Os rios nadam contra a corrente. Constroem olhares, inundam percursos e molham enquadramentos. Afogam memórias, gestos e espaços reunidos num presente intemporal. Exigem, recortam, costuram, destroem, expulsam e explodem criando paisagens e emoções. Espaço de rebeldias e inquietudes, forma suprema de liberdade, só podem ser arte: indizíveis, inclassificáveis e inesquecíveis! Anabela Branco de Oliveira www.festivalrios.pt 25-27 NOVEMBRO 2013
TEATRO DE VILA REAL
PEQUENO AUDITÓRIO
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Escola de Ciências Humanas e Sociais 25 DE NOVEMBRO 14.30 – 17.00 SESSÃO 1 COMPETIÇÃO OLHARES E ENQUADRAMENTOS CACHINARE de Hélder Silva, Samuel Antão e Vítor Carneiro ( Portugal, 10’) Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse
2013 VHS Productions Hélder Silva, Samuel Antão e Vítor Carneiro 16.9 O lugar das Caxinas em Vila do Conde destaca-se pela união,
determinação e generosidade de um povo conformado com a
dureza da vida no mar. Tal como um espetador invisível somos
transportados para dentro da realidade sentida e insólita desta
gente. Este documentário vive da união, dificuldade, alegria e
partilha, presente nos moradores deste lugar de histórias
arrebatadoras.
As histórias de vida deste documentário são narradas pelos
próprios intervenientes, tendo como principal ação os mesmos a
testemunharem as próprias satisfações, tristezas e emoções.
Tendo como elo condutor do documentário as questões que são
postas aos pescadores, as mesmas passam a mensagem de que
a vida ainda é uma dádiva. O SABOR DA DESPEDIDA de Arminda Sousa Deusdado (Portugal, 49’48’’) Ano de produção Produtora Realização/Guião Formato Sinopse 2010 Farol de Ideias Arminda Sousa Deusdado e Ivo Costa 16.9 Portugal prepara-­‐se para perder o último troço de vida selvagem. Depois de milhões de anos a traçar o percurso até ao Douro, o rio Sabor, em Trás-­‐os-­‐Montes, fica refém da estratégia energética do país. A construção da Barragem do Baixo Sabor (em alternativa ao Baixo Côa) vai inundar milhares de espécies, muitas delas protegidas. A albufeira vai atingir quatro municípios e guardar água suficiente para encher mais de 600 estádios de futebol. Em 2013 nada será como antes e os 40 kms da albufeira a ser criada, e amparada por um muro com mais de 120 metros, apaga as memórias de uma região ligada à terra que a sustentou durante muitas décadas. A nível natural há espécies endémicas que não poderão ser recuperadas e tudo aponta para que o espelho de água que aí vem não poderá ter aproveitamento turístico. A nível energético passa a ser possível retirar água do Rio Douro e guardá-­‐
la a montante no Sabor para ser usada sempre que a pressão na rede elétrica o justificar. O rio vai muitas vezes correr ao contrário, mas à mercê do que a EDP entende ser um armazenamento estratégico de água. Durante mais de um ano todos os passos deste processo foram registados. PRETAROUCA – TEMOS DE IR COM OS TEMPOS de José Costa Barbosa (Portugal, 83') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2010 José Costa Barbosa José Costa Barbosa 16.9 O interior do país avança para a desertificação. Os velhos sentados nas praças de pequenas aldeias são imagens comuns nos noticiários. A natureza impõe o ritmo lento. Mudanças no modo de vida tradicional: o trabalho duro no campo, onde os animais eram a força motriz, deve desaparecer com o envelhecimento dos indivíduos. Parte do sustento ainda vem da terra. Os mais jovens, os poucos que permanecem, procuram outros empregos em cidades vizinhas ou cidades no litoral. Durante dois anos, acompanha-­‐se a construção de uma barragem para abastecimento de água para as aldeias vizinhas e mostra-­‐se a influência desta no modo de vida dos habitantes de uma aldeia de montanha isolada, onde o trabalho rural ainda depende do animal. Com o acompanhamento da construção da barragem de Pretarouca, o envelhecimento