Ordens Mendicantes
1 CONTEXTO HISTÓRICO
Com o desejo de melhor compreender o contexto histórico, no qual surgiram
as ordens mendicantes, vamos considerar quatro questões: o apogeu do papado, as
heresias medievais, as cruzadas e a inquisição.
1.1 Apogeu do Papado
É sabido que, com a morte de Calisto II (1119 – 1124), começou uma grande
confusão entre o Papado e o Império. Alguns papas (Inocêncio II, Adriano IV,
Alexandre III, Lúcio III, Urbano III e Gregório VIII) tiveram que passar períodos fora
de Roma. Para acirrar ainda mais a confusão eis que surgiram vários antipapas
(Celestino II, Anacleto II, Vítor IV, Pascoal III, Calisto III, Inocêncio III).
Momento dramático se deu também, quando Frederico Barbaroxa (imperador
alemão) alegou ser, os Estados Pontifícios, propriedades do Imperador. Mas aos pucos
os papas foram se impondo sobre o poder dos imperadores, atingindo seu auge com
Inocêncio III (1198 – 1216).
Indubitavelmente, o apogeu do papado se deu com Inocêncio III. Foi ele um
dos maiores papas de todos os tempos, e, com certeza, “o maior papa da Idade
Média”. Sendo de família nobre freqüentou as maiores universidades de sua época
(em Paris e em Bolonha), onde realizou “profundos estudos teológicos e jurídicos”.
Como cardeal “tornou-se perito nos assuntos da Cúria e compôs também tratados
ascéticos (De contemptu mundi, De sacro altaris mysterio). Foi eleito papa com
apenas 37 anos.
Em sua relação com a Itália, Inocêncio III:
- restituiu ao papado o poder absoluto sobre o Estado Pontifício;
- retomou todas as províncias usurpadas pelo Imperador alemão, Henrique
VI;
- reconquistou os direitos feudais sobre o Sul da Itália;
- apoiou muito a Liga Lombarda;
- conseguiu se impor em toda a Itália, favorecendo o espírito nacionalista.
Nas relações com a Alemanha, ele:
- declarou Otão IV como rei da Alemanha, rebaixando Filipe de Suábia;
- depois, excomungou Otão IV e elevou Frederico de Apúlia ao trono
alemão.
Como vimos, Inocêncio III passou a ter domínio da Itália e da Alemanha. Na
seqüência conquistou também a Península Ibérica e Constantinopla. Não esquecendo
do seu amplo domínio sobre a Inglaterra e a França.
Do ponto de vista eclesiástico, destacam-se as seguintes atitudes de Inocêncio
III:
-
fez uma reforma na Cúria Pontifícia;
combateu os hereges cátaros e os albigenses, promovendo contra estes uma
cruzada, em 1208;
- celebrou o IV Concílio Ecumênico de Latrão (1215). Devemos dizer que
este concílio foi um dos maiores da história. Tratou várias questões, entre
elas: condenou as heresias albigenses e valdenses; aprovou a doutrina da
transubstanciação; promoveu ordem de reforma eclesial (disciplina) e das
ordens religiosas; decretou o não casamento de primos até quarto grau e
convocou uma cruzada;
- aprovou novas ordens religiosas (franciscanos e dominicanos).
Inocêncio III deu à Igreja da época uma postura de liderança a nível mundial.
De fato, não se pode entender a Idade Média sem o poder da cristandade, ou seja, a
Igreja como sendo o centro de tudo.
1.2
Heresias Medievais
A partir do século XII surge um novo grupo de heresias, as quais encontram
suas raízes nas tendências gnóstico-maniquéias. Estas heresias querem combater os
dogmas que favorece a Igreja. Elas não são anti-cristãs, mas sim anti-clericais. Buscam
uma Igreja pura, mais pneumática.
As principais heresias são:
Cátaros: os cátaros também são chamados de puros ou de albigenses.
Professam o dualismo, negam a liberdade da vontade humana, desprezam a matéria,
rejeitam a Igreja visível (sacerdócio, hierarquia, culto), rejeitam a guerra e a autoridade
civil. Os cátaros se dividem em duas categorias: os perfeitos (apóstolos) e os ouvintes
(seguidores, imorais). Esta heresia se expandiu por toda a Europa, no século XII. Em
1179, o concílio de Latrão III, condenou os cátaros. Inocêncio III promoveu uma
cruzada contra estes hereges, que durou até 1229, quando foi assinado um acordo de
paz em Paris.
Valdenses: fundados por Pedro Valdes, um rico comerciante de Lyon. Ele se
converteu ao cristianismo em 1173 e começou a levar um estilo de vida apostólica. Em
1179, o concílio de Latrão III, proibiu aos valdenses de pregar. Em 1184, foram
condenados e excomungados pelo Papa Lúcio III. Os valdenses rejeitam a Igreja
visível, negam os sacramentos, com exceção da Eucaristia, apreciam a Sagrada
Escritura, exigem supressão do dízimo e do serviço militar. Assim como os cátaros, os
valdenses eram organizados em duas classes: os perfeitos e os ouvintes. Eles se
expandiram mais no Sul da França e Norte da Itália. Pouco a pouco eles foram se
unindo a outras heresias, inclusive aos cátaros (no séc. XIII) e aos hussitas (no séc.
XV).
Petrobrusianos: seguidores do sacerdote, Petro de Bruis, que ensinava pelo
Sul da França. Eram fanáticos e dualistas. Condenavam o batismo de crianças, a
construção de igrejas, missas, jejuns, uso de cruz, etc. Perseguiam os sacerdotes e os
monges cristão. Em 1124, Petro Bruis foi assassinado em plena sexta-feira santa. Seus
erros foram condenados em 1139, no concílio de Latrão II.
Irmãos Apóstolos: fundados por Geraldo Segarelli, irmão franciscano que
professava uma pobreza radical. A partir de 1260 é organizado este grupo, mas a Igreja
não aceita-os. Dolcino tornou-os fanáticos e até salteadores. A Igreja os condenou e
devido a resistência destes hereges, promoveu-se uma cruzada contra eles e um
exército os exterminaram em 1307.
Luciferanos: seguidores de Lúcifer, veneram a satanás. Se reuniam à noite e
diziam que satanás havia descido do céu.
Tanchelmo: herege que, pregando nos Países Baixos, afirmava ser ele o Filho
de Deus e esposo da Virgem Maria. Foi assassinado em 1124, por um clérigo.
Eón de Stella: pregou na Gasconha e se considerava Filho de Deus, juiz dos
vivos e dos mortos. Foi este um dos movimentos mais violentos. Em 1148, o Sínodo
de Reins considerou Eón como louco.
