do
bagaço de cana e da serragem com anidrido succínico e dianidrido do EDTA. Em segundo
plano foi avaliada a aplicação destes materiais adsorventes na adsorção de zinco de
soluções aquosas e também em efluente real. Foram observadas as possíveis influências e
efeitos do meio no mecanismo da adsorção, devido à presença de outros íons. Para os
adsorventes com as melhores capacidades de adsorção obtidas (BMAs2 e SMAs2),
realizou-se o estudo de adsorção em leito fixo em escala laboratorial. E por último, por
meio destes estudos de adsorção foi possível projetar em escala industrial como futuras
previsões para aplicações visando um custo/benefício melhor do que as metodologias de
purificação divulgadas no comércio.
4.1. Síntese e caracterização dos materiais BMAs1, BMAs2, SMAs1 e SMAs2
O bagaço de cana (B) e a serragem (S) pré-tratadas foram modificadas com
anidrido succínico sob refluxo com piridina a temperatura de 120ºC durante 24h. Após este
período de reação obteve-se BMAs1 e SMAs1, que foram filtrados, lavados e secos. O
ganho de massa e o número de funções foram obtidos para os materiais BMAs1 e SMAs1 e
estão apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Ganho de massa e a concentração de funções ácidas de BMAs1 e SMAs1
Material
BMAs1
SMAs1
Ganho de Massa (%)
61
75
Funções ácidas (µmol/mg)
6,4
7,4
Depois dos materiais BMAs1 e SMAs1 de serem tratados com solução de
bicarbonato de sódio (NaHCO3) obteve-se os materiais BMAs2 e SMAs2, os quais foram
58
utilizados nos estudos adsortivos. A síntese dos materiais BMAs2 e SMAs2 está
representada no Esquema 4.1.
O
OH
O
O
O
O
O Na
O
O
Piridina, ∆
OH
O
OH
O
OH
O
NaHCO3 (sat)
O
O
O Na
O
O
Bagaço de cana (B)
ou
Serragem (S)
O
BMAs2
ou
SMAs2
BMAs1
ou
SMAs1
Esquema 4.1 – Rota sintética dos materiais BMAs1, SMAs1, BMAs2 e SMAs2
Os materiais adsorventes obtidos BMAs2 e SMAs2 por succinilação de B e S,
respectivamente foram caracterizados por espectroscopia na região do infravermelho
comprovando a introdução de novas funções (ácidos carboxílicos) em sua estrutura. Podese observar na Figura 4.1 os espectros na região do infravermelho para os adsorventes
BMAs2 e SMAs2 em comparação com os seus respectivos materiais de origem B e S.
70
70
B
BMAs2
S
SMAs2
60
Transmitância (%)
Transmitância (%)
60
50
40
1419
1743
4000
3000
2000
-1
Número de onda (cm )
(a)
40
30
20
1577
30
50
1000
10
4000
1738 1410
1582
3000
2000
-1
1000
Número de onda (cm )
(b)
Figura 4.1 - Espectro na região do infravermelho do B e BMAs2 (a) e do S e SMAs2 (b)
Observam-se algumas diferenças nos espectros dos materiais que passaram por
processo de modificação química em relação aos não modificados. Através da succinilação
dos materiais foi possível avaliar por estes espectros a presença de bandas fortes para o
59
BMAs2 em 1743 cm-1 e para o SMAs2 em 1738 cm-1, que caracteriza o estiramento
assimétrico e simétrico de C=O referentes aos grupos funcionais éster originados após a
esterificação ocorrida ao reagir com o anidrido succínico. As bandas em 1643, 1461 e 1419
cm-1 para o BMAs2 e em 1582 e 1411 para o SMAs2 correspondem a estiramentos do
grupo C=O referentes às novas funções introduzidas, ácidos carboxílicos.
4.2. Síntese e caracterização dos materiais adsorventes BMDe e SMDe
O bagaço de cana (B) e a serragem (S) pré-tratadas também foram modificadas com
o dianidrido do EDTA sob refluxo com dimetilformamida (DMF) à temperatura de 75ºC
durante 24h. Após este período de reação foram filtrados, lavados e tratados com solução
saturada de bicarbonato de sódio (NaHCO3) obtendo o bagaço modificado BMDe e
serragem modificada SMDe, os quais foram utilizados nos estudos adsortivos. O Esquema
4.2 mostra em síntese a rota da introdução do anidrido do EDTA.
O
O
O
N
N
O
O
O
N
O
1)
OH
O
O
O Na
DMF, ∆
O Na
O
N
O Na
O
2) NaHCO3 (sat)
Bagaço de cana (B)
ou
Serragem (S)
BMDe
ou
SMDe
Esquema 4.2 – Rota sintética dos materiais BMDe, SMDe
Os ganhos de massa obtidos antes de tratar os materiais BMDe e SMDe com
NaHCO3 estão apresentados na Tabela 4.2. Para avaliar o teor de nitrogênio que não era
característico antes da modificação e aumentou após a esterificação com a introdução do
EDTA ao material de origem B e S, os materiais BMDe e SMDe foram caracterizados por
análise elementar e estes resultados também estão apresentados na Tabela 4.2.
60
Tabela 4.2 – Ganho de massa e análise elementar de BMDe e SMDe
Material
B
BMDe
S
SMDe
Ganho de Massa (%)
----40
----40
C(%)
43,98
39,93
48,78
43,97
H (%)
6,02
4,55
7,02
6,62
N(%)
0,13
2,32
0,30
2,56
Em relação aos materiais BMAs2 e SMAs2 (Tabela 4.1), o ganho de massa dos
BMDe e SMDe é bem menor apesar da massa molar do dianidrido do EDTA ser maior
(244g/mol) em relação ao anidrido succínico (100g/mol). Esta diferença é devida ao fator
estérico do EDTA e também à esterificação através dos dois anidridos, diminuindo assim
os possíveis sítios de hidroxílas livres para reagir com outras moléculas de dianidrido do
EDTA, como se pode observar no Esquema 4.3. Porém esta possível situação não impede
que o material tenha efeito quelante, pois quatro sítios ativos (dois carboxilatos e duas
aminas) são liberados, ao invés de cinco (três carboxilatos e duas aminas).
O
O
O
N
O
O
N
O
Na
O
N
O
OH
O
O
O
N
O
O Na
O
eeee
tttt
nnnn
eeee
vvvv
rrrr
oooo
ssss
dddd
aaaa
llll
aaaa
iiii
rrrr
eeee
tttt
aaaa
MMMM
aaaa
cccc
iiii
ssss
óóóó
llll
uuuu
llll
eeee
cccc
oooo
nnnn
iiii
nnnn
gggg
iiii
llll
aaaa
rrrr
bbbb
iiii
FFFF
Esquema 4.3 – Síntese possível de dupla esterificação a partir do dianidrido do EDTA
No entanto, os espectros na região do infravermelho certificam o sucesso da reação
de esterificação e estão representados na Figura 4.2 para os adsorventes BMDe e SMDe
em comparação com os seus respectivos materiais de origem B e S, comprovando a
introdução de novas funções (ácidos carboxílicos e aminas) em sua estrutura.
Conforme os espectros apresentados na Figura 4.2, observam-se o aparecimento de
bandas fortes em algumas regiões para os materiais que foram modificados com o
dianidrido do EDTA. Com a esterificação, as bandas fortes para o BMDe em 1741cm-1 e
para o SMDe em 1742cm-1 caracterizam o estiramento assimétrico e simétrico de C=O
referentes aos grupos funcionais éster formados. As bandas intensificadas em 1633cm-1
para o BMDe e em 1634 para o BMDe e, as formadas em 1602 e 1406cm-1 para o BMDe e
61
em 1596 e 1403cm-1 para o SMDe correspondem a estiramentos do grupo C=O referentes
as novas funções introduzidas, ácidos carboxílicos, provenientes dos grupos ácido
etilenodiamina-N,N’-diacético (EDDA) formados com a esterificação.
80
B
BMDe
60
S
SMDe
Transmitância (%)
Transmitância (%)
70
60
50
1741
1406
1633 1602
40
30
4000
3500
3000
2500
2000
1500
-1
Número de onda (cm )
(a)
50
40
1742
30
1000
500
20
4000
1403
1634 1596
3500
3000
2500
2000
1500
1000
-1
Número de onda (cm )
(b)
Figura 4.2 - Espectro na região do infravermelho do B e BMDe (a) e do S e SMDe (b)
4.3. Análise Térmica
Foram realizadas análises termogravimétricas (TGA) para avaliar o comportamento
dos materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe quanto a estabilidade térmica. As curvas
podem ser vistas na Figura 4.3.