da população aparece como um prenúncio da extinção de um modo de vida. 17.30 – 19.00 SESSÃO II COMPETIÇÃO DOCUMENTAL UNIVERSITÁRIO ESTÉTICA E ANÁLISE – 2013 (COMUNICAÇÃO E MULTIMÉDIA/CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO) DESTINO ALTERADO (2'46'') -­‐ Tiago Teixeira, Paula Magalhães, Ana Mafalda Magalhães, João Sá e Diana Costa (CM) EMERGE... (3'07'') – Paulo Fontes e Bárbara Cruz (CM) CORGO (5'12'') – João Moura, Silvino Almeida, Tânia Ribeiro (CM) A UM DEUS DESCONHECIDO (6'09'') – Clara Alves, João Cardoso, Stéphanie Cruz (CC) PEQUENOS RIBEIROS (5'17'') – Ana Cristina Carvalho, Márcio Pedreirinho, Maria Silva (CC) O LEITO DA VIDA (2'54'') – David Teixeira, Patrícia Vinhais (CC) ALUCINANTE VIAGEM (3'04'') – Hugo Lourenço, Alberto Mesquita, Paulo Costa (CM) AO RIO DOURO (2'38'') – Sandra Matos, Carolina Santos e Rui Sá (CM) RECÔNDITOS DO OLO (4'38'') – Elodie Pereira, Gil Moura, Nuno Nogueira, Paulo Fernandes (CM) AS FACES DE UM RIO (2'57'' ) -­‐ Carina Souto, Filipa Simão, Sara Carvalho (CM) THE RIVER THAT FLOWS FOREVER (3') -­‐ João Coroas, Jorge Carvalho (CM) DESTINO APRESSADO (3'43'') – Lúcia Vieira, Rute Santos, Raquel Pereira (CM) FONTE DE VIDA: RIO CORGO (2'04'') – Pedro Pires, Joana Santos (CM) THE WAY OF THE SMALL RIVER (5'43'') – Luís Miguel, Fábio Sigre (CM) FILHOS DO RIO (5'40'') – Joaquim Beteriano, Carlos Sousa, Nuno Sampaio, Marco Mourão (CM) RIO MORTEM (1'18'') – Cátia Escaleira, Diogo Seixas, Dalila Matias, Diana Oliveira (CM) DO ALFA AO OMEGA (3'06'') – Nelson Gonçalves, José Alberto Lemos, Francisco Silva (CM) RIO MATA (2'40'') – Ana Rita Vaz (CM) NÃO HÁ VIDA SEM ÁGUA (2'33'') -­‐ Ana Leite, Sara Machado, Francisco Soares, João Costa, Rúben Craveiro (CM) DOURO FLUVIUS PARADISIUM (3'49'') – Magno Bessa, José Carvalho, Pedro Vasconcelos (CM) WODA (3'24'') – Tiago Ribeiro, Vanessa Sousa (CM) 22.00 – 24.00 HOMENAGEM À RIA DE AVEIRO A NAU PORTUGAL (4') – Leitão de Barros (1940) GENTE TRIGUEIRA (13') – Vasco Branco (1967) SOL, SUOR E SAL (10') – Vasco Branco (1958) ESPELHO DA CIDADE (7') – Vasco Branco (1961) JUGO VAREIRO (9') – Vasco Branco (1970) SAL DURO SAL (16') – Manuel Paula Dias UM OLHAR DIFERENTE PELA RIA DE AVEIRO (24') – Manuel Paula Dias (1985) UMA MARÉ DE MOLIÇO (34') – Alfredo Tropa (1976) A ÁGUA, A RIA E O HOMEM (5') – Manuel Matos Barbosa (2010) MOLICEIROS (8') -­‐ Manuel Matos Barbosa (1961) TERRAM – TERRA E MAR (5') – Carlos Silva, António Osório, António Fonseca (2012) 26 DE NOVEMBRO 14.30 -­‐15.40 SESSÃO III COMPETIÇÃO DOCUMENTAL UNIVERSITÁRIO CINEMA E DOCUMENTÁRIO – 2013 (CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO) UMA BARRAGEM MAIS TRÊS VALES A MENOS (18'05'') – Maria José Afonso e João Silva NA MARGEM DAS RUAS DO PORTO (6'04'') – Ana Van Egmond, António Pedro Rocha, João Peixoto e Liliana Maricato ENTRE CALADOS (7'27'') – Ana Martins, Jessica Rocha, Soraya Meyer MARGENS DE SABÃO (16'55'') – Armanda Cunha, Inês Silva, Joana Almeida, Marisa Cardoso UM FIO DE PRATA QUE ATRAVESSA O MINHO (9'21'') – Diana Carneiro e Sara Cardoso SAUDADE (2'50'') – Alicia Shehda Bernardez 16.00 -­‐19.30 SESSÃO IV COMPETIÇÃO MEMÓRIAS, GESTOS E ESPAÇOS MIA MIA SUDAM TAMAM TAMAM de Luís Moya (Portugal, 17’11’’) Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2012 Luís Moya Luís Moya 16:9 HD Memórias de uma viagem pelo Sudão, pelo Islão e pela vontade de uma religião. GERNIKA de Angel Sandimas (Espanha, 13’) Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2012 Banatu Filmak Angel Sandimas 16.9 Os bombardeamentos de Guernica e as obras criadas por José Luis Zumeta y Mikel Laboa para evocar o fatídico acontecimento unem-­‐se e renascem para inspirar este documental animado. Guernica, segunda-­‐