Irmãos (ãs) de Espírito Livre: fundados por Amalarico de Bena, professor de
Paris, que centrava-se no panteísmo, afirmando que tudo é um pedaço de Cristo.
Amalarico fez com que suas idéias se espalhassem por toda a Europa. Na Áustria este
movimento é conhecido pelo nome de Irmãos Pobres da Penitência da Ordem de São
Francisco de Assis. Na Alemanha são conhecidos como Beguinos (as).
Apocalípticos: membros do movimento milenarista-messiânico. Começou
com Joaquim de Fiori, grande asceta e abade de um mosteiro da Calabra. Fiori pregava
um mundo futuro onde todos estariam em comunhão com o Evangelho eterno. Ele
dividia a história em três etapas: Idade Carnal (antes de Cristo, época dos leigos),
Idade Carnal-Espiritual (de Cristo a Joaquim de Fiori, época dos clérigos) e Idade
Espiritual (de Joaquim de Fiori até o fim do mundo, época dos monges e homens
espirituais).
Entre as principais causas que promoveram o surgimento destas heresias,
destacam-se as seguintes:
- decadência da vida interior religiosa e riqueza, luxo e vida mundana dos
eclesiásticos;
- lutas entre o papado e o Império que ajudaram a diminuir a autoridade
eclesial;
- surgimento da burguesia com suas idéias de independência e oposição à
Igreja.
1.3
As Cruzadas
Origem: não se pode entender as cruzadas sem ter uma compreensão da
expansão muçulmana, sobretudo a data de 622 (Hégera). Depois, a conquista de
Jerusalém em 637, por parte dos muçulmanos. A partir disto os cristãos, para manter
uma certa e limitada liberdade religiosa, passaram a pagar altos impostos aos
muçulmanos.
Em 969, com a chamada “Fatinidas” os muçulmanos impedem,
definitivamente, os cristãos de visitar Jerusalém. Em 1009, o califa Haken destrói a
Igreja do Santo Sepulcro e persegue os cristãos e peregrinos. Os muçulmanos, em
1076, tomaram as igrejas e toda a Jerusalém.
Objetivo: as cruzadas tiveram, praticamente, dois objetivos principais:
religioso e político.
No âmbito religioso, o objetivo era defender os lugares santos e reconquistalos, visando também uma união com o Oriente.
Politicamente, buscava-se a defesa do Ocidente, a reconquista de Jerusalém e
o famoso acordo da “Trégua de Deus”.
Conceituação: podemos conceituar as cruzadas sob três sentidos: estrito,
amplo e degenerado.
- sentido estrito: as cruzadas são expedições militares empreendidas pelos
cristãos do Ocidente, sob os auspícios do Papado, para resgatar os lugares
santos da Palestina;
- sentido amplo: as cruzadas são expedições militares empreendidas pelos
cristãos contra os infiéis da fé na Palestina, África, Alemanha... sobretudo,
contra os muçulmanos, albigenses, hereges cátaros...
- sentido degenerado: as cruzadas são expedições militares empreendidas,
esporadicamente, pelo Papado contra “os inimigos políticos” da Santa Sé,
fossem ou não cristãos, fossem ou não hereges.
A primeira cruzada foi convocada e pregada por Urbano II, em 1095.
Aconteceram várias expedições até 1270, quando, praticamente acabaram-se as
cruzadas.
A quarta (1202 – 1204) e a quinta (1217 – 1221) cruzadas foram convocadas
por Inocêncio III e Honório III. Refere-se, justamente, ao período em que surgiram as
ordens mendicantes. Lembramos ainda que, entre a quarta e quinta cruzadas, ocorreu
em 1212, a cruzada das crianças, que partiu de Marselha, porém as crianças foram
vendidas pelos capitães navais como escravas no Norte da África.
Religiosamente, as cruzadas atingiram os seguintes resultados:
- a conquista dos lugares santos foi parcial;
- a união com a Igreja do Oriente não teve êxito;
- houve um fortalecimento das missões cristãs;
- fortaleceu-se a união dos povos europeus e o grande chefe, Papa.
No âmbito político os resultados foram os seguintes:
- as cruzadas salvaram o Ocidente do perigo das invasões muçulmanas e
atrasaram a queda de Constantinopla;
- as cruzadas favoreceram o crescimento do comércio, das ciências e das
artes;
- as cruzadas marcaram o fim do feudalismo.
1.4
Inquisição
No concílio de Verona, em 1184, o Papa Lúcio III mandou os bispos visitar
um vez por ano os lugares suspeitosos de heresias e examinar os hereges e, se
considerassem oportuno podiam pedir ajuda da força pública par condena-los.
Os Sínodos de Avinhão (1209) e de Montpellier (1215) pediram que em cada
paróquia algum clérigo ou leigo se submetesse ao julgamento de denunciar os hereges.
A preocupação do momento era a proliferação dos cátaros.
Em 1231, foi instituído um tribunal permanente contra os hereges. Gregório
IX, que instituiu esta inquisição, confiou-a aos dominicanos.
Como procedência, a inquisição seguia alguns passos:
-
em primeiro lugar se fazia a acusação, mas o nome do acusador não era do
conhecimento do público;
- em seguida se dava o interrogatório do acusado, onde era versado sobre
suas idéias heréticas;
- na seqüência vinha a tortura, introduzida por Inocêncio IV (1243 – 1254),
para que o acusado confessasse sua heresia;
- por fim, as sentenças que, praticamente eram três (se o herege se
arrependia, recebia uma penitência eclesiástica ordinária; se a conversão
não fosse sincera era condenado à prisão perpétua; e, os rebeldes eram
entregues ao braço secular).
Após a reforma protestante, nações inteiras se separaram da Igreja, o que fez
com que a inquisição chegasse ao seu fim.
2 ORDEM FRANCISCANA
2.1 Francisco de Assis
Filho de Pedro e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu entre 1181 e 1182 ,
na cidade de Assis, Itália.. Seu pai era um rico e próspero comerciante, que
seguidamente viajava para a França, de onde trazia a maior parte de suas mercadorias.
Foi de lá também que ele trouxe sua linda e bondosa esposa, Dona Pica. Para prestar
uma homenagem a este país, Pedro Bernardone chamou seu filho de Francisco.
Líder da Juventude: Francisco era o líder da juventude de sua cidade. Alegre,
amante da música e das festas, com muito dinheiro para gastar, tornou-se rapidamente
um ídolo entre seus companheiros. Adorava banquetes, noitadas de diversão e cantar
serenatas para as belas damas de sua cidade.