As primeiras perdas de massa para os materiais é devido a umidade e compostos
voláteis, apresentados na etapa 1 dos eventos de degradação da Tabela 4.2. A estabilização
deste evento ocorre em temperatura de 100 ºC. Em seqüência, as curvas mostram outras
etapas de degradação referentes à degradação da cadeia lateral introduzida nos materiais
adsorventes devido às reações de descarbonilação e descarboxilação e também devido ao
rompimento de ligações α e β-aril-aquil-éter de compostos da lignina e desacetilação das
hemiceluloses existentes nos materiais. Estes eventos de degradação estão representados na
62
500
Tabela 4.3 por vários picos de temperatura, constatados na etapa 2 dos eventos de
degradação. Também estão indicadas, nesta tabela, as perdas de massa para cada evento.
(a)
(b)
(b)
100
100
80
Massa (%)
60
40
20
60
40
20
0
Massa (%)
Massa (%)
Massa (%)
Massa
(%)
80
0
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0
(c)
100
200
300
400
500
o
600
700
Temperatura ( C)
Temperatura (ºC)
o
Temperatura(ºC)
( C)
Temperatura
(d)
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
Figura 4.3 - TGA dos materiais (a) BMAs2; (b) BMDe; (c) SMAs2 e (d) SMDe
Tabela 4.3 – Resultados das análises termogravimétricas dos materiais
Eventos de degradação
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
1 Temperatura (ºC)
67
53
70
55
Perda de massa (%)
5,2
13,0
11,3
12,0
2 Temperatura (ºC)
286 e 355 265 e 373 240, 298 e 345 267 e 302
Perda de massa (%)
86,1
49,0
44,3
56,0
63
800
Observando-se a Tabela 4.2, verifica-se que o BMAs2 apresenta uma perda de
massa maior referente ao considerado evento de degradação 2 em relação aos demais
materiais. Isto indica que além da degradação das funções também ocorre a decomposição
de celulose e a quebra de ligações C-C entre unidades estruturais de lignina. Este evento só
foi observado nos demais materiais após 500ºC.
4.4. Adsorção em batelada para o íon Zn2+ pelo BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
4.4.1. Estudos em solução aquosa
Estudo de Cinética
Para fazer o estudo em batelada com os materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
em solução aquosa, primeiramente, foi determinado o tempo de contato suficiente para o
sistema atingir o equilíbrio. Os ensaios foram realizados em pH natural da solução a uma
concentração de 1g de material adsorvente por litro de solução, onde a concentração inicial
de íons Zn2+ na solução era de 200mg/L. Após 10, 20, 30, 45 e 60 minutos as soluções
heterogêneas foram filtradas e a concentração dos íons Zn2+ na solução aquosa final foi
determinada via titulação complexiométrica com EDTA. Os resultados estão apresentados
na Tabela 4.4 em termos de quantidade adsorvida q (mg/g) de íons Zn2+ pelo material
adsorvente, dada conforme o balanço de massa que foi expresso pela equação 2.6 (página
25), para cada tempo de contato.
Tabela 4.4 - Quantidade adsorvida de íons Zn2+ em solução aquosa em função do tempo de
contato para BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Quantidade adsorvida (q) de Zn2+ (mg/g)
Tempo
10 min.
20 min.
30 min.
45 min.
60 min.
93,91
136,64
75,33
54,01
94,73
139,38
75,13
54,76
94,81
140,89
77,49
55,37
95,07
141.36
78,75
56,63
95,15
141.53
78,47
56,96
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
64
Estes dados estão dispostos em gráfico na Figura 4.4, onde observa-se que em
pouco tempo o equilíbrio de adsorção foi atingido para os materiais.
170
BMAs2
SMAs2
SMDe
BMDe
160
150
Quantidade adsorvida
(mg/g)
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
10
20
30
40
50
60
Tempo (min)
Figura 4.4 - Adsorção do íon Zn2+ em solução aquosa em função do tempo para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe
Estudo de pH
Também foi verificado o efeito do pH na adsorção do íon Zn2+ fixando um tempo
igual para todos os ensaios de 40min. O pH está diretamente ligado a eficiência de
adsorção de um determinado cátion metálico, pois influi na competição entre os íons do
metal a ser adsorvido e os íons H3O+. Sendo assim a abilidade dos materiais adsorventes
em complexar é controlada por fatores como os valores de pKa dos grupos funcionais
responsáveis pela adsorção, bem como a tendência do metal para hidrolisar (Prasad, 2004).
Os ensaios realizados a uma concentração de 1g de material adsorvente por litro de
solução e concentração inicial de íons Zn2+ na solução de 200mg/L foram filtradas após o
tempo de agitação e a concentração dos íons Zn2+ na solução aquosa final foi determinada
por titulação complexiométrica com EDTA. Os resultados estão apresentados na Tabela
4.5 e no gráfico da Figura 4.5 em função da quantidade adsorvida q (mg/g) de íons Zn2+
pelo material adsorvente para cada pH distinto e dispostos.
65
Tabela 4.5 - Quantidade adsorvida de íons Zn2+ em relação ao pH da solução aquosa para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
pH
q (mg/g)
SMAs2
pH
q (mg/g)
BMDe
pH
q (mg/g)
SMDe
pH
q (mg/g)
BMAs2
3,63
20,30
4,19
31,01
2,80
47,29
2,88
37,63
4,62
45,77
4,88
107,54
3,69
65,91
3,25
42,94
5,15
89,21
5,44
124,80
4,31
72,09
4,11
56,21
5,73
120,27
6,16
138,83
5,56
76,42
5,08
66,41
6,34
124,55
6,5
139,99
6,97
95,79
6,47
68,82
SMAs2
BMAs2
SMDe
BMDe
140
120
Quantidade adsorvida
(mg/g)
2,9
0,00
3,07
9,54
2,00
26,16
1,85
21,21
100
80
60
40
20
0
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
pH
Figura 4.5 - Adsorção do íon Zn2+ em solução aquosa em função do pH para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe
De fato, a adsorção de zinco aumenta com o aumento do pH devido a uma
diminuição na competição entre o íon H3O+ e o íon Zn2+, e atinge um máximo de adsorção
pelos patamares em aproximadamente 6,2 para o BMAs2 e para o SMAs2; 5,3 para o
SMDe e 5,6 para o BMDe. Para os materiais SMDe e BMDe observa-se que em valores
baixo de pH (menores que 3) ocorreu adsorção também, o que não é possível observar nos
outros dois materiais. Contudo, isso é devido a uma possível estabilidade adicional dos
grupos complexantes na superfície dos materiais SMDe e BMDe, uma vez que o grupo
66
funcional quelante não é apenas grupos carboxílicos, mas também pares de elétrons livres
do nitrogênio. Este arranjo quelante pode ser observado na Figura 4.6.
O
N
O-
L
O
Zn2+
O-
O-
N
O
OO
Sólido adsorvente
Figura 4.6 – Estabilização do íon Zn2+ adsorvido por SMDe e BMDe, onde L é um
ligante qualquer
Sob estas condições de concentração de íons Zn2+ em solução, em valores de pH
acima de 7,0 há possibilidade da precipitação de íons Zn2+ na superfície do adsorvente. Isso
explica o fato de haver uma quantidade menor deste íon em solução, ou seja, uma maior
quantidade adsorvida no último ponto (pH = 7) para a curva do BMDe, que na verdade
além de ocorrer mecanismos apenas adsortivos também deve ter ocorrido precipitação
como hidróxido. Outra hipótese do fato ocorrido devido à grande diferença de adsorção
entre o penúltimo e o último ponto para o BMDe é que antes mesmo de precipitar sob a
forma de Zn(OH)2, estariam presentes no meio outra espécie iônica Zn(OH)+, a qual
ocuparia menos sítios ativos em relação a espécie Zn2+ e com isso uma quantidade maior
deste metal seria adsorvido. Portanto é necessário manter um valor de pH fixo e seguro que
garanta apenas fenômenos de adsorção na superfície dos materiais, bem como a certeza das
espécies sendo adsorvidas.
Estudo das isotermas de adsorção
Com base nos resultados obtidos, fixou-se uma faixa de pH (entre 6,2 e 6,3) e um
mesmo tempo (30 min.) para realizar o estudo da isoterma para todos materiais. As
concentrações de Zn2+ no equilíbrio foram determinadas e a quantidade adsorvida foi
calculada. Os resultados obtidos estão dispostos na Tabela 4.6 e Figura 4.7.