feira, 26 de abril de 1937, dia de mercado. Nada indica que aqueles gestos quotidianos venham a ser violentamente interrompidos. Porque os preparativos para uma terrível ofensiva já estão em andamento. A LUZ DA TERRA ANTIGA de Luís Oliveira Santos (Portugal, 15’) Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2012 Luís Oliveira Santos/António Valente -­‐ Filmógrafo Luís Oliveira Santos 16.9 O espaço, a fotografia, as memórias, o confronto entre o passado e o presente e o olhar de Orlando Ribeiro. THE SOUND OF BOMBS de Shashwati Talukdar (Taiwan, 3’10'') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2013 Shashwati Talukdar Shashwati Talukdar 16.9 Baseado na história de 'The Ocean of Mrs. Nagai' de Sharbari Zohra Ahmed, 'The Sound of Bombs' é uma meditação sobre a guerra, a dor e a culpa. Através de imagens de arquivo dos filmes de propaganda da Segunda Guerra, através de testemunhos sobre o Japão dos anos 50 e através de imagens contemporâneas do Japão e de Taiwan, este documentário explora os múltiplos legados da violência. EUGÉNIO DE ANDRADE – AQUI MORAM PALAVRAS de Maria de Fátima Nunes (Portugal, 9’22'') Ano de produção Produtora Guião Formato Sinopse 2013 Ismai-­‐Celcc EspaçoQ Quadrasoltas Maria de Fátima Nunes 16:9 Um olhar pelos espaços e pelas palavras de quem sempre nadou contra a corrente. SOMOS LIVROS de Mariana Ferreira (Portugal, 45') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2013 Mariana Ferreira Mariana Ferreira 16.9 Um olhar pelos livros, pela leitura, pelos alfarrabistas, pelos símbolos e sonhos das livrarias. PASSAGEM E PERMANÊNCIA de João Martinho de Mendonça (Brasil, 18'16'') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2012 AVAEDOC/ ARANDU João Martinho de Mendonça 16.9 Rio Tinto (PB-­‐Brasil) fica numa região secularmente habitada por índios Potiguara. De vila operária do início do século emancipou-­‐se, como município, em 1956. O desfile de 7 de setembro faz parte de seu extenso calendário festivo. Baseado numa pesquisa antropológica, o filme aborda múltiplas dimensões de participação no desfile sob o viés das imagens. As imagens fotográficas são o ponto de partida: elas provocam as vozes que percorrem diferentes significados de pelo menos três atos fundamentais: participar, fotografar e colecionar. As imagens em movimento, parte central do filme, por sua vez, provocam também as vozes da terceira parte e completam um percurso: do entrelaçamento das imagens numa dimensão reflexiva vista sob a relação triádica fotografia-­‐vídeo-­‐computadores. Uma fenomenologia dos gestos e pensamentos dirigidos às imagens é assim ensaiada. Gente que está atrás ou na frente das câmaras, imagens que passam na rua, de mão em mão ou numa tela: gestos e olhares entrelaçados num percurso não linear. Fotografia, vídeo e computador misturam-­‐se para revelar os múltiplos sentidos de “passagem e permanência”. DANCING TO THE BEAT OF HISTORY de Mansor bin Puteh (Malaysia, 56') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2012 Mansor bin Puteh Mansor bin Puteh 16.9 Um olhar sobre uma pequena comunidade portuguesa en Aceh (Malaysia), única, por serem muçulmanos. Gestos do presente vindos de um longínquo passado de Descobrimentos. STARCI – HOME IS WHERE MY AGE IS de Anja Strelec e Tomislava Jukic (Croatia, 22') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2010 Restart Anja Strelec e Tomislava Jukic 16.9 Três passados diferentes e três maneiras diferentes de pensar a sua história. O filme mostra como pessoas totalmente diferentes – um poeta, uma governanta num lar de idosos e um casal – enfrentam a velhice e a proximidade da morte num mesmo sítio: o lar onde habitam. É um olhar sobre pessoas que querem viver sendo muito mais do que pessoas de idade avançada. 