Experiência na prisão: como todo jovem ambicioso de sua época, Francisco
desejava conquistar, além da fortuna, também a fama e o título de nobreza. No ano de
1201, incentivado por seu pai, que também ansiava pela fama e nobreza, Francisco
partiu para mais uma guerra que os senhores feudais, baseados na vizinha cidade de
Perúsia, haviam declarado contra a Comuna de Assis. Durante os combates, em uma
tarde de inverno, Francisco caiu prisioneiro, sendo levado para a prisão de Perúsia,
onde permaneceu longos e gelados meses. Para um jovem cheio de vida como ele, a
inércia da prisão deve ter sido especialmente dolorosa! Somente seu espírito alegre,
seu temperamento descontraído e seu gosto pela música o salvaram do desespero.
Encontrava ainda forças para reconfortar e reanimar a seus companheiros de
infortúnio. Costumava dizer, em tom de brincadeira para seus companheiros: "Como
quereis que eu fique triste, sabendo que grandes coisas me esperam? O mundo inteiro
ainda falará de mim!" Ao término de um ano foi solto da prisão, retornando para Assis,
onde se entregou novamente aos saudosos divertimentos da juventude e às atividades
na casa comercial de seu pai.
Início da Conversão: o clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados
meses de inverno, haviam-lhe enfraquecido o organismo, provocando agora uma grave
enfermidade. Depois de longos meses de sofrimento, sem poder sair da cama,
finalmente conseguiu melhorar. Ao levantar-se, porém, não era mais o mesmo
Francisco. Sentiu-se diferente, sem poder compreender o porquê. A verdade é que a
humilhação e o sofrimento da prisão, somado ao enfraquecimento causado pela
doença, provocaram profundas mudanças no jovem Francisco. Foi o caminho que
Deus escolheu para entrar mais profundamente em sua vida. Já não sentia mais prazer
nas cantigas e banquetes em companhia dos amigos. Começou a perceber a leviandade
dos prazeres puramente terrenos, embora ainda não buscasse a Deus. Na verdade,
Francisco não nasceu santo, mas lutou muito para se tornar santo!
Nova luta: Francisco havia perdido o gosto pelos prazeres mundanos, mas
conservava ainda a ambição da fama. Por esse motivo, sonhava com a glória das armas
e a nobreza, que se conquistavam nos campos de batalha. Por isso, aderiu prontamente
ao exército que o Conde Gentile de Assis estava organizando para ajudar o Papa
Inocêncio III na defesa dos interesses da Igreja. Contou para isso com a aprovação
entusiasmada do pai, que vislumbrava aí a oportunidade tão longamente esperada de
enobrecer sua família. Deus, porém, lhe reservava algumas surpresas ... Antes de
partir, num impulso de generosidade, Francisco cedeu a um amigo mais pobre os ricos
trajes e a armadura caríssima que havia preparado para si. Isso lhe valeu um sonho
estranho: viu um castelo repleto de armas destinadas a ele e a seus companheiros.
Francisco não conseguiu entender o significado do sonho. Pensou que estava, talvez,
destinado a ser um famoso guerreiro! O fato é que o sonho não lhe saía do
pensamento.
Chamado De Deus: ao chegar ao povoado de Espoleto, Deus tornou a lhe falar
em sonhos, desta vez com maior clareza, de modo que ele reconheceu a voz divina que
lhe perguntava: "A quem queres servir: ao Servo ou ao Senhor?" Francisco respondeu
prontamente: "Ao Senhor, é claro!" A voz tornou a lhe falar: "Por que insistes então
em servir ao servo? Se queres servir ao Senhor, retorna a Assis. Lá te será dito o que
deves fazer!" Francisco entendeu, então, que estava buscando apenas a glória humana
e passageira. Estava fazendo a vontade de pessoas ambiciosas e mesquinhas e não a
vontade do Senhor do Universo.
Retorno a Assis: desafiando os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera de
Pedro Bernardone, contrariado em seus projetos, Francisco retornou a Assis, dando
prova da energia de seu caráter e do valor do seu ânimo, virtudes que se mostrariam
valiosas mais tarde nos percalços de seu novo caminho. Começou a longa busca e a
longa espera: "O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu faça?" Era esse o
constante questionamento de Francisco. Sentia um vazio dentro de si, que as festas,
farras, bebedeiras e guerras não conseguiam mais preencher. Estava inquieto e
insatisfeito, mas não sabia bem por quê. Em vão tentaram seus amigos atraí-lo outra
vez para suas diversões, banquetes e trovas. Até o fizeram coroar, durante uma festa,
como o "Rei da Juventude", mas nada disso o comoveu. Já não era isso que o atraía.
Sua busca era outra ... Para tentar desvendar os desígnios de Deus, passou a se dedicar
à oração e à meditação. Percorria campos e florestas em busca de lugares mais
tranquilos, em busca de respostas para suas dúvidas e inquietações. Para ele, tudo
passou a ter outro sentido. Passou a enxergar as coisas com outros olhos e outro
coração.
Viagem a Roma: em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano
de 1205. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou:
"É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!"
E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas
de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um
mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa
paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio. A família e os amigos
estavam preocupados com o jovem Francisco: o que lhe estaria acontecendo? Será que
ainda estava em pleno juízo? Seu pai, então, não se conformava! Não era isso que ele
tinha sonhado para seu filho! Indignado, forçava-o a trabalhar cada vez mais em seu
estabelecimento comercial.
Beijo no leproso: em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu
um leproso, que sempre lhe parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao
olfato, cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo. Mas, então, como que
movido por uma força superior, apeou do cavalo, e, colocando naquelas mãos
sangrentas seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade. Talvez a motivação
para este nobre e significativo gesto tenha sido a recordação daquela frase do
Evangelho: "Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos, é a mim que o fazeis" (Mt
10,42). Falando depois a respeito desse momento, ele diz: "O que antes me era
amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude
afastar-me do mundo e entregar-me a Deus".
Novo chamado de Deus: entrou para rezar e meditar na pequena capela de São
Damião, semidestruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um
crucifixo, que a piedade popular ali venerava, quando uma voz, saída do crucifixo, lhe
falou: "Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas". Não percebendo
o alcance desse chamado e vendo que aquela Igrejinha estava precisando de urgente
reforma, Francisco regressou a Assis, tomou da loja paterna um grande fardo de fina
fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o dinheiro nas mãos do sacerdote de São
Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na reconstrução da capela com suas próprias
mãos. Conhecendo o caráter de Pedro Bernardone, é fácil imaginar sua cólera ao ver
desfalcada sua casa comercial e perdido o seu dinheiro. Não bastava já o desfalque que
dava ao entregar gratuitamente mercadorias e alimentação para os "vagabundos"
necessitados? Agora mais essa! E Francisco teve que se esconder da fúria paterna.
Certo dia saiu resolutamente a mendigar o sustento de porta em porta na cidade de
Assis. Para Bernardone isso já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma
sua família? Se seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo! Assim,
Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo
debaixo da escada da própria casa paterna. Pelo que sabemos, depois de alguns dias,
movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou partir
livremente para seguir o seu destino.