67
Tabela 4.6 – Resultados da isoterma de adsorção de íons Zn2+ em solução aquosa para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
c (mg/L)
q (mg/g)
c (mg/L)
q (mg/g)
c (mg/L)
q (mg/g)
c (mg/L)
q (mg/g)
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
76,45
110,89
60,00
130,39
101,9375
85,62
113,21
67,625
95,57
115,21
83,19
130,99
122,766
88,07
134,28
69,00
117,38
116,61
102,86
134,57
143,8397
90,07
155,11
70,76
140,65
116,78
125,04
135,92
164,6682
92,86
177,17
71,30
185,25
119,06
170,42
138,40
210,246
94,35
220,05
73,15
BMAs2
BMDe
SMAs2
SMDe
140
130
120
q (mg/g)
110
100
90
80
70
60
80
100
120
140
160
180
200
220
c (mg/L)
Figura 4.7 – Isotermas de adsorção q em função de c para íons Zn2+ em solução aquosa
pelos materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
As curvas obtidas de q versus c são típicas às curvas favoráveis e, portanto, foram
ajustados ao modelo de Langmuir (Figura 4.8), que se adéqua a este tipo. Os parâmetros
por ela obtidos estão apresentados na Tabela 4.7.
68
SMAs2
BMAs2
SMDe
BMDe
3,0
c/q (g/L)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
c (mg/L)
Figura 4.8 - Isotermas de Langmuir linearizada c/q em função de c para íons Zn2+ pelos
materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Tabela 4.7 - Parâmetros de Langmuir para a adsorção de Zn2+ em BMAs2, SMAs2, BMDe
e SMDe
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
Qmax (mg/g)
125,00
144,93
105,26
80,00
b (L/mg)
0,115
0,139
0,043
0,047
R2
0,9997
0,9997
0,9995
0,9998
O parâmetro Qmax indica o máximo que o material adsorve do metal até a total
saturação dos sítios de adsorção. É observado na Tabela 4.6 que o SMAs2 apresentou uma
maior capacidade de adsorção para o íon Zn2+ em relação aos demais, sendo o BMAs2 o
mais próximo. Já o parâmetro b que indica a energia de ligação da complexação do metal
com o material adsorvente foi semelhante para os materiais BMAs2 e SMAs2; BMDe teve
o mesmo comportamento do SMDe, entretanto a energia de complexação foi mais baixa
em relação aos primeiros materiais.
Conforme demonstrado pelas equações 2.4 e 2.5 (página 25), a partir do parâmetro
b foram calculados, respectivamente, o fator de separação adimensional (RL) para avaliar a
afinidade entre o adsorbato e o adsorvente, e a variação de energia livre de Gibbs (∆G) que
indica a espontaneidade das reações. Estes resultados estão expressos na Tabela 4.8.
69
Tabela 4.8 – Valores de RL e (∆G) para a adsorção de Zn2+ na solução aquosa para os
materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
RL
0,028 a 0,044
0,023 a 0,036
0,071 a 0,110
0,068 a 0,105
∆G (kJ/mol)
-22,12
-22,58
-19,68
-19,92
Para todos os materiais, os valores de RL estão entre 0 e 1, o que afirma ser uma
adsorção favorável em todos os casos. Observa-se que, para todos, os valores de ∆G são
negativos, indicando que o processo de adsorção do íon Zn2+ é espontâneo e confirma que
há uma afinidade do metal com os materiais. A diferença encontrada entre estes materiais é
devido à distinta forma de atuação do material quelante sob o adsorbato por possuírem
sítios distintos de adsorção, uma vez que BMAs2 e SMAs2 possuem propriedades
semelhantes entre si e, BMDe e SMDe semelhantes entre si. Portanto, para BMAs2 e
SMAs2 pode-se dizer que esta estabilização do adsorbato ocorreu possivelmente por meio
da reação de complexação. Então, nestes adsorventes, provavelmente os sítios de adsorção
estavam mais liberados para complexarem cátions Zn2+, uma vez que estavam mais
desprotonados sob estas condições, visto que, os outros materiais (BMDe e SMDe)
possivelmente estabilizaram estes cátions principalmente por meio da densa carga de
elétrons envolvendo os materiais situados nos grupos aminas, e bem menos por sítios
desprotonados. Também um fator primordial foi comentado na pág 61 deste capítulo
quanto à disponibilidade destes grupos.
4.4.2. Estudos com efluente
O estudo em batelada também foi realizado para o efluente com intuito de avaliar o
comportamento dos materiais frente a um sistema real em termos da eficiência de remoção
do íon metálico zinco em função do tempo, do pH e da concentração do material
adsorvente.
Primeiramente o efluente coletado com pH próximo de 12 foi acidificado até obter
um pH igual a 6. Isto foi feito para garantir que a maior parte das espécies de íon zinco no
meio seriam Zn2+ e também para garantir que as funções quelantes ativas presentes no
material permaneçam intactas, ou seja, as ligações ésteres que mantém estes grupos
70
ancorados não sejam rompidas por hidrólise. A concentração de íons Zn2+ no efluente que
foi utilizado para este ensaio era de 43,2mg/L, determinado por ICP-OES.
Estudo de Cinética
Para determinar o tempo de contato suficiente para o sistema atingir o equilíbrio
para os materiais BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe, colocou-se em contato com efluente
sob agitação uma concentração de 1g de material adsorvente por litro de efluente. Durante
os experimentos o pH não foi ajustado. Teve um aumento no pH até quase uma unidade no
sistema heterogêneo sendo as maiores variações para o maior tempo de contato. Após 10,
25, 40, 50 e 60 minutos foram filtradas e a concentração dos íons Zn2+ foi determinada por
ICP-OES. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.9 em termos da porcentagem de
adsorção de íons Zn2+ pelo material adsorvente, calculada conforme a equação 2.7 (página
26), para cada tempo de contato. Estes resultados estão dispostos em gráfico na Figura 4.9.
Tabela 4.9 - Porcentagem adsorvida de íons Zn2+ no efluente por tempo para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe
Adsorção de Zn2+ (%)
Tempo
10 min.
25 min.
40 min.
50 min.
60 min.
93,78
87,45
73,76
53,35
94,43
90,82
74,42
62,67
95,46
93,28
74,81
71,62
95,66
93,70
75,08
74,37
95,86
94,10
75,16
75,25
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
Como pode ser observado na Figura 4.9, em menos de 10 minutos o equilíbrio de
adsorção foi atingido para os materiais BMAs2 e BMDe, pois já não verifica muita
variação na porcentagem da adsorção. Para o SMAs2 foi entre 30 e 40 minutos e para o
SMDe de 50 minutos. Portanto, todos os estudos a seguir foram realizados com um tempo
de contato de 50 minutos.
71
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
110
105
100
95
90
Adsorção (%)
85
80
75
70
65
60
55
50
45
40
10
20
30
40
50
60
Tempo (min)
Figura 4.9 - Eficiência de remoção de Zn2+ em função do tempo para BMAs2, SMAs2,
BMDe e SMDe
Estudo de pH
O efeito do pH sob o efluente foi verificado na adsorção do íon Zn2+ fixando o
tempo para todos os ensaios de 50 min a uma concentração de 1g de material adsorvente
por litro de solução e concentração inicial de íons Zn2+ no efluente de 43,2mg/L. As
misturas heterogêneas foram filtradas após o tempo de agitação e a concentração dos íons
Zn2+ foi determinada por ICP-OES. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.10 em
termos da porcentagem de adsorção de íons Zn2+ pelo material adsorvente para cada pH
distinto. Estes resultados estão dispostos em gráfico na Figura 4.10.
Para pH entre 6 e 7, pode-se observar adsorção maior que 90% para BMAs2 e
SMAs2, podendo chegar próximo de 100%. Porém estes materiais não tem uma eficiência
de remoção muito boa para pH menor que 5. Diferentemente destes, BMDe e SMDe
possuem uma melhor eficiência comparado aos outros em pH menores que 5,5. O mesmo
foi observado para soluções aquosas contendo apenas íons Zn2+, sem nenhum interferente
no meio, apresentado no item 4.4.1 deste capítulo.
72
Tabela 4.10 - Porcentagem adsorvida de íons Zn2+ em relação ao pH do efluente para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
pH
Adsorção (%)
pH
Adsorção (%)
pH
Adsorção (%)
pH
Adsorção (%)
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
3,26
0,00
3,01
0,00
2,14
21,63
2,34
23,11
4,61
13,84
4,38
8,31
4,00
38,00
3,35
35,57
5,23
54,43
5,36
64,98
5,41
75,71
4,38
56,86
5,91
89,68
5,99
91,65
6,65
89,01
5,9
81,49
6,69
96,87
6,76
96,57
7,32
91,35
6,87
89,54
B M A s2
S M A s2
BMDe
SMDe
100
80
Adsorção (%)
60
40
20
0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
pH
Figura 4.10 - Eficiência de remoção de Zn2+ em função do pH para BMAs2, SMAs2,
BMDe e SMDe
Para pH entre 6 e 7, pode-se observar adsorção maior que 90% para BMAs2 e
SMAs2, podendo chegar próximo de 100%. Porém estes materiais não tem uma eficiência
de remoção muito boa para pH menor que 5. Diferentemente destes, BMDe e SMDe
possuem uma melhor eficiência comparado aos outros em pH menores que 5,5. O mesmo
foi observado para soluções aquosas contendo apenas íons Zn2+, sem nenhum interferente
no meio, apresentado no item 4.2.1 deste capítulo.