27 DE NOVEMBRO 14.30 – 17.00 -­‐ SESSÃO V COMPETIÇÃO NADAR CONTRA A CORRENTE BOTTLE MASALA IN MOILE de Vaidehi Chitre (India, 38’) Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2013 Vaidehi Chitre Vaidehi Chitre 16.9 Descendente das populações indígenas de Mumbai, a comunidade indígena Leste tem também origem em diversos grupos locais, como os agricultores, os pescadores, seringueiros, etc. Vários deles eram agricultores que trabalhavam nas suas próprias terras. Atualmente, como proprietários de terras numa cidade que se desenvolve a um ritmo agressivo, começam a perder terreno perante as forças cooperativas e governamentais. Para a comunidade como um todo, isso significa perder uma ligação importante com o solo a que a sua cultura está vinculada – a “história de todos nós”. Mas, para muitos, especialmente os das áreas rurais, isto também significa uma ameaça ao modo de vida e, consequentemente, como uma pequena comunidade, uma ameaça à sua própria existência. Bottle Masala em Moile centra-­‐se em algumas dessas histórias. O filme é dividido em dois capítulos temáticos. “Belly of the Whale”, no espaço de Mumbai continental, é uma coleção de histórias individuais frouxamente unidas por um fio comum: a experiência da perda. “Eye of the Storm” é definido em Dharavi Island, e é impulsionado pela narrativa do movimento de resistência da comunidade contra a aquisição de terras. ROMPIENDO EL SILENCIO de José Ramón Millán (Espanha, 37'17'') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2013 José Ramón Millán/Banatu Filmak José Ramón Millán 16.9 A luta das mulheres no Equador. A emancipação feminina, a luta pela conquista de uma voz e de um espaço. KOSMA de Sonja Blagojevic (Serbia, 75') Ano de produção Produtora Guião Formato Sinopse 2013 Center for Visual Communications KVADRAT, www.kvadrat-­‐film.com Sonja Blagojevic 16.9 KOSMA radio network é a única ligação no seio de várias comunidades sérvias isoladas no Kosovo. O som da rádio atravessa áreas desertas e casas abandonadas, derrubando barreiras que os seus ouvintes não conseguem derrubar. Cortes de água e de eletricidade, fogos, medos, helicópteros que sobrevoam, ataques e protestos inserem-­‐se nas simples histórias dos homens, nos seus atos e nas suas aspirações. As vozes da rádio testemunham o quotidiano, as relações entre os homens, os acontecimentos significativos e a esperança do presente. 17.30 – 19.30 SESSÃO VI COMPETIÇÃO NADAR CONTRA A CORRENTE LINHAS DE ORGANDI de Glauber Paiva Filho (Brasil, 57’) Ano de produção Produtora Guião Formato Sinopse
2008 DOCTV Glauber Paiva Filho 16:9 Linhas de Organdi é um documentário sobre as rendeiras de labirintos do Aracati, região praiana do estado. Ali, anos e anos de tradição e de memórias condicionaram gerações de mulheres ao trabalho com as rendas. O esforço contínuo do ofício provocou nas velhas rendeiras uma espécie de cegueira, semelhante à cegueira branca de Saramago, seja nos sentidos conotativos, seja nos denotativos. Este documentário é a metáfora do Mito de Aracne. POTS, PANS AND OTHER SOLUTIONS de Miguel Marques (Portugal, 65') Ano de produção Produção Realização/Guião Formato Sinopse 2013 Miguel Marques, Yolanda Rienderhoff, Pedro Bruno Carreira, LIGHTS ON(E) Miguel Marques 16.9 A atitude do povo islandês perante o descalabro económico. A organização em associações, as novas propostas e as novas atitudes. Neste documentário, encontramos os islandeses ignorados pela comunicação social. Porque a Ria de Aveiro nada contra a corrente percorrendo, em moliceiro,
canais de criatividade! Constrói olhares de luz, inunda campos e cores e
molha sonhos, enguias e vontades. Afoga memórias de sal e de marnotos,
de sargaços e de moliços, gestos e espaços reunidos num presente
intemporal. Porque exige tempos e marés, recorta pedacinhos de mapa ao
lado de cegonhas e de garças, costura a realidade dos que dela e nela
vivem, destrói conformismos, expulsa águas e explode em salinas que criam
paisagens e emoções. Espaço de rebeldias e de inquietudes, forma
suprema de liberdade, a Ria de Aveiro só pode ser arte: indizível,
inclassificável e inesquecível!
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Os rios nadam contra a corrente. Constroem olhares