Decisão Corajosa: no final de 1206, Pedro Bernardone, convencido de que
nem as razões nem a força podiam torcer o ânimo de Francisco, decidiu recorrer ao
Bispo, instaurando-se um julgamento como nunca aconteceu na história de outro
santo. O palco do julgamento foi a própria Praça Comunal de Assis, bem à vista de
todos. Bernardone exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele.
Francisco, ciente da sentença de Cristo: "Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais que a
Mim, não é digno de Mim" (Mt 19,29), sem vacilar um momento se despojou de tudo
até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: "Até agora
chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste".
O Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto. Daquele momento em
diante, cantando "Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo", afastou-se de sua família
e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas, e à
reconstrução das Capelas e Oratórios que cercavam a cidade. Cada dia percorria as
ruas mendigando seu pão e convidando as pessoas para que contribuíssem com pedras
e trabalho na restauração das "Casas de Deus" que estavam em ruínas.
2.2
Surgimento da Ordem
Louco de Assis: de alguns recebia apoio e incentivo. De muitos, o desprezo e a
zombaria. No entender da maioria, o filho de Pedro Bernardone havia perdido
completamente o juízo! E não só, a garotada da cidade escarnecia dele, chamando-o de
louco e outros qualificativos menos nobres. Mais de uma vez sentiu-se tentado a voltar
atrás, quando chegava à porta de seus antigos amigos; mas saía vitorioso nessas lutas
entre o orgulho humano e o próprio ideal. Já alguns começaram a reconhecer nele
traços do futuro santo, embora ele mesmo ainda não conhecesse claramente sua
vocação. Estava já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a
capelinha de Santa Maria dos Anjos e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe
pediria Deus? Não havia entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de
pedra, mas a própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e
pelo apego de seus líderes às riquezas e ao poder. Certo dia, Francisco escutou,
durante a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía
seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, "sem túnicas, sem bastão, sem
sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso ..." (Lc 9,3). Tais palavras
encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio
de alegria: "É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!"
E sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do
Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros:
"Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo"!
Primeiros Seguidores: muitos começaram, enfim, a compreender o sentido
dessa vida e manifestaram o desejo de seguí-la. O primeiro foi um homem rico de
Assis, Bernardo de Quintaval. Ao perguntar para Francisco: "O que devo fazer para
seguir-te"?, este decidiu, como em todos os momentos decisivos de sua vida, recorrer
ao Evangelho para que o próprio Cristo lhes desse a resposta. De manhã, bem cedo,
foram ambos à missa. Pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de Catânia, doutor em
Direito e novo companheiro. Por três vezes abriram o livro do Evangelho, e as três
respostas que encontraram foram as seguintes:
-
"Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e
segue-me" (Mt 19,21);
"Não leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma
segunda túnica..." (Lc 9,3);
"Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada
dia e siga-me" (Mt 16,24).
"Isto é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir
conosco" – exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho
que ele e seus companheiros deveriam seguir. Finalmente encontrou o que por tanto
tempo havia procurado! Isto aconteceu a 24 de fevereiro de 1208, dando início à
fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores. No mesmo dia, Bernardo de Quintaval
vendeu todos os seus bens e repartiu o dinheiro entre os pobres de Assis.
Primeiro sacerdote franciscano: o exemplo de Bernardo produziu frutos. O
primeiro é o sacerdote Silvestre, que exclamou comovido: "Como posso eu, sacerdote
e velho, ser menos generoso que estes jovens e ricos?" E, sem mais, lançou-se com
eles na aventura de viver o Evangelho. Tornou-se, assim, o primeiro sacerdote da
Ordem Franciscana! Prontamente aderiram outros: Gil, um modesto lavrador que se
tornaria um grande santo; Morico, dedicado ao serviço dos leprosos; Bárbaro, futuro
missionário no Oriente; Sabatino, Bernardo de Viridiante, João de Constança, Ângelo,
da ilustre família dos Tancredo, aparentado com reis e príncipes; Felipe, grande
pregador; e muitos outros... Juntos, formaram um grupo de mendigos voluntários (daí
o adjetivo de Ordem Mendicante dado à Ordem Francicana), que trabalhavam e
rezavam, cantavam e pregavam, maravilhando o povo com a novidade do Evangelho
sendo vivido diante de seus próprios olhos. Algumas choupanas cobertas de folhagem,
no pitoresco vale do Rivotorto, serviam-lhes de modesto abrigo.
Aprovação da Igreja: no ano de 1210, Francisco e seus seguidores viajaram
até Roma para buscar a aprovação do Papa para o seu modo de vida. Mas como aquele
bando de mendigos, maltrapilhos e desconhecidos seria recebido pelo severo
Inocêncio III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o
estava conduzindo? Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma,
nessa ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa
os recebeu. Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e,
especialmente, com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza que
demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as
colunas da Igreja de Latrão (a igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!), que
ameaçava ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava Francisco a
viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja, naquele tempo tão
distanciada dos ensinamentos de Cristo! Por isso deu a seu modo de viver o Evangelho
a aprovação oficial da Igreja. Autorizou Francisco e seus seguidores a pregar o
Evangelho nas igrejas e fora delas e os despediu com sua bênção. Este fato histórico
ocorreu a 16 de Abril de 1210, marcando o nascimento oficial da Ordem Franciscana.
Ordem de Irmãos: cabe aqui ressaltar que a Ordem Franciscana foi criada
como uma Ordem de Irmãos, que assumiam a missão de viver e pregar o Evangelho.
Não era uma Ordem Clerical (Ordem composta por sacerdotes), como outras que já
existiam. O próprio Francisco não quis ser sacerdote e os primeiros frades também não
tinham esse objetivo. Desde o início, porém, como vimos pela história de Frei
Silvestre, houve o ingresso de alguns sacerdotes já formados, que desejavam ser
franciscanos. Algum tempo depois, sobretudo quando Santo Antônio, professor de
Teologia, ingressou na Ordem, passou a ensinar Teologia aos frades e alguns deles
passaram a se ordenar sacerdotes. Mais tarde, devido principalmente às necessidades
da Igreja, a maioria dos frades passou a se ordenar. Mas até hoje, dentro da ordem
Franciscana, convivem como irmãos, em igualdade de condições, frades sacerdotes e
não sacerdotes (estes chamados outrora de irmãos leigos, por não serem sacerdotes),
cada um exercendo a sua função. Esse é, sem dúvidas, um dos aspectos mais belos da
Ordem criada por São Francisco.