73
Estudo da concentração de adsorvente
O ensaio para avaliar a melhor concentração de material adsorvente no meio foi
realizado de 0,40g a 8,02g de material por litro de efluente sob agitação por 50 min.
Depois de filtrada a mistura heterogênea determinou-se a concentração dos íons Zn2+ no
efluente via ICP-OES para avaliar a eficiência da adsorção para cada concentração. Os
resultados estão dispostos na Tabela 4.11 e a representação gráfica na Figura 4.11.
Tabela 4.11 - Porcentagem adsorvida de íons Zn2+ em relação à concentração dos
adsorventes BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
BMAs2 Concentração (g/L) 0,41
Adsorção (%)
1,21
2,22
3,41
5,00
6,60
0,80
1,00
1,12
1,21
2,20
3,42
5,02
6,61
0,60
0,80
1,00
1,10
1,20
3,41
5,00
6,60
0,61
0,81
1,00
1,10
1,20
3,40
5,01
6,61
90
80
Adsorção (%)
8,01
8,02
8,02
39,01 56,60 66,47 79,71 85,94 91,47 91,57 91,79 91,80 92,10
100
70
SMAs2
BMAs2
BMDe
SMDe
60
50
40
30
0
8,02
38,28 55,64 69,93 82,72 85,56 88,88 89,16 89,44 89,61 90,05
SMDe Concentração (g/L) 0,40
Adsorção (%)
1,11
48,78 87,68 91,80 93,35 94,91 94,96 94,75 95,28 95,95 95,88
BMDe Concentração (g/L) 0,40
Adsorção (%)
0,80
52,81 77,85 87,34 94,07 94,52 94,74 95,99 96,17 96,38 96,78
SMAs2 Concentração (g/L) 0,41
Adsorção (%)
0,60
2
4
6
8
Concentração de adsorvente(g/L)
Figura 4.11 - Eficiência de remoção de Zn2+ em função da concentração dos materiais
adsorventes BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
74
Para concentrações maiores que 1,0g/L dos adsorventes BMAs2 e SMAs2 observase uma eficiência de remoção acima de 95% e para concentrações de SMDe maiores que
1,2g/L a eficiência de remoção é acima de 90%. O BMDe é o material que apresenta a
menor eficiência de remoção, mas apesar disto, em concentrações maiores que 1,2g/L a
eficiência de remoção é próxima de 90%.
Estudo das isotermas de adsorção
O estudo da isoterma foi realizado baseando-se nos resultados obtidos para o estudo
do tempo de equilíbrio e pH ótimo de adsorção. O pH foi mantido entre 6,3 e 6,5 e o tempo
em agitação de 50 min. Variou-se a concentração dos materiais no meio e conforme o
estudo realizado do efeito da concentração em função da adsorção optou-se pela faixa de
0,4 a 1,2g/L a qual foi adequada para ajustar ao modelo de Langmuir conforme a equação
linearizada estabelecida pela equação 2.2 do capítulo 2. As concentrações de Zn2+ no
equilíbrio foram determinadas e a quantidade adsorvida foi calculada. Os resultados
obtidos estão dispostos na Tabela 4.12 e Figura 4.12. Os parâmetros de Langmuir obtidos
pela isoterma estão apresentados na Tabela 4.13.
Tabela 4.12 – Resultados da isoterma de adsorção de íons Zn2+ no efluente para BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
c (mg/L)
20,41
9,576
5,473
2,565
2,371
c/q (g/L)
c (mg/L)
c/q (g/L)
c (mg/L)
c/q (g/L)
c (mg/L)
c/q (g/L)
0,36639
22,146
0,42837
26,689
0,6515
27,93058
0,62851
0,17011
5,325
0,11208
19,18
0,47832
19,87296
0,46458
0,11651
3,546
0,08934
13
0,34565
9,291
0,25503
0,06987
2,876
0,07966
7,47
0,20884
6,43905
0,17997
0,06997
2,199
0,06494
4,808
0,15013
3,9074
0,11194
75
SMAs2
BMAs2
BMDe
SMDe
c/q (g/L)
0,6
0,4
0,2
0,0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
c (mg/L)
Figura 4.12 - Isoterma de adsorção de Langmuir de íons Zn2+ no efluente para
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Tabela 4.13 - Parâmetros de Langmuir para a adsorção de Zn2+ no efluente em
BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
Qmax (mg/g)
54,64
60,98
45,45
47,39
b (L/mg)
0,792
0,638
0,550
0,491
R2
0,9997
0,9997
0,9995
0,9998
Observa-se através da Tabela 4.12 que o SMAs2 apresentou uma maior capacidade
de adsorção para o íon Zn2+ em relação aos demais, sendo o BMAs2 o mais próximo. O
mesmo foi observado para o ensaio em solução aquosa contendo apenas íons Zn2+. Já o
parâmetro b foi maior para o BMAs2, o que significa dizer que o íon Zn2+ é retido com
mais intensidade neste do que em SMAs2. Para os demais BMDe e SMDe tanto o
parâmetro Qmax como o parâmetro b são menores em relação aos outros dois. Da mesma
forma que foi calculada a variação de energia livre de Gibbs (∆G°) e o fator de separação
adimensional (RL) em solução aquosa no item 4.4.1, foi calculado para o efluente também,
obtendo os resultados conforme a Tabela 4.14.
76
Tabela 4.14 – Valores de RL e (∆G) para a adsorção de Zn2+ no efluente em BMAs2,
SMAs2, BMDe e SMDe
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
∆G (kJ/mol)
RL
0,028
0,035
0,040
0,042
-26,89
-26,36
-25,82
-25,71
Para todos os materiais, os valores de RL estão entre 0 e 1, o que afirma ser uma
adsorção favorável em todos os casos. Observa-se que, para todos, os valores de ∆G são
negativos, indicando que o processo de adsorção do íon Zn2+ é espontâneo e confirma que
há uma alta afinidade do metal com os materiais. Para todos, a energia liberada foi superior
a 20kJ/mol, maiores ainda que a encontrada para remoção deste íon em solução aquosa.
Requer, portanto, uma quantidade de energia maior para remover o metal adsorvido por
complexação, possivelmente ocorrida.
A diferença encontrada entre a adsorção de íons Zn2+ por estes materiais no efluente
em relação à solução aquosa (Tabela 4.15) é influenciada pelo meio, como efeito de
interação iônica, que será exemplificado nos itens posteriores.
Tabela 4.15 – Comparação dos parâmetros obtidos para a adsorção de íons Zn2+ pela
isoterma de Langmuir em solução aquosa e no efluente
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
Solução aquosa
Qmax (mg/g)
125,00
144,93
105,26
80,00
b (L/mg)
0,115
0,139
0,043
0,047
Efluente
Qmax (mg/g)
54,64
60,98
45,45
47,39
b (L/mg)
0,792
0,638
0,550
0,491
4.4.3. Interferência de outros íons
Embora o efluente utilizado seja provindo de uma única linha de eletrodeposição,
cuja deposição metálica utilizada é por meio de íons Zn2+, existem também em sua
composição elementos de outra natureza. Vários íons metálicos podem ser encontrados e
estes podem modificar o comportamento do material adsorvente frente à adsorção do íon
metálico em interesse (Sankararamakrishnan et al., 2007).
77
Foi avaliado o efeito de outros cátions que possivelmente alteram o comportamento
na adsorção do íon Zn2+ no efluente real utilizado para os estudos. A concentração destes
íons antes e após o tratamento com os materiais adsorventes sob as melhores condições
estabelecidas nos itens anteriores, tais como pH na faixa de 6 a 7, tempo de 50 minutos e
concentração do material no efluente de 1,2g/L, podem ser observados na Tabela 4.16.
