Nuclear: “Posição do Governo não mudou por causa deste acidente no Japão” –
secretário de Estado da Energia (c/ áudio)
Monte Real, Leiria, 18 mar (Lusa) – O secretário de Estado da Energia e da Inovação disse
hoje que a posição do Governo em relação à energia nuclear “não mudou por causa” do
acidente no Japão, revelando-se convencido que “Portugal não vai nunca precisar do nuclear”.
“A posição do Governo não mudou por causa deste acidente no Japão, nós somos por uma
opção energética que é melhor do que a opção nuclear”, afirmou à agência Lusa Carlos
Zorrinho, quando confrontado com a posição de Os Verdes e do Bloco de Esquerda que, na
quinta-feira, no Parlamento, exortaram o Governo a reafirmar a recusa da energia nuclear.
À margem da conferência “Mais eficiência energética, melhor futuro empresarial”, que decorre
em Monte Real, Leiria, Carlos Zorrinho declarou que “se Os Verdes ou o Bloco de Esquerda
estão preocupados em relação a uma mudança da perspetiva do Governo em relação ao
nuclear, não têm nenhuma razão”.
“O Governo referiu e volta a referir que, em termos de energia, nós temos sempre que pensar
num horizonte, por exemplo, de uma década. E para sermos totalmente honestos do ponto de
vista intelectual, temos que dizer na próxima década temos um sistema que funciona. Temos
um sistema que dá uma boa resposta? Temos. E esse sistema precisa do nuclear? Não
precisa”, continuou
Carlos Zorrinho admitiu que, “mais à frente, far-se-á, outra vez, a análise”, mas mostrou-se
“convencido que Portugal não vai nunca precisar do nuclear e ainda bem porque, se
precisasse, correria riscos que são desnecessários”.
O secretário de Estado salientou que a perspetiva do Governo “não é a perspetiva do ser
contra o nuclear”, mas “de que há para Portugal soluções energéticas que são, a todos os
níveis, melhores que o nuclear”, ao nível da segurança, economia e tecnologia.
A este propósito apontou os investimentos nas energias eólica, hídrica ou solar, sublinhando
que nestes casos há “muita tecnologia portuguesa incorporada”, que cria emprego e
competências, desenvolve regiões e tem a mesma disponibilidade.
O responsável reconheceu ainda que a confiança das pessoas na tecnologia nuclear “vai
baixar um pouco”.
“É evidente que este ato, nesta tecnologia, associado também à turbulência que existe em
muitos países produtores de gás e petróleo torna mais difícil a questão dos mercados
internacionais da energia”, observou, defendendo, contudo, a necessidade de “ações
positivas”.
A este propósito acrescentou: “Isto que está a acontecer no Japão, no Médio Oriente e no norte
de África só dá mais razão a quem apostou nas energias renováveis e só dá mais razão a
quem exige, por exemplo da União Europeia, que coloque mais recursos na investigação
científica e no desenvolvimento das energias renováveis e, por outro lado, só dá mais razão a
quem defende que é muito importante criar o mercado interno da energia na Europa”.
SYR.
Lusa/Fim
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