2.3
As Diversas Ordens Franciscanas
Durante os quase 800 anos que nos separam daquele belo início da Ordem,
surgiram divergências devido às diferentes compreensões sobre a melhor maneira de
continuar a viver o ideal franciscano. Alguns queriam viver exatamente como
Francisco e seus primeiros seguidores. Outros sentiam a necessidade de adaptar a
maneira de viver às exigências dos novos tempos. E assim começaram as divisões.
Como conseqüência temos hoje quatro Ordens Franciscanas masculinas, chamadas de
Primeira Ordem:
-
Ordem dos Frades Menores. Sigla: OFM;
Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Sigla: OFM Cap;
Ordem dos Frades Menores Conventuais. Sigla: OFM Conv;
Frades da Terceira Ordem Regular. Sigla: TOR
Francisco é ainda o fundador de mais duas ordens franciscanas:
-
A Ordem das Irmãs Clarissas – chamada de 2ª Ordem – destinada às
religisosas reclusas (contemplativas), seguidoras de Santa Clara de Assis;
A Ordem Franciscana Secular – chamada de 3ª Ordem – destinada aos
leigos, casados ou solteiros.
3 ORDEM DOMINICANA
3.1 Domingos de Gusmão
Domingos nasceu em Caleruega, na Espanha, pôr volta de 1170. Seus pais,
Félix de Gusmão e Joana de Aza, eram nobres e poderosos no reino de Castelha. A
casa onde Domingos nasceu era, na verdade, uma fortaleza para defender-se contra os
ataques dos Mouros, seguidores da religião de Maomé que, do sul da Península
Ibérica, continuamente ameaçavam os reinos cristãos do norte. De fato, o pai de
Domingos era um homem de guerra, encarregado pelo rei de defender, com um
pequeno exército, os territórios dos cristãos e, possivelmente ampliá-los, conquistando
as terras ocupadas pêlos infiéis. Domingos cresceu então no meio das armas e numa
situação de "fronteira" da fé cristã. Ele conservará sempre no coração o anseio pela
conversão do infiéis.
Desejo da família: sendo filho caçula de uma família de nobres cristãos,
Domingos foi destinado para a "carreira eclesiástica". Era desejo dos condes de
Gusmão que ele se tornasse, um dia quem sabe, bispo de uma diocese importante, ou
abade de um rico mosteiro. Isso teria contribuído, para aumentar o prestígio e o
poderio da família. Com este propósito, desde a idade dos sete anos, ele foi colocado
na casa de um tio sacerdote. Mais tarde os pais o enviaram para estudar na
Universidade de Palência. Durante este período dos estudos em Palência, houve uma
terrível caristia que castigava o povo daquela região, sobretudo os mais pobres e
desprotegidos. Narram os biógrafos que o jovem Domingos não hesitou em vender
seus preciosos livros de pergaminho para dar comida aos pobres, justificando o gesto
generoso com as seguintes palavras: "Como posso estudar sobre peles mortas,
enquanto tantos pobres morrem de fome?".
Início do ministério: terminado o currículo dos estudos eclesiásticos,
Domingos ordenou-se padre e entrou logo como membro do Cabido dos Cônegos de
Osma. Era uma comunidade de sacerdotes que viviam um projeto de vida em comum,
dedicando-se sobretudo à oração e colaborando com os bispo na tarefa da pregação e
do governo pastoral da diocese. Domingos não tardou em transformar-se no braço
direito do seu bispo, que lhe confiava cada vez mais cargos de confiança. Ele tinha
todos os requisitos para uma brilhante "carreira" na hierarquia da Igreja, conforme os
sonhos dos seus familiares.
Mudança radical: Um acontecimento novo mudou radicalmente os rumos da
sua caminhada. Acompanhando seu bispo Diogo, numa missão diplomática no norte
da Europa, Domingos encontrou-se nas regiões do sul da França, frente com a dura
realidade do abandono da fé, por parte do povo cristão. Grupos de pregadores hereges
chamados de "Cátaros", com a força da palavra e com o exemplo de uma vida
inspirada no próprio evangelho. O povo cristão, sedento da Palavra de Deus e, em
muitos casos, revoltado contra os maus exemplos de sacerdotes e monges, era
facilmente influenciado por esta pregação avassaladora, e acabava por afastar-se da
vida cristã e da comunhão com a Igreja e seus legítimos pastores. Domingos
experimentou aqui outro tipo de "fronteira" da fé; era o povo de Deus, dos batizados
em Cristo, que abandonava a verdadeira fé e a prática da vida cristã. Era a Igreja que ia
se esvaziando por dentro. O que fazer? Ele percebeu que o Senhor o chamava a
trabalhar para aquele povo, no sul da França. Renunciou a sua pátria e aos projetos "de
carreira" e entrou-se por completo à tarefa da pregação do Evangelho, fixando a sua
moradia na pequena cidade de Fanjeaux. Foram mais de dez anos de trabalho
apostólico duro e, aparentemente estéril: uma experiência purificadora que o levou a
descobrir, nas fontes autênticas do Evangelho e no exemplo da comunidade dos
apóstolos, os valores e os modos do seguimento radical de Cristo, como condição
indispensável para a missão evangelizadora.
Os cátaros: Domingos se deu conta logo que a causa do sucesso dos
pregadores Cátaros consistia no estilo de vida aparentemente evangélico que eles
levavam. De fato, conforme ao ditado evangélico, eles iam dois a dois, sem levar
consigo dinheiro ou outras coisas necessárias ao seu sustento e viviam de esmola:
exatamente como Cristo tinha recomendado aos seus discípulos. eles tinham um
conhecimento profundo da Sagrada Escritura e sabiam usá-la com grande habilidade
para fundamentar suas doutrinas. Isso encantava o povo e confundia os eclesiásticos
que ousassem discutir publicamente com eles. Foi um desafio que levou Domingos a
descobrir com maior clareza a sua missão. Era preciso voltar ao Evangelho, voltar ao
modo de viver e evangelizar da comunidade de Cristo e de seus apóstolos. "Renovar a
vida e a missão dos Apóstolos": esta foi a idéia que se apoderou de todo o seu ser,
transformando o jovem cônego de Osma, filho dos condes de Gusmão, no humilde frei
Domingos, "mendigo e pregador do Evangelho".
3.2 Surgimento da Ordem
O exemplo sempre atrai seguidores. Dentro de pouco tempo Domingos pode
organizar uma primeira comunidade apostólica na cidade de Tolosa, recebendo do
bispo Fulco o encargo da pregação dentro dos limites da sua diocese. Esta primeira
comunidade chamou-se de "Santa Pregação de Tolosa".