Tabela 4.16 – Caracterização do efluente em termos de concentração e porcentagem de
adsorção de alguns cátions antes e após tratamento com BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Tratamento Concentração (mg/L)
Adsorção (%)
do
efluente
Ca
Cu
K
Mg
Si
Zn
Ca
Cu
K
Sem
tratamento 82,00 0,285 22,17 1,40 21,36 43,24 ----- ----- ---
Mg
Si
Zn
---
---
----
BMAs2
42,73 0,045 20,77 1,46 19,63 2,20
47,9 84,2 6,3 3,8 8,1 94,9
SMAs2
39,63 0,052 20,96 1,30 20,15 2,37
51,7 81,8 5,5 7,1 5,7 94,5
BMDe
57,4
0,070 22,26 1,41 19,74 4,25
30,0 75,4 0,4 0,2 7,6 90,2
SMDe
45,33 0,082 22,54 1,41 21,19 3,12
44,7 71,2 1,7 0,4 0,8 92,8
Os elementos Ca, Cu, K, Mg, e Si apresentados na Tabela 4.15 estavam presentes
no efluente e os cátions metálicos competiram pelos sítios quelantes dos materiais, mas o
efeito na adsorção do íon Zn2+ foi mínima. Mesmo com uma concentração de íons Ca2+
(82,00 mg/L) superior a uma concentração de íons Zn2+ (43,24 mg/L) no efluente, foi
possível ter uma remoção na faixa de 90-94% dos íons Zn2+ enquanto que para os íons
Ca2+ a eficiência de remoção foi na faixa de 30%-52%. Segundo M. Abe et al. (1989, apud
Manju et al., 2002), para íons de mesma valência os adsorventes têm uma maior
preferência por aqueles de maior número atômico. Desta forma pode-se explicar em termos
de potencial iônico (Z2/r), em que Z é a carga e r o raio, no qual metais com carga iguais
apresentam afinidade ao adsorvente de forma inversamente proporcional ao seu raio
atômico.
Isto ocorre quando a retenção do metal é baseada apenas em ligações
eletrostásticas. Observou-se, portanto, que os materiais adsorventes tiveram uma alta
afinidade pelo íon metálico Zn2+ que apresenta um raio atômico menor que íons Ca2+.
Os outros cátions também interferiram na adsorção do íon Zn2+, mas a concentração
deles no efluente e a remoção deles do efluente foram menores que a concentração dos
78
íons Zn2+ no efluente e a sua remoção. Portanto, observa-se que os materiais adsorventes
apresentam adsorção preferencial para os íons Zn2+.
Alguns estudos são relatados na literatura quanto à competitividade de cátions pelo
sítio de adsorção. Muito destes são avaliados em sistemas aquosos contendo apenas os
cátions em interesse para avaliar o comportamento destes em relação ao material
adsorvente. Estes estudos explicam muito bem relacionando a propriedade dos cátions, tais
como as propriedades de hidrólise do metal (Pagnanelli et al., 2003), eletronegatividade,
grau de “dureza”, dentre outras, e muitos modelos matemáticos ajustam a este tipo de
experimentos. Porém estas situações não reais, bem diferentes dos encontrados em efluente
industriais, não podem explicar o que ocorre de fato na alteração de alguns parâmetros
adsortivos relacionados à seletividade e também quanto ao máximo adsorvido pelo
material quando deparado a sistemas reais.
O efeito da interação iônica, segundo (Mohan e Singh, 2002) no processo de
adsorção pode ser representado pela razão da capacidade de adsorção do material
adsorvente de um íon metálico na presença de outros íons (Qmix) e a capacidade de
adsorção do mesmo metal quando está presente isoladamente na solução (Q0), portanto se:
Qmix
>1
Q0
Qmix
2.
=1
Q0
Qmix
3.
<1
Q0
1.
A adsorção é promovida pela presença de outros íons.
Não há uma influência perceptível.
A adsorção é suprimida pela presença de outros íons.
Os resultados obtidos de Qmáx pelos estudos da isoterma de adsorção do íon Zn2+ em
solução aquosa no ítem 4.2.1 serão considerados aqui como Q0 devido à ausência de outros
íons. Já os resultados obtidos de Qmáx pelos estudos da isoterma de adsorção do íon Zn2+ no
efluente no ítem 4.2.1 serão considerados aqui como Qmix devido à presença de vários
outros íons presentes no efluente analisado. O efeito da interação iônica está representado
para o íon Zn2+ na Tabela 4.17.
79
Tabela 4.17 - Efeito da interação iônica na adsorção do Zn2+
Qmix (mg/g)
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
Os valores de
Qmix
54,64
60,98
45,45
47,39
Q0
Q0 (mg/g)
125,00
144,93
105,26
80,00
Qmix
Q0
0,44
0,42
0,43
0,59
são menores que a unidade para ambos materiais, o que
indica a interferência de outros íons na adsorção de cátions Zn2+. Como já foi avaliado, há
interferência dos cátions metálicos, mas mesmo assim a eficiência de remoção dos íons
Zn2+ é alta.
Alguns ânions, tais como, Cl−, SO42− e CN−, possuem afinidade com os metais,
formando complexos insolúveis ou solúveis (Sankararamakrishnan et al., 2007).
Possivelmente alguns ânions devem formar complexos estáveis com este metal, como é o
caso dos íons cloretos e conseqüentemente suprimir a adsorção por tornar indisponível
cátions Zn2+ e/ou Zn(OH)+. A presença de surfactantes aniônicos também pode influenciar.
A Tabela 4.18 mostra que estes ânions estão presentes no efluente.
Tabela 4.18 – Quantidade de íons cloretos e surfactantes no efluente
Parâmetro
Cloretos (Cl-)
Surfactante aniônico
Concentração (mg/L)
7.214
11,9
A constante de estabilidade (logK) do íon Zn2+ com íons cloro ou até mesmo com o
sulfactante aniônico, devem ser suficientemente alta para formar complexos estáveis e
assim alterar o comportamento na adsorção do íon Zn2+ pelos materiais adsorventes. A
força iônica do meio também é um fator que afeta a disponibilidade do metal. Contudo,
unindo todos os possíveis fatores que interferem na adsorção de íons Zn2+, os materiais
adsorventes utilizados ainda apresentam uma excelente adsortividade diante as condições
do efluente coletado, que possui uma faixa de concentração deste íon da faixa de 10 a
70mg/L.
80
4.5. Adsorção em coluna para o íon Zn2+ pelo BMAs2, SMAs2, BMDe e SMDe
Diante dos resultados obtidos para os estudos em batelada, foram realizados estudos
em coluna com os materiais BMAs2 e SMAs2 que apresentam as melhores condições para
operar em leito fixo. Os requisitos avaliados, portanto, não são apenas em termos de
adsorção, mas também em aspectos econômicos que seja viável para uma possível
aplicação em grande escala. Estes custos serão mais detalhados no item posterior.
Os materiais BMAs2 e SMAs2 foram fixados em coluna, separadamente, e então o
efluente do processo de zincagem de concentração inicial de 69,9mg/L de íons Zn2+ foi
bombeado em sistema de fluxo ascendente a uma vazão constante de 15 mL/min. O ensaio
de adsorção em coluna está esquematizado na Figura 4.13. A coluna empacotada e o ensaio
de adsorção em coluna em escala laboratorial estão ilustrados nas Figuras 4.14 e 4.15
respectivamente.
Figura 4.13 – Representação do ensaio de adsorção em escala laboratorial. (1) Solução de
alimentação (efluente contendo Zn2+), (2) Bomba peristáltica, (3) Algodão, (4) Coluna de
leito fixo preenchida com material adsorvente (BMAs2 ou SMAs2), (5) Efluente à coluna
(efluente tratado)
81
(a)
(b)
Figura 4.14 – Ilustração da coluna preenchida com (a) BMAs2 e (b) SMAs2
Figura 4.15 – Ilustração do ensaio de adsorção em coluna em escala laboratorial
82
O pH do afluente à coluna foi ajustado com HNO3 concentrado antes de bombeá-lo
pela coluna contendo os materiais adsorventes. No total foram gastos 28,5mL de HNO3
concentrado para um volume de 25L de efluente obtendo um pH de 6,0. Uma sugestão
seria utilizar um resíduo ácido proveniente de outras linhas, desde que não possuam outros
metais que tenham mais afinidade pelo material adsorvente que os íons Zn2+.
4.5.1. Curvas de trespasse de Zn2+ para BMAs2 e SMAs2
As frações eluidas da coluna foram coletadas em diferentes intervalos de tempo e a
concentração dos íons Zn2+ em cada fração foi determinada via espectrofotometria de
absorção atômica (Varian modelo SpectrAA 200). Os resultados obtidos para traçar a
curva de trespasse estão apresentados na Tabela 4.19 e expressos em gráfico na Figura 4.16.