Expansão da ordem e aprovação da Igreja: o mandato que Cristo confiou à
comunidade dos apóstolos era Universal: "Ide e ensinai o Evangelho a todos os
povos" (Mc. 16,15). O problema da evangelização e da renovação da vida cristã não se
limitava ao território de uma diocese. Era um problema e uma exigência de todas as
dioceses, da Igreja toda espalhada pelo mundo. Em 1215 Domingos participou, junto
com o bispo de Tolosa, Fulco, no Concílio de Latrão IV. Os Padres do Concílio
reconheceram a urgência de intensificar a pregação do povo cristão. Estabeleceram
então que em cada diocese se escolhessem sacerdotes de vida realmente evangélica
que, ficando livres de outros compromissos, pudesse se dedicar exclusivamente à
pregação. Era o que Domingos queria. No final de 1216, ele obteve do próprio Papa,
para a pequena comunidade de Tolosa, o reconhecimento oficial e o título de “Ordem
dos Frades Pregadores". Nome que o Papa Onório III deu a Domingos de Gusmão e
seus companheiros. Neste nome o Papa expressou, de forma bem clara, o que desde o
começo se propuseram de fazer os discípulos de São Domingos: viver e pregar o
Evangelho. Narra uma lenda antiga que um dia, rezando Domingos na Basílica de São
Pedro, em Roma, apareceram-lhe São Pedro e São Paulo. Entregaram-lhe o livro da
Palavra e o cajado do peregrino e lhe disseram: "Vai e anuncia o Evangelho pelo
mundo inteiro".
Morte: Domingos acompanhou por cinco anos os primeiros passos da obra do
seu coração, a nova Ordem dos Pregadores, até que a morte o levou para o encontro do
Senhor. Foi em Bologna, na Itália, no dia 6 de agosto de 1221. Muitos amigos e
discípulos deixaram-nos dele o testemunho de um homem que confiou plenamente a
sua vida ao Evangelho, seguindo os passos de Cristo e dedicando-se totalmente ao
serviço dos irmãos.
3.3 Elementos Constitutivos da Vida Dominicana
Para melhor entender os elementos que são próprios do ‘carisma’ dos
Dominicanos, é preciso pensar no estilo de vida que caracterizou a comunidade de
Jesus com seus discípulos, e a comunidade dos primeiros cristãos de Jerusalém. É a
partir deste modelo que São Domingos estruturou a vida da sua comunidade de Frades
Pregadores. Nela destacam-se os seguintes elementos:
Seguimento de Cristo: é o ponto chave de toda experiência radical do
Evangelho, e o elemento marcante também da vida dominicana. “Disse-lhes Jesus:
segui-me e eu vos farei pescadores de homens. Eles, deixando imediatamente a rede, o
seguiram”(Mt. 4, 19-20). “Constituiu doze para que ficassem com ele, para enviálos a pregar”(Mc. 3,14). Jesus pediu aos que escolheu de deixar tudo e segui-lo.
Tratou-se, para os Doze, não só de acompanhar fisicamente os passos de Jesus, nem só
de compartilhar seu trabalho apostólico. Tratou-se de algo mais: era a exigência de
conformar a própria vida, o próprio modo de pensar e de agir, ao modo de pensar e de
agir de Cristo. Na comunhão de vida junto ao Mestre os discípulos aprenderam a
exigência de dar a Deus a prioridade absoluta em sua vida. Jesus os libertou, aos
poucos, de todo tipo de idolatria e de escravidão e transformou-os em verdadeiros
“filhos do Pai que está nos céus”. Como Jesus, eles se transformaram em sinais vivos
do Reino de Deus no meio dos homens. Como Jesus, eles se transformaram em sinais
vivos do Reino e em agentes de transformação profética da realidade de pecado e de
opressão que impede ao indivíduo e a comunidade humana de realizar-se plenamente,
conforme o projeto de amor do Pai.
No seguimento de Cristo, também o Dominicano se propõe de ser sinal do
Reino no meio dos homens e agente de transformação profética do mundo. “Os filhos
de São Domingos, seguindo os ensinamentos do fundador, em toda parte se esforçam
para viver uma vida santa e religiosa, como pessoas evangélicas que, seguindo os
passos do Salvador, sempre estão em comunhão com Deus e em comunhão com o
próximo, para falar-lhe de Deus”.
Vida Comunitária: o seguimento de Cristo comportou, para os Doze, a
experiência de um modo novo de ser irmão, de constituir família: não mais pôr
motivo de sangue, mas pela ligação profunda de todos com Deus, no Cristo, e pela
realização em conjunto da missão recebida. Também a comunidade primitiva se
caracterizou pela intensidade desta comunhão de vida entre irmãos na fé. “Tendo
entrado na cidade, subiram à sala superior (o Cenáculo), onde habitualmente
ficavam. Eram Pedro, João, Tiago, André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus,
Tiago de Alfeu e Simão o Zelote e Judas, filho de Tiago. Todos unânimes eram
assíduos à oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus e os
irmãos dele” (At. 1, 13-14). “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”
(At. 4, 32).
A vida dominicana é essencialmente vida comunitária. Irmãos na caminhada
do seguimento de Cristo, irmãos na realização da missão recebida de anunciar em toda
parte a Palavra de Deus, os filhos de São Domingos estruturam sua vida em pequenas
ou grandes comunidades, conforme as circunstâncias e as exigências da sua própria
missão. Na vida comunitária eles procuram vivenciar e partilhar (a vida de oração e
de contemplação; os afetos e a amizade, os sofrimentos e as alegrias, os fracassos e
as vitórias que cada existência humana comporta; os bens materiais e os recursos
necessários para a subsistência e para o trabalho apostólico; a coresponsabilidade na realização dos projetos de vida e de apostolado).
A exemplo da comunidade dos Apóstolos, onde os problemas eram tratados e
resolvidos nas reuniões comunitárias, a vida da comunidade dominicana se caracteriza
pela sua estrutura democrática. Ela comporta uma série de encontros comunitários,
como os conselhos, os capítulos e as assembléias, em que o religioso e a comunidade
toda são convocados para eleger os superiores, tomar decisões importantes, avaliar a
caminhada da comunidade. Esta estrutura de diálogo e de participação comunitária é a
condição que permitiu à Ordem de conservar intacta a sua unidade, ao longo dos quase
oito séculos da sua história. Um texto das Constituições da Ordem descreve nestes
termos a vida comunitária dominicana: “Realizando unanimemente a vida comum,
fieis na observância dos conselhos evangélicos, perseverando nas observâncias
regulares”.
Vida de oração: na experiência de vida junto ao Mestre, os discípulos
descobriram, aos poucos, um modo novo de rezar. Não era mais a oração que hoje
chamariam de “pagar promessas”, em que o ser humano tenta estabelecer negócios
com Deus, para obter a graça, superar dificuldades da existência, etc. A oração de
Jesus era de outro tipo. Ele vivia num contínuo diálogo com o Pai, em comunhão
profunda de amor com Ele. O amor do pai, a vontade do Pai, constituía o valor
absoluto que condicionava a vida e norteava os passos de Jesus. A oração de Jesus era
expressão desta comunhão profunda de amor que ele tinha com o Pai.
SeguIndo o estilo de vida de Jesus, a Comunidade dos Apóstolos caracterizou-se
pela sua atitude de comunidade orante. “Eles se mostravam assíduos à comunhão
fraterna, a fração do pão, às orações”(At. 2, 42). “Dia após dia, unânimes,
freqüentavam assiduamente o Templo e partiam o pão pelas casas” (At. 2, 46).
A exemplo da comunidade primitiva, também a comunidade dominicana é
lugar de oração. Nela se destacam (a celebração comunitária da Eucaristia; a
celebração dos salmos e da liturgia no Oficio Divino; os momentos fortes de silêncio,
pessoal e comunitário, em que o religioso busca o alimento para sua vida de
consagrado e para sua pregação, cultivando o colóquio íntimo com Deus e a
contemplação do Mistério da Salvação revelado em Cristo). A Oração do religioso
dominicano não tem nada de intimista, nada de voltado para dentro de si. Ela é
essencialmente oração comunitária e ‘engajada’: é contemplação de Deus voltada para
o mundo e para o problema dos irmãos. Não pôr acaso, São Domingos colocou como
centro da liturgia dominicana a celebração comunitária da Eucaristia, junto com a
comunidade dos fieis. Na celebração comunitária da Eucaristia a comunidade se
reconcilia com Deus, se alimenta nas fontes da Palavra de Deus, renova para si e para
o mundo o sacrifício da redenção e faz mais profunda a comunhão de vida com Cristo.
A Eucaristia é o momento forte em que a comunidade dominicana se realiza como
sinal de redenção e de reconciliação para os homens. Pôr isso a Constituição da Ordem
afirma: “Fervorosos na celebração comunitária da liturgia, em particular da
Eucaristia e do Oficio Divino e na oração.”
Vida de estudo: a exemplo dos membros da comunidade primitiva, que eram “assíduos aos
ensinamentos dos Apóstolos”(At.2, 42), a vida dominicana se caracteriza também pela
importância grande que nela se dá ao estudo, como meio indispensável para a pregação e para
a própria consagração religiosa. “São Domingos, numa atitude bastante inovadora, incluiu
intimamente no propósito da Ordem o estudo, ordenado ao ministério da salvação. Ele
próprio, que levava sempre consigo o evangelho de Mateus e as Epístolas de São Paulo,
enviou os irmãos aos centros de estudo e distribuiu-os pelas grandes cidades, para estudarem
e pregarem e fazerem conventos”. Para os Dominicanos, o estudo é considerado um
meio essencial, sobretudo para pregação e para o trabalho apostólico:“Mediante o
estudo, os irmãos contemplam a sabedoria multiforme de Deus e preparam-se para o
serviço doutrinal da Igreja e de todos os homens”; “O nosso estudo deve
principalmente, ardentemente e com afinco atender a isto: podermos ser úteis à
salvação do próximo”. Para o Dominicano o estudo não é um enfeite do espírito, mas
um serviço de amor e uma exigência de fidelidade ao homem de todos os tempos, em
busca de libertação e de redenção. É pôr isso que a formação dos Dominicanos
comporta longos anos de ‘disciplina do estudo’, para alcançar uma sólida formação
doutrinal. Comporta também, ao longo da vida toda, tempos fortes de atualização e de
aprofundamento, a partir das experiências acumuladas no trabalho apostólico.
Vida de apostolado: a comunidade dos Apóstolos não ficou o ‘clube’ fechado dos
amigos de Jesus, preocupado só em cultivar a memória saudosa do Mestre. Esta comunidade
se caracterizou, desde o dia de Pentecostes, pelo seu dinamismo missionário. Fiéis ao
mandato de Jesus: “Ide e ensinai a todos..”, os Apóstolos aproveitam todas as oportunidades
para falar de Jesus e anunciar a boa nova da Redenção:“Com muito vigor os Apóstolos
davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e todos eles tinham grande
aceitação” (At. 4,33). Mais uma vez, o modelo da Comunidade Apostólica constitui a
referência exemplar que determina o modo peculiar da atuação dos Dominicanos na
Igreja e no mundo. Desde o começo os discípulos de São Domingos assumiram como
tarefa própria a pregação. Como já vimos, é pôr causa disso que eles foram apelidados
de ‘Frades Pregadores’. “Feitos cooperadores dos bispos pela ordenação sacerdotal,
temos como tarefa própria o anúncio profético pelo qual proclamamos com a palavra
e o exemplo do Evangelho de Cristo, tendo em vista as circunstâncias concretas dos
tempos e dos lugares em que vivem os homens. O nosso serviço apostólico visa
despertar a fé onde não existe e fortalecê-la, de tal maneira que possa informar mais
profundamente a vida dos homens e da sociedade, para edificação do Corpo de
Cristo.”
As duas formas tradicionais deste serviço apostólico são a pregação ao povo
e o ensino da Sagrada Escritura e da Teologia. Com referência à pregação, destacase a pregação itinerante, nas formas de missões populares. Destaca-se também a
pregação do Rosário, como um modo de levar o povo cristão ao conhecimento e
vivência mais profunda dos mistérios da salvação. Sabemos quanto a devoção do
Rosário está enraizada na prática religiosa dos povos da América Latina. Quanto ao
ensino da Sagrada Escritura e da Teologia a Ordem conta com uma rica tradição,
marcada pôr figuras como Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Vitória, Las
Casas e, ultimamente, os freis Lagrange, Chenu, Congar e muitos outros. Hoje são
milhares os discípulos de São Domingos que, continuando na linha traçada pôr estes
grandes mestres, realizam com sua pesquisa a sua reflexão a tarefa ‘sapiencial’ própria
da Ordem, tirando do celeiro da Palavra de Deus e da Sabedoria cristã uma resposta
para os grandes desafios do nosso tempo.
3.4
A Família Dominicana
A semente lançada por Domingos brotou e cresceu com rapidez
surpreendente, transformando-se logo numa grande árvore com diversas ramificações.
Desta maneira hoje não se trata só da “Ordem dos Frades Pregadores”, mas de
“Família Dominicana”: é uma grande fraternidade espiritual, composta de sacerdotes,
irmãos cooperadores, monjas de vida contemplativa, irmãs de vida ativa e leigos.
Distinguem-se nela quatro ramos fundamentais, conforme os diversos modos de
encarnar o carisma de São Domingos:
A Ordem dos Frades: é composta dos religiosos homens, sacerdotes e
cooperadores. Estes últimos são religiosos dominicanos que, sem ser sacerdotes,
participam da vida e da missão apostólica da Ordem, cada um cooperando com os
dons e as capacidades pessoais.