Tabela 4.19 – Resultados do ensaio em coluna da concentração efluente a coluna CZn2+
(mg/L) para cada volume eluido na coluna Veluido (mL)
BMAs2
Veluido (mL)
0
690
750
900
1.050
1.275
1.500
1.725
1.950
2.175
2.400
2.625
2.850
3.075
-----------------------------
SMAs2
CZn2+
(mg/L)
0
0
0
0
0,7
2,8
10,5
24,5
40,6
50,4
58,8
66,5
69,3
69,3
-----------------------------
Veluido (mL)
0
675
900
1.125
1.350
1.575
1.800
2.025
2.250
2.475
2.700
2.925
3.150
3.375
3.825
4.050
4.275
4.500
CZn2+ (mg/L)
0
0
0
0
0
0
0
3,5
16,8
27,3
39,2
46,2
51,8
58,8
65,1
67,9
68,6
69,3
83
75
70
4
4
65
BMAs2
SMAs2
CZn2+ (mg/L)
60
55
3
3
50
45
40
35
30
25
2
2
20
15
10
(VT = 1347mL)
5
0
500
1000
(VT = 2063mL)
1
1
0
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Volume eluido (mL)
Figura 4.16 – Curva de trespasse para BMAs2 e SMAs2
Através da curva de trespasse da Figura 4.16 o volume de trespasse (VT) foi
estipulado para ser onde o sistema será interrompido quando a concentração efluente a
coluna CZn2+ é de 5,0mg/L, limite máximo permitido deste elemento para o lançamento do
efluente, conforme estabelecido pelas normas reguladoras (Resolução CONAMA
356/2005). Para o SMAs2 o volume de trespasse foi de 2.063mL, maior em relação ao
BMAs2 que foi de 1.347mL, para uma quantidade de material utilizada de 3,0g.
A quantidade adsorvida dos íons Zn2+ é determinada por meio da área acima da
curva, bem como a partir dos resultados obtidos para os estudos em batelada por meio dos
valores de Qmax de BMAs2 e SMAs2 multiplicados pela quantidade do material adsorvente
na coluna. Estes resultados estão apresentados na Tabela 4.20.
Tabela 4.20 - Quantidade total do íon Zn2+ adsorvido na coluna para os materiais
adsorventes
Material
BMAs2
SMAs2
Quantidade de Zn2+ adsorvido (mg)
Calculado pela área acima Calculada com base dos
da curva de trespasse
valores de Qmax
193
164
219
186
Variação
(%)
17,7
17,7
Observa-se pela Tabela 4.19 que os resultados obtidos para a adsorção de zinco
quanto à quantidade total adsorvida para o material SMAs2 foi maior que para o BMAs2.
84
Algumas características dos materiais adsorventes utilizados neste processo, apresentados
na Tabela 4.21, podem explicar o fato da adsorção de íons Zn2+ serem maiores para o
material SMAs2 em relação ao material BMAs2.
Tabela 4.21 – Características dos materiais adsorventes
Material
BMAs2
SMAs2
Diâmetro
médio das
partículas
(mm)
Densidade
(g/cm3)
0,67
1,592
8,904 E-01
1,125 E-03
1,640
-01
-03
0,67
Parâmetro de Porosidade
Superfíce
Volume total
específica
dos poros
(m2/Kg)
(cm3/Kg)
9,679 E
2,349 E
Diâmetro
médio dos
poros (Ǻ)
Concentração
de funções
ácidas (mmol/g)
7,748 E+1
6,4
+1
7,4
9,709 E
O fato de SMAs2 apresentar uma superfície específica, volume total de poros e
diâmetro médio destes poros maior que o BMAs2 indica que uma maior interação ocorre
entre o adsorvente e o adsorbato. A concentração de funções ácidas que foram introduzidas
pode confirmar este fato, pois em SMAs2 foram superiores em relação ao material BMAs2.
Algumas características do afluente à coluna (água residuária da indústria de
galvanoplastia) e do efluente à coluna (água residuária da indústria de galvanoplastia
tratada) podem ser observadas na Tabela 4.21. A demanda química de oxigênio (DQO) foi
realizada em 4 pontos de coleta ao longo da curva de trespasse (Figura 4.16 da pág 86).
Para o BMAs2 os tempos de coleta foram após 85, 115, 145 e 190 minutos de operação,
representados pelos pontos 1, 2, 3 e 4, respectivamente. Para o SMAs2 os tempos de coleta
foram após 135, 165, 210 e 285 minutos de operação, representados pelos pontos 1, 2, 3 e
4, respectivamente.
Conforme a Tabela 4.21 pode-se avaliar que houve variação no pH após contato
com os materiais adsorventes. As análises realizadas em microscopia eletrônica de
varredura (MEV) representados na Figura 4.17 podem confirmar que não houve
precipitação alguma do elemento Zn. Estão representados os materiais sem prévia adsorção
e após os estudos de adsorção em coluna. Os materiais foram submetidos ao mapeamento
superficial de elementos e estes resultados estão apresentados na Tabela 4.22 conforme os
pontos de varredura na Figura 4.17.
85
Tabela 4.22 – Caracterização do afluente e efluente à coluna preenchida com BMAs2 e
SMAs2
pH
Afluente à coluna
6,0
SSV
(g/L)
20,57
SSF
(g/L)
1,12
SDV
(g/L)
1,61
SDF
(g/L)
1,615
Efluente à coluna:
BMAs2
6,8 a 7,0
0,023
----
1,54
1,85
SMAs2
6,7 a 7,1
0,09
----
1,53
1,73
DQO (mg/L)
Pontos de
coleta
184
1
2
3
4
1
2
3
4
152
164
166
168
158
164
168
164
Nota: SSV (sólidos em suspensão voláteis); SSF (sólidos em suspensão fixos);
SDV (sólidos dissolvidos voláteis); SDF (sólidos dissolvidos fixos).
Figura 4.17 - Microscopia eletrônica de varredura para os materiais sem prévia adsorção (a)
BMAs2 e (a’) SMAs2 e após ensaio de adsorção em coluna para os materiais (b) BMAs2 e
(b’) SMAs2.
Nas figuras 4.17 (a), (a’), (b) e (b’) apresentadas observa-se um plano de fundo de
intensidade mais escura devido à presença de cadeias carbônicas que representa a fibra dos
86
materiais adsorventes e na superfície destes os sítios ativos de adsorção com os cátions
adsorvidos. Os sítios de adsorção dos materiais, os grupos carboxilatos, não estão
distribuídos uniformemente na fibra, isto indica que a modificação química não ocorre em
toda a extensão dos materiais. Mas, por outro lado, todos estes sítios ativos apresentam um
alto grau de recobrimento o que comprova a alta capacidade de adsorção destes materiais
quando introduzidas às fibras os grupos carboxilatos. Nas Figuras 4.17 (b) e (b’) observase que a distribuição dos cátions sobre a superfície dos materiais é de forma homogênea,
sem observar nenhum ponto de brilho intenso e aspecto distinto, indicando a não
precipitação do metal sob a superfície adsorvente.
O mapeamento superficial dos
elementos correspondentes a figura 4.17 estão apresentados na tabela 4.23.
Tabela 4.23 - Mapeamento superficial de elementos nos materiais adsorventes por
MEV/EDS.
Materiais
BMAs2
BMAs2-Zn
SMAs2
SMAs2-Zn
Elementos
Quantidade atômica (%) nos pontos de varredura
1
2
3
O
62.41
62.41
72.32
Na
37.59
26.64
27.68
O
84.26
87.83
90.00
Cu
1.01
0.60
0.95
Zn
4.33
2.83
3.17
Al
--------
0.43
-------
Si
2.28
1.45
1.08
O
71,51
68,10
72,83
Na
28,49
31,90
27,17
O
87.57
80.60
87.60
Si
1.66
---------
---------
Ca
5.83
13.27
7.68
Cu
0.64
---------
---------
Zn
4.30
6.13
4.72
Conforme expresso na Tabela 4.22 observa-se a presença dos elementos oxigênio e
sódio para os adsorventes sem prévia adsorção BMAs2 e SMAs2. O oxigênio é devido aos
87
sítios ativos de adsorção dos grupos ácidos carboxílicos e sódio é devido ao tratamento
destes sítios adsorventes com o bicarbonato de sódio. Para os materiais BMAs2 e SMAs2
após uso como adsorventes de íons Zn2+ (BMAs2-Zn e SMAs2-Zn, respectivamente), além
de observar a adsorção decorrente da troca de cátions entre o sódio e o íon Zn2+ também
ocorre entre outros íons como o cobre, cálcio e silício conforme já explícito na Tabela 4.15.
O aumento da quantidade percentual de oxigênio dos materiais BMAs2-Zn e SMAs2-Zn
em relação aos BMAs2 e SMAs2 deve-se ao fato da possível adsorção de espécies de
hidróxido de Zn (OH)+.
Os ensaios dos sólidos vistos na Tabela 4.20 mostram que não houve aumento na
concentração de sólidos significativo no efluente tratado com material. E em alguns casos
houve até a retenção dos mesmos, principalmente quanto aos sólidos suspensos. Quanto a
DQO, observou-se que não houve influência no aumento da DQO e sim a sua diminuição,
pois alguns compostos orgânicos podem ficar retidos também no suporte sólido.