As monjas: contemplativas: fundadas pelo próprio São Domingos, elas vivem
no silêncio do mosteiro e participam plenamente da missão apostólica da Ordem,
colocando-se como sinais e testemunhas vivas dos valores evangélicos. Características
destes mosteiros de contemplativas dominicanas é de estar inseridos nos centros
urbanos, perto da comunidade dos frades, como sinal profético do absoluto de Deus,
como mestras de oração, como intercessoras pela missão apostólica dos irmãos da
Ordem
Os Leigos Dominicanos: são leigos e também sacerdotes diocesanos, ligados
em formas diferentes a espiritualidade e a vida apostólica da Ordem. A origem dos
Leigos Dominicanos remonta aos tempos de São Domingos e dos primeiros frades. O
estilo de vida evangélica e a fecundidade apostólica das comunidades dominicanas,
que iam se multiplicando em toda a Europa, despertava em muitos leigos o desejo de
participar de certa forma da vida destes novos frades. Este desejo se concretizou na
organização de grupos ou confrarias, com uma regra de vida que ajudava a viver, nas
condições próprias de leigo, a espiritualidade e o compromisso apostólico específico
do carisma dominicano. A forma mais antiga e tradicional de leigo dominicano é a dos
Terceiros e Terceiras. Existem porém muitos outros modos para os leigos participarem
da vida da Ordem, como as ‘Equipes de São Domingos’, os ‘grupos solidários de São
Domingos’, empenhados particularmente na causa dos pobres e na defesa dos direitos
humanos, as ‘Associações de Pais e Professores’ ligados aos colégios das Irmãs
Dominicanas, etc. Só os Terceiros são atualmente mais de cem mil, espalhados no
mundo inteiro.
As Irmãs Dominicanas: temos hoje um número muito grande de
Congregações religiosas femininas dominicanas. É o ramo mais jovem da grande
Família de São Domingos, sendo que estas Congregações de Irmãs foram fundadas, na
grande maioria, a partir do século passado. Elas somam ao todo quase cinqüenta mil
irmãs, que vivem na consagração total ao Senhor, dedicando-se ao ensino, ás obras de
assistência social e ao trabalho pastoral. As irmãs dominicanas continuam e
multiplicam hoje, no mundo inteiro, a solidariedade de Cristo e de Domingos para com
os pobres e os marginalizados.
Toda esta grande família espiritual está hoje presente, com todas as suas
ramificações, também na América Latina e no Brasil.
4 OUTRAS ORDENS
Neste capítulo faremos apenas uma breve menção à origem das ordens
mendicantes (Carmelitas, ermitães de Santo Agostinho, Mercedários e Servitas). Um
estudo mais extenso e profundo, referente as mesmas, fica aberto para posteriores
pesquisas.
4.1
Carmelitas
Esta ordem deve sua fundação a Bertoldo de Calábria, que em 1185 fixou o
seu eremitério, juntamente com dez companheiros, perto da chamada Gruta de Elias no
monte Carmelo. O patriarca Alberto de Jerusalém deu a este grupo uma regra de
caráter contemplativo (1207 – 1209) e o papa Honório III, em 1226, deu sua aprovação
oficial.
Os Carmelitas tornaram-se uma ordem mendicante quando foram expulsos
pelo Islão. Desde 1238, com a expulsão, transmigraram-se para Chipre, Sicília, França
e Ingraterra, quando a vida eremítica passou a ser substituída pela cenobítica. Em
1247, o papa Inocêncio IV equiparou os Carmelitas aos mendicantes devido as
asperezas do clima que eles encontram nas terras de imigração. No século XV aparece
também o ramo feminino.
4.2
Ermitães de Santo Agostinho
A Ordem dos Ermitães de Santo Agostinho tem origem nas diversas
congregações de eremitas com regra agostiniana (Guilhermitas, fundada em 1156 por
S. Guilherme de Maleval e Jambonitas, fundada por volta de 1217 pelo bemaventurado João Bom de Mântua) que surgiram especialmente na Itália nos séculos
XII e XIII.
4.3
Mercedários
Com base na regra dos Agostinianos, os Mercedários foram fundados em
Barcelona, por volta de 1222, por S. Pedro Nolasco e por S. Raimundo de Penafort.
Foi aprovada em 1235 pelo papa Gregório IX.
4.4
Servitas
Os Servitas surgiram em 1233, em Florença, pela união de sete devotos
comerciantes que pertenciam a uma confraria em honra da Virgem. Em 1240, os
servitas adotaram a regra dos Agostinianos e em 1255 foram aprovados por Alexandre
IV. Em 1424, Martinho V declarou essa ordem como mendicante.
Considerações Finais
Em se tratando de espiritualidade podemos concluir, a partir do dito acima,
que a ordem franciscana comporta as seguintes características:
- amor terno e inflamado por Jesus Cristo, que se concretiza mediante uma
vida austera, simples e heroicamente evangélica;
- imitação da mansidão e humildade de Cristo para com todas as criaturas,
fazendo da pobreza radical a via mestra para assumir os traços de Cristo;
- gritar o evangelho com a vida.
Quanto à ordem dominicana, no âmbito da espiritualidade, podemos dizer que
as características fundamentais da são:
- seguimento radical de Jesus Cristo;
- contemplação (nutrir o coração com a oração);
- pregação de uma teologia da mente e do coração (vida militante,
apostólica, batalhadora);
- devoção (recitar o ofício com afeto inteligente e com alegria espontânea;
meditação dirigida à formação do homem interior; e, “orações secretas”).
Denilson Aparecido Rossi
[email protected]
Referências Bibliográficas:
SECONDIN, B. – Goffi, T.; Curso de Espiritualiade, (Trad. Bertilo Brod), São Paulo:
Paulinas, 1994.
BIHLMEYER, Karl – TUECHLE, Hermann, História da Igreja – Idade Média, Vol.
II
(Trad. Pe. Ebion de Lima e H. Dalbosco), São Paulo: Paulinas, 1964.
DANIEL – ROPS, A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, Vol. III, (Trad. Emérico da
Gama), São Paulo: Quadrante, 1993.
FRÖHLICH, Roland, Curso Básico de História da Igreja, (Trad. e adaptação Alberto
Antoniazzi), São Paulo: Paulinas, 1987.
FISCHER – WOLLPERT, R., Léxico dos Papas, (Trad. Antonio E. Allgayer),
Petrópolis: Vozes, 1991.
PIERRARD, P., História da Igreja, São Paulo: Paulinas, 1982.
-
www.franciscanos.org.br
-
www.dominicanos.org.br
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A Espiritualidade das Ordens Mendicantes