4.5.2. Desorção da coluna
A coluna foi eluída com uma solução de HCl (0,1M), para remover os metais
adsorvidos, usando um fluxo ascendente com vazão de 8 mL/min. As alíquotas foram
coletadas em intervalos constantes e a concentração de íons Zn2+ também foram
determinadas por espectrofotometria de absorção atômica. Os resultados estão
apresentados na Tabela 4.24 e o gráfico correspondente na Figura 4.18.
Tabela 4.24 – Resultados do ensaio de dessorção em coluna em função da concentração de
Zn2+ do efluente a coluna, CZn2+ (mg/L), para cada volume eluido, Veluido (mL)
BMAs2
SMAs2
Veluido (mL)
CZn2+ (mg/L)
Veluido (mL)
CZn2+ (mg/L)
40
56
80
120
160
200
240
280
320
360
400
492,125
1485,73
2383,99
324,76
85,713
47,7243
24,7291
16,2077
10,6144
7,4567
0,0072
0
20
70
85
110
150
210
340
500
---------------
0
158,17
1133,53
1725,51
2489,77
833,94
88,02
0,2
0,02
---------------
88
2+
Concentração de Zn (mg/L)
2500
BMAs2
SMAs2)
2000
1500
1000
500
0
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Volume de eluição (mL)
Figura 4.18 – Curva de dessorção para BMAs2 e SMAs2 em função da concentração do
metal no efluente a coluna versus volume eluido
A eficiência de recuperação foi avaliada em termos da quantidade adsorvida pela
coluna, onde os resultados obtidos para a adsorção do íon na coluna são aqueles
apresentados no item anterior (4.3.1), e a quantidade dessorvida pela mesma, calculada por
meio da área abaixo da curva de eluição (Figura 4.18). Estes resultados estão dispostos na
Tabela 4.25.
Tabela 4.25 - Eficiência de recuperação na coluna para os materiais adsorventes
Material
BMAs2
SMAs2
Quantidade
dessorvida de
Zn2+ (mg)
137
208
Eficiência de recuperação (%)
Calculado pela área acima Calculada com base dos
da curva de trespasse
valores de Qmax.
71
83
95
112
Variação
(%)
16,9
17,9
Por meio da Tabela 4.25 pode-se observar que a regeneração é muito mais eficiente
para o material SMAs2. Após o recondicionamento da coluna ela foi utilizada novamente
para adsorção do metal e regenerada em seguida. Foi verificado, por meio do cálculo da
concentração de funções ácidas responsáveis pela adsorção do íon metálico, que não houve
mudanças significativas no material que viessem a comprometer o uso constante destes
materiais. Os resultados estão dispostos na Tabela 4.26.
89
Tabela 4.26 – Concentração das funções ácidas (CCOOH) dos materiais adsorventes
Material
BMAs2
SMAs2
CCOOH (mmol/g)
Anterior à adsorção
Após regeneração
6,4
5,5
7,4
6,1
Variação
0,9
1,3
Outro fator para ser avaliado é que, além da regeneração do material adsorvente, é
possível também reutilizar os íons Zn2+ recuperados (dessorvidos da coluna) na etapa do
processo industrial. Porém, caso seja mais viável remover estes íons e descarta-los, uma
opção seria a remoção por precipitação, uma vez que o eluido fica muito concentrado,
favorecendo este tipo de tratamento.
4.5.3. Projeto em escala industrial
Por meio do modelo de Thomas traçou-se a função logarítmica linearizada
conforme demonstrado na pela equação 2.14 (página 30) apresentada na Tabela 4.27 e na
Figura 4.19.
Tabela 4.27 – Resultados dos valores de ln [(Co /C) -1] versus V(mL) do modelo de
Thomas para adsorção de íons Zn2+ no efluente pelo BMAs2 e SMAs2
BMAs2
SMAs2
ln [(Co /C) -1] V(mL)
ln [(Co /C) -1]
V(mL)
4,59512
1050
1,15268
2250
3,178054
1275
0,447312
2475
1,734601
1500
-0,24116
2700
0,619039
1725
-0,66329
2925
-0,32277
1950
-1,04597
3150
-0,94446
2175
-1,65823
3375
-1,65823
2400
-2,58669
3825
-2,94444
2625
-3,4761
4050
-4,59512
2850
-3,89182
4275
-4,59512
3075
-4,59512
4500
90
SMAs2
BMAs2
4500
4000
ln [(Co /C) -1]
3500
3000
2500
2000
1500
1000
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
V(mL)
Figura 4.19 – Curva de ln [(Co /C) -1] versus V(mL) do modelo de Thomas para
adsorção de íons Zn2+ no efluente pelo BMAs2 e SMAs2
Com base nos valores dos coeficientes angulares e lineares das retas expostas na
Figura 4.19 e com o conhecimento dos valores de Co (70,0mg/L) e de Qlab (15mL/min)
utilizado no teste de laboratório determinou-se a constante de reação KTH de projeto
(mL/min g) e o termo Qmax (mg/g) de projeto e estão apresentados na Tabela 4.28.
Tabela 4.28 - Resultados dos valores de KTH (mL/min g) e Qmax (mg/g) pelo modelo de
Thomas para adsorção de íons Zn2+ no efluente para BMAs2 e SMAs2
Material
MB2
MS2
Parâmetros do modelo de Thomas
KTH (mL/min.mg)
Qmax (mg/g)
R2
0.96
46
0.9848
0.54
60
0.9953
Com base nos valores de KTH e qmax de projeto da coluna obtem-se a massa real de
adsorvente necessária para tratar toda a vazão industrial por meio da forma logarítima da
equação de Thomas (equação 2.14 na página 30). A Tabela 4.29 apresenta as massas
necessárias para tratar a água residuária contendo Zn2+ para determinadas concentrações
iniciais (Co) deste metal. Para os cálculos baseou-se nas condições adotadas pela indústria
91
onde foi coletado o efluente inustrial. A resina catiônica em uso na indústria opera a uma
vazão (Q) de 240m3/dia e tempo de regeneração de 120h. O volume de efluente tratado é,
portanto, de 1200m3. A concentração C é considerada como sendo do limite máximo
permitido pela legislação (5mg/L).
Tabela 4.29 – Massa de adsorvente (M) necessária para projeto em função da concentração
inicial de Zn2+ no efluente
M (Kg)
Co (mg/L)
BMAs2
SMAs2
10
261
200
45
1.174
900
70
1.826
1.400
100
2.609
2.000
Observa-se as diferenças apresentadas na Tabela 4.28 para os materiais BMAs2 e
SMAs2, pois o volume do trespasse é diferente para os dois, como determinado
anteriormente pela curva de trespasse. Então, considerando a concentração inicial de
70mg/L de Zn2+ no efluente, o volume de 1200m3 é tratado com 1.826Kg do material
BMAs2, enquanto que o mesmo volume é tratado com 1.400Kg de SMAs2. Logo, uma
quantidade de 1,52g de BMAs2 ou 1,17g do SMAs2 tem capacidade para tratar 1L de
efluente.
O projeto da coluna em escala real foi realizado de tal forma que a taxa de
aplicação superficial (TAS) seja calculada com base nos dados laboratoriais que é dada
pela equação 5.1.
TAS =
Q
A
(5.1)
Onde Q é a vazão e A, a área da superfície da coluna. Então, pela equação 5.1 e
dados do laboratório determina-se que a TAS é 85,88 m3/m2 dia. O diâmetro da coluna
industrial do projeto é calculado após determinar a área da coluna que é dada pelo
rearranjo da equação 5.1 conforme a equação 5.2.
92
A=
Q
TAS
(5.2)
Associando os dados obtidos aos dados da indústria conclui-se que a área de projeto
A será de 2,79 m2 e o diâmetro de 1,88 m.
A altura da coluna de projeto (H) é calculada a partir do volume ocupado pelo
material adsorvente dividido pela área superficial (A) de projeto calculada anteriormente,
conforme a equação 5.3.
H=
v
A
(5.3)
O volume v é encontrado pela densidade (d) dos materiais BMAs2 (1,592g/cm3) e
SMAs2 (1,640g/cm3) já apresentados na Tabela 4.21 e pela quantidade de material M
necessário para tratar os 1200 m3. Como já visto anteriormente, para a concentração em
interesse, é necessário uma quantidade de 1.826Kg do material BMAs2 e 1.400Kg de
SMAs. Os valores da altura da coluna para os respectivos volumes ocupados pelos
materiais estão expressos na Tabela 4.30.
Tabela 4.30 – Altura de projeto (H) necessária em função do volume ocupado pelos
materiais adsorventes
Material
v (m3)
H(m)
BMAs2
1,15
0,41
SMAs2
0,85
0,30
4.5.4. Estimativa econômica dos materiais adsorventes para projeto
De acordo com os resultados obtidos para projeto no item anterior faz-se
nescessário o levantamento de aspectos econômicos quanto ao material adsorvente
necessário para tratar o efluente questionado neste trabalho.
Foi determinado a necessidade de 1.826Kg do material BMAs2 e de 1.400Kg de
SMAs2 nas condições de trabalho atual. Porém, os cálculos realizados para avaliar a
capacidade máxima de adsorção das resinas comerciais são baseados em soluções aquosas
93
contendo somente o metal em interesse, que para este estudo são os íons Zn2+. Os materiais
BMAs2 e SMAs2, na quantidade proposta para projeto, adsorvem 84Kg de Zn2+. Por fim
de comparação com as resinas catiônicas, adaptou-se esta quantidade adsorvida pelos
materiais BMAs2 e SMAs2 em relação à capacidade máxima de adsorção em solução
aquosa contendo íons Zn2+ (Tabela 4.6). Portanto, a quantidade de material a ser utilizado
seria de 672Kg do material BMAs2 e 579Kg do material SMAs2.
Para o preparo destes materiais são utilizados o reagente anidrido succínico e como
solvente a piridina. Foi visto que para o preparo destes materiais é utilizado na proporção
de 1,00g de material de origem (B e S) para 3g de anidrido succínico e 10mL de Piridina.
Como o ganho de massa é de 61% para o BMAs2 e 75% para o SMAs2, isso indica que os
3,00g de anidrido succínico utilizados produzem 1,61g de BMAs2 e 1,75g de SMAs2.
Quanto à piridina, pode-se considerar a sua recuperação após reação em 50%, a qual
poderá ser reutilizada. Portanto, considerando os 1,61g e 1,75g de materiais formados, o
levantamento de custos do solvente piridina é reduzido à metade (5mL). Os preços de
mercado destes compostos utilizados para produção dos materiais adsorventes são de R$
98,4/Kg de anidrido succinico (Aldrich ou Fluka) com pureza ≥ 97% e de R$95,00/L de
piridina (Vetec) com pureza ≥ 99%. Os custos dos materiais estão representados na Tabela
4.31.
Tabela 4.31 - Custos dos materiais adsorventes de projeto para remoção de íons Zn2+
Material
Quantidade
Custos de projeto (R$)
produzida (Kg)
Anidrido succínico
Piridina
Total
BMAs2
672Kg
41.071,30
198.260,87
239.332,17
SMAs2
579Kg
32.556,34
157.157,14
189.713,48
Estes custos podem ser comparados com os gastos por resinas catiônica, já
utilizadas comercialmente. Conforme a ação de algumas resinas catiônicas na remoção de
íons Zn2+ revisadas por Dabrowski et al. (2004), a capacidade de adsorção das resinas
catiônicas são variáveis de acordo com o grupo trocador. Considerando uma capacidade de
adsorção de íons Zn2+ na faixa entre 40,0 e 60,0mg/g para as resinas trocadoras de íons, é
possível fazer o levantamento de custos e comparar com os materiais obtidos neste
94
trabalho. Uma resina catiônica amplamente utilizada é a Amberlite IRA 120 e está com
preço no mercado de R$168,00/Kg (Fluka). Sob as mesmas condições propostas para os
materiais adsorventes BMAs2 e SMAs2, obteve-se os resultados para o levantamento de
custos com a resina. Com base na quantidade de íons Zn2+ adsorvida de 84Kg, a quantidade
de resina necessária seria na faixa de 2.100 a 1.400Kg. Para esta quantidade foi feito o
levantamento de custo e está representado na Tabela 4.32.
Tabela 4.32 - Custos da resina catiônica Amberlite IRA 120 para remoção de íons Zn2+
Material
Amberlite IRA 120
Quantidade (Kg)
Custo (R$)
1.400 - 2.100
237.384,00 - 354.816,00
As estimativas de custo para os materiais adsorventes aplicados neste trabalho
(Tabela 4.30) não estão baseadas na produção em escala industrial, mas mesmo assim
estão mais ascessíveis frente à resina avaliada (Tabela 4.31). Para melhor viabilizar o custo
deste projeto haveria a necessidade da fabricação em grande escala destes materiais
adsorventes, tornando-se a obtenção destes produtos a um preço muito mais competitivo
no mercado.
95
Capítulo 5
Conclusão
A introdução do anidrido succínico nas fibras do bagaço de cana e da serragem
obteve melhores rendimentos do que a introdução do dianidrido do EDTA nestas mesmas
fibras vegetais, apresentando uma diferença de ganho de massa de 20 a 35%.
A caracterização por espectroscopia na região do infravermelho confirmou a
modificação qímica de todos os materiais adsorventes, que ocorreu via reações de
esterificação e formação de novas funções introduzidas (carboxilatos) que possuem efeito
quelato.
O estudo de adsorção de Zn2+ pelos materiais adsorventes obtidos com sucesso
foram realizados primeiramente em batelada tanto em solução aquosa contendo apenas
íons Zn2+ quanto no efluente da galvanoplastia derivado da linha de eletrodeposição de
zinco metálico. O estudo cinético avaliou o tempo de equilíbrio para cada sistema de
adsorção e o estudo em função do pH mostrou que o aumento do pH melhora a adsorção
de Zn2+ para todos os sistemas realizados. Em pH baixo (menores que 4,5) a capacidade de
adsorção e eficiência de remoção é favorecida para os materiais modificados com o
dianidrido do EDTA, já em pH superior a capacidade de adsorção e eficiência de remoção
é maior para os materiais modificados com anidrido succínico.
Os materiais modificados com anidrido succínico (BMAs2 e SMAs2) apresentaram
altas capacidades de adsorção, porém o SMAs2 possui um poder de adsorção de íons Zn2+
maior, fato que pode ser explicado por ele possuir uma concentração maior de grupos
ácidos (7,4mmol/g) em relação ao material BMAs2 (6,4mmol/g). Já os materiais
modificados com dianidrido do EDTA (BMDe e SMDe) obtiveram diminuição na
capacidade de adsorção dos íons Zn2+ em relação aos materiais BMAs2 e SMAs2 devido
ao efeito de quelação múltipla. Mesmo possuindo esta diferença, os materiais BMDe e
SMDe apresentam adsorção melhor que as encontradas na literatura.
A adsorção de um mesmo material em adsorver o íon metálico Zn2+ em situações
onde há ou não há competição entre cátions ou interferência por ânions é muito diferente.
Portanto, para adsorção no efluente a adsorção é bem menor, visto que o meio é composto
96
por vários outros íons além do íon Zn2+. A Tabela 5.1 apresenta a comparação dos
parâmetros de adsorção dos materiais e a variação na capacidade destes materiais em
adsorver em situações onde há ou não há competição entre cátions ou interferência por íons.
Tabela 5.1 – Comparação entre os parâmetros de adsorção para todos osmateriais
adsorventes obtidos
Material
BMAs2
SMAs2
BMDe
SMDe
Solução aquosa
125,00
144,93
105,26
80,00
Qmax (mg/g)
Efluente
54,64
60,98
45,45
47,39
Variação
70,36
83,95
59,81
32,61
Os materiais BMAs2 e SMAs2, que apresentaram as melhores capacidades
máximas, foram utilizados como adsorventes nos estudos em coluna para remover os íons
Zn2+ do efluente. Por meio deste estudo concluiu-se que uma quantidade de 1,52g de
BMAs2 tem capacidade para tratar 1L de efluente, enquanto uma quantidade de 1,17g do
SMAs2 tem capacidade para tratar a mesma quantidade.
As estimativas de custo para os materiais adsorventes BMAs2 e SMAs2 foram
baseadas para projeto em escala industrial e os resultados obtidos foram satisfatórios frente
à uma resina utilizada comercialmente avaliada neste trabalho.
Em vista dos resultados obtidos com sucesso, ambos os materiais apresentaram ser
muito viáveis em tratar grandes quantidades de efluente para a remoção dos íons Zn2+
derivados de processos de galvanoplastias. Têm-se como perspectivas para trabalhos
futuros realizar estudos de adsorção destes novos materiais com outros cátions metálicos
(Al3+, Co2+, Cu2+, Pb2+, Cd2+, Fe2+, Fe3+, Hg2+, Mn2+, Ni2+, Sn2+) e aplicá-los na remoção
destes em soluções aquosas e em efluentes industriais, adequando-os ao limite máximo
permitido pela legislação.
97
Capítulo 6
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Mestrado em Engenharia Ambiental